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Treinamento de natação com restrição de fluxo sanguíno

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Academic year: 2021

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TREINAMENTO DE NATAÇÃO COM RESTRIÇÃO DE

FLUXO SANGUÍNEO

Campinas

2018

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TREINAMENTO DE NATAÇÃO COM RESTRIÇÃO DE

FLUXO SANGUÍNEO

Dissertação apresentada à Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas como parte dos

requisitos exigidos para

obtenção do título de Mestra em Educação Física, na área de Biodinâmica do Movimento e Esporte.

Orientador: Prof. Dr. Renato Barroso da Silva

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELA ALUNA RAFAELA SANDER GONÇALVES E ORIENTADA PELO PROF. DR. RENATO BARROSO DA SILVA.

Campinas

2018

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Universidade Estadual de Campinas Biblioteca da Faculdade de Educação Física

Dulce Ines Leocádio – CRB 8/4991

Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: Swimming training with blood flow restriction. Palavras-chave em Inglês: Swimming Performance Blood flow Arterial occlusion Strength training

Área de Concentração: Biodinâmica do Movimento e Esporte Titulação: Mestre em Educação Física

Banca examinadora:

Renato Barroso da Silva [Orientador] Orival Andries Júnior

Marcelo Papoti

Data da defesa: 13-08-2018

Programa de Pós-Graduação: Educação Física Sander Goncalves, Rafaela, 1986-

Sa56t Treinamento de natação com restrição de fluxo sanguíneo / Rafaela Sander Goncalves. – Campinas, SP : [s.n.], 2018.

Orientador: Renato Barroso da Silva.

Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação Física.

1. Natação. 2. Performance. 3. Fluxo sanguíneo. 4. Oclusão arterial. 5. Treinamento de força. I. Silva, Renato Barroso da. II. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Educação Física. III. Título.

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____________________________________ Prof. Dr. Renato Barroso da Silva Presidente da Comissão Examinadora

____________________________________ Prof. Dr. Orival Andries Júnior

Membro Titular

____________________________________ Prof. Dr. Marcelo Papoti

Membro Titular

A ata de defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no processo de vida acadêmica do aluno.

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Agradeço à Deus pela minha saúde e por ser meu amparo em tudo que realizo e conquisto em minha vida. Ao apoio e incentivo da minha família, namorado, amigos e alunos que sempre depositaram confiança na minha capacidade de realização e por me energizarem nas vezes em que me viam cansada na dedicação deste trabalho.

Agradeço também ao meu orientador, professor Doutor Renato Barroso, por todo ensinamento, paciência e até mesmo os corretivos, pois tudo isso é muito valioso para o meu crescimento no universo acadêmico e de pesquisa. Você é um grande exemplo e fonte de inspiração não só pra mim, mas para todos os seus orientandos e membros do grupo de estudo.

Ao professor Orival Andries Junior meu muito obrigada pela presença e orientação na realização desse trabalho, e principalmente por todos os questionamentos feitos sempre na intenção de estimular o meu raciocínio. Agradeço também aos professores Augusto Barbosa e Marcelo Papoti que colaboraram para confecção e finalização deste trabalho.

Um agradecimento especial aos funcionários, técnicos, colaboradores e nadadores do projeto de extensão de natação da FEF e da ELO academia por colaborarem e participarem deste trabalho.

E por fim agradeço o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) e ao quadro docente e de funcionários da Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas por contribuírem para um ensino de qualidade.

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propulsão, e uma das formas de aumentar a propulsão é trabalhando a força muscular. O treinamento de força muscular (TF) na natação pode ser realizado fora ou dentro d’água, neste último caso através da utilização de implementos. Nos últimos anos, a restrição do fluxo sanguíneo (RFS) tem sido utilizada para aumentar a força específica e a massa muscular durante o TF convencional inclusive com atletas. Desta maneira a investigação dos efeitos crônicos do TF dentro d’água com nadadores é necessária, assim como a investigação de um novo método como a RFS. O objetivo deste estudo foi verificar os efeitos do TF específico no desempenho de nadadores, de maneira que foram analisadas a força propulsora, velocidade, frequência e comprimento de braçada, e espessura muscular. Para isso a amostra foi composta por 29 nadadores jovens homens e mulheres, treinados em natação, de maneira que os participantes do estudo foram divididos em sem material, paraquedas e RFS. O estudo foi desenvolvido durante quatro semanas, seguindo o protocolo de três vezes por semana realizar uma série de trabalho de força específico dentro d`água. Os resultados apontam que não houve diferença pré e pós nas três condições quanto ao parâmetro de nado (velocidade média, frequência e comprimento de braçada), assim como não houve diferença quando comparado entre os grupos. Em relação à espessura muscular não houve diferença pré e pós em cada grupo, assim como não houve diferença quando comparado entre grupos. Quanto à força propulsora não houve diferença quando comparado pré e pós em cada grupo, assim como não houve diferença quando comparado entre os grupos. E por fim no desempenho também não foi encontrada diferença significativa quando comparado pré e pós de cada grupo, assim como não houve diferença quando comparado entre grupos. Dessa maneira conclui-se que o TF através de uma série de força máxima utilizando paraquedas e RFS não melhora o desempenho de nadadores nos 50m livre.

Palavras-Chaves: Natação; performance; fluxo sanguíneo, oclusão arterial,

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propulsive force, even more combining the both. One way to increase propulsive force is practicing strength training (ST). The swimming strength training could be fulfilled on dry land or in water, in the latter case through the use of implements. In the last years, the blood flow restriction (BFR) has been used in traditional ST including with athletes to improve strength and muscle mass including athletes. Therefore the investigation about the chronic effect of specific strength training in water and the new method of BFL with swimmers is necessary. The purpose of this study was to investigate the effects of the specific strength training in the performance of swimmers which was analyzed the propulsive force, speed, frequency and length of stroke, and muscular thickness. Twenty-nine men and women young swimmers were separated in three groups: control, parachute and BFL. The training protocol was applied tree times for week in four weeks trough a specific water ST. The results showed no differences in the moments pre and post in technical parameters (swimming velocity, stroke rate and stroke length) for all conditions as no difference between groups. The muscle thickness did not present difference between pre and post in each group as when compared the groups. The propulsive force did not change when compared pre and post as when compared the groups. Finally, the performance did not change when compared pre and post as when compared the groups. Therefore, we concluded that applied a ST with parachute or BFR does not improve swimmer’s performance in 50 meters.

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Tabela 1 - Características dos sujeitos ... 25 Tabela 2 - Distribuição da amostra ... 26 Tabela 3 – Progressão de treino ... 32

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Figura 2: Braçadeira em neoprene ... 28 Figura 3: Representação da piscina durante o Teste de Velocidade ... 29 Figura 4: Representação da vista superior do nado atado ... 30 Figura 5: Tamanho do efeito entre grupos e intervalo de confiança da velocidade... 33 Figura 6: Tamanho do efeito entre grupos e intervalo de confiança da frequência de braçadas... 33 Figura 7: Tamanho do efeito entre grupos e intervalo de confiança do comprimento de braçadas... 34 Figura 8: Tamanho do efeito entre grupos e intervalo de confiança da espessura do bíceps braquial ... 35 Figura 9 Tamanho do efeito entre grupos e intervalo de confiança da espessura do tríceps ... 35 Figura 10: Tamanho do efeito entre grupos e intervalo de confiança da força propulsora ... 36 Figura 11: Tamanho do efeito entre grupos e intervalo de confiança do desempenho de 50m ... 37

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1 INTRODUÇÃO ... 11

2 OBJETIVO ... 12

3 REVISÃO DE LITERATURA ... 12

3.1 Mecânica dos fluídos ... 12

3.2 A força muscular na natação ... 14

3.2.1 Adaptações ao treinamento de força ... 14

3.2.2 Treinamento de força na natação ... 15

3.3 Restrição de fluxo sanguíneo ... 21

3.3.1 Restrição de Fluxo Sanguíneo no treinamento de força ... 21

3.3.2 Restrição de Fluxo Sanguíneo no esporte ... 22

4 MATERIAIS E MÉTODOS... 25

4.1 Amostra ... 25

4.2 Desenho experimental ... 26

4.3 Determinação da pressão de oclusão ... 27

4.4 Avaliações ... 28

4.4.1 Velocidade de nado ... 28

4.4.2 Teste de desempenho ... 29

4.4.3 Força do nado atado ... 30

4.4.4 Espessura muscular ... 31 4.5 Procedimentos experimentais ... 31 4.6 Análise estatística ... 32 5 RESULTADOS ... 32 6 DISCUSSÃO ... 37 7 CONCLUSÃO ... 40 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 41

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1 INTRODUÇÃO

A velocidade na natação é determinada pela interação entre as forças propulsoras (propulsão) e resistivas (arrasto). Portanto, para aumentar a velocidade os nadadores podem diminuir o arrasto e/ou aumentar a propulsão.

