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Resumo. Palavras-chave: Epilepsia. Estresse oxidativo. Atividade física. Abstract

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Os efeitos da atividade física sobre estresse oxidativo induzido por epilepsia no cérebro

The effects of the physical activity about oxidative stress induced by epilepsy in the brain Aderbal Silva Aguiar Jr.*, Gabriel da Silva Souza**

*Professor orientador do curso de Fisioterapia da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL, **Acadêmico orientando do curso de Fisioterapia da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL

Resumo

As espécies reativas de oxigênio (EROs) implicam na patogênese de várias desordens neurológicas, inclusive a epilepsia. O tratamento farmacológico da epilepsia é voltado para o controle de convulsões, sendo alternativas meramente paliativas. Assim, buscam-se estratégias terapêuticas que também atuem no processo neurodegenerativo desta patologia, como por exemplo, o exercício. Este estudo teve como meta geral analisar os efeitos da atividade física sobre dano oxidativo induzido por epilepsia no cérebro de camundongos, tendo como objetivos específicos: verificar níveis de oxidação de lipídios no hipocampo, identificar níveis de oxidação de proteínas no hipocampo, analisar níveis da enzima citrato sintase no músculo sóleo e verificar atividade motora e memória olfativa. Os camundongos foram separados em 4 grupos, com 7 camundongos em cada grupo (grupo sham, epilepsia, sham exercício, epilepsia exercício). O tempo de treinamento foi de 8 semanas com acesso livre a roda de correr. Os camundongos foram induzidos à epilepsia através de polimicrogiria. Foi realizada análise da enzima cintrato sintase no músculo sóleo, teste de campo aberto e de discriminação olfatória e verificação dos níveis de lipoperoxidação e carbonilação no hipocampo. Verificou-se que: 8 semanas foram suficientes para treinar os camundongos; a epilepsia não leva a déficits motores; a epilepsia causa prejuízos significativos à memória olfativa dos animais e 8 semanas de exercício foram suficientes para reverter os mesmos; os níveis de lipoperoxidação mostraram-se elevados no grupo epilepsia, sendo diminuídos após 8 semanas de exercício, mas sem conseguir voltar a normalidade; os níveis de carbonilação mostraram-se diminuídos no grupo epilepsia exercício, quando comparados ao grupo epilepsia. Comprovou-se que a atividade física diminuiu o dano oxidativo no cérebro gerado pela epilepsia e reverteu os prejuízos causados pela epilepsia à memória olfativa dos camundongos. Assim, demonstrou-se que o exercício pode demonstrou-ser uma das estratégias terapêuticas que atuam no processo neurodegenerativo gerado pela epilepsia.

Palavras-chave: Epilepsia. Estresse oxidativo. Atividade física. Abstract

The reactivate oxygen species (ROS) implicate in the patogenesis of several neurological disorders, besides the epilepsy. The farmacologic treatment of the epilepsy is gone back to the control of convulsions, being merely palliative alternative. Like this, therapeutic strategies are looked for that also act in the neurodegenative process of this pathology, as for instance, the exercise. This study had as general goal to analyze the effects of the physical activity on oxidative

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damage induced by epilepsy in the brain of mice, tends as specific objectives: to verify levels of oxidation of lipids in the hippocampus, to identify levels of oxidation of proteins in the hippocampus, to analyze levels of the enzyme citrate synthase in the muscle soleus and to verify motive activity and smell memory. The mice were separate in 4 groups, with 7 mice in each group (I group sham, epilepsy, sham exercise, epilepsy exercise). The time of training was of 8 weeks with free access the wheel of running. The mice were induced to the epilepsy through polymicrogyria. Analysis of the enzyme citrate synthase was accomplished in the muscle soleus, test of open field and of olfactory discrimination and verification of the lipoperoxidation and protein oxidation levels in the hippocampus. It was verified that: 8 weeks were enough to train the mice; the epilepsy doesn't take to motor deficits; the epilepsy causes significant damages to the smell memory of the animals and 8 weeks of exercise were enough to revert the same ones; the lipoperoxidation levels were shown high in the group epilepsy, being reduced after 8 weeks of exercise, but without getting to return the normality; the protein oxidation levels were shown decreased in the group epilepsy exercise, when compared to the group epilepsy. He/she was proven that the physical activity reduced the oxidative damage in the brain generated by the epilepsy and it reverted the damages caused by the epilepsy to the smell memory of the mice. Like this, it was demonstrated that the exercise can be one of the therapeutic strategies that act in the neurodegenerative process generated by the epilepsy.

