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CONTABILIDADE DE CUSTOS APLICADA ÀS INDÚSTRIAS COURO- CALÇADISTAS DA CIDADE DE FRANCA (BRASIL) - UM ESTUDO DE CASO

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e-mail: adrics@cirp.usp.br **Professora Doutora e-mail: maisorib@usp.br

***Professora Doutora e-mail: rosanagg@usp.br Av. Bandeirantes, 3900 – Campus USP CEP: 14049-900 Ribeirão Preto – SP Brasil

Resumo

O enfoque deste trabalho é a Contabilidade de Custos nas indústrias calçadistas de Franca, Brasil. Para cumprir esse propósito, elaborou-se um estudo de caso caracterizando duas empresas de grande porte do setor, com coleta de dados através de questionários. Avaliou-se a mensuração dos custos no processo produtivo e as peculiaridades de sua aplicação, sendo evidenciadas algumas falhas nos critérios adotados para custeamento dos produtos.

Palavras chave: custos, calçados, couro, método de custeio, margem de contribuição.

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1 Introdução

O cenário competitivo imposto ao Brasil a partir da década de 90 fez com que as empresas se reestruturassem para garantir sua permanência no mercado. Todavia essa nova realidade foi seguida de várias crises nos diversos setores da economia brasileira.

O caso das indústrias calçadistas da cidade de Franca não foi diferente. Elas passaram por dificuldades e várias empresas faliram devido ao despreparo e deficiência existentes (com destaque para a falta de um sistema de controle de gestão que possua informações financeiras e econômicas confiáveis).

O objetivo deste trabalho é evidenciar a Contabilidade de Custos em duas empresas calçadistas da cidade de Franca, apresentando os critérios para mensuração de custos na área de produção, apontando falhas e sugerindo modificações.

Dividiu-se o trabalho em duas partes. Primeiramente, fez-se uma revisão bibliográfica partindo dos dois principais métodos de custeio: absorção e variável (pois ambos métodos são utilizados nas empresas estudadas). Na segunda parte, foram apresentados dois estudos de caso, cujos dados foram obtidos através de um questionário que buscou identificar o comportamento dos custos na linha de produção das empresas estudadas.

2 Métodos de Custeio

2.1 Método De Custeio Por Absorção

O método de custeio por absorção (MCA) é um método utilizado para controle de estoque e avaliação do custo dos produtos.

Esse método segue os princípios contábeis geralmente aceitos e parte da premissa de que os gastos incorridos no processo produtivo (diretos e indiretos), independentemente de serem fixos ou variáveis, devem ser alocados ao produto.

Conforme os produtos são vendidos, esses custos, que inicialmente foram lançados no ativo, em estoque de produtos acabados ou em elaboração, são transferidos para a conta

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Os custos identificados diretamente ao produto são alocados aos mesmos sem qualquer forma de rateio. Por exemplo: consumo de matéria-prima e utilização da mão-de-obra direta variável.

Pelo MCA, os custos indiretos e fixos são atribuídos aos produtos através de critérios de rateio que nada mais são do que formas de divisão dos custos entre os itens produzidos. Normalmente, utiliza-se como base para tal distribuição de custos, a mão-de-obra direta, horas-máquina, volume ou algum outro indicador que consiga refletir a parte dos custos indiretos totais que foi utilizada para a produção de um determinado bem.

Para a distribuição dos custos, o MCA segue algumas etapas citadas por MARTINS (1996:78):

• “ separação entre custos e despesas; • apropriação de custos diretos ao produto;

• atribuição dos custos indiretos aos produtos segundo critérios fixados.”

2.2 Método De Custeio Variável

O método de custeio variável ou direto, ao contrário do método por absorção, busca separar os custos fixos dos custos variáveis, considerando como custos atribuídos diretamente ao produto vendido apenas os custos variáveis, ocorrendo o mesmo com os produtos ainda não vendidos que se encontram em estoque.

Os custos fixos, que são aqueles que não variam constantemente com o volume produzido, são considerados despesas do período, pois acredita-se que esses custos servem para fornecer a estrutura básica necessária ao funcionamento da empresa, logo, os produtos não deveriam ser penalizados com tais valores, já que os mesmos existem independentemente da produção das mercadorias (MARTINS, 1996).

