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O cuidado em saúde ao usuário de álcool e outras drogas : estudo qualitativo sobre a percepção dos profissionais da saúde

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Academic year: 2021

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BRUNNA VERNA CASTRO GONDINHO

O CUIDADO EM SAÚDE AO USUÁRIO DE ÁLCOOL E OUTRAS

DROGAS: ESTUDO QUALITATIVO SOBRE A PERCEPÇÃO DOS

PROFISSIONAIS DA SAÚDE

Piracicaba 2020

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O CUIDADO EM SAÚDE AO USUÁRIO DE ÁLCOOL E OUTRAS

DROGAS: ESTUDO QUALITATIVO SOBRE A PERCEPÇÃO DOS

PROFISSIONAIS DA SAÚDE

Tese apresentada à Faculdade de Odontologia de Piracicaba da Universidade Estadual de Campinas, como parte dos requisitos exigidos para a obtenção do título de Doutora em Odontologia, na Área de Saúde Coletiva.

Orientador: Profa. Dra. Luciane Miranda Guerra

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À

VERSÃO FINAL DA TESE DEFENDIDA PELA

ALUNA BRUNNA VERNA CASTRO

GONDINHO E ORIENTADA PELA PROFA. DRA. LUCIANE MIRANDA GUERRA.

Piracicaba 2020

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Aos meus pais, Josemiro Teixeira Gondinho e Darlene Castro dos Anjos Gondinho, obrigada por nunca terem poupado esforços para minha formação; e pelo amor incondicional em todos os momentos da minha vida. Amo vocês!;

À minha irmã Brenna Rayana Castro Gondinho, pelo apoio incondicional, admiração, pelo convívio e pelo compartilhamento de nossas diferenças, fazendo-nos conhecer o novo. Te amo, maninha!;

À Cláudia Aline de Brito Oliveira, companheira de vida, pelo apoio, pela compreensão e pelo estímulo nesta caminhada, sempre me proporcionando oportunidades de transformação, na busca por um sonho. Te amo!;

A Profa. Dra. Luciane Miranda Guerra, amiga, orientadora, exemplo de pessoa e de profissional, pela paciência, pela competência, pelas oportunidades, pelos conselhos e pelo incentivo ao meu amadurecimento e liberdade. Obrigada!;

A toda a minha família e amigos, pela compreensão nos momentos de minha ausência física e mental;

Aos Professores Doutores Antonio Carlos Pereira e Marcelo de Castro Meneghim pelas oportunidades e conselhos durante a minha caminhada na pós-graduação da FOP/UNICAMP;

A toda representação da energia divina, pelo dom da vida e pela sua onipresença e onipotência em minha vida, agradeço pelas incontáveis graças que recebi e recebo diariamente;

Aos meus colegas, amigos e alunos da FOP/UNICAMP, pela companhia e pela rica troca de experiências;

A todas as pessoas que, diretamente e indiretamente, colaboraram com a pesquisa. O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.

O presente trabalho foi realizado com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), processo nº 162268/2018-1.

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O cuidado em saúde, entendido por meio do modelo originário do trabalho, é práxis mecanizada, fragmentada e impessoal, condizente ao processo de valorização, no capitalismo. A intensificação do consumo de álcool e outras drogas no mundo e no Brasil, deixa clara a necessidade de estratégias que considerem, além das determinações psíquicas, clínicas, dentre outras; as sociais, portanto ações não restritas ao setor saúde. Assim, o objetivo do estudo 01 foi, por meio de uma metassíntese, sistematizar e analisar evidências levantadas por estudos de natureza qualitativa que abordam a percepção dos profissionais de saúde de todos os níveis de escolaridade sobre o cuidado aos usuários de álcool e outras drogas; enquanto que o do estudo 02 foi, através de um estudo qualitativo desenvolvido em um município de médio porte do estado de São Paulo, desvelar, a partir das concepções desses atores, como se dá o cuidado em saúde aos usuários de álcool e outras drogas na Estratégia Saúde da Família. Utilizou-se a pergunta norteadora para ambos os estudos: como se dá o cuidado em saúde aos

usuários de álcool e outras drogas na Estratégia Saúde da Família? Na metassíntese surgiu

uma categoria que, a partir de uma leitura marxista e lukacsiana, expõe as contradições de dois modelos explicativos do problema: Modelo médico/doença versus Modelo sociocultural. A literatura aponta para um debate entre os dois modelos, como se um, ao considerar questões comunitárias territoriais fosse superior ao outro que leva em conta as questões biológicas. Entretanto, eles observam o fenômeno em estudo através do recorte biológico, este como elemento separado das bases fundantes da sociedade burguesa. Do material empírico gerado pela pesquisa de campo e após a sua análise pela técnica de conteúdo temático-categorial, emergiram duas categorias por parte dos sujeitos pesquisados: 1) Estigma e Curativismo; 2) Necessidades em Saúde. O desvelar da essência de cada uma delas no interior da atual formação social, aponta que o capital investe em corpos detentores de força de trabalho; que o cuidado em saúde reificado é parte do processo de valorização; bem como que o capitalismo envolve a sociedade em uma lógica de consumo, inclusive por cuidados em saúde, onde os Determinantes Sociais da Saúde (DSS) apresentam-se como partes autônomas da totalidade social. Assim, o cenário encontrado nos estudos é desfecho de um processo sócio histórico, onde as categorias discutidas à luz do referencial teórico adotado são envolvidas pela dinâmica do capitalismo. Esta pesquisa apenas trouxe à tona os entendimentos analisados acerca do objeto de estudo, explorando-os por meio da perspectiva da totalidade social. Espera-se que este debate sirva de subsídio para o aprimoramento do cuidado ao usuário de

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Palavras-chave: Assistência à Saúde. Capitalismo. Pesquisa Qualitativa. Usuários de Drogas. Trabalho.

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Health care, understood through the original model of work, is mechanized, fragmented and impersonal praxis, consistent with the process of valorization, in capitalism. The intensification of the consumption of alcohol and other drugs in the world and in Brazil, makes clear the need for strategies that consider, in addition to psychic and clinical determinations, among others; social ones, therefore actions not restricted to the health sector. Thus, the objective of study 01 was, by means of a meta-synthesis, to systematize and analyze evidence raised by studies of a qualitative nature that address the perception of health professionals of all levels of education about the care of users of alcohol and other drugs; while study 02 was, through a qualitative study developed in a medium-sized city in the state of São Paulo, unveiling, based on the concepts of these actors, how health care is provided to users of alcohol and other drugs in Family Health Strategy. The guiding question for both studies was used: how is health care provided to users of alcohol and other drugs in the Family Health Strategy? In the meta-synthesis, a category emerged that, from a Marxist and Lukacsian reading, exposes the contradictions of two explanatory models of the problem: Medical / disease model versus sociocultural model. The literature points to a debate between the two models, as if one, when considering territorial community issues, was superior to the other that takes into account biological issues. However, they observe the phenomenon under study through a biological approach, this as a separate element from the founding bases of bourgeois society. From the empirical material generated by the field research and after its analysis using the thematic-categorical content technique, two categories emerged from the subjects surveyed: 1) Stigma and Curativism; 2) Health Needs. The unveiling of the essence of each one of them within the current social formation, points out that capital invests in bodies with a workforce; that reified health care is part of the recovery process; as well as that capitalism involves society in a logic of consumption, including health care, where the Social Determinants of Health (DSS) present themselves as autonomous parts of the social totality. Thus, the scenario found in the studies is the outcome of a socio-historical process, where the categories discussed in the light of the adopted theoretical framework are involved by the dynamics of capitalism. This research only brought out the analyzed understandings about the object of study, exploring them through the perspective of social totality. It is hoped that this debate will serve as a subsidy for improving care for users of alcohol and other drugs, as well as assisting its actors in recognition as active subjects of the current social conformation.

