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Políticas públicas: uso de drogas, uma análise da redução de danos e da violência

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UNIJUÍ - UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

ANDRÉIA ALCANTARA PAVEGLIO

USO DE DROGAS ILÍCITAS: POLÍTICAS PÚBLICAS, UMA ANÁLISE DA REDUÇÃO DE DANOS E DA VIOLÊNCIA

SANTA ROSA (RS) 2016

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ANDRÉIA ALCANTARA PAVEGLIO

POLÍTICAS PÚBLICAS: USO DE DROGAS, UMA ANÁLISE DA REDUÇÃO DE DANOS E DA VIOLÊNCIA

Monografia final do Curso de Graduação em Direito objetivando a aprovação no componente curricular Trabalho de Conclusão de Curso - TCC. UNIJUÍ – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. DCJS – Departamento de Ciências Jurídicas e Sociais.

Orientador: M.s Fernando Sodré de Oliveira

Santa Rosa (RS) 2016

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho primeiramente а Deus, por ser essencial em minha vida, autor do mеυ destino, mеυ guia. Socorro presente na hora da angústia e da vontade de desistir. Ao meu esposo Sandro Paveglio, por ser meu grande incentivador e por sempre acreditar em mim, na minha capacidade e, por último, mas não menos importante, аоs mеυs pais José Carlos Gomes Alcantara e Maria Genessi da Rosa Alcantara pelos ensinamentos dados em minha criação desde o dia do meu nascimento.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente а Deus qυе permitiu qυе tudo isso acontecesse, pоr tеr mе dado saúde е força pаrа superar аs dificuldades ао longo dе minha vida, por ter iluminado meus caminhos nãо somente nestes anos como universitária, mаs еm todos оs momentos e que é o maior mestre qυе alguém pode conhecer.

Agradeço também a todos os professores que me acompanharam durante a graduação, que foram tão importantes na minha vida acadêmica e no desenvolvimento do meu conhecimento. A palavra mestre, nunca fará justiça suficiente аоs professores dedicados аоs quais sеm nominar terão оs meus eternos agradecimentos.

Agradeço em especial ao meu caríssimo Prof. Mestre Dr. Fernando Sodré de Oliveira, cоm quem partilhei о qυе era о broto daquilo qυе veio а sеr este trabalho, pela paciência na orientação, por ser o grande responsável pela realização deste trabalho, pois se não tivesse dividido comigo todo seu conhecimento não teria sido possível. Pоr mе proporcionar о conhecimento nãо apenas racional, mаs а manifestação dо caráter е afetividade dа educação nо processo dе formação profissional. Pоrtanto, pelo suporte nо pouco tempo qυе lhe coube, nãо somente pоr ter mе ensinado, mаs por ter mе feito aprender.

Ao Curso dе Direito dа Unijuí, е às pessoas cоm quem convivi nos espaços acadêmicos ао longo desses anos. А experiência dе υmа produção de conhecimento compartilhada nа comunhão cоm professores, amigos e aqueles qυе dе alguma forma estiveram próximos a mim em minha caminhada, foram а melhor experiência dа minha formação acadêmica, fazendo esta vida valer cada vеz mais а pena.

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UNIJUI, a qual desejei, desde о princípio, a participação nа banca examinadora dеstе trabalho, pela sua competência e grande conhecimento. É υm imenso prazer tê-la nа banca examinadora.

À comunidade dа Igreja Batista de Três de Maio, pois fоі nesse meio qυе aprendi о valor dа minha fé e, para além dо Curso dе Direito, fоі onde aprendi а refletir е duvidar е, nunca encarar а realidade que se apresenta, muitas vezes parecendo ser impossível, como pronta, pois o nosso Deus é o Deus do impossível. Aprendi а vеr а vida dе um jeito diferente, com muito mais fé em Deus e certeza do seu infinito e misericordioso amor.

Obrigada minhas irmãs е sobrinhos queridos, que de uma forma ou de outra também sempre estiveram presentes em minha caminhada e que contribuíram de forma valiosa com seu carinho despendido a mim.

Quero agradecer ao meu filho, meu pequeno Guilherme Alcantara Paveglio, presente de Deus em minha vida, que embora não tivesse conhecimento disto, iluminou de maneira especial os meus dias, inundou minha mente e meus pensamentos me levando a querer ser cada dia um ser humano melhor e a buscar mais conhecimento para assim poder ser exemplo para ele. E não deixando de agradecer de forma grandiosa a meus pais, José Carlos Gomes Alcântara e Maria Genessi da Rosa Alcantara, pelo amor, incentivo е apoio incondicional, a quem eu rogo todos os dias a minha existência.

E o que dizer a você Sandro?

Meu Amado esposo, pessoa cоm quem аmо partilhar а vida, companheiro de todas as horas, pai exemplar, que enquanto eu estava em sala de aula estudando para realizar meu grande sonho profissional, estava em casa cuidando do nosso filho de maneira inexplicável, dedicando toda sua atenção e zelo. Obrigada pela paciência, pelo incentivo imensurável, pela força nas horas difíceis e principalmente pelo amor incondicional despendido a mim nestes longos anos de caminhada universitária, aquele que nоs momentos dе minha ausência, dedicados ао estudo

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dedicação nо presente!

Valeu a pena toda distância percorrida, todo cansaço, todas as renúncias. Valeu a pena estudar, esperar, sonhar.

Hoje estamos colhendo juntos, os frutos do nosso empenho! Sim, nosso empenho, pois você esteve junto a mim em cada passo dado nessa longa caminhada.

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"Apesar dos nossos defeitos, precisamos enxergar que somos pérolas únicas no teatro da vida e entender que não existem

pessoas de sucesso e pessoas

fracassadas. O que existem são pessoas que lutam pelos seus sonhos ou desistem deles."

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RESUMO

Este trabalho tem como tema o uso de drogas ilícitas: políticas públicas, uma análise da redução de danos e da violência e como objetivo geral analisar a importância das políticas públicas para a redução dos danos e da violência no uso de drogas. Justifica-se a escolha do tema por ser de extrema importância para a sociedade, uma vez que as drogas estão de muito fácil acesso, facilitando o seu uso abusivo. A pesquisa bibliográfica foi utilizada em todos os momentos do desenvolvimento do trabalho, sendo fonte de informações e formadora de opiniões. Este método de pesquisa abrangeu todos os assuntos a serem discernidos neste projeto. Em relação aos fins ou objetivos, se classificará como uma pesquisa exploratória e indutiva. Atualmente direta ou indiretamente entre as várias questões do dia-a-dia que exigem a atenção da sociedade e dos governantes, têm-se as drogas. É um tema que exige olhares bem atentos sob várias perspectivas. Como cidadãos, membros de uma família participantes de uma comunidade deve fixar o engajar pleno e indispensável em uma sociedade melhor e limpa, termo usado por aqueles que deixaram de usá-la. Portanto, após amplo estudo, viu-se que as políticas públicas e a redução de danos são ações que vem de suma importância no combate às drogas, apesar da sociedade ter que fazer o seu papel, a esfera pública deve colocar em prática suas ações. Ainda salienta-se que a nova Lei de Drogas, nominou as atividades de prevenção do uso indevido, de atenção e de reinserção social de usuários e dependentes, definindo assim, como ações preventivas, inspirados em fundamentos redutores de danos.

Palavras-chave: Políticas Públicas – Drogas – Redução de Danos.

