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Academic year: 2021

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Aplicação da EUPS na Modelagem Erosiva: Análise da Extensão de Vertentes Leandro de Souza Pinheiro1

Cenira Maria Lupinacci da Cunha2

Resumo

Os estudos da dinâmica erosiva desenvolveram-se consideravelmente nas ultimas décadas, seja na pesquisa empírica ou dedutiva. Responsável pelos estudos preditivos de perdas de solo por erosão, a modelagem constitui-se em importante base para o Planejamento Territorial. Assim, este trabalho tem como objetivo analisar a importância da quantificação da extensão das vertentes (Fator L), através da elaboração e interpretação de três Cartas do Fator Topográfico (Fator LS) da EUPS (Equação Universal de Perdas de Solo), geradas a partir de três diferentes técnicas de obtenção do comprimento das vertentes. A área de estudo é a Bacia do Córrego Ibitinga na cidade de Rio Claro (Brasil - SP) e apresenta setores potencialmente susceptíveis aos processos erosivos. Para a elaboração das Cartas (LS) foi necessária a criação das Cartas de Extensão de Vertentes e Classes de Declividade, para o cruzamento em ambiente SIG, gerando a Carta de Fator Topográfico. Verificou-se que os diferentes dados do Fator L possibilitaram a geração de Cartas diferenciadas do Fator LS. Observou-se que as linhas de cumeada são suaves, o que indica baixa vulnerabilidade erosiva nestes setores. No entanto, uma ruptura topográfica representa uma diferenciação erosiva e aumento da declividade, gerando suscetibilidade do setor à erosão. As três cartas apresentam, um maior potencial de erosão nos terrenos drenados da alta bacia e também acompanhando toda a linha de ruptura topográfica que contorna a margem esquerda do curso principal. Contudo, ocorreram diferenciações em virtude do Fator L, principalmente nos setores de vertentes mais extensas, onde as distinções foram mais acentuadas.

Palavras Chaves: Erosão, extensão de vertentes, Fator LS, SIG, EUPS. Introdução

A sociedade humana, pós meados do século passado e principalmente ao curso das últimas décadas, seguindo as emergências das forças capitalistas e da pressão demográfica, tem realizado sensíveis transformações na paisagem. Entre outros, um fato se mostra preocupante quando se tratam de alterações na superfície do planeta, mais precisamente quando se altera a dinâmica geomorfológica.

Alvo de várias pesquisas, a erosão mostra-se como um importante agente modelador do relevo; no entanto com o advento das atividades humanas principalmente na área rural, é cada vez mais freqüente a problemática da erosão acelerada.

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Pós-Graduação em Geografia (Doutorando) – Depto de Planejamento Territorial e Geoprocessamento. Universidade Estadual Paulista, Campus de Rio Claro/SP (Brasil). Professor da Universidade do Estado de Minas Gerais, Campus de Frutal-MG. E-mail: bandopinheiro@yahoo.com.br

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Prof a. Dr a – Depto de Planejamento Territorial e Geoprocessamento. Universidade Estadual Paulista, Campus de Rio Claro/SP (Brasil). E-mail: cenira@rc.unesp.br

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Neste contexto, tendo em vista os danos ambientais e econômicos causados pela erosão acelerada, foi selecionada como área de estudo a bacia hidrográfica do Córrego Ibitinga, que possui suas nascentes em área produtiva rural e seu médio e baixo curso em área de Unidade de Conservação de Uso Sustentável da Secretaria do Meio Ambiente do estado de São Paulo, a Floresta Edmundo Navarro de Andrade (FEENA) em Rio Claro (SP). A área de estudo está totalmente inserida no município de Rio Claro (SP), possui área de 1.070 ha. e 34% da área localiza-se no interior da FEENA, representando cerca de 24% da totalidade desta Unidade de Conservação.

Nesta pesquisa considerou-se a importância dos estudos preditivos e prognósticos para os processos erosivos como auxiliador nas pesquisas ambientais envolvendo a perda de solos. O conhecimento geomorfológico aliado ao conhecimento mais amplo do meio físico, de seus recursos de água, solo e clima, suas potencialidades e limitações, constitui a base técnica sobre a qual o poder público deve estabelecer o processo de planejamento territorial.