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1. INTRODUÇÃO 11

1.1 O cuidado em saúde enquanto práxis 13 1.2 Implicações da pesquisadora 15

2. ARTIGOS 17

2.1 Artigo: A percepção dos profissionais de saúde sobre o cuidado aos usuários de álcool e outras drogas: metassíntese.

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2.2 Artigo: Concepções de gestores sobre o cuidado em saúde aos usuários de álcool e outras drogas na estratégia saúde da família.

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3. DISCUSSÃO 48

4. CONCLUSÃO 52

REFERÊNCIAS 53

APÊNDICE 59

Apêndice 1 – Roteiro para os grupos focais. 59

ANEXOS 60

Anexo 1 – Certificado do Comitê de Ética em Pesquisa. 60 Anexo 2 – Relatório final de similaridade. 61 Anexo 3 – Comprovante de submissão do artigo. 62

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1 INTRODUÇÃO

Droga é qualquer substância não elaborada pelo organismo que tem a propriedade de atuar sobre os seus sistemas e causar alterações em seu funcionamento. Algumas drogas (lícitas ou ilícitas) são capazes de modificar o funcionamento cerebral, e por essa razão são denominadas de drogas psicotrópicas ou substâncias psicoativas. Tais alterações podem acarretar em doença psiquiátrica de ordem biopsicossocial (Alarcon, 2014).

Cerca de 275 milhões de pessoas em todo o mundo usaram drogas pelo menos uma vez, número que corresponde a 5,6% da população global com idades entre os 15 e os 64 anos. Pararelamente, o recorde da produção de cocaína e de ópio favorece o crescimento do mercado de drogas ilícitas (World Drug Report - WHO, 2018).

O álcool e o tabaco são as drogas que mais favorecem a morbimortalidade da população e a perda de anos de vida por incapacidade (World Health Organization – WHO, 2014). Em 2016, o nível mundial de consumo de álcool foi de 6,4 litros por pessoa, com idade a partir de 15 anos e, em relação ao tabaco, sabe-se que ele é responsável, anualmente, por cerca de seis milhões de mortes ao redor do mundo (WHO, 2015). Assim, o abuso de álcool e outras drogas encontra-se entre os principais problemas mundiais de saúde pública (Whiteford et al., 2013).

Somado ao exposto, o sofrimento e as queixas de origem psíquica tornaram-se as mais relevantes, senão os principais motivos de procura por serviços de saúde no Brasil e no mundo (WHO, 2013). Nessa perspectiva, a Organização Mundial de Saúde orienta que haja um reforço das ações voltadas à prevenção e ao tratamento do abuso de substâncias, incluindo o abuso de drogas entorpecentes e uso nocivo do álcool (WHO, 2018).

Nos países de média e baixa renda, incluindo o Brasil, o assunto é debatido no âmbito de ações e programas, onde são levantadas questões acerca da constituição de sistemas que, regulamentados por políticas públicas, desenvolvam e implementem infraestruturas, intervenções e serviços que visam, ao menos, minorar os efeitos deste fenômeno (Brasil, 2008). Assim, o Sistema Único de Saúde (SUS) propõe ações focadas na integralidade, com o planejamento e a implementação direcionados às pessoas que consomem tais substâncias focando no reconhecimento dos determinantes e condicionantes do problema. Dá ênfase ao compartilhamento de responsabilidades e de participação dos sujeitos direta e indiretamente envolvidos (Brasil, 2003).

Esta é a legitimação de uma nova lógica para o cuidado em saúde, a partir da produção de diálogos, construção de autonomia e relações democráticas entre os sujeitos envolvidos no ato de cuidar – perspectiva relacional subjetiva. Procura-se, com isso, romper

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com o modelo de saúde hegemônico biomédico, cuja ultra especialização e o tecnicismo do processo de trabalho produzem serviços e ações em saúde distantes das realidades territoriais (Merhy, 2014).

Entretanto, a atual intensificação do consumo de álcool e outras drogas no mundo e no Brasil, bem como seus impactos cada vez mais destrutivos (WHO, 2014), deixa claro que a condução desse fenômeno, pelas elaborações estratégicas já expostas, surge já designada a uma limitação estrutural.

No atual período histórico - capitalismo, em que tais condições requisitam dos profissionais de saúde um cuidado crítico, reflexivo e contínuo, o trabalho em saúde, entendido por meio do modelo originário do trabalho, passa por mudanças que o colocam como práxis mecanizada, fragmentada e impessoal, condizente às determinações do processo de valorização (Gomes e Schraiber, 2011; Gomes, 2012). Ou seja, para que o fenômeno seja compreendido em totalidade é necessário desvelar que a sua raiz está na mercadorização de todas as dimensões da vida social, inclusive da saúde.

Estudos demonstram a dificuldade dos profissionais da saúde no cuidado aos usuários de álcool e outras drogas, revelando a resistência de alguns trabalhadores em lidar com tal demanda (Vargas, 2001), bem como a falta de satisfação pessoal e profissional em atendê-los (Pillon, 2003); indiferença na oferta da assistência a esses pacientes (Reyes e Luis, 2004); reconhecimento da existência de dificuldades consideráveis na assistência oferecida aos usuários de drogas (Barros, 2006); discriminação dos usuários e ênfase à inexistência de rede efetiva em saúde mental (Nunes et al., 2007); ações de predominância biomédica (Silveira e Vieira, 2009); assistência entendida por prática de encaminhamentos (Fiúza et al., 2011), falta de aceitação da situação de drogadição (Branco et al, 2013); que a tristeza, o desconforto, a compaixão, a insegurança, o medo e receio foram os sentimentos destacados por profissionais da ESF em relação à demanda de dependentes químicos (Gondinho, 2014) e que estes profissionais compreendem o uso de substâncias por uma perspectiva biomédica, moral, estigmatizantes, bem como naturalizam uso e o usuários (Costa e Paiva, 2016).

Tais constatações representam um desafio para a sociedade e para o SUS, visto que a questão social vinculada ao fenômeno é progressivamente neutralizada por meio da sua crescente transposição para a abordagem e ferramentas apenas das ciências biomédicas, com predominância de ações com esse caráter realizadas por trabalhadores de saúde alienados frente à totalidade social que os permeia.