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ABSTRACT

This work has as its theme the use of illicit drugs: public policy, an analysis of harm reduction and violence and as a general objective to analyze the importance of public policies for the reduction of damage and violence in drug use. Justified the choice of subject to be of extreme importance for society, since the drugs are very easily accessible, facilitating their abuse. The literature search was used at all times of the development work, a source of information and forming opinions. This research method covered all the issues to be discerned in this project. In relation to the purposes or objectives, it will qualify as an exploratory and inductive research. Currently directly or indirectly from the various issues of the day-to-day that require the attention of society and governments, have been drugs. It is an issue that requires very watchful eyes from various perspectives. As citizens, members of a participating family community must secure the full and necessary engage in a better and clean society, a term used by those who no longer use it. Therefore, after extensive study, it was seen that public policy and harm reduction are actions that is of paramount importance in the fight against drugs, despite the company having to do their part, the public sphere must implement their actions. Also it stresses that the new Drugs Act, nominou the activities of prevention of abuse, attention and social reintegration of users and addicts, thus defining as preventive action, inspired by reducing fundamentals damage.

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AIDS – Síndrome da Imunodeficiência Adquirida.

CETAD – Centro de Estudos e Terapia do Abuso de Drogas; CNFE – Comissão Nacional de Fiscalização de Entorpecentes; CONAD – Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas;

DST – Doenças Sexualmente Transmissíveis; FUNAD – Fundo Nacional Antidrogas;

HIV – Vírus da Imunodeficiência Humana;

LOAS – Lei Orgânica de Assistência Social;

PNAD – Política Nacional sobre Drogas; PTS – Programa de Troca de Seringas; RD – Redução de Danos;

SENAD – Secretaria Nacional Antidrogas;

SISNAD – Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas; SUS – Sistema Único de Saúde;

SUAS – Sistema Único de Assistência Social; UDI – Usuários de Drogas Injetáveis;

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 11

1 DROGAS ... 13

1.1 O consumo de drogas no Brasil ... 13

1.2 Legislação e jurisprudência que conceituam as drogas no Brasil ... 15

1.2.1 O Direito Penal e as Drogas ... 17

1.3 Prevenção do uso Indevido de drogas ... 23

2 POLÍTICAS PÚBLICAS ... 26

2.1 Conceitos e definições ... 26

2.2 Construção de Políticas Públicas sobre Drogas ... 30

2.2.1 SISNAD - Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas ... 34

2.2.2 PNAD - Política Nacional sobre Drogas ... 35

2.2.3 FUNAD- Fundo Nacional Antidrogas ... 35

2.2.4 CONAD – Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas ... 36

2.2.5 Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack e outras Drogas ... 36

3 DROGAS: POLÍTICA DE REDUÇÃO DE DANOS NO BRASIL ... 39

3.1 Redução de danos: alguns princípios e a ação na prática ... 40

3.2 Programa de redução de danos no Brasil ... 42

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 53

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho de conclusão de curso se propõe discutir o uso de drogas ilícitas: políticas públicas, uma análise da redução de danos e da violência. Tem como objetivos específicos: a) conceituar as drogas no Brasil a fim de verificar o seu consumo com o passar dos anos; b) estudar a legislação e jurisprudência que conceituam as drogas no Brasil; c) desenvolver um aspecto histórico da redução de danos como política pública; d) verificar a importância das estratégias de combate às drogas e com isso a redução de danos para o Brasil.

Entende-se que o consumo de substâncias psicoativas é um fenômeno que sempre existiu em toda cultura humana. As características desse consumo vêm se modificando significativamente nas últimas décadas, colocando em risco a vida de muitas pessoas, tornando-se mais um dos fatores do reflexo das transformações das condições sociais e culturais dos brasileiros.

Ao longo dos anos, os efeitos das drogas ficaram mais conhecidos. Em consequência disso, os problemas foram sendo identificados de maneira mais expressiva. A partir desse processo, um novo contexto surgiu e com ele novas formas de uso e abuso.

Na atualidade, diferentes tipos de substâncias vêm sendo usadas em uma gama de finalidades, com fins prazerosos no desencadeamento de estado de êxtase, o interesse e a curiosidade por essas substancias crescem de forma rápida e consistente em todos os segmentos do país.

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caso da maconha. Há duas correntes que discutem a liberação: um lado afirma que se a droga for liberada as pessoas irão diminuir o uso e irão consumir uma substância que poderá ser controlada e garantir a qualidade, pois hoje não se tem garantia da sua procedência e da pureza da substância. Por outro lado, especialistas alegam os problemas causados pela maconha, como a probabilidade de transtornos mentais tais como a esquizofrenia.

Nesse sentido, muitos questionam a aceitação, por parte da sociedade, das drogas lícitas, uma vez que elas são prejudiciais para a saúde e também causam dependência nos usuários. Assim o critério da legalidade ou não de uma droga é historicamente variável e não está relacionado, necessariamente à gravidade de seus efeitos.

Para a realização deste estudo, dividiu-se o mesmo em três capítulos, sendo que no primeiro abordaram-se conceitos, definições, legislação e jurisprudência que conceituam as drogas no Brasil.

No segundo capítulo abordaram-se as Políticas Públicas, conceitos e definições e alguns programas de Politicas Públicas sobre drogas de alcance Nacional. E o terceiro e último relata as drogas e os programas e política de redução de danos no Brasil.

A metodologia utilizada foi à indutiva e bibliográfica, através da qual se buscou o aprofundamento com relação ao tema proposto.

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1 DROGAS

Este capítulo vai abordar as drogas, sua legislação e jurisprudência, conceitos e definições e também o seu uso no Brasil.

A atual política sobre drogas vigente no país, ou seja, a política de criminalização de certas drogas, constitui um sistema “auto referencial”, isto é, um sistema que se auto- reproduz ideológica e materialmente.

1.1 O consumo de drogas no Brasil

No mundo contemporâneo, o uso das chamadas “drogas” tem dado ensejo a diferentes posicionamentos e abordagens sobre sua significação. Historicamente, não são raras as formas de dominação e aculturação associadas a esse uso.

Conceitualmente, segundo Medeiros, as “drogas são discursos apresentados de forma variável no decorrer da história” (SAPORI E MEDEIROS, 2010, p.14). O mesmo autor apresenta diversas transformações do significado da palavra “droga”. Dentre essas aponta que:

A palavra “droga” provavelmente deriva do termo holandês droog, que significa produtos secos e servia para designar, do século XVI ou XVIII, um conjunto de substancias naturais utilizadas, sobretudo, na alimentação e na medicina. Mas o termo também foi usado na tinturaria ou como substancia que poderia ser consumida por mero prazer. (Carneiro (2005), apud SAPORI E MEDEIROS, 2010, p.15).

Nessa profusão de significações conceituais e como artifícios para se exemplificar essa diversidade, o autor ainda conceitua “droga” como uma substancia que quando administrada ou consumida por um ser vivo, modifica uma ou mais de suas funções, com exceção daquelas substancias necessárias para a manutenção da saúde normal. (SAPORI E MEDEIROS, 2010).

As drogas, por conseguinte, configuram-se como mercadorias alternativas às problemáticas da vida contemporânea, da mesma forma que carros, vestimenta e outros objetos.

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Em se tratando da questão das drogas, o Brasil foi e é signatário de várias convenções internacionais. As diretrizes internas sempre sofreram influencias de países europeus e dos Estados Unidos da América. O que aparece no cenário atual são propostas em que “o modelo atual de política de repressão às drogas está firmemente arraigado em preconceitos, temores e visões ideológicas”. (SAPORI E MEDEIROS, 2010, p.82).

Segundo Silva, a maconha foi a primeira droga ilícita a chegar ao Brasil, por meio de escravos africanos que traziam consigo a cultura de fazer uso dessa erva, sob a alegação de que ela possibilitava o contato mais próximo com o sobrenatural. (SILVA. 2004).