Os modelos de predição à erosão são muito importantes, pois permitem de antemão prever impactos ambientais que podem interferir, de maneira drástica, nos ambientes naturais ou antrópicos, podendo auxiliar na redução de desperdícios econômicos causados pela perda de solo (PINHEIRO, 2008).

Como um dos componentes da Equação Universal de Perdas de Solo, proposta por Wischmeier (1962), doravante chamada de EUPS, o fator LS interfere na dinâmica erosiva através do comprimento da vertente e da inclinação do relevo, sendo fator fundamental para a compreensão do processo do escoamento hídrico superficial. Segundo Pinheiro (2008), a EUPS trata-se de um modelo utilizado em diversas partes do globo, sendo preciso adaptá-lo para cada condição climática. A EUPS é expressa da seguinte forma:

A = R . K . LS . C . P Onde:

A = Perda média anual de solos; R = Erosividade das chuvas; K = Erodibilidade dos solos; LS = Fator topográfico (declividade e comprimento da vertente); C = Cultivo e manejo; P = Práticas conservacionistas.

Esta equação pode ser dividida em dois grupos de variáveis:

• RKLS: relacionados às características naturais da área em estudo e são considerados para a construção da carta de potencial natural à erosão laminar.

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• CP: relacionados às formas de ocupação e uso da terra, derivados da interferência humana.

Para tanto, o geoprocessamento surge como uma alternativa para a otimização do tempo de execução do trabalho proposto. No entanto, para confiabilidade dos resultados, é necessário o conhecimento científico pertinente a temática erosiva, pois os resultados devem ser, após a elaboração do mapa, interpretados e analisados para evitar informações errôneas ou discrepantes.

Deste modo, o presente trabalho tem como objetivo analisar a importância da quantificação da extensão das vertentes (Fator L), através da elaboração e interpretação de três Cartas do Fator Topográfico (Fator LS) da EUPS (Equação Universal de Perdas de Solo), geradas a partir de três diferentes técnicas de obtenção do comprimento das vertentes.

As Cartas (Fator LS) são geradas através do geoprocessamento, utilizando os softwares AutoCAD, Spring e Idrisi. Para tanto, foram utilizadas três técnicas diferentes de obtenção dos dados do Fator L. Assim, este trabalho destaca a importância do comprimento de vertentes exercida sobre a modelagem erosiva, de modo a evitar a superestimação ou a subestimação desses dados.

Localização e Caracterização da Área

A área de estudo, Bacia Hidrográfica do Córrego Ibitinga (Figura 1), possui uma área total de 1691 ha e localiza-se no município de Rio Claro, Estado de São Paulo, entre as coordenadas 239573 W, 7522671 S e 246575 W, 7518969 S, na Zona 23 (Projeção Universal Transversa de Mercartor)

Concernente à Geomorfologia, a área de estudo localiza-se na Depressão Periférica Paulista, na Zona do Médio Tietê (ALMEIDA, 1974). É uma zona constituída principalmente por sedimentos mesozóicos, com áreas expressivas de intrusões de rochas básicas com reflexos na sua topografia.

Esta unidade geomorfológica tem sua origem vinculada ao estabelecimento de uma zona de fraqueza estrutural no contato entre as litologias sedimentares vinculadas à Bacia Sedimentar do Paraná, e pré-cambrianas, associadas ao Planalto Atlântico. A resistência oferecida à erosão pelos derrames basálticos e arenitos silicificados que sustentam o relevo de Cuestas, caracterizados pela existência de altas e extensas escarpas estruturais, bem como a ação das águas oriundas de canais

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obsequentes e subsequentes deu origem a uma grande depressão relativa, exumando litologias paleozóicas (AB’ SÁBER, 1956).

Legenda FEENA Drenagem Lagos FEENA Áreas Urbanas Limite da Bacia do Corumbataí RIO CLARO Área de Estudo

Fonte: Modificado de Instituto Florestal, 2005.

Figura 1 - Localização da Bacia Hidrográfica do Córrego do Ibitinga no contexto da Bacia do Rio Corumbataí.

As altitudes variam de 550 a 750m, cuja evolução morfogenética está associada ao trabalho erosivo dos rios e águas das chuvas, nas bordas de uma bacia de sedimentação, configurando uma unidade de relevo deprimida entre o Planalto Atlântico a leste e o Relevo de Cuestas a oeste.

