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FERRAMENTAS PARA SUSTENTABILIDADE 3. Plano de transição agroecológico. Série "Sustentabilidade em Cooperativas"

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Academic year: 2021

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Série "Sustentabilidade em Cooperativas"

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DESENVOLVIMENTO AMBIENTAL

DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

sustentabilidade ambiental em todos os processos da organização, sejam de: gestão, logística e/ou produção; não só na agricultura, mas em todos os setores.

organizações mais rentáveis, lucrativas e, mais justas para todas as pessoas envolvidas.

Apresentação

DESENVOLVIMENTO SOCIAL INCLUSIVO E DIVERSO

Neste tempo de pandemia não podemos estar juntos, presencialmente, mas o acesso às ferramentas digitais nos possibilita essa aproximação, embora seja um tanto diferente. Por isso, promovemos três eventos online intitulados “Manhãs de Sustentabilidade”, onde será discutida a temática do desenvolvimento sustentável, com o objetivo de aproximar as pessoas deste tema. Dessa forma, os eventos deram origem a esta série de publicações digitais: "Sustentabilidade em Cooperativas". O Desenvolvimento sustentável é um termo que já existe, há bastante tempo. No entanto, a partir de 2015, passou a ser mais enfatizado, na agenda 2030 da ONU, que consistiu em um acordo entre mais de 180 países, estabelecendo objetivos para alcançar o desenvolvimento sustentável em todos os países e, na sociedade. Portanto, nas Manhãs de Sustentabilidade abordamos três pilares do desenvolvimento sustentável:

desenvolvimento social e humano, com equidade entre pessoas, mulheres, jovens, grupos historicamente excluídos; como povos tradicionais, sem deixar nenhum grupo para trás.

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Luciana compartilha suas experiências e ferramentas práticas de agroecologia nestas

publicações da série "Sustentabilidade em Cooperativas".

Luciana é engenheira agrônoma e proprietária da empresa Simbios Consultoria. Possui especialização em Agricultura Biodinâmica pela UNIUBE, Instituto ELO, Botucatu/SP. Também é mestre em Horticultura pela FCA/UNESP - Botucatu.

Desde 1995 vem atuando como consultora em Planejamento e Produção de Hortaliças Orgânicas e Biodinâmicas para agricultores e associações, entre elas a Associação de Agricultura Orgânica – AAO (1995 – 1998),

Associação de Produtores Orgânicos - Horta & Arte (1998 – 2007) e Associação Biodinâmica – ABD (desde 2008).

É coordenadora do Programa de Desenvolvimento Rural e Territorial (PDRT), desde abril de 2019. Programa que é uma parceria entre ONG Akarui e Suzano S.A., cujo foco é o planejamento, produção e comercialização de hortaliças e frutas agroecológicas para mais de 60 famílias de agricultores, organizados em duas associações e uma cooperativa na região do Vale do Paraíba e Alto Tietê, no Estado de São Paulo.

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5 PLANO DE TRANSIÇÃO AGROECOLÓGICO

14 PLANO DE TRANSIÇÃO AGROECOLÓGICO

DA ASSOCIAÇÃO MINHOCA

34 DEPOIMENTOS

Sumário

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Plano de transição

agroecológico

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Plano de transição agroecológico

Uma das tecnologias sociais utilizadas no Programa de Desenvolvimento Rural e Territorial da Suzano

S.A. é o plano de transição agroecológico.

Trata-se de um planejamento de cinco anos, em que cada família deve responder: qual o seu sonho? Onde vocês gostariam de estar daqui cinco anos para alcançar a autonomia? E, junto com as famílias, são construídas as ações necessárias para que elas se coloquem a caminho da autonomia, construindo um planejamento estratégico para isso.

Para isso, inicialmente é realizada uma caminhada pela propriedade e, é feito um mapa atual da propriedade, imaginando o que gostaria em cada local: casa, pomar, plantios etc.

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base de recursos (água, solo, infraestrutura, máquinas e equipamentos); produção;

meio ambiente; organização e gestão; comercialização.

Qual a base de recursos da organização (associação, cooperativa)?

O que a organização precisa para alcançar a autonomia?

O que ela precisa melhorar na sua produção? O que ela precisa melhorar na sua

organização e gestão?