Existem discussões na literatura sobre o cuidado em saúde a partir de uma ontologia de natureza mais próxima à fenomenologia (Ayres, 2004; Oliveira e Carraro, 2011). Por mais

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que esses debates enalteçam as reflexões acerca do assunto, não atingem o plano materialista histórico-dialético, necessário para se desvelar a essência do objeto estudado.

Portanto, adota-se aqui o conceito de cuidado em saúde que, historicamente, assume variadas expressões, e que no capitalismo, configura-se consoante às determinações de produção de valor. Esse entendimento dá importância ao plano ontológico do cuidado, uma vez que requer a apreensão de que o mesmo possui existência objetiva, tanto em forma (aparência) quanto em essência.

1.1 O cuidado em saúde enquanto práxis

O trabalho é atividade imanente e permanente na existência humana, elemento propulsor da vida em sociedade e precursor da práxis social. Diferentemente do que acontece no reino animal, ao modificar a natureza através do trabalho para satisfazer as suas necessidades, o homem imprime uma finalidade (teleologia) a essa execução, ou seja, ao final do processo de trabalho obtém-se um resultado objetivo (real), tanto em forma (aparência) quanto em essência e que anteriormente, existiu em sua imaginação (Souza e Mendonça, 2017; Lukács, 2012 e 2013).

Desta forma, o homem transforma a natureza, mas também se transforma (Marx, 1988). E, ao distanciar-se das barreiras naturais, torna-se ser social. Desse processo de crescente complexificação surgem novas necessidades que demandam outros tipos de objetivações (atividades), práxis particulares, como o cuidado em saúde (Souza e Mendonça, 2017; Lukács, 2012 e 2013).

Essa dinâmica não é decisão restrita ao campo da individualidade do homem, como também não evolui de forma linear, é submetida às causalidades naturais e histórico-sociais. Portanto, produto de uma relação recíproca entre teleologia e causalidade que pode vir a se estruturar de diversos modos, a partir de cada formação social (Semeghini, 2010).

Nessa perspectiva, o cuidado em saúde, como qualquer práxis, é entendido por meio do modelo originário do trabalho, uma vez que o ato de cuidar é ação teleologicamente direcionada. Por consequência, é objetivação (realidade) atravessada por cadeias causais que escapam do controle de quem a realiza. Assim, constitui-se do “entrelaçamento” de teleologia e causalidade (Souza e Mendonça, 2017; Lukács, 2012 e 2013).

Essa causalidade não se restringe ao plano biológico/natural do ser humano, mas engloba também os aspectos sociais, como:

“as condições de prestação do cuidado, o nível de desenvolvimento do saber próprio daquela práxis, as relações de

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interdependência com outros profissionais no interior da divisão técnico-científica da saúde, as relações sociais às quais está imerso o indivíduo ou a coletividade que receberá o cuidado” (Souza e

Maurício, 2018, p. 501).

Em cada conformação econômico-social historicamente experimentada pela humanidade (comunista primitiva, escravista, feudal e capitalista), o cuidado tem adotado uma dinâmica, dadas as particularidades do seu tempo. Na sociedade capitalista, o trabalho (práxis geral) e as práxis particulares (exemplo: cuidado em saúde) são processos de valorização, portanto, não são orientados à livre provisão das necessidades humanas, mas sim, às exigências do mercado imaginação (Marx, 1988; Souza e Mendonça, 2017). Nesse contexto, o cuidado em saúde se particulariza como agir técnico-científico fragmentado, profissionalizado e especializado, que pela “reificação” viabiliza a extração de valor (Silva e Cavalcanti, 2013).

Isso ocorre a partir do assalariamento de trabalhadores, do “trabalho morto” (instrumentos, equipamentos, insumos médicos em geral), da alienação dos sujeitos através da aceitação e reprodução da máxima de que os “processos de tomada realista de decisão” orientados para os mercados não devem ser incomodados e/ou bloqueados pelas estímulos relativos à saúde, ou até mesmo à simples sobrevivência (Mészáros, 2011), ou seja, pela lógica mercantil que transforma o ato de cuidar em valor (Netto e Braz, 2010).

Contudo, o capitalismo dotou a humanidade de forças produtivas tão desenvolvidas que, pela primeira vez, os homens podem assimilar a história como produto deles próprios e não mais como fardo imposto por deuses e/ou natureza. Assim, mesmo inserido neste processo produtivo que ele mesmo tornou realidade, o homem é o único responsável pelo seu destino (Lessa, 2015).

Portanto, ainda que alienado em meio ao desdobramento ideológico hegemônico que pode esconder as contradições sociais que determinam a vida, há possibilidade de que as atitudes (objetivações) dos trabalhadores da saúde, enquanto seres sociais ativos, tornem-se coerentes às verdadeiras possibilidades para a construção de uma sociedade emancipada. Afinal, o pensamento do homem pode coisificar, mas também descobrir a reificação e apanhar outros movimentos fincados à totalidade social, vislumbrando a possibilidade de sua desalienação e do pleno desenvolvimento humano (Lessa, 2015).

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1.2 Implicações da pesquisadora

O Brasil é um país com amplas desigualdades regionais e sociais e o SUS por mais que tenha aumentado o acesso ao cuidado com a saúde para uma parcela considerável da população brasileira, também é progressivamente privatizado (Paim et al., 2011). Isso porque o Estado, por meio das políticas públicas, em particular de saúde, utiliza da sua institucionalidade, para a reprodução da valorização do capital (Mendes e Carnut, 2017).

Nesta mesma linha de atuação, verificam-se medidas que vêm sendo implementadas no país com clara opção pela austeridade, onde o Brasil é parte de um “experimento natural” (Stuckler e Basu, 2014) em curso para o banco mundial. Representa, portanto, a visão predominantemente neoliberal sobre a economia e as funções do Estado no campo das políticas sociais, este como produtor não desinteressado do bem comum e forma política do capital (Correia, 2015; Mendes e Carnut, 2017; Santos e Vieira, 2018).

Parte do conjunto de mudanças ocorridas no Sistema único de Saúde, encontra-se a Nova Política Nacional Sobre Drogas implementada pelo atual governo conservador, que focalizada no tratamento e abstinência dos usuários, aumenta o número das vagas em comunidades terapêuticas. Trata-se de um caminho de controle sobre corpos desviados e improdutivos ao capital. Inverso à perspectiva da redução de danos, que considera as pessoas como diferentes, com padrões de uso distinto, e que considera que a compreensão dessa questão está conexa a totalidade das relações sociais (Brasil, 2019).

Frente ao exposto, a pesquisadora, por meio do Curso de Formação Política em Saúde realizado na Associação Paulista de Saúde Pública, aproximou-se do Coletivo Formação é

Política, o qual pensa o trabalho em saúde a partir de um debate de filiação marxista, bem

como estimula a visão crítica por parte dos seus participantes. Assim, esta investigadora implicou-se com tais discussões e passou a indagar-se sobre o seu objeto de pesquisa a partir desta perspectiva.

Com as perguntas: como se dá o cuidado aos usuários de álcool e outras drogas?

