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URIARTE, Urpi Montoya; MACIEL, Maria Eunice (Org.). Patrimônio, cidades e memória social. Salvador: EDUFBA: ABA, p.

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Academic year: 2021

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49 | 2017

Antropologia, Etnografia e Educação

URIARTE, Urpi Montoya; MACIEL, Maria Eunice

(Org.). Patrimônio, cidades e memória social.

Salvador: EDUFBA: ABA, 2016. 405 p.

Renan Giménez Azevedo

Edição electrónica

URL: http://journals.openedition.org/horizontes/1824 ISSN: 1806-9983

Editora

Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Edição impressa

Data de publição: 30 Setembro 2017 Paginação: 419-422

ISSN: 0104-7183

Refêrencia eletrónica

Renan Giménez Azevedo, « URIARTE, Urpi Montoya; MACIEL, Maria Eunice (Org.). Patrimônio, cidades e

memória social. Salvador: EDUFBA: ABA, 2016. 405 p. », Horizontes Antropológicos [Online], 49 | 2017, posto online no dia 09 outubro 2017, consultado o 21 abril 2019. URL : http://

journals.openedition.org/horizontes/1824

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* Pesquisador associado ao GAEP/PPGAS. Contato: rga.relint@gmail.com

URIARTE, Urpi Montoya; MACIEL, Maria Eunice (Org.). Patrimônio, cidades e

memória social. Salvador: EDUFBA: ABA, 2016. 405 p.

Renan Giménez Azevedo*

Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Brasil

A vivência das pessoas na cidade relaciona-se, de uma forma ou de ou-tra, com as memórias ativadas pelo patrimônio local, sejam essas pessoas transeuntes blasés, sejam aqueles que vivem da cidade pelo comércio, mora-dia, comensalidade e outras formas onde as ruas são palcos dessas relações. Enquanto resultado da colaboração de profi ssionais e alunos do Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal da Bahia (PPGA/UFBA) e do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PPGAS/UFRGS), Patrimônio, cidades e memória social é uma coletânea de etnografi as e ensaios que busca discutir temas da antropologia urbana em diversas abordagens. Devidamente apresentado por Ruben Oliven, que retoma a urbanização recente do país, a obra traz 17 textos organizados em três partes que ordenam a leitura para debates sobre como a memória social pode iniciar processos de patrimoniali-zação e seus refl exos na cidade.

A primeira parte do livro é dedicada a cinco etnografi as que discutem as formas de leitura dos espaços urbanos, além de uma revisão crítica da teoria de como ler a rua e as ruas. No texto de abertura, Urpi Uriarte explica como as imagens mentais e memórias coletivas da urbanidade são formadas, inclusive a ideia de uma cidade plana, projetada para a circulação viária, ainda que a ci-dade possua um terreno completamente irregular (p. 29). Além disso, a autora retoma as concepções de Gilberto Freyre e Roberto DaMatta sobre a relação da rua e da casa no Brasil. Importante notar que tais noções de público e priva-do não se limitam às relações brasileiras de rua e casa, mas também ocorrem

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Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 23, n. 49, p. 419-422, set./dez. 2017 em Cuba, onde essas fronteiras borram ainda mais por conta do turismo sexual (Alcazar Campos, 2010). Na primeira etnografi a dessa seção, Cíntia Müller e Edmundo Machado Júnior apresentam como o processo de territorialização é vivido por taxistas e quilombolas em Porto Alegre e em Salvador: enquanto os primeiros criam raízes observando a demanda urbana, os segundos buscam reconhecimento e a permanência em seus territórios. Outra luta por espaço, mas com outros atores, é apresentada por Juliana Mesomo e Arlei Damo na etnografi a que descreve a resistência das famílias que embatem com o Estado ao recusarem-se a deixar suas moradias em detrimento das obras da Copa do Mundo de 2014, reifi cando os vínculos com o local. No quarto texto da Parte 1, Ana Luiza Carvalho da Rocha e Cornelia Eckert trazem uma etnografi a vi-sual de um bairro, antes pujante e industrial, atualmente acolhendo economias do terceiro setor: uma demonstração de como a economia impacta na paisa-gem urbana ao longo das décadas. O capital imobiliário e as ações do Estado também são debatidos por Ordep Serra ao desvelar o processo de abandono e a relativização de prioridades que atendam aos construtores e empreiteiras em Salvador, durante a Copa do Mundo de 2014. Finalmente, Lorena Volpini demonstra como o imaginário persiste nas populações das palafi tas do bairro de Alagados, em Salvador, uma vez que essas memórias fazem parte da iden-tidade local, tornando-se, também, uma forma de resistência.