Qual mercado pretende alcançar?

Quais ações precisam ser feitas em relação ao ambiente?

O planejamento estratégico ajuda a sair do ciclo vicioso de ter demanda sem ter produção. Assim, o planejamento estratégico é construído com ações necessárias em cinco dimensões importantes para a propriedade:

Portanto, algumas perguntas que podem orientar a transição agroecológica são:

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O primeiro passo é trabalhar a fertilidade do solo, depois produzir mudas frutíferas, plantio, colher os frutos e comercializar. Mas, também é preciso identificar onde comercializar os produtos, como se organizar com a associação ou cooperativa.

O plano não vai, necessariamente, levar à criação de um sistema agroflorestal. Ele pode ser o auge do processo de autonomia, mas, a longo prazo. Então, podem ser criados outros tipos de sistemas, como sistemas consorciados, que levam aquela propriedade à maior autonomia possível, ao longo do ano.

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Depois de traçar o plano para a propriedade, o plano de transição agroecológica, é realizado o planejamento da produção para o ano. Esse planejamento é baseado em:

Quais os cultivos que as agricultoras e/ou agricultores têm aptidão?

Quais os cultivos que se adaptam ao clima local? Para quais cultivos existe

mão de obra capacitada e disponível?

Essas perguntas são respondidas pelas famílias, os técnicos apenas lhes fazem as perguntas e elas respondem a partir de sua experiência pessoal. A partir disso, os técnicos dão sugestões nas áreas em que as famílias não têm experiência, embora sempre procurem trabalhar com os conhecimentos já existentes.

Para que consigam atingir as metas definidas, inclusive metas de faturamento e lucro, é elaborado um cronograma de plantio.

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Em seguida, é necessário acompanhar os resultados da propriedade, ocorrendo uma formação em gestão e fazendo anotações e o controle das atividades.

Esse controle é chamado Caderno de Gestão da propriedade, nele registra-se o planejamento e a produção, anotando para cada cultura: datas de plantio, semeadura, transplante, colheita, quantidade produzida, quanto foi vendido e quanto foi o rendimento.

Também é preciso mostrar que existe uma receita "não monetária", mas, que é importante para a subsistência da família e aumenta o valor do patrimônio, mesmo que não seja receita em dinheiro.

Esse trabalho é um desafio constante, entretanto, é um caminho que pode ser seguido e, tem dado resultados. Além de permitir fazer do seu jeito as anotações, ou seja, independentemente se alguns optam pelo uso do computador e outros do papel, todos começam a enxergar melhor a sua produção.

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Depois que a agricultora e/ou agricultor descrevem o seu sonho (o que querem para a família), e fazem o plano de transição para sua propriedade, é construído um plano de transição agroecológico das associações.

No primeiro momento, cada família da associação vai colocar a sua realidade, quais os produtos que tem, o que ela produz ou o que tem vontade de produzir, os mercados com que trabalha, a situação em que se encontra.

É um primeiro momento de enxergar a diversidade da associação. Algumas perguntas que podem orientar são: Quem são os associados? O que eles têm? O que eles produzem?

Plano de transição agroecológico

das associações

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Plano de transição agroecológico

das associações

A partir dessa visão dos planos de transição agroecológicos de cada família e o que cada um deles tem, os membros da associação pensam onde querem chegar juntos.

No primeiro ano, qualquer associação ou cooperativa precisa estar com as propriedades, sua principal base de recursos, bem estruturadas. É preciso trabalhar, prover acesso à cidadania e segurança alimentar das famílias. As famílias precisam estar suficientemente fortes e estruturadas para terem uma produção adequada, primeiro para a sua alimentação e, depois, para o mercado. No segundo e terceiro anos, busca-se fortalecer o coletivo, ou seja, fortalecer a associação e sua base de recursos, porque apenas uma organização estruturada consegue apoiar os seus associados.

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No quarto e quinto anos, quando a associação e agricultoras ou agricultores estão mais preparados tecnicamente, acontece um processo de formação de formadores: quem está em um processo mais adiantado ensina os outros a desenvolver o seu trabalho; ou seja, busca-se consolidar o processo pedagógico entre as pessoas da própria associação, para que se trabalhe de forma mais autônoma.

