• Nenhum resultado encontrado

Caracterização do sistema de lagoas de estabilização do município de Guarabira-PB.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Caracterização do sistema de lagoas de estabilização do município de Guarabira-PB."

Copied!
145
0
0

Texto

(1)

DE ESTABILIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE

(2)

CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA. DE LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE GUARABIRA - PB Dissertação a p r e s e n t a d a ao C u r s o de M e s t r a d o em E n g e n h a r i a C i v i l d a U n i v e r s i d a d e F e d e r a l da P a r a i b a , em cumprimento às exigências p a r a obtenção do g r a u de M e s t r e .

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: RECURSOS HÍDRICOS

ORIENTADORES: ANNEMARIE KONIG

BEATRIZ S. O. CEBALLOS

CAMPINA GRANDE - PB 1992

(3)
(4)

DE ESTABILIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE

GUARABIRA - PB

ILMA QUEIROZ DE BARROS FLORENTINO

COMISSÃO EXAMINADORA:

P r o f * ANNEMARIE KONIQ

7

- Ph.D

O r i e n t a d o r a /

Prof-» BEATRIZ SUSANA CVRUSKI DE CEBALLOS

O r i e n t a d o r a

- MSc.

P r o f . \ R U I DE OLIVEIRA - Ph.D

caminador I n t e r n o

P r o f . SÉRGIO ROLIM MENDONÇA - MSc,

Examinador E x t e r n o

CAMPINA GRANDE - PB

1992

(5)

Às p r o f e s s o r a s Annemarie K o n i g e B e a t r i z S. O.

C e b a l l o s p e l a grande orientação e incansável dedicação.

Ao p r o f e s s o r R u i de O l i v e i r a p e l a s v a l i o s a s

sugestões.

Aos c o l e g a s de mestrado A l e x a n d r e M. de Araújo e

S i b e l e P a d i l h a de C a s t r o p e l o c o m p a n h e i r i s m o .

A Valmária de Araújo O l i v e i r a p e l a a j u d a

f o r n e c i d a no laboratório.

À minha irmã I l k a e cunhado Marcos p e l o grande

esforço na digitação d e s t e t r a b a l h o .

Ao meu m a r i d o Eugênio, f o n t e inesgotável de a p o i o

e amor nas h o r a s mais difíceis d e s t e s três anos.

Aos meus três f i l h o s meu m a i o r a g r a d e c i m e n t o ,

p o i s n e s t a j o r n a d a f o r a m os mais s a c r i f i c a d o s . Meu

b e i j o .

À Companhia de Águas e E s g o t o s da Paraíba

CAGEPA, R e g i o n a l do B r e j o , p e l a s f a c i l i d a d e s o f e r e c i d a s

p a r a a realização d e s t a p e s q u i s a , e s p e c i a l m e n t e à pessoa

de V e r a Lúcia B e z e r r a de F r e i t a s .

Ao Conselho N a c i o n a l de D e s e n v o l v i m e n t o

Científico e Tecnológico - CNPq p e l o s u p o r t e f i n a n c e i r o .

(6)

Aos meus f a m i l i a r e s , e s p e c i a l m e n t e

à minha Mãe T e r e z a , ao meu M a r i d o

Eugênio e a meus três amores

Samuel, F a b i a n a e J u l i a n a .

(7)

f o i de 7,6 L/s, a q u a l p e r m i t i u o cálculo das c a r g a s

orgânicas volumétricas e s u p e r f i c i a i s , que f o r a m r e s p e c

-t i v a m e n -t e de 50 g DB0

5

m~

3

d i a "

1

(Xs = 1865 k g DB0

5

h a

-1

d i a

- 1

) p a r a o r e a t o r anaeróbio e 55 k g DB0

5

h a

-1

d i a

- 1

(Xv = 2,5 g DB0

5

m

- 3

d i a

- 1

) p a r a o f a c u l t a t i v o . .

Ao l o n g o da série de l a g o a s a redução de DB0

5

f o i

de 90% (289 - 2 9mg/L), SS de 89% (410 - 44mg/L), CF de

99,4176% (1,7 X I O

7

- 9,9 X I O

4

CF/lOOmL), EF de

99,8567% (6,0

X 10

6

- 8,6

X I O

3

EF/100 inL) e ovos de

A s c a r i s l u m b r i c o i d e s de 100% (1079 - 0 o v o s / L ) .

Foram i d e n t i f i c a d o s 14 e 20 géneros de a l g a s nos

e f l u e n t e s das l a g o a s anaeróbia e f a c u l t a t i v a r e s p e c t i v a

-mente. Os p r i n c i p a i s géneros p r e s e n t e s e suas

frequências na l a g o a anaeróbia f o r a m , O s c i l l a t o r i a (93 % ) , C h l a

-mydomonas (62 % ) , E u g l e n a (52 %) e N a v i c u l a (52 %) e, na

f a c u l t a t i v a , A n k i s t r o d e s m u s (97 % ) , E u g l e n a (96 % ) ,

Phacus (93 % ) , C l o s t e r i u m (93 %) e O s c i l l a t o r i a (86 % ) .

Os demais géneros t i v e r a m uma frequência de a p a r e c i m e n t o

menor que 80 %.

A concentração média da biomassa de a l g a s , e x

-p r e s s a como c l o r o f i l a a, f o i de 8,8 e 168,4 u g / L no

e f l u e n t e da l a g o a A j e F-^ r e s p e c t i v a m e n t e .

(8)

O o b j e t i v o d e s t e t r a b a l h o f o i o e s t u d o do. S i s t e m a

de Lagoas de Estabilização da c i d a d e de G u a r a b i r a ,

( P b ) , através da caracterização da vazão média a f l u e n t e ,

do m o n i t o r a m e n t o da q u a l i d a d e físicoquímica e m i c r o b i o

-lógica do e s g o t o b r u t o e dos e f l u e n t e s de cada l a g o a e

da análise da eficiência do s i s t e m a .

A estação de t r a t a m e n t o é constituída de d o i s

módulos em p a r a l e l o , cada um com duas l a g o a s em série

(anaeróbia, s e g u i d a de f a c u l t a t i v a ) , com p r o f u n d i d a d e de

3,7 e 2,2 m r e s p e c t i v a m e n t e , t o t a l i z a n d o uma área de

1,92 ha. A p e s q u i s a f o i d e s e n v o l v i d a no p r i m e i r o módulo.

As c o l e t a s semanais de a m o s t r a s eram r e a l i z a d a s

às 8 h o r a s e as análises eram i n i c i a d a s no máximo duas

h o r a s após a c o l e t a .

O e s g o t o b r u t o e os e f l u e n t e s A-^ e f o r a m

a n a l i s a d o s no período de 27/03/90 à 19/12/90, através

dos parâmetros pH, t e m p e r a t u r a , oxigénio d i s s o l v i d o ,

DB0

5

, DQO, sólidos s u s p e n s o s , nitrogénio a m o n i a c a l ,

nitrogénio nítrico, o r t o f o s f a t o solúvel, fósforo t o t a l ,

c l o r o f i l a a, identificação de a l g a s , c o l i f o r m e s f e c a i s ,

e s t r e p t o c o c o s f e c a i s , e contagem de ovos de A s c a r i s

l u m b r i c o i d e s .

(9)

T h i s work aimed t h e s t u d y o f a w a s t e

s t a b i l i z a t i o n pond system t h r o u g h f l o w c h a r a c t e r i z a t i o n ,

p h y s i c o - c h e m i c a l m o n i t o r i n g and e v a l u a t i o n o f pond

e f f i c i e n c y .

The sewage t r e a t m e n t p l a n t , l o c a t e d a t G u a r a b i r a

c i t y -PB, c o m p r i s e d two s e r i e s o f ponds, each h a v i n g an

anaeróbio pond f o l l o w e d by a f a c u l t a t i v e pond w i t h

d e p t h s o f 3.7 and 2.2 m r e s p e c t i v e l y and 1.92 ha o f

t o t a l a r e a . T h i s r e s e a r c h was c o n d u c t e d on t h e f i r s t

s e r i e o f ponds.

From 2 7 t h March t o 1 9 t h December 1990 samples o f

raw sewage and pond e f f l u e n t s were t a k e n , w e e k l y , a t 8

AM and p r o c e s s e d w i t h i n t w o h o u r s .

Samples were a n a l y s e d f o r pH, t e m p e r a t u r e ,

d i s s o l v e d oxygen, B0D

5

, COD, suspended s o l i d s , n i t r a t e ,

ammonia, s o l u b l e o r t h o p h o s p h a t e , t o t a l p h o s p h o r u s ,

f a e c a l c o l i f o r m s , f a e c a l s t r e p t o c o c c i and A s c a r i s

l u m b r i c o i d e s eggs c o u n t s .

The mean f l o w was 7.6 L/s and t h e v o l u m e t r i c and

s u p e r f i c i a l o r g a n i c l o a d s were 50 g B0D

5

m~

3

d

- 1

and 55

(10)

suspended s o l i d s (410-44mg/L) , 99,42% f o r f a e c a l

c o l i f o r m s (1.7 x I O

7

- 9.9 x 1 0

4

FC/lOOmL), 99.85% f o r

f a e c a l s t r e p t o c o c c i (6.0 x I O

6

- 8.6 x I O

3

FS/lOOmL) and

100% f o r A s c a r i s l u m b r i c o i d e s eggs (1079 - 0 eggs L

- 1

) .

