• Nenhum resultado encontrado

ÁSIA. Uma estratégia para a China? NÚCLEO TEMA II REUNIÃO DO GRUPO PERMANENTE DE ANÁLISE SOBRE CHINA CENTRO BRASILEIRO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "ÁSIA. Uma estratégia para a China? NÚCLEO TEMA II REUNIÃO DO GRUPO PERMANENTE DE ANÁLISE SOBRE CHINA CENTRO BRASILEIRO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS"

Copied!
22
0
0

Texto

(1)

NÚCLEO ÁSIA, RELATÓRIO II, ANO I CENTRO BRASILEIRO DE

RELAÇÕES INTERNACIONAIS

NÚCLEO

ÁSIA

19 DE OUTUBRO DE 2017

Conexões: Rio de Janeiro, Brasília, Buenos Aires Washington, Pequim

Palestrantes: Embaixador Roberto Gomes Jaguaribe de Mattos, Otaviano Canuto dos Santos Filho, Hussein Ali Kalout II REUNIÃO DO GRUPO PERMANENTE DE ANÁLISE SOBRE CHINA

Uma estratégia para a

China?

(2)

EQUIPE Diretora Executiva: Julia Dias Leite | Superintendente de Projetos: Renata Dalaqua | Gerente Geral: Luciana Muniz | Coordenadora Administrativa: Fernanda Sancier

| Coordenadora de Comunicação e Eventos: Giselle Galdi | Coordenadora de Relações

Institucionais: Barbara Brant | Assistente: Carlos Arthur Ortenblad Júnior; Gabriel Torres | Estagiários:; Evandro Osuna; Luiz Gustavo Carlos; Mauricio Alves; Nathália Miranda Diniz Neves; Thais Barbosa | Consultores: Angela Giacobbe; Suzana Green Haddad; Quillen Sanchez; Mariana Panero | Projeto Gráfico: Presto Design

Todos os direitos reservados: CENTRO BRASILEIRO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS - Rua Marquês de São Vicente, 336 – Gávea – Rio de Janeiro / RJ - CEP: 22451–044 Tel + 55 21 2206-4400 - cebri@cebri.org.br - www.cebri.org

CONSELHO CURADOR Aldo Rebelo; Anna Jaguaribe; Armando Mariante; Arminio Fraga; Carlos Mariani Bittencourt; Celso Lafer; Cláudio Frischtak; Daniel Klabin; Denise Gregory; Gelson Fonseca Jr.; Henrique Rzezinski; Joaquim Falcão; Jorge Marques de Toledo Camargo; José Alfredo Graça Lima; José Botafogo Gonçalves; José Luiz Alquéres; José Pio Borges; Luiz Augusto de Castro Neves; Luiz Felipe Seixas Corrêa; Luiz Fernando Furlan; Luiz Ildefonso Simões Lopes; Marcelo de Paiva Abreu; Marcos Azambuja; Maria do Carmo (Kati) de Almeida Braga; Maria Regina Soares de Lima; Pedro Malab; Renato Galvão Flôres Jr.; Roberto Abdenur; Roberto Giannetti da Fonseca; Rafael Benke; Roberto Teixeira da Costa; Ronaldo Sardenberg; Ronaldo Veirano; Rubens Ricupero; Sérgio Quintella; Sérgio Amaral; Tomas Zinner; Vitor Hallack; Winston Fritsch

Sobre o CEBRI

Independente, apartidário e multidisciplinar, o Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI) é uma instituição sem fins lucrativos, que atua para influenciar positivamente a construção da agenda internacional do país. Fundado há quase 20 anos por um grupo de empresários, diplomatas e aca-dêmicos, o CEBRI tem ampla capacidade de articulação, engajando em seu plano de trabalho os setores público e privado, a academia e a sociedade civil. Além disso, conta com um Conselho Curador atuante e formado por figuras proeminentes e com uma rede de mantenedores, constituída por instituições de múltiplos segmentos.

(3)

CENTRO BRASILEIRO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Uma estratégia para a

China?