Quando entram novos associados, associados mais antigos repassam o conhecimento técnico, experiências de gestão e a cooperativa continua sua evolução.

É muito importante, também, trabalhar uma rotatividade da administração da associação, de uma maneira bastante estruturada, num processo pedagógico de formação de pessoas contínuo, uma formação de formadores. Esse plano é construído através de atividades e dinâmicas de grupos.

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Plano de transição

agroecológico da

Associação Minhoca

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Plano de transição agroecológico

da Associação Minhoca

Como exemplo de plano de transição agroecológico, mostraremos a experiência da Associação

Minhoca Parceiros Agroecológicos de São Luiz do Paraitinga, São Paulo, realizado em 2018.

Ela tem 19 associados, que representam 12 famílias e, estão na região de São Luiz do Paraitinga, Redenção da Serra e Natividade da Serra.

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Plano de transição agroecológico

da Associação Minhoca

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Um dos planos para 2020, a nível de base de recursos, era a construção de uma agroindústria. Em janeiro foi feito um edital e eles tiveram uma oficina de elaboração de projetos, conseguindo captar cerca de 200 mil reais para comprar um caminhão e construir a agroindústria.

O sonho não ficou apenas no ar, eles pensaram, planejaram, executaram e conseguiram. Já estão com o caminhão, triturador de galhos para os sistemas agroflorestais, motopoda, pulverizador, tratorito, equipamentos para administração, computador.

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Também, é necessário cuidar de toda documentação da associação. A certificação precisa estar em dia, a produção precisa ser planejada. Melhorar registros de rastreabilidade, captar parcerias para ampliar estufas, aumentar diversidade da produção, organizar mutirões para a realização das tarefas, são alguns aspectos importantes a se realizar.

Base de recursos

Existem algumas dimensões do planejamento: Primeiro, a base de recursos: sonhar qual estrutura eles querem para a associação. Em seguida, imaginar como chegar a concretizar os sonhos, como a associação precisa se estruturar em termos de organização e gestão. Para isso, é realizada uma oficina de elaboração de projetos, às vezes é preciso atualizar o estatuto, rever o regimento interno, e estruturar formas de comunicação.

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No planejamento da comercialização, é necessário pensar, inicialmente, em um trabalho com cadeias curtas, com vendas em mercados locais e regionais. Além de pesquisar qual mercado paga melhor, quem vai valorizar e comprar produtos da época do sistema agroecológico.

Em cadeias curtas é possível conversar com fornecedores e clientes, de modo a explicar a importância de se alimentar de um produto da época que, tem um maior valor nutricional, menor custo e que, ainda, ajuda a manter a fertilidade do sistema.

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Trabalhando com feiras e comércio local o mercado regional se fortalece. Mas, também é interessante desenvolver sistemas de cestas, trabalhar com políticas públicas, como merenda escolar-PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar).

Portanto, é preciso aprimorar a comunicação para venda direta e, somente depois, expandir para restaurantes e grandes empresas, como é o caso de empresa atacadistas que, apesar de comprarem em grandes volumes possuem preços mais baixos, necessitando de uma logística mais estruturada. Por isso, a melhor estratégia é a cadeia curta, que permite agregar mais valor, o que sobra pode ser direcionado para as cadeias mais longas.

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Também é preciso cuidar do ambiente, fazer mutirões para construir fossas, oficina de construção de banheiro seco.

A Associação Minhoca também iniciou um grupo de trabalho de ecoturismo, para continuar um projeto de rota de ecoturismo, já bem detalhado. Uma vez construído o plano, junto com eles, realizamos oficinas para executar ações, de acordo com o que foi escolhido.

Inicialmente foram feitas oficinas para melhoria do solo, pois, os solos estavam muito compactados e com uma produção muito deficiente, infestados de tiririca. À vista disso, para recuperar a microbiologia do solo, foram realizadas oficinas de silos de microrganismos da mata, barateando o custo e permitindo a aplicação em toda a propriedade.

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Sempre é recomendável que, as agricultoras e agricultores, possam fazer as atividades para manter a fertilidade do solo na própria propriedade, sem depender de recursos externos.

Cobertura morta com aplicação de microrganismos da mata fazem a compostagem laminar, a decomposição que acontece na superfície do solo e um dos primeiros passos para a recuperação do solo, além da manutenção da fertilidade.