U g r a d i n g o f t h e e f f l u e n t q u a l i t y c o u l d be a c h i e v e d

b y i n c o r p o r a t i n g m a t u r a t i o n ponds t o t h e s y s t e m .

A l g a e i d e n t i f i c a t i o n on a n a e r o b i c and f a c u l t a t i v e

e f f l u e n t s showed 14 and 20 g e n e r a . O s c i l l a t o r i a ,

Chlamydotnonas, E u g l e n a and N a v i c u l a were t h e most

f r e q u e n t i n t h e f i r s t pond whereas i n t h e second pond

A n k i s t r o d e s r o u s , E u g l e n a , Phacus, C l o s t e r i u m and

O s c i l l a t o r i a were p r e d o m i n a n t . The mean a l g a e b i o m a s s ,

measured as c h l o r o p h y l l a, i n pond e f f l u e n t s were 8.8

(11)

INTRODUÇÃO REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 - Lagoas de Estabilização 2.1.1 - Introdução 2.1.2 - T i p o s de Lagoas de Estabilização.. 2.1.2.1 - Lagoas Anaeróbias 2.1.2.2 - Lagoas F a c u l t a t i v a s 1 2.1.2.3 - Lagoas de Maturação 2 2.1.3 - Lagoas de Estabilização em Série.2

2.2 - P r i n c i p a i s Organismos E n v o l v i d o s no T r a t a m e n t o de E s g o t o s p o r Lagoas de Estabilização 2 2.2.1 - Bactérias 2 2.2.2 - A l g a s 2 2.3 - Eliminação de Bactérias I n d i c a d o r a s e H e l m i n t o s em Lagoas de Estabilização....2 2.4 - Eficiência de T r a t a m e n t o em Lagoas de Estabilização A MATERIAIS E MÉTODOS A 3.1 - Descrição do S i s t e m a E x p e r i m e n t a l A

(12)

Medição da Vazão Média de E s g o t o 53

O b j e t i v o s da P e s q u i s a 53

3.4.1 - O b j e t i v o G e r a l 53

3.4.2 - O b j e t i v o s Específicos 54

C o l e t a de Amostras 54

Parâmetros A n a l i s a d o s '....55

3.6.1 - Parâmetros Físico-Químicos..55

3.6.1.1 - T e m p e r a t u r a 55

3.6.1.2 - pH 55

3.6.1.3 - Oxigénio D i s s o l v i d o . . . . 55

3.6.1.4 - DB0

5

56

3.6.1.5 - DQO 57

3.6.1.6 - Sólidos Suspensos 57

3.6.1.7 - Nitrogénio A m o n i a c a l . . . 58

3.6.1.8 - Nitrogénio Nítrico 58

3.6.1.9 - Fósforo 59

3.6.2 - Parâmetros Microbiológicos..59

3.6.2.1 - C l o r o f i l a a 59

3.6.2.2 - Identificação de A l g a s . 6 0

3.6.2.3 - C o l i f o r m e s f e c a i s 60

3.6.2.4 - E s t r e p t o c o c o s f e c a i s . . . 6 0

3.6.2.5 - A s c a r i s l u m b r i c o i d e s . . . 6 1

(13)

3.7 - Métodos Analíticos 6 1

3.7.1 - Parâmetros Físico-Químicos..61

3.7.1.1 - T e m p e r a t u r a 61

3.7.1.2 - pH 62

3.7.1.3 - Oxigénio D i s s o l v i d o . . . . 62

3.7.1.4 - DB0

5

62

3.7.1.5 - DQO 62

3.7.1.6 - Sólidos Suspensos 63

3.7.1.7 - Nitrogénio A m o n i a c a l . . . 63

3.7.1.8 - Nitrogénio Nítrico 63

3.7.1.9 - O r t o f o s f a t o Solúvel.... 63

3.7.1.10- Fósforo T o t a l 64

3.7.2 - Parâmetros Microbiológicos..64

3.7.2.1 - C l o r o f i l a a 64

3.7.2.2 - Identificação de A l g a s . 6 4

3.7.2.3 - C o l i f o r m e s f e c a i s 65

3.7.2.4 - E s t r e p t o c o c o s f e c a i s . . . 6 5

3.7.2.5 - A s c a r i s l u m b r i c o i d e s . . . 6 6

APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS 7 0

4 . 1 - Medição da Vazão Média de Esgoto A f l u e n t e

do S i s t e m a de Lagoas 70

4i2 - Monitoramento Físico-Químico e

(14)

F i s i c o - Q u i m i c o e Microbiológicos da

Série de Lagoas... ' 83

5 - DISCUSSÃO 107

6 - CONCLUSÕES 119

(15)

A utilização de águas p a r a as d i v e r s a s a t i v i d a d e s

r e l a c i o n a d a s à v i d a do homem, g e r a o a p a r e c i m e n t o das

águas residuárias. E s t a s águas, contém e l e v a d a s c a r g a s

orgânicas e a l t a s concentrações de m i c r o r g a n i s m o s e

devem s o f r e r t r a t a m e n t o p a r a não a f e t a r e m n e g a t i v a m e n t e

a q u a l i d a d e da água dos c o r p o s r e c e p t o r e s .

Desde a a n t i g u i d a d e as civilizações observavam a

n e c e s s i d a d e do a f a s t a m e n t o das e x c r e t a s p a r a l o n g e do

convívio público. A c i d a d e de Eshnunna (Mesopotâmia) a

2.500 a.c. f o i uma das p i o n e i r a s n e s t e a s p e c t o . N e l a

f o r a m e n c o n t r a d o s canos de e s g o t o s , f a b r i c a d o s em t i j o

-l o s que c o -l e t a v a m os f -l u x o s p r o v e n i e n t e s das -l a t r i n a s

r e s i d e n c i a i s . T o d a v i a , f o i a civilização h i n d u a

responsável p e l o s p r i m e i r o s passos no t r a t a m e n t o das

águas residuárias. Na t e n t a t i v a de se l i v r a r e m o mais

r a p i d a m e n t e possível das águas s e r v i d a s , e l e s construíam

f o s s o s que r e u n i a m as águas p r o v e n i e n t e s de l a t r i n a s e

c o z i n h a s . As áreas e s c o l h i d a s p a r a a construção de

f o s s o s , estavam sempre l o c a l i z a d a s a uma c e r t a distância

das comunidades. As águas aí armazenadas eram c l a r i f i c a

(16)

-das em função do tempo. G r a y ( 1 9 4 0 ) , a f i r m o u que e s t e s

f o s s o s f o r a m os p r e c u s s o r e s dos t a n q u e s sépticos. E,

nada impede de a f i r m a r , que f o r a m também a n t e c e s s o r e s

das a t u a i s l a g o a s de estabilização.

As l a g o a s de estabilização c o n s t i t u e m um método

económico e v a n t a j o s o de t r a t a m e n t o de águas

residuári-as. Apresentam c u s t o s r e l a t i v a m e n t e b a i x o s p a r a a sua

construção e operação. São de fácil manutenção e t r a t a m

g r a n d e v a r i e d a d e de águas residuárias domésticas e

i n d u s t r i a i s , a t i n g i n d o q u a l q u e r padrão de q u a l i d a d e

sanitária d e s e j a d o . Em c l i m a s t r o p i c a i s são b a s t a n t e

d i f u n d i d a s , p o i s as e l e v a d a s t e m p e r a t u r a s médias a n u a i s

f a v o r e c e m a a t i v i d a d e m i c r o b i a n a ao l o n g o do c i c l o

hidrológico. A p r i n c i p a l desvantagem a s s o c i a d a à

utilização de l a g o a s , é a grande extensão de t e r r a

r e q u e r i d a p a r a a sua construção.

São normalmente c l a s s i f i c a d a s em anaeróbias,

f a c u l t a t i v a s e de maturação segundo o t i p o de m e t a b o l i s

-mo p r e d o m i n a n t e .

Para avaliação do desempenho de um s i s t e m a de

l a g o a s de estabilização operando com c a r g a t o t a l de

p r o j e t o , Pearson e t a l i i ( 1 9 8 7 b ) , recomendam:

a) f a z e r uma descrição física d e t a l h a d a do s i s t e

-ma a s e r e s t u d a d o , t a i s como a localização, os números e

(17)

t i p o s de l a g o a s ,

e as dimensões das mesmas;

b) s e g u i r as técnicas de amostragem p a r a a v a l i a r

c o r r e t a m e n t e as condições r e a i s do s i s t e m a ;

c ) determinar os parâmetros DB0

5

, DQO, SS, CF,

c l o r o f i l a a, géneros de a l g a s , amónia, n i t r a t o , c l o r e t o ,

fósforo t o t a l , s u l f a t o , pH, t e m p e r a t u r a , c o n d u t i v i d a d e

elétrica, Ca, Mg, Na, B o r o , ovos de nematóides i n t e s t i

-n a i s

e profundidade do l o d o ;

d) m e d i r a vazão a f l u e n t e de cada l a g o a , em

s e p a r a d o , p a r a d e t e r m i n a r o tempo de detenção hidráulica

e as cargas orgânicas r e s p e c t i v a s ;

e) o b t e r os dados meteorológicos, temperatura do

a r , precipitação pluviométrica, evaporação, v e l o c i d a d e

dos v e n t o s , irradiação, e t c , p a r a d e t e r m i n a r as estações

em que as c o l e t a s são r e a l i z a d a s .