NÚCLEO ÁSIA, RELATÓRIO II ANO I

19 DE OUTUBRO DE 2017

Conexões: Rio de Janeiro, Brasília, Buenos Aires, Washington, Pequim

Palestrantes: Embaixador Roberto Gomes Jaguaribe de Mattos, Otaviano Canuto dos Santos Filho, Hussein Ali Kalout

II REUNIÃO DO GRUPO PERMANENTE DE ANÁLISE SOBRE CHINA

NÚCLEO

(4)

O Grupo Permanente de Análise sobre China visa promover reflexão estruturada sobre os temas selecionados, com a participação de especialistas, do setor privado, do governo, e de outros think thanks, contribuindo para a formulação de políticas públicas e estratégias empresariais. Cada encontro conta com uma breve avaliação do histórico recente e da situação atual do tema em pauta por parte de um ou mais convidados, seguida de debate entre os participantes. O conjunto de avaliações e eventuais recomendações compõe um relatório final de cada encontro encaminhado a todos. A curadoria das atividades é realizada por Tatiana Rosito.

Anna Jaguaribe

CONSELHEIRA

Tatiana Rosito

Membro do Conselho Curador do CEBRI, é Diretora do Instituto de Estudos Brasil-China (IBRACH). Atualmente ela é Professora visitante do Programa de Políticas Públicas, Estratégia e Desenvolvimento da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Anteriormente trabalhou na Organização das Nações Unidas em Nova York e foi consultora da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), em Genebra.

Diplomata e economista, tendo servido mais de oito anos na Ásia, cinco dos quais na Embaixada do Brasil em Pequim, em que foi ministra-conselheira. Atualmente, é Representante-Chefe da Petrobras na China e Gerente Geral de Desenvolvimento de Negócios na Ásia. Foi Secretária-Executiva da CAMEX (Câmara de Comércio Exterior) e Assessora Especial dos Ministros da Fazenda e do Planejamento, entre outras funções no serviço público.

Diretora Executiva do CEBRI desde 2015. Anterior-mente trabalhou 10 anos no Conselho Empresarial Brasil-China, onde ocupou o cargo de Secretária Executiva. Recentemente foi escolhida pelo Depar-tamento de Estado do Governo Americano para o programa de Jovens Líderes Mundiais.

SENIOR FELLOW

NÚCLEO

ÁSIA

Julia Dias Leite

COORDENAÇÃO

EDIÇÕES ANTERIORES: RELATÓRIO I, ANO I

(5)

QUESTÕES ABORDADAS

Conteúdo

06

RELATÓRIO DA III REUNIÃO

08

FACT SHEET PRELIMINAR

Anexos

14

PARTICIPANTES DA III REUNIÃO

16

SUMÁRIO

Falta ao Brasil uma estratégia para a China? Quais os determinantes econômicos e políticos desta estratégia?

Como outros países, inclusive da América Latina, têm abordado a questão? A evolução recente das relações bilaterais nos ensina algo? Qual o papel do Governo, do setor privado, da academia e dos think tanks?

08 10 12

(6)

QUESTÕES

ABORDADAS

Falta ao Brasil uma estratégia

para a China? Quais os

determinantes econômicos e

políticos desta estratégia?

Como outros países, inclusive

da América Latina, têm

abordado a questão?

A evolução recente das

relações bilaterais nos ensina

algo? Qual o papel do Governo,

do setor privado, da academia e

dos think tanks?

(7)

Atual Presidente da Apex-Brasil. Foi Embaixador do Brasil na China e no Reino Unido. Serviu como Ministro-Conselheiro da Embaixada do Brasil em Washington. Ingressou na carreira diplomática em 1978.

PALESTRANTES

DA III REUNIÃO

Embaixador Roberto Gomes Jaguaribe de Mattos

Atual Diretor Executivo na Diretoria Executiva do Grupo Banco Mundial e suas Afiliadas. Foi Diretor Executivo do Banco Mundial (2004-2007). Representa o Brasil, Colômbia, República Dominicana, Equador, Haiti, Panamá, Filipinas, Suriname e Trinidad e Tobago. É membro do Comitê de Eficácia do Desenvolvimento e do Comitê de Orçamento.

Otaviano Canuto dos Santos Filho

Secretário Especial de Assuntos Estratégicos da Presidência da República. Foi consultor-sênior no Ministério das Relações Exteriores, Chefe de Assuntos Internacionais do Supremo Tribunal Federal e Diretor-Geral do Departamento de Cooperação Jurídica Internacional na Procuradoria-Geral da República.

(8)

Falta ao Brasil uma estratégia para

a China? Quais os determinantes

econômicos e políticos desta estratégia?

