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USO DE PNEUMÁTICOS EM LOGÍSTICA REVERSA: O CASO DO PROJETO CÉLULAS VERDES

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REVERSA: O CASO DO PROJETO CÉLULAS

VERDES

MARCOS CARNEIRO DA SILVA (IFAM- CMDI)

evmarcoscarneiro@yahoo.com.br

O crescente interesse pela proteção ambiental aportou novas necessidades aos processos logísticos por parte das empresas no mundo todo. Isso deveu-se, entre outros, graças a crescente consciência ecológica empresarial, pelo impacto de seus produtos, embalagens e acessórios no meio-ambiente e a possibilidade no desenvolvimento de alternativas que permitissem reduções de custo aos utilizadores, gerando benefícios econômicos e ambientais. Nesse contexto, se insere a logística reversa como uma proposta viável de solução, uma vez que sua prática contribui de forma significativa, no sentido de evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança, e a minimizar os impactos ambientais adversos, causados inclusive, pela ausência de destinação ambientalmente adequada de pneus inservíveis. Por outro lado, a prática da logística reversa não se confunde com a da gestão ambiental, haja vista que esta se preocupa principalmente em recolher e processar rejeitos, refugos e resíduos de itens para os quais não há outro uso, enquanto que aquela se concentra em itens com valor a recuperar. Desse modo, a logística reversa além de contribuir com a questão da sustentabilidade na diminuição dos impactos ambientais, ainda agrega valor econômico ao bem inservível. Nesse sentido, este artigo tem como objetivo discutir a questão do uso de pneumáticos em logística reversa. O estudo apresenta o caso bem-sucedido da construção de muros ecologicamente corretos, também conhecidos como células verdes, que têm como principal insumo de produção, pneus inservíveis, descartados pelas borracharias locais. A importância do estudo se justifica pela preocupação crescente por parte dos governos, empresas e sociedades na destinação correta de produtos, quando de sua pós-venda ou pós consumo, como é o caso dos pneumáticos. Foi realizada uma pesquisa exploratória por meio de consulta a referências bibliográficas tradicionais e análise documental, além de outras fontes secundárias, como é o caso, por exemplo, dos disponíveis na rede mundial de computadores.

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Palavras-chave: Logística reversa, meio ambiente, células verdes, pneumáticos.

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3 1. Introdução

O crescente interesse pela proteção ambiental aportou novas necessidades aos processos logísticos por parte das empresas no mundo todo. Isso deveu-se, entre outros, graças a crescente consciência ecológica empresarial, pelo impacto de seus produtos, embalagens e acessórios no meio-ambiente e a possibilidade no desenvolvimento de alternativas que permitissem reduções de custo aos utilizadores, gerando benefícios econômicos e ambientais (LEITE, 2003). Na Europa, apoiados por diretrizes legais, o enfoque ambiental dado à logística de reciclagem e reutilização de materiais avançou mais do que nas demais partes do mundo. Segundo Slijkhuis (2004), a Comunidade Europeia, com o uso da Diretiva 94/62, estabeleceu uma hierarquia de medidas para a redução de resíduos em prazos estabelecidos: reduzir os resíduos na origem; utilizar materiais recicláveis; reutilizar os materiais, maximizando o giro; implementar sistemas de recuperação; e reciclar os materiais.

No Brasil, a legislação exige o retorno de produtos considerados perigosos após o término da vida útil, por conter metais pesados, tais como pilhas e baterias, e de produtos considerados problemáticos como é o caso de pneus que apresentam poucas opções de tratamento, além do que, sua composição, quantidade e volume mostram-se extremamente prejudiciais ao meio ambiente. Sendo, nestes casos, do fabricante a responsabilidade pela logística e pelo tratamento dos resíduos (CONAMA, 2017). Nesse contexto, destaca-se a importância da logística reversa que pode ser explicada pela grande quantidade e variedade de produtos que vão para o mercado visando satisfazer seus diversos micros seguimentos e retornam à cadeia de suprimento resultante de pós-consumo ou pós-venda para seu reaproveitamento sob diferentes formas.