V i s t o que, g e r a l m e n t e é inviável a análise s i s t e

-mática de t o d o s os parâmetros, far-se-á uma seleção dos

m a i s adequados p a r a cada situação, dependendo do u s o que

(18)

2 . 1 Lagoas de Estabilização

2.1.1 Introdução

Para o p r o c e s s o de depuração de águas residuárias

e x i s t e m d i v e r s o s métodos de t r a t a m e n t o , c l a s s i f i c a d o s em

c o n v e n c i o n a i s e não c o n v e n c i o n a i s . Os métodos

c o n v e n c i o n a i s são b a s t a n t e u t i l i z a d o s , no e n t a n t o ,

t o d o s , sem exceção, requerem a l t o s c u s t o s na execução,

operação e manutenção, além de a p r e s e n t a r e m b a i x a s t a x a s

na remoção de m i c r o r g a n i s m o s patogênicos, como também

g r a n d e produção de l o d o . O c u s t o t o t a l , no t r a t a m e n t o do

l o d o p r o d u z i d o , é r e l a t i v a m e n t e a l t o , a t i n g i n d o v a l o r e s

m a i o r e s que 50%, de t o d o o v a l o r g a s t o com o t r a t a m e n t o

c o n v e n c i o n a l ( A r t h u r , 1 9 8 3 ) . Esses s i s t e m a s de

t r a t a m e n t o f i c a m m u i t a s v e z e s inviáveis em t e r m o s

económicos, p r i n c i p a l m e n t e p a r a países em

d e s e n v o l v i m e n t o .

D e n t r e os s i s t e m a s não c o n v e n c i o n a i s de

t r a t a m e n t o de e f l u e n t e s líquidos, destacam-se as l a g o a s

de estabilização, que são de g r a n d e vantagem, p o r

constituírem um p r o c e s s o de depuração biológica s i m p l e s

que e n v o l v e p r i n c i p a l m e n t e bactérias e/ou a l g a s . Podem

(19)

-a t i n g i r q u -a l q u e r g r -a u de purific-ação d e s e j -a d -a , -a ur-a

c u s t o b a i x o de execução e operação cora um mínimo de

manutenção, t a r e f a s e s t a s e x e c u t a d a s p o r p e s s o a l não

e s p e c i a l i z a d o . Seu uso é p a r t i c u l a r m e n t e satisfatório em

c l i m a s q u e n t e s , onde a t e m p e r a t u r a a m b i e n t e f a v o r e c e a

a t i v i d a d e m i c r o b i a n a ( P e a r s o n ,

1 9 8 7 ) .

Lagoas de estabilização nada mais são, que

g r a n d e s t a n q u e s de pequena p r o f u n d i d a d e , d e l i m i t a d o s p o r

t a l u d e s de t e r r a ou p a r e d e s , onde águas residuárias são

i n t e i r a m e n t e t r a t a d a s p o r p r o c e s s o s n a t u r a i s e n v o l v e n d o

a l g a s e/ou bactérias, como é m o s t r a d o na F i g u r a

2 . 1 .

Além das v a n t a g e n s mencionadas, a d i c i o n a m - s e :

(a) l a g o a s de estabilização são capazes de

s u p o r t a r choques de s o b r e c a r g a s hidráulicas e orgânicas

(Mara & Pearson,

1 9 8 6 ;

B a r t o n e ,

1 9 8 6 ;

S i l v a ,

1 9 8 2 ) ;

(b) t o l e r a m a l t a s concentrações de m e t a i s

pesados, aproximadamente de

3 0 mg/L (Mara & Pearson,

1 9 8 6 ) , até 60 mg/L (Pearson, 1 9 8 7 ) ;

( c ) apresentam g r a n d e remoção de patógenos,

podendo-se r e u s a r o seu e f l u e n t e em a g r i c u l t u r a ou

a q u a c u l t u r a ( B a r t o n e ,

1 9 8 6 ; Mara & Pearson, 1 9 8 6 ;

Feachem e t a l i i ,

1983

; S i l v a ,

Í 9 8 2 ) ;

(20)

1

LUZ ] ALGAS < ^

co.

N H ; PC-=

BACTÉRIAS

MATÉRIA

ORGÂNICA r-^rrrr : CÉLULAS NOVAS

Figura 2.1- Simbiose de algas e bacte'rios em lagoas de estabilização.

(21)

( B a r t o n e , 1986; D i n g e s , 1 9 8 2 ) ;

(e) o t e r r e n o é f a c i l m e n t e r e c u p e r a d o , se

necessário p a r a uso no f u t u r o ( B a r t o n e , 1986) ;

' f ) os e f l u e n t e s são r i c o s em n u t r i e n t e s e

a l g a s , o que p r o p i c i a s e u uso p a r a a irrigação e

a q u a c u l t u r a ( B a r t o n e , 1986) ;

(g) u t i l i z a m como f o n t e de e n e r g i a , a radiação

s o l a r e a e n e r g i a química, l i b e r a d a p e l a degradação da

matéria orgânica, em l u g a r da e n e r g i a elétrica (Mara &

P e a r s o n , 1986; S i l v a , 1 9 8 2 ) .

A única- desvantagem do u s o de l a g o a s de

estabilização é a utilização das g r a n d e s áreas de t e r r a

r e q u e r i d a s p a r a a construção do s i s t e m a de t r a t a m e n t o .

M u i t o embora, em l o c a l i d a d e s onde t e r r e n o s são

disponíveis e a v a l i a d o s a um c u s t o r e l a t i v a m e n t e b a i x o ,

i s t o passa a não s e r c o n s i d e r a d o como desvantagem.

2.1.2 T i p o s de Lagoas de Estabilização

As l a g o a s de estabilização podem s e r

c l a s s i f i c a d a s , de a c o r d o com as a t i v i d a d e s metabólicas

p r e d o m i n a n t e s , em anaeróbicas f a c u l t a t i v a s e de

maturação.

(22)

2.1.2.1 Lagoas Anaeróbias

São r e a t o r e s u t i l i z a d o s f r e q u e n t e m e n t e como um

estágio de pré-tratamento, sendo v a n t a j o s o o s e u uso em

e s g o t o s com DB0

5

> 300mg/L (Mara & Pearson, 1 9 8 6 ) . Têm

u s u a l m e n t e de 2 a 5 m de p r o f u n d i d a d e , o que é

s u f i c i e n t e p a r a p e r m i t i r a acumulação de l o d o no f u n d o

da l a g o a ( B r a d l e y & da S i l v a , 1 9 7 6 ) . São c o m p l e t a m e n t e

i s e n t a s de oxigénio d e v i d o à e l e v a d a c a r g a de DB0

5

.

Desta f o r m a , n e s t e r e a t o r , as a l g a s não têm p a p e l

e v i d e n t e no p r o c e s s o de t r a t a m e n t o , podendo apenas

a p r e s e n t a r - s e na superfície, através de um f i l m e f i n o ,

u s u a l m e n t e de a l g a s f l a g e l a d a s ( p o r exemplo,

Chlamydomonas). E s t a s a l g a s r e p r e s e n t a m pequenas

proporções de biomassa m i c r o b i a l , sendo pouco provável

que c o n t r i b u a m s i g n i f i c a t i v a m e n t e na remoção de DBO

( P e a r s o n , 1 9 8 7 ) .

A remoção biológica da matéria orgânica, n e s t e

t i p o de l a g o a s , é baseada e x c l u s i v a m e n t e na digestão

anaeróbia. Segundo A r t h u r ( 1 9 8 3 ) , o p r o c e s s o compreende

2 estágios de degradação:

(23)

a) Putrefação:

Bactérias

Matéria p r o d u t o r a s Novas Ácidos a s s o c i a d o s

orgânica > células + (acético,butírico

de ácidos b a c t e r i a n a s e propiônico)

b) No segundo estágio,bactérias metanogênicas

c o n v e r t e m os p r o d u t o s do p r i m e i r o estágio p a r a metano e

o u t r o s p r o d u t o s mais s i m p l e s .

Bactérias

Ácidos p r o d u t o r a s Novas Metano + Dióxido

a s s o c i a d o s > células + de c a r b o n o +

de metano b a c t e r i a n a s Amónia + Água

Peres (1982) a c r e s c e n t a que a digestão anaeróbia

é d e s c r i t a , a t u a l m e n t e , através de d o i s estágios p a r a

f a c i l i t a r a compreensão de a l g u n s a s p e c t o s na

e n g e n h a r i a . A f i r m a no e n t a n t o , que o esquema de d o i s

estágios não é satisfatório como f o i e v i d e n c i a d o p o r

B r y a n t (1979) c i t a d o p o r Peres ( 1 9 8 2 ) . E s t e s e s t u d o s

m o s t r a r a m que e x i s t e m preferências de s u b s t r a t o s

c a t a b o l i z a d o s p e l a s bactérias metanogênicas, t a i s como

ácidos acético e fórmico, metano, hidrogénio m o l e c u l a r e

gás carbónico, em relação a álcoois e o u t r o s ácidos

orgânicos de c a d e i a carbónica m a i o r que o acético,

p r o d u z i d a s p e l a s bactérias f e r m e n t a t i v a s do p r i m e i r o

estágio. Baseando-se nesse f a t o f o i que B r y a n t ( 1 9 7 9 ) ,

(24)

propôs um esquema de três estágios p a r a m e l h o r

e x e m p l i f i c a r o p r o c e s s o de degradação anaeróbia, de

a c o r d o com o i l u s t r a d o na F i g u r a 2.2.