“O consumo da maconha foi proibido pela primeira vez no Brasil em 1830, no Rio de Janeiro, por meio de portaria da Câmara Municipal que vetava a compra e venda do produto, consumido, principalmente, por negros.” (SILVA. 2004 p.80).

Em 1932, foi elaborada uma nova legislação que além de ampliar o numero de substancias proscritas, passou a considerar o porte de qualquer uma delas crime passível de prisão, mantendo o poder da justiça de internar o toxicômano por tempo indeterminado. Essa medida é complementada pelo Decreto n. 24.505, de 1934, segundo o qual “o ato de induzir ao uso é inserido no mesmo patamar de gravidade penal da venda que criminaliza o porte de drogas, em porte superior a terapêutica. (FIORE, 2005).

O ano de 1936 foi marcado pela criação da Comissão Nacional de Fiscalização de Entorpecentes (CNFE), que tinha como um de seus atributos, propor legislação que tratasse do tema. Com a criação dessa comissão, estabelece-se um modelo de gestão governamental sobre drogas, que de certa forma, perdura até hoje. (FIORI, 2005).

O uso de drogas ganha novo significado na década de 1960, em decorrência da adesão ao movimento de contracultura – associado ao uso de substâncias psicoativas – por jovens de classe média e alta. O fato gerou, por parte das

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autoridades, mobilizações para que a legislação sobre drogas passasse a ser rígida e efetiva, principalmente com esse grupo.

Em 1964, o Brasil aderiu à mesma linha repressiva, sempre em concordância com normas internacionais.

No ano de 1971, ocorreram mudanças importantes na compreensão do fenômeno das drogas. Ainda que estas continuassem inseridas no âmbito da justiça penal, a concepção “médico-psiquiátrica tornou-se preponderante; o usuário de drogas passou a ser considerado um doente e os hospitais psiquiátricos tornaram-se dispositivos assistenciais privilegiados de atenção, passando a ter como objetivos salvar e recuperar e não simplesmente punir” (MACHADO, 2006).

No entanto, isso não foi suficiente para que houvesse uma mudança de paradigma relacionada ao uso das drogas, haja vista que a psiquiatria tornou-se aliada da repressão e do controle das drogas no Brasil.

1.2 Legislação e jurisprudência que conceituam as drogas no Brasil

Viu-se na leitura sobre os efeitos das drogas que os mesmos podem ser observados em todo o organismo, pois elas afetam o sistema nervoso central e podem causar diversas doenças. Entretanto, elas também afetam negativamente a família e a sociedade. (MARQUES; SEIBEL, 2010).

As drogas ilícitas podem ser classificadas de acordo com seus efeitos no corpo humano, que podem ser drogas estimulantes que aumentam os estímulos nervosos e deixam o indivíduo mais eufórico. Exemplos: cocaína e anfetaminas. Drogas alucinógenas provocam sensações falsamente agradáveis. Exemplos: maconha e LSD. (MARQUES; SEIBEL, 2010)

Estes efeitos podem ser percebidos em minutos, mas tendem durar pouco tempo, e por isso é comum o uso abusivo das drogas em quantidades cada vez maiores. O efeito das drogas no sistema nervoso é a diminuição do estímulo nervoso

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e da reação entre as células, que podem deixar o indivíduo eufórico ou mais lento, dependendo da droga que foi utilizada. (MARQUES; SEIBEL, 2010).

A legislação brasileira sobre drogas foi atualizada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo Presidente da República em 23 de agosto de 2006. (BRASIL, 2008).

O Projeto de Lei (PL) n° 115/02 do Senado tornou-se a lei n°11.343/06 e substituiu as leis n°6.368/76 e n°10.409/02, sobre drogas, até então vigentes no país. A nova lei coloca o Brasil em destaque no cenário internacional nos aspectos relativos à prevenção, atenção, reinserção social do usuário e dependente de drogas, bem como ao endurecimento das penas pelo tráfico dessas substâncias. (BRASIL, 2008).

A lei n°11.343/06 institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas com a finalidade de articular, integrar, organizar e coordenar as atividades de prevenção, tratamento e reinserção social de usuários e dependentes de drogas, bem como as de repressão ao tráfico estando em perfeito alinhamento com a Política Nacional sobre Drogas e com os compromissos internacionais do país. (BRASIL, 2008).

A nova lei não descriminaliza qualquer tipo de droga. Apesar de a posse continuar caracterizada como crime, usuários e dependentes não estarão mais sujeitos à pena privativa de liberdade, mas sim, a medidas sócio-educativas aplicadas pelos juizados especiais criminais. (BRASIL, 2008).

A lei n°11.343/06

Institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas - Sisnad; prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas; estabelece normas para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas; define crimes e dá outras providências.

Art. 1º Esta Lei institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas - Sisnad; prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas;

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estabelece normas para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas e define crimes.

Parágrafo único. Para fins desta Lei, consideram-se como drogas as substâncias ou os produtos capazes de causar dependência, assim especificados em lei ou relacionados em listas atualizadas periodicamente pelo Poder Executivo da União.

Art. 2º Ficam proibidas, em todo o território nacional, as drogas, bem como o plantio, a cultura, a colheita e a exploração de vegetais e substratos dos quais possam ser extraídas ou produzidas drogas, ressalvada a hipótese de autorização legal ou regulamentar, bem como o que estabelece a Convenção de Viena, das Nações Unidas, sobre Substâncias Psicotrópicas, de 1971, a respeito de plantas de uso estritamente ritualístico-religioso. Parágrafo único. Pode a União autorizar o plantio, a cultura e a colheita dos vegetais referidos no caput deste artigo, exclusivamente para fins medicinais ou científicos, em local e prazo predeterminados, mediante fiscalização, respeitadas as ressalvas supramencionadas. (BRASIL, 2008, p.28).

A Política Nacional sobre drogas estabelece os fundamentos, os objetivos, as diretrizes e as estratégias indispensáveis para que os esforços voltados à redução da demanda e da oferta de drogas possam ser conduzidos de maneira planejada e articulada. O item a seguir aborda o direito penal e as drogas.

1.2.1 O Direito Penal e as Drogas

Segundo Santos, “o direito penal é o setor do ordenamento jurídico que define crimes, comina penas e prevê medidas de segurança aplicáveis aos autores das condutas incriminadas”. (SANTOS, 2012, p.01).

Viu-se que o direito penal tem por objeto condutas humanas descritas em formas positivas (ações) ou negativas (omissão de ações) em tipos legais de condutas proibidas. Sendo o mesmo o centro do programa de política penal do Estado para controle da criminalidade. Santos, relata ainda que as penas criminais constituem o instrumento principal da política penal do Estado, agrupas em três categorias conforme o CP, art.32:

a) Penas privativas de liberdade b) Penas restritivas de direito;

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Já Lira (2015), quando se refere à política criminal em relação à repressão e à prevenção aos crimes de drogas expondo-se ao direito penal e dirigindo-se ao trafico, a posse ou ao uso de entorpecentes, relata que até 2006, vigorava a Lei 6.368 de 21.10.1976, que regulamentava as condutas ilícitas referentes às substâncias entorpecentes. Esse dispositivo penal punia o tráfico nacional e internacional com pena de reclusão de 3 (três) até 15 (quinze) anos e multa. As condutas de fabricação ilegal e de associação criminosa de pessoas para cometer crimes envolvendo drogas eram punidas com pena de reclusão de 3 (três) a 10 (dez) anos e multa. E, por fim, ao uso de drogas fora estabelecida uma pena de detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos e pagamento de multa. Em síntese, eram essas as principais condutas penais.

No ano de 2006 veio uma nova legislação para regulamentar os ilícitos penais referentes às drogas.