Para diminuir o arrasto é necessário que se diminua a reação contrária da água em relação ao movimento do nadador. Porém, isto é determinado por fatores de composição corporal (Vilas-Boas, Fernandes, & Kolmogorov, 2001) e da posição corporal no momento de aplicar a técnica do nado (Zhan, Li, Chen, & Li, 2017).

Uma das maneiras de aumentar a propulsão é através do aumento da força propulsora que faz com que o nado seja mais veloz (Morouço, Keskinen, Vilas-Boas, & Fernandes, 2011). Essa força propulsora parece ser dependente da força muscular dos nadadores, que pode ser melhorada através de exercícios realizados tanto dentro quanto fora d’água. No entanto, um importante aspecto do treinamento de força é quanto o aumento de força muscular é transferido para o gesto esportivo (i.e., especificidade). Tradicionalmente, o treinamento de força (TF) fora d’água é realizado com a utilização de pesos livres, elásticos e máquinas isoinerciais. Porém, pouca ou nenhuma melhora do desempenho da natação tem sido reportada, em resposta aos aumentos de força muscular provenientes do TF. A falta de especificidade dos exercícios de força realizados pode explicar, pelo menos parcialmente, esses resultados. Dessa forma, no intuito de contemplar a especificidade do gesto técnico, o treinamento de força pode ser realizado dentro d’água com o uso de implementos como paraquedas e palmares.

Curiosamente, a maior parte dos estudos sobre o uso do paraquedas e dos palmares se restringe aos efeitos agudos, que mostram que durante o nado com o uso do paraquedas e dos palmares a frequência de braçada diminui consideravelmente (Barbosa, de Souza Castro, Dopsaj, Cunha, & Júnior, 2013; Telles, Barbosa, Campos, & Júnior, 2011), o que pode sugerir que o uso desses implementos também não contemple inteiramente a especificidade do gesto técnico e que a transferência para o desempenho não seja alta. O paraquedas já foi investigado quanto à sua utilização por um período de treinamento (efeito crônico) em que foi verificada melhora da performance com aumento da velocidade média sem alterar a frequência e o comprimento de braçada (Gourgoulis, Valkoumas, Boli, Aggeloussis, & Antoniou, 2017), porém neste estudo não foi verificado a força propulsora, que analisa

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alteração na aplicação de força no momento da braçada, o que deixa uma lacuna na relação do treino de força utilizando o paraquedas e a melhora do desempenho.

A restrição do fluxo sanguíneo (RFS) tem sido utilizada durante o treinamento de força convencional, inclusive em atletas (Scott, Loenneke, Slattery, & Dascombe, 2016) para o aumento da força muscular, da resistência de força, da hipertrofia muscular (Takarada, Sato, & Ishii, 2002) e de velocidade (Cook, Kilduff, & Beaven, 2014). A RFS é investigada em laboratório com a colocação de manguitos pneumáticos similares aos utilizados para aferição de pressão na região proximal do segmento a ser treinado. No entanto, esses equipamentos não podem ser utilizados dentro da água. O método prático de RFS (practical blood flow restriction) tem sido bem empregado em ambientes de treinamento com resultados positivos na força e na hipertrofia muscular (Lowery et al., 2014; Luebbers, Fry, Kriley, & Butler, 2014),e consiste na utilização de faixas elásticas ou outro material para restringir parcialmente o fluxo sanguíneo. Considerando que o uso da RFS pode aumentar a força muscular sem alterar o padrão de movimento (frequência de braçadas), é possível sugerir que a utilização dessa estratégia durante o treino de força específico de natação melhore o desempenho de nadadores em provas de velocidade.

2 OBJETIVO

O objetivo desse estudo foi comparar os efeitos do uso do paraquedas, da RFS e o nado livre durante quatro semanas de treinamento específico sobre a força propulsora, velocidade, frequência e comprimento de braçada, e espessura muscular.

3 REVISÃO DE LITERATURA

O desempenho da natação é caracterizado pela realização de uma determinada distância em menor tempo possível. Para isso o esporte é influenciado por uma interação complexa de fatores fisiológicos, morfológicos, neuromusculares, biomecânicos, psicológicos e técnicos. Para isso alguns conceitos sobre a interação da água com o corpo do nadador devem ser relembrados.

3.1 Mecânica dos fluídos

O contato do corpo do nadador com a água gera uma resposta do meio em relação à ocupação deste espaço pelo corpo do nadador. A força peso no ambiente da física é definido como a força com que um corpo é atraído para o centro da Terra, que neste caso o corpo do nadador é atraído em direção ao fundo da piscina. Porém,

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o meio líquido aplica uma força em resposta à essa ocupação que é chamada de empuxo, que foi determinado por Arquimedes como reação na mesma direção e sentido contrário com magnitude igual ao do peso do líquido deslocado.

Sendo assim, quando um nadador se desloca pela água, a força peso e o empuxo agem no corpo em direções opostas no sentido vertical enquanto mais duas forças horizontais agem também em direções opostas no sentido horizontal, que é o arrasto e a propulsão (Vorontsov, A. R. ; Rumyantsev, 2004).

O arrasto é a força de resistência da água em resposta ao movimento, ou seja, quando um corpo se desloca em uma determinada direção em velocidade constante, este recebe uma resistência da mesma magnitude que é oposta ao movimento (Vilas-Boas et al., 2001). O arrasto é capaz de desacelerar o movimento do nadador (Vorontsov, A. R. ; Rumyantsev, 2004), e pode ser classificado como passivo ou ativo. O arrasto é passivo quando a resistência do deslocamento de um corpo no meio líquido é de maneira livre, sem movimento, e é ativo quando o deslocamento deste corpo no meio líquido é realizado por uma aplicação de força durante um deslocamento.

O arrasto ativo pode ser ainda dividido em de fricção e de forma. O arrasto de fricção ocorre no contato da superfície do corpo do nadador com o fluxo de água que passa pelo seu corpo, o que diminui a velocidade do seu deslocamento. O arrasto de forma está relacionado ao formato do corpo em deslocamento, no caso do corpo humano está relacionado ao posicionamento em relação ao sentido do deslocamento. Deste modo, as propriedades físicas da água podem dificultar o deslocamento do nadador, mas ao mesmo tempo são elas que proporcionam o deslocamento do nadador (Vorontsov, A. R. ; Rumyantsev, 2004). No momento em que a mão do nadador realiza a fase submersa da braçada, ela desloca-se para trás e a água oferece resistência ao seu deslocamento, de modo que a resistência que a mão enfrenta impulsiona o nadador no sentido contrário ao deslocamento da mão na água, ou seja, impulsiona o nadador para frente. Esta força recebe o nome de força propulsora e provoca uma mudança de velocidade numa determinada massa de água e no próprio corpo do nadador durante um dado período de tempo (Toussaint, Janssen, & Kluft, 1991).

