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INFLUÊNCIA DE TRÊS VARIANTES DE REGA LOCALIZADA SOBRE O COMPORTAMENTO DA OLIVEIRA (Olea europaea L.; cult. Cordovil ).

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INFLUÊNCIA DE TRÊS VARIANTES DE REGA LOCALIZADA SOBRE

O COMPORTAMENTO DA OLIVEIRA (Olea europaea L.; cult.

‘Cordovil’).

L. Boteta(1); C. Guerreiro(1); H. Catronga(1) & I. Oliveira(1),

(1)Centro Operativo e de Tecnologia de Regadio, Quinta da Saúde apartado 354,

7801-904 Beja, Tel:284321582, e-mail:luis.boteta@cotr.pt

Resumo

O olival tem-se cultivado tradicionalmente em sequeiro na maioria das regiões mediterrâneas, obtendo-se produções aceitáveis. Nos últimos anos temos verificado que existe uma forte evolução para a reconversão desta cultura de sequeiro para regadio, uma vez que esta responde muito favoravelmente à aplicação de água de rega, em especial quando estas são aplicadas em momentos críticos ou em anos de muito baixa pluviometria.

Em condições de disponibilidades de água limitadas, devemos ter em atenção a utilização de sistemas de rega que permitam obter a máxima eficiência. Assim na altura de implementar um sistema de rega localizada podem surgir as seguintes questões: Até onde é possível reduzir economicamente o volume de solo a humedecer? Ou também, Qual a variação de produção desta cultura relativamente à fracção de solo humedecido? Foi neste sentido que foi implementado um campo de ensaio num olival tradicional (compasso 12 m x 12 m), com cerca de 80 anos, instalado num complexo de solos (Vc+Vcm+Sr), no qual foram instalados um sistema de rega localizada com três tratamentos: Trat. 1 – Gotejadores de 3.6 l.h-1 distanciados entre si de um metro ao longo de toda a linha de plantação (VL); Trat. 2 – sistema em “loop”, sendo feita a distribuição da água de rega na projecção da copa da árvore (VP); Trat. 3 – 2 gotejadores por árvore de alto débito (12 l.h-1) (VD). Em todos os tratamentos foram aplicados iguais volumes de água por hectare. Para estimar o estado de humidade do solo utilizou-se o método tensiométrico, para o qual foram utilizados sensores de matriz granular (Watermark Mod. 200ss Irrometer Co). Foram colocados sensores às profundidades de 0.25, 0.45, 0.65 m, localizados na linha e entrelinha de plantação de 1 m em 1m até uma distância máxima de 6 m relativamente ao centro da árvore a controlar. O potencial matricial do solo (ψs) foi registado pontualmente, com uma periodicidade semanal. A produção foi controlada através de colheita mecânica.

Verificou-se que a planta extrai água em toda a área (144 m2), o que não é

surpreendente, dado que é uma cultura que estava adaptada ao regime de sequeiro, e consequentemente, o seu sistema radicular colonizava o maior volume de solo de forma a garantir satisfazer as necessidades hídricas da planta. Observou-se que a zona de maior extracção de água pela cultura situa-se a cerca de 2 m do centro da árvore. Na zona dos emissores o solo manteve-se com potenciais elevados durante toda a campanha de rega e em todas as suas variantes. Os resultados da produção de azeitona não apresentam diferenças significativas entre tratamentos, no entanto, apesar de não significativos, verificou-se uma produção superior na modalidade 2 ( sistema em loop), com uma média de 31 kg.árv-1 apresentam uma maior produção à medida que se

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aumenta a fracção de solo molhado. Estes dados mostram o interesse em humedecer uma maior superfície de terreno nesta cultura.

Palavra chave: Olival tradicional, rega, Watermark

Introdução

Em Portugal o olival cultiva-se tradicionalmente em condições de sequeiro. Por esta razão, actualmente está-se a verificar um aumento considerável da superfície de olival regado. Trabalhos de investigação mostram que a rega do olival produz um importante aumento de azeitona e azeite (Solé, 1994; Girona, 1996). Assim, tem-se encontrado que, pequenas quantidades de água aplicada pela rega em olivais de sequeiro, produzem importantes acréscimos na produção de azeite (Girona, 1996). Goldhamer y col. (1993) verificaram que até então olivais em que o seu cultivo está adaptado à seca estival respondem muito favoravelmente a aplicação de regas auxiliares.