Qual a atuação dos trabalhadores da saúde neste cuidado? e no contexto das mudanças

contemporâneas apontadas como bojo do momento crítico experimentado pela a saúde pública brasileira, esta pesquisadora considerou que são bem vindas as reflexões que possam ampliar os horizontes de debate sobre o pensamento econômico e social hegemônico no capitalismo, bem como a respeito do presente e o futuro da saúde como direito no Brasil (Mendes et al., 2017), entendendo que é inadiável que a sociedade, e somente ela, resolva os impasses e limitações existentes nas decisões estatais (Correia, 2015).

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Nesse contexto, elaborou-se a hipótese de que o cuidado ao usuário de álcool e outras drogas, para os profissionais da saúde, contempla apenas ações de caráter biomédico, portanto apartadas da totalidade social que os permeia. Desta forma, o objetivo desta pesquisa foi compreender, à luz do referencial teórico marxista e lukacsiano, a percepção dos profissionais da saúde sobre o cuidado ao usuário de álcool e outras drogas.

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2 ARTIGOS

Esta tese está baseada na Resolução CCPG/002/06/UNICAMP, que regulamenta o formato alternativo de impressão das teses de doutorado, permitindo a inserção de artigos científicos de autoria do candidato. Por se tratar de pesquisa envolvendo seres humanos, o projeto de pesquisa deste trabalho foi submetido à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), tendo sido aprovado sob protocolo CAAE nº 62565216.2.0000.5418. O Artigo 1 foi submetido na Revista de Saúde Pública – Qualis A2 e encontra-se formatado segundo as normas do periódico citado.

A PERCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE SOBRE O CUIDADO AOS USUÁRIOS DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS: METASSÍNTESE.

RESUMO

OBJETIVO: Sistematizar e analisar evidências levantadas por estudos de natureza qualitativa que abordam a percepção dos profissionais de saúde sobre o cuidado aos usuários de álcool e outras drogas.

MÉTODOS: Metassíntese de resultados, realizada a partir da Biblioteca Virtual em Saúde, utilizando a estratégia de busca ((tw:(pessoal de saúde)) AND (tw:(cuidado)) AND

(tw:(transtornos relacionados ao uso de substâncias)) OR (tw:(usuários de drogas)) OR (tw:(alcoólicos)), e filtrando artigos brasileiros (filiação e assunto), publicados de 2009 a

2019. Identificou-se 412 artigos. Foram excluídos artigos de pesquisas quantitativas ou quanti-qualitativas, ensaios, debates, revisões da literatura, relatos de experiências e pesquisas que não incluíram os profissionais de saúde como sujeitos. Assim, foram selecionados e analisados 6 estudos, estes submetidos ao modelo de avaliação de qualidade Critical Appraisal Skills Programme - Qualitative Checklist (CASP). Os dados desta revisão foram organizados e analisados em três etapas: I) Interpretação de primeira ordem – conceitos achados nos artigos; II) Interpretação de segunda ordem – comparação e agrupamento dos conceitos da primeira etapa; III) Interpretação de terceira ordem – reinterpretação dos conceitos da segunda etapa. Nas três etapas formularam-se respostas à questão norteadora do estudo “para os

profissionais de saúde sujeitos dos artigos pesquisados, como se dá o cuidado aos usuários de álcool e outras drogas?”.

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RESULTADOS: Em quatro estudos os sujeitos foram os profissionais da Estratégia Saúde da Família e a entrevista individual foi realizada em todas as pesquisas. A hermenêutica e a análise de conteúdo temático-categorial foram adotadas em dois trabalhos dos seis trabalhos. Da análise, surgiu uma categoria que expõe as contradições de dois modelos explicativos do problema: Modelo médico/doença versus Modelo sociocultural. A literatura aponta para uma disputa entre os dois modelos, como se um, ao considerar questões comunitárias territoriais fosse superior ao outro que leva em conta as questões biológicas. Entretanto, eles observam o fenômeno em estudo através do recorte biológico, este como elemento separado das bases fundantes da sociedade burguesa.

CONCLUSÕES: Ambas as categorias discutidas são envolvidas por processos das relações sociais capitalistas. Assim, espera-se que este debate subsidie o aprimoramento do processo de trabalho em saúde, bem como auxilie os seus atores no reconhecimento enquanto sujeitos ativos de uma conformação sócio histórica, que mesmo marcada por inúmeras contradições, oferece elementos que possibilitam a sua superação.

Palavras-Chave: Pessoal da Saúde. Cuidado. Transtornos relacionados ao uso de substâncias. Usuários de drogas. Alcoólicos.

ABSTRACT

OBJECTIVE: To systematize and analyze evidence from qualitative studies that address the perception of health professionals about the care of users of alcohol and other drugs.

METHODS: results meta-synthesis, performed from the Virtual Health Library, using the search strategy ((tw: (health personnel)) AND (tw: (care)) AND (tw: (substance use disorders)) OR (tw: (drug users)) OR (tw: (alcoholics)), and filtering Brazilian articles (affiliation and subject), published from 2009 to 2019. We identified 412 articles. We excluded articles from quantitative or quantitative and qualitative research, essays, debates, literature reviews, experience reports, and research that did not include health professionals as subjects, thus six studies were selected and analyzed and submitted to the Critical Appraisal Skills Program - Qualitative Checklist (CASP) quality assessment model. The data of this review were organized and analyzed in three stages: I) First-order interpretation - concepts found in the articles; II) Interpretation of the second order - comparison and grouping of the concepts of the first stage; III) Interpretation of the third order - reinterpretation of the concepts of the second stage. In the three stages answers were formulated to the guiding

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question of the study “For health professionals subject to the researched articles, how do you care for users of alcohol and other drugs?”.

RESULTS: In four studies, the subjects were the Family Health Strategy professionals and the individual interview was conducted in all researches. Hermeneutics and thematic-categorical content analysis were adopted in two papers out of six papers. From the analysis, a category emerged that exposes the contradictions of two explanatory models of the problem: Medical model / disease versus Sociocultural model. The literature points to a dispute between the two models, as if one, when considering territorial community issues was superior to the other that takes into account biological issues. However, they observe the phenomenon under study through a biological approach, this as a separate element from the founding bases of bourgeois society.

CONCLUSIONS: Both categories discussed are involved by processes of capitalist social relations. Thus, it is hoped that this debate will support the improvement of the health work process, as well as assist its actors in the recognition as active subjects of a socio-historical conformation, which even marked by innumerable contradictions, offers elements that allow its overcoming.

Keywords: Health Personnel. Care. Substance-related disorders. Drug users. Alcoholics.

INTRODUÇÃO

O cuidado em saúde, no capitalismo, apresenta-se como práxis mecanizada, fragmentada e impessoal, condizente às determinações do processo de valorização. Dentre os principais motivos para a procura por serviços de saúde no Brasil e no mundo, são as queixas de origem psíquica1, que requisitam dos profissionais de saúde um cuidado crítico, reflexivo e contínuo11.

A organização dos serviços, dispositivos e práticas em saúde, incluindo a atenção primária à saúde, é historicamente, influenciada pelo perfil de morbimortalidade e de transição epidemiológica2. Consequentemente, o abuso de álcool e outras drogas está entre os principais problemas mundiais de saúde pública3.

