• Nenhum resultado encontrado

O Santuário de Nossa Senhora dos Remédios, em Lamego

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "O Santuário de Nossa Senhora dos Remédios, em Lamego"

Copied!
9
0
0

Texto

(1)

' , .,.~·· ,í

-

-··

,

..

,.

.

.

.

.

"

\

~

I

l

I

\

(2)

10: Ed>tonal do 1\fin. da Educação e Ciência J~O cxcmpl<~res

legal: 379932/ J.l

/!3-~184 8·989·8771-01-8

'de Belas-Artes da Um,·ers>dJde de l isboa I c~ntro de lm·estigação c Estudos cm Bt!hls-Artes

lc Sociologta c Etnolgia das Rchgiões da Faculd•de asSociai' e llum,mas da Uniwrsidade No,·a de

iER-FCSH-LlNL)

laJe de Trás-os-!\lontes e Alto Douw ( UTAD)

de Artes e Comunicação Social da Unl\•ers>dade lununense (IACS-UFF) Labt'ralório de

ao

de Artes e Saberes (LOAS!

~Estudos do Endovelico (CEE)

•lunkipal do Alandroal (CiviAll Fórum Cultural 1tciriço do AlenteJo nações: •s.fha.ul.pl c Cnm . .omc.}Çc1o SoCI~I

~Q~.~

Centro de Estudos do Endovélico

~-#

alandroal Apoio:

alentejo

t:~B8í;3!iiillir.'l~ l utiSfne> d? Aft>ntf'JO. E " f ~ •' ! ' ... · .. ! ; 'I ! ~ ~ •