A Lei 11.343, de 23.08.2006, estabeleceu ao tráfico de drogas uma pena de reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e multa severa. Essa lei manteve as penas para os casos de fabricação e de associação para o tráfico – 3 a 10 anos de reclusão -, mas incrementou a multa pecuniária. O referido diploma legal ainda inovou ao criar três condutas penais: a) financiamento e custeio do tráfico de drogas, com pena de reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e multa; b) colaboração, como informante, com grupo, organização ou associação destinados à prática do tráfico de drogas, com pena de reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa; e, c) condução de embarcação ou aeronave após o consumo de drogas, expondo a dano potencial a incolumidade de outrem, com pena de detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, além da apreensão do veículo, cassação da habilitação respectiva, proibição de obtê-la, pelo mesmo prazo da pena privativa de liberdade aplicada e pagamento de multa. Em suma, essas foram as principais novidades da Lei de Drogas. (LIRA, 2015, p.157).

Analisando as duas leis de drogas, isto é, a anterior e a nova, é notório o aumento de penas e criação de novos delitos. A pena mínima do tráfico aumentou de 3 para 5 anos, uma mudança substancial, porque esse quantum é o referencial para a pena-base na primeira fase da dosimetria da pena. Essa não foi a maior demonstração de força do Estado, já que ao financiamento e ao custeio da mercancia de drogas é prevista uma pena de 8 até 20 anos de reclusão. Aliás, as penas de multa saltaram para valores consideráveis. (LIRA, 2015).

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Não se discute a necessidade de atualização da política criminal em relação às drogas, até porque a lei que disciplinava tais condutas era datada de 1976, portanto, anterior à Constituição da República de 1988. Também se concorda que os novos modus operandi do tráfico reclamavam novos tipos penais, sobretudo o financiamento, o fabrico e a logística de distribuição dos entorpecentes. Todavia, na linha do que já se vem defendendo anteriormente, tal incremento não é sozinho, o principal modelo de prevenção e combate aos crimes de drogas. (ANDRADE, 2011).

A tabela e o gráfico abaixo, cujos dados foram coletados dos Anuários Brasileiros de Segurança Pública de 2006 até 2013, possibilitarão compreender que os crimes de tráfico e de posse de drogas não têm reduzido, mas aumentado paulatinamente, ano após ano, em que pese à tipificação de novos delitos e o considerável aumento das penas para tais condutas, desde a edição e vigência da Lei 11.343/06. (LIRA, 2015). Vejam-se, a seguir, os números de tráfico de drogas de 2006 até 2013 na tabela à esquerda e a respectiva evolução no gráfico à direita.

Figura 1 – Tabela e gráfico sobre trafico de drogas dos anos de 2006-2013.

Fonte: (Lira, 2015, p.159)

Os dados relativos à infração penal de posse ou uso de drogas não são diferentes, como mostram os números na figura abaixo.

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Figura 2 – Tabela e gráfico sobre posse ou uso de drogas dos anos de 2006-2013.

Fonte: (Lira, 2015, p.159)

Apenas para se ter uma ideia da proporção do crescimento dessas modalidades dos crimes acima examinados, se se considerar o intervalo somente entre os anos 2006 e 2013, o porte ilegal de arma de fogo aumentou 59,92%, o tráfico ilícito de drogas cresceu 302,86% e a posse ou o uso de drogas subiu para 146,40%. (LIRA, 2015).

É claro que se pode dizer que esse resultado alarmante pode ter sido originado pelo aumento da alimentação dos sistemas de segurança pública – mais dados – ou também em razão de uma eficiência da polícia na investigação dessas condutas. Isso pode ser possível. Todavia, se tal lógica for correta, é preciso admitir que, em 2006 havia um completo descontrole no registro desses casos nos sistemas de segurança pública do País. É bem provável que tanto os sistemas de dados quanto a repressão e a prevenção a tais ilícitos penais tenham melhorado nesse curto espaço de tempo. Entretanto, parece ser mais prudente aceitar os números e compreender que há uma crescente atividade criminosa; somente aumentar penas e criar tipos penais não serão a solução. Essa racionalidade legislativa não “coíbe” ações criminosas. (LIRA, 2015).

É por isso que se afirma que a lógica da inversão da atuação do Direito Penal – de última ratio pra prima ratio – não deve ser a saída para os problemas sociais. Não se quer dizer com isso que o Direito Penal não deve

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ser visto como um instrumento de prevenção aos riscos sociais. É evidente que isso é possível. O que não é recomendável é lançar na conta do Direito Penal a tarefa do único instrumento de controle das mazelas sociais. Isso significa dizer que esse ramo do direito não pode ser alçado ao patamar de concretizador de políticas públicas. O Direito Penal, sozinho, não apenas não trará as soluções almejadas como apresentará o risco de transformar a norma penal apenas em um símbolo, desacreditado pela sociedade. (LIRA, 2010, p.159).

Bokany descreve que segundo o Relatório Mundial (2013) sobre uso de drogas, houve um aumento na produção e uso indevido de drogas a partir de 2009. O Brasil, fronteiriço com países produtores de cocaína e portos para a África e Europa, é país que se insere na rota do tráfico internacional de drogas, o que gera novos desafios ao sistema de controle de distribuição e de controle da violência gerada pelo tráfico de drogas ilícitas, nos forçando a pensar novas medidas legislativas, como a Lei de Drogas no Brasil (Lei 11.343/2006) que estabelece distinção entre tráfico e consumo pessoal, despenalizando, em certa medida, a posse e cultivo de drogas ilegais para uso próprio. Na prática, porém, o enquadramento em tráfico ou consumo é arbitrário e eleva as taxas de encarceramento. (BOKANY, 2015).

Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas:

I - advertência sobre os efeitos das drogas; II - prestação de serviços à comunidade;

III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. § 1º Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação de pequena quantidade de substância ou produto capaz de causar dependência física ou psíquica.

§ 2º Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz atenderá à natureza e à quantidade da substância apreendida, ao local e às condições em que se desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e aos antecedentes do agente.

§ 3º As penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 5 (cinco) meses.

§ 4º Em caso de reincidência, as penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 10 (dez) meses.

§ 5º A prestação de serviços à comunidade será cumprida em programas comunitários, entidades educacionais ou assistenciais, hospitais, estabelecimentos congêneres, públicos ou privados sem fins lucrativos, que se ocupem, preferencialmente, da prevenção do consumo ou da recuperação de usuários e dependentes de drogas.

§ 6º Para garantia do cumprimento das medidas educativas a que se refere o caput, nos incisos I, II e III, a que injustificadamente se recuse o agente, poderá o juiz submetê-lo, sucessivamente a:

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II - multa.

§ 7º O juiz determinará ao Poder Público que coloque à disposição do infrator, gratuitamente, estabelecimento de saúde, preferencialmente ambulatorial, para tratamento especializado.

Art. 29. Na imposição da medida educativa a que se refere o inciso II do § 6º do art. 28, o juiz, atendendo à reprovabilidade da conduta, fixará o número de dias-multa, em quantidade nunca inferior a 40 (quarenta) nem superior a 100 (cem), atribuindo depois a cada um, segundo a capacidade econômica do agente, o valor de um trinta avos até 3 (três) vezes o valor do maior salário mínimo.

Parágrafo único. Os valores decorrentes da imposição da multa a que se refere o § 6º do art. 28 serão creditados à conta do Fundo Nacional Antidrogas.

Art. 30. Prescrevem em 2 (dois) anos a imposição e a execução das penas, observado, no tocante à interrupção do prazo, o disposto nos arts. 107 e seguintes do Código Penal. (BRASIL, 2008, p.29-30).

