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AVALIAÇÃO ECONÔMICA DE DUAS ESTRATÉGIAS DE RECRIA DE BOVINOS NELORE UTILIZANDO PASTAGENS RENOVADAS EM SISTEMA DE INTEGRAÇÃO LAVOURA E PECUÁRIA

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AVALIAÇÃO ECONÔMICA DE DUAS ESTRATÉGIAS DE RECRIA DE BOVINOS NELORE UTILIZANDO PASTAGENS RENOVADAS EM SISTEMA DE INTEGRAÇÃO

LAVOURA E PECUÁRIA

Luciano Cavalcante Muniz1; José Benedito de Freitas Trovo2; Cláudio de Ulhôa Magnabosco3; Maurício Lopes Rosado4; Vanessa Barbosa1, Dyomar Lopes Toledo1, Marco Antônio de Oliveira Viu5, MarianaMárcia Santos Mamede6, Isabel Cristina Dias Reis7, Reginaldo Santana Figueiredo8. Termos para indexação: Bovinos de corte, Integração lavoura-pecupária; suplementação a pasto; confinamento; prova de ganho em peso

Introdução

A taxa de crescimento dos bovinos na fase de recria, comparativamente à fase pré-desmame, geralmente decresce bastante, em condições normais de exploração da pecuária de corte no bioma Cerrados. Isso porque, além do estresse decorrente da desmama, o início da recria geralmente coincide com um período seco na qual há acentuado decréscimo na disponibilidade e qualidade das pastagens. Baixas taxas de crescimento durante a recria prolongam a duração dessa fase da criação, retardando o início do período de acabamento e, com isso, ampliando o ciclo de produção (Boin e Tedeschi, 1997).

A redução da idade de abate dos animais apresenta vantagens para a maioria dos segmentos que compõem a cadeia produtiva da carne bovina. Além de melhorar as taxas de desfrute dos rebanhos, ciclos de produção mais curtos geralmente significam oferta de produtos de melhor qualidade e, do ponto de vista econômico, giro mais rápido de capital (Euclides Filho, 2000). Por outro lado, reduções da idade de abate demandam mudanças estratégicas, comumente exigindo maiores investimentos por parte dos criadores, em genética, manejo e, principalmente, alimentação de seus animais. Portanto, a procura por alternativas que permitam a produção economicamente viável, sustentável e, conseqüentemente mais competitiva, de animais acabados o mais rápido

1 Aluno de Doutorado em Ciência Animal – EV/ UFG. munizluciano@hotmail.com.br 2 Pesquisador Embrapa CENARGEN – trovo@cnpaf.embrapa.br

3 Pesquisador Embrapa CPAC – mclaudio@cnpaf.embapa.br 4 Msc. Nutrição Animal – mauricio100@msn.com

5 Professor de Reprodução Animal – EV/UFG – Jataí – marcoviuvet@hotmail.com 6 Bsc. Medicina Veterinária – mmamede@cnpaf.embrapa.br

7 Aluna de Graduação em Adm. de Agronegócios – icdiasreis@globo.com

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possível, constitui objetivo de grande interesse da maioria dos atores envolvidos na cadeia produtiva da carne bovina.

Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária (ILP) vêm sendo adotados em escala crescente no País (Landers, 2007), sobretudo em regiões que compreendem o denominado Brasil Central Pecuário. Segundo Muniz (2007), sistemas ILP consistem em produzir culturas anuais intercaladas ou consorciadas com plantas forrageiras, de forma a evitar a redução, ou mesmo ampliar o rendimento dessas culturas, propiciando produção forrageira em maiores quantidades e de melhor qualidade, inclusive reduzindo a estacionalidade de produção.

Objetivou-se apresentar os resultados econômicos de dois sistemas alternativos de recria de bovinos Nelore. Os parâmetros de consumo e de produção foram obtidos de dois grupos de animais participantes de distintos testes de desempenho. Num deles os animais foram mantidos em confinamento durante o período da seca e suplementados a pasto nas águas e, no outro os animais permaneceram todo o tempo em pastagens renovadas em sistema ILP.