Este artigo discute a logística reversa de pneus, apresentando o caso bem-sucedido do projeto células verdes, que têm como principal insumo de produção o reuso de pneus inservíveis.

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4 Foi realizada uma pesquisa exploratória por meio de consulta a referências bibliográficas tradicionais e análise de conteúdo, segundo Bardin (2009), além de outras fontes secundárias.

2. Logística - um conceito em evolução

De acordo com Faria (2015) a logística é um conceito em constante evolução, atrelado à busca de ganhos de competitividade e níveis de custos reduzidos, em função do desafio global e da necessidade de agir de modo rápido, frente às alterações ambientais. Para Vanzolini Filho (2011), a logística ainda passa por um processo de amadurecimento e que precisa de muitas novas contribuições, principalmente no Brasil, onde os organismos públicos responsáveis pela infraestrutura logística necessária para suportar o crescimento econômico têm feito muito pouco, comparativamente em relação àquilo que é necessário. Para Christopher (1997), a Logística é o processo de gerenciar, estrategicamente, a aquisição, movimentação e armazenagem de materiais, peças e produtos acabados (e os fluxos de informações correlatas) por meio de organização e seus canais de marketing, de modo a poder maximizar as lucratividades, presente e futura através do atendimento dos pedidos a baixo custo. Para Ballou (1993), a logística trata de todas as atividades de movimentação e armazenagem, que facilitam o fluxo de produtos desde o ponto de aquisição da matéria-prima até ao ponto de consumo final, assim como dos fluxos de informação que colocam os produtos em movimento, com o propósito de providenciar níveis de serviço adequados aos clientes a um custo razoável. A conceituação mais aceita entre os profissionais relacionados a este processo entende que:

a Logística é a parte do processo da cadeia de suprimentos que planeja, implementa e controla, de forma eficiente e eficaz, a expedição, o fluxo reverso e a armazenagem de bens, serviços e informações relacionadas, entre o ponto de origem e o ponto de consumo, com o propósito de atender às necessidades dos clientes. (CSCMP, 2013, p. 117, tradução nossa).

3. Logística reversa - um tema em discussão

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De acordo com Leite (2009), o interesse de empresários, praticantes e pesquisadores por logística reversa tem aportado novas perspectivas ao debate e ainda não se chegou a uma visão unificada sobre o tema. Para se entender a Logística reversa é preciso saber que os sistemas Logísticos são mais abrangentes e extrapolam o intramuros das organizações. Isto é, iniciam-se no fornecimento de matéria prima e passam por todas as etapas produtivas dentro da organização, percorrendo os canais de marketing (ou distribuição) até chegar ao cliente, sendo que modernamente, continuam até o retorno do produto para o reinício do processo produtivo ou a sua destruição final pela organização, a chamada Logística reversa (LEITE, 2003).

Para Daugherty, Myes e Richey (2002), a Logística reversa tem sido associada a operações de reciclagem e a interesses de preservação ambiental, principalmente quanto a retornos de produtos não consumidos ou de itens com defeitos de fabricação ou projeto, os recalls. A literatura conceitua logística reversa em seu sentido mais amplo, como todas as operações relacionadas com a reutilização de produtos e materiais. Neste artigo, o conceito de logística reversa se concentrará no exame dos fluxos reversos, ou seja, naqueles que fluem no sentido inverso ao da cadeia direta, a partir dos produtos descartados, após seu consumo, visando agregar valor de diversas naturezas, por meio da reintegração de seus componentes ou materiais constituintes ao ciclo produtivo (KRIKKE et al., 2003).

Logística reversa é uma expressão bem ampla e genérica, que em seu sentido mais amplo significa todas as operações relacionadas com a reutilização de produtos ou materiais. Mas a ideia é se concentrar em todos os conceitos que traduzam fluxos reversos, ou seja todos os que fluem em sentido inverso ao da cadeia direta do consumo, objetivando agregar valor de diversas naturezas por meio da reintegração dos componentes ou materiais a ciclos produtivos, originais ou diversos (DIAS; TEODÓSIO, 2006).

