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A pátria do Negro no Estado do Rio Grande do Sul. Palavras-chave: Quilombolas. Lei 10639/03. Pampas gaúchos.

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Academic year: 2021

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A pátria do Negro no Estado do Rio Grande do Sul

Resumo: Este artigo visa analisar a presença e a influência do negro na cultura

predominantemente europeia no estado do Rio Grande do Sul. Mostrar também o tradicionalismo dos pampas gaúchos referente a chama tem como grande parcela os negros no maior estado do sul do Brasil. Diante da forte imigração de europeus, busca-se ainda investigar como viviam os quilombolas, negros e índios na antiga província de São Pedro em dados relevantes.

Palavras-chave: Quilombolas. Lei 10639/03. Pampas gaúchos.

Sumário: Introdução. 1. A c u l t u r a e u r o p e i a v e r s u s a c u l t u r a a f r o n o R i o G r a n d e

d o S u l . 2. Pátria do negro diante da guerra dos farrapos. 3. As conquistas da Lei Áurea e da Lei 10.639/06. Conclusão. Referências.

INTRODUÇÃO

O presente trabalho investiga a influência da cultura das origens do negro na cultura do tradicionalismo gaúcho. Segundo GOULART: “Já houve tempo em que se afirmou que no Rio Grande do Sul a escravidão havia sido numericamente insignificante, que sua sociedade havia sido, desde sempre, predominantemente branca.” (GOULART, 1927 p.52). Ou seja, a cultura e as origens europeias desse povo pode de fato obter conquistas significativas pela cultura e a arte transformadora das origens do negro no Rio Grande do Sul. Diante de uma forte imigração de europeus no estado, os quilombolas, negros e índios, da antiga província de São Pedro viviam de forma ampla no modo de produção baseado no trabalho das charqueadas1. Portanto o grande movimento pertinente a província de São Pedro se baseou nos dados obtidos no censo de 1872:

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Diante da tabela acima, nota-se que na província em 1872, tinha-se uma população total de 43.748 habitantes, sendo 18,45% escravos e 81,55% livres. Ainda analisando esses dados conclui-se que o numero de pardos e negros Escravos na época eram relativamente parecidos, no entanto, os livres aparentemente viviam no modo de produção do charque como foi descrito anteriormente.

A pátria do negro de fato é motivo de lutas, resistência e conquistas numa região marcada pela lembrança da Revolução Farroupilha, da Batalha do Pulador, Batalha do Pampa e outras. Porém, essas lembranças fazem do estado um elo forte na história do Brasil, assim fazendo dos gaúchos um marco forte na bravura, no entanto, o 1º parágrafo da lei 10.632, art.26 pode acrescentar de fato na educação de toda a população gaúcha e brasileira nos dias atuais a força do negro no estado do Rio Grande do Sul e no Brasil como um todo. O presente texto introduz na educação brasileira a história real das origens afro-brasileira, incluindo a cultura, a origem, a religião, entre outros.

No decorrer desse artigo, serão analisados textos e pensamentos de pessoas que lidaram com conquistas que marcaram as origens dos negros no estado. Momentos que demonstram as forças do poder que o negro exerceu no Rio Grande do Sul nas diversas áreas da sociedade e também como essas influências deram vozes para alteração da Lei 10.632.

1. A CULTURA EUROPEIA VERSUS A CULTURA AFRO NO RIO GRANDE DO

SUL

No decorrer dos séculos constatamos que o estado da República Federativa do Brasil, mais precisamente o Rio Grande do Sul recebeu milhares de imigrantes oriundos de países da Europa. Todavia, falar da cultura afro em uma região repleta de descendentes italianos, alemães, poloneses, entre outros, e buscar realmente estudos complexos da raça negra na terra dos pampas gaúchos. A ideia desse tópico induz a pensar do quanto os negros eram totalmente submissos dos senhores feudais da região. Conforme Netto:

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“a grande concentração da fortuna dos senhores estava concentrada nos bens de raiz (campos, fazendas, invernadas e capoeiras), nos animais de transporte e criação e nos escravos. Sua estrutura econômica era baseada no trabalho servil. Em 1850, por exemplo, os proprietários de escravos detinham 90,3% da riqueza local, em 1860, 98% e em 1870, 87,9%.” (FRANCO NETTO 2001 p.155-169).

Porém, para detalhar exatamente o que o Netto cita em seu texto deve-se entender que as diversas expedições produtivas que dominaram no sul, antes mesmo da região ser definitivamente incorporada aos domínios da colônia portuguesa, os mesmo foram como escravos nos campos de Viamão e do Estreito, bem no inicio do século XVIII.