O principal perigo da droga não é qualquer substância em si, mas a forma e o contexto como são consumidas. A violência e o contato com o crime organizado e a polícia ocorrem devido à criminalização. Uma mudança de perspectiva, com abordagem do tema mais dialógica e menos autoritária, com maior foco na redução de danos do que na “guerra às drogas” poderá trazer uma compreensão mais ampla sobre o consumo e resultados mais eficazes no combate ao narcotráfico e ao crime organizado. (BOKANY, 2015).

No debate sobre drogas também estão presentes o tema da liberdade individual, direito de escolhas, o protagonismo, os direitos de cada pessoa sobre a propriedade do próprio corpo e saúde, e seus projetos de vida. As drogas não podem ser associadas somente à adoção de medidas repressivas. Há diferentes indivíduos, diferentes drogas, diferentes tipos de consumo, diferentes razões para o consumo de drogas e diferentes desfechos de usuários de drogas. É necessário desenvolver estratégias diferenciadas por parte das instituições governamentais para lidar com os diferentes casos. Somente a proibição não protege nem trata o usuário, apenas o pune. (ANDRADE, 2011).

Ademais, as drogas envolvem importantes aspectos culturais e interesses econômicos. O consumo de álcool e tabaco, bastante comuns e até estimulados o seu uso pela sociedade, causam mais danos do que o uso (não o tráfico) de muitas outras substâncias ilícitas.

(24)

Atualmente, tramita no Senado o projeto de lei 7.663/10, de autoria do deputado Osmar Terra (PMDB/RS), já aprovado na Câmara, que prevê a Internação involuntária de usuários de drogas e o aumento da pena mínima para traficantes, o que só contribuirá para a superlotação do sistema carcerário e a criminalização de usuários. (LIRA, 2010).

O combate à violência e os problemas causados pelas drogas exigem respeito aos direitos humanos e ênfase na saúde, tratamento especializado e políticas de redução de danos.

1.3 Prevenção do uso Indevido de drogas

Na política de saúde, a operacionalização desse princípio constitucional ocorreu com a implantação do Sistema Único de Saúde - SUS, cujo funcionamento é organizado pelas Leis 8.080/1990 e 8.142/1990. Com o SUS, a saúde passou a ser pensada como obrigatoriedades do Estado, por meio da responsabilidade das esferas de governo, federal, estadual e municipal. Isso inclui não só a gestão do sistema de saúde, mas também a participação dessas esferas no financiamento e oferta de serviços.

Segundo Andrade (2011, p.254), o SUS foi concebido com base nos seguintes princípios doutrinários:

Universalidade: assegura o direito à saúde a todos os cidadãos,

independentemente de condições de saúde, gênero, idade, religião, condições financeiras, etc.

Integralidade: considera as diversas dimensões do processo saúde-doença

que afetam o indivíduo e a coletividade, atuando, portanto, na promoção, prevenção e tratamento de agravos.

Equidade: grande o direito à assistência de acordo com o nível de

complexidade/anuência.

E especificamente em relação às politicas sobre drogas a Lei 11.343/2006 prescreve medidas para prevenção do seu uso, sendo estas garantidas nos arts. 18 e 19:

Art. 18 Constituem atividades de prevenção do uso indevido de drogas, para efeito desta Lei, aquelas direcionadas para a redução dos fatores de

(25)

vulnerabilidade e risco e para a promoção e o fortalecimento dos fatores de proteção.

Art. 19 As atividades de prevenção do uso indevido de drogas devem observar os seguintes princípios e diretrizes:

I - o reconhecimento do uso indevido de drogas como fator de interferência na qualidade de vida do indivíduo e na sua relação com a comunidade à qual pertence;

II - a adoção de conceitos objetivos e de fundamentação científica como forma de orientar as ações dos serviços públicos comunitários e privados e de evitar preconceitos e estigmatização das pessoas e dos serviços que as atendam;

III - o fortalecimento da autonomia e da responsabilidade individual em relação ao uso indevido de drogas;

IV - o compartilhamento de responsabilidades e a colaboração mútua com as instituições do setor privado e com os diversos segmentos sociais, incluindo usuários e dependentes de drogas e respectivos familiares, por meio do estabelecimento de parcerias;

V - a adoção de estratégias preventivas diferenciadas e adequadas às especificidades socioculturais das diversas populações, bem como das diferentes drogas utilizadas;

VI - o reconhecimento do “não-uso”, do “retardamento do uso” e da redução de riscos como resultados desejáveis das atividades de natureza preventiva, quando da definição dos objetivos a serem alcançados;

VII - o tratamento especial dirigido às parcelas mais vulneráveis da população, levando em consideração as suas necessidades específicas; VIII - a articulação entre os serviços e organizações que atuam em atividades de prevenção do uso indevido de drogas e a rede de atenção a usuários e dependentes de drogas e respectivos familiares;

IX - o investimento em alternativas esportivas, culturais, artísticas, profissionais, entre outras, como forma de inclusão social e de melhoria da qualidade de vida;

X - o estabelecimento de políticas de formação continuada na área da prevenção do uso indevido de drogas para profissionais de educação nos 3 (três) níveis de ensino;

XI - a implantação de projetos pedagógicos de prevenção do uso indevido de drogas, nas instituições de ensino público e privado, alinhados às Diretrizes Curriculares Nacionais e aos conhecimentos relacionados a drogas;

XII - a observância das orientações e normas emanadas do Conad;

XIII - o alinhamento às diretrizes dos órgãos de controle social de políticas setoriais específicas.

Parágrafo único. As atividades de prevenção do uso indevido de drogas dirigidas à criança e ao adolescente deverão estar em consonância com as diretrizes emanadas pelo Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente - Conanda. (BRASIL, 2008, p.33.34).

Segundo Reghelin (2002), quando se fala em prevenção, antes de tudo, deve-se estar ciente de que para educar é necessário saber onde quer deve-se chegar. Educar implica inscrever-se em escolhas de ideias, crenças e finalidades. Essas escolhas estão sempre de acordo com os valores e significados que impregnam determinada cultura, as escolhas jamais são inevitáveis.

(26)

Portanto, a prevenção ao uso de drogas não é a pretensão de uma imposição de mudança sociocultural, mas o desejo de evitar não só o seu uso abusivo, como também o seu uso indevido, pois todo uso abusivo sempre será indevido, mas nem todo uso indevido será abusivo e, no entanto, também é merecedor de atenção, posto que prejudicial à saúde do indivíduo.

Contudo, este capítulo, abordou as drogas, conceituando-as, definindo-as, demonstrando sua história, legislação e jurisprudência no Brasil. E o capítulo a seguir abordará as Políticas Públicas e o seu trabalho no combate as drogas.

(27)

2 POLÍTICAS PÚBLICAS

Este capítulo irá abordar as políticas públicas, dando ênfase ao combate as drogas.

Para realização deste estudo, buscaram-se várias leituras que indagasse o tema, e com isso, verificou-se que se pode definir políticas públicas como sendo as ações desenvolvidas e conjugadas pelo Estado, nas suas três esferas do poder público, federal, estadual e municipal, com o objetivo de atender as demandas de determinados setores da sociedade.

2.1 Conceitos e definições

Segundo Costa e Rodrigues (2012), as políticas públicas surgem como forma de inclusão social da sociedade, fazendo-se necessárias participações efetivas no mundo global em prol da efetivação de direitos e garantias constitucionais.

Com o advento da Constituição Federal de 1988, a qual estabeleceu uma nova organização política do Estado, precisamente prevista no artigo 3º, inciso III da Carta Magna, surge uma preocupação com o implemento de políticas públicas, bem como com a redução das desigualdades sociais. Estas ações partem do Estado e tem como objetivo “atender aos direitos dos cidadãos, diante das demandas colocadas pela sociedade. Sua função primordial é buscar a concretização de direitos previstos na legislação que não têm força para materializarem-se por si só” (COSTA e RODRIGUES, 2012, p. 123).

