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Evolução e aspectos econômicos da cultura de gengibre

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Academic year: 2021

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Evolução e aspectos econômicos da cultura de gengibre

Ana M. M. P. Camargo1; Denise V.Caser1; Waldemar Pires de Camargo1.

Instituto de Economia Agrícola, Caixa Postal 68.029 – 04047-970, São Paulo, SP. 1Pesquisadores Científicos; e-mail: iea@iea.sp.gov.br.

RESUMO

O estudo analisa a evolução da área e produção de gengibre em cinco principais regiões no Estado de São Paulo, responsáveis por cerca de 90% da quantidade estadual produzida. Descreve a importância dessa hortaliça, cultivada por pequenos produtores. Apresenta as quantidades exportadas e o valor por país de destino no período 1996-2003 e conclui que os E.U.A em 2003 foram o principal importador, seguido de países da União Européia e Canadá. Apresenta as principais regiões abastecedoras da CEAGESP, a quantidade média anual comercializada e preço médio em 2000-03 e enfatiza sua importância para a exportação e formas de agregação de valor ao produto.

Palavras-chave: Zinziber officinalis, produção, exportação. ABSTRACT

Evolution and economical aspects of the ginger culture

The study analyzes the evolution of the ginger area and production in five main areas in the State of São Paulo, responsible for about 90% of the produced state amount. It describes the importance of that vegetable that is cultivated by small farmers. It presents the exported amounts and the value for destiny country in the period 1996-2003 and it ends that USA, in 2003, was the main importer, following by countries of the European Union and Canada. It presents the main areas supplying of CEAGESP, the annual medium amount marketed and medium price in 2000-03 and it emphasizes the importance for the export and forms of aggregation of value to the product.

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INTRODUÇÃO

A cultura do gengibre (Zinziber officinalis) é plantada geralmente em áreas pequenas, caracterizando uma atividade trabalho/capital intensiva, de elevado uso de insumos na expectativa de altos retornos. É uma planta herbácea, com parte aérea que pode atingir até 1,50m de altura, e com rizoma formado por ramificações horizontais, que é a parte comercial usada, principalmente em condimentos, bebidas, confeitaria, farmácia, perfumaria, no preparo de picles ou consumido in natura, na preparação de uma grande quantidade de pratos, sobretudo orientais. Também é um ótimo estimulante digestivo, usado também no tratamento de doenças respiratórias e como emplasto, entre outras inúmeras utilizações.

Originário da Ásia tropical e do arquipélago malaio, depressa chegou à Europa e à América, pelas mãos dos mercadores e colonizadores, devido às suas características Hoje, é cultivado em grande escala nos países tropicais e sub-tropicais, notadamente na Jamaica, que produz um dos melhores.

No Brasil, começou a ser cultivado já no século 16, embora com restrições, pois a Coroa portuguesa temia uma queda nos preços do produto que ela comercializava na Europa. O País inclui-se entre os pequenos produtores de gengibre, cuja produção orientada para exportação é comercializada somente no estado fresco, destinando-se principalmente aos mercados dos EUA, Grã-Bretanha, Holanda, Canadá e mundo árabe (Junqueira, Piedade e Maluf, 1999).

A cultura é encontrada na maioria dos Estados brasileiros, sendo São Paulo, Paraná e Espírito Santo os principais produtores.

Devido à importância relatada da cultura, o objetivo da pesquisa é sistematizar e analisar informações sobre gengibre, com o intuito de ampliar o conhecimento do processo de desenvolvimento da cultura. Especificamente, para o Estado de São Paulo, será analisada sua evolução, no período 1994-2003, apresentando-se também a distribuição geográfica nos Escritórios de Desenvolvimento Rural (EDRs), que é a divisão adotada pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA).

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MATERIAL E MÉTODO

Os dados sobre área e produção do Estado de São Paulo foram obtidos de levantamentos municipais efetuados pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA/APTA) e Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), órgãos pertencentes à SAA, no período 1994 a 2003 (BANCOIEA). A série histórica passou por uma depuração e as informações foram, então, agregadas por EDR.

As informações das exportações brasileiras entre 1996 e 2003 foram coletadas em MDIC/SECCEX (2004).

O método consiste na elaboração e análise de planilhas de área cultivada e produção para os principais EDRs produtores do Estado de São Paulo e das quantidades e valores das exportações brasileiras.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O principal mercado atacadista no Brasil é o Entreposto Terminal de São Paulo (ETSP) da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP). A maior quantidade comercializada é o rizoma em caixas de 16 quilos (caixa K). No período 2000-03 foram negociadas anualmente 2.215 toneladas e o preço médio foi de R$ 1,30 por quilo, e os maiores preços ocorrem no primeiro semestre. As principais regiões abastecedoras do ETSP são: Grande São Paulo (Mogi das Cruzes) (45,0%) e Sudoeste paulista (EDR de Sorocaba) (39,0%).

No Estado de São Paulo, apenas 5 EDRs responderam pela quase totalidade da quantidade produzida de gengibre, no período 1994-2003, a saber: Sorocaba, Pindamonhangaba, Mogi das Cruzes, São Paulo e Registro (tabela 1).