Mas para isso, nota-se que a comunidade europeia que vivia no estado, começa a dominar as estâncias e vilas formadas no período, mantendo a custa do trabalho escravo como única ferramenta de lucro. Em seu texto Rubert, afirma: “Entre os anos de 1874 e 1884, o Rio Grande do sul era a sexta província com maior número absoluto de escravos.”(RUBERT,2005 p.55). Além do Rubert, Maestri relata: “[...] Já em 1814, os cativos de origem africana constituíram 31% da população.” (MAESTRI, 2005 p.295). Esses dados podem ser considerados expressivos no que diz respeito à grande população de imigrantes oriundos de países da Europa, além disso, outro ponto que deve ser levado em consideração é o fato que esse número acima mencionado relata a concentração massiva de escravos na região sul do Brasil. Este período coincide com a expansão econômica do Rio Grande do Sul, com a estruturação das charqueadas, tendo crescido 112% o volume de escravos aqui desembarcados de um período para o outro. No entanto, a mesma a grande quantidade de negros existentes no país está centralizado na região nordeste e em Minas Gerais no período colonial, pois o tráfico teve um caráter fortemente especulativo, tendo se realizado por um grande número de agentes mercantis, onde a escravidão mantinha uma grande onda de riqueza nos campos e comunidades da região diante dessa situação.

2. PÁTRIA DO NEGRO DIANTE DA GUERRA DOS FARRAPOS

Ao abordar esse assunto neste tópico e ter a certeza que esse artigo pode ser um alvo de duras críticas, pois mexer no coração da chama da luta e da batalha dos gaúchos e ter a certeza que a história pode mostrar muitas diversidades referente a Revolução Farroupilha. Muitos sabem que um item importante para o acontecimento da revolução se deu ao alto custo do charque. Assim afirmam Rubert e Maestri sobre a produção do charque:

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“ […] A produção de charque foi, certamente, a atividade econômica sulina que mais se apoiou em mão-de-obra escrava. No final do século XVIII, diversas pessoas, vindas da colônia de Sacramento e outras regiões, povoaram o arroio Pelotas que, logo depois, tornou-se o principal pólo charqueador no sul. […] A produção de charque exigia um trabalho pesado e prolongado, chegando a jornadas de 16 hora por dia, e exigia que se empregasse uma quantidade expressiva de negros. Para se ter uma idéia, o número de escravos em cada charqueada variava de 60 a 150.” (RUBERT, 2005 p.35; MAESTRI, 2000 p. 65)

Além dessa demanda de produção do charque, o estado do Rio Grande do Sul, posicionava-se como um grande polo de escravos no sul do país, mas precisamente seus líderes determinaram um tempo para adquirir um caráter separatista, isso porque a província de São Pedro via a produção do charque como uma fonte de riqueza onde o governo imperial do Brasil obrigava que o estado do sul do Brasil pudesse abastecer o mercado interno com seus produtos (Charque e o Couro), contudo, os “senhores” viam que, com a alta carga de tributação, ficava inviável a manutenção dos escravos.

Com a revolução determinada pela província, uma questão ficou marcante durante esse período que foi a abolição da escravatura. Ela tinha uma relação com a revolução, pois o militar conhecido como Bento Manuel Ribeiro organizou o exército com homens negros que lutavam pela liberdade do povo negro no sul do Brasil. Sob o enfoque da luta dos negros vemos o quanto a abolição da escravatura foi um marco também importante para o acontecimento da guerra dos farrapos. Entende-se que muitas famílias negras do Rio Grande do Sul acreditaram nessa guerra como uma forma de lidar com a liberdade. Mas foi em 1888 que os escravos tiveram uma grande conquista que foi a declaração da Lei Imperial 3.353 ou Lei Áurea, que determinava a liberdade a todos os escravos negros do país.

3. AS CONQUISTAS DA LEI ÁUREA E DA LEI 10.639/06

Logo após a sangrenta revolução que durou aproximadamente 10 anos, os negros que viviam na província de São Pedro do Rio Grande do Sul obtiveram uma nova grande vitória que se deu em 13 de maio de 1888, quando a princesa imperial do Brasil, a Princesa Isabel, assinou a primeira lei em favor dos povos afro-brasileiros, a Lei Áurea.

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FIGURA 1 – A princesa Isabel segurando a carta com a Lei Áurea2

FONTE: Pesquisa do autor. Disponível em: <

http://observatoriocomunitario.blogspot.com.br/2010/05/entusiasmada-carta-da-princesa-isabel.html>

Apesar de a lei ter sido estabelecida, como mostra a imagem, a vida dos negros brasileiros não ficou fácil, pelo contrário, o estado brasileiro não se preocupou em oferecer condições para que os ex-escravos pudessem ser integrado ao mercado de trabalho formal e assalariado. No Rio Grande do Sul, essa situação ficou muito difícil porque muitos produtores de charques não aceitavam ter despesas com os negros brasileiros. Mas, com o passar dos anos, a Lei Áurea foi se deteriorando. Contudo os negros se mantiveram firmes e ganhando cada dia mais espaço na sociedade, principalmente no Rio Grande do Sul, tendo o estado um forte crescimento com imigrantes.