Aproximadamente 275 milhões de pessoas em todo o mundo usaram drogas pelo menos uma vez em 2016, número que corresponde a 5,6% da população global com idades entre os 15 e os 64 anos. No mesmo ano, o nível mundial de consumo de álcool foi de 6,4 litros por pessoa, com idade a partir de 15 anos. A expansão dos mercados de drogas ilícitas atingiu recorde, com a produção de cocaína e de ópio4.

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Em paísses de média e baixa renda, incluindo o Brasil, espera-se, por recomendação da Organização Mundial de Saúde, que os sistemas de saúde, regulamentados por políticas públicas, elaborem e executem infreaestrutura, serviços e intervenções que minorem os efeitos desse problema5.

O reconhecimento dos determinantes e condicionantes do problema6, o Sistema Único de Saúde, componente do princípio da integralidade, busca a legitimação de uma nova lógica para o cuidado em saúde, a partir da produção de diálogos, construção de autonomia e relações democráticas entre os sujeitos envolvidos no ato de cuidar – perspectiva relacional subjetiva que rompa com o modelo de saúde hegemônico biomédico e suas características distantes da realidade social7.

Entretanto, é possível observar uma intensificação do consumo de álcool e outras drogas, com impactos cada vez mais destrutivos, no mundo e no Brasil8. O que demonstra a insuficiência dessas estratégias, especialmente por conceberem os serviços de saúde em uma esfera em que seus atores – comunidade, gestores e trabalhadores - são imaginados de maneira teórica e abstrata9, estranhados às determinações oriundas da totalidade social10,11.

Frequentemente, o cuidado em saúde é tema das discussões na literatura, muitas das quais, ancoram-se em uma ontologia de natureza mais próxima à fenomenologia12,13. Estas engrandecem os debates sobre o assunto, mas não atingem o plano materialista histórico-dialético, necessário para se desvelar a essência do objeto estudado, pois no capitalismo, a mercadorização de todas as dimensões da vida – inclusive da saúde - é a raiz problemática10,14.

Adota-se aqui o conceito de cuidado em saúde que, historicamente, assume variadas expressões, e que no capitalismo, configura-se consoante às determinações de produção de valor. Esse entendimento dá importância ao plano ontológico do cuidado, uma vez que requer a apreensão de que o mesmo possui existência objetiva, tanto em forma (aparência) quanto em essência15-18.

Ao compreender que se torna necessária a organização de informações úteis para se pensar em estratégias não alienadas da formação social, buscou-se sistematizar e analisar evidências levantadas por estudos de natureza qualitativa que abordam a percepção dos profissionais de saúde sobre o cuidado aos usuários de álcool e outras drogas.

MÉTODOS

Este artigo apresenta uma revisão do tipo metassíntese de resultados acerca da percepção dos profissionais de saúde sobre o cuidado aos usuários de álcool e outras drogas,

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publicados entre janeiro de 2009 e outubro 2019. Com o intuito de investigar a realidade brasileira, foram selecionadas as publicações a partir da Biblioteca Virtual em Saúde (Bireme), que reúne bases de dados em Ciências da Saúde, como: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs), Scientific Electronic Library

Online (SciELO) e Medical Literature Analysis and Retrievel System Online (Medline). A

escolha desse modelo se deu porque a metassíntese é uma abordagem metodológica utilizada para o estudo rigoroso de conclusões qualitativas, cujas interpretações e redefinições resultam em (re)conceitualizações das conclusões originais19.

A questão norteadora desta revisão foi: “para os profissionais de saúde, como se dá o

cuidado aos usuários de álcool e outras drogas?”. Para tanto, foi feita busca na Bireme em

outubro de 2019 usando a estratégia ((tw:(pessoal de saúde)) AND (tw:(cuidado)) AND

(tw:(transtornos relacionados ao uso de substâncias)) OR (tw:(usuários de drogas)) OR (tw:(alcoólicos)). Aplicou-se os filtros: artigos científicos, país de filiação – Brasil, país como

assunto – Brasil, bem como texto completos publicados de 2009 a 2019. O resultado foi de 412 artigos identificados.

Esse resultado foi exportado para a ferramenta Covidence, que detectou 41 documentos duplicados. A seguir, iniciou-se o processo de rastreamento que apresentasse resultados originais de cunho qualitativo e tratasse do tema em questão. O processo foi realizado pela autora principal com a supervisão dos coautores, o que minimizou os vieses decorrentes da realização por apenas um avaliador.

Os critérios de exclusão consideraram: tipo de abordagem metodológica utilizada nas pesquisas, sujeitos do estudo e natureza do artigo. Nessa direção, foram excluídos artigos de pesquisas quantitativas ou quanti-qualitativas, ensaios, debates, revisões da literatura, relatos de experiências, bem como os que não incluíram os profissionais de saúde como sujeitos da pesquisa.

Obedecendo a esses critérios, o processo de seleção dos artigos se deu em duas etapas: 1) análise dos títulos e dos resumos, 2) análise dos textos completos. Assim, foram excluídos na primeira etapa 338 artigos, restando para a segunda etapa 33 publicações. Nessa última fase, ainda foram excluídos 27 artigos por população e desenho de estudo, restando 6 publicações para a metassíntese. A Figura 1 demonstra o fluxo de seleção de artigos, cujo resultado se constituiu no corpus desta metassíntese.

(22)

Figura 1. Fluxograma do processo de seleção de artigos.

Todos os artigos selecionados foram submetidos ao modelo de avaliação de qualidade Critical Appraisal Skills Programme (CASP) - Qualitative Checklist20 (Quadro 1), onde as publicações selecionadas foram pontuadas em cada critério como: 1 - se o critério foi atendido; 0 - se o critério não for atendido; 0,5 - se o critério foi parcialmente atendido. A pontuação máxima para um artigo foi 1021,22. Esta avaliação CASP foi realizada para garantir transparência no risco potencial de viés, estudos foram incluídos na revisão, independentemente do escore de qualidade.

Moretti-Pires et al., 2011. Schneider et al., 2013. Silveira et al., 2016. Pinto et al., 2017. Souza et al., 2017. Aquino et al., 2018. Houve uma declaração

clara dos objetivos da pesquisa? 1 1 1 1 1 1 A metodologia qualitativa é apropriada? 1 1 1 1 1 1 O desenho da pesquisa foi apropriado para

1 0,5 1 1 1 1

Itens CASP

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atender aos objetivos da pesquisa?

A estratégia de recrutamento foi adequada aos objetivos da pesquisa? 1 1 1 0,5 1 1 Os dados foram coletados de maneira a abordar a questão da pesquisa? 1 1 1 1 0,5 0,5 A relação entre pesquisador e participantes foi considerada adequadamente? 1 1 1 1 1 0,5

Questões éticas foram levadas em

consideração?

1 1 1 1 1 1

A análise dos dados foi suficientemente

rigorosa?

0,5 1 0,5 1 1 1

Existe uma declaração clara dos resultados?