Portanto, a velocidade de deslocamento de um nadador depende da resultante das forças que atuam sobre o seu corpo. Essa resultante é obtida pela subtração da

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força de arrasto (que é contrária ao deslocamento) da força propulsora (impulsiona à frente) (Bixler & Riewald, 2002). Desta maneira, diminuir a força de arrasto e/ou aumentar a força propulsora são maneiras de aumentar a velocidade do nado. A força de arrasto pode diminuir através do treinamento da técnica ou pela diminuição da área de contato do corpo do nadador com a água, como por exemplo o melhor posicionamento do corpo durante o nado ou o alinhamento da cabeça em relação ao corpo, pois assim diminui a superfície de contato com a água, reduzindo a ação contrária da água ao deslocamento do nadador (Zhan et al., 2017). A força propulsora, por outro lado, pode ser melhorada pelo treinamento da técnica e também pelo treinamento da força. No caso de melhora da técnica, um exemplo é a utilização do rolamento de tronco sincronizado com o movimento dos membros superiores, o que maximiza a atividade dos músculos das costas (i.e., latissimus do dorso) e peitoral (i.e., peitoral maior), levando à uma maior aplicação de força e gerando uma maior propulsão (Vorontsov, A. R. ; Rumyantsev, 2004). No caso do treinamento da força muscular, este pode ser realizado fora ou dentro da água e de maneira que o objetivo seja alcançar novas adaptações musculares.

3.2 A força muscular na natação

3.2.1 Adaptações ao treinamento de força

A capacidade de produção de força depende de fatores neurais, tais como o recrutamento e a frequência de disparo das unidades motoras, e fatores morfológicos, como por exemplo o tamanho do músculo (Folland & Williams, 2007). Os ganhos iniciais de força parecem ser mais dependentes das adaptações neurais como aumento do recrutamento de unidades motoras e da frequência de disparo. Após algumas semanas de treinamento, fatores morfológicos, como hipertrofia do músculo, aumentam sua contribuição para a produção de força (Moritani & deVries, 1979).

As adaptações morfológicas estão associadas principalmente às transições no tipo de fibra muscular (I, IIa e IIx) e ao aumento do tamanho do músculo (hipertrofia). A hipertrofia muscular é uma das adaptações musculares mais estudadas na literatura do TF atualmente. O interesse por essa adaptação se deve ao fato de que o tamanho dos músculos parece estar associado à capacidade de produção de força muscular. Acredita-se que estímulos mecânicos, como a tensão muscular desenvolvida, e o estresse metabólico podem induzir à hipertrofia.

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As adaptações neurais estão relacionadas com a melhora da coordenação intramuscular (aumento do número de unidades motoras recrutadas e da frequência de disparo) e intermuscular (diminuição da ativação de músculos antagonistas e aumento da ativação de sinergistas) (Cormie, McGuigan, & Newton, 2011). Essas adaptações são comumente estudadas através da utilização de eletromiografia, que é uma técnica da biomecânica utilizada para avaliar a atividade mioelétrica. Evidências para a existência das adaptações neurais são a educação cruzada, ganho de força em um músculo homólogo de um membro que não foi treinado, e especificidade do ganho de força. Esse último é um conceito importante na elaboração de um programa de treinamento de força que seja desenhado para atletas. O ganho de força é específico para o exercício que foi treinado, com pouca transferência para outros movimentos, mesmo que o mesmo músculo seja agonista nos dois exercícios (Komi, 2003). A especificidade está associada aos “problemas” de transferência dos ganhos de força obtidos com o TF para um gesto específico.

Assim, apesar de o TF provocar hipertrofia muscular e provavelmente o aumento da capacidade do músculo produzir força, deve haver similaridade entre o exercício treinado e o gesto específico. O que será abordado na próxima seção.

3.2.2 Treinamento de força na natação

Para treinar força na natação existem métodos aplicados fora e dentro d’água. Para realizar o treinamento fora d’água são utilizados pesos livres, borrachas elásticas e aparelhos isoinerciais. No entanto, um importante aspecto do TF fora d’água é o quanto o aumento de força muscular é transferido para o gesto esportivo ou o cuidado em escolher exercícios que trabalhem os mesmos grupos musculares da ação de nadar.

O TF fora d’água com nadadores já foi investigado e apontam melhora na força e no desempenho (Aspenes, Kjendlie, Hoff, & Helgerud, 2009; Song, Park, & Jting, 2009). Porém, nesses estudos essa relação do TF com melhora do desempenho pode ser questionada, pois além da intervenção no TF, houve também intervenção do treinamento aeróbio nadado. O estudo de Aspenes et al. (2009) foi realizado com nadadores jovens divididos em dois grupos, controle e experimental. O treino do grupo controle não foi reportado. O grupo experimental realizou um treino de força máxima de extensão de ombro em três séries de cinco repetições com intervalo de dois à cinco

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minutos, juntamente com uma intervenção no treino nadado, em que foram realizadas quatro repetições de quatro minutos nadando com intensidade de 90 à 95% da frequência cardíaca máxima (FCmáx) com intervalo ativo de três minutos nadando de 60 à 75% da FCmáx, durante duas semanas. Após esse período, a força no nado atado e o desempenho nos 400m no grupo experimental aumentou, enquanto no grupo controle não houve mudança em nenhuma variável. Porém, não houve melhora na performance dos 50m e 100m, o que levanta dúvidas se as alterações observadas são resultado da adição do treino aeróbio dentro da piscina ou do TF fora d’água.

O estudo de Song et al. (2009) foi realizado com nadadores jovens da elite coreana, em que foi introduzido o TF fora d’água com quatro semanas de treino de adaptação e o restante dividido em força máxima e potência, juntamente com o treino nadado que foi modificado ao longo do período avaliado, que foi de vinte e quatro semanas contendo as fases preparatória, competitiva e transição. Neste estudo foi encontrado o aumento de força através do teste de uma repetição máxima (1RM) e foi observada a melhora do desempenho individual em prova específica, o que fez os autores concluírem que a aplicação de um TF fora d’água melhora o desempenho de nadadores. No entanto, essa pode ser uma conclusão errada visto que o treino nadado pode ser o ponto de melhora do desempenho em prova individual, devido ao longo período de aplicação do estudo, em que houve a modificação do treino nadado. Além disso a falta de um grupo controle também dificulta a afirmação que a aplicação de um TF fora d’água é a principal causa para a melhora observada em vista que outros componentes que compõem o treinamento na água podem ter influenciado este resultado.

Em um outro estudo foi aplicado em nadadores jovens divididos em um grupo que não treinou força e um grupo que treinou força com os exercícios tríceps braquial nas barras paralelas, puxada barra fixa, mergulho, extensor de cotovelo e voador, através de três séries de oito à doze repetições durante oito semanas (Tanaka, Costill, Thomas, Fink, & Widrick, 1993). Neste estudo houve aumento da força no movimento treinado, porém o desempenho do grupo que treinou força não se diferenciou do grupo controle que realizou apenas os treinos na piscina. Existem duas possíveis explicações: a) o treino aplicado pode não ser o mais adequado já que o mesmo visa a hipertrofia e não à aplicação de força em alta velocidade, e b) os exercícios

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selecionados não foram adequados, visto que eles trabalham os músculos que são usados na braçada, mas a direção da aplicação da força é diferente (especificidade).