Com essa forma de distribuição dos custos, é introduzido o conceito de margem de

contribuição, que é a diferença entre custos diretos e valor de venda do produto,

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2.3 Diferença Entre Os Métodos De Custeio

HORNGREN (1986) evidencia algumas diferenças entre o custeio por absorção e o custeio direto.

Absorção Variável • custos fixos são atribuídos ao produto • custos fixos são atribuídos ao período

• conceito de lucro bruto e custo do produto vendido

• conceito de margem de contribuição • demonstração de resultado não demonstra

claramente relação custo-volume-lucro

• por separar custos fixos de variáveis, a relação custo-volume-lucro é direta • aumento de lucro, com aumento de estoque • diminuição de lucro com aumento de

estoque

• classificação funcional dos custos • classificação por comportamento de custos

Quadro 1 - Diferenças entre Método de Custeio Absorção e Variável (HORNGREN, 1986)

Como mencionado anteriormente, o custeio por absorção atribui todos os custos de um período contábil à produção gerada no mesmo intervalo de tempo.

Utiliza, portanto, o conceito de lucro bruto, conforme ilustrado na figura 1:

Figura 1: Análise de Resultado através do método de custeio por absorção Com o absorção, o lucro aumenta ou diminui em função do nível de estoque, pois todos os custos incorridos para a elaboração de um produto são apropriados aos mesmos, logo, ao aumentar o estoque de produtos acabados, aumenta-se o lucro de um período.

Mas esse método dificulta a análise do comportamento dos custos e qual a contribuição efetiva de cada produto em função da sua receita e custos diretamente

Custos diretos e indiretos variáveis + Custos fixos

Faturamento ( - ) Impostos

( -) Custos Produtos Vendidos

Lucro Bruto

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relacionados.

Já o método de custeio variável introduz o conceito de margem de contribuição, o que possibilita a clara identificação dos custos variáveis.

Figura 2: Análise de Resultado através do método de custeio variável

Com as ilustrações acima, percebe-se que gerencialmente, o método de custeio variável é fundamental para um adequado estudo de rentabilidade e composição de custos.

Todavia, a legislação e os órgãos normativos de contabilidade brasileiros não adotam tal critério devido ao ferimento dos princípios contábeis de competência e da realização da receita.

O princípio da realização da receita diz que o reconhecimento contábil da mesma apenas poderá ocorrer quando da sua realização, o que normalmente acontece com a transferência do bem ou do serviço para terceiros.

O princípio da competência, complementar ao exposto acima, se refere ao momento do reconhecimento das receitas, custos e despesas.

Os custos, como mencionado, devem ser reconhecidos de acordo com o regime de competência, contudo, devem ser computados no resultado do exercício somente no período em que as receitas, para as quais contribuíram, o forem.

No entanto, o custeio variável, considera os custos fixos como despesas do período, independendo, portanto, da realização da receita.

Custos diretos e indiretos variáveis

Faturamento ( - ) Impostos ( -) Custos Variáveis

Margem de Contribuição

(-) Custos Fixos

Lucro Bruto

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3 Custos Nas Empresas Estudadas

As indústrias calçadistas de Franca compõem o segundo maior pólo calçadista brasileiro.

De acordo com dados da RAIS (Relação Anual de Informações Sociais) em 1996, 82.1% do emprego de Franca provinha do setor calçadista, incluindo-se nesse percentual curtumes, indústrias de calçados e de artefatos de couro.

Em 2000, Franca possuía predominantemente empresas de pequeno porte, empregando menos de 19 pessoas por estabelecimento. Havia 769 estabelecimentos, dos quais 624 empregavam entre 1 e 19 empregados, 71 entre 20 e 49, 42 entre 50 e 99 empregados, 26 entre 100 e 499 e apenas 6 empresas, empregavam mais de 500 funcionários.

Conforme GONÇALVES & SILVA (1999), os principais custos das indústrias calçadistas são diretos variáveis e os sistemas de custos existentes são bastante falhos. Essa afirmação vai ao encontro do resultado obtido nesse trabalho, conforme será demonstrado a seguir.