Key words: Epilepsy. Oxidative stress. Physical activity. Introdução

O sistema nervoso central (SNC) é mais suscetível a danos oxidativos, pois apresenta grande atividade energética mitocondrial dependente de oxigênio, associada à elevada concentração de ferro livre e lipídios polinsaturados e baixos níveis de enzimas antioxidantes (AGUIAR JR., PINHO; 2007). Segundo Rajasekaran (2005), dados crescentes de modelos experimentais no cérebro humano sugerem que este estresse oxidativo e seus acometimentos podem ter um importante papel fisiopatológico em problemas neurológicos agudos como acidente vascular cerebral (AVC) e convulsões.

As espécies reativas de oxigênio (EROs) implicam na patogênese de várias desordens neurológicas inclusive a epilepsia. Convulsões são frequentemente acompanhadas pela geração de EROs causando uma lipoperoxidação (LPO), que pode consequentemente causar uma neurodegeneração observada em certos tipos de epilepsia humana (RAJASEKARAN, 2005). Conforme Patel (2004), estudos com animais mostram que convulsões resultam na produção de EROs e danos oxidativos nas proteínas celulares, lipídios e DNA.

De acordo com Gluck e outros (2000), o estado epiléptico é uma emergência neurológica associada com uma taxa de mortalidade de 10-12%. Esta condição é caracterizada por prolongadas ou repetitivas descargas epilépticas, resultando clinicamente em persistentes alterações do funcionamento normal do cérebro e estado cognitivo. A prolongada excitação dos neurônios durante as convulsões pode causar dano e morte. Um dos mecanismos plausíveis de dano celular envolve a formação excessiva de EROs, evidências incluem a correlação temporal entre a geração de EROs e o desenvolvimento de convulsões em

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condições patológicas e a proteção eficaz de agentes antioxidantes contra alguns tipos de convulsões (FRANTSEVA et al., 2000).

Evidências demonstram descargas elétricas anormais no

eletroencefalograma (EEG) na maioria dos pacientes epilépticos, desaparecendo durante a atividade física e retornando ao repouso (ARIDA et al., 1999).

O tratamento farmacológico da epilepsia é baseado na carbamazepina, valproato, fenitoína, fenobarbital e primidona (controle de convulsões) (GUERREIRO, 2006), que são alternativas meramente paliativas. Assim, buscam-se estratégias terapêuticas que também atuem no processo neurodegenerativo desta

patologia, como por exemplo, o exercício. Os benefícios dos exercícios físicos

regulares são bem comprovados, tais como, diminuição do risco de doenças cardiovasculares (PLAISANCE et al., 2007), câncer (DE BACKER et al, 2007), osteoporose (BORER, 2005) e diabetes (HU et al., 2007). O complexo mecanismo que contribui para esses efeitos inclui diminuição do tecido adiposo, alteração dos perfis lipídicos e hormonais, recepção e transporte-adaptadores protéicos, melhoramento da função mitocondrial e alterações das defesas antioxidantes. Essas defesas são necessárias porque os organismos aeróbicos produzem EROs durante a respiração normal e condições inflamatórias (LEEUWENBURGH; HEINECKE, 2001).

Aguiar Jr. e Pinho (2007) citam que os benefícios do exercício à saúde mental em geral e na prevenção de doenças são bem conhecidos. Entretanto, o exercício crônico representa uma forma de estresse oxidativo para o organismo e pode alterar o balanço entre oxidantes e antioxidantes. Os antioxidantes biológicos desempenham papel na proteção celular do estresse oxidativo induzido pelo exercício. Não somente uma grande produção de EROs, mas também a deficiência ou depleção de vários sistemas antioxidantes, pode revelar exacerbação da lesão oxidativa, enquanto a suplementação de vários antioxidantes gera resultados diversos.

Na última década pacientes com desordens crônicas vem sendo encorajados a participar de atividades esportivas como parte de sua reabilitação. Pacientes com doenças crônicas, tais como a epilepsia, são facilmente excluídos de atividades físicas por causa de medo, proteção ou falta de informação (ARIDA et al., 1999).

A atividade motora regular traz muitos benefícios às condições mentais e físicas, mas as implicações para epilepsia ainda são controversas. Visando esclarecer este problema será estudado se a atividade física diminui o estresse oxidativo a nível cerebral em casos de epilepsia.

