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PALAVRAS DO BRASIL VOCABULÁRIO E EXPERIÊNCIA HISTÓRICA NO IMPÉRIO DO BRASIL

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Academic year: 2021

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PALAVRAS DO BRASIL – VOCABULÁRIO E EXPERIÊNCIA

HISTÓRICA NO IMPÉRIO DO BRASIL

Aluno: Ruberval José da Silva (Bolsista PIBIC/CNPq) Orientador: Ilmar Rohloff de Mattos

I – Relatório Técnico – Período: Agosto 2011/Julho 2012

No período a pesquisa “Palavras do Brasil – Vocabulário e Experiência Histórica no Império do Brasil” seguiu investigando a relação dos conceitos de Império e escravidão nos discursos e ações de importantes dirigentes imperiais na experiência histórica do Império do Brasil no século XIX, como: Frederico Leopoldo César Burlamaque, Bernardo Pereira de Vasconcelos, Paulino José Soares de Sousa, Eusébio de Queiroz, José de Alencar. Para tal tarefa, a pesquisa contou com os bolsistas Andre Novellino, Bárbara Perdigão, Ruberval Silva, e com os pesquisadores voluntários Eduardo Falcão e Vera Bastos-Tigre, sob a orientação do professor Ilmar Rohloff de Mattos.

• Práticas do Grupo

Através dos encontros realizados semanalmente a pesquisa teve como finalidade analisar a relação entre cultura e política no Império do Brasil nos discursos e ações de alguns dirigentes imperiais no século XIX, destacando os conceitos históricos de Império e Escravidão. Tais conceitos, como outros relacionados a estes, são concebidos de sentidos quando associamos as práticas (ações) com os discursos (linguagem) desses homens.

Nesse sentido, as leituras feitas pelo grupo de textos da História social e da História dos conceitos foram imporantes para ampliarmos nossa visão na prática de pesquisa com a documentação primária, como: o romance do escritor e político José de Alencar “O Tronco do Ipê” [1871] e sua série de cartas chamadas Ao Imperador, Novas Cartas Políticas de Erasmo; os discursos nos “Anais do Senado”(em 1843) do político Bernardo Pereira de Vasconcelos, entre outras fontes e agentes.

Cada membro ficou encaregado de pesquisar um personagem que tivesse relevancia para o propósito da pesquisa, sobre o qual faz-se relatórios e resumos. A patir da pesquisa individual fazemos seminários nos encontros semanais com o que foi pesquisado, confrontando de forma

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intercalada com a leitura de textos teóricos em livros de autores diversos e artigos de revitas especialisadas sobre o tema.

• Bibliografia Básica

As leituras teóricas realizadas:

ANDERSON, Benedict. Comunidades imaginadas: reflexões sobre a origem e a difusão do nacionalismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2008, Capítulos 1 e 2.

BAUMAN, Zygmunt. “Identidade”. In: Identidade: Entrevista a Benedetto Vecchi. Rio de Janeiro: ZAHAR, 2005, pp.15-29.

BERBEL, Márcia; MARQUESE, Rafael; PARRON, Tâmis. Escravidão e política: Brasil e Cuba, c.1790-1850. São Paulo: Hucitec, 2010.

CARVALHO, José M. de. “Escravidão e razão nacional”. In. Pontos e Bordados: escritos de história e política. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1999, pp. 35-64.

FEBVRE, Lucien. “Prólogo”. In. Honra e pátria. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,1998. [ca. 1954]

IZECKSOHN, Vitor. “Escravidão, federalismo e democracia: a luta pelo controle do Estado Nacional norte americano antes da Secessão”. Rio de Janeiro. Topoi, Mar. 2003, pp. 47-81. KOSELLECK, Reinhart. Futuro Passado: a contribuição semântica dos tempo históricos. Rio

de Janeiro: Contraponto/Editora PUC-Rio, 2006, Capítulos 1, 2, 9, 14.

. Uma história dos conceitos: problemas teóricos e práticos. In: Estudos Históricos. Rio de Janeiro, vol.5, n.10, 1992, p.134-146.

MATTOS, Ilmar Rohloff de. “Do Império do Brasil ao Império do Brasil”. In: Faculdade de Letras da Universidade do Porto (org). Estudos em homenagem a Luís Antonio de Oliveira Ramos. 1.ed. Porto: Universidade do Porto, 2004, v.2, p.727-736.