O Grupo Permanente de Análise sobre China, em sua segunda reunião, promoveu refle-xão sobre a importância de articular-se mais claramente uma estratégia brasileira para a China, com base nos principais elementos que atualmente norteiam as relações bilaterais, mas também na identificação e avaliação dos principais riscos e oportunidades inerentes ao adensamento dessa relação, sobretudo na área econômica. Discutiu-se a conveniência de aprimorar-se a implementação coordenada de uma estratégia que articule os interesses do País no longo prazo e identifique instrumentos para a promoção desses interesses, trabalho que se beneficiaria de reflexão estruturada do governo, do setor privado, da academia e da sociedade civil. Houve convergência nos debates sobre a importância de estabelecer-se estra-tégia mais abrangente, em que concepção, coordenação e implementação sejam elementos integrais. Também foi ressaltado que uma estratégia para a China não pode ser pensada isoladamente de uma estratégia para o País, que leve em conta, sobretudo, nossos desafios em relação ao incremento da produtividade da economia e ao baixo conteúdo tecnológico das exportações, mas também uma visão de futuro sobre como se posicionará o Brasil num mundo em que o centro dinâmico pende cada vez mais para a Ásia; e em que China assume liderança crescente, quer pelo grande impacto exercido indiretamente pela economia chinesa na economia global, que já é maior do que aquele exercido pela economia americana em muitos setores, mas também, diretamente, como investidor.

Embora o Brasil não disponha de um documento oficial que busque explicitar uma estraté-gia para a China com base em processo consultivo mais amplo, uma leitura dos resultados das principais visitas de alto nível entre os dois países e dos documentos oficiais bilaterais, ou mesmo de discursos por parte do governo brasileiro, deixa entrever que, atualmente, a es-tratégia econômica se concentra na atração de investimentos, sobretudo para infraestrutura, e na intenção de diversificar as exportações e ampliar a exportação de bens de maior valor agregado, sobretudo naqueles setores em que o Brasil é mais competitivo, como na cadeia da soja ou em alimentos processados, ou em certos nichos da indústria e dos serviços. Não há clareza, entretanto, sobre que instrumentos serão usados para alcançar esses objetivos e se haveria oportunidades para melhor contemplar os interesses brasileiros em meio a um contexto de grande expansão das relações com um parceiro que, em maior ou menor medi-da, tem grande necessidade de produtos ofertados pelo Brasil. Haveria, assim, um custo de oportunidade em não se contemplar uma estratégia mais clara, incluindo instrumentos de coordenação e meios mais eficazes de implementação.

RELATÓRIO DA II

REUNIÃO

(9)

No caso da China, que tradicionalmente tem uma burocracia organizada e que busca pla-nejar-se com horizontes de longuíssimo prazo, a ausência ou deficiências da atual estratégia brasileira sobressaem, ficando para muitos atores a impressão de que a China sempre “sabe o que quer” e o Brasil não, ou pelo menos de que não haveria clareza do lado brasileiro sobre como melhor aproveitar o grande adensamento das relações, tanto políticas quanto econô-micas, em proveito do interesse nacional no longo prazo, em momento fundamental para a consolidação de uma nova ordem mundial.

Como requisito para estabelecer uma estratégia adequada para a China, destacou-se a im-portância de desenvolver visão apurada sobre o futuro da economia chinesa e “decodificar” suas coordenadas e aspirações na ordem global, com vistas a identificar riscos e oportunida-des no relacionamento bilateral. Desde 2013, o relatório China 2030, elaborado pelo Banco Mundial em parceria com o governo chinês, alerta para a insustentabilidade do crescimento vertiginoso da China baseado no sobreinvestimento e no aumento da produtividade da mão de obra no setor de manufaturas básicas – indicando o imperativo do “rebalanceamento” da economia chinesa a partir da elevação da produção para estágios mais avançados nas cadeias globais de valor, catalisada tanto por agentes estatais quanto privados. Tal seria a percepção dominante, inclusive, entre os tecnocratas chineses.

