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Como foi que a Andrade Gutierrez entrou na Cemig?

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Academic year: 2021

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Sem voltar muito no tempo, a American Electrical Systems (AES) era a dona de um terço das ações ordinárias da Ce-mig, mas havia perdido os privilégios de um Acordo de Acionistas realizado em 1997 em que o ex-governador Eduardo Azeredo (PSDB) havia preparado para privati-zar a empresa. Apoiando a campanha liderada pelo Sindieletro, o governador

Como

foi que a Andrade Gutierrez entrou na Cemig?

Itamar Franco derrubou o acordo de acionistas com a AES e o ex-presidente do BNDES, Carlos Lessa, conse-guiu reter os dividendos das ações como forma de pagar o empréstimo que deu origem ao negócio. Assim a AES, que sonhou ganhar a Cemig, ficou com ações que não cobriam as dívidas com o empréstimo do BNDES.

O jornalista Luiz Nassif

escreveu em 2012 o artigo “Quem deu a Azeredo o dinheiro da Cemig?”, descre-vendo como R$ 1.673.981,90 foram destinados à campanha de Azeredo pelas mãosde Marcos Valério. Nassif acres-centou “Se a Polícia Federal procurar bem, é possível que encontre em algum lugar o registro de um valor bem mais significativo destinado à campanhaeleitoral pelo Banco

Opportunity e seus sócios americanos”. Este esquema foi chamado de mensalão mineiro ou tucano, e foi a base do mensalão do PT.

No governo Itamar, a Cemig retomou alguns projetos importantes em Minas Gerais como as UHEs de Irapé, Capim Branco I e II, e Funil. Mas durou pouco, com o retorno do PSDB ao governo, com a eleição de Aécio Neves, voltou a política neoliberal e o projeto de privatização. Como o negócio com a AES havia desandado,os governadores Aécio e Anastasia fizeram uma reengenharia e patrocinaram a entrada da Andrade Gutierrez.

Para viabilizar o negócio, a Cemig comprou, em 2009, a participação da Andrade Guti-errez na Light e adquiriru as ações da AES na Cemig.

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14 A Andrade Gutierrez precisava entrar no setor elétrico para competir em grandes em-preendimentos, pois a Camargo Corrêa já estava instalada na Companhia de Força e Luz (CPFL), de São Paulo, e se aliara à Ode-brecht na concorrência pela Usina Hidroe-létrica de Belo Monte.

Por que

a Andrade Gutierrez topou o negócio?

E quanto

a

empreiteira pagou?

A Andrade Gutierrez (AG) rece-beu R$ 719 milhões pela venda da Light para a Cemig, pagou R$ 25 mi-lhões para a AES e quitou R$ 500 milhões com o Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES). A em-preiteira também assumiu o restante da dívida - em torno de R$ 1,6 bi-lhões - a serem pagos no prazo de 10 anos para o próprio BNDES.

Apesar dos valores vultuosos, na prática a AG fez um negócio da Chi-na. De 2010 a 2013, a empreiteira já recebeu, entre 2010 e 2013, R$ 1,7 bilhões em dividendos da Cemig, com uma parcela referente a 2013 ainda a ser paga pela estatal mineira.

Conforme matéria do Valor Econômico à época, com a compra das ações da Ce-mig, a Andrade Gutierrez assumiu uma po-sição importante no setor elétrico e ainda mais no próprio nicho de construção, “Na Light não tinha obra, na Cemig vai ter bastan-te” citou o jornal.

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A empreiteira emplacou um Acordo de Acionistas com compromissos fundamentais que lhe garantiriam contro-lar a gestão da Cemig para receber os grandes lucros ge-rados pelas altas tarifas e também para ter uma participa-ção privilegiada nas concorrências das grandes usinas do norte do Brasil.

Vale lembrar que o Acordo de Acionistas com a AES foi derrubado no Superior Tribunal Federal (STF), assim o novo acordo teve que usar de artifícios que buscassem lhe dar legitimidade. Dessa forma, os mesmos artigos que da-vam poder de veto ou deliberação aos minoritários deve-riam estar disfarçados.

Para garantir a sangria de 100% dos lucros, mesma cláusula presente no Acordo anterior que foi barrado pelo STF, foi registrado no novo Acordo de forma indireta que [...] “os acionistas concordam com a política de distri-buição dos dividendos prevista no es-tatuto social da Companhia[...] e com-prometem-se a mantê-la inalterada durante a vigência deste Acordo .”

O que é

o Acordo de

Acionistas entre Cemig e

a Andrade Gutierrez?

“...Parágrafo Único - O lucro líquido apurado em cada exercício social será assim destinado: a) 5% (cinco por cento) para a reserva legal, até o limite máximo previsto em lei;

b) 50% (cinqüenta por cento) será distribuído, como dividendo obrigatório, aos acionistas da Companhia, observadas as demais disposições do presente Estatuto e a legislação aplicável;”

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Para consolidar o outro com-promisso fundamental sem de-monstrar a ingerência nos ne-gócios, o Acordo de Acionistas previu um complicado artifício: de manter comitês e dar a eles o poder de decidir pela admi-nistração. No Comitê de Desen-volvimento e Gestão de Parti-cipações, responsável pelas construções das usinas, as

deci-Concentração de poder nas

mãos da Andrade Gutierrez

sões dependem da análise pré-via da Diretoria de Desenvolvi-mento de Negócios e Controle Empresarial das Controladas e Coligadas, e esta diretor ia é sempre indicada pela Andrade Gutierrez. Ou seja, é muita vol-ta para escrever que a Andrade Gutierrez iria dirigir os investi-mentos da Cemig, em especial as grandes construções.

Negociata garante a

participação da Andrade

por até 30 anos...