No p r i m e i r o estágio as bactérias hidrolíticas

f e r m e n t a t i v a s obtém e n e r g i a p a r a o seu c r e s c i m e n t o a

p a r t i r da hidrólise de polímeros orgânicos. No segundo

estágio, os ácidos g r a x o s e álcoois, p r o d u z i d o s

a n t e r i o r m e n t e , são u t i l i z a d o s no c r e s c i m e n t o das

bactérias acetogênicas que produzem, p o r sua v e z ,

a c e t a t o , hidrogénio e algumas v e z e s o dióxido de

c a r b o n o . F i n a l m e n t e no t e r c e i r o estágio, as bactérias

metanogênicas seguem duas v i a s na formação de metano,

uma a p a r t i r do a c e t a t o o q u a l é d e s c a r b o x i l a d o e

r e d u z i d o e a o u t r a na q u a l o dióxido de c a r b o n o é

r e d u z i d o a metano.

T o d a v i a , a u t o r e s como G u j e r & Zehnder (1983)

c i t a d o s p o r Van Haandel & L e t i n g a ( 1 9 9 1 ) , mostram que o

p r o c e s s o de conversão da matéria orgânica em

s i s t e m a s anaeróbicos pode s e r a p r e s e n t a d o em q u a t r o

f a s e s d i s t i n t a s ( F i g u r a 2 . 3 ) .

Na f a s e da hidrólise, bactérias f e r m e n t a t i v a s

degradam as proteínas v i a polipeptídeo em aminoácidos,

os c a r b o h i d r a t o s em açúcares solúveis (mono e

(25)

Carboidratos lipídeos proteínas Hidrólise e Fermentação ( 1 ) Ácidos graxos Etanol

Acetato Desidrogenação Acetogênica ( 2 ) Desidrogenação Acetogênica ( 2 ) Descarboxilação de Acetato ( 3 ) Formação redutivo J de metano (3) CH4+ C02 CH H20

Figura 2.2 Esquema de três estágios para a degradação anaeróbica completa da matéria orgânica.

(I ): bactérias hidrolíticas fermentativas.

( 2 ) ! bactérias acetogênicas produtoras de hidrogénio. (3 ): bactérias metanogênicas. (fonte: Peres, I982.)

(26)

Material Orgânico Particulado Proteínas, Carbohidratos, Lipídi os

HIDROLISE

Aminoa'cidos, Açucares Ácidos Gordurosos

Produtos Intermediários Propionato, Butirato etc.

ACIDOGENESE

ACETOGÊNESE

METANOGENESE

Figura 2.3 - Fases do processo de conversão da matéria orgânica, em sistemas anaeróbios.

(27)

dissacarídeos) e os lipídios em ácidos g r a x o s de c a d e i a s

l o n g a s e g l i c e r o l .

Na acidogênese, os compostos d i s s o l v i d o s da f a s e

de hidrólise são a b s o r v i d o s p e l a s células das bactérias

f e r m e n t a t i v a s , que após a acidogênese, e x c r e t a m

compostos s i m p l e s como ácidos g r a x o s voláteis, álcoois,

ácido lático e compostos m i n e r a i s como dióxido de

c a r b o n o , hidrogénio, amónia e s u l f e t o de hidrogénio.

. Na f a s e da acetogênese, os p r o d u t o s da

acidogênese são c o n v e r t i d o s em a c e t a t o , hidrogénio e

dióxido de c a r b o n o .

Na última f a s e , a metanogênese, o c o r r e a

produção de metano, através do a c e t a t o ou da reação de

hidrogénio com dióxido de c a r b o n o com intervenção das

bactérias acetotrópicas e hidrogenotrópicas

r e s p e c t i v a m e n t e , de a c o r d o com as s e g u i n t e s equações:

Metanogênese Acetotrópica

CH3COOH > CH4 + C 02 ( 2 . 1 )

Metanogênese Hidrogenotrópica

4 H2 + C 02 > CH4 + 2 H20 ( 2 . 2 )

(28)

depende do d e l i c a d o equilíbrio e n t r e as bactérias

f o r m a d o r a s de ácidos e as f o r m a d o r a s de metano ( M e t c a l f

& Eddy, 1972) já que as últimas são m u i t o sensíveis a

mudanças de pH, presença de m e t a i s pesados e

d e t e r g e n t e s , mudanças de a l c a l i n i d a d e , t e m p e r a t u r a e

concentração de s u l f e t o s ( M i d d l e b r o o k s e t a l i i , 1 9 8 2 ) .

Havendo alterações a d v e r s a s à sobrevivência das

bactérias metanogênicas, as l a g o a s de estabilização

anaeróbias atuarão apenas como meros t a n q u e s de

estocagem de l o d o (Mara, 1976; Pearson, 1 9 8 7 ) .

Segundo Pacheco ( 1 9 8 2 ) , o tempo de detenção

hidráulica das l a g o a s anaeróbias é c a l c u l a d o em função

do tempo mínimo necessário p a r a a formação das bactérias

f o r m a d o r a s do metano, as q u a i s r e q u e r e m de 2 a 5 d i a s

(as de c r e s c i m e n t o rápido) e de 20 a 30 d i a s ( a s de

c r e s c i m e n t o l e n t o ) . As bactérias metanogênicas crescem

m u i t o m a i s l e n t a m e n t e que as p r o d u t o r a s de ácidos (de

O l i v e i r a , 1 9 9 0 ) .

As l a g o a s anaeróbias são susceptíveis a

a p r e s e n t a r e m d e s p r e n d i m e n t o de o d o r e s , p r i n c i p a l m e n t e

quando a c a r g a orgânica volumétrica u l t r a p a s s a v a l o r e s

s u p e r i o r e s a 400g DB0

5

m ~

3

. d i a

- 1

(Mara, 1976) ou quando

(29)

( G l o y n a , 1 9 7 1 ) . Elevadas c a r g a s volumétricas provocam a

predominância de condições ácidas na l a g o a , r e d u z i n d o o

pH p a r a v a l o r e s a b a i x o de 7,0 , g e r a n d o condições que

p e r m i t e m o d e s p r e n d i m e n t o do gás sulfídrico. O

equilíbrio H

2

S-HS~-S

2

~ num pH acima de 7,0, promove a

liberação de pouco s u l f e t o de hidrogénio (APHA, 1 9 8 5 ) .

A l t a s concentrações de s u l f a t o também são

responsáveis p e l o odor em s i s t e m a s anaeróbios, p o r serem

u t i l i z a d o s como a c e p t o r e s f i n a i s de elétrons na

decomposição da matéria orgânica, r e s u l t a n d o na

liberação de S

2

~. E s t e pode s e r p r o d u z i d o a p a r t i r da

oxidação bioquímica do ácido acético, que é i l u s t r a d a

a b a i x o . (de O l i v e i r a , 1 9 8 3 ) .

CH

3

COOH+S0

42

" > 2 C 0

2

+ 2 H

2

0 + S

2

~ ( 2 . 3 )

O íon s u l f e t o r e s u l t a n t e da redução do íon

s u l f a t o , combina-se com íons hidrogénio g e r a n d o o gás

sulfídrico:

2 H

+

+ S

2

" <=====> H

2

S ( 2 . 4 )

Para m i n i m i z a r a formação de gás sulfídrico, é

recomendável que se mantenha o pH da l a g o a acima de 7,0

(30)

na f o r m a do I o n b i s s u l f e t o (HS~) que é i n o d o r o . Para

e l e v a r o pH é necessário que se promova uma

recirculação com e f l u e n t e s p r o v e n i e n t e s de l a g o a s

f a c u l t a t i v a s ou de maturação, na razão de 1 p a r a 6 (Van

Eck & Simpson 1966, c i t a d o p o r S i l v a & Mara, 1 9 7 9 ) .

Segundo B r a d l e y & da S i l v a ( 1 9 7 6 ) , algumas l a g o a s

r e c i r c u l a m com t a x a s de até 50%, e J e z i a l i c (1971)

reforça que e s t a s t a x a s dependem da concentração do

e s g o t o , v a r i a n d o de 0,2 a 1,5 v e z e s o volume da l a g o a .

Em l a g o a s anaeróbias, a frequência típica p a r a a

remoção de l o d o , é p o r v o l t a de uma vez a cada d o i s a

três anos ( B r a d l e y & da S i l v a , 1 9 7 6 ) . P e a r s o n (1987)

a f i r m a que em c l i m a s t r o p i c a i s , a remoção só é

necessária uma vez a cada c i n c o anos ou quando as l a g o a s

e s t i v e r e m com l o d o até a meia p r o f u n d i d a d e .

O e f l u e n t e das lagoas anaeróbias n e c e s s i t a de

t r a t a m e n t o p o s t e r i o r uma vez que não têm q u a l i d a d e

físico-química e microbiológica adequada p a r a a

disposição no meio a m b i e n t e .

