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ANÁLISES PALINOLÓGICAS EM SEDIMENTOS HOLOCÊNICOS DA ILHA DO BANANAL (TO)

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Academic year: 2021

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11 a 14 de dezembro de 2012 – Campus de Palmas

ANÁLISES PALINOLÓGICAS EM SEDIMENTOS HOLOCÊNICOS

DA ILHA DO BANANAL (TO)

Ananda Krishina de Rodrigues Silva 1; Etiene Fabbrin Pires2

1Aluno do Curso de Ciências Biológicas; Campus de Porto Nacional; e-mail: ananda.hana@gmail.com

“PIBIC/CNPq”

2

Orientador(a) do Curso Ciências Biológicas; Campus de Porto Nacional; e-mail: etienefabbrin@uft.edu.br

RESUMO

A Ilha do Bananal é considerada a maior ilha fluvial do mundo. Esta área é uma planície tropical, sazonalmente inundada pelas chuvas, coberta por um mosáico de savanas. Assim sendo, um testemunho foi retirado de um lago localizado no interior da Ilha do Bananal usando um trado russo, e submetendo a análise palinológica de acordo com as técnicas usuais incluindo acetólise. A sucessão sedimentar consiste de uma areia fina e marrom na base seguido por argila arenosa cinza, rica em folhas e raízes. A datação pelo método de espectrometria de acelerador de massa indicou idade entre 700 e 830 anos antes do presente. A assembleia polínica é dominada por Myrtaceae, Cecropia, Alchornea, Fabaceae, Moraceae/Urticaceae, Rubiaceae, Melastomataceae/Combretaceae e Protium. Um total de 49 tipos polínicos distribuídos em 21 famílias estão representados no sinal polínico. Esporos de Pteridófitas são abundantes ao longo do testemunho. A base do testemunho correspondendo ao início da deposição sedimentar foi marcada por uma grande quantidade de grãos de pólen Poacea e Cyperaceae, decaindo até o topo. Por outro lado, a taxa florestal, especialmente Myrtaceae, Cecropia e aumento significativo de Alchornea indica um estágio sucessional primário de uma floresta. Apesar do caráter de várzea do rio, recebendo grãos de pólen trazidos pela água, os tipos polínicos reconhecidos refletem a vegetação local desde Myrtaceae, Fabaceae e Rubiaceae que são famílias dominantes. Grãos de pólen de Cecropia, Alchornea e Moraceae/Urticaceae provavelmente foram transportados pelo vento para os sedimentos do lago.

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11 a 14 de dezembro de 2012 – Campus de Palmas INTRODUÇÃO

Na porção norte da bacia Sedimentar do Bananal, no território do Estado do Tocantins, ocorre a Ilha do Bananal, com uma área de 20.000 km², considerada por diversos autores como a maior ilha fluvial do mundo.

A Ilha do Bananal está protegida pelo Parque Nacional Araguaia criado em 31 de dezembro de 1959, pelo decreto Nº 47.570 do governo federal (Brasil, 1981).

Utiliza-se como principal fonte de informação em paleoecologia continental, informações advindas de grãos de pólen que são produzidos pelas gimnospermas e angiospermas, e os esporos produzidos por pteridófitas e briófitas.

Vários são os estudos baseados na palinologia do Holoceno realizados no Brasil. Aqui destacamos os trabalhos de Absy et al. (1991), Siffedine et al. (1994), Van der Hammen & Absy (1994), Colinvaux et al. (1996), Ferraz-Vicentini & Salgado-Labouriau (1996), Haberle & Maslin (1999), Behling et al. (2001),De Oliveira & Curtis (2001), Freitas et al. (2001), Bush

et al. (2004) e Irion et al. (2006).

Com relação à vegetação da Ilha do Bananal, de acordo com Brasil (1994), atualmente na região predominam os campos, aparecendo fragmentos de cerrado e, ou, cerradões, matas ciliares e, em algumas partes, outras formações florestais na forma de ilhas. As formações campestres, conhecidas na região pelo nome de “varjões”, estão localizadas nas partes mais baixas e são totalmente inundadas pelas cheias dos rios durante o período das chuvas. Nas cotas mais elevadas surgem formações vegetais típicas de mata seca, cerradão e cerrado.

O trabalho aqui apresentado teve o objetivo de realizar análises palinológicas e em sedimentos argilosos (Holoceno) provenientes da planície de inundação da Ilha do Bananal (TO). Os resultados obtidos, de caráter regional, serão utilizados na atualização de curvas climáticas globais, servindo como subsídios para modelamentos preditivos de evolução climática.