Logística reversa é planejar, controlar e operar o controle do fluxo de informações logísticas de pós venda e de pós-consumo ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo por meio dos canais de distribuição reversos, agregando valor ecológico, econômico e social e conferindo sustentabilidade ao conjunto (MIGUEZ; MENDONÇA; VALLE, 2007).

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6 A Figura 1 descreve o funcionamento dos processos logístico direto e reverso.

Figura 1 - Representação esquemática do processo logístico direto e reverso

Fonte: Lacerda (2002)

Pode-se dizer que todos os materiais têm uma lógica de ciclo de vida, após devem ser inseridos em cadeias de reutilização ou reciclagem que geram economia ambiental, geração de ocupação e renda com intangível retorno de inclusão social de forma organizada. Nesse sentido, a Logística reversa surge como importante ferramenta nesse processo de destinação correta de materiais, tanto no seu pós-uso, como no pós-venda.

4. O uso de pneumáticos em logística reversa no Brasil

4.1. Evolução histórica e caracterizações

De acordo com Leite (2009) com o desenvolvimento da Indústria automotiva em todas as partes do mundo, a produção de pneus experimentou crescimento equivalente com a possibilidade de reaproveitamento. As reutilizações de pneus não impediram esse produto de exercer, ao fim da vida, papel poluidor, em função das quantidades e do volume. Disposições pouco claras marcaram muitos anos da existência desse produto e um grave problema para a sociedade e governos. Com o desenvolvimento de tecnologia de filtração de gases

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provenientes da queima de pneus, foi possível a regulamentação de legislação modificadora do mercado no Brasil em 2000. Com o envolvimento de todos os agentes da cadeia produtiva de pneumáticos, o setor adotou uma política de trabalho de acordo como o modelo ‘pool de empresas do setor’ na organização da logística reversa dos pneus usados. As primeiras regras de retorno previstas pela legislação dificultaram a captação dos produtos. Sucederam-se diversas alterações, de forma a comportar as necessidades do setor.

A aprovação da lei Nº 12.305/2010 – Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS) surge como um reforço ao processo de reciclagem no Brasil, dando suporte legal e incentivo a esta crescente atividade no país. Esta lei constitui a Política Nacional dos Resíduos Sólidos, que entre seus decretos determina a logística reversa: Instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada (BRASIL, 2010).

Oliveira e Castro (2007), versam sobre o estudo da destinação e da reciclagem de pneus inservíveis no Brasil e afirmam que a quantidade de pneus descartados no Brasil tem motivado a proposição de medidas amenizadoras dos impactos ambientais e a realização de pesquisas sobre possíveis métodos de seu reaproveitamento.

No Brasil a legislação exige o retorno de produtos considerados perigosos após o término da vida útil, por conter metais pesados, tais como pilhas e baterias, e de produtos considerados problemáticos como é o caso de pneus que apresentam poucas opções de tratamento, além do que, sua composição, quantidade e volume mostram-se extremamente prejudiciais ao meio ambiente. Sendo, nestes casos, do fabricante a responsabilidade pela logística e pelo tratamento dos resíduos.

Na Constituição Federal Brasileira de 1988, as questões ambientais são consideradas como patrimônio nacional e das futuras gerações. Prevê obrigações, principalmente com relação aos resíduos sólidos que são produzidos em grandes quantidades diárias e determina que a manutenção da qualidade ambiental é de competência conjunta do Governo Federal, dos

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Estados e dos Municípios. Contudo, apesar das responsabilidades estarem definidas na legislação, efetivamente muito pouco se vê por parte dos organismos públicos a respeito da preservação do meio ambiente.

A ANIP (Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos) inicialmente encarregou-se de organizar o retorno de pneus usados. Em 2007 foi criada a empresa Reciclanip, especialmente concebida para esse fim e sob os auspícios das principais fábricas de pneus atuantes no Brasil. Até 2008, foram reprocessados, pelo sistema de incineração, 1.840 milhões de pneus usados, e esse se tornou o destino de 84% de todo o parque de pneus usados no país (ANIP, 2007).