. O Tempo Saquarema: a formação do Estado imperial. 3° edição. Rio de Janeiro: ACCESS, 1994.

PARRON, Tâmis Peixoto. A política da escravidão no Império do Brasil: 1826-1865. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011, Capítulos 2 e 3.

RICHTER, Melvin. “Avaliando um clássico contemporâneo: o Geschichtliche Grundbegriffe e a atividade acadêmica futura”. In. JASMIN, Marcelo Gantus; JÚNIOR, João Feres (Orgs.).

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História dos Conceitos: debates e perspectivas. Rio de Janeiro: Editora PUC-Rio; IUPERJ, 2006, pp. 39-53.

SAID, Edward. Cultura e imperialismo. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

SALLES, Ricardo. E o Vale era o escravo: Vassouras, século XIX – Senhores e escravos no coração do Império. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008.

SÜSSEKIND, Flora. “O escritor como genealogista: a função da literatura e a língua literária no romantismo brasileiro”. In: PIZARRO, Ana (Org.). América Latina: Palavra, Literatura e Cultura. Vol. II, 1994.

THOMPSON, E. P. “Prefácio”. A formação da classe operária inglesa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. [1968]

As fontes primárias trabalhadas:

ALENCAR, José. Cartas de Erasmo [ 1865 – 1868 ]; organizador, José Murilo de Carvalho. Rio de Janeiro: ABL, 2009. ( Coleção Afrânio Peixoto; v.90 ).

. O Tronco do Ipê. Rio de Janeiro: Edições de Ouro, 1966. [1871]. ANAIS DA CÂMARA DOS DEPUTADOS. Disponível em

<http://www2.camara.gov.br/documentos-e-pesquisa/publicacoes>. Acesso em 20 de Out. de 2011.

ANAIS DO SENADO. Anos de 1843, 1848 e 1850. Disponível em <http://www.senado.gov.br/anais/>.

BURLAMAQUE, Frederico Leopoldo César. Memória analítica acerca do comércio de escravos e acerca dos males da escravidão doméstica. Rio de Janeiro: Typographia Commercial Fluminense, 1837.

MALHEIRO, Perdigão. A Escravidão no Brasil: Ensaio Histórico, Jurídico, Social. 3° ed. Petrópolis: Vozes; Brasília: INL, 1976.

REVISTA DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO BRASILEIRO, T. IX, 1847, PP.279-287. Disponível em: < http://www.ihgb.org.br/rihgb/rihgb1847t0009c.pdf>. Acesso em 18 de Set. de 2011.

TOCQUEVILLE, Alexis de. A democracia na América. São Paulo: Folha de São Paulo, 2010. [1835]

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4 II – Relatório Substantivo

• Introdução

Neste período de um ano na pesquisa “Palavras do Brasil: vocabulário e experiência histórica no Império do Brasil” fiquei encarregado de investigar os discursos e ações de dois políticos conservadores que se destacaram no Império do Brasil por suas atuações no cenário político em meados do século XIX em defesa da soberania nacional quando do risco de um conflito iminente com o Imperio ingles devido à escravidão e ao tráfico de escravos. São eles: Paulino José Soares de Sousa e Eusébio de Queiroz Coutinho Mattoso Câmara.

• Objetivo

Neste momento que privilegiamos, o Império do Brasil passava por um dos momentos mais tensos da sua existência e ordem por causa, entre outros fatores, da ameaça de guerra iminente com o Império inglês devido ao tráfico de escravos africanos. Este era o período também em que a expansão da lavoura cafeeira requeria a expansão da escravidão, o que ligava essa experiência do Império do Brasil àquela dos estados do sul dos EUA e a Cuba no que a historiografia vem denominando de “segunda escravidão” ou “escravidão tardia”.

Na relação crítica entre os dois impérios, quando a marinha inglesa invadiu as águas territoriais do Brasil, Paulino J. Soares de Sousa foi à Câmara dos Deputados como Ministro dos Negócios Estrangeiros, na sessão de 15 de Julho de 1850 discutir e negociar medidas para resolver aquela crise. É o que faz também Eusébio de Queiroz, dois anos depois (sessão de 16 de Julho de 1852) quando este fez uma reflexão sobre a lei de sua autoria aprovada em 1850 extinguindo o tráfico de africanos para o Império valendo-se de sua experiência como ex-chefe de polícia da Corte.

