DISPOSITIVOS ELECTRÓNICOS
Cap. 1 1
Problema SH1
Considerar uma resistência de germânio de tipo n com 1 mm2 de secção e 1 cm de comprimento que a 300 K apresenta uma resistência de 100 Ω.
a) Calcular o valor da densidade de impurezas, supondo que estas se encontram todas ionizadas.
b) Supondo que o ritmo de geração de pares electrão-buraco passa para o dobro, calcular os novos valores de equilíbrio das densidades e o novo valor da resistência.
c) Partindo da situação b), se o ritmo de geração passar instantaneamente para o seu valor em a), ao fim de quanto tempo a evolução da densidade de buracos difere menos de 1% do novo valor estacionário.
Dados Ge(300K) ni =2, 4 10× 19m −3 2 1 1 0, 2 − − µ =p m V s 2 1 1 0, 4 − − µ =n m V s 0, 66 = G W eV 10 τ =p µs
Resolução
2 1 1 1 100 10 − − = = ⇒ σ = Ω σ R m Aa) Da expressão da condutividade de um semicondutor:
(
0 0)
σ =q p µ + µp n n
e da expressão que relaciona as concentrações de electrões e de buracos em equilíbrio termodinâmico:
2 0 0= i
obtém-se: 21 3 0 17 3 0 1,56 10 3, 68 10 − − = × = × n m p m
O semicondutor é fortemente extrínseco do tipo n
(
n0≅ND+ e ND+2>>4ni2)
, pelo que21 3
0 1,56 10
−
= = ×
D
N n m , admitindo que todas as impurezas se encontram ionizadas.
b) Numa nova situação estacionária tem-se n p0′ ′0=G r sendo G' o novo ritmo de geração de ′
pares electrão-buraco. Admitindo que r não variou (o que não é inteiramente verdade se houver alteração da temperatura), tem-se:
2 2 + = = + i D np n n p N
com ND+ =1,56 10× 21m−3, admitindo que não houve alteração da ionização de impurezas. Obtém-se:
21 3
1,56 10 −
≅ ×
n m e p≅7,36 10× 17 m −3
Uma vez que o semicondutor permanece fortemente extrínseco do tipo n, a condutividade
(
σ = µ + µqn n qp p)
praticamente não varia, o mesmo sucedendo com a resistência(
R= σ1 A)
.Nota: Se o ritmo G variou por alteração da temperatura é possível determinar, admitindo
como aproximação que r se mantém, qual a nova temperatura.
2 0 0 = = i n n p G r e 3 2' 2' 2' 2 0 0 2 2 exp i G i i i i G n T W T n p n n n r n T kTT ′ ⎛ ⎞′ ⎛ ∆ ⎞ ′ ′ = = ⇒ = ⇒ = ⎜ ⎟ ⎜ ⎟ ′ ⎝ ⎠ ⎝ ⎠ sendo ∆ = −T T′ T e T =300k.
A condutividade do material será dada por σ =′ q n
(
′ ′µ + µn p′ ′p)
sendo:2 2 21 3 2 1,56 10 − ′ ′= = ′ ′= ′+ × i i n p n n n p m cuja solução é n≅n0=1,56 10× 21 m e −3 p≅2p0=7,36 10× 17 m−3.
Cap. 1 3
′
µn e ′µp em ′σ representam as mobilidades à nova temperatura T′. Podem ser determinadas se se conhecer a lei de variação µ(T). A nova resistência é então obtida de
( )
1 ′= σ′
R A . Como o semicondutor se mantém fortemente extrínseco à nova temperatura verifica-se a seguinte relação:
′= σ =µ′ ′ σ µnn R R c) Da equação da continuidade: 0 ( )− = − = − τp dp p t p G R dt obtém-se:
(
)
0 0 ( )= + − exp⎛⎜⎜− ⎞⎟⎟ τ ⎝ ⎠ in p t p t p p psendo p é a concentração de buracos calculada em a) e 0 p a concentração de buracos in
calculada em b) (ver Figura).
t
τ
p p pinp0
O valor de t pedido, designado por τ, é dado pela solução da equação da continuidade quando:
(
)
(
)
0 0 0 0, 01 ( ) 0, 01 0, 01 exp ln ln 0, 005 5,3 ⎛ τ ⎞ ⎛ ⎞ τ − = ⇒ = − ⎜⎜− ⎟⎟⇒ τ = −τ ⎜ ⎟⇒ τ ⎝ − ⎠ ⎝ ⎠ ⇒ τ = −τ ≅ µ in p p in p p p p p p p p p p sProblema SH2
Considerar uma resistência de germânio com 3 cm de comprimento e 1 mm2 de secção que a 300 K apresenta o valor de 1000 Ω.