2.1.2.2 Lagoas F a c u l t a t i v a s

(31)

( f a c u l t a t i v a s primárias) ou p r o v e n i e n t e s de um

pré-t r a pré-t a m e n pré-t o ( f a c u l pré-t a pré-t i v a s secundárias). Têm como p a p e l

p r i n c i p a l a remoção de matéria orgânica, u s u a l m e n t e

e n t r e 60 e 80% da DBO a f l u e n t e ( P e a r s o n , 1 9 8 7 ) . E s t a s

l a g o a s promovem também, alguma m o r t e de o r g a n i s m o s

patogênicos, uma vez que, se observam reduções de, no

mínimo, uma ordem de grandeza nos c o l i f o r m e s f e c a i s

( P e a r s o n , 1 9 8 7 ) .

São construídas com p r o f u n d i d a d e s que v a r i a m de

1,0 a 2,0m. D i f e r e n c i a m - s e em seu i n t e r i o r três

camadas, uma aeróbia próxima à superfície, uma

intermediária, e uma t e r c e i r a anaeróbia, no f u n d o do

r e a t o r . Segundo M e t c a l f & Eddy ( 1 9 7 2 ) , " na camada

s u p e r f i c i a l , c a r a c t e r i z a d a p e l a presença de oxigénio,

v e r i f i c a - s e a degradação da matéria orgânica f e i t a p o r

bactérias aeróbias; na camada intermediária, d e s c r i t a

como p a r t e anaeróbia e p a r t e aeróbia, e s t a degradação é

f e i t a p r i n c i p a l m e n t e p o r bactérias f a c u l t a t i v a s e na

última camada, onde o c o r r e a sedimentação de sólidos

s u s p e n s o s , a decomposição é r e a l i z a d a na ausência de

oxigénio p o r bactérias anaeróbias.

A F i g u r a 2.4 m o s t r a um esquema do mecanismo p a r a

a estabilização da matéria orgânica do e s g o t o em l a g o a s

(32)

NOVAS ALGAS FOTOSSÍNTESE A L G A S BACTÉRIAS ALGAS FORMAS DE N e P SÓLIDOS f ORGÂNICOS E SOLÚVEIS )

Figura 2.4 - Esquema de funcionamento de uma lagoa facultativa (Modificado de Pessoa e Jordão, 1975.)

(33)

f a c u l t a t i v a s . Nas camadas s u p e r f i c i a i s , o t r a t a m e n t o

biológico é r e a l i z a d o p e l a interação simbiótica e n t r e

bactérias e a l g a s . As bactérias t r a n s f o r m a m os compostos

orgânicos a f l u e n t e s em dióxido de c a r b o n o e s a i s de

nitrogénio e fósforo. As a l g a s usam esses compostos

inorgânicos, r e a l i z a n d o a fotossíntese na presença de

e n e r g i a s o l a r , g e r a n d o novas células, e l i b e r a n d o

oxigénio m o l e c u l a r p a r a a massa líquida. Esse oxigénio

d i s s o l v i d o , é usado p e l a s bactérias aeróbias na

decomposição de mais matéria orgânica, e formação de

novas bactérias, f e c h a n d o dessa f o r m a o c i c l o .

No f u n d o do r e a t o r f a c u l t a t i v o , os sólidos

sedimentáveis do a f l u e n t e s o f r e m um p r o c e s s o de

degradação anaeróbia, com liberação de metano, s u l f e t o

de hidrogénio, nitrogénio a m o n i a c a l e dióxido de

c a r b o n o . A tendência desses gases é moverem-se p a r a

c i m a , em direção à superfície (Quano, 1983) onde boa

p a r t e escapa p a r a a a t m o s f e r a .

D u r a n t e as h o r a s i l u m i n a d a s do d i a , quando a

a t i v i d a d e fotossintética das a l g a s é m a i s i n t e n s a ,

o c o r r e o aumento na concentração de oxigénio d i s s o l v i d o

na massa d'água. Concentrações de até 20 mg/L já f o r a m

r e g i s t r a d a s no período compreendido e n t r e 12 e 16 h o r a s

(34)

p o r K o n i g (1984) através de e s t u d o s r e a l i z a d o s em l a g o a s

de estabilização f a c u l t a t i v a s e de maturação.

A v i g o r o s a a t i v i d a d e fotossintética das a l g a s ,

além de aumentar s i g n i f i c a t i v a m e n t e as concentrações de

oxigénio d i s s o l v i d o , promovem aumentos nos v a l o r e s do pH

da l a g o a . E s t e s v a l o r e s são a l t e r a d o s , d e v i d o à

existência de um déficit de dióxido de c a r b o n o na massa

líquida, o c a s i o n a d o p e l o desequilíbrio e x i s t e n t e e n t r e a

remoção a c e l e r a d a de dióxido de c a r b o n o p e l a s a l g a s e a

produção i n s u f i c i e n t e p e l a s bactérias. I s t o f a z com que

as a l g a s , no p r o c e s s o da fotossíntese, u t i l i z e m dióxido

de c a r b o n o p r o v e n i e n t e da dissociação de íons

b i c a r b o n a t o s r e s u l t a n d o na liberação de íons. h i d r o x i l a s ,

p r i n c i p a i s responsáveis p e l o aumento de pH, que chega a

a t i n g i r nos r e a t o r e s f a c u l t a t i v o s v a l o r e s e n t r e 10,5

( C a d w e l l , 1946) e até 11,0 (Quano, 1 9 8 3 ) .

As condições de a e r o b i o s e das camadas

s u p e r f i c i a i s da l a g o a f a c u l t a t i v a são m a n t i d a s não só

p e l a realização da fotossíntese como também p e l a

reaeração atmosférica, através da m i s t u r a (Mara, 1 9 7 6 ) .

A m i s t u r a é um i m p o r t a n t e f a t o r que deve o c o r r e r d e n t r o

das l a g o a s f a c u l t a t i v a s p a r a p r o p o r c i o n a r boa

oxigenação na massa d

1

água, melhorando a eficiência da

(35)

estabilização dos resíduos orgânicos. É através da ação

dos v e n t o s que se consegue a s s e g u r a r a m i s t u r a d e n t r o da

l a g o a , a q u a l impede a formação de zonas e s t a g n a d a s e a

ocorrência de c u r t o c i r c u i t o hidráulico, a s s i m como uma

m e l h o r distribuição v e r t i c a l de DBO, a l g a s e oxigénio

(Mara, 1976) . Com a m i s t u r a é que as a l g a s não

f l a g e l a d a s conseguem se d e s l o c a r p a r a a zona fótica

(zona de incidência da l u z s o l a r d e n t r o da l a g o a ) p a r a

r e a l i z a r a fotossíntese.

Caso não o c o r r a a m i s t u r a , a l a g o a s o f r e

estratificação térmica. E s t e fenómeno é p r o v e n i e n t e da

ação d i r e t a da e n e r g i a s o l a r s o b r e as camadas s u p e r i o r e s

da l a g o a , t o r n a n d o - a s bem mais a q u e c i d a s e menos densas

que as camadas i n f e r i o r e s . As camadas s u p e r i o r e s ,

q u e n t e s , estão s e p a r a d a s das i n f e r i o r e s , f r i a s , através

de uma zona de mudança a c e n t u a d a de t e m p e r a t u r a ,

c o n h e c i d a como t e r m o c l i n a .

É d e v i d o ao fenómeno da estratificação que as

a l g a s não f l a g e l a d a s decantam, passando através da

t e r m o c l i n a p a r a a zona afótica da l a g o a não r e a l i z a n d o

fotossíntese e e x e r c e n d o uma demanda de oxigénio. Como

r e s u l t a d o , a zona a b a i x o da t e r m o c l i n a , t o r n a - s e

r a p i d a m e n t e anaeróbia. Acima d e l a a t e m p e r a t u r a aumenta

(36)

c o n s i d e r a v e l m e n t e , podendo c h e g a r a s e r m a i o r que 35°C,

a c a r r e t a n d o a f u g a das a l g a s f l a g e l a d a s p a r a uma

p r o f u n d i d a d e de 300 a 500 mm a b a i x o da superfície ( S i l v a

& Mara, 1 9 7 9 ) , onde formam uma espessa camada,

i m p e d i n d o a penetração da l u z s o l a r . Logo, a zona fótica

a p r e s e n t a uma redução s u b s t a n c i a l no número de a l g a s e

c o n s e q u e n t e m e n t e na produção de oxigénio d i s s o l v i d o ,

comprometendo a degradação dos resíduos orgânicos e a

eficiência da l a g o a .

Segundo Dinges (1982) vários parâmetros, e n t r e os

q u a i s a direção dos v e n t o s p r e d o m i n a n t e s , d e t e r m i n a m o

tempo de detenção da l a g o a ; c o n c l u i porém, que pode

e x i s t i r g r a n d e d i s p a r i d a d e e n t r e o tempo de detenção

teórico e r e a l , d e v i d o aos c u r t o - c i r c u i t o s hidráulicos.

2.1.2.3 Lagoas de Maturação

São usadas como estágio p o s t e r i o r às l a g o a s

f a c u l t a t i v a s , têm u s u a l m e n t e 1 a 2 m de p r o f u n d i d a d e e

são u t i l i z a d a s p r i n c i p a l m e n t e p a r a r e d u z i r e m o número de

o r g a n i s m o s patogênicos, e s p e c i a l m e n t e bactérias e vírus

(Mara e t a l i i , 1983) e n u t r i e n t e s (nitrogénio e

fósforo) p a r a níveis b a i x o s . E s t a redução é possível

(37)

graças ao l o n g o tempo de detenção hidráulica a que esses

e f l u e n t e s são s u b m e t i d o s , p e r m i t i n d o também a

sedimentação de c i s t o s e ovos de p a r a s i t o s i n t e s t i n a i s

no f u n d o da l a g o a (Mara, 1 9 7 6 ) .