Nas oficinas de produção foram compartilhados conhecimentos e técnicas para uso correto de implementos, como encanteiradores ou tratorito.

Autossuficiência

Todos foram estimulados a produzir, também, suas próprias mudas orgânicas, adaptadas para a época certa, para deixar de depender de viveiristas externos. Geralmente, estas mudas são tratadas com adubo químico e nem sempre são adequadas para as condições locais.

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Da mesma forma, foram realizadas oficinas para aprender sobre as melhores épocas de plantio. Plantar na época adequada, com adubação equilibrada traz uma produtividade ótima, com menor custo de produção. E o resultado são hortas orgânicas produtivas, diversificadas com riqueza de produção.

Também é possível plantar, fora de época, alguns produtos que possuem valor agregado. O tomate na estufa, por exemplo, vai muito bem e pode dar um bom retorno. Através de mutirões, os associados construíram estufas para baratear os custos.

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Plantio na época adequada

A recuperação do hábito de fazer mutirões foi um ponto destacado, positivamente, pelas agricultoras e agricultores. Pois, além de promover a troca de ideias e conhecimentos, economiza muita mão de obra.

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É realizado um desenho da agrofloresta, de acordo com a realidade daquela agricultora ou agricultor, mas, não é um desenho único.

Os desenhos são feitos durante a oficina, em seguida, já se executam alguns manejos.

Oficinas de sistemas agroflorestais

Realizamos também oficinas de sistemas agroflorestais, sempre de forma muito prática, organizando mutirões.

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O próximo passo é a certificação da produção, para dar a devida credibilidade que aquele produto é agroecológico e, que realmente é de qualidade.

A certificação trouxe melhores oportunidades de mercado. Iniciaram, com a certificação por OCS (Organização de Controle Social), que é restrita a venda direta e, depois eles tiveram que caminhar para a certificação por auditoria externa, para poder atingir outros mercados com venda indireta (restaurantes, supermercados, atacadistas, etc.)

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Certificação

A certificação OCS (Organização de Controle Social) é um sistema de certificação do Ministério da Agricultura, que permitiu que a associação entrasse no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e no Programa Nacional da Alimentação Escolar (PNAE), de maneira diferenciada, fazendo com que a prefeitura de São Luiz do Paraitinga ganhasse um prêmio por fornecer merenda escolar orgânica.

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Comercialização

O trabalho de uma associação começa quando se consegue o primeiro processo de comercialização coletiva. Esse fato une, muito, o grupo.

A Associação Minhoca realizou suas primeiras feiras de produtos agroecológicos na empresa Suzano e, na sequência, essas agricultoras e agricultores começaram a divulgar os seus produtos para os funcionários até que se criou um sistema de cestas, semelhante ao sistema CSA, que é uma comunidade que sustenta a agricultura.

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Após a participação de um mini curso organizado pelo PDRT e realizado pela ONG CSA Brasil, a associação iniciou, em 2020, a implantação de um CSA em em São José dos Campos, grande cidade que fica próximo à São Luiz do Paraitinga.

Foram feitas parcerias com grupos de compras da cidade, pessoas mobilizadoras que entenderam o princípio do CSA, fizeram a divulgação dos produtos e coordenaram as entregas durante a pandemia.

A ideia começou em outubro de 2019 e, em abril de 2020, eles já estavam entregando as primeiras cestas. Hoje essa CSA, em São José dos Campos, tem cerca de 30 participantes e é um trabalho contínuo de formação. Assim, podemos notar que a conversa para a conscientização das pessoas é muito importante.

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CSA: Comunidade que Sustenta a Agricultura

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Na Festa do Divino do município, agricultoras e agricultores recolheram inúmeras doações para celebrar a abundância e, distribuíram alimentos na festa.

Paralelamente, foram organizadas pela ONG Akarui, que executa o PDRT da Suzano, onde são realizadas conversas de conscientização, chamadas de "Divina Prosa" sobre diversos temas, como: êxodo rural, agroecologia, organização territorial, abastecimento alimentar e segurança alimentar. Essa iniciativa permitiu que a população local reconhecesse a importância da Associação Minhoca, como parceiros agroecológicos, para a produção de alimentos saudáveis a partir de um manejo sustentável do solo, recuperando o meio ambiente.