O fluxograma apresentado na figura 2 resume as ideias dos elos e agentes presentes na cadeia reversa dos pneus usados. Além desse emprego, que representa a grande parte de reaproveitamento de pneus usados, constituem destinações de reuso do material: a fabricação de solados de sapatos, borrachas de vedação, dutos pluviais, pisos para quadras poliesportivas, pisos industriais, tapetes de automóveis, manta asfáltica e também na construção de muros ecologicamente corretos.

Figura 2 - Fluxograma dos Pneus usados

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9 4.2. Estatística de produção e vendas e suas consequências

Sobre a estatística da produção e vendas de pneumáticos no Brasil vê-se, através da figura 3, que entre os anos de 1994 a 2006 houve um crescimento de transações de pneus no Brasil, passando de 25 milhões de unidades transacionadas para 55 milhões. Um aumento considerável de mais de 50% em apenas uma década. Assim como, a transação de automóveis passou de 1.100 para 2.600 milhões de unidades vendidas, representado um aumento de mais de 100%.

Atualmente, de acordo com o último relatório divulgado pela Associação Nacional dos Importadores de Pneus (ANIP, 2016), visualizado na figura 4, mostra que a produção de pneus de todos os tipos cresceu no Brasil próximo de 25% num período entre 2006 a 2016, e as vendas totais (figura 5), cresceram em média 3.5%. Por outro lado, com relação a evolução da produção de veículos automotivos no Brasil, e que impactam diretamente na produção e vendas de pneus, a figura 4 evidencia que no período entre 2000 a 2007 a produção desse produto teve uma tendência acentuada de crescimento, sobretudo entre os anos de 2004 a 2007.

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10 Fonte: Leite (2009)

Figura 4 - Produção de pneus no Brasil no período de 2006 a 2016

Fonte: ANIP (2016)

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11 Fonte: ANIP (2016)

Por sua vez, resultados do Relatório 2013 produzido pelo observatório das metrópoles do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia indicam uma evolução acentuada na frota de automóveis e motos no Brasil (INCT, 2013). O número de automóveis passou de pouco mais de 24,5 milhões, em 2001, para 50,2 milhões, em 2012. Isso significa que a quantidade de automóveis exatamente dobrou, com um crescimento de 104,5%. Em toda a série histórica, merece destaque o aumento de 3,5 milhões de automóveis em 2012. Assim, a frota brasileira passa de aproximadamente 46,7 milhões para os 50,2 milhões em apenas um ano. Assim, em decorrência desse fenômeno, a descartabilidade desse produto também se mostra crescente, sendo a logística reversa de pós-consumo como a de pós-venda decisivas no equacionamento dessas enormes quantidades de bens descartados (LEITE, 2009).

4.3. O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) e o uso de pneumáticos em Logística reversa

Berté (2012) afirma que se torna urgente reexaminar e redimensionar os projetos de crescimento econômico, com base na perspectiva do desenvolvimento humano e da conservação ambiental.

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12 Assim, em 1999 o CONAMA publicou uma legislação na qual responsabilizava os fabricantes, importadores e distribuidores pela coleta e reciclagem dos pneus usados de uma forma gradativa ao longo de quatro anos, condicionando sua produção ou comercialização à posse de certificados de reciclagem. Inicialmente, a cada quatro pneus produzidos ou comercializados deveriam constar o certificado de um pneu reciclado, sendo essa quantidade aumentada anualmente até a condição de quatro pneus para cinco certificados de reciclagem. Essa legislação deu origem à organização de pool empresarial para o equacionamento do retorno por meio da instalação de postos de coleta, consolidação e operações industriais de reciclagem, bem como a destinação ao mercado de reciclagem energética pela incineração em fornos com sistema de filtros tecnicamente adequados ao processo. A eficiência da cadeia reversa aumentou significativamente apresentando resultados adequados no país em 2009. Observa-se que o fator tecnológico, traduzido pela autorização de incineração com filtração adequada, e o fator legislativo, responsabilizando os fabricantes e importadores de pneus pelo equacionamento do retorno e reciclagem de pneus usados, (logística reversa), modificou de forma significativa as condições de mercado, aumentando o valor do produto de pós-consumo e melhorando as quantidades recicladas (LEITE, 2009, p. 93).