Um outro estudo usando metodologia similar foi realizado com nadadores jovens divididos em um grupo controle e outro treinando força fora d’água (Barbosa & Andries Júnior, 2006). Os exercícios do grupo que treinou força foram: supino inclinado, puxador frente, elevação lateral, rosca alternada em pronação, tríceps braquial coice, tríceps braquial corda, agachamento, leg press inclinado, cadeira extensora e flexão plantar. O treinamento foi aplicado durante quinze semanas e progrediu ao longo das semanas, sendo que em quatro semanas foram realizados treino de força máxima com três séries com a zona de repetição de 3 a 5 RM, seis semanas de treino de força rápida com três séries com 15 a 20 repetições com carga de 50 a 70% de 1RM e mais três semanas de treino de potência com três séries com 15 a 20 repetições com carga de 30% de 1RM . Neste estudo foram observados aumentos nos níveis de força avaliados nos exercícios fora da água no grupo que fez o treino de força, mas também não houve diferença no desempenho de nado quando comparado com o grupo controle. Por esses resultados, é possível sugerir que mesmo com a modificação do objetivo do TF aplicado, a transferência dos ganhos de força obtidos com o treinamento fora d’água para o desempenho esportivo seja pequena, de maneira que não interfira no desempenho. A escolha dos exercícios treinados pode ser questionada, visto que os exercícios escolhidos trabalham os músculos usados no movimento da braçada, mas não seguem a especificidade do gesto técnico da braçada.

Na tentativa de confrontar o tipo de exercício escolhido foi feita a comparação nadadores jovens divididos em treinamento assistido no mergulho e barra em três séries com carga decrescente e treinamento tradicional para o músculo tríceps braquial e latissimus do dorso em três séries de 8 a 12 RM durante seis semanas (Trappe, S. W.; Pearson, 1994). Os autores encontraram melhora na força no treino assistido, porém seus dados são inconclusivos já que o treinamento aconteceu nas primeiras seis semanas e as avaliações na quarta e décima segunda semana do período investigado.

Ainda relacionando o TF fora d’água com desempenho de nadadores jovens, um estudo piloto com sete nadadores jovens analisou o treino de potência e sua

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relação com a força do nado atado através da realização de duas a cinco séries de seis a doze repetições máximas em exercícios livres de supino, agachamento e arremesso olímpico durante sete semanas (Schneider & Papoti, 2013). Neste estudo foi observado o aumento da força fora d’água enquanto a força média no nado atado diminuiu, o que pode ser explicado mais uma vez pela ausência de especificidade do treinamento de força. Já em seu estudo Schneider & Papoti (2013) compararam 27 nadadores divididos em grupo controle, treino de força com pesos livres visando força máxima e potência, e treino de força em aparelhos visando força máxima, e analisaram sua relação com força em nado atado e desempenho. Neste estudo ambos os grupos tiveram os treinos voltados para os músculos do tríceps braquial, latíssimus do dorso e peitoral. O grupo que treinou peso livre teve maior aumento da força fora d’água e maior melhora do desempenho nos 50 e 200m quando comparado ao treino convencional, porém não houve diferença na força dentro d’água avaliada pelo nado atado. Isto levou os autores a concluir que este ganho de força fora d’água não foram diretamente transferidos para o desempenho dentro d’água, visto que a força média em nado atado não teve modificação e somente a força pico teve aumento significante no grupo que treinou com pesos livres.

Com tudo isso podemos ver que o grande ponto sobre o TF fora d’água está na não transferência de força, pois o que ocorre é aumento da força muscular no gesto treinado fora d’água e a não transferência para o gesto da braçada. Para aumentar a especificidade do gesto, o TF pode ser realizado dentro d’água através de materiais que aumentam a propulsão, tais como o palmar e as nadadeiras, nessas situações como a área das extremidades do corpo em contato com a água é aumentada ao usar o material, é necessário aumentar a produção de força muscular gerando assim uma maior propulsão. Também pode ser realizado através de materiais que aumentam o arrasto, tais como o nado atado e o paraquedas, que elevam a necessidade de produção de força para superar o arrasto adicional.

Com relação à utilização do nado atado para o desempenho, sua eficiência pode ser questionada. Em um estudo com nadadores jovens, com a frequência de três dias por semana e durante três semanas, comparou-se o nado atado resistido (contra força aplicada pelo nadador), nado atado assistido (a favor da força aplicada pelo nadador) e um grupo controle (Girold, Calmels, Maurin, Milhau, & Chatard, 2006). O grupo resistido realizou seis repetições de trinta segundos, o grupo assistido

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realizou doze repetições de 25m e o controle realizou seis repetições de 50m, todos em velocidade máxima. O grupo resistido teve maior aumento de força, performance e frequência de braçadas quando comparado ao grupo assistido e controle. Porém, um ponto negativo foi que neste estudo o tempo de esforço e/ou número de braçadas não foi equalizado entre os grupos, o que provavelmente resultou em número de braçadas diferente, refletindo em um volume e intensidade de trabalho também diferentes, ou seja, o grupo que treinou assistido teve a repetição prescrita em distância e este já tem um facilitador no comparativo de tempo gasto para realizar uma repetição do treino, enquanto o grupo que treinou resistido pode ter realizado um maior número de braçadas pois foi prescrito por tempo e ainda tinha o fator de vencer a resistência aplicada pelo material utilizado.

Barbosa et al. (2013) analisaram os efeitos agudos da utilização de palmares de diferentes tamanhos na velocidade, na frequência e no comprimento de braçada e reportaram que a utilização do palmar afeta tanto o comprimento (aumenta) quanto a frequência de braçadas (diminui). Os autores sugeriram que essas adaptações tenham ocorrido pois o sistema neuromuscular deve se reorganizar para superar a sobrecarga imposta, e demora mais tempo para produzir mais força muscular ao recrutar novas unidades motoras. Telles et al. (2011) observaram de maneira aguda as condições palmares, paraquedas e paraquedas mais palmar em nadadores jovens e observou que o comprimento de braçada diminui significativamente com a utilização do paraquedas e a frequência de braçada diminui significativamente em todas as condições, o que reforça também a necessidade de um maior tempo para recrutamento de novas unidades motoras. Tudo isso sugere que de maneira aguda a utilização destes materiais pode ser eficaz no treinamento de força, porém pelas mesmas modificações nos parâmetros de nado (comprimento e frequência de braçada) pode-se sugerir que o uso desses implementos também não contemple inteiramente a especificidade do gesto técnico e que a transferência para o desempenho não seja alta

Dando suporte a eficácia do uso do paraquedas no treino de força, Gourgoulis et al. (2017) realizaram um estudo com nadadoras divididas em grupo controle e com o uso do paraquedas durante onze semanas. O treino foi aplicado com a frequência de quatro dias por semana sendo que em dois dias eram três séries de seis repetições de 15m com um minuto de intervalo entre as repetições e cinco minutos entre as séries

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e outros dois dias de duas séries de quatro repetições de 25m com um minuto e meio de intervalo entre as repetições e cinco minutos entre as séries. Esses treinos foram aplicados de modo alternado em dois dias consecutivos e com um dia de intervalo no meio de mais dois dias consecutivos de treino. Neste estudo foram observados melhora no desempenho no grupo paraquedas, sem alteração na frequência e comprimento de braçadas. O fato que confronta o resultado de melhora da performance é pela diferença no volume realizado pelas duas condições, visto que quando utilizado o paraquedas aumenta o arrasto e consequentemente o nadador tem que dar mais braçadas que a condição sem o material. Assim, novamente o volume de treino (número de braçadas) pode ter afetado os resultados. Além disso, mesmo que o paraquedas seja um material utilizado para o treinamento de força, não houve avaliação de força específica, o que dificulta a afirmativa de que foi o uso do paraquedas que melhorou a performance e não o percurso pela série nadado.

Pensando em confrontar a utilização do treinamento fora e dentro d’água, desenvolveram um estudo com nadadores jovens durante doze semanas (Girold, Maurin, Dugué, Chatard, & Millet, 2007). Estes foram divididos em treinamento com elástico assistido e resistido, treinamento resistido fora d´água e um grupo controle. No treino fora da água, os exercícios que compunham o treino eram o desenvolvimento, barra, agachamento e salto em pliométrico em três séries de seis repetições com carga entre 80 a 90% da carga máxima. No treino assistido e resistido foram realizadas duas séries de três repetições com o elástico chegando ao máximo de 25m resistido, intervalo de descanso e em seguida a execução do assistido. Neste estudo, os dois grupos que fizeram o treino de força tiveram melhora na velocidade e aumento de força, mas sem diferença na performance entre estes dois grupos. Porém, mais uma vez os exercícios selecionados para treinar fora d’água não levam em consideração a especificidade do movimento da braçada do nado e o treino resistido e assistido não geraram tensão suficiente para proporcionar uma nova adaptação de força.