Partindo deste contexto geomorfológico, a bacia do Ibitinga possui altitudes entre 585 a 755 m, com vertentes dominantemente convexas, vertentes côncavas e em

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porção menos representativa as vertentes retilíneas. A bacia apresenta, majoritariamente, declividades entre 6 a 12%, principalmente na alta bacia; já nos setores de concavidade, as declividades predominam entre 12 a 20%. As declividades mais elevadas, entre 20 a 40% e acima de 40%, estão concentradas nos setores da alta bacia e, em menor proporção, nas áreas de concavidade do restante da bacia. Ressalta-se que o substrato geológico da margem direita do córrego, na média e baixa bacia, condiciona as vertentes, em sua maioria nesse setor, retilíneas com declividades de 12 a 20%. Já nas proximidades de sua foz com o córrego Santo Antônio, nota-se a presença de depósitos aluvionares e declividades inferiores a 2%. As baixas declividades se localizam também em áreas de linhas de cumeada suaves, porém as áreas de declividade entre 0 a 6% são pouco representativas, analisando a totalidade da bacia hidrográfica.

Abordagem Metodológica

Com vistas a auxiliar no estudo das dinâmicas erosivas e ainda na prevenção de impactos, a aplicação da modelagem se torna uma alternativa viável para o Planejamento Territorial. Assim, no presente trabalho, o método dedutivo é de importância fundamental, pois se trata de um método racional, com objetivo de explicar e analisar os pressupostos.

Para tanto, a pesquisa aqui apresentada aborda a questão relacionada aos processos de degradação ambiental dos solos na perspectiva de um entendimento sistêmico, visto que esta abordagem fornece o apoio teórico-metodológico para a compreensão das relações entre o meio físico e os dados obtidos com a modelagem.

De acordo com Christofoletti (1979), o sistema é um conjunto de unidades com relações entre si, onde o estado de cada unidade é controlado, condicionado ou dependente do estado das outras unidades.

A erosão é um importante agente escultor do relevo; esta é compreendida como um processo que ocorre em um sistema aberto, pois necessita de constante suplementação e remoção de material e energia para sua existência (CHORLEY, 1971). Desta forma, é essencial a dinâmica de entrada (input) e saída (output) de matéria e energia. Segundo Wischmeier (1962), a energia para causar a erosão hídrica vem inicialmente do impacto da gota de chuva; assim a modificação na quantidade ou intensidade da precipitação pluvial (input) culmina em uma nova dinâmica erosiva.

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Segundo Bertoni e Lombardi Neto (2005), a energia aumenta quando a intensidade do escoamento é exacerbada pela declividade e pela quantidade de material transportado. Alguns fatores causam o aumento na quantidade de material transportado:

- o aumento da precipitação, o que gera maior escoamento superficial e maior poder erosivo;

- maior declividade, o que faz com que a gravidade tenha maior atuação e aumentando a incisão, devido ao rápido gradiente altimétrico com o nível de base;

- friabilidade do solo, que permite ao escoamento transportar os sedimentos desagregados, possibilitando o aumento da carga de sedimentos e do potencial erosivo, pela abrasão do deslocamento das partículas;

- maior extensão de vertente, resulta em mais tempo de escoamento superficial até a deposição e aumento na carga de material de transporte, gerando maior dinâmica erosiva;

Desta forma, notadamente o Fator Topográfico (LS) influencia consideravelmente no processo erosivo. O sistema vertente possui conexão com os sistemas adjacentes (atmosfera e sistema fluvial – sistema em sequência), e a extensão da vertente condiciona o aumento do material transportado, resultando em maior sedimentação à jusante, podendo causar assoreamento dos corpos de água.

A teoria sistêmica permite, dessa forma, a interação entre os dados adquiridos pelo mapeamento da extensão das vertentes e pela Carta do Fator LS. Os resultados devem ser correlacionados tendo em vista os fluxos de matéria e energia, gerando, deste modo, resultados confiáveis.

Considerando essa abordagem, serão apresentadas a seguir as técnicas de trabalho adotadas, as quais possibilitam a aplicação da pesquisa proposta.