llTIJ1Tilffi~

H

!!'

~~~~~TA

(3)

Editoriai/Comissáo Científica

l Fitas. Porlugal. CoordenJdora do Ct;!ntiO de • Endovélico. Alandroal

leigado, Portugal, Escola Supenor de Arte e .;tituto Politécmco de L.cina

105, Portugal, faculdade de Belas-Artes. de de Lisboa I Centro de Estudos e de 10 em Belas· Artes

latos Pereira. Brasil. Escola de lldas-t\rlcs. de Federal do Rio de janem>

de Andrade Suco, Brasil, IPHAN-Fortaleza António Baptista Pereira. Faculdade de ,., Universidade de Lisboa I Centro de Estudos

iga~·ão cm Belas· Artes

frolleti. Itália. Umversidade de Trento eiro, P<>rtugal, Faculdade de Belas-Artes.

.de de Lisboa I Centro de Estudos e de io em Belas· Artes

1rcos Arévalo, Espanha, Universidade da r a

ola. Portugal, UniVersidade de Évora o Queiroz, Portugal, Faculdade de s, Uni,·eTSidadc de Lisboa I Centro de Estudos igação cm Belas-Artes

Reis, Portugal, Faculdade de Belas-Artes, .de de Lisboa I Centro de Estudos e de io em Bcl~ls-Artes

;io Homobono, Espanho, Universidode do País !lasco 1 Garcia Arranz. Espanha, Universidade da Ira

Caravana Guelman, Brasil, Instituto de Artes e

ção Social, Universid~de Federal Flummense e Gonçalves, Portugal, Faculdade dt• Belas-Artes, Ide de Lisboa I Centro de Estudos

igaçâo em Belas- Artes

alado, Brasil, JEPA- Instituto de Pesquisa e 1ecnológica do Estado do Amapá

Salvatori, Brasil, lnstiiuto de Artes,

1dc Federal de Rio Grande do Sul

íes de Abreu, PortugaL Universidade de Trás,-os -Aito Douro, Vila Real

arros, Brasd, Universtdade Federal do Maranhão ;pi rito Santo, Portugal. Faculdade de Ciências umanas, Universidade No,·a de Lisboa ramento, Reino Unido (Escócia), Scortish Wurkshop. Aberdeea1

s Saraneopoulos, Grécia/Portugal, Centro de lo e Estudos em Belas-Artes

nos, Brasil. lnstiluto de Artes. Uniwrs1dade Rio Grande do Sul

~ta no, Portugal. Faculdade de Ciencias ;ia, Universidade Nova de Lisboa ura. Portugal. Investigador

Rodríguez Becerra. Espanha, Univer>~dade

Introdução

aos Santuários

MOISES ESPÍRITO SANTO 13-15

1.

Artigos

O

Santuário

de Nossa Senhora

dos

Remédios,

em

Lamego

AIDA CARVALHO 17-25

Oniromancia Endovelico. Sueiios

fatidicos/suefios salutíferos/

sueiios proféticos y necromancia

ANA MARIA VÁZQUEZ HOYS 26-32

Santa Ana

e o

Culto dos Pepinos

em Talaulim

(Goa-Índia)

ANA PAULA FITAS

33-38

Seiça:

histórias

e memórias

de

um

santuário esquecido

ANA SOFIA DUQUE 39-50

Cabo de

São

Vicente

:

histórias,

letras e sentimentos

ARTUR VIEIRA DE JESUS 51-57

Trilh

ando

caminhos,

{re)

construindo memórias:

Etnografia

de uma Associa~ão

de

Peregrinos

no Rio de Janeiro

CAMILA SIMÕES PIRES PACHECO 58-61

lnl.rr.tlu:;~n aos Soutu-1•1•!~ L•P(Sf · (:_~-~!R!í'l ~f\~o..,l;~

::'

!:.

J

..

f\íU::_;:J<;

The Shnne of t·Jí\El Senhuta dos n~~n~t.no;, ln t..~;qr!~~! t~.i.f~f. CAnV~d H~~

~; .. ~:

Dn~rü~'!i2nc;a Er.ctn~·~lictL

Ut·eaFl-:-ratefuLdreams saiut<lry

'p!

opkt:::

dreams antl n:: croman cy

,~r!.J. U~Ritl. V~ . .?QUE.!. Hrr, '-. 2t.~ 32

St. Ana and the Feast of

CucumlH;;·>

at Tal?.'l!im

{l1oa-Ínrlia) tt~u:. p!,Jt,\

rn

....

~.

J3 3~~

Seiça: stories and m~mt';-i;:~

of a forgoHen

:ianctua

ry

.-.N,\ ::;or!l< !Jt:rJut j-).:JO

Cape St. Vincer,t: stu!':._:.,

V'!ritings and teelings ~RTL· R :1 ClR•, !JL .!E SI,. •;

51+ :)j~

Treading

path~, :·e;::cnslruc!ilig

memo;·ies: Ethnograph~'

of

an

Assor.

iat

i

on

of Pilyrims

i•1

Rio

de

Jant>

i

ro

•2AUH.·' S!r,lO[S l'lRt5 "-4•'11Ef;>1 50·61

(4)

Os 01·ixás

na

Paisagem Carioca

.

C

onstrução cultural

do

santuário

afro-b

rasileir

o

em

C

opacaban

a

CLAUDIA CASTELLANO DE MENEZES, CRISTIANE ROSE DE SIQUEIRA DUARTE &

ETHEL PINHEIRO SANTANA 62-68

Artesa

na

t

o

e

fé:

narrativas

de

u

m

a

Mestra

Gri

ô sobre romaria

s

e

o Santuário de

Padre

Cícero

CLÁUDIA MATOS PEREIRA 69-81

O Lago

Branco

e

a Procura

da "Terra

sem

Males"

CLAUDIO ZANNONI 82-86

O

Vale

Da

Serra Branca

Um

Santuário

Da

Pré-

Hi

s

ria

CRISTIANE DE ANDRADE BUCO 87-96

Ataeg

ina

u

ma

divindade

P

aleohi

sp

âni