1 1 0,5 1 1 1

Qual é o valor da pesquisa?

1 1 0,5 1 1 1

Total 9,5 9,5 8,5 9,5 9,5 9,0

Quadro 1. Pontuação dos artigos avaliados item por item para o Critic Appraisal Skill Program (CASP).

Para a análise dos dados, adotou-se a estratégia proposta por Noblit & Hare23, uma vez que os estudos selecionados apresentam muitas similaridades entre si, razão por que se recomenda que sejam confrontados pelo constante movimento de revisão e comparação das ideias e dos conceitos contidos neles. Assim, os dados desta revisão foram organizados e

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analisados em três etapas, a saber: I – Interpretação de primeira ordem – conceitos achados nos artigos; II – Interpretação de segunda ordem – comparação e agrupamento dos conceitos da primeira etapa; III – Interpretação de terceira ordem – reinterpretação dos conceitos da segunda etapa. Cabe ressaltar que, nas três etapas formulam-se respostas à questão norteadora do estudo, momentos em que o conteúdo foi analisado, discutido e validado por pesquisadores pares.

RESULTADOS

A Tabela 1 apresenta a caracterização dos seis artigos selecionados. Quanto à distribuição dos estudos por região brasileira, não há estudo da região centro-oeste, enquanto que quatro estudos estão nas regiões Sul e Sudeste. Quanto aos sujeitos, quatro estudos foram realizados com profissionais da Estratégia Saúde da Família e, em relação ao procedimento de coleta, a entrevista individual foi realizada em todos os estudos, seja como único procedimento de coleta, ou em combinação com observação e grupo focal.

Quanto à abordagem teórica e análise dos dados, a hermenêutica e a análise de conteúdo temático-categorial foram adotadas em dois trabalhos.

Tabela 1. Caracterização dos artigos incluídos na metassíntese.

Nº do Artigo

Autor/Ano Título Região do Estudo Sujeitos da Pesquisa Procedimentos de Coleta de Dados Abordagem Teórica Tipo de Análise 1 24 Moretti-Pires et al., 2011. Enfermeiro de Saúde da Família na Amazônia: conceitos e manejo na temática do uso de álcool. Norte Enfermeiros ESF Grupos Focais e Entrevistas Individuais semiestruturadas

Não declarada Não declarada 2 25Schneider et al.,2013. Atendimento a usuários de drogas na perspectiva dos profissionais da estratégia saúde da família. Sul Profissionais da ESF Entrevistas e Observação de Campo Hermenêutica Método Comparativo Constante 3 26Silveira et al., 2016. O cuidado aos dependentes químicos: com a palavra profissionais de saúde de centros de atenção. Sudeste Profissionais CAPS álcool e drogas Entrevistas Reforma Psiquiátrica Análise de Conteúdo temático-categorial 4 27Pinto et al., 2017. Vivências na Estratégia Saúde da Família: demandas e vulnerabilidades no território. Nordeste Profissionais ESF Entrevistas Semiestruturadas e Observação Sistemática Hermenêutica Hermenêutica

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5 28Souza et al., 2017. Saúde mental na Estratégia Saúde da Família: a percepção dos profissionais. Sudeste Profissionais ESF Grupos Focais, Observação e Entrevistas Individuais Pesquisa Estruturalista Análise por semelhança e conexões (Iramuteq) 6 29Aquino et al., 2018. Necessidades em saúde de puérperas dependentes químicas na perspectiva dos profissionais de Enfermagem. Sul Enfermeiros de uma Maternidade Pública Entrevista Semiestruturada

Saúde Coletiva Análise de conteúdo temático-categorial

Com base na questão de investigação, a análise do conteúdo dos resultados dos 06 artigos elencou dez conceitos de primeira ordem23.

Tabela 2. Resposta dos artigos à pergunta norteadora “para os profissionais de saúde sujeitos

dos artigos pesquisados, como se dá o cuidado aos usuários de álcool e outras drogas?” e os

conceitos de primeira ordem23.

Nº do Artigo

Autor/Ano Título Para os profissionais de saúde sujeitos dos artigos pesquisados, como se dá o cuidado aos usuários de álcool e outras drogas?

Conceitos de Primeira Ordem23.

1 24 Moretti-Pires et al., 2011. Enfermeiro de Saúde da Família na Amazônia: conceitos e manejo na temática do uso de álcool.

 Os enfermeiros referem o uso de álcool como uma doença, focando no tratamento. Para os entrevistados, os indivíduos acometidos não têm domínio sobre suas ações e negam que estão doentes. Ao adorarem esta perspectiva, primam pela abordagem do uso do álcool como doença que necessita de tratamento.

 É extremamente importante a participação diária do enfermeiro, a fim de promover mudanças dos padrões de uso dos usuários do SUS.

Tratamento.

Mudanças de padrão de uso.

2 25Schneider et al.,2013. Atendimento a usuários de drogas na perspectiva dos profissionais da estratégia saúde da família.

 Apesar de reconhecerem-se como corresponsáveis no cuidado aos usuários que fazem uso de substâncias psicoativas, os trabalhadores apontam a necessidade de que a ESF tenha acesso a uma estrutura de atendimento específica para esse perfil de demanda.

 Há necessidade de intervenções que contemplem os diferentes contextos implicados na questão, objetivando o fortalecimento da autonomia e poder contratual do individuo em prol da manutenção do seu exercício cidadão.

 No campo da Saúde Mental, profissionais, familiares, vizinhos e todos aqueles que estão vinculados ao usuário são convidados, de diferentes maneiras, a tomar para si uma parcela do encargo pela assistência, sendo fundamentais para a construção de outro destino social, as parcerias e as redes de suporte social.

Responsabilidade do setor saúde, da comunidade e da família. Construção de um novo destino social. 3 26Silveira et al., 2016. O cuidado aos dependentes químicos: com a palavra profissionais de saúde de centros

 Os profissionais de saúde apontam sentimentos de fracasso e frustração diante dos processos de recaída e do abandono do tratamento por parte dos usuários dos serviços.

 Os profissionais associam a recaída a

Tratamento. Abstinência.

(26)

de atenção. fracasso e erro, o que gera vergonha e impotência. Ter como objetivo somente a abstinência é desgastante, pois é comum relatos de recaídas e recomeços de tratamento.

 Na visão de profissionais, a abstinência era a meta a ser alcançada, a melhor forma de reintegrar o usuário à sociedade. 4 27Pinto et al., 2017. Vivências na Estratégia Saúde da Família: demandas e vulnerabilidades no território.

 O processo de comunicação, escuta, observação e interação foram considerados fundamentais para o processo de trabalho na ESF, com orientação para a compreensão dos problemas locais.

 A lida cotidiana da clínica nas áreas urbanas adquire sensibilidade para uma maior compreensão das situações sociocomunitárias.

Compreensão sobre as situações sociocomunitárias. 5 28Souza et al., 2017. Saúde mental na Estratégia Saúde da Família: a percepção dos profissionais.