Neste contexto, embora, na visão de alguns, o Brasil atualmente apresente posicionamento favorável nas prioridades externas da China – com importantes implicações geopolíticas, inclusive sobre o relacionamento hemisférico com os EUA – a preservação deste status prio-ritário, no longo prazo, dependerá da adaptação da capacidade produtiva brasileira às trans-formações almejadas pela economia chinesa nas próximas décadas: assim, deveriam ganham importância estratégica ações que transcendam o pilar comercial e promovam a inserção do Brasil na “revolução digital” – em particular, a partir do investimento e cooperação bilateral em Ciência,Tecnologia e Inovação. Uma estratégia brasileira para a China deve contemplar, ademais, o potencial da cooperação técnica bilateral na transição para uma economia de bai-xo carbono. Notou-se que a China tem estratégia clara com vistas a assegurar sua liderança em elementos fundamentais para a Quarta Revolução Industrial, via inovação e sustentabili-dade, mas que essa liderança também encontrará desafios e que não pode ser tomada como um dado. Assim, pode haver espaço para ampliar a cooperação em campos de interesse co-mum, notadamente em agricultura, biotecnologia, softwares, novos materiais, entre outros. Lembrou-se que o valor estratégico do Brasil para a China, ademais, tende a concentrar-se em setores específicos, associados à garantia de segurança alimentar, energética e de provisão de insumos minerais. A permanência do Brasil na “página prioritária” chinesa, portanto, perpassa também uma ampla consideração daqueles setores, com vistas a propiciar marcos bilaterais ou marcos regulatórios nacionais capazes de melhor canalizar o potencial da coo-peração bilateral com visão de longo prazo.

Entre os principais obstáculos responsáveis por dificultar a formulação e implementação de uma estratégia abrangente do Brasil para a China, sobressaem deficiências na coordenação

(10)

As discussões contemplaram os desafios enfrentados por demais parceiros chineses na adoção de uma estratégia consistente para a China, bem como os formatos tradicionais assumidos por tais exercícios – considerando os incentivos e limitações da estratégia de expansão chinesa a partir da iniciativa Belt & Road (B&R), mas também muitas outras iniciativas chinesas no tabuleiro regional e multilateral. Embora cada país tenda a adotar um sistema específico para elaboração e execução de sua política externa, nota-se a exacerbação desta particularidade no caso chinês: a alta competência em planejamento estratégico da China e sua capacidade em

Como outros países, inclusive da

América Latina, têm abordado a

questão?

entre instituições governamentais: observa-se multiplicidade de ações em nível municipal, estadual e federal, com pouca ou nenhuma conexão entre si – como evidenciado pelas di-ficuldades enfrentadas por exercícios de mapeamento geográfico de projetos de cooperação e investimentos chineses no Brasil, cruciais para a identificação de setores e regiões priori-tárias. Ainda, a capacidade brasileira de implementação eficiente de uma estratégia para a China tem sua operacionalização obstruída pela baixa presença de organismos nacionais e de associações de classe brasileiros em solo chinês. Muitos coincidiram na importância do con-tínuo fortalecimento da Embaixada do Brasil em Pequim. Nesse contexto, um participante recomendou que ministérios e agências brasileiras relevantes devam reforçar sua presença na Embaixada, como forma de fortalecer e facilitar a interlocução com os organismos chineses relevantes e de garantir maior fluidez na interlocução com empresas brasileiras e chinesas. Em relação à Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), em que já se encontra em curso processo de maior integração com a Embaixada, com vistas à convergência de ações em comércio e investimentos, um participante notou que seria interessante melhor compreender como se dá a atual divisão de tarefas. Também foi notado que são escassas e intermitentes as iniciativas de estabelecimento de representações do setor privado na China.

Entre as principais iniciativas nacionais identificadas em direção a uma estratégia coordena-da para a China destacam-se os Planos de Ação Conjunta e Planos Decenais de cooperação Brasil-China. Trata-se de documentos conjuntos e não documentos que derivam de uma es-tratégia mais ampla de política externa ou de desenvolvimento. Alguns participantes ponde-raram que seria desejável considerar a sintetização de recomendações para o relacionamento bilateral em um White Paper – nos moldes do desenvolvido por outros países – responsável por direcionar e coordenar ações estratégicas para a China, particularmente à luz da iminên-cia do processo eleitoral de 2018. Em última instâniminên-cia, reitera-se como precondição para a adoção de uma estratégia eficiente para maximização das oportunidades do relacionamento bilateral o avanço na estratégia doméstica para a recuperação econômica brasileira.

(11)

converter objetivos em resultados concretos (“a China tende a acertar mais do que errar”) estabelece altos parâmetros e desafios para os demais países, que frequentemente apresentam problemas de coordenação institucional similares aos brasileiros.