As empresas estudadas estão entre as 6 maiores e o quadro 2 apresenta as principais características das mesmas:

A B

empregados 731 1.100 (matriz)

atuação 30 e 40 anos 50 e 60 anos

produtivas 1 em Franca 1 em Franca 1 no Nordeste Faturamento/ano R$ 40 milhões R$ 40 milhões Produção/dia 6.000 pares 8.000 pares

Exportação entre 30% e 40% 50%

Quadro 02: Características Gerais das Empresas Estudadas

Para coletar os dados apresentados a seguir, aplicou-se um questionário, cujo objetivo foi identificar a composição dos custos diretos e indiretos existentes em cada fase do processo produtivo dessas empresas.

Características Empresa

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3.1 Empresa A

Essa empresa utiliza o método de custeio variável para cálculo do custo de seus produtos, aplicando o conceito de margem de contribuição para definição de preços, avaliação de campanhas e análise de viabilidade de linhas de produtos.

O quadro 3 evidencia os custos diretos e indiretos e em que etapa da produção são gerados. Essa empresa divide seu processo produtivo em cinco seções:

departamento de corte, onde é cortado o couro;

departamento de preparação de corte, para organização do couro e encaminhamento para costura;

departamento de pesponto, para costura das partes do couro; departamento de montagem, para a junção do couro ao solado; departamento de acabamento.

Existem custos fixos em todas as áreas, mas não foram evidenciados no quadro 3, pois a empresa não soube precisar a grandeza desses valores, dado que não possuem um controle dos mesmos.

Custos Variáveis

Departamento de Corte

Couro 30,66%

Mão-de-Obra Direta Variável 1,52%

Total da o Seção 32,18%

Departamento de Preparação do Corte

Mão-de-Obra Direta Variável 0,65%

Departamento de Costura e Pesponto

Custos Indiretos Variáveis (materiais e acessórios)1 1,30%

Mão-de-Obra Direta Variável 5,20%

Total da Seção 6,50%

Departamento de Montagem

Mão-de-Obra 2,17% Palmilha 1,43%

Total da Seção 3,60%

Quadro 3 - Distribuição de Custos nos Departamentos da Empresa A

1

incluindo materiais do departamento de Montagem (grampo e cola) e do departamento de Acabamento (etiqueta, aviamentos e produtos para lustrar sapato)

(8)

Continuação Quadro 3

Departamento de Acabamento

Mão-de-Obra Direta Variável 3,90%

Palmilha Interna 0,26%

Solado 24,92% Embalagem 3,47%

Total da Seção 32,55%

TOTAL 75,48%

As principais linhas de produtos dessa empresa são sociais e de acordo com a distribuição dos custos, percebe-se que os itens de preponderante importância são:

• couro (30,66%); • solado (24,92%);

• mão-de-obra direta variável (5,20%).

Sendo os departamentos de corte e acabamento, decisivos na determinação do sucesso ou fracasso de um produto.

3.2 Empresa B

A empresa B utiliza o método de custeio-variável para cálculo do custo de seus produtos, mas também o absorção, definindo alguns direcionadores, como descrito abaixo:

• mão-de-obra: parte por tempo e parte por volume de produção; • materiais auxiliares (acessórios): volume de produção;

• energia elétrica: quilowatt disponível no setor, etc.

Essa empresa informou a participação dos vários tipos de custo nos departamentos, incluindo a área de P&D, totalizando 61,78% do preço de venda de seus produtos.

(9)

Custos Classificação do Custo Percentual Critério de Alocação do custo ao produto

Couro Custo Direto Variável 18,38% Consumo Par

Materiais Auxiliares Custo Indireto Variável 1,34% Volume de Produção Mão-de-Obra Direta (salário e

comissão)

Custo Direto Variável 1,90% Tarefa Mão-de-Obra Indireta (cortar forro

e controlar consumo de matéria-prima)

Custo Indireto Fixo 1,24% Volume Produção

Depreciação e Demais Custos Fixos Custo Indireto Fixo 0,46% Diversos Critérios Perdas de Couro Custo Indireto Variável 3,10%

TOTAL 26,40%

Quadro 4– Custos do Departamento de Corte – Empresa B

Em depreciação e demais custos, a empresa incluiu depreciação de equipamentos, limpeza, seguro, energia elétrica e manutenção. Esse agrupamento foi feito em todos o departamentos.