Deste modo, em condições de disponibilidade hídrica limitada, dever-se-á optar por utilizar sistemas de rega que permitem obter a máxima eficiência. O sistema de rega mais utilizado em olival é a rega localizada, na sua variante gota-a-gota.

Sendo os emissores um dos aspectos mais importantes da rede de rega, pois são os responsáveis da saída de água dos laterais de rega para o olival, é usual que estejam situados a uma certa distância uns dos outros, de modo que a saída de água se dê de uma forma discreta ao longo do lateral de rega, formando bolbos húmidos de onde as árvores extraem a água.

O sistema radicular do olival desenvolve-se de uma forma mais ou menos coincidente com a distribuição volumétrica da humidade gerada pelos emissores colocados. No caso de um olival tradicional, o sistema radicular, devido á escassez de água durante um grande período do seu ciclo vegetativo, é obrigado a colonizar uma área significativamente grande. Black & Mitchel (1974) observaram que ao trocar o sistema de rega produziam uma redistribuição de raízes de zonas molhadas e uma redução na zona não molhada. Assim, é obvia, a influencia a nível fisiológico e de nutrição hídrica que pode exercer a área de solo humedecido.

Um aspecto muito importante é o número de gotejadores a instalar em cada oliveira. Em zonas olivícolas o normal tem sido instalar dois emissores em pontos distintos de água por árvore. Esta situação contrasta com a tendência em fruticultura, onde se procura molhar pelo menos 20-30 % da superfície do solo. Um estudo realizado por Porras et al. (1988), sobre a influência que a superfície de solo regado teria sobre o consumo de água e a produção do olival, indica que o diâmetro do tronco é maior quanto maior é a percentagem de superfície de solo molhado.

Porras, C & Soriano (1995), na cultura de olival demonstraram que a porção de solo molhado era decisiva sobre o seu crescimento. Por esta razão, estes autores, instalaram durante três anos, um ensaio em Jaen - Espanha, com a mesma dotação de rega por hectare e ano, tentando comparar o efeito sobre a produção da aplicação de água em 2, 3, 4, 6 e 8 pontos. Estes autores verificaram que nos anos secos (1994 e 1995) a

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produção aumentou sensivelmente à medida que aumentou o número de pontos de aplicação. No entanto, num ano muito húmido como foi o ano de 1996, as produções foram todas similares nas modalidades ensaiadas. Estes dados mostram o interesse em humedecer uma maior superfície do terreno, a qual é de vital importância no caso em que há que aplicar regas em épocas em que se pretende aumentar a reserva de água no solo, como é o caso das regas de inverno.

Neste artigo relatam-se os resultados obtidos num ensaio experimental, realizado num dos Pólos experimentais do COTR, sobre o efeito na produção de azeitona com diferentes formas de distribuição da água e a evolução do estado de humidade do solo nos diferentes tratamentos testados.

Material e Métodos

O ensaio decorreu durante o ano de 2004, numa parcela experimental com cerca de 2,5 ha, situada no concelho de Moura (38º00’46.21 N, 7º15’45.90’’ W, altitude 180 m). Trata-se de um olival tradicional com um compasso de 12 m x 12 m (80 oliveiras.ha-1) e cerca de 80 anos de idade com a variedade Cordovil. O controlo de infestantes neste olival é feito recorrendo à aplicação de herbicida na linha e corte das infestantes na entrelinha com uma gadanheira (enrelvamento). O olival esteve regado durante o ano anterior ao começo do ensaio com o mesmo dispositivo de rega.

O local caracteriza-se por ser uma região semi-árida com forte influência do clima continental, com o Verão muito seco e quente (Temperatura média de 25ºC), com grande exigência evapotranspirativa (200 mm/mês) e Inverno muito frio durante o qual ocorre a grande percentagem da precipitação (70 %), para um valor médio anual de 500 mm.

O solo da parcela experimental classifica-se como Solo Calcário Vermelho de xistos associados a depósitos calcários (Vcx), Calcissolo (CL) (FAO). Neste solo distinguem-se três horizontes, cujas principais características distinguem-se encontram no Quadro 1. É no Horizonte A e Bw que existe maior número de raízes, com bastantes raízes finas, médias e algumas grossas. O horizonte C é constituído por material originário, calcário associado a xisto em meteorização com efervescência muito viva ao HCl.