Material e Métodos

Os dados de produção e consumo utilizados neste trabalho foram obtidos de dois grupos de animais, da raça Nelore, participantes de testes de desempenho de touros jovens, também denominados Provas de Ganho de Peso (PGP). Os testes foram conduzidos no período de junho/2007 a maio/2008, na Fazenda Capivara, da Embrapa Arroz e Feijão, localizada em Santo Antônio de Goiás, GO.

Num dos testes, PGP a pasto, os animais, todos da categoria Puro de Origem, machos e com idades no início do teste variando entre 215 e 304 dias, foram mantidos o tempo todo a pasto, recebendo além das forragens apenas suplementação mineral e um protéico-enegético durante o período das secas. O período total de duração da PGP a pasto foi de 351 dias.

No outro teste, PGP confinada, os animais foram confinados por um período de 168 dias, posteriormente durante quatro meses foram mantidos a pasto recebendo suplementação e finalmente receberam uma terminação em sistema de confinamento durante 56 dias. O período total de duração da PGP confinada foi de 336 dias. As idades dos animais no início do teste variavam entre 174 e 239 dias. Detalhes sobre as PGP’s, incluindo finalidades, objetivos e normas de execução, podem ser obtidos em Razook et al. (1997) e no site da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu.

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No presente trabalho adotou-se o conceito de estudo de caso, descrito por Robson (1996). Tal decisão decorreu devido aos grupos de animais utilizados nos testes serem considerados distintos, principalmente em relação às idades médias no início dos testes.

Foram verificadas as viabilidades técnica e econômica considerando-se dois sistemas de recria, representados pelos dois grupos de animais nos respectivos testes de avaliação acima descritos. O período de estudo para fins de avaliação dos animais em sistema de recria foi de 05/06/2007 a 21/05/2008 para o sistema a pasto e 05/06/2007 a 06/05/2008 para o sistema confinado (Tabela 1). Para fins comparativos da economicidade dos dois sistemas, projetou-se para os animais a pasto um período de confinamento até atingirem o peso médio de 453 kg de P.V., peso este atingido pelos animais do grupo confinado aos 550 dias de idade.

De acordo com a metodologia descrita por Reis (2002), foram considerados para cálculo de custos operacionais variáveis COV os custos com aquisição de animais, mão-de-obra, alimentação (concentrado, volumoso e suplementação), sanidade (medicamentos, vacinas e controle de ecto e endoparasitas) e outras despesas. Os custos operacionais fixos (COF) não foram considerados devidos o objetivo deste trabalho ter sido comparar os dois sistemas de recria, sendo este custo considerado o mesmo para os dois sistemas. As Receitas Totais (RT) foram calculadas considerando o valor da arroba de boi gordo no mês de maio tanto para os animais da PGP confinada e como para os animais da PGP a pasto multiplicado pela quantidade de arrobas quando ambos os lotes atingiram 453 kg de P.V. Este mesmo valor da arroba foi considerado entre os dois sistemas para anular a variação dos preços dos insumos que houve de maio para julho. O custo da arroba produzida foi calculado dividindo-se os COV (menos compra de animais) pela diferença entre a quantidade de arrobas vendidas e adquiridas. O cálculo da Margem Bruta (MB) foi realizado utilizando-se a fórmula MB = RT – COV, sendo este, utilizado para comparar o desempenho da PGP a pasto e da PGP confinado. O custo de oportunidade do Capital (COC) foi calculado em relação ao capital COV, com taxa de rendimento anual de 8,75%. A remuneração de cada sistema foi obtida pela diferença entre o MB – COC.

Resultados e discussão

Informações comparativas sobre os grupos de animais nos dois sistemas considerados neste estudo, são apresentadas na Tabela 1.