A segunda parte do livro é composta por críticas aos processos de pa-trimonialização, em especial aqueles praticados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), onde os técnicos da entidade ignoram certos aspectos antropológicos em suas decisões. Essa situação é bem discu-tida nos textos, assim como os impactos de tais posturas. Como um primeiro exemplo, Antônio Passos apresenta o conturbado processo de tombamento do Saveiro Sombra da Lua, onde a “comunidade saveirista” não foi devidamen-te ouvida, desconsiderando os fazeres e saberes durandevidamen-te a patrimonialização. Breno Trindade também traz uma etnografi a que demonstra o descaso do Iphan com o saber local e, especifi camente, os limites de um território durante o tom-bamento do samba de roda do Recôncavo baiano. Larissa Guimarães também traz críticas ao instituto, onde o processo de inventariação dos ofícios no Centro Histórico de Belém não apresenta um plano para evitar o desaparecimento de atividades que podem ser extintas. Em outra abordagem, agora crítica ao mé-todo, Fernando Firmo demonstra como a antropologia visual pode ser usada como um processo de legitimação e documentação de expressões culturais.

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No já citado texto de abertura de Uriarte, a autora diz que “o comér-cio de víveres torna essa rua um espaço familiar, onde se para, se fi ca, se conversa, e não apenas se passa” (p. 44) para explicar a “alma da rua” e o pertencimento que as pessoas têm com a cidade. Sobre o viver a cidade, a Parte 3 do livro possui sete textos que, por sua vez, são distribuídos em três categorias: antropologia da alimentação, dos objetos e da religião. Os textos sobre alimentação se iniciam com a etnografi a de Maria Giraldo sobre a chi-cha, uma bebida colombiana de milho moído fermentado, originalmente com propósitos ritualísticos e atualmente com estigmas e preconceitos por parte da sociedade. Helisa Castro etnografou as relações de solidariedade e comen-salidade em uma cozinha comunitária de um “lixão” em Porto Alegre. Ana Cláudia Minnaert apresenta um texto sobre a culinária diaspórica chinesa em Lima, Peru, como uma forma de adaptação dos imigrantes, bem como a inte-gração com a urbanidade. Fechando o bloco sobre alimentação, Maria Eunice Maciel discute e desconstrói a ideia do que é típico, usando as relações de feijão e feijoada pelas pessoas. A respeito da antropologia dos objetos, Aline Rochedo apresenta “o Vestido”, com “V” maiúsculo, para falar das relações entre as pessoas que se envolveram na produção da vestimenta apresentada. Os últimos dois capítulos, sobre a antropologia da religião, abordam religiões de raízes africanas. Marlon Passos problematiza como o tombamento de um terreiro de candomblé na Bahia afeta a identidade étnica-racial, especialmen-te sobre o registro das práticas ritualísticas. Finalmenespecialmen-te, Mariana de Moura observa como a produção jornalística afeta a construção do imaginário da umbanda em Salvador.

Ao longo do livro, diversos temas são recorrentes nos textos apresen-tados. Cito três em especial: a territorialização, a gentrifi cação e a relação Estado-comunidade nos diversos processos (tombamento, construções, etc.). Sobre o primeiro aspecto, Deleuze e Guattari já discutiram largamente sobre o agenciamento na formação dos territórios (Haesbaert; Bruce, 2002). Considerando que “a desterritorialização é o movimento pelo qual se aban-dona o território, […] e a reterritorialização é o movimento de construção do território” (Haesbaert; Bruce, 2002, p. 15), deve-se observar se esses movimentos são forçados pela relação Estado-comunidade, como nos pro-cessos de patrimonialização ou nas intervenções para as obras da Copa do Mundo de 2014, o que também promoveria os processos de gentrifi cação (Mascarello, 2016).

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Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 23, n. 49, p. 419-422, set./dez. 2017 Uma última consideração a ser feita é sobre a necessidade de estar em campo para saber do que se decide, algo que foi ausente nos processos do Iphan mencionados no livro. Urpi Uriarte, novamente no primeiro capítulo, diz que “é preciso, pois, ‘descer’ às ruas, se jogar nas ruas, para aprender a vida social delas” (p. 48, grifo meu). Afi nal de contas, etnografar a cidade do alto de um prédio não é tão diferente das pesquisas de gabinete do século XIX.

Referências

ALCAZAR CAMPOS, A. “Jineterismo”: ¿turismo sexual o uso táctico del sexo?. Revista de Antropología Social, Madrid, n. 19, p. 307-336, 2010. HAESBAERT, R.; BRUCE, G. A desterritorialização na obra de Deleuze e Guattari. Geographia, v. 4, n. 7, p. 7-22, 2002. Disponível em: <http://www. geographia.uff.br/index.php/geographia/article/view/74>. Acesso em: 15 maio 2017.

MASCARELLO, R. P. Cidades à venda: a produção capitalista do espaço e do direito no contexto da Copa do Mundo de 2014. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2016.

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