Para cumprir resultados em diversas áreas e promover o bem-estar da sociedade, os governos se utilizam das Políticas Públicas que podem ser definidas da seguinte forma: “(...) Políticas Públicas são um conjunto de ações e decisões do governo, voltadas para a solução (ou não) de problemas da sociedade (...).” (LOPES; AMARAL, 2015).

(28)

A existência de uma esfera da vida que não é privada ou puramente individual, e sim sustentada pelo que é comum e público. E sendo comum em termos de comunidade política, cabe ao Estado à responsabilidade principal, se não exclusiva, por sua preservação. (...) ter uma política pública significa ter razões ou argumentos que contenham não só a compreensão de um problema, como também a solução. (SAPORI e MEDEIROS, 2010, p.93).

O artigo 3º do Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre drogas relata:

Art. 3º O Sisnad tem a finalidade de articular, integrar, organizar e coordenar as atividades relacionadas com: I - a prevenção do uso indevido, a atenção e a reinserção social de usuários e dependentes de drogas; II - a repressão da produção não autorizada e do tráfico ilícito de drogas. (BRASIL, 2015).

E no que se refere aos princípios e aos objetivos do Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre drogas os arts. 4º e 5º descrevem:

Art. 4º São princípios do Sisnad:

I - o respeito aos direitos fundamentais da pessoa humana, especialmente quanto à sua autonomia e à sua liberdade;

II - o respeito à diversidade e às especificidades populacionais existentes; III - a promoção dos valores éticos, culturais e de cidadania do povo brasileiro, reconhecendo-os como fatores de proteção para o uso indevido de drogas e outros comportamentos correlacionados;

IV - a promoção de consensos nacionais, de ampla participação social, para o estabelecimento dos fundamentos e estratégias do Sisnad;

V - a promoção da responsabilidade compartilhada entre Estado e Sociedade, reconhecendo a importância da participação social nas atividades do Sisnad;

VI - o reconhecimento da intersetorialidade dos fatores correlacionados com o uso indevido de drogas, com a sua produção não autorizada e o seu tráfico ilícito;

VII - a integração das estratégias nacionais e internacionais de prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas e de repressão à sua produção não autorizada e ao seu tráfico ilícito;

VIII - a articulação com os órgãos do Ministério Público e dos Poderes Legislativo e Judiciário visando à cooperação mútua nas atividades do Sisnad;

IX - a adoção de abordagem multidisciplinar que reconheça a interdependência e a natureza complementar das atividades de prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas, repressão da produção não autorizada e do tráfico ilícito de drogas; X - a observância do equilíbrio entre as atividades de prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas e de repressão à sua produção não autorizada e ao seu tráfico ilícito, visando a garantir a estabilidade e o bem-estar social;

XI - a observância às orientações e normas emanadas do Conselho Nacional Antidrogas - Conad.

(29)

I - contribuir para a inclusão social do cidadão, visando a torná-lo menos vulnerável a assumir comportamentos de risco para o uso indevido de drogas, seu tráfico ilícito e outros comportamentos correlacionados;

II - promover a construção e a socialização do conhecimento sobre drogas no país;

III - promover a integração entre as políticas de prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas e de repressão à sua produção não autorizada e ao tráfico ilícito e as políticas públicas setoriais dos órgãos do Poder Executivo da União, Distrito Federal, Estados e Municípios;

IV - assegurar as condições para a coordenação, a integração e a articulação das atividades de que trata o art. 3º desta Lei.

Geralmente, a política pública é um conjunto de ações ou programas instituídos pelo bem ou interesse comum. O conceito tem ligação direta com a “política” que advém da palavra de origem grega polis, que se refere às coisas da cidade, ou seja, “ao que é urbano, público, civil e social”. (COSTA e RODRIGUES, 2012, p.139).

Dessa forma, segundo Oliveira e Migliavacca (2016), várias são as definições de políticas públicas, sendo um processo pelo qual os diversos atores que compõem a sociedade tomam decisões coletivas que objetivam um interesse comum. Nas palavras de Schmidt (2008), (penaapud COSTA e RODRIGUES, 2012), configuram decisões de caráter geral que apontam rumos e linhas estratégicas de atuação governamental, reduzindo os efeitos de descontinuidade administrativa e potencialização dos recursos disponíveis ao tornarem públicas, expressas e acessíveis à população e aos formadores de opinião as intenções do governo no planejamento de programas, projetos e atividades.

Por conseguinte, a política pública é gerada por uma situação de dificuldade ou por algum problema, que chama a atenção do Estado, aqui envolvendo todos os atores de forma ampla, na qual é inserido numa agenda política. Assim, há a formulação da política pública que é a definição sobre a maneira de solucionar o problema político em pauta e a escolha das alternativas a serem adotadas. A próxima fase é a da implementação, da concretização da formulação, através de ações e atividades que materializam as diretrizes, programas e projetos, e está a cargo do aparelho burocrático (administração). E, por ultimo, se da sua avaliação, na qual são analisados seus resultados, custos e aceitação pelos cidadãos. (COSTA e RODRIGUES, 2012, p.139).

Nesse sentido, a definição de políticas públicas permeia um campo de estudo que vem trazendo importantes contribuições para compreender o funcionamento das

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instituições e das complexidades que envolvem a vida nos dias atuais. (OLIVEIRA; MIGLIAVACCA, 2016).

No Brasil, a lei n°11.343/06 instituiu o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas – SISNAD, com a finalidade de articular, integrar, organizar e coordenar as atividades de prevenção, tratamento e reinserção social de usuários e dependentes de drogas, bem como as de repressão ao tráfico estando em perfeito alinhamento com a Política Nacional sobre Drogas e com os compromissos internacionais do país. (BRASIL, 2010).

Segundo Correa (2014), paralelamente à identificação das necessidades e dos problemas, à formulação de políticas para solucioná-los, cabem ainda nesse processo sua regulamentação e controle. A regulamentação das políticas públicas é papel exclusivo dos governos, mas o seu controle pode e deve ser exercido também por grupos sociais.

Reghelin (2002) relata que o Brasil reconheceu os princípios da redução de demanda de drogas e, a partir de então, viu-se compelido a ter uma política para as outras questões relacionadas a drogas, não somente a redução da oferta.

Viu-se ainda a necessidade de uma política pública sobre drogas, pois existem várias dimensões que envolvem este problema e que elas têm uma proporção muito grande, portanto, para superar estes desafios Costa e Rodrigues (2012), relatam que é preciso construir ações e estratégias amplas, articulada, envolvendo diversos setores e atores de uma comunidade que desenvolvam políticas públicas sobre drogas.

Correa (2014, p.74) relata:

Sem dúvida que é necessária, importante e urgente a construção de uma política pública sobre drogas. O problema do uso e abuso de drogas tem se agravado ao longo dos anos e já ultrapassou em muito a esfera do individual, do uso ou não uso apenas como escolha de um indivíduo, seja esta escolha vista como um direito, como falta de caráter ou como doença.

(31)

Com isso entende-se que as consequências do uso de drogas em tempos atuais já atingem a todos, indireta ou diretamente, e tem trazido graves consequências e danos a sociedade.

E Correa (2014), ainda explana que o problema causado pelo uso abusivo das drogas já ultrapassou inclusive o nível de problema de saúde pública ou só de segurança pública, já tomou proporções de um problema cultural e de uma crise de valores na sociedade atual.

Torna-se importante a participação de todos, com a mobilização da sociedade e das organizações do primeiro, segundo e terceiro setores, para a criação, a organização e o fortalecimento de diversas políticas públicas sobre drogas, que contemplem os variados aspectos e dimensões do problema das drogas: saúde, educação, segurança, entre outros.