São aeróbicas em t o d a a sua p r o f u n d i d a d e , e x c e t o

p o s s i v e l m e n t e p o r um c u r t o período de tempo, g e r a l m e n t e

a n t e s do amanhecer, quando podem t o r n a r - s e anaeróbias

( P e a r s o n , 1 9 8 7 ) .

A avaliação da q u a l i d a d e f i n a l de um e f l u e n t e

m a t u r a d o é f e i t a através da análise de remoção de

c o l i f o r m e s f e c a i s , a q u a l segundo S i l v a & Mara ( 1 9 7 9 ) ,

com adequado d i m e n s i o n a m e n t o da l a g o a pode a t i n g i r m a i s

de 99,99%.

Quando o e f l u e n t e da l a g o a de maturação a t i n g e

números de C o l i f o r m e s f e c a i s menores que lOOOCF/lOOmL

( S i l v a , 1 9 8 2 ) , é possível f a z e r a sua reutilização,

p r i n c i p a l m e n t e na dessedentação de gado e irrigação.

2.1.3 Lagoas de Estabilização em Série

O p r i n c i p a l o b j e t i v o do t r a t a m e n t o de águas

residuárias é promover m e l h o r i a s na q u a l i d a d e sanitária

de seus e f l u e n t e s , em função do uso f i n a l a que se

(38)

d e s t i n a m .

A utilização de l a g o a s de estabilização em série,

no t r a t a m e n t o de e s g o t o s , merece e s p e c i a l atenção. F o i

o b s e r v a d o p o r M a r a i s (1966) que e s t e s s i s t e m a s ,

a p r e s e n t a m q u a l i d a d e física, química e microbiológica

s u p e r i o r ao de uma única l a g o a , com área, tempo de

detenção e c a r g a orgânica e q u i v a l e n t e s . M a r a i s (1974)

a c r e s c e n t a que a máxima eficiência de remoção de

o r g a n i s m o s i n d i c a d o r e s de um s i s t e m a de l a g o a s em série

é alcançada quando o tempo de detenção hidráulica de

cada r e a t o r do s i s t e m a f o r o mesmo.

Uma sequência de l a g o a s em série constituída de

uma anaeróbia s e g u i d a de f a c u l t a t i v a ( o u a e r a d a ) e uma

ou m a i s l a g o a s de maturação, também p r o p o r c i o n a uma

m a i o r redução de DBO do que uma única l a g o a de mesma

área ( B r a d l e y e da S i l v a , 1 9 7 6 ) .

Os r e a t o r e s anaeróbios são de g r a n d e u t i l i d a d e

nos s i s t e m a s de l a g o a de estabilização em série p o i s ,

além de r e f l e t i r e m na economia de área, p r o p i c i a m rápida

degradação dos resíduos orgânicos, p o s s u i n d o c a p a c i d a d e

de redução de DBO v a r i a n d o e n t r e 70 e 85 % ( M e t c a l f &

Eddy, 1 9 7 2 ) .

(39)

l a g o a s está r e l a c i o n a d o com o g r a u de t r a t a m e n t o

d e s e j a d o , o q u a l dependerá da utilização f i n a l que se

dará ao e f l u e n t e do s i s t e m a .

2 . 2 P r i n c i p a i s Organismos Envolvidos no Tratamento de

E s g o t o s p o r Lagoas

de Estabilização

2.2.1 Bactérias

As bactérias são o r g a n i s m o s microscópicos,

u n i c e l u l a r e s , de forma e tamanho v a r i a d o s que se

m u l t i p l i c a m assexuadamente p o r c i s s i p a r i d a d e (Mara,

1 9 7 6 ) .

Em s i s t e m a s de l a g o a s de estabilização, e l a s são

as u n i d a d e s biológicas f u n d a m e n t a i s na degradação da

matéria orgânica p r e s e n t e no e s g o t o ( P a r h a d & Rao,

1 9 7 4 ) . Esta degradação, até compostos mais simples é

f e i t a aeróbica e/ou a n a e r o b i c a m e n t e , de a c o r d o com a

presença de oxigénio d i s s o l v i d o no c o r p o d'água, através

de bactérias aeróbias, anaeróbias e f a c u l t a t i v a s . Caso a

matéria orgânica s e j a degradada em presença de oxigénio,

os compostos f i n a i s o r i g i n a d o s serão dióxido de c a r b o n o ,

n i t r a t o , s u l f a t o e água e caso s e j a na ausência de

oxigénio, além de compostos orgânicos ácidos, aldeídos e

(40)

c e t o n a s , serão também o b t i d o s , metano, hidrogénio,

s u l f e t o de hidrogénio, dióxido de c a r b o n o , amónia e água

(Parhad & Rao, 1 9 7 4 ) .

De a c o r d o com a t e m p e r a t u r a ótima de c r e s c i m e n t o

as bactérias são c l a s s i f i c a d a s em psicrofílicas

( <20°C), mesofílicas (20 - 45°C) e termofílicas

( >45°C). Em l a g o a s de estabilização de regiões

t r o p i c a i s , as bactérias mesófilicas são as mais

f r e q u e n t e s ( K l e i n , 1972, c i t a d o p o r S o a r e s , 1985)

E s t e s m i c r o r g a n i s m o s c l a s s i f i c a m - s e a i n d a em

patogênicos e não patogênicos. D e n t r e os patogênicos de

veiculação hídrica destacam-se S a l m o n e l l a t y p h i

. S a l m o n e l l a s p , S h i q e l l a sp e V i b r i o c h o l e r a e , que são

h a b i t a n t e s f r e q u e n t e s de águas poluídas com m a t e r i a l

f e c a l e e s g o t o s . Sua identificação n e s t e s a m b i e n t e s é

demorada, de c u s t o e l e v a d o e e x i g e p e s s o a l

e s p e c i a l i z a d o . Por o u t r o l a d o não é possível a

identificação de t o d a s as bactérias patogênicas

p o t e n c i a l m e n t e p r e s e n t e s num c o r p o d'água. Para

s o l u c i o n a r e s t e problema f o r a m d e f i n i d o s g r u p o s de

bactérias i n d i c a d o r a s de contaminação f e c a l , m a i s fáceis

de i d e n t i f i c a r e q u a n t i f i c a r . Sua detecção em c o r p o s

d'água, i n d i c a com c e r t e z a que houve poluição f e c a l ,

(41)

p r o v e n i e n t e de f e z e s humanas, de a n i m a i s de sangue

q u e n t e ou de e s g o t o s , sendo m u i t o provável que bactérias

patogênicas i n t e s t i n a i s e s t e j a m também p r e s e n t e s

( C e b a l l o s , 1 9 9 0 ) .

Segundo Feachem e t a l i i (1983) uma bactéria

i n d i c a d o r a de poluição f e c a l deve r e u n i r as s e g u i n t e s

características:

- s e r um componente n o r m a l da f l o r a i n t e s t i n a l de

indivíduos s a d i o s ;

- s e r de o r i g e m e x c l u s i v a m e n t e f e c a l ;

- e s t a r a u s e n t e s no meio a m b i e n t e e em a n i m a i s ;

- e s t a r p r e s e n t e s sempre que m i c r o r g a n i s m o s

patogênicos i n t e s t i n a i s e s t i v e r e m p r e s e n t e s ;

- a p r e s e n t a r números m a i s e l e v a d o s que os

patógenos i n t e s t i n a i s ;

- não se r e p r o d u z i r f o r a do i n t e s t i n o ;

- a p r e s e n t a r t a x a de m o r t e i g u a l ou l e v e m e n t e

menor que os patógenos i n t e s t i n a i s ( t e r resistência

i g u a l ou m a i o r , aos f a t o r e s a m b i e n t a i s , que os patógenos

f e c a i s ) ;

- s e r fácil de d e t e c t a r e q u a n t i f i c a r ;

- não s e r patogênica.

(42)

características. Apenas a l g u n s g r u p o s cumprem com a l g u n s

d e s t e s r e q u i s i t o s . De a c o r d o com Feachem e t a l i i ( 1 9 8 3 ) ,

e Mara ( 1 9 7 6 ) , os três p r i n c i p a i s g r u p o s de bactérias

i n d i c a d o r a s são:

(1) c o l i f o r m e s ( t o t a i s e f e c a i s ) ;

(2) e s t r e p t o c o c o s f e c a i s ;

(.3) C l o s t r i d i u m p e r f r i n q e n s

As bactérias do g r u p o c o l i f o r m e são constituídas

p o r espécies comensais (não patogênicas) p r e s e n t e s no

i n t e s t i n o do homem e de a n i m a i s de sangue q u e n t e . São

e l i m i n a d a s nas ' f e z e s em números e l e v a d o s de I O

6

a

1 0

9

/ g r a m a .