O CONAMA por meio da resolução nº 416, de 30 de setembro de 2009 atualizou o disciplinamento de pneus inservíveis no Brasil. O Conselho entendeu que havia a necessidade de disciplinar o gerenciamento dos pneus inservíveis, pois considerou que os pneus dispostos inadequadamente constituíam passivo ambiental, que podiam resultar em sério risco ao meio ambiente e à saúde pública. Em sua resolução considerou ainda a necessidade de assegurar que esse passivo fosse destinado o mais próximo possível de seu local de geração, de forma ambientalmente adequada e segura.

5. O estudo de caso - projeto células verdes

5.1. Células verdes - Definições, objetivos e caracterizações

Células verdes são planos de ação de recuperação ambiental. São ações emergenciais para minimizar os danos causados ao meio ambiente. São projetos simplificados que visam

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13 recuperar áreas e espaços ambientalmente degradados ou destruídos. Idealizado por moradores do bairro fonte grande (Contagem - MG) para a recuperação da área verde da região. Essa atividade consiste em construir cercas com pneus descartados, visto a necessidade de reutilizar os resíduos produzidos pela sociedade em novos projetos, como proteger as células verdes antes de iniciar a intervenção com o plantio de novas espécies de planta.

Isso se justifica, pois algumas árvores plantadas foram destruídas por vândalos. Diante dessa situação, propõe-se uma medida emergencial para proteger a vegetação que resta e criar células com o mínimo de proteção para o início de um novo plantio. Esta ação visa conscientizar a população mostrando que ela faz parte do processo de recuperação ambiental e que é fundamental na preservação da área quando participa e protege aquilo que ajudou a construir. O projeto células verdes tem o intuito de criar células ambientais de 60 ou 90 metros de comprimento, em etapas, nas áreas nas verdes da comunidade.

As células verdes devem se expandir, conforme a disponibilidade dos recursos e participação da comunidade, até completar toda a área verde. Esse projeto foi inspirado pela Encíclica Laudato Sí (Encíclica verde) do Papa Francisco que busca o despertar da população mundial para valorizar a vida e o mundo que vivemos com a proação e envolvimento das comunidades em parceria com entidades governamentais e não governamentais com a finalidade de reconstruir nosso planeta para todos e para as gerações futuras. O projeto não tem a intenção de levantar bandeiras partidárias. A única bandeira que se busca levantar é a da comunidade, não se querendo dizer com isto a exclusão de cidadãos politicamente engajados da participação no projeto.

5.2. Células verdes - etapas e composição

O projeto célula verde divide-se em três partes e cinco etapas. As partes são: objetivo, custeio e construção. As cinco etapas são: construção da proteção da célula e produção de mudas; plantio da vegetação de proteção que se caracteriza pela preparação do solo para o plantio da vegetação de proteção da célula verde; plantio das arvores de porte adequado que consiste em

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14 limpar o local, nivelar, colocar o pneu e encher o pneu com terra; projeto completo e livro caixa; melhorias do projeto. No objetivo do projeto define-se quem vai custear e trabalhar nesta atividade e como será ou se dará a construção das células verdes. Essa atividade será custeada pelos próprios moradores interessados e por parceiros, sendo que eles também poderão se apresentar como voluntário (mão de obra) para a construção. A evolução da construção das células verdes acontecerá conforme a disponibilidade dos recursos. Quanto a construção das células ocorrerá antes do período de chuva (outubro a abril) para que as mudas sejam plantadas. O local de início da construção das células será próximo dos locais onde os voluntários moram e que tenham condições de exercer a função de fiscalizar. O projeto visa construir células em etapas que serão definidas.