Estas leis, para serem criadas e implantadas, precisam de pressão social, da mobilização da opinião pública, e nisto qualquer um, interessado na temática, pode participar e ajudar.

Este item, portanto relatou as políticas públicas e a influencia da mesma no combate as drogas na sociedade brasileira. E o a seguir fará abordagem da construção de Políticas Públicas sobre Drogas.

2.2 Construção de Políticas Públicas sobre Drogas

Com o intuito de descrever a construção de Políticas Públicas sobre Drogas, entende-se, como já mencionado anteriormente por políticas públicas como sendo as ações desenvolvidas e conjugadas pelo Estado nas suas três esferas, com o objetivo de atender as demandas de determinados setores da sociedade.

Andrade (2011) relata que há uma necessidade de interpretar a demanda em politica pública como o desejo ou a necessidade de se obter um bem ou serviço, afirmando assim que a demanda é que influencia a oferta, ou seja, é quem determina o movimento da oferta.

(32)

Correa (2014, p.69), afirma que existem três categorias de demanda:

- As novas: que resultam do surgimento de novos problemas ou atores políticos;

- As recorrentes: que decorrem de problemas mal resolvidos ou não resolvidos;

- As reprimidas: as constituídas por falta de decisão.

Com isso, entende-se que o governo, quando formula políticas públicas, além de identificar os desejos e as necessidades da população, avalia também os valores que norteiam aquela sociedade.

As políticas públicas surgem como necessidades em resposta aos problemas sociais. Devem refletir, portanto, soluções às necessidades identificadas na vida coletiva, nas suas diversas áreas: educação, saúde, trabalho, social, drogas, entre outras. (CORREA, 2014).

A regulamentação trata do estabelecimento de leis e exerce o poder sobre as pessoas a fim de nortear seu comportamento regulamentando assim as leis e normas com o intuito de controlar o comportamento dos membros do sistema. (CORREA, 2014).

Os meios de regulamentação podem ser variados: de leis e regras formais a orientações e sugestões informais; quanto mais regulamentada uma política, menor é o conflito e maior é o controle sobre o comportamento, fatores estes que diminuem significativamente o problema em foco. (CORREA, 2014).

O controle pode ser desenvolvido por diversos atores sociais, e uma das instâncias para o exercício deste controle são os conselhos de controle social, outro conceito básico e importante de se compreender para quando atuarmos nas políticas públicas sobre drogas. (BOKANY, 2015)

A elaboração de uma política pública segue algumas etapas de trabalho. Devemos, porém, reconhecê-las como um processo e não como etapas ou fases que estabelecem entre si em uma relação linear.

(33)

Identificação do problema: é necessários ter em mente a área de

investimento que será o foco da atenção, suas necessidades e demandas, além das prioridades requeridas dentro deste contexto. A delimitação de um problema deve se pautar em evidências.

Inclusão na agenda: é a fase em que a agenda política é definida,

tendo aqui uma diversidade de fatores ideológicos e políticos, econômicos e sociais, que podem contribuir favorável ou negativamente para a inclusão e/ou exclusão dos fenômenos sem trânsito social.

Deliberação das estratégias: momento em que se discutem as

possíveis ações, seus custos e benefícios à luz do conhecimento sobre as necessidades já identificadas.

Desenvolvimento da intervenção: fase em que se formulam as

políticas propriamente ditas, incluindo nesse momento uma análise bastante complexa sobre condições micro e macroestruturais para a implementação.

Implantação das políticas: nessa fase é novamente fundamental

mapear o contexto político, econômico e social, da mesma forma que é imprescindível caracterizar, em todas as suas dimensões, as agências implementadoras e seus respectivos papéis no processo.

Avaliação continuada: avaliam-se o processo e o impacto gerado,

esperando identificar tanto os fatores negativos quanto os positivos da ação que permitam corrigir o fluxo e medir os resultados. (CORREA, 2014, p.70). Conjunto à identificação das necessidades e dos problemas, ha a formulação de políticas para solucioná-los, cabem ainda nesse processo sua regulamentação e controle. (DE PAULA, DO VALE, 2016). Já a regulamentação das políticas públicas é papel exclusivo dos governos, mas o seu controle pode e deve ser exercido também por grupos sociais. Trata-se do estabelecimento de leis e normas com o intuito de controlar o comportamento dos membros do sistema, ou, em outras palavras, de exercer o poder sobre as pessoas a fim de nortear seu comportamento. (DE PAULA, DO VALE, 2016).

Os problemas relacionados ao uso e ou abuso de substâncias denominadas “drogas” ocorrem há muitos anos, o mundo discute e busca alternativas desde o início do século XX, mas somente no ano de 1998 é que o Brasil desenvolveu sua primeira Política Nacional que versava sobre o tema. (CORREA, 2014).

Estamos falando da trajetória do enfrentamento às drogas, por meio de uma política pública de apenas dezesseis anos, quando a política era ainda antidrogas.

(34)

O Brasil reconheceu os princípios da redução de demanda de drogas e, a partir de então, viu-se compelido a ter uma política para as outras questões relacionadas a drogas, não somente a redução da oferta. (DE PAULA, DO VALE, 2016).

Alguns exemplos de políticas sobre drogas:

A construção de uma ampla política pública que aborde o problema das drogas passa pela construção e consolidação de diversas políticas que atendam os diferentes aspectos e dimensões do problema. Ilustra-se a seguir com algumas políticas, em diferentes estágios de implantação e consolidação no país:

- A política contra o tabagismo: tem avançado ao longo dos anos e conseguido reduzir o número de consumidores, maior controle sobre a propaganda deste produto, mudança no valor cultural do usar o tabaco em nossa sociedade.

- Lei seca: combate e restrição ao beber e dirigir. A publicação da lei fez cair o número de mortes em acidentes de trânsito dois anos depois de entrar em vigor no Brasil. A “Lei Seca” mostra resultados positivos que confirmam a importância de manter e intensificar as ações educativas, de fiscalização e de mobilização da sociedade para reduzir a associação entre consumir bebida alcoólica e direção. De acordo com pesquisas do Ministério as Saúde, as mortes provocadas por acidentes de trânsito caíram 6,3% no período de 12 meses após a Lei Seca, quando comparado aos 12 meses anteriores à Lei. Esse índice representa 2.302 mortes a menos em todo o país, reduzindo de 37.161 para 34.859 o total de óbitos causados pelo trânsito. Após alguns anos houve um recuo nas fiscalizações, além do questionamento da constitucionalidade do uso do bafômetro. (DIAS, 2016). - Propaganda de bebidas alcoólicas: foram tentadas inúmeras ações de se criar restrições à propaganda das bebidas alcoólicas, como foi feito em relação aos cigarros, mas até o presente momento o lobby da indústria e comércio das bebidas tem barrado avanços significativos.1

- Política nacional de enfrentamento do crack: lançado recentemente, o programa tenta articular e aumentar os recursos no enfrentamento da chamada epidemia de crack. Não se tem como avaliar os resultados, mas esta ação tem o valor de sinalizar que o tema entrou na pauta da Presidência do país e do Congresso Nacional2.

- Política de prevenção nas escolas: não existe um programa mais sistemático, constante e integrado de prevenção contra as drogas nas escolas. A SENAD já tem algumas experiências e ações de capacitação de professores para lidar com a temática3.

1 Disponível em: <http://www.cremesp.com.br/?siteAcao=Jornal&id=603>. 2 Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/enfrentandoocrack/home>. 3 Disponível em: <http://www.senad.gov.br>.

(35)

E os próximos itens relatam alguns programas de Politicas Públicas sobre drogas de alcance Nacional, como o SISNAD – Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas, PNAD – Política Nacional sobre Drogas, FUNAD – Fundo Nacional Antidrogas e o CONAD – Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas.