Os e s t r e p t o c o c o s f e c a i s , também são bactérias

i n t e g r a n t e s da f l o r a n o r m a l do i n t e s t i n o do homem e de

a n i m a i s de sangue q u e n t e (APHA, 1 9 8 5 ) . Sua concentração

nas f e z e s é de I O

5

a I O

8

p o r grama (Feachem e t a l i i ,

1 9 8 3 ) . Têm m a i o r sobrevivência, com e s c a s s a tendência a

se m u l t i p l i c a r no meio a m b i e n t e , f a t o r e s e s t e s que os

t o r n a m i n d i c a d o r e s com algumas v a n t a g e n s s o b r e os

c o l i f o r m e s .

O C l o s t r i d i u m p e r f r i n g e n s é de o r i g e m

e x c l u s i v a m e n t e f e c a l e não é patogênico no i n t e s t i n o ,

(43)

onde se e n c o n t r a na concentração de I O

3

a I O

10

p o r grama

de f e z e s . Devido à sua c a p a c i d a d e de e s p o r u l a r , é

b a s t a n t e r e s i s t e n t e , p e r m i t i n d o o seu u s o como i n d i c a d o r

de poluição f e c a l a n t i g a .

2.2.2 A l g a s

As a l g a s c o n s t i t u e m um dos mais d i v e r s i f i c a d o s

g r u p o s de m i c r o o r g a n i s m o s p r e s e n t e s em l a g o a s de

estabilização. São de g r a n d e importância na geração de

oxigénio m o l e c u l a r , f u n d a m e n t a l na eficiência do

t r a t a m e n t o de e s g o t o ( P e a r s o n , 1 9 8 6 ) .

Os géneros de a l g a s e n c o n t r a d o s em- l a g o a s de

estabilização v a r i a r a c o n s i d e r a v e l m e n t e , mas u s u a l m e n t e

p e r t e n c e m a q u a t r o P h y l a : C y a n o b a c t e r i a ( e x .

O s c i l l a t o r i a ) E u g l e n o p h y t a (Euqlena e Phacus,

C h l o r o p h y t a (Chlaraydomonas, C h l o r o g o n i u n , C h l o r e l a ) e

B a c i l l a r i o p h y t a ( N a v i c u l a e N i t z c h i a ) ( K o n i g , 1 9 8 4 ) .

Os géneros típicos d e t e c t a d o s n e s t e s s i s t e m a s não

se mantém n e c e s s a r i a m e n t e p r e s e n t e s d u r a n t e t o d o o ano,

p o i s v a r i a m c o n s i d e r a v e l m e n t e conforme a c a r g a orgânica

da l a g o a , a estação do ano, o c l i m a , a l a t i t u d e , a

q u a l i d a d e do e s g o t o , e t c ( Sena, 1967; P e a r s o n e t a l i i

(44)

1979 ; K o n i g , 1984 ) . E s t u d o s r e a l i z a d o s p o r Palmer

(1969) concluíram que a c a r g a orgânica é o f a t o r

d e t e r m i n a n t e na d i v e r s i d a d e das a l g a s , s o b r e p o n d o - s e a

f a t o r e s como i n t e n s i d a d e de l u z , pH, oxigénio

d i s s o l v i d o , t e m p e r a t u r a e v e l o c i d a d e do f l u x o .

As l a g o a s de estabilização que recebem c a r g a s

orgânicas e l e v a d a s se c a r a c t e r i z a m p o r a p r e s e n t a r e m

números r e d u z i d o s de géneros de a l g a s mas, com m u i t o s

indivíduos cada um.

A presença de a l g a s f l a g e l a d a s como E u g l e n a ,

P y r o b o t r y s e Chlamydomonas, com frequência e l e v a d a ,

i n d i c a m um a m b i e n t e pouco d i v e r s o e com a l t a c a r g a

orgânica ( Munawar, 1970; P a t i l e t a l i i . 1975; K o n i g ,

1 9 8 4 ) . Mara & Pearson (1986) a f i r m a m , a i n d a , que e s t a s

a l g a s tendem a dominar em l a g o a s f a c u l t a t i v a s , d e v i d o à

h a b i l i d a d e que e l a s apresentam de se moverem até a

superfície da l a g o a , d a n d o - l h e s vantagem c o m p e t i t i v a

s o b r e as formas não móveis como Scenedesmus, C h o r e l l a e

M i c r a c t i n i u m , as q u a i s são mais a b u n d a n t e s em águas

m a i s t r a n s p a r e n t e s como as l a g o a s de maturação.

A população fitoplanctônica pode s e r e s t i m a d a

p e l a quantificação da biomassa de a l g a s através do t e s t e

da c l o r o f i l a a o q u a l é b a s t a n t e d i f u n d i d o p o r s e r

(45)

rápido, s i m p l e s e com boa r e p r o d u t i v i d a d e ( R a i , 1 9 8 0 ) .

Em e s t u d o s r e a l i z a d o s p o r K o n i g (1984) numa série

de l a g o a s p i l o t o ( F

X

, M

1 #

M

2

, e M

3

) f o r a m o b s e r v a d a s

concentrações de c l o r o f i l a a no e f l u e n t e de 1122ug/L

(F-L) , 479/ig/L (M

x

) , 266ug/L ( M

2

) e 4 23/ig/L ( M

3

) , p a r a

tempos de detenção de 5,5 d i a s

(F

lr

M-^ e M

2

r e s p e c t i v a m e n t e ) e 5,8 d i a s ( M

3

) , e

D B 05

de 45 mg/L

( FX) ,

25 mg/L ( M

x

) , 19 mg/L ( M

2

) e 17 mg/L ( M

3

) .

Gloyna & Herman (1956) a f i r m a m que as a l g a s são

de g r a n d e importância em s i s t e m a s de t r a t a m e n t o , no

e n t a n t o podem s e r também c o n s i d e r a d a s como g r a n d e s

t r a n s t o r n o s - em' e f l u e n t e s , p o i s se e n c o n t r a d a s em

e l e v a d o s números, c o n t r i b u e m s i g n i f i c a t i v a m e n t e p a r a a

D B O 5 ,

aumentando c o n s i d e r a v e l m e n t e a demanda de oxigénio

do c o r p o d"água r e c e p t o r . T o d a v i a , L u d w i g e t a l i i

(1951) c o n c l u i r a m que, m u i t o embora as a l g a s aumentem

s i g n i f i c a t i v a m e n t e a

D B 05

e f l u e n t e , chegando mesmo até à

obtenção de v a l o r e s m a i o r e s que a

D B 05

a f l u e n t e do

e s g o t o , e l a s não causam p r o b l e m a s p a r a a saúde pública,

nos c o r p o s d'água r e c e p t o r e s , além de aumentar em c e r t a s

h o r a s do d i a a concentração de oxigénio d i s s o l v i d o do

c o r p o r e c e p t o r ( K o n i g , 1 9 8 4 ) .

(46)

EXTRABES numa série p i l o t o de c i n c o l a g o a s de

estabilização, mostraram que as a l g a s c o n t r i b u e m com

m a i s de 80% de sólidos suspensos, 60-70% de DQO e mais

de 65% de DBO nos e f l u e n t e s das l a g o a s f a c u l t a t i v a s .

As a l g a s são também i m p o r t a n t e s p a r a a remoção de

n u t r i e n t e s d u r a n t e o seu c r e s c i m e n t o , através da

incorporação d e s t e s na sua biomassa. No e n t a n t o , E l l i s

(1983) a f i r m a que os n u t r i e n t e s são também r e m o v i d o s em

s i s t e m a s de t r a t a m e n t o de e s g o t o s , v i a o u t r o s

mecanismos. O f o s f a t o , p o r exemplo, é r e m o v i d o em l a g o a s

de estabilização, p r i n c i p a l m e n t e p e l a precipitação como

h i d r o x i a p a t i t a [ C a

5

( P 0

4

)

3

0 H ] em v a l o r e s de pH desde 8,2

( E l l i s , 1983) até 9,0 ( S i l v a , 1 9 8 2 ) ; a amónia p o r

volatilização em pH v a r i a n d o e n t r e 10 e 12 (Reed, 1985)

e através de a t i v i d a d e biológica de m i c r o r g a n i s m o s

( F e r r a r a & A v c i , 1 9 8 2 ) ; e o n i t r a t o , através da

desnitrificação (Hermann, 1 9 6 2 ) .

Em l a g o a s de estabilização as a l g a s são sensíveis

em relação a concentrações e l e v a d a s de amónia e s u l f e t o ,

os q u a i s i n i b e m a a t i v i d a d e fotossintética e a produção

de oxigénio (Pearson e t a l i i . 1 9 8 7 ) . Através de e s t u d o s

r e a l i z a d o s p o r A b e l i o v i c h e Azov (1976) em l a g o a s de

estabilização p i l o t o de oxidação de e s g o t o s , f o i m o s t r a

(47)

-do que concentrações de amónia m a i o r e s ou i g u a i s a

28mg/L em pHs m a i o r e s que 8,0, são tóxicas p a r a a f o t o s

-síntese e c r e s c i m e n t o das a l g a s . T o d a v i a , a t o x i c i d a d e

da amónia v a r i a em relação às espécies de a l g a s ( P e a r

-son & K o n i g , 1 9 8 6 ) . K o n i g e t a l i i ( 1 9 8 7 ) , p e s q u i s a n d o

c u l t u r a s de C h o r e l l a e Euqlena i s o l a d a s de l a g o a s de

estabilização, m o s t r a r a m que o p r i m e i r o d e s t e s géneros é

m a i s t o l e r a n t e p a r a a amónia do que o segundo, p o i s

c r e s c i a m em concentrações médias de até lOmM de amónia

(com 40% na forma de N H

3

) , em pH i g u a l a 9,0 e t e m p e r a

-t u r a de 25°C.