No frigir dos ovos, a Andrade Gutierrez garan-tiu o retorno de 100% do lucro em dividendos e o direito de indicar um diretor e dirigir os investi-mentos de construção na Cemig por até 30 anos. Mas, o que o estado de Minas Gerais ganhou em troca? Construções, infraestrutura, tarifas, in-vestimentos? Nada?

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O Acordo de Acionistas anterior foi realizado com a AES como

parte da negociação de um terço das ações ordinárias, mas

mes-mo assim foi derrubado no STF com o argumento principal que

o Estado não poderia abrir mão do pleno controle da estatal.

O novo Acordo com a Andrade Gutierrez é ainda mais

questi-onável, pois sequer o interesse direto estava presente. A

emprei-teira comprou ações da AES e assumiu dívidas com o BNDES

(nada do interesse ou participação do estado de Minas Gerais).

Também no Acordo não há nenhuma cláusula que aponte direitos

Por que

o estado de Minas Gerais assinou

o acordo de acionistas?

ou vantagens para o estado, somente obrigações e

garan-tias para a Andrade Gutierrez. Mas se não há vantagens

para o estado de Minas Gerais, não podemos dizer o

mes-mo para os governadores tucanos Aécio e Anastasia.

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Empreiteira

lidera doações

para campanhas

eleitorais

Matér ia de 15 de setembro de 2012, publicada pelo Estadão, mostra que a Andrade Gutier rez encabeça a lista dos maiores doadores privados para campanhas eleitorais.

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O repasse de lucro para os acio-nistas e empreiteiras virou obsessão dos gestores da Cemig, passando por cima dos direitos e interesses da po-pulação. A empresa que sempre alar-deou ser a “melhor energia do Brasil” se transformou na maior e pagadora de dividendos à custa do sucateamento da infraestrutura e do quadro técnico. Basta olhar para os números: en-quanto o número de trabalhadores do qudro próprio da Cemig tem caído vertiginosamente, os lucros da Com-panhia não param de subir. Mas esse dinheiro não fica na Cemig. O desti-no dele são as mãos dos acionistas, entre eles a Andrade Gutierrez. Para se ter uma ideia do tamanho do estra-go, desde 2009 a Cemig distribuiu 99,9% do que lucrou para os acionis-tas. E, em 2013, a empresa fez o im-pensável: repassou mais do que lucrou no ano para os acionistas.

Distribuição excessiva dos lucros:

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A UHE Santo Antônio, localizada em Rondônia, se tornou um empreendimento muito questionado após a grande cheia do Rio Madeira deste ano, com vários proble-mas envolvendo disputas jurídicas, implica-ções ambientais, questões internacionais com a Bolívia, produção de energia abaixo da pro-jetada e muitas dívidas. No entanto, em meio a toda essa polêmica, em 14 de março de 14 a Cemig anunciou a aquisição, por R$ 835 milhões, de 83% do capital social total e 49% das ações com direito a voto da SAAG Inves-timentos S.A (Andrade Gutierrez).

Na época, o valor pago implicava em um prêmio de 53% em relação ao valor atribuí-do ao ativo pela analista Paula Kovarsky, da Itaú Corretora. Segundo ela, as fusões e aqui-sições caras sempre foram um risco para a tese de investimento da Cemig e essa aqui-sição, juntamente com o anúncio da poten-cial aquisição da Isagen na Colômbia, au-mentam a percepção negativa em relação a esse assunto.

Ainda, conforme nota da Cemig, “A es-trutura da operação se dará, obrigatoriamen-te, através de Fundos de Investimento em

Par-Negócios questionáveis

ticipações (“FIPs”) e outros veículos, na qual a Cemig GT terá participação minoritária, de modo que não deterá mais que 50% (cinquen-ta por cento) do capi(cinquen-tal vo(cinquen-tante de nenhum veículo ou mais que 50% (cinquenta por cen-to) do patrimônio de nenhum dos FIPs, pre-servando a natureza privada da estrutura.”.

Ao que parece, a Cemig teve dificulda-des em encontrar parceiros para a empreita-da, e para conseguir viabilizar a negociação, ofereceu garantias de rendimento e obrigou a Forluz (plano de previdência privada dos empregados da Cemig), através de voto mi-nerva, a entrar com R$80 milhões no Fundo de Investimentos e Participações.

Os empregados e aposentados da Cemig estão de cabelo em pé ao ver a Cemig realizar esta ingerência no seu fundo de pensão para garantir um negócio no mínimo nebuloso. A Andrade Gutierrez é vendedora e compra-dora, pois é impossível que o Diretor de De-senvolvimento de Negócios e Controle Em-presarial de Controladas e Coligadas da Ce-mig, que conforme o Acordo de Acionistas é indicado pala Andrade Gutierrez, não conhe-ça detalhes da operação. Ficam dúvidas:

E tem mais...

E não é só isso que acontece de forma apressada em Minas Gerais neste momento pré-eleitoral, a Ce-mig anunciou a fusão da GasCe-mig com a Gás Natural Fenosa, empresa de origem espanhola. Segundo a Cemig o negócio é necessário para cumprir um compromisso de garantir gás para a fábrica de amônia da Petrobrás, que está sendo construida em Uberaba. Um negócio já previsto há mais de doi anos deixou para ser resolvido com a privatização da empresa ape-nas agora? Sem nenhuma concorrên-cia ou edital público? Como garan-tir transparência e preço justo?

Será que mais uma vez a

Cemig atuou para salvar

seus parceiros estratégicos

de um mau negócio?A

Andrade Gutierrez irá

receber mais R$835

milhões às vésperas das

eleições, será para reforçar

algum caixa de campanha?

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