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Quando chegou a pandemia, a ONG Akarui começou a se preocupar sobre como estavam as crianças, que se alimentavam da merenda escolar orgânica, sem a escola. Também, como estavam as famílias de baixa renda e, como os agricultores familiares, que forneciam os alimentos para a merenda escolar, estavam lidando com a situação. Então, surgiu a ideia de organizar-se para compartilhar o divino alimento, que é o produto agroecológico.

A ONG Akarui, a Associação Minhoca e o Projeto

Conexão Mata Atlântica se reuniram para organizar

uma captação de recursos com a sociedade, para comprar alimentos das agricultoras e agricultores agroecológicos, para que fossem feitas doações às comunidades carentes, através da parceria com os CRAS (Centro de Referência de Assistência Social).

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Essa campanha foi um sucesso! A meta inicial era a distribuição de 110 cestas, com o objetivo de proporcionar saúde nesse momento de pandemia.

A sociedade também se interessou pelas cestas, então, a campanha propiciou a criação de um sistema de cestas na cidade de São Luiz do Paraitinga e, agora já são mais de 25 cestas entregues. Agora, existe uma iniciativa para manter a entrega de cestas agroecológicas para as comunidades carentes através do PAA Estadual. Essa iniciativa é uma parceria, com o governo do Estado, e vai proporcionar mais cidadania às comunidades carentes, por meio do acesso a esses alimentos.

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A empresa Suzano, por meio de articulações e conversas, abriu um diálogo com a empresa que terceiriza o seu restaurante e, a Associação Minhoca começou a fornecer alimentos orgânicos para a elaboração de refeições para seus funcionários.

A Associação passou a ter uma sobra de produção, por isso, decidiram conversar com um atacadista de orgânicos. Na primeira visita já aprenderam sobre padrão exigido para supermercados e, logo, todos já sabiam como padronizar as entregas, o peso exigido e como emitir a própria nota fiscal.

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Existe um esforço de integração da Associação Minhoca com outros grupos, para construir um "território agroecológico", um cinturão verde agroecológico. Um território agroecológico pode trazer resiliência e, também, influenciar o microclima.

O Vale do Paraíba faz parte do cinturão verde de São Paulo, São José dos Campos, Jacareí, Pindamonhangaba e, também, está próximo da rodovia Dutra, que vai para o Rio de Janeiro, permitindo uma grande expansão de vendas.

Com essa integração regional, a implantação de agroflorestas, assim como, a consolidação de um banco de sementes da agroindústria e uma articulação em rede, é possível gerar o processo de desenvolvimento, de modo que se perpetue a formação de uma escola técnica.

Território agroecológico

E, nesse processo de construção, o território agroecológico precisa passar por um processo de certificação, com grupos consolidados e integrados. Ou seja, é necessário que haja consolidação da comercialização local, regional e na capital de São Paulo, PNAE, PAA.

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Com essa integração regional, a implantação de agroflorestas, a consolidação de um banco de sementes, da agroindústria e em uma articulação em rede, o processo de desenvolvimento pode se perpetuar, a partir da formação de uma escola técnica com fundamentos agroecológicos

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Território agroecológico

O território agroecológico é uma área estruturada, conectada e resiliente. Por isso, as necessidades para se desenvolver uma agricultura sustentável não são apenas biológicas ou técnicas, mas também sociais, econômicas e políticas. Sendo, esses fatores, essenciais para se criar uma sociedade sustentável.

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A Associação Minhoca escreveu um projeto que foi aprovado e se chama "Integração Biodinâmica Sul de Minas

e Vale do Paraíba". Por meio da agricultura biodinâmica, o

método vai permitir que agricultoras e/ou agricultores formem outras pessoas também agricultoras, e isso pode ser o princípio da criação de uma escola técnica.

O território agroecológico é uma área estruturada, conectada e resiliente. Suas necessidades para desenvolver uma agricultura sustentável não são apenas biológicas ou técnicas, mas também sociais, econômicas e políticas. Portanto, esses fatores são indispensáveis para que se possa proporcionar uma sociedade sustentável. Outro fator essencial para uma agricultura ecológica é um ser humano desenvolvido e consciente com atitudes de coexistência e não de exploração com a natureza.