Técnicas

Primeiramente foi elaborada a Base Cartográfica, utilizando as cartas topográficas desenvolvidas pelo Plano Cartográfico do Estado de São Paulo, folhas 064/091 e 064/092, do ano de 1979, com escala de 1:10000. Para a elaboração da base cartográfica, primeiramente as cartas topográficas, em papel, foram escaneadas em formato Tiff, por manter as proporções de escala. Em seguida a imagem em Tiff foi inserida no software AutoCAD, através do comando “insert - raster image” e

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georeferenciada. Foi vetorizada a delimitação da área da bacia hidrográfica, as curvas de nível e a hidrografia.

Para geração das Cartas do Fator LS, seguiram-se as orientações de Bertoni e Lombardi Neto (2005) que, com base em vários anos de experimentação, adaptaram a obtenção dos dados topográficos para a realidade local. De acordo com os autores, o fator LS é a relação esperada de perdas de solo por unidade de área em um declive qualquer em relação às perdas de solo correspondentes em uma parcela unitária de 25 m de comprimento com 9% de declive. Para o calculo de LS esses autores propõem a seguinte equação:

LS= 0,00984 . C0,63 . D1,18 Onde:

LS= Fator Topográfico; C= Comprimento de Rampa; D= Grau de declividade em %.

Neste trabalho, foram elaboradas cartas de extensões de vertente diferenciadas, a saber: pela Carta de Dissecação Horizontal utilizada por Mendes (1993), Cunha (1997) e Pinheiro (2008); pela média em sub bacias, utilizada por Souza (2010) e Pinheiro e Cunha(2009) e pelo método de segmentação das vertentes proposto por Pinheiro e Cunha (2011). Ressalta-se que os dois primeiros métodos entendem o comprimento de rampa como a distância entre o divisor de água e a linha de drenagem. O terceiro compreende os valores do comprimento das vertentes de maneira segmentada em células, onde os valores das porções inferiores são somados às superiores.

A Carta de Dissecação Horizontal, utilizada para quantificação do Fator L, identifica a distância que separa os canais fluviais dos divisores de água da bacia, o que, para Cunha (1997), possibilita avaliar o trabalho de dissecação horizontal elaborado pelos rios sobre a superfície de interesse. Essa indica os setores de interflúvios de maior ou menor largura, o que possibilita avaliar o potencial de atuação dos processos geomorfológicos no modelado do relevo.

Para a elaboração das classes de dissecação horizontal foi considerada a recomendação de Spiridonov (1981) de dobrar os valores nos intervalos de classe. Os intervalos de classe são estabelecidos de modo a manterem uma resolução de boa qualidade. Deste modo, foram criadas as classes de dissecação horizontal utilizadas para a elaboração da carta, apresentada na Figura 2.

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Figura 2 – Carta de Dissecação Horizontal da Bacia Hidrográfica do Córrego Ibitinga.

O primeiro passo para a elaboração desta carta foi a delimitação de todas as sub bacias na base cartográfica e, num segundo momento, realizou-se a classificação das áreas de acordo com a distância entre o talvegue e a linha de cumeada. Utilizou-se a técnica “semi-automática” proposta por Zacharias (2001), através da cartografia digital pelo software AutoCAD Map. Esse método permite que o usuário acompanhe as etapas de elaboração e ao mesmo tempo requer o pleno conhecimento sobre a elaboração desta carta. Esta técnica está bem detalhada por Silva (2005) ao analisar a morfometria do relevo de sua área de estudo.

A técnica do valor médio das sub bacias consiste, primeiramente, na delimitação de todas as sub bacias da área de estudo com um nível elevado de detalhe. Em seguida são traçados os caminhos preferenciais da água (PINTO, 1995); o ideal é que quanto maior for a bacia mais caminhos preferenciais sejam traçados. Nas sub bacias de maior área, ocorreu a sub-divisão dessas em setores, considerando-se o escoamento e a forma da vertente.

Cada setor foi então delimitado, vetorizado e gerado o polígono, compreendendo os limites de cada sub bacia ou setor de sub bacia. Após esse procedimento, foram traçados os caminhos preferenciais da água através do AutoCAD; em seguida cada traçado é medido e os valores tabulados no Software Excel. O resultado para cada polígono resulta então da média simples para cada sub bacia ou setor desta.