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Os animais da PGP confinada, apesar de serem mais novos, expressaram seus potenciais genéticos, atingindo 336 kg de P.V. ao final do período da seca (P378), com ganho de 0,750 kg/cab./dia, respondendo ao confinamento ao qual foram submetidos. Os animais da PGP a pasto neste mesmo período atingiram 266 kg de P. V., com GMD de 0,450 g/cab./dia (Gráfico 1). O GMD deste grupo foi possível devido à disponibilidade de massa seca de forragem oriunda de sistema ILP associada à suplementação protéico-energética, como conseqüência, a diferença que no início do teste era de apenas 10 kg, passou a ser de 70 kg de P.V. no final do período da seca.

Tabela 1 – Parâmetros Zootécnicos obtidos nas provas a pasto e confinada, na Fazenda Capivara, município de Santo Antônio de Goiás, GO.

PARÂMETROS SISTEMAS

CONFINADO A PASTO

Data inicial do Teste 05/06/07

Data final do Teste 06/05/08 21/05/08

Duração período da seca (dias) 168 182

Duração período das águas (dias) 112 154

Duração período da Terminação (dias) 56 73

Nº de Animais (cabeças) 33 67

Idade Inicial dos animais (dias) 205 255

Pesos iniciais padronizados: P210 (confinado) e P240 (pasto) 210 kg 220 kg

Peso padronizado aos 378 dias (kg) (1) 336 266

Peso final ajustado aos P550 dias (kg) (2) 453 381

GMD período da seca (kg/cab./dia) 0,750 0,460

GMD período das águas (kg/cab./dia) 0,434 0,558

Consumo concentrado no período da seca (%P.V.) 1,9 -

Consumo silagem no período da seca (%P.V.) 0,4 -

Consumo suplementação no período das águas (%P.V.) 0,4 - Consumo de suplemento (3) no período da seca (% P.V.) - 0,24

Consumo de suplemento (4) no período das águas (% P.V.) - 0,05

(1) Final do período da Seca; (2) Final do período das Águas; (3) protéico-energético; (4) energético.

Menores diferenças entre pesos, observados por volta de P490, sugere a ocorrência de um ganho compensatório parcial dos animais da PGP a pasto não obstante à suplementação dos animais do sistema confinado (Gráfico 1). Medeiros e Lanna (2000) observaram que quanto maiores os ganhos no inverno, menores as taxas de ganho no período subseqüente. A explicação para menores exigências de mantença dos animais da PGP a pasto estaria em parte relacionada diretamente ao tamanho dos órgãos internos, porém tanto as exigências de energia, como a produção de calor, aumentariam rapidamente durante o processo de recuperação (Hogg, 1991). Outra possibilidade

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estaria relacionada ao início da puberdade dos animais da PGP confinado, o que poderia causar um aumento de atividade afetando o desempenho dos animais desse grupo.

Ao final da terminação dos animais da PGP confinada (P550), a diferença em peso passou a ser de 72 kg de P.V., sendo que neste momento estes animais já estariam com 16 arrobas, podendo já ser comercializados como bois gordos. Por outro lado, os animais da PGP a pasto, neste mesmo momento, só poderiam ser comercializados como bois magros (Gráfico 1).

Gráfico 1 – Demonstrativo da curva de crescimento entre os animais da PGP a pasto e PGP confinado, de 05/06/07 a 06/05/08, no PILP da Embrapa Arroz e Feijão.

245 255 266 304 381 258 296 336 369 397 343 370 30 220 210 453 30 P0 P210 P240 P266 P310 P322 P366 FS - P378 P422 P434 P478 P490 P534 P550

PGP a pasto PGP confinado Polinômio (PGP a pasto) Polinômio (PGP confinado)

Informações comparativas relacionadas às avaliações econômicas dos dois sistemas são apresentadas na Tabela 2.

O COV de maior diferença entre os dois lotes avaliados foi com relação ao custo com nutrição, sendo na recria de R$ 386,40, dos animais da PGP confinado e de R$ 111,29 na recria dos animais a pasto. Já na terminação mesmo os animais deste lote terem sido confinado durante 17 dias a mais que o outro lote e o custo ter sido de R$ 271,90, no somatório da recria e terminação a diferença em preço entre os dois sistemas chega a ser de R$ 217,80. Diferença essa que reflete no custo da arroba produzida que foi de R$ 80,49 para os animais da PGP a pasto e de R$ 84,41 para os animais da PGP confinada (Tabela 2).