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Quadro 1 – Características Físicas-químicas do perfil de solo da parcela experimental A Bw C 0-18 18-45 45-130 159 134 155 121 73 90 237 200 350 158 189 326 484 538 234

Argilosa Argilosa Fr.limosa

1.52 1.64 0.4305 0.3978 0,25 kPa (pF 0,4) 0.4229 0.3889 1 kPa (pF 1,0) 0.3878 0.3648 3 kPa (pF 1,5) 0.3596 0.337 6 kPa(pF 1,8) 0.3497 0.3309 10 kPa (pF 2,0) 0.343 0.318 20 kPa (pF 2,3) 0.3357 0.3139 30 kPa (pF 2,5) 0.3285 0.3058 50 kPa (pF 2,7) 0.3207 0.2986 100 kPa (pF 3,0) 0.3086 0.2837 1500 kPa (pF 4,2) 0.2675 0.2394 368.3 51.07 8,38 4,55 2,50 8.19 8.34 8.82 7,7 40,5 39,6 0.36 0.28 0.19 0.19 0.16 0.29 12.3 9.2 3.6 7.1 5.3 2.1 Carbono Orgânico (g kg-1) CaCO3 (%) CE (dS m-1) SAR (meq L-1)0,5 M. O. (g kg-1) Porosidade total (cm3 cm-3) Ksat* (cm d-1) Expansibilidade (%) pH (H2O) Teor de Água (cm3 cm-3) à sucção: Horizonte Prof. (cm) Elementos Grosseiros (g kg-1) Areia Grossa (g kg-1) Areia Fina (g kg-1) Limo (g kg-1) Argila (g kg-1) Textura

Massa volúmica aparente (Mg m-3)

Para a determinação da evapotranspiração da cultura utilizou-se os dados da estação meteorológica automática (EMA), localizada neste polo experimental. A evapotranspiração foi determinada com base na ETo pelo método de Penman-Monteith segundo Allen et al. (1998). Os coeficientes culturais (kc) utilizados foram os propostos por Doorenbos & Pruit (1977). Foi ainda ajustado um coeficiente redutor (kr) em função da percentagem de área sombreada pela copa das árvores com o respectivo compasso de plantação segundo Fereres & Goldhamer (1990).

Assim, para a determinação da evapotranspiração da cultura – Etc – foram utilizadas as seguintes expressões:

ETc = ETo x Kc x Kr (1)

Kr = 2 x Sc/100 (2)

Sc = p x D2 x N/4 x 100 (3)

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ETo = Evapotranspiração de referencia. Kc = Coeficiente cultural.

Kr = Coeficiente redutor devido à cobertura da copa. Sc = Percentagem de solo coberto pela copa.

D = Diâmetro da copa.

N = Número de árvores por hectare.

No Quadro 2 apresentam-se os valores mais significativos usados no ensaio, ou seja, necessidades em água determinadas pela metodologia da FAO e rega aplicada.

Quadro 2 - Programação da rega na parcela experimental

Mês ETo (mm.dia-1) Kc Kr ETc (mm.dia-1) Rega (mm.dia-1) Rega (l.dia -1) Março 2.26 0.65 0.31 0.45 0.02 2.32 Abril 3.40 0.60 0.31 0.63 0.32 45.60 Maio 3.74 0.55 0.31 0.63 0.67 96.77 Junho 6.18 0.50 0.31 0.95 0.25 36.00 Julho 6.44 0.45 0.31 0.89 0.33 48.00 Agosto 5.34 0.45 0.31 0.74 0.35 51.10 Setembro 3.96 0.55 0.31 0.67 0.00 0.00

Da análise do Quadro 2 verifica-se que os níveis de água aplicados (Rega) foram muito inferiores aos determinados pela metodologia da FAO (ETc). A razão desta diferença, é justificada pelo facto da rega ter sido conduzida com base na informação dos equipamentos de monitorização de água no solo – “Watermark”, ou seja, foi feita de acordo com o estado hídrico do solo.

TRATAMENTOS DE REGA

Na parcela experimental foi instalado um sistema de rega localizado com três tratamentos:

- T 1 – Gotejadores de 3,6 l.h-1 distanciados entre si de um metro ao longo de toda a linha de plantação (VL). Estes gotejadores estão inseridos no tubo porta gotejadores no processo de fabrico e a saída de água para o exterior dá-se através de um orifício do tubo;

- T 2 – Sistema em “loop” (Fig.1). O sistema é constituído por 2 gotejadores de alto débito (12 l.h-1), um em cada lado da árvore e, em cada um destes é colocado um tubo porta gotejadores com 12 gotejadores com um débito de (1 l.h-1). A distribuição da água de rega é feita na projecção da copa da árvore

(VP);

- T 3 – 2 gotejadores por árvore de alto débito (12 l.h-1) (VD) (Fig.1). Estes gotejadores estão inseridos exteriormente no tubo de PE.