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Depoimentos dos participantes

do webinar

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"Nossa cooperativa vem trabalhando em uma feira agroecológica, ainda não temos selo de certificação, mas, são produções agroecológicas. Com a pandemia ela foi suspensa, então, começamos a fazer

delivery. A feira voltou, mas agora ela acontece em um local que não é tão bom para vender, mas

continuamos participando.

A produção ainda é pequena, a maior a parte dos produtos entregues para o PNAE é de produção convencional. Estamos em parceria com o IP, Instituto Federal que faz formação e a EMATER também dá apoio."

"Quando eu cheguei não tinha horta, a gente não tinha praticamente nada. Esse ano conseguimos implantar a primeira horta coletiva. Eu e mais quatro mulheres estamos cuidando, já conseguimos trazer um pouco de consciência sobre plantar os alimentos e comer de forma saudável.

Já estamos conseguindo vender o excedente para uma rede de agroecologia e, também, para um mercado. Estamos indo a passos pequenos, é uma coisa lenta que exige paciência. Mas vamos em frente, porque agora não tem mais retorno."

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'"Trabalhamos em uma escola agrícola, com jovens, filhos de agricultoras e agricultores familiares e nessa questão de transição agroecológica, trabalhamos a teoria e a prática. Desenvolvemos um projeto de levar essa forma de produção para as propriedades da família. Demos o nome de Projeto-horta e cada estudante do segundo ano tem que implantar uma horta na propriedade e trabalhar junto com a família, utilizando os princípios e técnicas da agroecologia.

A gente produz tudo no sistema agroecológico, sem utilização de adubos químicos, fazendo rotação de cultura. Esse ano vamos trabalhar a questão dos coquetéis com adubação verde e, no final do projeto, os estudantes precisam apresentar para a escola como foi o desenvolvimento do projeto. "

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"Em nossa cidade existe um grupo que tem uma feira e também têm prioridade para venda na cooperativa. Também participam da feira do município, do PAA e PNAE.

O investimento social inicial foi nas mulheres, nas mães que ficam em casa com os filhos. O trabalho das mulheres gerou empregos dentro de sua própria casa, no seu quintal. Isso deu tão certo que trouxe outras famílias e hoje já estão com mais demanda que oferta.

Todo mundo está gostando dessa ideia e deixou que as mães ficassem em casa, mas, ao lado do seu trabalho. Assim que a galinha cantou, ela está ali para recolher o ovo, está ali para ensinar o filho a fazer tarefa, então, foi uma agregação em todos os sentidos. E tem sido uma experiência fascinante."

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Depoimentos

"Eu gostaria de relatar uma experiência que tivemos com o PNAE. Viemos de outra cidade, onde o PNAE funcionava desde 2012, mas tinha sido uma luta para a gente conseguir introduzir essa ideia da alimentação agroecológica nas escolas junto à Secretaria de Educação.

Estamos trabalhando há dois anos e, até o início de 2019, organizamos e conversamos com a Secretaria e, já tínhamos em torno de 62 escolas inscritas. Algumas muito longe umas das outras, escolas rurais, outras dentro do município, sendo difícil fazer realizar as entregas. Chegou um momento que percebemos que não havia produção suficiente, existia uma demanda enorme mas não havia produção.

Aí veio a pandemia e acabou com tudo, não tinha mais escola funcionando e, sem a demanda, a produção diminuiu bastante. Uma das grandes questões para nós é a capacidade de produção. O nosso grande gargalo hoje é ter produção, porque demanda por consumo existe.

Fizemos algumas feiras e estamos fazendo entregas em domicílio. A ideia para o ano que vem é retomar as feiras presenciais, que é mais efetivo e mais gostoso, porque você troca ideias com o consumidor e com os produtores, mas, infelizmente não pode acontecer agora."

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13 de Novembro 2020

Palestrante e texto base

Luciana Gomes de Almeida

Equipe Trias Brasil

Gisele Obara Glauber Alves Lucas Fernandes Daniela Nascimento

Consultoria e edição do texto

José Vicente Vieira

Revisão de texto

Samyra Suelen Leme Saada

Assista "Agricultura Familiar em tempos de mudanças climáticas" no Canal Youtube "Trias Brasil"

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