Sendo assim o presente estudo teve como meta geral analisar os efeitos da atividade física sobre dano oxidativo induzido por epilepsia no cérebro de camundongos. Esta pesquisa teve como objetivos específicos: verificar níveis de oxidação de lipídios no hipocampo, identificar níveis de oxidação de proteínas no hipocampo, analisar níveis da enzima citrato sintase no músculo sóleo e verificar atividade motora e memória olfativa.

Materiais e Métodos

Constituíram a amostra 28 camundongos da raça Mus Muscarinus, do Biotério da UNISUL, com 6 semanas de idade, todos machos. Separados aleatoriamente em 4 grupos, de 7 camundongos cada: sham, epilepsia, sham e

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exercício e epilepsia e exercício. Os animais foram mantidos com ciclo claro/escuro de 12/12h a 22 °C, com água e comida ad libitum.

Os animais foram induzidos à epilepsia através de uma criolesão em seu lobo temporal, no seu 1° dia de vida. Os filhotes foram anestesiados através de hipotermia, sendo imersos no gelo até não responderem a estímulos nocivos, tal como um forte estresse de compressão na cauda. Seus crânios foram expostos e uma caneta especial (criada pelos acadêmicos) a uma temperatura de -50°C foi colocada no local exposto por 3-7s. A caneta tem uma forma circular com 2-3 mm de diâmetro. O escalpo foi suturado, os filhotes aquecidos e colocados de volta nas gaiolas (JACOBS; HWANG; PRINCE, 1999)

O treinamento teve a duração de 8 semanas com acesso livre às rodas de correr.

Fotografia 1 – Roda de correr utilizada no treino dos camundongos Fonte: Elaboração do autor, 2007.

Após 48 horas passadas da última sessão de treinamento, os camundongos foram sacrificados e tiveram seu hipocampo, córtex temporal e sóleo dissecados para posterior análise.

O nível de estresse oxidativo foi mensurado através da comparação entre os níveis encontrados, pela dissecação do hipocampo e sóleo, de Carbonil, TBARS, atividade da cintrato sintase e proteínas entre o grupo controle e os grupos induzidos à epilepsia.

Campo aberto - Para avaliarmos possíveis alterações motoras induzidas pelos diferentes tratamentos utilizados, os animais foram testados durante 5 min no campo aberto. O aparato de madeira e fórmica é formado por um chão de cor preta (30 x 30 cm), dividido em 9 quadrantes de 10 x 10 cm, com paredes transparentes de 15 cm de altura. Durante os experimentos, cada camundongo foi colocado no centro do campo aberto, sendo que um sistema de câmera de vídeo captou as imagens, registrando o número de quadrantes cruzados e o número de atos de levantar (PREDIGER; BATISTA; TAKAHASHI, 2005 e PREDIGER; DE-MELLO; TAKAHASHI, 2006).

Discriminação olfatória - Foi realizado seguindo o protocolo previamente descrito por Prediger, Batista e Takahashi (2005) e Prediger, De-Mello e Takahashi (2006). O teste consistiu em isolar os animais 72 horas antes do início dos experimentos em caixas individuais (42 x 34 x 17 cm) para que houvesse uma

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padronização da impregnação do odor. A caixa de discriminação olfatória consiste em dois compartimentos idênticos (30 x 30 x 20 cm) separados por uma abertura que permite o acesso dos animais aos dois compartimentos. O chão de um dos compartimentos foi forrado com a serragem retirada da gaiola na qual o camundongo ficou isolado por 72 horas, enquanto que o outro compartimento foi forrado com serragem limpa e inodora. O experimento consistiu em colocar o animal na caixa de discriminação olfatória e registrar, durante um período de 5 minutos, o tempo de investigação em cada compartimento. A discriminação olfatória foi avaliada pela preferência do animal ao compartimento impregnado com o seu cheiro (compartimento familiar) em relação ao compartimento inodoro (não-familiar), visto que nesta situação tem sido demonstrado que roedores adultos preferem ambientes impregnados com seu próprio cheiro.

Nível de TBARS - Os níveis de Espécies Reativas ao Ácido Tiobarbitúrico (TBARS) foram mensurados pelo método de Draper e Hadley (1990) e expressos em equivalentes de malonaldeído (MDA). 1ml de ácido tricloroacético 10% e 1ml de ácido tiobarbitúrico 0,67% foi acrescido às amostras e posteriormente aquecidos em banho maria por 15 min. Os níveis de TBARS foram determinados pela leitura da absorbância a 535nm e os resultados em nmol MDA/mg proteína.