Com tudo isso não fica bem determinada a relação entre o TF fora d’água e o desempenho na natação devido à especificidade do movimento da braçada e pela transferência de força. E ainda levando em consideração os resultados encontrados com o uso do paraquedas e a melhora do desempenho, ficou uma lacuna na investigação quanto ao seu uso e sua influência na força da braçada.

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Além disso, uma nova proposta de TF que mantenha a especificidade do movimento da braçada no nado livre deve ser verificada quanto à possibilidade em proporcionar um melhor resultado na força específica e performance na natação.

3.3 Restrição de fluxo sanguíneo

A restrição do fluxo sanguíneo (RFS) é utilizada para o treinamento de força em atletas bem treinados, mostrando resultados positivos para o aumento de força e massa muscular. De maneira geral, a RFS consiste na utilização de manguito na porção proximal de um membro e tem o objetivo de restringir o influxo arterial e ocluir o retorno venoso durante o exercício (Loenneke et al., 2013; Lowery et al., 2014).

A RFS durante o exercício de força de baixa intensidade resulta numa hipoxemia do músculo (Manini & Clark, 2009), aumentando o metabolismo anaeróbico para a refosforilação do ATP, elevando o lactato e diminuindo o pH (Fujita et al., 2007). Quando ocorre a fadiga do músculo devido à hipoxemia e a acidose, mais unidades motoras são recrutadas para manter a força (Takarada et al., 2000). Essas unidades motoras adicionais recrutadas são compostas de fibras do tipo II (Manini & Clark, 2009), que são mais fortes e susceptíveis aos efeitos do TF. Esse tipo de treinamento aumenta o estresse metabólico, o inchaço celular e a síntese de proteína intramuscular (Laurentino et al., 2012; Takarada et al., 2000), considerados potentes estímulos para o aumento de massa muscular.

Além do uso da RFS durante o TF, pesquisas mostram aumento na força e tamanho muscular através da baixa intensidade em caminhada ou bicicleta com a RFS em pessoas não treinadas (Takashi Abe et al., 2010; Ozaki et al., 2011), tendo maiores aumentos de VO2max e tempo de exercício até a exaustão em caminhada quando realizada com a RFS (Takashi Abe et al., 2010), ou seja, a melhora adicional no desempenho do movimento pode ser justificada pelo aumento da força e hipertrofia proporcionadas pelo uso da RFS. Assim, é possível que a utilização da RFS durante a natação possa proporcionar aprimoramento do desempenho.

3.3.1 Restrição de Fluxo Sanguíneo no treinamento de força

O treinamento com RFS associado a baixa intensidade aumenta a força e a massa muscular de modo que um treino com baixa intensidade pode ter seu resultado potencializado com o uso da RFS e ainda pode ter seus efeitos similares ao de um treinamento de alta intensidade. Takarada et al. (2000) realizaram um estudo com

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duração de 16 semanas com mulheres idosas, que treinaram flexão de cotovelo no braço dominante. A amostra foi dividida em um grupo com RFS e baixa intensidade (~50% 1RM), um grupo em baixa intensidade sem RFS e ainda o grupo que treinou com RFS em um braço e o braço contralateral realizou o treino tradicional em alta intensidade (~80% 1RM). A hipertrofia e o ganho de força foram similares quando o treinamento foi em baixa intensidade com a RFS e em alta intensidade, e esses ganhos ainda foram maiores que no grupo de baixa intensidade sem a RFS, ou seja, o TF em baixa intensidade foi equivalente ao treino em alta intensidade para ganho de força e hipertrofia.

Ainda comparando a RFS em baixa intensidade e treino em alta intensidade foi feito um estudo de treinamento de extensores do joelho com homens jovens com duração de oito semanas (Laurentino et al., 2012). Os sujeitos foram divididos em treinamento de baixa intensidade (20% de 1RM), baixa intensidade com RFS e alta intensidade (80% de 1RM). Neste estudo foi observado ganhos similares quanto à força e área muscular no grupo de baixa intensidade com RFS e alta intensidade. Isso reforça que o treinamento em baixa intensidade com RFS tem a capacidade de melhorar a força e hipertrofia na mesma proporção que o treinamento em alta intensidade mesmo com jovens.

Utilizando outras intensidades, um estudo comparou a utilização da RFS com intensidades moderada e alta. Jovens universitários e fisicamente ativos foram divididos em dois grupos em intensidade moderada, que treinaram 12 repetições à 60% de 1RM, e intensidade alta, que treinou com 6 repetições a 80% de 1RM. O exercício realizado foi o de extensão de joelho sendo que um dos membros treinou com RFS e o outro sem. Os resultados mostraram aumento na força e na hipertrofia similares em todas as condições. Deste modo no caso do treinamento resistido não há nenhum efeito adicional da RFS em intensidades moderada e alta (Laurentino et al., 2008).

3.3.2 Restrição de Fluxo Sanguíneo no esporte

Em relação à utilização da RFS no esporte através do TF, estudos apontam melhoras desde atletas moderadamente à altamente treinados (Scott et al., 2016). Um exemplo é um estudo com jogadores de rugby masculino em TF para extensores dos joelhos, com duração de oito semanas. Os sujeitos foram divididos em RFS e sem

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RFS, ambos treinaram em baixa intensidade (50% 1RM). Neste estudo houve maior aumento da força isocinética, resistência de força e volume muscular dos extensores do joelho no grupo com RFS quando comparado ao grupo sem RFS, com diferença significativa de aumento de média de força em todas as velocidades (Takarada et al., 2002). Isto mostra que no caso da necessidade de realizar um treino em baixa intensidade em atletas, como em um período recuperativo ou em caso de lesões, acrescentar a RFS resulta em uma melhor resposta ao TF.

Ainda utilizando a baixa intensidade, foi realizado um estudo com jogadoras de netball, treinando os extensores do joelho e com duração de cinco semanas. As participantes do estudo foram dividas em RFS, hipóxia com a utilização de máscara e um grupo controle, sendo que todas treinaram em baixa intensidade (20% 1 RM). Desta forma, foi observado a melhora na força isocinética, resistência de força e volume muscular nos extensores do joelho quando comparados a RFS e hipóxia com o grupo controle, e ainda não havendo diferença significativa nesses valores entre o grupo RFS e hipóxia (Manimmanakorn et al., 2013). Isso mostra que a diminuição na oferta de oxigênio pode explicar o aumento de força e hipertrofia através do mecanismo de recrutamento de novas unidades motoras para a realização da contração, o que acontece na situação hipóxia e RFS.

Já utilizando a alta intensidade no treinamento de força (Cook et al., 2014) aplicaram TF nos extensores do joelho com jogadores de rugby com duração de oito semanas. Os sujeitos foram divididos em grupo controle, alta intensidade (70% de 1 RM) com RFS e alta intensidade. Neste estudo houve maior aumento de força, potência de salto e velocidade quando realizado com RFS do que quando realizado sem RFS. Isso mostra que mesmo com alta intensidade a RFS pode potencializar os efeitos do TF no caso de atletas, o que contradiz os resultados de (Laurentino et al., 2008) com sujeitos não treinados.

Para a aplicação da RFS no treinamento é tradicionalmente utilizada uma bolsa pneumática que é inflada de forma que a pressão permanece controlada. Contudo, essa estratégia não é possível de ser utilizada em muitas situações práticas de treinamento. Para possibilitar a aplicação fora do ambiente de laboratório, foi desenvolvido o método prático de RFS (practical blood flow restriction), em que faixas elásticas ou de outro material são utilizadas com o mesmo intuito do método

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tradicional. Estudos mostraram a efetividade do método prático quanto à sua utilização na restrição do retorno venoso mantendo o fluxo do sangue arterial (Luebbers et al., 2014; O ’halloran et al., 2014).