Custos Classificação do Custo Percentual Critério de Alocação do custo ao produto

Mão-de-Obra Direta Custo Direto Variável 2,32% Tarefa Materiais Auxiliares Custo Indireto Variável 0,07% Volume de Produção Depreciação e Demais

Custos Fixos

Custo Indireto Fixo 1,02% Diversos Critérios

TOTAL 3,41%

(10)

Custos Classificação do Custo Percentual Critério de Alocação do custo ao produto

Materiais Diversos 2 Custo Indireto Variável 0,89% Volume Produzido Elástico Custo Indireto Variável 0,03% Volume Produzido Fivela Custo Indireto Variável 1,33% Volume Produzido Arrebite Custo Indireto Variável 0,16% Volume Produzido Mão-de-Obra Direta

(salário e comissão)

Custo Direto Variável 8,01% Alocação direta Mão-de-Obra Indireta

(Revisão)

Custo Indireto Fixo 0,97% Volume de produção Depreciação e demais

Custos Fixos

Custo Indireto Fixo 0,76% Critérios diversos

TOTAL 12,15% Quadro 6 – Custos no Departamento de Costura e Pesponto - – Empresa B

Custos Classificação do Custo Percentual Critério de Alocação do custo ao produto Mão-de-Obra Direta Custo Direto Variável 1,92 Alocação direta

almilha Custo Direto Variável 1,00 Alocação direta

rampo Custo Direto Variável 0,01 Volume Produzido

ola Custo Indireto Variável 0,27 Volume Produzido

epreciação e demais Custos ixos

Custo Indireto Fixo 0.37 Critérios diversos

OTAL 3,57

Quadro 7 – Custos no Departamento de Montagem – Empresa B

2

(11)

Custos Classificação do Custo Percentual Critério de Alocação do custo ao produto

Mão-de-Obra Direta Custo Direto Variável 1,54 Alocação Direta Palmilha Interna Custo Direto Variável 1,16 Alocação Direta Etiqueta Custo Direto Variável 0,17 Alocação Direta

Solado Custo Direto Variável 4,27 Alocação Direta

Aviamento Custo Indireto Variável 0,82 Volume Produzido Produto para Brilho/Cera Custo Indireto Variável 0,69 Volume Produzido Caixa para Sapato Custo Direto Variável 1,46 Alocação Direta Papel de Seda Custo Direto Variável 0,20 Alocação Direta Etiqueta de Papel Custo Direto Variável 0,16 Alocação Direta Mão-de-Obra Indireta

(Revisão)

Custo Indireto Fixo 1,29 Volume Produzido *Depreciação e Demais

Custos Fixos

Custo Indireto Fixo 0,69 Critérios Diversos

TOTAL 12.45

Quadro 8 – Custos no Departamento de Acabamento – Empresa B De acordo com os quadros acima, os principais itens na composição dos custos são couro (18,38%), mão-de-obra variável (15,69%), materiais auxiliares (9,73%) e solado (4,27%). Sendo que os custos fixos correspondem a 3,3% dos custos totais, evidenciando a predominância dos custos variáveis.

4 Avaliação Dos Resultados

As empresas pesquisadas, ao responder o questionário, demonstraram possuir diferentes níveis de controle de custos, o que se refletiu na apresentação dos dados do tópico anterior.

A Empresa A utiliza o método de custeio variável e para apropriar os custos fixos às linhas de produção, pondera os mesmos em função da margem de contribuição e do volume de vendas de cada calçado dentro da linha. Trata-se de um critério para ratear os custos fixos, cujas distorções são ilustradas na tabela 1 a seguir.

Conforme abordado, a alocação de custos fixos é bastante criticada, já que, em função do critério de rateio, altera-se a parcela de custo fixo destinada a um produto ou linha. Na realidade, o correto é distribuir apenas os custos fixos identificáveis às linhas, conforme MARTINS (1996), evitando a subjetividade do rateio.