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TABELA 1 - Principais Escritórios de Desenvolvimento Rural EDRs) Produtores de Gengibre, Estado de São Paulo, 1994 a 2003

Mogi das Cruzes Pindamonhangaba Registro São Paulo Sorocaba Total dos 5 EDRs Ano Área Produção t/ha Área Produção t/ha Área Produção t/ha Área Produção t/ha Área Produção t/ha Área Produção t/ha

ha t ha t ha t ha t ha t ha t 1994 20 499 25,0 96 2.896 30,2 25 500 20,0 49 1.001 20,4 41 1.038 25,3 231 5.935 25,7 1995 44 813 18,5 147 4.564 31,0 25 500 20,0 56 1.032 18,4 51 1.198 23,5 323 8.107 25,1 1996 54 1.347 24,9 137 4.244 31,0 25 500 20,0 17 323 19,0 45 1.076 23,9 278 7.490 26,9 1997 54 1.347 24,9 76 2.215 29,1 25 500 20,0 17 323 19,0 105 4.048 38,6 277 8.433 30,4 1998 54 1.219 22,6 74 2.076 28,1 18 324 18,0 20 372 18,6 111 4.264 38,4 277 8.255 29,8 1999 41 882 21,5 73 2.036 27,9 18 324 18,0 21 395 18,8 101 3.865 38,3 254 7.501 29,5 2000 41 882 21,5 74 2.028 27,4 18 324 18,0 31 790 25,5 122 4.370 35,8 286 8.393 29,3 2001 41 882 21,5 84 2.268 27,0 22 324 14,7 31 790 25,5 76 1.826 24,0 254 6.089 24,0 2002 41 882 21,5 81 2.190 27,0 22 324 14,7 31 790 25,5 96 1.304 13,6 271 5.490 20,3 2003 41 882 21,5 61 1.322 21,7 22 324 14,7 25 528 21,1 104 1.286 12,4 253 4.342 17,2

Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA) e Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI).

Segundo Pino et al. (1997), no Estado de São Paulo, 121 unidades de produção agrícola (upas) produziam, em 1996, a cultura do gengibre em uma área média de 2,67 hectares, sendo a área total ocupada de 323 hectares.

No EDR de Sorocaba, destaca-se o município de Tapiraí, onde os produtores familiares representam cerca de 90% do número total (Nogueira e Mello, 2001). Economicamente, o gengibre é a cultura mais importante do município. A exportação da produção local, facilitada pelos intercâmbios que o município mantém com entidades ambientalistas européias, adicionou valor à atividade. Aproximadamente, a metade da quantidade produzida anualmente é exportada (Suplemento Agrícola, 2003).

Segundo informações técnicas da Casa de Agricultura local as infestações de pragas e fungos na cultura, capazes de causar perdas totais, vêm exigindo investimentos cada vez maiores em tratos culturais. No período 2001-03, houve grande quebra da produção, que entretanto, vem se recuperando em 2004.

Para o mercado externo, são escolhidos os rizomas de melhor formação, enquanto aqueles os que não atingem o padrão desejado ficam para o consumo interno. O destino das exportações da produção brasileira de gengibre em 2003 foram, principalmente, Estados Unidos (45,6%), Países Baixos (26,7%), Reino Unido (13,1%), França, Itália e Alemanha juntos (7,1%) e Canadá (5,9%) do total de 5.106,9 toneladas (tabela 2). Essas transações têm trazido boa receita em dólares ( US$ 3,1 milhões) para os produtores do País, para os quais a cotação média de venda foi de US$ 0,61 o quilo, no ano de 2003 (tabela 3)

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TABELA 2 - Quantidade da Produção Brasileira Exportada de Gengibre por Destino, 1996 a 2003 Destino 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 Alemanha 35.119 8.944 21.450 20.912 17.416 51.392 28.233 76.496 Canadá 560.870 574.241 703.883 605.764 386.016 764.915 557.127 300.751 Estados Unidos 2.352.957 2.964.488 3.411.428 3.798.799 3.514.164 4.043.051 2.298.125 2.328.119 França 8.532 26.466 89.030 70.440 81.016 176.036 8.800 188.073 Itália 0 13.758 14.280 21.450 16.000 117.815 53.918 96.590 Países Baixos 584.515 972.694 1.555.005 1.557.697 1.560.008 1.829.808 1.612.792 1.361.044 Reino Unido 1.458.106 1.390.089 2.050.817 2.445.504 2.089.922 2.695.440 1.194.378 668.221 Outros 32.663 18.643 27.893 37.684 76.239 204.786 90.262 87.605 BRASIL 5.032.762 5.969.323 7.873.786 8.558.250 7.740.781 9.883.243 5.843.635 5.106.899 Fonte: MDIC/SECCEX (2004).

TABELA 3 - Valor de Exportação da Produção Brasileira de Gengibre, 1996 a 2003

Destino 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 Alemanha 33.793 10.285 17.489 14.885 12.561 49.542 18.808 85.902 Canadá 639.140 629.045 709.415 521.390 293.577 430.248 306.638 194.373 Estados Unidos 2.725.143 2.863.282 3.159.076 3.114.730 2.537.231 2.767.047 1.683.278 1.480.739 França 11.171 25.585 80.855 45.313 32.775 119.818 6.160 102.634 Itália 0 15.297 21.420 14.157 12.800 85.633 44.345 105.035 Países Baixos 607.705 1.049.000 1.397.239 1.200.551 1.238.705 1.082.400 995.418 749.630 Reino Unido 1.378.762 1.362.715 1.721.411 1.808.568 1.297.361 1.427.321 563.801 319.373 Outros 34.968 20.723 24.089 25.906 50.773 98.228 45.238 59.348 BRASIL 5.430.682 5.975.932 7.130.994 6.745.500 5.475.783 6.060.237 3.663.686 3.097.034 Fonte: MDIC/SECCEX (2004). (em kg)

(em US$ FOB)

Finalmente, pode-se concluir que a produção de gengibre no Estado de São Paulo é estável e predominante em um pequeno número de regiões produtoras, havendo possibilidades de agregação de valor ao produto, utilizando-se também do cultivo orgânico e embalagens menores.

LITERATURA CITADA

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