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Figura 3 – Identificação dos limites das sub bacias (em vermelho) e das linhas de escoamento superficial (em azul claro).

Após o cálculo das médias, os valores são inseridos como texto dentro dos polígonos no AutoCAD, através do comando “dtext”, para servirem como identificadores na exportação para o SIG Spring.

Figura 4 – Carta de Extensão de vertentes para exportação do arquivo.

Para a carta segmentada de vertentes, também foram delimitadas, no AutoCAD, todas as sub bacias da área, traçados os caminhos preferenciais do escoamento superficial e traçados os polígonos diferenciando as áreas das vertentes côncava, convexa e retilínea.

Deste modo, os limites das sub bacias e das formas de vertente são inseridos sobre a base cartográfica e em seguida a área é dividida em quadrículas. Optou-se pelo valor de 200 m por quadricula, no intuito de dividir em células as extensões das vertentes. Isso se deve, pelo entendimento, nessa pesquisa, de que a vertente possui variações nas perdas de solo no decorrer da sua extensão (BERTONI; LOMBARDI NETO, 2005).

Em seguida são gerados polígonos pela individualização dos espaços entre a malha composta pelas células, os limites das sub bacias ou setores destas e os limites das formas de vertente. Após esse procedimento, os polígonos compreendendo os limites de cada célula a ser quantificada, são individualizados de acordo com suas

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escoamento, setores da sub bacia e pela divisão em células. Assim, cada polígono é distinto quanto às características mapeadas.

A 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 B C D E F G H I J K L M N O P Q R S 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 1 A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S

Figura 5 – Individualização dos polígonos.

Na figura anterior, os traços em preto representam-se as quadrículas de 200 m X 200 m; os traços em ciano (convexas), em vermelho (côncavas) ou em preto (retilíneas) as formas de vertente e em verde o limite da sub bacia. Os polígonos em destaque colorido representam a área a ser quantificada individualmente, onde a célula laranja representa um polígono pertencente a uma vertente convexa, com escoamento em direção ao canal localizado a Nordeste. Já o polígono cinza pertence a uma vertente convexa, com escoamento em direção ao canal à Oeste.

Após a individualização dos polígonos, foram calculadas, no AutoCAD, as extensões das linhas de escoamento superficial em cada célula, sendo esses dados tabulados no Software Excel e calculada a média simples para cada sub bacia. No entanto, os valores das células que correspondiam às partes mais baixas da bacia eram somados aos valores das células da alta vertente, compreendendo assim que os setores da baixa vertente recebem mais escoamento superficial em relação aos setores localizados na porção superior. Em seguida à elaboração dos três tipos de mapeamento

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das extensões de vertente em ambiente AutoCAD (arquivo de extensão DWG) os arquivos resultantes foram exportados (em extensão DXF versão R12) para o Spring, onde foram transformados em matriz e, então, novamente exportados (TIFF / GEOTIFF) para o Idrisi, no qual foi feito o cruzamento com a Carta Clinográfica aplicando a fórmula proposta por Bertoni e Lombardi Neto (2005), através do comando “Image Calculator”. Após estes procedimentos, a carta, fruto do cruzamento, é gerada (Figura 6).

Figura 6 – Aplicação do comando “Image Calculador” no Idrisi.

Já o Fator S compreende a declividade do relevo e influencia diretamente na energia do escoamento, pois quanto maior for o declive, maior é a capacidade de incisão da erosão. Através da análise do desnível altimétrico e da distância horizontal entre curvas de nível é possível obter a declividade do terreno. Segundo De Biasi (1970), os dados de declividade são obtidos através da seguinte fórmula:

D1= n x 100 E Onde:

D= Declividade, em porcentagem;

n = Eqüidistância das curvas de nível (desnível altimétrico). E= Espaçamento entre as curvas de nível (distância horizontal).

A Carta Clinográfica da Bacia do Ibitinga foi elaborada através de geoprocessamento no ArcMap através do instrumento MTR – Modelagem Tridimensional do Relevo, no módulo ArcScene e através da ferramenta 3D analyst/Create Tin From Features.

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SIG ArcMap. O mapa clinográfico gerado possui uma qualidade satisfatória e com boa resolução, no entanto apresenta erros para as áreas de topos e fundos de vale.