Neste contexto, seja devido a exigências internacionais ou condicionantes domésticos, diver-sos países e regiões apresentam a tradição de elaborar documentos com diretrizes a orientar suas relações com parceiros estratégicos: é o caso das principais economias, como os EUA, União Europeia e também da Austrália. Em outros casos, a ausência de uma reflexão consis-tente talvez não coloque em risco tantos interesses, tendo em vista a complexidade de diferen-tes economias. Mas, no caso de países como o Brasil, essa reflexão é importante.

A definição de estratégias nacionais para a China, entretanto, é inevitavelmente influenciada pela própria atuação externa da China e seu crescimento previsto: com projeções de que, até 2030, a economia chinesa superará a dos EUA em termos nominais, com um mercado quase duas vezes superior ao norte-americano, colocam-se incógnitas a respeito das futuras ações da China no tabuleiro global, que poderá distanciar-se do perfil mais baixo observado nas últi-mas décadas. Entre as prioridades da política externa da China, destaca-se a preservação da soberania chinesa e, notavelmente, a busca por “não entrar em conflito com os EUA”, consi-derando o potencial norte-americano de colocar obstáculos concretos aos desígnios chineses. A iniciativa Belt & Road estabelece oportunidades e dilemas para diferentes parceiros: ca-racterizada como extensão geográfica do “velho” modelo produtivo chinês com base no in-vestimento, com dimensão fortemente retórica, a iniciativa estabelece elementos de atração para diversos países, inclusive europeus. Recorde-se, por exemplo, a rápida adesão do Reino Unido ao Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura (BAII), importante agente pro-motor da B&R. No espaço asiático, a iniciativa não deixe de conter elementos de sombra para os interesses japoneses e a estratégia eurasiática da Rússia. Destacam-se, ainda, os riscos associados a projetos desenvolvidos em economias menores contempladas pela iniciativa, como no chifre da África. A China estaria dando forma, assim, a um processo de “shadow globalization”, com base na criação de iniciativas e organizações asiáticas ou plurilaterais que, embora coexistam com a atual ordem polícia e econômica mundial, não deixam de lançar a semente de sua transformação. Lembrou-se que a FUNAG e o CICIR promoverão, no pri-meiro semestre de 2018, seminário no Brasil sobre a B&R, o que pode constituir interessante oportunidade para avançar na reflexão doméstica.

Destacaram-se, ainda, possíveis riscos associados à crescente presença chinesa na América Latina, que já representa o maior investidor externo na região – enquanto o Brasil não se encontra entre os cinco primeiros. O Arco Norte da América do Sul tem tido dominância de investimentos da China, já considerada o principal elo para o desenvolvimento de cadeias produtivas na sub-região, o que exige maior reflexão sobre a natureza da dependência em relação a investimentos chineses.

(12)

Como parte da estratégia da China de diversificação de riscos, a expansão dos investimentos chineses no Brasil, no período pós-boom das commodities, traz inúmeras oportunidades para a promoção do desenvolvimento nacional em setores críticos – como agricultura, ener-gia e mineração, mas também infraestrutura. Nestes setores, destaca-se a mutuamente be-néfica parceria entre Petrobras e o China Development Bank (CDB), bem como a presença significativa e crescente da China Three Gorges e da State Grid no setor elétrico brasileiro e a importância estratégica da Vale como fornecedora de minérios para a China. Por outro lado, sobressaem preocupações com os impactos e riscos no longo prazo da concentração de investimentos chineses em alguns setores (e.g. setor elétrico) e as barreiras na China para o incremento da exportação de alguns produtos de maior valor agregado (e.g. cadeia da soja e proteína animal).

Haveria espaço para o Brasil melhor explorar os interesses chineses, mediante elevação do nível do diálogo com o governo chinês com base em estratégias específicas e mutuamente benéficas (e.g. cadeia da soja). Apesar do grande avanço das relações comerciais, econômicas e políticas bilaterais, ressalta a necessidade de ampliar a cooperação em ciência, tecnologia e inovação. Conta a favor do Brasil a percepção chinesa da política externa brasileira como independente – particularmente, em relação aos EUA – de modo a favorecer a confiança mútua. Entretanto, destacam-se problemas de coordenação institucional que dificultam, por exemplo, a interlocução com o setor privado para a consecução de projetos de interesse mútuo em setores estratégicos, a exemplo da infraestrutura (a despeito dos mecanismos existentes, como o Fundo Brasil-China para o incremento das capacidades produtivas). A ampliação da presença de órgãos públicos e entidades brasileiras na China poderia favorecer o acesso de empresas brasileiras a agências chinesas (considerado muito restrito), facilitando a atração de investimentos, a promoção de negócios e até a formação de parques industriais, em consonância com normas éticas e de transparência. De outro lado, é amplo e quase ir-restrito o acesso da Embaixada da China a instituições e autoridades de alto nível no Brasil, nos diversos níveis da federação.