Todos os tratamentos aplicaram o mesmo volume de água, razão pela qual, nos tratamentos 2 e 3, o tempo de aplicação por rega foi superior.

Como o tratamento 1 tem uma taxa de aplicação horária diferente dos tratamentos 2 e 3, foi necessário que cada um dos tratamentos fosse individualizado por intermédio de válvulas distintas, de forma a permitir um adequado controlo da água aplicada.

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Figura 1 – a) - Sistema em loop e b) - sistema com 2 gotejadores por árvore.

MONITORIZAÇÃO DA ÁGUA NO SOLO

A monitorização do estado de humidade do solo foi efectuado com base no seu potencial matricial, com recurso a sensores de matriz granular (Watermark Mod. 200ss Irrometer Co.). Este sensores permitem determinar o potencial hídrico do solo, que está relacionado com o teor de água no solo através da sua curva característica.

A monitorização dos três tratamentos foi efectuada da seguinte forma (Fig.2) : - Ao longo das linha e entrelinha de plantação;

- A seis distâncias relativamente à árvore a controlar (com intervalos de 1 até meia distância entre duas árvores consecutivas)

- 3 profundidades (0,25 m, 0,45 m e 0,65 m) e distanciados do emissor de 0,25 m. Paralelamente foram instalados tubos de acesso à sonda de neutrões no centro da entrelinha junto de uma bateria de sensores “Watermark”, de forma a determinar a relação do potencial matricial do solo com o teor de humidade volumétrico. As leituras efectuadas com esta sonda, embora não sejam apresentadas, foram tratadas e transformadas em teores de água volúmica utilizando, para o efeito, curvas de calibração estabelecidas para aqueles solos.

Watermark Gotejador 0.25 m 1.00 m 0. 25 m 0. 20 m 0. 20 m

Figura 2 – Esquema de instalação dos sensores “Watermark” no tratamento 1.

DETERMINAÇÃO DA PRODUÇÃO

Para o controlo da produção, foi efectuada a colheita mecânica de todas as árvores de cada tratamento e pesada individualmente a azeitona.

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Resultados e Discussão

Monitorização da água no solo

Neste ponto será feita uma abordagem sobre a evolução da água no solo para o período de Abril até final de Agosto.

Nas Fig. 3 e 4 apresenta-se o padrão de extracção de água do solo pelas oliveiras na linha de plantação a 2 e 6 metros da árvore, respectivamente.

Verifica-se que na zona de aplicação da água (Fig. 3), ou seja na zona do bolbo húmido, os potenciais do solo para os tratamentos 1 e 3 (1m/1m e 2 Got.) mantiveram-se perto da capacidade de campo até ao final de Agosto. O decréscimo abrupto após esta data deveu-se a um problema técnico no sistema de filtragem o que obrigou a uma paragem do sistema de rega por um período de 15 dias.

Da análise da Fig.3 verifica-se que os perfis de tensão de humidade até meados do mês de Junho mostram que ocorreu um escoamento descendente de água no solo, indicando que ocorreu drenagem de água abaixo da profundidade de 0,65 m. Neste período, a rega aplicada foi equivalente à ETc máxima estimada para aquele local. Esta ocorrência indicava que a necessidade da cultura era inferior aquela que fora prevista. Por esta razão, a partir desta data, a dotação por rega passou a ser conduzida tendo por base o estado hídrico do tratamento 1.

Para as três profundidades o decréscimo do teor de humidade do solo apresenta a mesma tendência o que indica que o sistema radicular coloniza o solo até aos 0,65 m de profundidade. -200 -175 -150 -125 -100 -75 -50 -25 0

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Data m at ric ia l (c ba r) 25 45 65 -200 -175 -150 -125 -100 -75 -50 -25 0

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Data m at ric ia l (c ba r) 25 45 65 -200 -175 -150 -125 -100 -75 -50 -25 0

04-Mar 23-Apr 12-Jun 01-Aug 20-Sep 09-Nov

Data m at ric ia l (c ba r) 25 45 65 Figura 3 - Variação do potencial matricial a 2 metros da árvore na linha de plantação para os três

tratamentos.