Nível de Carbonil - O conteúdo de carbonilação de proteínas foi determinado de acordo com o método de Levine et al (1990), pela formação de derivados da proteína hidrazona utilizando 2,4-dinitrofenilhidrazida (DNPH). Estes derivados foram extraídos sequencialmente com ácido tricloroacético 10% seguido de tratamento com etanol/etilacetato (volume 1:1) e re-extração com ácido tricloroacético 10%. O precipitado resultante foi dissolvido em uréia 6M. A diferença entre as leituras do espectro a 370nm de 2,4-DNPH (branco) foi utilizada para calcular o nmol de 2,4-DNPH incorporado por mg de proteína.

Atividade da Citrato Sintase - A atividade da CS do músculo sóleo foi realizada através do método de Alp et al (1976). O tecido foi homogeneizado em gelo em 100 mM de Tris-HCl, e adicionado a 100 mM de Tris-HCl, 1.0 mM ditio-bis (2- ácido nitrobenzóico), e de 3.9 mM acetil coenzima A. Após a adição de 1.0 mM de oxalacetato, foi registrada a absorbância a 412nm por um período de 2 min. A absorbância média alterada por minuto foi registrada para cada amostra e a atividade da CS em mmol.min/g calculada utilizando um coeficiente de extinção de 13.600.

Os dados foram descritos em média±erro padrão médio e analisados estatisticamente pela análise de variância (ANOVA) two-way, seguido pelo teste post hoc Tukey. O nível de significância estabelecido para o teste estatístico é de p<0,05. Foi utilizado o SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) versão 12.0 como pacote estatístico.

No estudo piloto, realizado pelo autor com os camundongos, foram feitos somente os grupos sham, que tiveram os crânios expostos, mas a caneta não estava na temperatura de -50 °C para causar a criolesão.

Resultados

O gráfico 1 apresenta os níveis de atividade da enzima citrato sintase no músculo sóleo, nos grupos sham, sham exercício, epilepsia e epilepsia exercício. O grupo sham apresentou 0,42048±0,05236U CS/mg proteína, o grupo sham exercício 0,71±0,06U CS/mg proteína, o grupo epilepsia 0,28±0,04U CS/mg proteína e o

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grupo epilepsia mais exercício 0,59±0,07U CS/mg proteína. Verificou-se que 8 semanas de exercício foram suficientes para treinar os camundongos (p<0,05).

O gráfico 2 apresenta o teste de campo aberto, nos grupos sham, sham exercício, epilepsia e epilepsia exercício. Quanto ao item cruzamentos, o grupo sham apresentou 118±22,6 cruzamentos, o grupo sham exercício 133,6±32,4, o grupo epilepsia 130±34,4 e o grupo epilepsia mais exercício 119,2±25,9.

Já com relação ao item levantamentos, o grupo sham apresentou 49,6±6,9 levantamentos, o grupo sham exercício 41,8±4,9, o grupo epilepsia 38,7±3,8 e o grupo epilepsia mais exercício 45,2±5,4. Não existiu diferença estatística entre os grupos, verificando que a epilepsia não leva a déficits motores (p<0,05).

O gráfico 3 apresenta o teste de discriminação olfatória, nos grupos sham, sham exercício, epilepsia e epilepsia exercício. O grupo sham ficou 39,4±3,3s no ambiente novo, o grupo sham exercício 41±10,8s, o grupo epilepsia 60,1±5,9s e o grupo epilepsia mais exercício 40,3±8,7s. Existiu diferença estatística no desempenho ao teste de discriminação olfatória nos grupos sham vs. epilepsia e epilepsia vs. eplipesia mais exercício (p<0,05). Estes resultados demonstram que a epilepsia causa prejuízos à memória olfativa dos animais e que 8 semanas de exercício foram suficientes para reverter os mesmos.

Gráfico 1 – Atividade da enzima citrato sintase aumentada nos grupos que realizaram exercício. *p<0,05 do grupo sham. #p<0,05 do grupo epilepsia. ‡p<0,05 do grupo sham exercício.

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Gráfico 2 – Teste de campo aberto, não mostrando diferença significativa entre os grupos. *p<0,05 do grupo sham. #p<0,05 do grupo epilepsia. ‡p<0,05 do grupo sham exercício.

Fonte: Elaboração do autor, 2007.

Gráfico 3 – Teste de discriminação olfatória mostrando que a epilepsia causa prejuízos significativos a memória olfativa dos animais e que 8 semanas de exercício foram suficientes para reverter os mesmos. *p<0,05 do grupo sham. #p<0,05 do grupo epilepsia. ‡p<0,05 do grupo sham exercício.