A identificação de prioridades para a relação bilateral também perpassa a mobilização de in-sumos de múltiplos atores. A China apresenta grande capacidade de articulação interna para o desenvolvimento de estratégias cuidadosamente elaboradas, a partir de diálogos abrangen-tes e pragmáticos. Seria desejável, neste sentido, o desenvolvimento da capacidade brasileira de engajar atores diversos. Do lado do governo, recordou-se o Grupo China, formado no âmbito da Câmara de Comércio Exterior - CAMEX, em 2016, bem como o potencial do Comitê Nacional de Investimentos, criado também no âmbito daquela câmara, com caráter

A evolução recente das relações bilaterais nos

ensina algo? Qual o papel do Governo, do setor

privado, da academia e dos think tanks?

(13)

consultivo. A essas, devem juntar-se outras inciativas na academia e em think tanks, que possam propiciar o adensamento do debate no contexto de uma visão ampla, inclusive da perspectiva de outros atores da federação.

O aproveitamento estratégico das complementaridades econômicas bilaterais perpassa ações multifacetadas, abrangendo desde a atualização da relação comercial bilateral e a promoção de investimentos cruzados, a partir de melhor coordenação institucional, até a identificação e correção de deficiências de planejamento e visão de longo prazo, com base em insumos reunidos junto a atores diversos.

(14)

ANEXO I:

Fact Sheet preliminar

Os brasileiros que se debruçam sobre as relações com a China, ou mesmo aqueles que se-guem os debates de política e economia internacional esporadicamente, irão defrontar-se em algum momento com o tema desta segunda reunião. O assunto é vasto e presta-se a análises com diversos focos, inclusive do ponto de vista doméstico e de elaboração e implementação da política externa brasileira ou, mais ainda, de uma estratégia de desenvolvimento. A pró-pria concepção sobre a necessidade ou não de uma estratégia é um tema que divide opiniões e escolas de pensamento. A reunião não pretende concentrar-se no debate Desenvolvimentas vs. Liberais, senão ampliar o entendimento sobre se, no caso específico da China, o que muitos reputam como a ausência de uma estratégia teria implicações mais fortes do que em relação a outros parceiros. Por um lado, a ausência de uma estratégia definida como tal não deixa de ser um posicionamento, que pode ser mais favorável e um ou outro parceiro, embo-ra não se acredite que o debate seja um jogo de soma zero. De outro lado, é preciso reconhe-cer que as particularidades do sistema de tomada de decisões e implementação de políticas na sociedade chinesa, onde coexistem um governo central forte com a descentralização na execução de políticas e um setor privado cada vez mais dinâmico, acabam por explicitar as dificuldades, que não são só brasileiras, de lidar com esse socialismo de mercado – ou capita-lismo de Estado. Trata-se de um sistema com nível de coordenação inequivocamente maior, ainda que isso não significa ausência de discussão ou de competição.

No Brasil, houve desde 2009 tentativas de enfrentar a fraca coordenação do lado brasileiro, tais como consubstanciadas nos Planos de Ação Conjunta e nos Planos Decenais de coo-peração entre o Governo brasileiro e o Governo chinês, que constituíram um embrião de estratégia de coordenação dos temas em nível federal (ver planos assinados em 2010, 2012 e 2015 http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/ficha-pais/4926-republica-popular-da-china).

• Já em 1949, o Departamento de Estado publicava o The China White Paper. Conforme sugestão de leitura da última reunião, instituições americanas, como comitês do Congresso, publicam relatórios sobre certos aspectos da política e economia chinesa. A União Europeia faz o mesmo (ver, por exemplo, as conclu-sões do Conselho Europeu sobre a Estratégia da União Europeia para a China http://data.consilium.europa.eu/doc/document/ST-11252-2016-INIT/en/pdf). Em 2012, o governo australiano publicou o White Paper Australia in the Asian Century (http://www.defence.gov.au/whitepaper/2013/docs/australia_in_the_

ANEXOS

(15)

asian_century_white_paper.pdf), buscando estabelecer as prioridades para o país até 2025. No caso brasileiro e da maior parte dos países da América Latina, não é comum a publicação de uma estratégia isolada. Esta frequentemente deve ser lida no contexto das declarações conjuntas e da formulação e execução da política externa como um todo. Mas essa é a melhor forma de tratar a relação com a China ou até com os outros parceiros? Há espaço para a construção de uma estratégia orientadora que seja, ao mesmo tempo, produto de um diálogo com o setor pri-vado e a sociedade civil?