ca

CRISTINA MARIA GRILO LOPES 97-103

Matriz

de

São

Jos

é:

Patrimônio Cultural e

Re

lig

i

o

s

idade no

Interior

de

Minas Gerais

EDYLANE EITERER 104-109

Trans

formaciones dei santuario

de

la

Vir

ge

n

de

la

Cabeza

(A

nd

újar,

Jaén) entre

los

s

iglos

XIII a

i

XVIII

ENRIQUE GOMEZ MARTINEZ 110-115

Yhe O.ishc:s in lar.risr:ape L;rio<:<:.

Gultural

corstmction

of

african-hrazilian sanctuar:;

in Copacabana

CI.AUD!-'1 C:ASTELI.!>-~!0 OE l.i[NfZES, OOST:i,N[ ROSE. [1:0 SlQ!Jt!RA [lt<ARIE '

F1!1fl. f"lr·JHE1R0 SMffMlA

{_.:_'~f)f~

l.rafis and

faíth: the

Maste

r

Griô'~

narrati•:es ahou

t

rJilgrimages and

the Sanciuary of

PadrE> Cícero

cu,untA

t•t,!O<; PfRE!R.:..

t,q <11

The

White

Lal•e

antl íhe search of

the "land wíthout ev1ls"

;:t!>liDJ0 ZAH~OtH

q2 :li;

Valley

of Serra Branca

11 Sar.tuary of the

Pre-History

CRIS1it.r•:C OE ANfJRf,DE BUC<'

&/.q(o

Ataegina one Palechispânica

divinity

CRISTil·iA MAR!!' í,Rii.O L0PES 97 l(n

Church

of São

jo:é:

R::!igic,sil.y anrl

Cultural Heritage

in the Interior of

r-..

1inãs GHais

[OYL·\Nl ( !Tfflt f< lC!l-lt":O

Tr;msío1·matinns of the s<wcittary

of thl' Virgen

de la Ca!Jeza

(Andújar,

Jaén)

hetween the 13th

tu the 18th

centuries

ENRM!F r.nt,lU i1:,rmNEZ

11n

n:.

O

santuário do

Cabo

Espichei

:

a L

enda, o

Espírito

do

Lugar

e o

modo de os da

r-a-

ver

FERNANDO ANTÓNIO BAPTISTA PEREIRA 116-125

O

santuá

rio

de l<amal(hya:

Tantra-vermelho-mulher,

na

cidade das luzes do Oriente

(Assam-Índia)

FERNANDO CARDOSO 126-132

Pere

gr

inos Urbanos

e Turistas

Religiosos no Santuário de

Fátima em

Fortaleza

,

Ceará

FRANCISCO AGI LEU DE LIMA GADELHA, LETÍCIA NEVES SOUZA & SYLVANA MARIA BRANDÃO DE AGUIAR 133-137

II

santuario delle sante

Faustina

e Liberata

a

Capo di Ponte:

ii

doppio

femminile

dalla

Protosto

r

ia

ai

Cristianesimo

FEDE RICO TROLETTI 138-146

Peregrinações em

São

Mateus {Espírito Santo):

passagens

dos

Reis

d

e

Boi

GISELE LOURENÇATO FALEIROS DA ROCHA 147·154

Retábulo

-

Casa

de

S

antos

ILÍDIO SALTEIRO

155-159

The

sanctu:>ry of

C:~hn

Espichei:

Legencl, thc: Spirit of Place and

mode

ot the give·a-viêw

fERNANPO ;..NT0r110 SI>.P[iST.\ Pf.Rf IRA 1 16·125

Tantt a-rerl-woonan

in

the city

of

eastern lights (.4ssam-Índia) fE.RNANílO CARD05<i

12& 132

U1·ban Piigl"ims and

Reiigious

Tour

í

sts

at the Fatima

Sanctuary

in fortaleza,

Ceará

FRANCISCO AGI LEU DE Lit•l.~ Gt.DELitA LETÍCIA NFVES SOl!2A & SY:.VANf, MARIA BRh!@ÃO Dt: AGt;liiR

r::i

41:!7

The

sanctuary of the holy Faustina e

L

iberata in Capo

di

Ponte:

the

women's doubles frorn

the

Early

History

of

Christianity rE DER!f.U TROLET ri

l3G-146

?ii grimage in São

rv1ateus

(Espírito Santo):

pc.s~c.ge;

of

K1ngs

Boi

(,!SELE l OtJtiU'Ç/•TO Fi>LEIPOS 0!1 ROCHA 1-17-1 ">4

Altarpiece-

House

ct

Saint;

ll !DlO SALTEíRtl 1'35 15G

(5)

O

Santuário

de

Nossa

Senhora

dos

Remédios

,

em

Lamego

lhe Shrine of Nossa Senhora

dos Remédios, in Lamego

Aida Carvalho*

*Portugal, Professora, Investigadora,

Instituto Politécnico de Bragança,

Centro de Estudos em Letras (CEL). E-mail: acarvalho@ipb.pt. Artigo completo submetido a 3 de junho e aprovado a 14 de junho de 2014

Introdução

Resumo: No séotlo XVI surgiram novas conccçõcs

religiosas cm virtude da necessidade de reafirmar as

pcrspetivas católicas e de se fazer cumprir as principais

deCISões de Concílio Je Trento (1545 e 1563). Com

este propósito surgiram novos espaços religiosos com

intuito de grassar a devoção mariana, destacando-se o

Santuário de Nossa Senhora dos Remédios, em

Lame-go. O edifício foi crigtdo no cimo do monte de Santo

Estevão; um espaço ímpar com grande capacidade de

atração na região do Douro.

Palavras chave: Santuário I Fe>ia I Turismo Religioso.

Abstract: New re/igious conceptio11s arose in tlte sixteent/1 century becattse of t/1e need to reaJfirm the Catholic perspec -tives a11d to eriforce key decisions oj tl1e Cotmcil oj Trem