Utilizando faixas elásticas, Luebbers et al. (2014) aplicaram um TF tradicional (alta intensidade) em jogadores de futebol americano, com duração de sete semanas e em alta intensidade (65 a 90% de 1 RM). Os sujeitos foram divididos em quatro grupos, sendo que todos fizeram cinco séries de alta intensidade. Porém, um grupo fez uma série a mais com RFS em baixa intensidade (20% de 1 RM), um grupo fez uma série a mais em baixa intensidade sem RFS, um grupo fez só as séries de alta intensidade e o outro grupo fez as séries com intensidade variadas (65 a 90% de 1 RM) em menor volume juntamente com uma série adicional com RFS. Por fim o grupo sem volume reduzido e com a série adicional com RFS teve um aumento maior na força máxima no agachamento quando comparado com os outros grupos, o que mostra que com mesmo volume de treino e intensidade, a adição da RFS proporciona maiores benefícios ao treinamento.

Além dos efeitos positivos do uso de RFS durante o TF, pesquisas mostram efeito similares na força e tamanho muscular com a RFS em corrida com esportistas universitários (Behringer, Behlau, Montag, McCourt, & Mester, 2016). Neste estudo os sujeitos realizaram seis repetições de 100m na intensidade de 60 a 70% do seu melhor tempo nesta distância, sendo que um grupo fez sem e outro com a RFS. Sendo assim, a queda no tempo dos 100m foi mais acentuada no grupo que treinou com a RFS, assim como a musculatura no reto femoral aumentou somente neste mesmo grupo. Isso mostra a eficácia do uso da RFS para busca de melhor desempenho.

Sendo assim, podemos ressaltar que existem maiores aumento de força, massa muscular e velocidade ao utilizar a RFS durante o treinamento. E como estes são fatores importantes para a melhora de desempenho em qualquer esporte e ainda levando em consideração que métodos já utilizados para o TF dentro d’água têm sua eficácia questionada quanto aos seus efeitos de maneira crônica na força específica e no desempenho, a utilização da RFS em treinamento de natação surge como uma alternativa para a melhora da força e consequentemente do desempenho.

(25)

4 MATERIAIS E MÉTODOS 4.1 Amostra

Inicialmente a amostra foi composta por 36 nadadores de ambos os sexos, mas 7 desses abandonaram o estudo sem motivos aparentes de danos físicos. Desta maneira completaram o estudo 29 nadadores de ambos os sexos, com idade e características físicas conforme a tabela abaixo.

• Tabela 1 - Características dos sujeitos

Todos os sujeitos eram treinados em natação e antes da aplicação do estudo estes já estavam treinando regularmente três vezes por semana, tinham experiência em treinamento de natação e estavam no período preparatório específico do macrociclo de treinamento.

No período de coleta e aplicação do estudo, o treinamento foi mantido conforme o planejamento do treinador e só foi inserido logo após o aquecimento a série de treinamento de força específica. Os treinos nesse período tiveram volume de 1700m a 2100m, sendo divididos em 19% em A1 (aeróbio de baixa intensidade), 20% em A2 (aeróbio de média intensidade), 22% em A3 (aeróbio de alta intensidade), 5% em AN1 (tolerância ao lactato), 22% em AN2 (produção de lactato) e 12% em AN3 (potência).

Para seleção da amostra foram excluídos participantes com doença crônica diagnosticada, qualquer lesão ortopédica que impedisse o exercício, cirurgia de grande porte dentro dos 6 últimos meses, histórico de varizes, histórico familiar ou pessoal de trombose venosa profunda, histórico familiar ou pessoal de embolia pulmonar e no caso de mulheres o uso de anticoncepcional.

Antes do início do estudo, os voluntários foram informados sobre os procedimentos, os riscos e os benefícios do experimento e assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido para participar deste estudo.

O nível dos nadadores selecionados para este estudo foi de maneira que estes são mais sensíveis à uma modificação do treinamento, o que se comparado à

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nadadores de nível profissional é mais difícil de acontecer. Os voluntários foram ranqueados dentro do sexo pelo tempo de 50m e de maneira balanceada nos 3 grupos e, ficaram distribuídos conforme tabela abaixo.

Tabela 2 - Distribuição da amostra

Os valores pré dos 50m foram analisados e não foi encontrada diferença significativa entre grupos.

4.2 Desenho experimental

O estudo foi composto ao todo por seis semanas, sendo uma de testes pré-treinamento, determinação da pressão de oclusão e familiarização, quatro semanas de treino e uma semana de testes pós-treinamento.

Após terem assinado o termo de consentimento livre e esclarecido, os voluntários realizaram as avaliações pré-treinamento. Em um dia após o aquecimento em piscina, os sujeitos fizeram o teste de nado atado. Após 5 min de intervalo fizeram o teste de velocidade de nado através de filmagem do nado. Com mais 5 min de intervalo da última tentativa do teste de velocidade de nado, foi realizado o teste de desempenho dos 50m nado crawl.

No segundo dia os participantes foram submetidos à uma medida de espessura muscular do bíceps braquial e tríceps braquial através do ultrassom e em seguida a determinação da pressão de oclusão e familiarização da sensação de oclusão com o manguito de restrição.

Na semana seguinte aos testes foi iniciada a intervenção no treinamento dos nadadores que teve a duração de quatro semanas e no fim das semanas de treino foram feitos os mesmos testes e na mesma sequência do momento pré-treinamento.

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1 2 3 4 5 6

Figura 1: Desenho Experimental

4.3 Determinação da pressão de oclusão

Para a determinação da pressão de oclusão os sujeitos ficaram em repouso durante 5 minutos sentados de modo que o fluxo sanguíneo retornasse aos níveis basais. Logo após foi posicionado um Doppler vascular (DV-610B, MedMega, Ribeirão Preto, Brasil) na artéria braquial para capturar o pulso auscultatório. Em seguida o manguito de compressão com 10 x 50 cm foi posicionado na região proximal do braço do voluntário e inflado até o ponto em que o pulso auscultatório na artéria fosse completamente interrompido, chamado pressão de oclusão arterial (Laurentino et al., 2008), que é a pressão de oclusão total. Para este estudo, a pressão utilizada durante o treinamento foi entre 50% e 80% desta pressão arterial, em vista que um estudo aponta que treinar com 40% ou 90% da pressão de oclusão tem o mesmo efeito (Counts et al., 2016)..

Como foi utilizado a aplicação prática de RFS nos dois braços, logo após o momento de determinação da oclusão de pressão arterial foi feita a familiarização dos participantes com o procedimento de RFS. Para isso foi utilizado um manguito de pressão posicionado em um braço do participante e inflado até a pressão de restrição correspondente a 50% e 80% da pressão de oclusão, enquanto que no outro braço foi

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posicionado um braçadeira de neoprene de 5 x 50 cm com fecho em fivela de aço e velcro (Figura 2) e o próprio participante aplicava a pressão que era determinada de maneira subjetiva baseado na pressão do braço contralateral.

Lembrando que a utilização da RFS nos membros geram aumento de força e hipertrofia não só na musculatura dos membros (i.e. bíceps, tríceps) mas também nos músculos do tronco (i.e. peitoral, latissimus do dorso) (Dankel, Jessee, Abe, & Loenneke, 2016), que são músculos acionados na braçada do nado.

Figura 2: Braçadeira em neoprene

4.4 Avaliações

Os sujeitos foram orientados a não consumirem álcool, cafeína e a não modificarem sua dieta durante as 24h antecedentes ao teste.