 No âmbito comunitário são desenvolvidas ações educativas e assistenciais de saúde nos espaços públicos coletivos (como escolas e praças), as quais repercutem na saúde mental das pessoas desta comunidade.

 Os participantes apontaram que as áreas menos favorecidas são justamente as que apresentam maior número de demandas relacionadas à saúde mental, devido às questões socioeconômicas inerentes a este processo.

 A característica social do território constituiu uma das dificuldades apontadas pelos profissionais, juntamente com questões relacionadas aos equipamentos de saúde mental disponíveis.

Ações assistenciais educativas. Entendimento acerca das demandas territoriais. 6 29Aquino et al., 2018. Necessidades em saúde de puérperas dependentes químicas na perspectiva dos profissionais de Enfermagem.

 A necessidade de orientação em saúde é expressa na utilização da prática da educação em saúde para a promoção do cuidado.

 As participantes afirmam a necessidade de apoio familiar, e corroboram a família como um pilar essencial para o cuidado.

Orientações sobre saúde. Apoio familiar.

Os conceitos de primeira ordem foram agrupados em dois conceitos de segunda ordem, que por sua vez resultaram na categoria temática: Modelo médico/doença versus

Modelo sociocultural - conceito de terceira ordem eixo para apreensão da problemática

(27)

Figura 2. Interpretação por etapas da metassíntese23.

DISCUSSÃO

Ao sistematizar e analisar as evidências levantadas sobre a problemática, o presente trabalho não pretende julgar as percepções dos profissionais, mas sim pontuar que, em meio aos diversos modelos explicativos que podem ser observados, as publicações incluídas aqui expõem as contradições de dois: o modelo médico/doença e o sociocultural.

Modelo médico/doença versus Modelo sociocultural

“Na verdade, todo mundo sabe que é uma doença. Quem conhece, entendeu que, na verdade, precisa mesmo é de ajuda”

(Artigo 1).

“Porque às vezes você começa o trabalho, tá indo muito bem, começa manter a abstinência e tudo e, de repente, o paciente acha

(28)

que tá bom e não vem mais... Aí volta a recair, é muito frustrante, dá uma sensação de fracasso” (Artigo 3).

O modelo médico/doença10 explica o uso de álcool e outras drogas e uma consequente dependência de tais substâncias como doença que roga por tratamento e também por estratégias preventivas. Assim, os profissionais de saúde preocupam-se com os possíveis prejuízos que este uso possa trazer à saúde das pessoas, bem como o consideram um problema de saúde pública. Contudo, apontam como solução o tratamento acompanhado com mudanças no padrão de uso, inclusive a abstinência24,26.

Isso desconsidera a questão social vinculada ao uso e a neutraliza, uma vez que a transfere para o universo do corpo orgânico individual, portanto com abordagem sob o aparato das ciências biomédicas30. Emoldurar o cuidado aos usuários de álcool e outras drogas sob esta perspectiva é deixar de lado o debate sobre as determinações sociais do processo saúde doença31,32 e desprezar que no capitalismo não apenas vislumbra-se a expansão recorde dos mercados de drogas ilícitas4, como também essa conformação social é a responsável pelo aprofundamento das desigualdades sociais através da ampliação da produção de riquezas10, 14-17

.

Nos artigos analisados, os profissionais almejam o tratamento e a abstinência como conduta ideal para todos os casos e não se preocupam com a identificação dos diferentes padrões de uso. Mas, para o entendimento sobre o envolvimento desses sujeitos com o fenômeno trabalhado é essencial uma análise das condições de produção e reprodução da existência dessas pessoas na sociedade capitalista contemporânea, já que esta determina tanto o envolvimento quanto o resultado a ele relacionados.

“Ter um cuidado mais efetivo, ficar em cima, para poder até

prevenir um problema maior (...)” (Artigo 6).

“Tentar trabalhar com as unidades, com os grupos de autoajuda na comunidade, tem o ambulatório (...) Já usamos recurso

da oficina terapêutica também pra alguns casos, então cada caso tem que ser avaliado pra se pensar na proposta de tratamento” (Artigo

(29)

Os profissionais mencionam medidas de prevenção em saúde (individuais e coletivas), porém estas se fundamentam no protótipo do proibicionismo e guerra às drogas, o que reforça o estigma ao usuário de drogas, ao responsabilizá-lo por escolhas saudáveis, impondo ações prescritas pela saúde pública que, como orientações para as direções corretas de viver, também são expressões da natureza normatizadora das práticas em saúde, naturais do modelo médico/doença30,33.

O modelo sociocultural explica o uso de álcool e outras drogas em função do meio cultural, onde as crenças, valores e atitudes de uma comunidade conduzem seus atores para o caminho da abstenção ou uso dessas substâncias. Por meio desta concepção, são pensadas ações em saúde voltadas para grupos, comunidade e família. No entanto, nenhum dos dois modelos adentra às raízes reais (essência) da problemática10.

A literatura aponta para uma disputa entre os dois modelos aqui explicitados, como se um, ao considerar questões comunitárias territoriais um fosse superior ao outro que leva em conta as questões biológicas. Entretanto, por meio dos dois modelos o fenômeno em estudo é observado através de um recorte separado das bases fundantes da sociedade burguesa.

“Às vezes não dá nem pra saber o que o povo tem. A gente até sabe, mas temos nossos limites em dar conta de tudo. É muita miséria

no meio do mundo. É a nossa realidade todo dia” (Artigo 4).

“(...) se ela [paciente que usa drogas] tiver família, você

norteia em cima disso.” (Artigo 6).

Como toda questão relativa à vida, o uso de álcool e outras drogas necessita ser visto como inscrito no âmbito da sociedade vigente. Portanto, não descolado do real conjunto de relações sociais sob as quais as pessoas se constituem, o que presume o debate não apenas sobre os aspectos biológicos, como também acerca das particularidades relativas ao psicológico, às condições de vida conexas ao trabalho, moradia, produção de riquezas, dentre outros fatores10,33,34.

No Sistema Único de Saúde (SUS), por orientação da Organização Mundial de Saúde, essas pontos são compreendidos como Determinantes Sociais da Saúde (DSS) e auxiliam na elaboração das atividades no interior dos serviços35. Entretanto, os DSS precisam ser debatidos e assimilados como conjunto, questão social, com substância material e inseparável do processo de trabalho e acumulação capitalista31,32. O conceito de risco incorporado a

(30)

prática de forma reificada apenas apresenta os problemas sociais como retalhos desconexos da realidade, o que contribui para o isolamento e divisão das determinações do processo saúde doença e para a alienação dos trabalhadores da saúde30.

Para que se possa organizar um sistema de saúde e planejar o cuidado à população é essencial o entendimento de que as necessidades de saúde, nos distintos grupos sociais, refletem as características dos processos saúde-doença a partir da forma de produção e reprodução social36. Porém, o que fazer se na formação social vigente, os “processos de tomada realista de decisão” são orientados para os mercados e não devem ser incomodados e/ou bloqueados pelos estímulos relativos à saúde, ou até mesmo à simples sobrevivência?37.