MATERIAL E MÉTODOS

A coleta foi efetuada dentro dos limites do Parque Nacional do Araguaia, com autorização cedida pelo órgão fiscal, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis do Tocantins (IBAMA-TO), através do Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade (SISBio).

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Realizou-se sondagem com a utilização de Amostrador Russo, com a coleta de 50cm de sedimento por amostragem. O trado foi re-introduzido no ponto de coleta até que não se conseguiu mais perfurar o solo, ou seja, até que este atingiu o sedimento arenoso. Cada amostra foi acondicionada em um cano de PVC e recoberto por filme plástico, a fim de se evitar contaminação. Os testemunhos coletados foram utilizados para a realização de análises palinológicas e datação pelo método radiocarbônico. No laboratório, foram coletadas sub-amostras de 1 cm³ em intervalos regulares de 5 cm no testemunho. O tratamento químico das sub-amostras palinológicas foi realizado conforme os procedimentos palinológicos para extração dos grãos de pólen descritos por Colinvaux et al. (2005). Com auxílio de microscópio óptico foi realizada a identificação dos grãos de pólen utilizando a objetiva de 40x. Foi utilizado o Programa Neotropical pollen, e chaves polínicas constantes nos livros de Rivas (1978), Salgado-Labouriau (1973), Colinvaux et al. (2005), Roubik & Moreno (1991) e Carreira & Barth (2003).

Foram retirados dos testemunhos duas sub-amostras para datação radiocarbônica: uma sub-amostra na base e outra no meio. A datação foi realizada no Beta Analytic Inc., Miami,

Florida, USA, através do método “Accelerator Mass Spectrometry” (AMS), ou espectrometria

de acelerador de massa.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A datação pelo método de espectrometria de acelerador de massa indicou idade entre 700 e 830 anos antes do presente.

A assembléia polínica é dominada por Myrtaceae, Cecropia, Alchornea, Fabaceae, Moraceae/Urticaceae, Rubiaceae, Melastomataceae/Combretaceae e Protium. Um total de 49 tipos polínicos distribuídos em 21 famílias estão representados no sinal polínico. Esporos de Pteridófitas são abundantes ao longo do testemunho. A base do testemunho correspondendo ao início da deposição sedimentar foi marcada por uma grande quantidade de grãos de pólen Poacea e Cyperaceae, decaindo até o topo. Por outro lado, a taxa florestal, especialmente Myrtaceae, Cecropia e aumento significativo de Alchorneaindica um estágio sucessional primário de uma floresta. Apesar do caráter de várzea do rio nesta área, recebendo grãos de pólen trazidos pela água, os tipos polínicos reconhecidos refletem a vegetação local desde Myrtaceae, Fabaceae e Rubiaceae que são famílias dominantes, como observado durante o trabalho de campo. Grãos de pólen de Cecropia, Alchornea e Moraceae/Urticaceae

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provavelmente foram transportados pelo vento para os sedimentos do lago. A fim de melhorar o conhecimento sobre a sucessão da vegetação, outros lagos da Ilha do Bananal estão sendo estudados.

LITERATURA CITADA

Absy, M.L.; Cleef, A.L.M.; Fournier, M.; Martin, L.; Servant, M.; Sifeddine, A.; da Silva, M.F.; Soubiès, F.; Suguio, K.; Turcq, B.; Van der Hammen, T. 1991. Mise en évidence de quatre phase d'ouverture de la forêt dense dans le sud-est de l'Amazonie au cours des 60 000 dernières années. Premiére comparaison avec d'autres régions tropicales. C.R. Académie Science Paris, 312: 673-678. Behling, H.; Keim, G.; Irion, G.; Junk, W.; Nunes de Mello, J. 2001. Holocene environmental changes in the Central Amazon Basin inferred from Lago Calado. Palaeogeography, Palaeoclimatology,

Palaeoecology, 173: 87-101.

Brasil. 1981. Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal - IBDF, Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza. Ministério do Meio Ambiente. Plano de Manejo: Parque Nacional do Araguaia. Brasília. 103 p.

Brasil. 1994. Ministério do Meio Ambiente e da Amazônia Legal. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA. Plano de Ação Emergencial para o Parque Nacional do Araguaia. Brasília. 56 p.

Brasil. 2010. Secretaria de Agricultura do Estado do Tocantins. Disponível em:

http://www.seagro.to.gov.br/conteudo.php?id=21. Acesso em: 24/06/2010.

Bush, M.B.; De Oliveira, P.E.; Colinvaux, P.A.; Miller, M.C.; Moreno, J.E. 2004. Amazonian paleoecological histories: one hill, three watersheds. Palaeogeography, Palaeoclimatology,

Palaeoecology, 214: 359-393.