4.4.1 Velocidade de nado

Foram realizados dois esforços máximos de 25 m no nado crawl com intervalo de 4 min e com saída de dentro da piscina. Durante o percurso, não foram considerados os primeiros e últimos 7,5 m, para minimizar os efeitos do impulso e da chegada. Para isso, foram colocadas barras perpendiculares ao deslocamento dos atletas, nas distâncias de 7,5 m e 17,5 m (Figura 3). Os nadadores foram orientados a não respirar nesses 10 m (nado bloqueado), para evitar alterações no padrão de movimento nesse espaço.

Foram extraídas informações referentes à velocidade média (VM), à frequência de braçada (FB) e ao comprimento de braçadas (CB) através de filmagem com uma câmera (60 Hz, Hero5 Black, GoPro, EUA) posicionada na lateral da piscina e no meio dos percurso filmado. Posteriormente as imagens foram analisadas por software (Kinovea v.0.8.15, Paris, França).

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A VM foi calculada dividindo a distância de 10 metros pelo tempo necessário para cumpri-los em segundos e para isso foi adotado a passagem da cabeça como um padrão de ponto anatômico para início e fim da contagem do tempo.

A FB é o número de ciclos de braçada (Chollet, Chalies, & Chatard, 2000), realizados em um determinado tempo. Para o seu cálculo foram utilizados três ciclos de braçada. Deste modo a FB é a razão entre o número de ciclos (três) e o tempo necessário para completar. Para a contagem de um ciclo de braçada foi utilizada o momento de entrada da mão direita na água.

O CB é a distância horizontal média percorrida durante a execução de um ciclo completo de braçada em metros, ou seja, é a razão entre a VM e FB.

Figura 3: Representação da piscina durante o Teste de Velocidade

4.4.2 Teste de desempenho

O nadador realizou um esforço máximo de 50 m nado crawl. A saída foi de dentro da água com o impulso na borda e para a mensuração do tempo foi utilizado o cronômetro manual.

(30)

4.4.3 Força do nado atado

Antes do teste de força em nado atado, foi feita a calibração da célula de carga através da avaliação de cargas conhecidas com anilhas, para que fosse determinada a equação de regressão para transformação dos dados obtidos da célula em Volts para quilograma força (Kgf).

Foram realizados dois esforços máximos de 10 s no nado crawl com intervalo de aproximadamente 4 min entre repetições. Uma das extremidades de um cabo inextensível foi amarrada à cintura do nadador enquanto a outra extremidade estava presa a uma célula de carga, com capacidade de 2000 N. Os sinais da célula de carga, gerados a partir dos esforços do nadador, foram adquiridos por uma interface, que converte o sinal analógico em digital e transmite para um computador e foram analisados posteriormente. Os dados foram filtrados (Butterworth, 4a ordem) e a frequência de corte foi determinada através de uma análise de resíduos proposta por Winter (1990). Foram descartados o primeiro e o último segundo do teste. Durante os testes os nadadores foram orientados a nadar em intensidade moderada para retirar qualquer folga que existisse no sistema de cabos e após um apito realizarem esforços máximos bloqueando a respiração. O teste era encerrado com um segundo apito.

Figura 4: Representação da vista superior do nado atado

(1) bloco de partida, (2) borda da piscina, (3) célula de carga, (4) barra flutuante, (5) cabos inextensíveis, (6) cinturão, (7) interface e (8) computador. FONTE: (Barbosa, 2010), p. 84.

(31)

4.4.4 Espessura muscular

A medida de espessura muscular foi realizada no braço direito nas porções anterior e posterior (bíceps braquial e tríceps braquial). Os pontos para a realização da medida foram em 60% do comprimento de distância entre o acrômio e o epicôndilo lateral do úmero. Os locais foram medidos com uma fita métrica e, em seguida, marcados com tinta semipermanente (T Abe, DeHoyos, Pollock, & Garzarella, 2000). As medidas foram realizadas através de imagens de ultrassom utilizando o modo B de imagem (Nanomaxx, Sonosite®, Bothell, EUA). Para aquisição da imagem foi aplicado um gel de transmissão solúvel em água no local de medição e a sonda de ultrassom de 5 -10 MHz foi posicionada perpendicularmente sobre o local sem pressionar a pele. Durante todas as medidas os sujeitos foram instruídos a relaxar sua musculatura o máximo possível na posição sentado. As imagens foram analisadas através da medição da distância do tecido adiposo subcutâneo até a inicio do osso de acordo com o protocolo por (Takashi Abe, Kondo, Kawakami, & Fukunaga, 1994). Foram salvas três imagens de cada músculo, analisadas com planimetria computadorizada através de software ImageJ (NIH, Bethesda, EUA) e foi feito a média dessas três imagens.

4.5 Procedimentos experimentais

Todo o estudo foi aplicado no período preparatório específico do macrociclo de treinamento, pois neste período o atleta já adquiriu melhora de capacidades físicas de maneira geral, que são objetivos da fase anterior, fase esta que ocorre após um período de transição ou recuperação.

O treinamento de força específico foi realizado durante quatro semanas. Todos os nadadores selecionados realizaram o protocolo da mesma maneira e no nado crawl, sendo que um grupo fez a série sem material, um grupo com paraquedas no tamanho de 400 cm² e um grupo com a RFS prática nos braços.

A progressão do treinamento foi conforme a tabela abaixo, sendo o intervalo de 1 min entre as repetições e de 3 min entre as séries, que caracteriza um intervalo totalmente recuperativo (Tabela 3).

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Tabela 3 – Progressão de treino

4.6 Análise estatística

Os dados são apresentados de acordo com estatística descritiva (média ± dp). A normalidade dos dados foi feita através do teste de Shapiro-Wilk. Antes do estudo foi realizada uma ANOVA one-way para verificar se havia diferenças iniciais entre os grupos. Após o período de treinamento, os dados foram analisados com uma inferência de magnitude utilizando o tamanho do efeito (ES). Para isso foi calculado o delta percentual (Δ%) entre momentos pré e pós de cada indivíduo em cada grupo, que foi usado para calcular o tamanho do efeito e o intervalo de confiança de 95% para comparação entre os grupos. Os efeitos entre os grupos foram considerados significantes se o intervalo de confiança não continha o zero.

5 RESULTADOS

Em todas as condições de parâmetros do nado quando comparadas pré e pós, não houve diferença significativa entre valores Δ% em todas as variáveis, assim como também não houve quando comparado entre os grupos (Figura 5, 6 e 7).

(33)

-1,5 -1 -0,5 0 0,5 1 1,5 ES

Comparação entre grupos velocidade média

Controle x Paraquedas Paraquedas x RFS Controle x RFS Velocidade média 0 5 10 15 Controle Paraquedas RFS %

Figura 5: Tamanho do efeito entre grupos e intervalo de confiança da velocidade

-2 -1 0 1 2

ES

Comparação entre grupos frequência de braçada

Controle x Paraquedas Paraquedas x RFS Controle x RFS Frequência braçada 0 5 10 15 20 Controle Paraquedas RFS %

(34)

-1,5 -1 -0,5 0 0,5 1 1,5 ES

Comparação entre grupos comprimento de braçada

Controle x Paraquedas Paraquedas x RFS Controle x RFS Comprimento braçada -20 -10 0 10 20 30 Controle Paraquedas RFS %

Figura 7: Tamanho do efeito entre grupos e intervalo de confiança do comprimento de braçadas

Em relação à espessura muscular do bíceps braquial e do tríceps braquial, não houve diferença significativa em ambos quando comparado pré e pós em Δ%, assim como também não houve quando comparado entre os grupos (Figuras 8 e 9).

(35)

-1,5 -1 -0,5 0 0,5 1 1,5 ES

Comparação entre grupos espessura bíceps

Controle x Paraquedas Paraquedas x RFS Controle x RFS Ultrasson Bíceps -3 -2 -1 0 1 2 3 Controle Paraquedas RFS %

Figura 8: Tamanho do efeito entre grupos e intervalo de confiança da espessura do bíceps braquial

-1,5 -1 -0,5 0 0,5 1 1,5

ES

Comparação entre os grupos espessura tríceps

Controle x Paraquedas Paraquedas x RFS Controle x RFS Ulltrasson tríceps -4 -2 0 2 4 Controle Paraquedas RFS %

(36)

A força propulsora não apresentou diferença quando comparado pré e pós, assim como também não foi encontrada diferença quando analisado o fator grupo (Figura 10).