Nestes dois discursos percebemos uma preocupação que se sobressai sobre as demais: a questão da Soberania. Protestando contra os ataques dos cruzadores britânicos nas águas brasileiras, Paulino J. Soares de Sousa afirmou que,

“(...) os princípios que o demonstram são conhecidos de todas as baías, os ancoradouros, os portos, os mares ao alcance das baterias de terra, são dependências do território e foram sempre considerados como fazendo parte deles. São propriedade da nação cujo território banham. Somente

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ela tem sobre essas águas direito de soberania. Ora, a visita e detenção nessas águas por parte de uma nação estrangeira viola abertamente esses direitos.”1

Neste caso, o conceito de soberania está relacionado ao conceito de território nacional. A Inglaterra, portanto, como nação soberana, estaria violando as normas da outra nação igualmente civilizada.

Já Eusébio de Queiroz em 1852 afirmou que este teria sido “o verdadeiro insulto feito à nossa soberania” e que,

“ (...) isto é, o tráfico depois que a Inglaterra, dispensando o concurso do governo brasileiro, arrogou-se o direito de reprimir o tráfico, confiou unicamente na sua esquadra, no seu dinheiro, na sua força!”

Portanto, podemos perceber que o conceito de soberania é compartilhado pelos dois políticos conservadores quando se referem ao isolamento político do Império do Brasil perante os demais Estados por causa das leis britânicas antitráfico que provocaram tal conflito, como a Bill Aberdeen promulgada em 1845 contra a escravidão e o tráfico,

• Conclusão

Para Eusébio de Queiroz, a questão do fim do tráfico foi resolvida soberanamente pelo governo do Império do Brasil e não pela imposição do Império britânico. Como está dito no seguinte trecho do seu discurso:

“Seguramente, Sr. presidente, em uma questão que ela mesma (oposição) reconhece que não se deve considerar de partido, em uma questão que é inteiramente nacional, parece que os esforços de todos deveriam convergir para convencer o estrangeiro que se quer arrogar o mérito de ter reprimido o tráfico no Brasil, que sua pretensão é injusta, que ele se arroga um mérito que não tem (apoiados).2

1

Cf. Sessão de 15 de Julho de 1850. In: ANAIS DA CÂMARA DOS DEPUTADOS. Disponível em <http://www2.camara.gov.br/documentos-e-pesquisa/publicacoes>, p. 199.

2

Cf. “Discurso do Conselheiro Eusébio de Queiroz Coutinho Mattoso Câmara em 16 de Julho de 1852”. In: MALHEIRO, Perdigão. A Escravidão no Brasil: Ensaio Histórico, Jurídico, Social. 3° ed. Petrópolis: Vozes;

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No plano político interno, a soberania era de responsabilidade do próprio Estado imperial, dirigindo, por sua vez, a iniciativa do “Governo da Casa” por este ser incapaz de controlar os escravos e impor a ordem social em seus domínios.

O conceito de soberania em Paulino J. Soares de Sousa está relacionado à ordem política externa, uma vez que a escravidão ameaçava a integridade e o próprio futuro do Império do Brasil.

“Quando uma nação poderosa, como é a Grã-Bretanha, prossegue com incansável tenacidade, pelo espaço de mais de 40 anos o empenho de acabar o tráfico com uma perseverança nunca desmentida: quando ela se resolve a despender 850 mil libras por ano somente para manter os seus cruzeiros para reprimir o tráfico; quando ela obtém a aquiescência de todas as nações marítimas europeias e americanas; quando o tráfico está reduzido ao Brasil e a Cuba, poderemos nós resistir a essa torrente que nos impele, uma vez que estamos colocados neste Mundo? Creio que não. (Apoiados). Demais, senhores, se tráfico não acabar por esses meios, há de acabar algum dia.”3

Como membros da boa sociedade e dirigentes importantes, eles reforçaram o pacto entre o Império e a nação brasileira no momento de perigos interno e externo devido à existência da instituição da escravidão em seu território. Na ação e em seus discursos na Câmara dos Deputados, os dois “saquaremas” exerceram a “expansão para dentro” pela via do Governo do Estado ordenando e civilizando os membros daquela boa sociedade.

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Referências

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