Entretanto como mostra o tópico da lei Áurea até a lei 10.639/06, muitas coisas ocorreram no Brasil, como por exemplo:

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O primeiro coronel negro do Brasil – Francisco Dias Coelho3, o primeiro político negro do Brasil – Wagner do Nascimento (03/19824), o primeiro presidente negro do Supremo Tribunal Federal (STF) – Joaquim Barbosa (11/2012)5, entre outros. Mas um marco antes da nova resolução da Lei 10.639/06 veio muito antes, em 1996, onde o Brasil estabelece a lei 9.394/96, onde define regimes para educação em escolas e faculdades, todavia, essa lei não instrui que os povos afro, quilombolas e indígenas tenham igualdade na ensino educacional na nação brasileira. Porém, o texto dessa lei, e modificada em Janeiro de 2003, criando a atual lei 10.639. Nesse ano (2003), o novo texto transcreve os seguintes parágrafos:

"[...] § 1° O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e politica pertinentes a História do Brasil. § 2° Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História Brasileiras.[...]” (BRASIL,2003)

Após vigorar a modificação da lei n° 9.394, o Brasil traz de volta, retorma as origens e determina que a pátria do negro é essencial para educação de nossa juventude atual. Apesar dessa conquista, a inclusão da história e cultura afro-brasileita nas escolas tem ainda como complemento o dia 20 de Novembro que estabelece o "dia nacional da consciência negra", inserindo ainda mais a vasta cultura afro-brasileira na educação nacional. Outro marco relevante ao povo negro estabelece no seguinte trecho:

“[...]Art. 1o As instituições federais de educação superior vinculadas ao Ministério da Educação reservarão, em cada concurso seletivo para ingresso nos cursos de graduação, por curso e turno, no mínimo 50% (cinquenta por cento) de suas vagas para estudantes que tenham cursado integralmente o ensino médio em escolas públicas.[...] Art. 3o Em cada instituição federal de ensino superior, as vagas de que trata o art. 1o desta Lei serão preenchidas, por curso e turno, por autodeclarados pretos, pardos e indígenas, em proporção no mínimo igual à de pretos, pardos e indígenas na população da unidade da Federação onde está instalada a instituição, segundo o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).” (BRASIL, 2012)

Na transcrição acima, nota-se a passagem da Lei 12.711/12 que refere-se a lei de cotas, atribuindo assim vantagens ao povo negro, pardo e indígena, fortalecendo ainda mais as origens da raça negra no nosso país. Entretanto, aqui no estado é pouco visto manifestações referentes ao dia estabelecido na lei, apesar disso, o negro gaúcho não deve ver isso como um

3

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_Dias_Coelho

4 Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Wagner_do_Nascimento

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ponto negativo e sim ver isso como mais uma batalha a ser triunfada por todos que querem ver a democracia e a cultura negra como uma chama de lutas, resistências e conquistas.

CONCLUSÃO

Enfim, apesar de todas as lutas e resistências, vimos que negro é uma fonte de pátria marcante no Brasil, mas não só no país, mas também no Rio Grande do Sul. Constam registros da história de que muitos Quilombolas (ex. Zumbi dos Palmares, Manuel Padeiro) resistem à discriminação da raça. Um ponto marcante que pode ser levado em consideração é a lei de cotas, que nos dias atuais, fazem com que os negros tenham um privilégio em concursos públicos, vestibulares e etc., isso mostra ainda mais que o negro tem voz marcante na sociedade brasileira. Hoje, temos exemplos de pessoas que mostram que suas origens não são um empecilho quanto a conquistas, podemos citar como exemplo o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, o Senhor Joaquim Barbosa, o também coronel negro do Brasil, o senhor Francisco Dias Coelho, dentre outros. Essas pessoas são um exemplo de muitos outros de como o negro pode exercer um cargo de grande relevância no Brasil. Por fim, é possível afirmar que devemos olhar o interior humano, deixando de lado que a raça não tem preferência na democracia nacional, o negro é de fato um marco na pátria nacional.

REFERÊNCIAS

BARCELLOS, Daisy Macedo de et alli. Comunidade negra de Morro Alto: historicidade, identidade e territorialidade. Porto Alegre: Ed. UFRGS, 2004.

BRASIL. LEI N° 10.936/03. Disponível em: <

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.639.htm > acesso em: 03 Set. 2015.

BRASIL. LEI N° 12.711/12. Disponível em: <

http://portal.mec.gov.br/cotas/docs/lei_12711_2012.pdf > acesso em: 03 Set. 2015.

FRANCO NETTO, F. Senhores e escravos no Paraná provincial: os padrões de riqueza em Guarapuava – 1850/1880. Anacleta, Guarapuava, v. 2, n. 1, p. 155-169, jan./jun. 2001.

GOULART, Jorge Salis. A formação do Rio Grande do Sul. Pelotas: Livraria do Globo, 1927.

MAESTRI, Mário. Quilombos no sul do Brasil: Perícias antropológicas. Boletim informativo do NUER, vol. 3, num. 3, Florianópolis: NUER/UFSC, 2006.

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PRINCESA ISABEL, LOGO APÓS ASSINAR A LEI ÁUREA. Disponível em: <http://observatoriocomunitario.blogspot.com.br/2010/05/entusiasmada-carta-da-princesa-isabel.html> acesso em: 17 Out. 2015

RUBERT, Rosane. Comunidades Negras Rurais do RS: Um levantamento

sociantropológico preliminar. Porto Alegre: Secretária de agricultura e abastecimento do estado do Rio Grande do Sul/RS RURAL; Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura – IICA, 2005.

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