(1 545 and 1563). Wíth this religious purpose new spaces emerged in arder to rage the Marlan devotio11, lligl•ligl•ting the shrine of Nossa Senhora dos Remédios in Lamego. 71te

building was ereded 011 the h1ll of St. Estevão; it is an space

wit!J great attractiveness in tl1e Douro regitm.

Keywords: Religious tourism I sltritre I festivity.

O santuário de Nossa Senhora dos Remédios, situa-se no Monte de Santo Estevão, no concelho de La

-mego, distrito de Viseu. O concelho está dividido em 24 freguesias, duas urbanas (Almacave e Sé) e as

restantes rurais, ocupando uma área geográfica de 164 Km2

• Ao longo dos tempos, a região de Lamego tem sido reputada, na gíria popular, como o "coração do Douro Sul'; sendo o Santuário muito apreciado

pela sua beleza arquitetónica, gozando de enorme prestígio e de grandes privilégios, transformando-se

num espaço vivo à volta do qual gravita grande parte da vida dos lamecenses.

1. História do Santuário de Nossa Senhora dos Remédios

A construção do Santuário de Nossa Senhora dos Remédios deve-se ao cónego José Pinto Teixeira,

juiz da Irmandade do mesmo nome que, após a receção da denúncia do estado degradado em que

se encontrava a capela a Santo Estevão, deliberou, em sessão de Mesa Administrativa, a edificação

de um novo edifício por «Se achar a dita capella em suas ruínas» (Dicionário Geográfico Vol. XLX

1758:296-297).

A construção foi de aperfeiçoamento demorado, desenvolvendo-se ao longo de quatro fases, do

ano de 1750 até ao ano de 1969. 17 ~

l

l: ~

~

~ z ~

~

.

~ <i i ~ J

(6)

~

I

~

.~

§ ..:

"

< ~ ,;j ?

.

§ ;j

"

~ ~ ú

Quadro 1. Fa,~s de comtruç.io

l" Fase 2• Fase 3• Fase 4• Fase

(1750-1778) ( 1778·1868) (1868·1905) (1917-1969)

.

A construção

.

Contru~ão

.

Reconstrução

.

Conclusão do da Igrqa; do escadório e ampliação da es~adório.

.

Organi1.ação (as rmnes; o Igreja;

do espaço P Át lo dos Rei;;

.

Ampliação do

1ntcríor · a Capela de espaço exterior

(retabulo-mor; Jesus, Maria e (~s torres que

retabtdm d~ José; a Cruz ladeiam o lateraJs; monolítica). front1spício e

pulpitos). alteração do

frontão);

.

Outras obras no Santuáno;

.

A construção do Parque

I

Arbóreo.

Conlorrne o quadro indica, as obras iam crescendo a um ritmo lento. pois estavam dependentes da dispo-nibilidade financeira da Irmandade. No ano de 1761, onze anos após o lançamento da primeira pedra. D. 1-'eliciano inaugurou a capela. ordenando que a imagem da Virgem fosse transladada para o novo espaço .

A inauguração foi precedida de um aparatoso cerimonial. sagrando o altar principal ao gosto católico, na

forma do Ritual Romano. de Paulo V. De modo a tornar o edifício mais atrativo, procuraram-se soluções atualizadas, pois pretendia-se que os indivíduos que o frequentassem tivessem uma visão espléndida

do local. visando reforçar a devoção à Virgem dos Remédios que, num jogo de intertextualidades, entre

retábulos e imagens dos Santos e das Virgens, comovessem os sentidos. A arte catequizava e deslumbrava, mas também legitimava, convencendo o povo a participar ativamente nas atividades da Irmandade e/ou a novas adesões. Nesta missiva, a instituição tornou-se clienk de artistas, entalhadores, ensamhladores,

pintores. douradores e escultores. O andamento das obras permearam vários períodos e épocas distintas.

decorrendo uma boa parte sob a orientação política da Monarquia, mais tarde sob a orientação da Pri

-meira República e, já na última fase, sob a influência doutrinária do Estado Novo. Esta construção foi a maior obra de vulto da Irmandade e quiçá da região do Douro.

Para uma melhor difusão e atratividade do Santuário realizavam-se várias ações, nomeadamente

mis~as e sermões na respeliva capela. O local foi ainda agraciado com a atribuição de Breves Apostólicos

( 1780, 1802, 1871) da Santa Sé e de cartas de privilégios da Coroa. Estes documentos eram instrumentos politico-constitucionais com uma dupla função: por um lado, divulgavam o Santuário e, por outro, ser

-viam de <!stratégias de controlo espiritual; mais do que o seu valor enquanto atos normativos. promoviam