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Tabela 1: Distribuição dos custos fixos em função de ponderação margem/volume

Com esse critério, os produtos com maior margem subsidiam os produtos menos rentáveis. Dessa forma se está penalizando produtos com maior lucratividade.

Em uma situação em que um sapato tem seu processo de elaboração simplificado, consumindo menos recursos e com margem de contribuição elevada (comparativamente a outros produtos), os custos a ele, e conseqüentemente à linha, serão erroneamente alocados.

Ou seja, produtos mais rentáveis subsidiam produtos deficitários. A longo prazo, isso pode impactar negativamente às linhas com maior volume de vendas, além de distorcer qualquer tipo de análise.

A empresa B, por sua vez, também rateia seus custos fixos aos produtos (ocorrendo o mesmo para custos indiretos variáveis de difícil alocação ao produto), sendo que o critério utilizado é o volume de produção.

Tabela 2: Custos Fixos alocados em função de volume de produção

Volume

1.000

1.000

1.000

1.000

4.000

Ponderação

Margem/Volume

10.000

15.000

20.000

8.000

53.000

Custos Fixos

Atribuídos

R$

943,40

R$ 1.886,79

1.415,09

R$ 754,72

R$

R$

5.000,00

Linha A

Linha B

Linha C

Linha D

Total

Margem

Contribuição

R$

10,00

R$

15,00

R$

20,00

R$

8,00

Volume

1.000

1.000

1.000

1.000

4.000

Custos Fixos

(13)

Cabem aqui as mesmas considerações feitas para a empresa A, posto que rateios implicam subjetividade nas informações geradas.

De acordo com a tabela 2, quanto maior o volume produzido de uma determinada linha de calçados, maiores os custos fixos atribuídos. Esse critério também penaliza os sapatos, cujo processo de elaboração é simplificado, mascarando a real distribuição dos custos aos produtos.

Iniciou-se o tópico 3 mostrando o método de custeio utilizado pelas empresas, sendo que ambas utilizam o custeio variável. Esse método é de grande utilidade para as indústrias calçadistas, dada a composição de seus custos, cuja maior parte é direto variável. O couro, o solado e a mão-de-obra representam mais de 60% dos custos de um sapato.

Mas essas empresas também utilizam os conceitos do método de custeio por absorção para distribuição dos custos fixos.

No entanto, alguns custos fixos são facilmente identificáveis às linhas, tais como equipamentos específicos e parte da mão-de-obra. Logo, poder-se-ia obter uma segunda margem de contribuição, evitando a arbitrariedade atual gerada pelo rateio desses custos às linhas de calçados.

5 Conclusão

Esse trabalho buscou evidenciar a utilização da Contabilidade de Custos em duas empresas (A e B).

Através de um questionário, identificamos a forma de alocação de custos e a distribuição desses ao longo do processo produtivo nas empresas A e B.

Analisando os dados, torna-se claro que a mão-de-obra e a matéria-prima são os principais itens na composição do custo dos produtos (o couro, o solado e a mão-de-obra representam mais de 60% dos custos de um sapato). Consideramos, portanto, acertada a escolha do método de custeio variável por essas empresas.

A abordagem do custeio variável diz que devemos identificar apenas os custos que realmente podem ser diretamente alocados aos produtos. Isso proporciona melhor visualização e coerência das informações. Não incorremos na arbitrariedade de rateios e identificamos o que foi necessário para a elaboração de cada sapato.

(14)

que é desaconselhado pelo método citado acima. Logo, faz-se necessário uma maior atenção à teoria sobre o assunto para correta mensuração dos custos.

Evidenciou-se também que os controles gerenciais dessas empresas apresentam algumas falhas. A Empresa A, por exemplo, não soube precisar o montante gasto em cada departamento.

Dado que essas indústrias estão entre as maiores da cidade e diante da ampliação da competitividade mundial, faz-se necessário a criação de controles gerenciais auxiliados por um bom sistema de informação para melhor posicionamento no mercado.

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