Fonte: Elaboração do autor, 2007.

No gráfico 4 observamos os níveis de LPO nos grupos sham, sham exercício, epilepsia e epilepsia exercício. O grupo sham apresentou 0,3±0,07nmol MDA/mg proteína, o grupo sham exercício 0,2±0,05nmol MDA/mg proteína, o grupo epilepsia 0,52±0,14nmol MDA/mg proteína e o grupo epilepsia mais exercício 0,37±0,05nmol MDA/mg proteína. Existiu diferença estatística nos níveis de LPO nos grupos sham vs. epilepsia, sham exercício vs. epilepsia exercício e epilepsia vs. eplipesia mais exercício (p<0,05). Estes resultados demonstram que a epilepsia eleva os níveis de LPO no cérebro de camundongos e que 8 semanas de exercício causa um decréscimo significativo nestes níveis, mas sem conseguir voltar a normalidade.

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O gráfico 5 mostra os níveis de carbonilação nos grupos sham, sham exercício, epilepsia e epilepsia exercício. No grupo sham verificou-se 0,00660±0,00108mMol carbonil/mg proteína, no grupo sham exercício

0,00449±0,00073mMol carbonil/mg proteína, no grupo epilepsia

0,01024±0,00433mMol carbonil/mg proteína e no grupo epilepsia exercício 0,00503±0,00037mMol carbonil/mg proteína. Houve diferença estatística nos níveis de carbonilação no grupo epilepsia vs. eplipesia mais exercício (p<0,05). Observou-se que 8 Observou-semanas de exercício diminui os níveis de carbonilação induzidos pela epilepsia.

Gráfico 4 – Níveis de LPO elevados no grupo epilepsia e diminuídos após 8 semanas de exercício, mas sem conseguir voltar a normalidade. *p<0,05 do grupo sham. #p<0,05 do grupo epilepsia.

‡p<0,05 do grupo sham exercício. Fonte: Elaboração do autor, 2007.

Gráfico 5 – Níveis de carbonilação diminuídos no grupo epilepsia exercício quando comparados ao grupo epilepsia. *p<0,05 do grupo sham. #p<0,05 do grupo epilepsia. ‡p<0,05 do grupo sham

exercício.

Fonte: Elaboração do autor, 2007. Discussão

Aguiar Jr. e Pinho (2007) descreveram que exercícios moderados aumentam a cognição, sendo que recentemente foi demonstrado que o cérebro é responsivo à atividade física. Isso quer dizer que a atividade física apresenta

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potencial na prevenção e tratamento de danos traumáticos cerebrais assim como em doenças neurodegenerativas. Estudos apóiam que muitas dessas mudanças ocorrem em áreas específicas de funções cerebrais importantes como a memória de longo termo e prevenção do declínio cognitivo durante o envelhecimento. Radák e outros (2001) verificaram que 9 semanas de natação regular aumentaram a capacidade de aprendizagem e memória dos animais. Praag e outros (1999) observaram que a atividade física regula a neurogênese hipocampal, plasticidade sináptica e aprendizagem.

Radák e outros (2001) relataram que o exercício físico através de diferentes meios, incluindo a indução do fator de crescimento de fibroblastos, atividades das enzimas antioxidantes ou aumento concomitante na secreção de catecolaminas, podem levar a uma melhora da função cognitiva.

Radák e outros (2006) citaram que processos adaptativos ao exercício produzem efeitos benéficos na função cerebral, incluindo aprendizagem e memória. O exercício físico mantém a integridade cerebrovascular, aumenta a capilarização, as conexões dendríticas e melhora a eficiência no processamento de funções no sistema nervoso central.

De acordo com Navarro e outros (2004) os resultados negativos nos testes de função cognitiva, associados a indicadores de TBARS e às atividades mitocondriais no cérebro, indicam uma correlação entre estresse oxidativo, disfunção mitocondrial e diminuição da cognição. O mesmo autor constatou que o exercício moderado tem um efeito positivo nestes fatores.