No intuito de corrigir os erros verificados nas áreas linhas de cumeada e de fundos de vale, recorreu-se à procedimentos de caráter analógico, realizados no AutoCAD. Através do software AutoCAD, a elaboração é de maneira analógica, porque deste modo é possível obter grande nível de detalhe nas informações, conforme procederam Pinheiro e Cunha (2009). Estes autores utilizam um ábaco virtual observado diretamente na tela do computador, o que permite a elaboração das cartas em diferentes escalas. Porém, Simon e Cunha (2009) avançaram neste método, criando um ábaco virtual diferenciado, tornando o procedimento mais rápido e ao mesmo tempo eficiente. Desta forma, utilizando o ábaco virtual no AutoCAD as áreas com erros são corrigidas (Figura 7); o método se assemelha ao manual, no entanto apresenta mais qualidade gráfica e precisão, pelo recurso do zoom.

Figura 7 – Carta Clinográfica da Bacia do Córrego Ibitinga corrigida.

Após a elaboração da Carta Clinográfica no ArcMap e sua correção no AutoCAD, o arquivo resultante foi exportado (extensão DXF versão R12) para o Spring, e transformado em matriz para ser novamente exportado para o Idrisi (TIFF/GEOTIFF). A seguir, realiza-se o cruzamento dessa com as de extensão de vertentes a fim de se gerar as Cartas do Fator LS, conforme procedimento descrito anteriormente.

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No cenário nacional o escoamento superficial é preponderante na esculturação do relevo. Nesse aspecto, a análise do Fator LS recebe grande importância, pois, influencia diretamente nos fluxos de matéria e energia, fornecidos pelo escoamento superficial, que vão condicionar a dinâmica erosiva no sistema vertente.

Segundo Bigarella (2003), o potencial erosivo é intensificado pelo aumento do comprimento de vertente e da declividade. Assim, no inicio do escoamento ainda não há energia suficiente para o desprendimento e transporte das partículas de solo. Essa energia é rapidamente fornecida no caso das elevadas declividades, no entanto, em situações de menor declividade, mas de grandes extensões de vertente, há o acúmulo de matéria e energia no percurso do escoamento superficial no sistema vertente. O acúmulo de energia potencializa a dinâmica erosiva, resultando em maiores perdas de solo.

Seguindo essa perspectiva, são apresentadas aqui três Cartas que foram geradas por geoprocessamento. As três Cartas do Fator LS são identificadas por números de 1 a 3. Deste modo, para as Cartas do Fator LS, utilizaram-se as seguintes denominações:

• Para aquela cujo cálculo de vertentes utilizou a média por sub bacias, denominou-se Carta do Fator LS 1;

• Utilizando a Dissecação Horizontal, denominou-se Carta do Fator LS 2;

• Pela quantificação segmentada das vertentes, denominou-se Carta do Fator LS 3.

A Carta do Fator LS 1 (Figura 8) indica, nos setores onde predominam as vertentes mais extensas, pouca diversificação das classes. A maior diferenciação dá-se pela variação da declividade ao longo da superfície da bacia.

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Figura 8 – Carta do Fator LS 1 da Bacia do Córrego Ibitinga.

Nota-se que as maiores extensões de vertente localizam-se na margem esquerda da baixa bacia, mas nesse setor os valores mais significativos localizam-se apenas em uma área de concavidade na margem esquerda, próxima à foz do Ibitinga. Existem também valores significativos na margem direita no setor Noroeste da bacia, em área de vertentes retilíneas. O restante das áreas de maior potencialidade está nos setores das cabeceiras de drenagem, onde predominam as maiores declividades.

A Carta do Fator LS 2 (Figura 9) reflete a menor generalização do Fator L em cada sub bacia; assim a Carta do Fator LS 2 resultou em maior diversificação dos dados. No entanto, no setor leste, as longas vertentes possuem pouca variação, pois o comprimento da vertente é quantificado considerando a distância entre o divisor de água e o nível de base local.

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Figura 9 – Carta do Fator LS 2 da Bacia do Córrego Ibitinga.