2.2.1 SISNAD - Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas

Assim descreve o Art. 1º da Lei 11.343/06:

O SISNAD - Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas, criado pela Lei 11.343/2006, foi regulamentado pelo Decreto nº 5.912/0636. Referido Sistema foi criado para cumprir metas e estratégias que estão elencadas em sua lei instituidora (Lei 11.343/06).

Os órgãos integrantes do SISNAD são:

I - Conselho Nacional Antidrogas - CONAD, órgão normativo e de deliberação coletiva do sistema, vinculado ao Ministério da Justiça.

II - Secretaria Nacional Antidrogas;

A Secretaria Nacional Antidrogas- SENAD, é ligada ao Ministério da Justiça e além de outras atribuições, acompanha atividades que visem à prevenção do uso de drogas; organiza metas e planos de estratégias para conseguir cumprir e acompanhar a Política Nacional Antidrogas; é também responsável em gerir o Fundo Nacional Antidrogas - FUNAD e fiscalizar o que é feito com a verba desse fundo que é transferida para órgãos que são conveniados.

III- Conjunto de órgãos e entidades públicos, do Poder Executivo Federal, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, mediante ajustes específicos, que exerçam atividades destinadas à prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas e à repressão da produção não autorizada e do tráfico ilícito de drogas. IV- as organizações, instituições ou entidades da sociedade civil que atuam nas áreas de atenção à saúde e da assistência social e atendam usuários ou dependentes de drogas e respectivos familiares, mediante ajustes específicos. (DIAS, 2016).

(36)

2.2.2 PNAD - Política Nacional sobre Drogas

A Resolução nº 03, de 27 de Outubro de 2005, do CONAD - Conselho Nacional Antidrogas, aprovou a Política Nacional sobre Drogas, apresentando pressupostos, objetivos e diretrizes.

São considerados dentre outros, alguns dos principais pressupostos da Política Nacional sobre Drogas, de acordo com o Conselho Nacional sobre Drogas: Reconhecer a diferença entre usuário, a pessoa em uso indevido, o dependente e o traficante de drogas, tratando-os de forma diferenciada.

A seguir, será demonstrada a classificação segundo a Organização Mundial de Saúde acerca deste tema:

Não usuário: quem nunca utilizou qualquer tipo de droga; Usuário leve: já utilizou, mas não faz um uso contínuo;

Usuário moderado: utiliza drogas toda semana, mas não as utiliza todos os

dias;

Usuário pesado: é aquele que usa drogas todos os dias. (DIAS, 2016, grifo

do autor).

A Política Nacional Antidrogas tem como alguns de seus objetivos:

Educar, informar, capacitar e formar pessoas em todos os segmentos sociais para a ação efetiva e eficaz da redução da demanda, da oferta e de danos, fundamentada em conhecimentos científicos validados e experiências bem sucedidas, adequadas à nossa realidade.

2.2.3 FUNAD- Fundo Nacional Antidrogas

O FUNAD - Fundo Nacional Antidrogas, gerido pela Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas - SENAD, é um órgão que recebe doações de bens de valor econômico que são apreendidos do tráfico de drogas, e, após decisão judicial transitada em julgado são leiloados por todo o país. Também recebe recursos advindos da União.

(37)

Seus recursos são constituídos de dotações específicas estabelecidas no orçamento da União, de doações, de recursos de qualquer bem de valor econômico, apreendido em decorrência do tráfico de drogas de abuso ou utilizado em atividades ilícitas de produção ou comercialização de drogas, após decisão judicial ou administrativa tomada em caráter definitivo4.

Em síntese, os recursos da FUNAD são destinados ao desenvolvimento, à implementação e, à execução de ações, programas e atividades de repressão, de prevenção, tratamento, recuperação e reinserção social de dependentes de substâncias psicoativas.

2.2.4 CONAD – Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas

Em 23 de julho de 2008, foi instituída a Lei 11.754, por meio da qual o Conselho Nacional Antidrogas passou a se chamar Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas - CONAD.

Art. 4o Compete ao CONAD, na qualidade de órgão superior do SISNAD:

I - acompanhar e atualizar a política nacional sobre drogas, consolidada pela SENAD;

II - exercer orientação normativa sobre as atividades previstas no art. 1o;

III - acompanhar e avaliar a gestão dos recursos do Fundo Nacional Antidrogas - FUNAD e o desempenho dos planos e programas da política nacional sobre drogas;

IV - propor alterações em seu Regimento Interno; e

V - promover a integração ao SISNAD dos órgãos e entidades congêneres dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal.

O Decreto 5.912/2006, com a alteração introduzida pelo Decreto 7.426/2010, regulamentou, ainda, as competências dos órgãos dos Poder Executivo no que se refere às ações de redução da demanda de drogas. (ANDRADE, 2011).

2.2.5 Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack e outras Drogas

O Decreto nº 7.179, de 20 de maio de 2010 instituiu o Pano Integrado de

4 Disponível em:

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Enfrentamento ao Crack e outras drogas. Assim aduz o art. 1º: 34 Art. 1º- Fica instituído o Plano de Enfrentamento ao Crack e outras Drogas, com vistas à prevenção do uso, ao tratamento e reinserção social de usuários e ao enfrentamento do tráfico de crack e outras drogas ilícitas. (DIAS, 2016)

Os objetivos do Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack e outras Drogas estão elencados no art. 2º do Decreto 7179/10.

Abaixo, seguem os objetivos que merecem maior destaque.

[..]estruturar, ampliar e fortalecer as redes de atenção à saúde e de assistência social para usuários de crack e outras drogas, por meio de articulação das ações do SUS (Sistema Único de Saúde), com as ações do SUAS (Sistema Único de Assistência Social). (DIAS, 2016, p.78).

O SUAS - Sistema Único de Assistência Social, é "um sistema público que organiza de forma descentralizada, os serviços sócio assistenciais no Brasil” 5. É um órgão coordenado pelo Ministério de Desenvolvimento Social e de Combate a Fome e foi previsto na Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS)- Lei 8742, de 07 de dezembro de 1993. (DIAS, 2016).

O avanço da criminalidade e as complexas relações entre drogas e violência, principalmente o crack, tem imposto desafios cada vez maiores, exigindo respostas eficazes do governo e da sociedade por meio da convergência de esforços dos mais diferentes segmentos na construção de alternativas que extrapolem as ações repressivas e consideram os diversos componentes associados ao crescimento da violência, da criminalidade e dos problemas decorrentes do consumo de crack. (ANDRADE, 2011).

Na busca de soluções concretas, capazes de reverter os desafios e efeitos perversos que os problemas associados ao crack vêm impondo a todo o país, foi lançado, em 20 de maio de 2010, o Decreto 7.719, que institui o Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack e Outras Drogas, cria seu Comitê Gestor e indica uma série

(39)

de ações de aplicação imediata e outras de caráter estruturante para enfrentamento da questão de modo intersetorial. (ANDRADE, 2011).

O Plano tem por objetivo desenvolver um conjunto integrado de ações de prevenção, tratamento e reinserção social de usuários de crack e outras drogas, bem como enfrentar o tráfico em parceria com estados, Distrito Federal, municípios e sociedade civil, tendo em vista a redução da criminalidade associada ao consumo dessas substâncias.

Sua coordenação geral fica a cargo da SENAD e envolve a participação de vários ministérios, secretarias e organizações não governamentais, além de outras entidades com as quais foram estabelecidos acordos institucionais, como o Conselho Nacional de Justiça.

Este capítulo tratou as políticas públicas e sua importância na luta contra as drogas, o capítulo a seguir trará as drogas e a política de redução de danos no Brasil.

Referências

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