• As relações Brasil-China passam por momento auspicioso e de crescente dinamis-mo na última década, que coincide com grande ascensão chinesa no cenário inter-nacional. No caso brasileiro, em particular, ressalte-se o aprofundamento cada vez maior dos laços comerciais e econômicos, com ênfase no crescimento dos inves-timentos diretos chineses no Brasil na fase pós-boom das commodities. Esses in-vestimentos são parte importante da estratégia chinesa de expansão internacional como base de (i) sua segurança (energética, alimentar, etc), de (ii) diversificação (de fontes de matérias primas, tecnologias e de parcerias) e de (iii) viabilização de um movimento maior em direção à sustentabilidade, com ramificações profundas na economia chinesa nos próximos anos. Por suas amplas implicações, a estratégia chinesa demanda maior reflexão e possivelmente visão de longo prazo do lado brasileiro em relação às parcerias com a China, às possíveis oportunidades para in-vestimentos cruzados e ao potencial como ponte para as cadeias de valor asiáticas. O Grupo Permanente de Análise sobre China do CEBRI pretende alimentar essa reflexão, que é forçosamente muito mais abrangente e profunda. Como viabilizar a transformação de iniciativas como essa em resultados concretos? Qual o papel do Governo, do setor privado, da academia e dos think tanks?

(16)

ANEXO II:

Participantes da III Reunião

Rio de Janeiro

Adriano Zerbini Alexandre Lowenkron Ana Celia Castro

Carlos Mariani Bittencourt Cassio Von Gal

Daniel Klabin David Kupfer

Ernani Teixeira Torres Filho Gabriel Torres

Hussain Kalout

Isabela Nogueira de Morais João Luis Ribeiro de Almeida Julia Dias Leite

Leandro Rothmuller Leonardo Botelho Lia Valls Pereira Marcelo Baumbach Marcio Senne de Moraes Mr. Yang

Pedro da Motta Veiga Pedro H. Mariani

Pedro Luiz de Oliveira Jatoba Reinoldo Poernbacher

Renata Nascimento Szczerbacki Tulio Cariello Viviane Leffingwell Wang Yili BRF BBM IE/UFRJ CEBRI, conselheiro BBM Grupo Klabin IE/UFRJ UFRJ

CEBRI, Equipe de Projetos Secretaria Especial De Assuntos Estratégicos da Presidência da República IE/UFRJ

Demarest Advogados CEBRI, Diretora Executiva BBM

BNDES FGV/IBRE

Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos da Presidência da República VALE BBM CINDES BBM Eletrobras Grupo Klabin Petrobras

Conselho Empresarial Brasil-China VALE

BBM

Washington

Otaviano Canuto Banco Mundial, Diretor Executivo

(17)

Pequim

Tatiana Rosito Marcelo Della Nina Carlos Henrique Angrisani Pedro Henrique Barbosa Otávio Miranda

Petrobras, Representante em Pequim Embaixada do Brasil na China Embaixada do Brasil na China Renmin University

Renmin University

Brasília

Renato Baumann Claudia C. Tomazi Peixoto Célio Nivaldo Crippa Filho Daniela Ferreira Miranda Jorge Arbache

Larissa Wachholz Luís Fernando Tironi Marco Tulio S. Cabral Marianne Martins Guimarães Mauro Costa Miranda Nanahira de Rabelo

Pietro Carlos de Sousa Rodrigues Renata Corrêa Ribeiro

Ministério do PLanejamento Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos da Presidência da República Ministério das Relações Exteriores Agência Espacial Brasileira - AEB Secretaria de Assuntos Internacionais do Ministério do Planejamento

Vallya

Diretoria de Estudos e Relações Econômicas e Políticas Internacionais DINTE-IPEA Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais - IPRI

Ministério das Relações Exteriores Banco Central do Brasil

MCTIC

Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos da Presidência da República Agência Espacial Brasileira - AEB

(18)

