O Brasil se destaca entre países em de-senvolvimento quando o assunto é cresci-mento no mercado mundial de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC). Se-gundo o estudo “Perspectivas para o setor de TI”, realizado pela Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), em junho des-se ano, o país apredes-sentou um crescimento de 10,8% em 2012 em relação a 2011,
en-Mercado de TIc no BrasIl
quanto que na média mundial este cresci-mento foi de 5,9% no mesmo período. O Brasil está em segundo lugar no ranking mundial, ficando atrás da China que cres-ceu 15%. A Índia crescres-ceu 10,1% e ocupa o terceiro lugar.
Analisando esses índices, é possível perceber que o Brasil já se torna referência entre as potências mundiais no que tange às TICs. Esse panorama justifica o fato de o
país ter uma indústria de TIC bastante com-petitiva e inovadora no segmento.
A rapidez com que os produtos evo-luem nesse mercado e a alta concorrência transformam as patentes em oportunida-des estratégicas e necessáriaspara a prote-ção das criações, o que pode destacar uma empresa perante a concorrência.
O Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) conceitua patente como um título concedido pelo Estado temporariamente sobre uma invenção ou modelo de utili-dade aos inventores ou autores. O objetivo da patente é a proteção da criação, o que ini-be que ela seja copiada e comercializada a preços mais baixos, por exemplo, pois quem copia não terá os gastos com o desenvolvimento do produto.
Segundo a pesquisa “The Global Innovation Index 2013” feita pela Cornell Univer-sity, INSEAD e pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual (WIPO, sigla em in-glês), atualmente o Brasil ocupa o 64º lugar no ranking internacional de patentes. Em 2012 estava em 58º lugar e no ano de 2011, encontrava-se na 47ºposição. A queda no número de patentes demonstra que o país deve aumentar os incentivos na área.
O proprietário da patente terá garantida a proteção da sua criação pois é atribuído a ele o direito de prevenir que outros fabriquem e explorem comercialmente seu invento. Segundo estudo da Universidade de Campinas (Unicamp), o INPI analisa cerca de 15 mil depósitos de patentes por ano. Porém, o tempo para concessão da patente pode levar, em média, dez anos. Em março, foi lançado pelo INPI uma plataforma de depósito on-line de patentes. Com o e-patentes, o próprio solicitante deposita seu pedido. A estimativa é de que com essa implantação o tempo de concessão seja reduzido pela metade.
Mesmo que uma patente demore atualmente dez anos ou mais para ser concedida, no momento em que ela é depositada, há a expectativa de direito sob o resguardo de determinada criação. Caso percebam que sua tecnologia foi copiada durante o pro-cesso de depósito, as empresas podem procurar o Judiciário.
Além da patente, outro tipo de regis-tro que é voltado principalmente ao se-tor de Tecnologia da Informação (TI) para proteção de suas criações é o registro de programa de computador, que pode ser concedido em até 90 dias.
Esta é uma boa opção aos empre-sários de pequenos negócios, pois há tempo hábil para criações e registro dos programas de computador de forma a aproveitar as oportunidades do Mundial. Esse tipo de registro possui aspectos im-portantes, que devem ser de
conheci-concessão do regIsTro de PrograMas de coMPuTador no BrasIl
mento dos empreendedores que decidi-rem investir nessa forma de proteção.
Segundo estudo da Conferência das Nações Unidas para Comércio e Desenvol-vimento (Unctad, sigla em inglês), o Brasil aparece como o país da América Latina que mais gasta com TIC. O mesmo estudo apon-ta que apesar dos altos gastos, o País ainda possui uma forte demanda interna para de-senvolvimento de softwares.
Uma das maiores oportunidades vol-tadas à Copa do Mundo da FIFA 2014 é a de desenvolvimento de softwares,
princi-palmente de aplicação, que possibilitam uma gama de produtos que podem tanto atender empresas no período do evento, quanto ter seu desenvolvimento voltado ao lazer. Importante ressaltar que a “ideia” do software não pode ser registrada, ape-nas seu código fonte. Assim como ocorrem em obras literárias, vários escritores podem escrever sobre o mesmo tema, porém não podem copiar frases de outro documento, o que caracteriza plágio.
Para entendermos um pouco mais so-bre quais as vantagens de registrar um sof-tware, precisamos conhecer a Lei nº 9.609, de 19 de fevereiro de 1998 (disponível no site do INPI), também conhecida como Lei do Software, que equipara os softwares com obras literárias. Portanto, define que os programas de computador obedecem a algumas características inerentes à lei das obras literárias. Por exemplo, se um código fonte de um jogo de computador foi pro-tegido por essa lei, a proteção é garantida por 50 anos. Para que os usuários tenham acesso, serão vendidas as licença de uso para o programa.
Segundo o guia básico do site do INPI, “o regime jurídico para a proteção aos Pro-gramas de Computador é o do Direito do Autor, disciplinado pela Lei de Software e, subsidiariamente, pela Lei de Direito Au-toral. A validade dos direitos para quem desenvolve um Programa de Computador é de 50 (cinquenta) anos, contados a partir
leI do sofTware
de 1º. de janeiro do ano subsequente ao da sua publicação ou, na ausência desta, da sua criação.”
É importante o empreendedor de pequeno negócio, que desejar adquirir um software, compreendê-la, pois não adiantará em sua defesa, alegar desco-nhecimento da lei de softwares ou de direitos autorais.