O homem, inserido neste processo produtivo, é visto como ser alienado no momento em que há a possibilidade de que suas atitudes (objetivações) – imersas na ideologia hegemônica - terminem por se transmudar em barreiras ao pleno desenvolvimento humana. Logo, entender que ele se encontra fincado ao processo exposto e que assim, também se produz enquanto ser social, inclusive em pensamento, abre um espaço para a possibilidade de sua desalienação. Ou seja, se o seu pensamento pode coisificar, descobrir a reificação e apanhar outros movimentos do real, explorando-os como verdadeiras possibilidades para a construção de uma sociedade emancipada, nas quais tais coisificações e estranhamentos não possam mais operar38.

Isto acontecerá, a partir do momento em que estes trabalhadores da saúde não apenas reconheçam as raízes do fenômeno estudado, mas também se reconheçam como seres sociais ativos parte desta totalidade, o que consequentemente, favorecerá o desdobramento de ações (individuais e comunitárias) coerentes com essa interpretação e não na retórica sobre rede social que arroja o desdobramento ideológico hegemônico e esconde contradições sociais que determinam a vida.

CONCLUSÃO

O cenário encontrado no estudo é desfecho de um processo sócio histórico permeado por vieses reducionistas, patologizantes e criminalizatórios. Assim, ambas as categorias discutidas são envolvidas por essa dinâmica - políticas, sociais, econômicos, ideológicos, pessoais, etc – do capitalismo. E, esta pesquisa apenas trouxe à tona os entendimentos presentes nas publicações analisadas acerca do objeto de estudo, explorando-os por meio da perspectiva da totalidade social.

Espera-se que este debate sirva de subsídio para o aprimoramento do processo de trabalho em saúde, bem como auxilie os seus atores no reconhecimento enquanto sujeitos

(31)

ativos de uma conformação social, que mesmo marcada por inúmeras contradições, oferece elementos que possibilitam a superação desta ordem societária, por exemplo, ações crítico-reflexivas e participativas para a promoção de mudanças.

O presente estudo limita o seu ao foco nas percepções dos profissionais somente da saúde e, compreender o uso de álcool e outras drogas como problema de saúde pública determinado socialmente, requer sua vinculação a outros setores. Outra limitação percebida é que embora as bases escolhidas sejam consideradas de ampla abrangência no meio científico e retratem bem a realidade brasileira, imagina-se que a inclusão de outras bases possa trazer algum incremento para discussões de cunho internacional.

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38. Lessa, S. Para compreender a ontologia de Lukács. 4ª ed. São Paulo: Instituto Lukács, 2015.

(34)

O Artigo 2 será submetido na Cadernos de Saúde Pública – Qualis A2 e encontra-se formatado segundo as normas do periódico citado.

CONCEPÇÕES DE GESTORES SOBRE O CUIDADO EM SAÚDE AOS USUÁRIOS DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA

Resumo

O cuidado em saúde, entendido por meio do modelo originário do trabalho, é práxis mecanizada, fragmentada e impessoal, condizente ao processo de valorização, no capitalismo. A intensificação do consumo de álcool e outras drogas no mundo e no Brasil, deixa clara a necessidade de estratégias que considerem as determinações sociais, portanto ações não restritas ao setor saúde. Assim, por considerar que, na atenção primária à saúde, os gestores são sujeitos que podem encaminhar e influenciar mudanças nas ações, o objetivo do estudo foi desvelar, a partir das concepções desses atores, como se dá o cuidado em saúde aos usuários de álcool e outras drogas na Estratégia Saúde da Família. Estudo qualitativo desenvolvido em

um município de médio porte do estado de São Paulo. Formam realizados três grupos focais, totalizando uma amostra intencional de vinte e dois sujeitos, determinada por exaustão. Utilizou-se como pergunta norteadora: como se dá o cuidado em saúde aos usuários de álcool

e outras drogas na Estratégia Saúde da Família? Do material empírico gerado e após a sua

análise pela técnica de conteúdo temático-categorial, emergiram duas categorias por parte dos sujeitos pesquisados: 1) Estigma e Curativismo; 2) Necessidades em Saúde. O desvelar da essência de cada uma delas no interior da atual formação social, aponta que o capital investe em corpos detentores de força de trabalho, enquanto que os corpos desviantes são isolados, estigmatizados e monitorados; que o cuidado em saúde reificado é parte do processo de valorização, seja pela incorporação de tecnologias, de práticas gerencialistas com foco em resultados, ou pela alienação dos trabalhadores em suas ações; bem como que o capitalismo envolve a sociedade em uma lógica de consumo, inclusive por cuidados em saúde, onde os Determinantes Sociais da Saúde (DSS) apresentam-se como partes autônomas da totalidade social. Assim, entender que o homem, fincado ao processo exposto também se produz enquanto ser social, inclusive em pensamento, abre um espaço para a possibilidade de que o mesmo também possa se desalienar e reconhecerem-se como atores ativos de uma conformação sócio histórica capitalista, que mesmo marcada por inúmeras contradições, oferece elementos que possibilitam a sua superação.

(35)

Abstract

Health care understood through the original model of the work is mechanized, fragmented and impersonal praxis, consistent with the valorization process in capitalism. The intensification of the consumption of alcohol and other drugs in the world and in Brazil, makes clear the need for strategies that consider social determinations, therefore actions not restricted to the health sector. Thus, considering that, in primary health care, managers are subjects who can refer and influence changes in actions, the objective of the study was to unveil, based on the conceptions of these actors, how health care is given to alcohol users. and other drugs in the Family Health Strategy. Qualitative study conducted in a medium-sized municipality in the state of São Paulo. Three focus groups were formed, totaling an intentional sample of twenty-two subjects, determined by exhaustion. It was used as a guiding question: how is health care given to users of alcohol and other drugs in the Family Health Strategy? From the empirical material generated and after its analysis by the categorical thematic content technique, two categories emerged from the research subjects: 1) Stigma and Curativism; 2) Health Needs. The unveiling of the essence of each one of them within the current social formation, points out that capital invests in labor force-holding bodies, while deviant bodies are isolated, stigmatized and monitored; that reified health care is part of the valorization process, either by incorporating technologies, results-oriented management practices, or by alienating workers in their actions; as well as that capitalism involves society in a logic of consumption, including health care, where the Social Determinants of Health (SDH) present themselves as autonomous parts of the social totality. Thus, to understand that man, attached to the exposed process also takes place as a social being, including in thought, opens a space for the possibility that it can also become disalienated and recognize themselves as active actors of a capitalist socio-historical conformation, that even marked by innumerable contradictions, offers elements that allow its overcoming.

Key words: Delivery of Health Care. Capitalism. Drug Users. Work.

Introdução

O sofrimento e as queixas de origem psíquica tornaram-se as mais relevantes, senão os principais, motivos de procura por serviços de saúde, no Brasil e no mundo1. Entretanto, no atual período histórico, em que tais condições requisitam dos profissionais de saúde um cuidado crítico, reflexivo e contínuo, trabalho em saúde, passa por mudanças que o colocam como práxis mecanizada, fragmentada e impessoal, condizente às determinações do processo de valorização2.

Referências

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