Os maiores comprimentos de rampa preponderaram nas declividades baixas e médias. A exceção desta concentração localiza-se no setor oeste, em área de concavidade e alta declividade, o que resultou em elevado potencial erosivo gerado pelo modelo. As vertentes retilíneas, embora representem menor proporção, condicionaram, pela elevada declividade, setores com elevados potenciais de fragilidade.

A declividade elevada influencia de maneira intensiva na velocidade do escoamento, pois, a vertente sob essa conjuntura condiciona o escoamento mesmo que não possua grande extensão. Sob perspectiva inversa, as vertentes extensas, mesmo com baixas declividades, podem condicionar escoamentos superficiais com muita energia ao final do fluxo, pois a vertente acumula energia cinética ao transportar uma maior quantidade de partículas, potencializando a capacidade de abrasão, durante o percurso da rampa (BERTONI et al, 1972).

Assim, o método da segmentação e divisão das vertentes em células com valores integrados, permite uma menor generalização do Fator L. Seguindo essa perspectiva foi elaborada a Carta do Fator LS 3 (Figura 10), que apresentou valores mais diversificados em relação às áreas das sub bacias.

Foram verificados locais de valores semelhantes aos apresentados pelas Cartas do Fator LS 1 e LS 2, no entanto a menor generalização do Fator L evitou a superestimação dos dados, resultando em potenciais menores para uma mesma área.

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Figura 10 – Carta do Fator LS 3 da Bacia do Córrego Ibitinga.

A Carta do Fator LS 3 destaca setores com valores mais elevados onde estão localizadas as elevadas declividades e nas porções mais baixas das vertentes, enquanto que na alta vertente os valores são menores. Mesmo nas cabeceiras dos cursos hídricos localizados a leste, onde a declividade é muito elevada e as vertentes menores em relação ao lado oeste da bacia, existe diferenciação entre a alta e a baixa vertente. Esta Carta apresenta maior detalhamento espacial da variação do valor de LS em relação às outras do Fator LS, apresentadas anteriormente, fato este devido aos setores onde as vertentes são mais extensas.

Neste setor, localizado na porção oeste da bacia, os valores aumentam da alta para a baixa vertente; essa perspectiva é coerente com o pensamento de Bertoni et al. (1972) que alertam que a quantidade de solo erodido não pode ser generalizada para toda a rampa, não se deve fazer uma média por hectare dos dados quantitativos obtidos no final da rampa.

Dessa forma, os resultados apontam que a segmentação e divisão das vertentes em células produzem resultados satisfatórios e evitam a superestimação do potencial erosivo da área de estudo, o que pode colaborar com o Planejamento Territorial ao fornecer uma predição confiável, no tocante à dinâmica erosiva.

Considerações Finais

A abordagem metodológica, nesta pesquisa, utilizou-se do conhecimento geomorfológico e de técnicas de geoprocessamento na aplicação das sistemáticas de

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obtenção dos dados dos Fatores LS, componente da EUPS. Com base no escopo deste trabalho, constatou-se que as técnicas utilizadas apresentaram-se como satisfatórias.

No contexto da área de estudo, a análise da dinâmica erosiva da bacia hidrográfica é importante para a gestão do curso hídrico. Pois, a bacia hidrográfica do Córrego Ibitinga insere-se em duas situações, de uso privado, pela agricultura e pecuária; e uso social, através da FEENA, Unidade de uso sustentável. Assim, as áreas rurais localizadas na alta e média bacia exercem pressão antrópica sobre o curso hídrico. Neste contexto, é importante o entendimento sistêmico para a compreensão dos fatores envolvidos, pois os fluxos de matéria e energia podem ser desequilibrados pela atuação humana. Nessa perspectiva, buscou-se nesse trabalho a análise dos fatores condicionantes da erosão na área de estudo, com ênfase na análise do Fator L da EUPS. A análise do Fator L da EUPS é de grande importância porque a extensão da vertente influencia diretamente na intensidade do escoamento e na quantidade de matéria transportada.

A elaboração da Carta segmentada de vertentes, realizada nas etapas anteriores, demandou bastante tempo, pois envolveu ainda a análise dedutiva dos fatores envolvidos e a correção dos erros inerentes ao decorrer do processo de elaboração da Carta. Levando-se em consideração os objetivos propostos para a pesquisa, as técnicas utilizadas mostraram-se adequadas para o estudo dos processos erosivos.

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Referências

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