1m/1m Loop

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No tratamento 2 (sistema Loop), verifica-se que o potencial matricial do solo a partir de meados de Junho decresceu mais do que nos tratamentos 1 e 3. A diminuição do

potencial neste tratamento pode estar associado ao menor débito dos emissores em cada ponto de aplicação.

No ponto de monitorização mais afastado da planta (figura 4), ou seja a 6 metros desta, verifica-se que os níveis de humidade do solo para o tratamento 1 (gotejadores de 1m/1m) mantiveram-se com valores de potencial matricial perto de zero, tal como seria de esperar.

Apesar de não ter sido propositada a paragem da rega no final de Agosto, esta ocorrência foi importante porque se observou um decréscimo abrupto da tensão de água no solo a todas as profundidades neste tratamento, o que significa que o sistema radicular se encontra bem activo a uma distância de 6 m da árvore.

Nos outros dois tratamentos verificou-se que o sistema radicular extrai água muito para além da projecção da copa, estes níveis de extracção são mais evidentes no tratamento 2, com decréscimo dos teores de humidade a serem evidentes a partir de Abril. A dessecação do solo é mais evidente nas camadas mais superficiais, zona sujeita á evaporação. Recorde-se que na zona da linha das plantas não existe flora infestante, sendo, assim, a variação dos teores de humidade do solo sujeitos só à influência da evaporação e extracção de água pelo sistema radicular da planta.

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Data m at ric ia l (c ba r) 25 45 65

Figura 4 - Variação do potencial matricial a 6 metros da árvore na linha de plantação para os

três tratamentos.

1m/1m Loop

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Embora tenha sido monitorizada a entrelinha com intervalos de 1 m até ao centro desta, apenas se apresentam os valores a 2 e 6 m (Fig. 5 e 6).

Da análise da Fig. 5, pode verificar-se que a taxa de consumo de água a 2 m da planta é bastante evidente especialmente nos tratamentos 1 e 3 em que esta zona já não recebe água de rega aplicada pelo sistema de rega. A extracção de água dá-se a até aos 0,65 m de profundidade, com mais evidência na primeira camada, que pode estar relacionado com a maior colonização desta zona com raízes finas.

Pelos níveis de humidade no tratamento 2 verifica-se que a condução da rega até ao final do mês de Agosto satisfez as necessidades da cultura. Tal como se afirmou anteriormente, após a paragem da rega deu-se um decréscimo abrupto dos potenciais ao nível de todas as profundidades, o que significa que nesta zona existe uma grande taxa de consumo pela árvore.

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Data 8 ma tr ic ia l (c ba r) 0.25 m 0.45 m 0.65 m -200 -175 -150 -125 -100 -75 -50 -25 0

04-Mar 23-Apr 12-Jun 01-Aug 20-Sep 09-Nov

Data 8 m at ric ia l (c ba r) 0.25 m 0.45 m 0.65 m -200 -175 -150 -125 -100 -75 -50 -25 0

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Data 8 ma tr ic ia l (c ba r) 0.25 m 0.45 m 0.65 m

Figura 5 - Variação do potencial matricial a 2 metros da árvore na entrelinha de plantação para os três tratamentos.

Na Fig. 6 apresenta-se a evolução do potencial matricial no ponto mais afastado da planta na entrelinha. Verifica-se que o padrão de extracção de água é semelhante nos três tratamentos, com um decréscimo progressivo dos teores de humidade mais acentuado das camadas mais superficiais para as mais profundas. Verifica-se que aos 0,65 m de profundidade não se atingiram tensões que indicassem o esgotamento de água no solo. Julga-se que estas tensões são, não só, devido à dessecação do solo por evaporação directa, mas também devido a absorção radicular da planta, porque nesta zona foi observado que existem raízes da cultura.

1m/1m Loop

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Data m at ric ia l (c ba r) 0.25 m 0.45 m 0.65 m

Figura 6 - Variação do potencial matricial a 6 metros da árvore na entrelinha de plantação para

os três tratamentos.

Na Fig. 7 apresenta-se um resumo da variação do potencial matricial na entrelinha para as várias distâncias relativamente à planta em várias datas ao longo do ciclo cultural da cultura, para o tratamento 1.

Pela análise desta figura, pode verificar-se que, na entrelinha, para as profundidades de 0,25 m e 0,45 m, o decréscimo dos teores de humidade ao longo do ciclo cultural dá-se de uma forma idêntica para as diferentes distâncias relativamente á planta, com maior decréscimo na camada mais superficial. O mesmo já não se verifica para a profundidade de 0,65 m, onde a taxa de consumo diminui á medida que se caminha para o centro da entrelinha.