Exercícios físicos aumentam a geração de EROs, causando adaptações, podendo diminuir a incidência de EROs associada a doenças. Uma única série de exercício, dependendo da intensidade e da duração, pode causar aumento da atividade de enzimas antioxidantes, diminuição dos níveis de tióis e vitaminas antioxidantes, resultando em dano oxidativo como um sinal de uma adaptação incompleta. Aumento nos níveis de EROs e dano oxidativo são iniciadores de respostas adaptativas específicas, tais como a estimulação da ativação de enzimas antioxidantes, tióis, aumentando o reparo dos danos oxidativos (AGUIAR et al, 2007). Exercícios regulares têm a capacidade de desenvolver compensações para o estresse oxidativo, resultando em supercompensação contra o aumento dos níveis de produção de EROs e dano oxidativo. Exercícios regulares causam adaptações aos sistemas antioxidantes e de reparo, que pode resultar em decréscimo dos níveis de danos oxidativos e aumento da resistência ao estresse oxidativo (BANERJEE et al, 2003).

O estresse oxidativo certamente possui um papel importante na adaptação fisiológica à atividade física. Exercícios de intensidade moderada (menos de 50-60% da capacidade aeróbica ou da máxima tensão muscular) causam pequeno estresse sem causar dano oxidativo. Treinos regulares e uma dieta balanceada são mecanismos de defesa contra o estresse oxidativo excessivo (APOR; RADI, 2006).

Dishman e outros (2006) citam que a atividade física voluntária crônica também aumenta as respostas neurais ao estresse nos circuitos cerebrais responsáveis pela regulação da atividade simpática periférica, podendo possivelmente contribuir para a redução de desordens clínicas como hipertensão, ataque cardíaco, estresse oxidativo e diminuição da imunidade.

Existem várias evidências demonstrando dano oxidativo induzido pela epilepsia. Gluck (2000), em seu estudo, verificou que após 4 horas da indução à epilepsia, o nível de carbonilação estava elevado em 103, 55, 52 e 32% no córtex, hipocampo, gânglia basal e cerebelo, respectivamente. O nível de LPO estava

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aumentado em 30-45% em todas as áreas. Após 24h, níveis elevados de oxidação de proteínas e lipídios persistiam no hipocampo e no cerebelo.

Rajasekaran (2005) e Frantseva e outros (2000) relatam que convulsões resultam em um aumento significante no hipocampo nos níveis de peroxidação lipídica e na atividade da SOD, junto com um significante decréscimo da atividade da GPx.

Freitas e outros (2005) relatam que depois da indução do estado epiléptico, verificou-se aumento significante de 77% na peroxidação de lipídios, mas um decréscimo de 55% no nível de GSH. A atividade da CAT aumentou 88%, mas a atividade da SOD permaneceu inalterada. Esses resultados mostram evidências de dano neurológico no hipocampo, devido ao decréscimo da concentração de GSH e aumento da peroxidação de lipídios e nitratos. As atividades da GSH e da CAT estão envolvidas com mecanismos responsáveis pela eliminação de espécies reativas de oxigênio durante o estabelecimento do estado epilético no hipocampo. A GSH e a CAT trabalham como mecanismos antioxidantes no hipocampo durante o estado epilético.

Os resultados encontrados corroboram aos achados da literatura, pois Radák e outros (2001) verificaram que 9 semanas de natação regular diminuíram a acumulação de derivados de carbonil reativos no cérebro de ratos e esse decréscimo é acompanhado de melhora da função neuronal. Radák e outros (2006) constataram que ocorre um decréscimo nas EROs no cérebro de ratos após treinamento e esse efeito benéfico não é eliminado com o destreinamento.

A atividade muscular é dependente da estimulação nervosa. Ativações repetidas das células nervosas podem levar a uma melhora da função neurológica. Inatividade forçada e/ou voluntária do sistema muscular ou nervoso pode causar sérias conseqüências. Oito horas de imobilização resultam em um aumento dos níveis de derivados de carbonil reativos, TBARS no cérebro de ratos (RADÁK et al, 2001).

Navarro e outros (2004) verificaram que o exercício moderado em camundongos, tanto machos quanto fêmeas, preveniu em 43±14%, o aumento dos níveis de derivados de carbonil reativos e de TBARS (p<0,05).

O exercício moderado decresce significativamente o estresse oxidativo, prevenindo o aumento de derivados de carbonil reativos e de TBARS nas membranas submitocondriais e a diminuição da atividade das enzimas antioxidantes (Mn- e Cu, Zn-SOD e CAT) no cérebro de camundongos (NAVARRO et al, 2004). Conclusão

Comprovou-se que a atividade física diminuiu o dano oxidativo no cérebro gerado pela epilepsia e reverteu os prejuízos causados pela epilepsia à memória olfativa dos camundongos. Assim, demonstrou-se que o exercício pode ser uma das estratégias terapêuticas que atuam no processo neurodegenerativo gerado pela epilepsia.

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Referências

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