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Tabela 2 – Avaliação econômica da PGP a pasto e da PGP confinada

Componentes PGP a pasto PGP confinada

Custos Operacionas Variáveis - COV TOTAL R$ TOTAL R$

Aquisição dos Bezerros 318,00 318,00

Mão-de-obra + Encargos sociais 10,47 11,94

Sanidade 38,83 32,61

Nutrição Recria 111,29 386,40

Nutrição Terminação 271,90 214,59

Arrendamento de pasto período da seca 90,00 -

Arrendamento de pasto período das águas 75,00 60,00

Outros 0,37 5,61

Subtotal 915,85 1029,15

Custo Oportunidade (COC) TOTAL R$ TOTAL R$

68,84 63,78

Receita Totais - RT TOTAL R$ TOTAL R$

Venda de Bois 1168,00 1168,00

Custo arroba produzida (R$) 80,49 84,51

Margem Bruta (MB) = RT - COV 252,15 138,85

Margem Bruta - COC 183,30 75,07

Porém a vantagem do lote confinado foi que os animais saíram do sistema com idade média de 18 meses, enquanto os animais do outro lote permaneceram no sistema por mais 73 dias.

A margem bruta por animal submetida ao sistema a pasto foi de R$ 252,15 e de R$ 138,85 para o sistema confinado, já a remuneração do capital seria de R$ 183,30 e R$ 75,07, PGP a pasto e PGP confinada, respectivamente (Tabela 2).

Conclusões

O uso estratégico do confinamento no período da seca surge como alternativa para reduzir a idade de abate para 18 meses, embora os custos, neste período, sobretudo, com alimentação, sejam determinantes para a viabilidade do sistema de produção.

A recria de bovinos em pastagens oriundas de ILP e posterior terminação em confinamento, permite o abate dos animais aos 22 meses e de forma que remunera o capital investido.

REFERÊNCIAS

1. ABCZ. Associação Brasileiro de Criadores de Zebu. Prova de ganho em Peso. Disponível em:

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2. BOIN,C. & TEDESCHI, L. O. Sistemas intensivos de produção de carne Bovina: II. Crescimento e Acasalamento. In: PRODUÇÃO DE NOVILHO DE CORTE, 1997, Piracicaba. Anais. FEALQ, 1997. p. 205-229.

3. EUCLIDES FILHO, K. Produção de bovinos de corte e o trinômio genótipo-ambiente-mercado. Embrapa Centro Nacional de Gado de Corte. Campo Grande, MS. 2000.

4. HOGGS, B.W. Compensatory growth in ruminants. In: PEARSON, A.M., DUTSON, T.R. (Ed). Growth regulation in farm animals. London: Elsevier Science, 1991. V.7, cap. 5, p. 103-134. 5. LANDERS, J. N. Tropical crop livestock systns in conservation agriculture. Tre Brazilian

experience. Integrated crop management series, 5, FAO. 2007. 102p.

6. MEDEIROS, S. R. de, LANNA, D. D. P. Crescimento compensatório em bovinos. Embrapa Gado de Corte [on line]. Disponível em http://www.cnpgc.embrapa.br/~sergio/cresccomp/. Acesso em: 15/05/08.

7. MUNIZ, L. C. Avaliação bioeconômica em Sistema de Integração Lavoura-Pecuária. 2007. 83p. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Goiás, Goiânia.

8. RAZOOK, A. G. et al. 1997. Prova de ganho de peso. Normas adotadas pela Estação Experimental de Zootecnia de Sertãozinho. Boletim Nº 40, Instituto de Zootecnia, Nova Odessa, SP, 1997. 42p.

9. REIS, R.P. Fundamentos de economia aplicada. Lavras: UFLA/FAEPE, 2002. 10. ROBSON, C. Real word research reserch. Oxford, Blackwell, 1996. 510P.

Referências

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