a união dos fiéis e produziam economias de escala da

necessárias para assegurar e reforçar o papel dos devotos que procuravam lenitivos e indulgências para a diminuição ou remissão dos seus pecados.

18

,...

... ~

r:

_s>~

... )·-· ...

r'

.

-'1..,--

.

~

\~-"-~

·

)

.._-..::-·tr?"

í'

/

i

...

' --:;

--~

1'~_,

-....j

~

/''l,.v'(' • ..:

~

/ - /

/·-

;.,.,

)"

:..

-

·-s\

-.,

_v

)?""~~-'

r~

-

f

.1

) i \.. - \_,

L._f., .

..r.,~\

.

-~·'\,/

1-/~~

~ .

-

~,(

,_.,

, Í

/~-~

·--·--

. ·-. ,.~

\

-· --~-----= ·~ ,;

Q

:-.:~·:~:_ '•

Fig. 1. Localização geogr:lfica. El.tbomçào própna. com base no Gcograpluc brfo•

-nmtion Systenr (GIS).

Fig. 2. Vista geral do Santuário. 1'oto ck Nuno Silvd & Ai da Carvalho (201 I)

Fig. 3. Vista exterior da Carda. Foto d" Nuno Silva & A ida Carvalho (2011)

lq ~ ~

~

~ ~

~

--:

!

-~

~

!<. :;

~-3

.

g

â

:i

~ ~

(7)

\,

!

s

!

g

1

.::

~ "' ~

~

f :i ~

*-

~ J

bta (apacidadc Je r~g~ncração foi fundamental pdra a reatualização do Santuário, destacando-se do lugar-comum, ganhando novas centralidades, conciliando tradição e modernidade, celebrando-se, por exemplo, a festa religiosa.

2. A Festa Relig

ios

a

No Santuário realiza-se, há pelo menos quatro séculos, a festa religiosa em honra de Nossa Senhora dos Remédios, no dia oito de setembro. O programa festivo é diverso combinando eventos de carácter

religiosos come as novenas, missas, pregações e procissões, com outros de caráter mais profano, arraial, desfiles etnográficos, entre outros. Esta tendência para o fausto tem o seu momento mais alto com a

Procissão do Triunfo, no dia 08 de setembro, que, apesar de imbuída na mescla profana, conserva em si

um reduto religioso, conferindo uma ilusão da realidade, agitando as emoções do povo. A participação na festa implica a adesão a um conjunto de práticas c rituais desde o pagamento das promessas, reza do

terço e/ou pedido de graças a Nossa Senhora para que esta advogue em sua defesa.

Outrora, o sacrífico mais comum era o Je subir os 686 degraus de joelhos, dos onze lanços do esca-dório, recentemente opta-se pela subida a pé. O sacrifício faz parte ela viagem espiritual como forma de

agradecinwnto pessoal e/ou forma ele esquecer o pecado. Após chegar ao cimo do escadório, os devotos dão três voltas à capela do santuário. Através destes círculos o indivíduo «pretende entrar na posse de alguma coisa; para os fiéis trata-se de possuir a mãe» (Espírito Santo 1990: 14.0). As deambulações circu -lares podem ser executadas de joelhos ou de pés descalços, expressando estados de alma, «descalçar-se

é evocar o estado em que se veio ao mundo, a inteira nudez; ajoelhar equivale a «voltar a ser pequeno>>, condição, segundo os Evangelhos, para penetrar no «Reino do Pai»» (Idem). As voltas, em torno d:1 capela, são realizadas no sentido da esquerda para a direita «sinal idêntico ao do sinal da Cruz» (Idem, lbidem), ~inal ascético e forma de penitência.

f/,rs co11tam (rmdamellta/rnerrt~ de o{crtas ou da pr.ltica ele certos actos, umas e outrus com can.íter ora cmrwm

on• ~spec!fico. De errtre ns prom<ssas comrms e de car"áter geral, que mostram a mesma forma seja em que

nmurriafor, indit"crentcmerlte daualurcza do m<li por que se pednt, e dirigindo-se iudislilltamente a quai<JIICr

santo, a; ma1s correntes são as promessas de wn cato número de voltas -em geral três -ao Sanlltário, de joelhos, rezando, com o rosário ou a imag.:m na; m.ios (Oliveira 1994: 222).

Recentemente, parte destes rituais foram substituídos por ofertas em dinheiro e velas queimadas no própno recinto do Santuário, conforme a figura 5:

Os círios e os ex-votos deixados no altar-morda capela do santuário são as dádivas mais co-muns, O crenk expr.::ssa através destes meios a sua confiança no poder da Virgem, cuidando dela como S<' de um ente quaiclo se tratasse. São símbolos público de gratidão pela obtenção da graça di1·ina, .:onforme figura:

O transe contemplativo, a oração e a promessa são atos que testemunham as práticas devocionais para expiação dos pecados. O romeiro deverá regressar a casa purificado do pecado original ou do p eca-do pessoal. Por isso, beber água da~ fontes do Santuário é, lambem, um ritual que liga os devotos a uma

stgnificação de símbolos, reportando ao oceano, matriz primordial e ao meio amniótico materno, pelo

que •qualquer nto que utilize a água evoca o contacto com a mãe, em vista de um novo nascunento on de regeneração>• (Espírito Santo, 1990:35). Em todo o espaço são abundantes as fontes porque, segundo

o povo, a .l~:ortm é nulagrvm, conforme Figuras 7 e 8:

20

~

....

...

Fig. 4. Pormenor da Torre Sineira. l'uto de ~uno Silva & Aida Carvalho (2011) Fig. 5. Qudmador loc~lizado na parte exterior do Santuário. Foto d~ Nuno S1h·a &

Aida Can·alho (2011)

Fig. 6. Oferta de Ex-Voto. Foto de Nuno Silva & A ida Carvalho (20 li)

21 ~ ~ ~ ~ '"' <O ~ z ~ V) ç ~ ~ &

f

~

~

;

j

~­ ;; ~~ ~ ~

!

fl ~

(8)

~ .:; f ~ a

J

R

I

J

,

~

"'

t i

]

f

.

,

o

..

c ~

Fig. 7. Fontes lo.:alizadas no Santuário. Foto de Nuno Silva & A ida Carvalho l20 I I)

22

Na localidade ningut'm fica indiferente a este hino de celebração da vida religiosa que empresta cores e dá uma nova vida c movimento às ruas da cidade de Lamego, bem como ao Santuário. Os eventos

de cariz religioso, procissões e missa da festa com sermão, cruzam-se com outros de caráter mais lúdico

como os eventos etnográficos, desportivos e/ou recreativos como o fogo-de-artifício, espctáculos

deva-riedades musicais, cortejos etnográficos, manifestações de artesanato, jogos populares e, ainda,

elemen-tos de natureza económico-social, como as feiras de gado e de produtos agrkolas e as mostras de artesa-nato, constituindo um cartaz turístico-cultural admirável, mercê da alegria do povo. A região encontra

na festa um pilar da identidade cultural, por isso a entreajuda entre as instituições foi fundamental para

o seu desenvolvimento, otimizando as oportunidades.

3. Contributo das Instituições locais

Reconhecendo a crescente importância das visitas ao santuário, a Irmandade enquanto gestora do espa·

ço, foi alargando as alternativas para a sua fruição, recorrendo ao empenho das instituições locais e dos

habitantes que se encarregavam de dar corpo às obras efémeras, dinamizando o espaço destinado às

dife-rentes ações festivas. Esta forma de colaboração foi axial para a boa organização da festa sendo

concomi-tantemente uma oportunidade para as instituições se posicionarem socialmente, adquirindo visibilidade.

Pai presmtc à 1'vlesa um oficio do - Club Sport-a pedir que a Me;a destinasse um prémio para o concorrente

que se dísti11gwsse nos trabalhos que o mesmo - Club Sporl-terrâ011<11'a apreselltar. A Mesa resolveu que se

destilrasse um premio até ao valor de cirtco escudos. Resolveu mais a Mesa fixar também os prémios seguintes:

os de do::e escudos. para a melhor junta de bois; o de dez escudos para o melhor cavalo; o de oito escudos para

a melhor iunta de vacas; o de um alfinete até ao valor de dois escudos e ciriCo centavos para o que mais de

distinguisse na corrida dos jericos (AINSRL 1903-1917:64vs).

Este texto, em si mesmo, é esclarecedor da importância decisiva da festa na comunidade local,

sobrevivendo aparentemente incólume; procurou apoio junto de instituições civis, reflexo evidente do seu modelo de cooperação. Não obstante, esta forma de pedido também pode ser entendida como uma aposta da Irmandade/Festa em diversificar e melhorar o seu cartaz festivo através da criação de novos

eventos mais adequados aos aluais "perfis" dos romeiros, reforçando a sua imagem.

A programação é mesclada por critérios comerciais e/ou de naturc?.a diversa onde a música, provas

desportivas e os espetáculos piro técnicos preenchem os dias da festa, tornando a festa de Nossa Senhora

dos Remédios a Romaria de Portugal, ganhando bairrismo, brilhantismo e brio na concorrência. A este propósito, o juiz apelava a uma comissão de Irmãos para "se entender com as senhoras da sociedade lamecense para a organização de jures para apreciação dos lavores expostos" (AINSRL 1903-19 I 7: 85vs),