5.3. Células verdes - resultados e contribuições

Apesar das dificuldades que se tem no destino de pneus usados no Brasil, é possível dizer que soluções simples e baratas podem de fato contribuir com a solução ambiental, sobretudo do ponto de vista local, o exemplo disto é o caso da construção de muros ecologicamente corretos que, como foi visto neste estudo, além de melhorar a qualidade de vida da população local, trouxe à reboque outros aspectos e reflexões sobre o tema como: a questão da poluição visual; da degradação ambiental que assola, sobretudo, as periferias das grandes cidades no Brasil; a questão da mobilização popular na solução de problemas ambientais locais; o aspecto da evolução cultural sobre temas que afetam diretamente à população: o fortalecimento da responsabilidade sócio ambiental e a prática da educação ambiental, além de outros temas que afetam direta ou indiretamente à sociedade..

Assim, é possível dizer que o projeto células verdes promoveu resultados diretos (àqueles que já estavam previstos no seu plano de ação). E outros que se desenvolveram a partir de sua execução. Dentre estes se destaca a consciência sócio ambiental e a educação ambiental, variáveis imprescindíveis na solução dos problemas ambientais no Brasil. Pois, apesar dos avanços nesta área, verifica-se que as periferias das cidades, embora sofram um alto impacto de degradação ambiental, tem uma população que ainda não consegue se mobilizar

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15 adequadamente, pois não consegue relacionar alguns problemas sociais como consequências diretas da degradação ambiental.

6. Considerações finais

Apesar das responsabilidades estarem definidas na legislação, efetivamente muito pouco se vê por parte dos organismos públicos a respeito da preservação do meio ambiente, sobretudo no processo de conscietização sócio-ambietal da população que sofre diretamente com a degradação ambiental. Nesse sentido, o reaproveitamento de pneus inservíveis em logística reversa é uma solução econômica e ambientalmente correta. A literatura apresenta várias soluções quanto à reciclagem de pneus usados, algumas até sendo empregadas com sucesso, como é o caso da construção de muros ecologicamente corretos por meio das chamadas células verdes, conforme apresentado neste estudo.

No entanto, verifica-se ainda que são ações pontuais e muito pequenas em relação à quantidade de pneus descartados anualmente no Brasil e à necessidade de uma destinação correta. A metodologia utilizada mostrou-se adequada à proposta do trabalho, voltada ao conhecimento sobre a destinação dos pneus inservíveis e das alternativas sustentáveis para o seu bom aproveitamento. Verificou-se que o projeto células verdes além de contribuir para a solução dos problemas ambientais agrega outro valor fundamental, que é o processo de educação ambiental inserido na população local.

A importância do estudo se justifica pela preocupação crescente por parte dos governos, empresas e sociedades na destinação correta de produtos, quando de sua venda ou pós-consumo, como é o caso dos pneumáticos. Finalmente, é importante dizer que este artigo teve o mérito em destacar que, apesar das dificuldades no destino de pneus usados no Brasil é possível que, ações e atitudes simples e baratas contribuam para a solução de problemas ambientais, sobretudo do ponto de vista local. O exemplo, é o caso da construção de muros ecologicamente corretos que, além de melhorar a qualidade de vida da população local, trouxe à reboque outras soluções e reflexões sobre o tema como: poluição visual, degradação ambiental, mobilização popular, formação cultural, educação ambiental entre outros. Com

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16 isto, espera-se que estas informações subsidiem outros estudos mais aprofundados sobre o tema e contribua para a melhoria desta realidade.

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17 REFERÊNCIAS

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FARIA, Ana Cristina de. Gestão de custos Logísticos. Ana Cristina de Faria, Maria de Fátima Gameiro da Costa. 1º. ed. - 12. Reimpr. São Paulo: Atlas, 2015.

KRIKKE, H. R. et al. Concurrent Product and Closed - Loop Supply Chain Design with an Application to Refrigerators. Internation Journey of Production Research, 2003.

Instituto Nacional de Ciências e Tecnologia. Evolução da frota de automóveis e motos no Brasil 2001 - 2012 (relatório - 2013). Disponível em: <http://www.observatoriodasmetropoles.net/download/auto_motos2013. pd>. Acesso em: 2 maio 2017.

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19 SLIJKHUIS, C. Logística reversa: reciclagem de embalagens de transporte. Disponível em:

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