Esta dinâmica do consumo de água no solo mostra que o sistema radicular da planta está distribuído por toda a área do compasso da árvore em resultado da cultura ter sido conduzida em regime de sequeiro até à implementação do sistema de rega. Contudo, à medida que se caminha do centro da planta, verifica-se que a profundidade do sistema radicular diminui.

Na continuidade dos anos de rega, um dos aspectos de grande importância a ter em conta é a adaptação do sistema radicular ao sistema de rega, ou seja, as raízes mais afastadas das fontes de água poderão ter a tendência a inibir-se, uma vez que a planta não necessita de despender de energia para o crescimento do sistema radicular para zonas onde não precisa de extrair água. Esta tendência poderá ter consequências para o estado nutritivo da planta, porque, ao diminuir área de solo a explorar, os nutrientes

1m/1m Loop

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disponíveis obviamente que vão diminuir, ficando mais dependente das aplicações por fertirrigação. -200 -175 -150 -125 -100 -75 -50 -25 0 0 1 2 3 4 5 6 7 Distância à árvore (m) ma tr ic ia l (c ba r)

26/Mar 29/Apr 28/May 1/Jul 28/Jul

25/Aug 27/Sep -200 -175 -150 -125 -100 -75 -50 -25 0 0 1 2 3 4 5 6 7 Distância à árvore (m) m at ri cia l (c ba r)

26/Mar 29/Apr 28/May 1/Jul 28/Jul

25/Aug 27/Sep -200 -175 -150 -125 -100 -75 -50 -25 0 0 1 2 3 4 5 6 7 Distância à árvore (m) ma tr ic ia l (c ba r)

26/Mar 29/Apr 28/May 1/Jul 28/Jul

25/Aug 27/Sep

Figura 6 - Variação do potencial matricial para as várias distância relativamente à planta.

Controlo da produção

No quadro 1 e Fig. 7 apresenta-se a produção de azeitona obtida nos três tratamentos de rega. Verifica-se que os valores obtidos para os diferentes tratamentos não apresentam diferenças estatisticamente significativas. No entanto, verifica-se uma produção ligeiramente superior no tratamento 3 (dois gotejadores por árvore).

Quadro 2 - Resultado da produção de azeitona para os

diferentes tratamentos

Tratamento

Produção

(Kg.árv.

-1

)

erro

Got. 1m/1m

29.84

3.19

2 Got./arv.

31.13

3.44

Loop

29.46

3.71

Prof. 0.25m Prof. 0.45m Prof. 0.65m

(12)

0.0 5.0 10.0 15.0 20.0 25.0 30.0 35.0 40.0 P rodu çã o ( kg. ár v. -1) 1

Got. 1m/1m 2 Got./arv. Loop

Figura 7 - Produção de azeitona para os diferentes tratamentos.

Conclusões

Os resultados observados não permitem recomendar, para já, qual dos desenhos de distribuição de água é mais favorável como meio de aumentar a produção do olival tradicional de baixa densidade, uma vez que não se verificaram diferenças significativas entre tratamentos.

De acordo com a informação, verificou-se que o teor de humidade do solo nas zonas de aplicação de água esteve durante todo o período dentro dos limites normais para o bom desenvolvimento da cultura. Durante o mês de Maio, como o teor em água do solo se encontrava muito elevado e devido à ocorrência de alguma precipitação, verificou-se que houve alguns períodos em que o teor em água do solo atingiu a capacidade máxima de armazenamento. Para este local, as necessidades da cultura são inferiores ás estimadas pelas metodologias citadas.

Tal como seria de esperar, o sistema radicular coloniza o solo até ao centro da linha e entrelinha, observando-se consumo a 6 metros do centro da árvore. Este consumo é mais considerável aos 0,65 m de profundidade.

O controlo do potencial matricial da água no solo com os sensores “Watermark” mostrou ser eficaz e expedito para a monitorização da água no solo. As medidas do potencial aos 0,45 m de profundidade constituem um bom indicador da disponibilidade de água no solo.

A monitorização deste campo experimental continua, de forma a poderem ser obtidos mais anos de dados de produção para consolidar a resposta da cultura. O desenvolvimento radicular e a sua adaptação aos sistemas de rega implementados neste campo de ensaio futuramente deverá ser acompanhado não só com a observação das zonas de absorção mas também com a observação através de abertura de covas.

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Referências Bibliográficas

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Referências

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