demonstrando uma preocupação com os preparativos da festa. Sendo certo que a ocasião era multitudi·

nária e mostruário das estruturas rurais e locais, o esmero da Irmandade era evidente pois poderia obter grandes benefícios promocionais, aproximando o povo do santuário, tentando/ganhando novas adesões.

Além disso, num tempo de maior pendor financeiro, o apoio destas instituições foi fundamental no que

tange ao auxílio pecuniário, conforme texto:

O fogo, as ilumi11açõe.; do Sn11tuário e do l'nrque e n procissão, o que traz1a muita a•·ultada tlespezn. não se eucarregando nem <oncorrcmdo porfalta de recursos pecuniários, para os festimes dn cidade, esperar1do que

os lwlntantes d'el/a, visto esta festa se1· também dn cidade e de seus lwbita11tes e não exclusivo da lrmmrd•t<k

23

~

õ >

~

N "' ~ ~ o ~ ~ c

i

~

i

~

J

a

?

~

..

s

~~ 8 ~

]

j

(9)

;-~

I

,..

l. e ;:

!

< ~ ;; .;: ~

J

1mnassem a imâati\•,.t de pt\lli!O\'ttn.•m tacs tcs/a$1! partt ilço resol1'Cll !Jllt' se o.fi..:iasst.! Sdbtt? ~ste assunto taut() tJ Cti111ar,1 Mwucipnl '""'"" à Assodnçtio Comemnl (A I NSRL 1903-1917: 7 2 ).

Como se depreende, a apoteose de luz assumia um papel central na estratégia de promoção do

Santuário; as rua~ e os locais públicos passaram a ostentar construções decorativas cuja arquitetnra or

-namental tinha ressonâncias com o período barroco. Estes elementos festivos foram fundamentais para

promover a participação alargada de rodos os indivíduos, mesmo os não católicos. A Irmandade convo

-cava o público através da publicitação de «cartazes espalhados pelas monstras da cidade» (AlNSRL 1973: llvs) e com n:curso a anúncios, avtsos, toque de sinos e foguetes de modo a que a notícia ultrapasse o

círculo local «e adiram .-1 esta homc:nagem» (Idem) diferentes públicos.

Conclusão

No intuito de criar um centro de peregrinações toi [rei fundado o santuário de Nossa Senhora dos Remé

-dios cuja primeira pedra foi lançada nn ano de I 750. Esta construção foi fundamental para enquadrar e dirigir o ienomeno devocional que exponencialmente ia crescendo à Virgem dos Remédios, encontrando neste local um pulmão de homeostasia cultual: «Os santu<írios podem oferecer e oferecem esta marca central para a organização primária da vida. o que esclarece a sua procura e o desenvolvimento da vida

ritual dr\'OCHmal no seu perímetro» (Lima 2003: 36-37). Granjeou interesse como testemunho simbólico

e rehgioso, estético e arquitetónico, numa região sem grandes construções arquitectónicas. movimentan-do grandes estaleiros das comunidades monásticas e/ou grandes encomendas; proliierando antes uma con>trução de cariz popular e rudimentar a insinuar uma economia sem recurso a grandes fortunas.

sen-do, por isso, admirável a audácia do cónego José Pinto Teixeira, juiz da Irmandade, em mandar construir

este monumento, iniciado no ano de 1750, e desenvolvido ao longo de quatro fases ( 1 • fase:l750-1778, 2• fasé: I íi8-186!1, 3• fase: IR68-1905 e .t• fase: 191 í -1969).

Ao longo do tempo conheceu novas iunções mormente no que respeita à reutilização do espaço, ulm outros propósitos pios, realizando eventos de cariz mais prosaico, entre eles, destaca-se a realização

anual da testa d Nossa Senhora dos Remédios, no dia 08 d~ setembro; a festa é um misto de expressão

de fé e .:ultura popular, cuja importância se encontra profundamente enraizada na memória dos seus

participantes, aglutinando pessoas vindas de localidades mais ou menos distantes com tendência a uma

masstti.:ação graças à difusão de novos canais. Esta tendéncia avinha-lhe desde fortalece o turismo reli

-gwso para a região, atraindo cada vez mais novos públicos.

24

Referências

Fontes Manuscritas

Arquivo da Irmandade da Nossa Senhora dos Remédios de Lamego

I -História do Santuário e da Irmandade

Lil'ro dos Termos da /llcza d<1 lm~<ntd<~d~ da Nossa

Smlwm dos Remédio;, 1807-1850:

l.ll'rl1 Jc Scssot!ns d11 lnnondadc da No.ss,, Senlwrt1 dn.s

R<médios, 1848-1869;