O mesmo não a c o n t e c i a com o género

Euqle-na .

O p o t e n c i a l de t o x i c i d a d e da amónia sobre as algas é

atribuído p r i n c i p a l m e n t e à forma não i o n i z a d a (NH

3

) do

que à forma do íon amónio ( N H 4 ) ( T a b a t a , 1 9 6 2 ) .

Com relação aos compostos de e n x o f r e , a f o r m a não

i o n i z a d a H

2

S de s u l f e t o , em concentrações de 200mM e pH

menor que 7,0 (Pearson e K o n i g , 1 9 8 6 ) , é também de

n a t u r e z a tóxica p a r a as a l g a s . Seus e f e i t o s v a r i a m de

a c o r d o com os géneros como no caso da amónia. Pearson e

K o n i g ( 1 9 8 6 ) , m o s t r a r a m que o género C h l o r e l l a

novamente é mais r e s i s t e n t e ao s u l f e t o , que E u q l e n a ,

quando e s t u d a d a s em c u l t u r a s i s o l a d a s em laboratório com

pH i g u a l a 7,25.

(48)

Lagoas de Estabilização

A eficiência de remoção de m i c r o r g a n i s m o s

patogênicos ao l o n g o de s i s t e m a s de l a g o a s de

estabilização é a v a l i a d a p r i n c i p a l m e n t e p e l o d e c a i m e n t o

de bactérias i n d i c a d o r a s , p e l a eliminação de o v o s / l a r v a s

de h e l m i n t o s , e c i s t o s de protozoários ( no e f l u e n t e

f i n a l ) . A remoção de m u i t o s patógenos em l a g o a s de

estabilização chega a s e r de 100% (Feachem e t a l i i ,

1 9 8 3 ) , caso h a j a um l o n g o tempo de detenção hidráulica,

uma exposição adequada de incidência s o l a r e uma boa

s e d i m e n t a b i l i d a d e . No e n t a n t o , os mesmos a u t o r e s

recomendam que c e r t o s c u i d a d o s devem s e r tomados com o

e f l u e n t e f i n a l , p o i s um s i s t e m a de l a g o a s com um tempo

de detenção de mais de 20 d i a s , terá s e u e f l u e n t e l i v r e

de protozoários patogênicos e ovos de h e l m i n t o s , mas

pode c o n t e r a i n d a vírus e bactérias patogênicas.

S i l v a ( 1 9 8 2 ) , e s t u d a n d o uma série de c i n c o l a g o a s

r a s a s em e s c a l a p i l o t o (uma anaeróbia, uma f a c u l t a t i v a e

três de maturação) o b t e v e reduções de c o l i f o r m e s f e c a i s

de 99,99993%, 99,866% e 99,96% p a r a tempos de detenção

hidráulica t o t a i s de 2 9 , 1 d i a s , 8,5 d i a s e 17,0 d i a s

(49)

r e s p e c t i v a m e n t e . Por o u t r o l a d o , Shimada e t a l i i ( 1 9 8 6 )

m o n i t o r a n d o o s i s t e m a de t r a t a m e n t o da c i d a d e de Cuiabá

(MT), constituído de uma l a g o a f a c u l t a t i v a primária e

duas l a g o a s de maturação, com tempo de detenção

hidráulica t o t a l de 5 8 , 1 d i a s , o b t i v e r a m uma redução de

c o l i f o r m e s f e c a i s de

9 9 , 9 9 7 9 7 % ,

sendo de

9 9 , 6 5 2 7 %

(F-^ ,

9 4 , 1 2 0 3 % (M-L)

e

9 0 , 2 0 4 6 %

( M

2

) p a r a tempos de detenção de

2 7 , 3 0

d i a s ( F

x

) ,

1 6 , 0 2

d i a s ( M

x

) e

1 4 , 7 6

d i a s (M

2

)

r e s p e c t i v a m e n t e . O r a g u i e t a l i i

( 1 9 8 5 )

em e s t u d o s

r e a l i z a d o s numa série de c i n c o l a g o a s p r o f u n d a s na

EXTRABES ( A

6

, F

8

, M

4

, M

5

e Mg) e n c o n t r a r a m uma redução

de c o l i f o r m e s f e c a i s até a l a g o a f a c u l t a t i v a de

9 6 , 0 0 %

p a r a o tempo de detenção hidráulica de 5 , 9 9 d i a s .

Para i n t e r p r e t a r o d e c a i m e n t o de c o l i f o r m e s

f e c a i s em l a g o a s de estabilização, e x i s t e m d i v e r s o s

modelos cinéticos d e n t r e os q u a i s o p r o p o s t o p o r M a r a i s

( 1 9 7 4 ) ,

que se b a s e i a na cinética de

1 *

ordem e c a r g a

t o t a l m e n t e d i s p e r s a . E s t e modelo, obedece à s e g u i n t e

equação:

N i

N

e

=

( 2 . 5 ) 1

+ K b t

N

e

= número de c o l i f o r m e s f e c a i s

/ 1 0 0 mL do

(50)

e f l u e n t e ;

N^= número de c o l i f o r m e s f e c a i s / 1 0 0 mL do

a f l u e n t e ;

Kb = c o e f i c i e n t e de 1* ordem de v e l o c i d a d e de

remoção de c o l i f o r m e s f e c a i s , em d

- 1

.

t = tempo de detenção hidráulica, em d.

Para n l a g o a s em série, a equação ( 2 . 5 ) se

t r a n s f o r m a em :

Ni

N

e

= ( 2 . 6 )

( 1 + Kbt-L* ) ( 1 + K b t

2

* ) ... ( 1 + K b t

n

* )

onde t

n

= tempo de detenção na n-ésima l a g o a .

O v a l o r de Kb é extremamente s e n s i v e l à variação da

t e m p e r a t u r a e é dado p e l a equação :

Kb(T) = 2,6 ( 1,19 )

T

"

2 0

( 2 . 7 )

O aumento da t e m p e r a t u r a a c e l e r a a m o r t e das

bactérias p e l o aumento da a t i v i d a d e metabólica (Pearson

e t a l i i . 1987 ) .

(51)

em l a g o a s de estabilização depende de o u t r o s f a t o r e s

a d v e r s o s à sua sobrevivência, t a i s como ação tóxica das

a l g a s , pH e l e v a d o , m i c r o f a u n a p r e d a d o r a , a l t a s

concentrações de oxigénio d i s s o l v i d o , concentrações

b a i x a s de dióxido de c a r b o n o e ação da l u z s o l a r .

Pearson & S i l v a (1979) p e s q u i s a n d o variações

d i u r n a s na q u a l i d a d e do e f l u e n t e f i n a l em l a g o a s p i l o t o

( f a c u l t a t i v a s e de maturação), e n c o n t r a r a m uma relação

i n v e r s a e n t r e a biomassa de a l g a s e bactérias

c o l i f o r m e s , o c a s i o n a d a p o s s i v e l m e n t e p e l a produção de

t o x i n a s , substâncias e x t r a c e l u l a r e s das a l g a s , de

e f e i t o s tóxicos p a r a as bactérias. No e n t a n t o Parhad e

Rao ( 1 9 7 4 ) , através de e x p e r i m e n t o s l a b o r a t o r i a i s ,

concluíram que quando E s c h e r i c h i a c o l i c r e s c e em

associação com a l g a s , e s t a s bactérias são e l i m i n a d a s em

v i r t u d e da elevação do pH, r e s u l t a n t e da i n t e n s i v a

a t i v i d a d e fotossintética das a l g a s . Em e s t u d o s

p o s t e r i o r e s s o b r e o decréscimo p o p u l a c i o n a l de

E s c h e r i c h i a c o l i , Pearson e t a l i i (1987a) concluíram que

e f e t i v a m e n t e os níveis e l e v a d o s de pH, r e s u l t a n t e s da

a t i v i d a d e fotossintética das a l g a s são f a t o r e s

p r i n c i p a i s na eliminação d e s t a s bactérias.

Referências

Documentos relacionados

O fortalecimento da escola pública requer a criação de uma cultura de participação para todos os seus segmentos, e a melhoria das condições efetivas para

Este questionário tem o objetivo de conhecer sua opinião sobre o processo de codificação no preenchimento do RP1. Nossa intenção é conhecer a sua visão sobre as dificuldades e

After the eval- uation of the influence of each modification of the surfaces on the internal air temperatures and energy consumption of the compressor a final test was done with

Esse pessimismo parte do princípio segundo o qual não adianta entender a mecânica quântica (Feynman, na verdade, segue Bohr), bastaria instrumentalizá-la. Na última citação de

insights into the effects of small obstacles on riverine habitat and fish community structure of two Iberian streams with different levels of impact from the

As questões acima foram a motivação para o desenvolvimento deste artigo, orientar o desenvol- vedor sobre o impacto que as cores podem causar no layout do aplicativo,

As análises serão aplicadas em chapas de aços de alta resistência (22MnB5) de 1 mm de espessura e não esperados são a realização de um mapeamento do processo

Nesse contexto, o presente trabalho tem como objetivo realizar testes de tração mecânica e de trilhamento elétrico nos dois polímeros mais utilizados na impressão