-2 -1 0 1 2

ES

Comparação entre grupos força média

Controle x Paraquedas Paraquedas x RFS Controle x RFS Força -50 0 50 100 Controle Paraquedas RFS %

Figura 10: Tamanho do efeito entre grupos e intervalo de confiança da força propulsora

E por fim no desempenho dos 50m não houve diferença significativa quando analisado pré e pós, assim como também não foi encontrada diferença quando analisado o fator grupo (Figura 11).

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-2 -1 0 1 2 ES

Comparação entre grupos tempo 50m

Controle x Paraquedas Paraquedas x RFS Controle x RFS Tempo 50m 1 -10 -5 0 5 10 Controle Paraquedas RFS %

Figura 11: Tamanho do efeito entre grupos e intervalo de confiança do desempenho de 50m

6 DISCUSSÃO

Este estudo buscou identificar se o treinamento de força específica dentro d`água através da utilização de um material conhecido na natação como o paraquedas e da aplicação inédita da RFS dentro da água poderiam influenciar o desempenho de velocidade e da força propulsora em nadadores. A amostra selecionada foi composta por nadadores que são mais sensíveis à uma nova interferência do treinamento, de modo que uma mudança no desempenho não é tão limitada, pois estes sujeitos estão mais distantes do alcance da alta performance do que um atleta de alto nível. De acordo com os resultados, quatro semanas de treinamento de força específica com o uso do paraquedas ou com a RFS não se mostraram eficientes para a melhora do desempenho e força propulsora.

Na natação, a força muscular é importante no momento da braçada, pois é uma das maneiras de aumentar a propulsão do nado. Neste esporte, o treino de força específica é aplicado através de séries de sprint com a utilização de materiais, como palmares e paraquedas dentro d`água. No entanto, apesar de amplamente difundido entre treinadores e nadadores, os efeitos da utilização destes materiais sobre o desempenho e força propulsora após um período de treino são pouco conhecidos.

(38)

Contradizendo os resultados do nosso estudo, o paraquedas foi recentemente investigado de maneira crônica em um único estudo que compara sua utilização à situação controle, de forma que os nadadores realizavam a mesma distância das repetições com e sem o paraquedas. Os autores reportaram melhora do desempenho de nadadores após um período de treino de onze semanas (Gourgoulis et al., 2017). Porém, o grande ponto de questionamento neste estudo é quanto ao protocolo de treino, onde foram aplicadas quatro sessões em dias consecutivos por semana e essas foram prescritas pela distância a ser percorrida. Sendo assim não ficou equalizado entre os grupos o número de braçadas, visto que quando se utiliza o paraquedas aumenta o arrasto, o que faz ser maior o tempo de esforço e maior o número de braçadas (contrações musculares) quando comparado ao grupo que nadou sem material. Tudo isso nos leva a questionar se o que realmente pode ter influenciado na melhora da performance de nadadores foi o tempo de esforço e não a utilização do paraquedas. Seria possível, então, que apenas a implantação de uma séria anaeróbia com esforços de mesma duração fosse suficiente para promover a melhora do desempenho observada. Alternativamente o tamanho do paraquedas também pode ter afetado os resultados. O paraquedas utilizado no estudo de Gourgoulis et al. (2017) foi de 1600cm² enquanto o utilizado no presente estudo foi de 400cm², de modo que isto proporcionou um arrasto maior se comparado ao paraquedas do estudo atual, o que pode ter aumentado a necessidade de produção de força propulsora.

A RFS foi investigada em diferentes modalidades esportivas com efeitos positivos sobre a força e hipertrofia muscular e até mesmo sobre o desempenho de velocidade de corrida (Cook et al., 2014). Porém, no presente estudo a utilização da RFS não promoveu alterações na força propulsora nem na espessura muscular. Esses resultados sugerem que a RFS pode não ser eficiente durante o TF na natação, pois as contrações já são realizadas em alta intensidade e como demonstrado por (Laurentino et al., 2008), a RFS não provoca efeitos aditivos de força quando aplicada em contrações de intensidade moderada a alta. Isto está em acordo com os resultados encontrados em esportes aeróbios em baixa intensidade. Em treino de sprint em corrida e em baixa intensidade (de 60 a 70% do melhor tempo) teve melhora no desempenho maior quando utilizada a RFS, e ainda teve melhora na taxa de desenvolvimento de força e aumento da espessura muscular somente no grupo que

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utilizou a RFS (Behringer et al., 2016). De modo que nos leva a sugerir que o treino em baixa intensidade com a RFS para atletas pode ser ideal em determinada fase do treinamento, tal como num período inicial da periodização ou de recuperação de lesão. Outro fator que poderia afetar a força muscular e consequentemente a força propulsora é a espessura muscular (Folland & Williams, 2007). A ausência de diferença na espessura muscular tanto do bíceps braquial como do tríceps braquial já poderia ser esperado pelo fato da baixa sobrecarga externa (estímulo mecânico) e ausência da fase excêntrica na braçada. Essa fase é conhecida como importante para a hipertrofia muscular (Dudley & Djamil, 1985). Mas a ausência de alterações na força pode mostrar também que o treinamento de força aplicado não alcançou o seu objetivo devido ao tamanho do paraquedas, série aplicada ou a quantidade de semanas de treino. O tamanho do paraquedas utilizado foi escolhido pensando em uma menor sobrecarga na articulação do ombro, mas que pode não ter exigido aplicação de força suficiente. A série aplicada, em que foi equalizado o número de braçadas (contrações musculares) realizadas e o tempo de execução foi similar em todos os grupos, visto que a distância percorrida em cada repetição foi diferente entre os grupos, sendo observada a ordem de maior distância para sem material, RFS e paraquedas. Tudo isso foi delimitado para minimizar efeitos de outras características do treinamento (tolerância ao lactato), mas pode não ter sido o suficiente para gerar uma nova adaptação de força. Se esse for o caso, é possível que não seja a aplicação de sobrecarga externa e sim o maior tempo de esforço em alta intensidade que promove adaptações positivas no desempenho, como o que deve ter ocorrido em Gourgoulis et al. (2017), que prescreveu a série em distância para situações diferentes em volume

de braçadas.Em relação as semanas de treino mesmo que a literatura aponte para

uma adaptação neuromuscular nas semanas iniciais, estas semanas podem não ter sido o suficiente para uma nova adaptação de força, ou ainda na semana em que foi feita a reavaliação pode não ter ocorrido as adaptações desta intervenção. Mas não era possível avaliar as semanas seguintes, pois os nadadores iriam pra competição e entrariam em período de férias.

Os parâmetros de nado (frequência e comprimento de braçada) são utilizados como forma de avaliar se houve mudança da técnica quanto ao padrão de movimento e consequentemente de desempenho de um nadador, como efeito de adaptações após um período de treino. A similaridade de resultados no pré e pós pode ser

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explicada pela ineficiência dos métodos utilizados, dos materiais empregados ou ainda pela intensidade aplicada, como já explicado anteriormente.

Com tudo isso podemos chegar a sugestão de investigar se o ideal seria a aplicação de um paraquedas de maior tamanho e até mesmo do palmar como uma situação controle, lembrando de equalizar o número de braçadas das séries para todos os grupos através da contagem de braçadas e não da metragem, pois assim não haverá diferença de volume nadado entre eles.

7 CONCLUSÃO

O treinamento de força específica com paraquedas ou com a RFS durante quatro semanas e com a frequência de três vezes por semana, não modificou a força propulsora e também não houve melhora no desempenho de nadadores nos 50m nado crawl.

(41)

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Referências

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