Conselho Curador do CEBRI

Presidente

José Pio Borges

Presidente de Honra

Fernando Henrique Cardoso

Vice-Presidentes

José Luiz Alquéres

Luiz Felipe de Seixas Corrêa Tomas Zinner

Vice-Presidentes Eméritos

Daniel Klabin

José Botafogo Gonçalves Luiz Augusto de Castro Neves Rafael Benke

Conselheiros Eméritos

Celso Lafer Marcos Azambuja Pedro Malan

Roberto Teixeira da Costa Rubens Ricupero Conselheiros Aldo Rebelo Anna Jaguaribe Armando Mariante Arminio Fraga

Carlos Mariani Bittencourt Cláudio Frischtak Denise Gregory Gelson Fonseca Jr. Henrique Rzezinski Joaquim Falcão

Jorge Marques de Toledo Camargo José Alfredo Graça Lima

Luiz Fernando Furlan Luiz Ildefonso Simões Lopes Marcelo de Paiva Abreu

Maria do Carmo (Kati) de Almeida Braga Maria Regina Soares de Lima

Renato Galvão Flôres Jr. Roberto Abdenur

Roberto Giannetti da Fonseca Ronaldo Sardenberg Ronaldo Veirano Sérgio Quintella Sérgio Amaral Vitor Hallack Winston Fritsch

(19)

Mantenedores

Patrocinadores

(20)

Parceiros institucionais e sócios pro bonos Associados Diplomáticos Associados Estrangeiros Parceiros de Projetos Adriano Abdo Aleksander Medvedovsky Álvaro Otero Arminio Fraga

Carlos Eduardo Ernanny Carlos Leoni de Siqueira Carlos Mariani Bittencourt Celso Lafer Christian Lohbauer Christiane Aché Claudine Bichara Daniel Klabin Décio Oddone Sócios Individuais

Eduardo Marinho Christoph Eduardo Prisco Paraíso Ramos Fernando Cariola Travassos Fernão Bracher

Frederico Axel Lundgren Henrique Rzezinski Jacques Scvirer

João Felipe Viegas Figueira de Mello José Francisco Gouvêa Vieira Larissa Wachholz

Luiz Fernando Bodstein Marcelo Viera

Marcio João de Andrade Fortes

Marco Antonio Ribeiro Tura Maria Pia Mussnich Mauro Ribeiro Viegas Neto Paulo Ferracioli

Pedro Brêtas Ricardo Levisky Roberto Abdenur

Roberto Guimarães Martins-Costa Roberto Prisco Paraiso Ramos Roberto Teixeira da Costa Stelio Marcos Amarante Tomas Zinner

Vitor Hallack Winston Fritsch

(21)
(22)

Desde 1998, o think tank de referência em relações internacionais no Brasil. Eleito em 2017 o quarto melhor da América do Sul e Central pelo índice global do Think Tanks and Civil Societies Program da Universidade de Pensilvânia.

CENTRO BRASILEIRO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS

ONDE ESTAMOS:

Rua Marquês de São Vicente, 336 Gávea, Rio de Janeiro – RJ - Brazil 22451-044

Tel: +55 (21) 2206-4400 cebri@cebri.org.br

www.cebri.org Flickr

Referências

Documentos relacionados

O lúdico pode ser um material didático pedagógico que o professor pode utilizar na aprendizagem e na construção do conhecimento da criança, permitindo ao aluno momentos

Este artigo está dividido em três partes: na primeira parte descrevo de forma sumária sobre a importância do museu como instrumento para construção do conhecimento, destaco

O termo extrusão do núcleo pulposo aguda e não compressiva (Enpanc) é usado aqui, pois descreve as principais características da doença e ajuda a

A Psicologia, por sua vez, seguiu sua trajetória também modificando sua visão de homem e fugindo do paradigma da ciência clássica. Ampliou sua atuação para além da

Por último, temos o vídeo que está sendo exibido dentro do celular, que é segurado e comentado por alguém, e compartilhado e comentado no perfil de BolsoWoman no Twitter. No

De seguida, vamos adaptar a nossa demonstrac¸ ˜ao da f ´ormula de M ¨untz, partindo de outras transformadas aritm ´eticas diferentes da transformada de M ¨obius, para dedu-

•   O  material  a  seguir  consiste  de  adaptações  e  extensões  dos  originais  gentilmente  cedidos  pelo 

Verificou-se uma queda significativa de desempenho motor em todos os exercícios analisados entre a primeira e a quarta série (P < 0,01), tanto nos homens quanto nas mulheres,