Carreira, L.M.M. & Barth, O.M. 2003. Atlas de Pólen da vegetação de Canga da Serra de Carajás. Museu Paraense Emílio Goeldi. Pará-Brasil. 112 p.

Colinvaux, P.A.; De Oliveira, P.E.; Moreno, J.E.; Miller, M.C.; Bush, M.B. 1996. A long pollen record from lowland Amazonia: forest and cooling in glacial times. Science, 247: 85-88.

Colinvaux, P.; De Oliveira, P.E.; Patiño J.E.M. 2005. Manual e Atlas Palinológico da Amazônia.

Taylor & Francis e-Library.

De Oliveira, P.E. & Curtis J. 2001. Vegetação e clima durante o último ciclo glacial na Amazônia equatorial: o registro palinológico da Serra do Maicuru. In: Congresso da ABEQUA, Mariluz-Imbé, 2001. Boletim de resumos. São Paulo: ABEQUA, 1 CD-ROM.

Ferraz-Vicentini, K.R. & Salgado-Labouriau, M.L. 1996. Palynological analysis of a palm swamp in central Brazil. Journal of South American Earth Science, 9: 207-219.

Freitas, H. A.; Pessenda, L.C.R.; Aravena, R.; Gouveia, S.E.M.; De Souza Ribeiro, A.; Boulet, R. 2001. Late Quaternary vegetation dynamics in the southern Amazon Basin inferred from carbon isotopes in soil organic matter. Quaternary Research, 55: 39-46.

Haberle, S.G. & Maslin, M.A. 1999. Late Quaternary vegetation and climate change in the Amazon basin based on a 50000 year pollen record from the Amazon fan, PDP site 932. Quaternary

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Irion, G.; Bus, M.B.; Nunes de Mello, J.A.; Stüben, D.; Neumann, T.; Müller, G.; Morais, J.O.; Junk, J.W. 2006. A multiproxy palaeoecological record of Holocene lake sediments from the Rio Tapajós eastern Amazonia. Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology, 240: 523-535.

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11 a 14 de dezembro de 2012 – Campus de Palmas

Mileski, E. 1994. Aspecto da vegetação e do ecossistema da Ilha do Bananal. Mapa fitoecológico e

indicadores da pressão antrópica. Brasília: Gráfica da Secretária de Assuntos Estratégicos, 104 p.

Mittermeier, R. A.; Myers, N.; Thomsen, J. B.; Fonseca, G. A. B.; Olivieri, S. 1998. Biodiversity Hotspots and Major Tropical Wilderness Areas: Approaches to Setting Conservation Priorities.

Conservation Biology, 12 (3): 516-520.

Myers, N.; Mittermeier, R.A.; Mittermeier, C.G; Fonseca, G.A.B; Kent, J. 2000. Biodiversity hotspots for conservation priorities. Nature, 403: 853-858.

Rivas, S. 1978. Polen y Esporas (Introduccion a La Palinologia y Vocabulário Palinologico) H. Blume Ediciones. Madrid, Espanha. 211 p.

Roubik, D.W. & Moreno, J.E. 1991. Pollen and spores of Barro Colorado Island. Missouri Botanical Garden. 270 p.

Salgado-Labouriau, M.L. 1973. Contribuição à Palinologia dos Cerrados. Editora Academia Brasileira de Ciências. Rio de Janeiro, 291 p.

Salgado-Labouriau, M.L. 2007. Critérios e técnicas para o quaternário. Editora Edgard Blücher, São Paulo, 1ª edição, 387 p.

Sifeddine, A.; Bertrand, P.; Fournier, M.; Martin, L.; Servant, M.; Soubies, F.; Suguio, K.; Turcq, B. 1994. La sedimentation organique lacustre en milieu tropical humide (Carajas, Amazonie Orientale, Bresil): relation avec les changements climatiques au cours des 60.000 dernieres annes. Bull. Soc.

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Valente, C.R. 2007. Controles físicos na evolução das unidades geoambientais da Bacia do Rio Araguaia, Brasil Central. Tese de Doutorado, Universidade Federal de Goiás, 163 p.

Van der Hammen, T. & Absy, M.L. 1994. Amazonia during the last glacial. Palaeogeography,

Palaeoclimatology, Palaeoecology, 109: 247–261.

AGRADECIMENTOS

O presente trabalho foi realizado com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq – Brasil, através da concessão de bolsa PIBIC/CNPq e auxílio financeiro através do Edital MCT/CNPq 14/2010 – Universal, processo 483980/2010-2. Agradecemos as professoras Dra. Maria Ecilene Meneses (Curso de Geografia, Campus de Porto Nacional – UFT) e MSc. Gabrielli Gadens Marcon (UERGS) pelo apoio em campo e pelo auxílio nas análises palinológicas.

Referências

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