Costa, lvlanoeljoze Rodrigues da (1866): l.eml•muias pam o muito Re••ercudo Cnpdlâo da Irmandade da Ria/ Capdln de Nossa SC11l1ora dos Remédios;

Actas das Sessões da Confrari.l da Nossa Senhora dos

llemédios, 1870-1880;

A.-t.1s ,l,,s Sessões da Me:<1 dn lrmmu1adc, 1880-1895;

Ln·ro das Actas das Sessões dn Mesa da llea11rmand,ldc da Nossa d<>s Remédios, 1895-/897;

1.il•ro dns Actas da Irmandade da SCilht>ra dos Remédio>, 1897-1903;

l.ivro das Act<~s dn; Sessões, 1903-JQ07; ActasdasSessões, 1917-1921;

A.:tas dns Dellbcmções da Me;a Administmt1va, 1921-1929:

A<las das Ddil>ernções da Mesa Administmtn•a, I 921-1929;

l.i••ro das Actas da Irmandade de Nossa Senl1o>·a dos Rcmédws. 1938-1945:

A<tns das Sessões, 1960-1973.

II-Documentos Eclesiásticos

Cópia da Pastoral de 31 de Agosto de 1776, in 2" dossier, r grupo -Brcws Pontificios e outros documentos. llre••e Pomitício de 14 de Maio de 1777. in 2" dossier, r grupo

- Rw•es Pont!flcios e outros documentos edesiásticos. Petição dê licença para bênção da capela. in 2" dossier,

r grupo -B,.eVt'S Pontitlcios e outros documentos

eclesiásticos, 1778.

Termo de bênção do corpo da capela, in 2" dossier. r

grupo-Breves Ptlntifíc:íos e outros docum~ntos

eclestáStJCOS.

25

Cúpia dntextn do Rrev<•l'omi(iâo de 1'10 VI. t780. flr~ve Po~ttitiCiu de 6 de Agosto de 1802, tn dossier, r

grupo-Breves Pontifícios c llUlros documentos

edesiástiCos.

Esro~tutos, 1913, in Estatutos. 2"volume. Estatutos, 1965, in E.statutos, 2• volume.

III-Alvarás régios e outros documentos

All'lmí regia de 17 de Maio de 11114, in 2" dossier. 2" grupo Alvarás rég•os e outros.

Ah·orti régio de 30 de Novembro de 1859, in doss1er,

2"grupo.

Carta régia de 15 de Mato de t 878, in 2"dossier, 2•grupo. Alvará do Governo Civil de Viseu in 2• Dossier, 2°

Grupo -Alvm·ás régws e outros, 189 J. Petição ao Rei, in 2° dossier, 2"gmpo-Alvará> téJJIOS e

outros, 1901.

Bibliografia geral

Cabra), Manuel Vilavenle et al (2000). Atitudes c Prátic,ls Religiosas dos Pl!rtugueses. lt~boa:

Instituto de C1éncias Sonais.

Cabral, João de Pina (I 997). O pagamento do sa111o

-uma tipologia interpretativa dos ex-votos no

contexto sacio-económico po1·tugues. ln Museu Antropológico (Eds.), Milagre que fez (pp.

79-10·1). Co1mhra: Museu Antropológico da Universidade de Coimbra

Cosia. Américo (1940). Diccionario Chorografico de Portugal Continental e Insular. Vila do Conde: Typogrraphia Privada do Diccionario Chorographico Aznrara. Vol. I

Espirita Santo, Moisés (1990}. A religião Popular Portuguesa. Lisboa: Editora Assirio & Alvim. Oliveira, Ernesto Veiga de (1994). Festi1'idadilS Cíclims

em Portugal. Lisboa: Publicaçôes Dom Qu1xote. ~ ~

~

c

~

~

!

~

l

~~

~

"

~-.'i ~ -3 '-'

~

j

j

Referências

Documentos relacionados

We approached this by (i) identifying gene expression profiles and enrichment terms, and by searching for transcription factors in the derived regulatory pathways; and (ii)

Nas  lajes  marmóreas  de  formatos  variados  –  dentro  de  retângulos,  quadrados,  círculos,  frontões,  obeliscos  e  cruzes  –  estão  gravados 

Foram avaliadas três concentrações de terra diatomácea e carvão ativado como material para purificação do hidrolisado de amido de mandioca.. As alíquotas de hidrolisado foram

geraç ção pervertida e corrupta, na qual ão pervertida e corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros do mundo, resplandeceis como luzeiros do mundo, preservando a palavra

A revolta do 1º de Dezembro e a guerra da Restauração Motim Restauração Cortes - Observação e legendagem de imagens; - Análise de transparências; - Elaboração

Nasceu o sol, lindo arrebol/ Manhã de luz porque Jesus/ Venceu a morte nos deu uma nova vida/ Jesus ressuscitou!/ Vê o jardim como floriu,/ Aquela flor desabrochou/ E

Além disso, não houve relação entre a percepção dos pais/responsáveis sobre a ansiedade odontológica das crianças com a própria ansiedade odontológica dos

A fim de que se possa compreender o que é a heteronormatividade, quem é a mulher e como está normatizada a sua expressão a partir dessa heteronorma, essencial iniciar este