Para simplificar o entendimento pode-mos resumir da seguinte maneira: o artigo quatro da Lei de Software diz que a empresa contratante é proprietária de tudo que o de-senvolvedor cria, o dede-senvolvedor terá nas o direito de autoria concedido, ele ape-nas será proprietário do software se isto for previamente estabelecido em contrato com a empresa - o que não é uma prática muito utilizada. Portanto, um pequeno negócio de TIC que não tenha a expertise de desenvolver um software pode sim contratar um desen-volvedor e garantir que será proprietária dos programas desenvolvidos por ele.
Para que o emPreendedor
Possa solicitar o seu
registro de Programa de
comPutador, ele deve seguir
os seguintes Passos:
• Juntar a documentação formal e técnica. A formal é composta pelos documentos do autor e do titular do programa, enquanto a técnica é o códi-go fonte do programa, ou o seu objeto. • Após juntar a documentação, fazer o
pagamento da Guia de Recolhimento da União (GRU) que pode ser gerada a partir do site do INPI.
• Apresentar a documentação, que caracteriza-se em enviar a documen-tação juntada ao INPI por meio de Sedex ou carta registrada.
• Após o depósito do pedido, o registro é realizado em 90 dias. No site do INPI é possível tirar dúvidas e entrar em con-tato com eles por mensagem, telefone ou pelo próprio sistema.
Não só na área de entretenimento que se encontram as oportunidades. A partir do exemplos de softwares desen-volvidos, os empreendedores de pe-quenos negócios que já tenham desen-volvido alguma nova tecnologia em TIC podem aproveitar a ocasião e investir no registro de programas de computador. A gama de oportunidades é tão exten-sa que possivelmente não serão todas abordadas, pois o setor de TIC é híbrido e pode ser aplicado em diversas áreas que sofrerão algum tipo de moderniza-ção e adequamoderniza-ção para atender ao evento. Mas, a seguir destacam-se alguns exem-plos de oportunidades que podem ser aproveitadas:
desenVolVedoras e aceleradoras
As empresas específicas em alguma atividade de TIC podem investir na con-tratação de desenvolvedores ou contra-tar serviços de outsourcing (similar a ter-ceirização), que poderão ajudar em todo esse processo de adequação de sua em-presa para o megaevento.
rÁdIo e TeleVIsão
Empresas dos nichos televisivo e de radiodifusão - principalmente as empre-sas de aluguel de ilhas de edição e filma-gem - podem aproveitar o aumento de eventos e acontecimentos voltados ao Mundial de Futebol. Uma alternativa é investir no desenvolvimento e registro de softwares para a gestão da empresa
via sistemas de ERP. Esses softwares auxi-liam na gestão do número de funcionários, de materiais, de clientes e de atendimentos. Os empreendedores podem desenvolver um sistema simples de ERP, ou investir em uma licença de software já registrado. Essas ações garantem a gestão do negócio para não ha-ver prejuízos com o aumento das atividades. Com o megaevento, haverá aumento da con-tratação de serviços de locação e montagem de estúdios de gravação nos alojamentos, nos locais próximos aos estádios e nos cen-tros de imprensa.
Para atender a essa demanda, as empre-sas correm o risco de desperdiçar tempo com trajetos errados ou maiores percursos até o cliente, ou errarem no envio de materiais para as montagens dos estúdios. Para garantir o fornecimento de materais, sem prejuízo ou compras excessivas, um software de gestão logística pode ser desenvolvido e registrado, pois ele ajudará a montar o planejamento para atender as demandas do Mundial.
serVIços esPecIaIs
Segundo o Sebrae, dentro do mapea-mento de oportunidades para a Copa do Mundo da FIFA 2014, a função de Serviços Especiais em TIC caracterizam-se pelos ser-viços de transporte de pessoas e segurança. Essas empresas podem aproveitar o momen-to e investir no desenvolvimenmomen-to de softwa-res para monitorar o fluxo de pessoas em espaços físicos e de patrimônios.
Fiquem atentos às possíveis licitações do Governo para compra de licenças de sof-twares de monitoramento de patrimônio
pú-oPorTunIdades e ações no seTor de TIc Para o MundIal
blico e aumento da segurança pública, como sistemas de câmeras integradas para segurança no período do evento. As empresas de serviços especiais também podem desenvolver produtos que pos-sam ser utilizados como rastreadores de veículos.
É certo o incremento na economia que o torneio trará ao setor de TIC e aos demais. Os empreendedores podem aproveitar o momento para investir na modernização de seus serviços e ade-quação dos processos.
Algumas empresas já estão em fase de de-senvolvimento de produtos para atender ao Mundial. Elas poderão proteger o seu código fonte e lucrar com as oportunidades do megae-vento.
Conforme matéria da Agência Sebrae de Notícias, a empresa Genez Produções Digitais, do empresário paranaense Charles Stempniak, já planeja um game que veio resgatar o antigo costume dos Mundiais: a troca de figurinhas.
As figurinhas eram utilizadas para preencher álbuns ou somente colecionar e traziam as imagens e informações importantes dos joga-dores de cada seleção que participavam dos jogos. O game proporcionará a retomada des-se hábito, mas em vez da troca de figurinhas, o usuário comprará um álbum de jogadores e o game permitirá que os usuários joguem com os adversários que também tenham adquirido o game, entre outras funcionalidades.
O caso da Clansoft é outro bom exemplo de pequeno negócio que também desenvol-veu um software que poderá ser registrado como programa de computador. Notícia di-vulgada pelo portal Inforsurhoy mostra que a empresa desenvolveu TacticalPad, aplicativo em formato de animação que tem por obje-tivo facilitar o trabalho dos técnicos na apre-sentação dos esquemas táticos dos jogos.