a) Calcular o valor das densidades de portadores a 300 K supondo que se trata de um cristal do tipo n.
b) Determinar a que temperatura a resistência apresenta o valor de 40 Ω, supondo que a variação das densidades com a temperatura é apenas devida a factores exponenciais e que a variação das mobilidades é desprezável.
c) Supondo que num dos terminais da resistência se estabelece um excesso de portadores a que corresponde um fluxo de difusão de buracos com um ritmo, junto a essa superfície, de
20 2 1
2 10× m s , determinar o valor desse fluxo a 0,1 mm da superfície. Supor todo o − −
cristal a 300K. Dados: Ge(300K) ni=2, 4 10× 19 m−3 µ =p 0,15m V s 2 − −1 1 2 1 1 0,3 − − µ =n m V s WG=0, 66eV τ =p 10µs
Resolução
A partir da expressão da resistência calcula-se o valor da condutividade.
1 1 1000 30 − − = = ⇒ σ = Ω σ l R m A a) De:
(
0 0)
2 0 0 σ = µ + µ = p n i q p n n p nCap. 1 5 20 3 1 17 3 1 6,3 10 9, 2 10 − − = × = × n m p m 17 3 2 21 3 2 4, 6 10 1,3 10 − − = × = × n m p m
Como se trata de um cristal do tipo n, opta-se pela solução n1, p1
b) Sendo R′ a resistência apresentada pelo semicondutor à temperatura T′, tem-se: 25 ′ ′µ + µ′ ′ ′ σ = = = ′ σ µ + µ p n p n p n R R p n
Num semicondutor fortemente extrínseco as maiorias são aproximadamente dadas pela concentração de impurezas ionizadas, e estas não se alteram com o aumento da temperatura a partir de 300 K, desde que se admita que a esta temperatura já se encontram todas ionizadas. Atendendo a que a resistência passou para um valor 25 vezes menor e as mobilidades não variaram, a concentração das maiorias foi alterada. Deste modo o resultado só é possível se a subida de temperatura transformou o semicondutor de fortemente extrínseco à temperatura T para um semicondutor com comportamento praticamente intrínseco à temperatura ′T . Sendo assim:
′≅ ′≅ ′i n p n Nessas condições:
(
)
25 1, 04 1022 −3 ′ µ + µ ′ = = ⇒ = × ′ µ + µ i n p i p n n R n m R p nO resultado confirma o facto de se ter admitido um comportamento intrínseco para o material à temperatura T′. Com efeito ′ni >>N . Atendendo à lei de variação da D
concentração intrínseca com a temperatura:
exp 2 ′≅ ⎛ ∆ ⎞ ⎜ ′⎟ ⎝ ⎠ i G i n W T n kTT obtém-se T′ =575 K , sendo ∆ = −T T′ T .
c) A variação da concentração das minorias ao longo do cristal em regime estacionário é dada pela equação da continuidade onde se desprezou o termo devido à condução:
2 0 2 0 − − = τ p p d p p p D dx
(
)
0 1 0 ( )= + − exp⎛⎜⎜− ⎞⎟⎟ ⎝ p⎠ x p x p p p Londe p representa o valor de p para 1 x=0; p é o valor de equilíbrio termodinâmico da 0
concentração de buracos, Lp=
(
Dp pτ)
1/ 2 é o comprimento de difusão de buracos e= µ
p T p
D u é o coeficiente de difusão de buracos.
x p p1 p0 Lp Obtém-se assim:
(
)
(
)
4 4 0 1 0 1 0 10 10 ( ) − exp 0, 6 − = ⎛ ⎞ − = + − ⎜⎜− ⎟⎟≅ − ⎝ ⎠ x p p x p p p p p LPor outro lado, o fluxo de partículas é dado por:
[
]
0 0 1 0 ( ) ( )= − = ( )− = (0)⎡⎢ − ⎤⎥ − ⎣ ⎦ p p p p p D dp p x p C x D p x p C dx L p pAtendendo a que Cp(0)= ×2 1020m s , obtém-se: −2 −1
4 20 2 1 10 ( ) = − =0,6 (0) 1, 2 10= × − − p x p C x C m s