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I-099 REMOÇÃO DE FERRO E MANGANÊS COMPLEXADOS COM ÁCIDO HÚMICO PRESENTES EM ÁGUAS PARA ABASTECIMENTO UTILIZANDO A FLOTAÇÃO

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I-099 – REMOÇÃO DE FERRO E MANGANÊS COMPLEXADOS COM ÁCIDO

HÚMICO PRESENTES EM ÁGUAS PARA ABASTECIMENTO UTILIZANDO A

FLOTAÇÃO

Rodrigo Braga Moruzzi(1)

Engenheiro Civil, Mestre e Doutorando em Hidráulica e Saneamento pela Escola de Engenharia de São Carlos (EESC/USP)

Leila Jorge Patrizzi: Engenheira Civil, Mestre e Doutoranda em Hidráulica e

Saneamento pela Escola de Engenharia de São Carlos (EESC/USP)

Marco Antonio Penalva Reali: Engenheiro Civil, Professor Doutor junto ao

Departamento de Hidráulica e Saneamento da EESC/USP. Consultor na área de tratamento de águas para abastecimento e residuárias.

Endereço(1): Rua Bruno Giongo, 3283 – Vila Derige – São Carlos – São Paulo – CEP 13569-260 – Brasil – Tel: (16)2742204; (16)2739534 e-mail: rmoruzzi@sc.usp.br

RESUMO

São apresentados e discutidos os resultados dos ensaios obtidos, em escala de laboratório, com o tratamento de uma água para abastecimento preparada com ferro e manganês complexados com o ácido húmico, empregando-se a flotação por ar dissolvido conjugada à oxidação química com hipoclorito de sódio. Foram investigadas diversas dosagens do coagulante cloreto férrico em diferentes valores de pH visando a flotação conjugada à oxidação química. Verificou-se que a flotação por ar dissolvido, sem a oxidação química com o cloro, apresentou bons resultados de remoção de ferro (na faixa de 88% de eficiência), porém a associação com a oxidação química (utilizando o hipoclorito de sódio) apresentou excelentes resultados tanto na remoção do ferro complexado, quanto na remoção do precipitado de manganês (eficiência de remoção maior que 90% para o ferro e na faixa de 60% para o manganês), sendo aconselhável a utilização conjugada dos dois processos. Após os ensaios de simulação de filtração subseqüentes a flotação por ar dissolvido as concentrações remanescentes dos metais apresentaram níveis não detectados pelo espectrofotômetro de absorção atômica. A digestão das amostras antes das determinações dos metais foi imprescindível para a precisão das análises.

PALAVRAS-CHAVE: Tratamento de Água, Flotação por Ar Dissolvido, Remoção de Ferro e Manganês,

Ácido Húmico, Complexação do Ferro.

INTRODUÇÃO

Muitas estações de tratamento de água têm seu desempenho seriamente afetado devido à captação em mananciais cujas águas apresentam cor elevada e excesso de alguns metais dissolvidos (como ferro e manganês). A presença do ferro e manganês em águas destinadas ao abastecimento causam depósitos, incrustações e possibilitam o aparecimento de bactérias ferruginosas nocivas nas redes de abastecimento, além de serem responsáveis pelo aparecimento de gosto e odor, manchas em roupas e aparelhos sanitários e interferir em processos industriais. WONG (1984), comenta que, além dos problemas já citados referentes à presença de ferro e manganês, estes causam problemas em unidades de abrandamento por se depositarem nas colunas trocadoras.

A remoção do ferro e manganês envolve a oxidação das formas solúveis (Fe(II) e Mn(II)) para as formas insolúveis (Fe(III) e Mn(IV)), que podem ser removidas através da sedimentação seguida da filtração, filtração direta ou de outras tecnologias como: troca iônica, nano ou microfiltração, estas aplicadas com menor freqüência devido aos maiores custos de operação e manutenção. Segundo BENEFIELD & MORGAN (1990), são raros os casos em que a remoção de ferro e manganês é realizada no tratamento de ciclo completo (coagulação-floculação-sedimentação-filtração). O oxigênio molecular, cloro ou

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permanganato de potássio são freqüentemente utilizados como agentes oxidantes. No entanto, a presença de matéria orgânica favorece a formação de complexos metálicos, inibindo fortemente a oxidação e precipitação dos metais. Segundo CARLSON, KNOCKE & GERTIG (1997), as espécies coloidais de ferro e manganês não são efetivamente tratadas pela adição de um oxidante químico, devendo-se otimizar os processos de separação sólido-líquido para que estas espécies possam ser efetivamente removidas.

As substâncias húmicas, principais responsáveis pela cor das águas naturais, associam-se muito facilmente com metais e óxidos formando complexos. SNOEYINK & JENKINS (1980), afirmam que as substâncias húmicas têm incontestavelmente a habilidade de combinar consideráveis quantidades de íons metálicos. A formação de complexos dificulta a remoção dos metais reduzindo a concentração de íons metálicos livres. Quando esta situação é verificada, normalmente se utiliza de oxidantes fortes em dosagens muito maiores que as teóricas, causando um considerável incremento dos custos do tratamento em detrimento de uma remoção ineficiente.

A flotação por ar disssolvido (FAD) surgiu, em meados da década de oitenta, como uma técnica alternativa no tratamento de água e, segundo REALI (1991), pode ser definida como um processo de separação de partículas sólidas ou líquidas de uma fase líquida através da utilização de bolhas de gás, normalmente o ar. Tais bolhas, aderindo à superfície das partículas, aumentam seu empuxo, provocando assim a ascensão das mesmas em direção à superfície da fase líquida, onde podem ser devidamente coletadas.

O presente trabalho teve como proposta o estudo da potencialidade do processo de flotação por ar dissolvido (FAD), conjugada à oxidação química, como alternativa ao tratamento de água de abastecimento contendo cor aparente elevada, turbidez baixa, além de ferro e manganês com parcela significativa de suas concentrações complexadas com a matéria orgânica presente (ácido húmico).

MATERIAIS E MÉTODOS

A água estudada foi preparada a partir da água proveniente do poço profundo que abastece o campus da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) - USP, de modo a se obter água de estudo com características de cor aparente em torno de 120 uC , turbidez em torno de 15 uT, concentração de ferro em torno de 3,5 mg/L e concentração de manganês em torno de 0,25 mg/L. A água foi preparada de modo que parte da concentração de ferro e manganês se apresentasse complexada com o ácido húmico presente. Todas as determinações de ferro e manganês foram realizadas em alíquotas das amostras submetidas a digestão química e não submetidas a digestão química afim de verificar a diferença na determinação em ambos tratamentos das amostras. As determinações das concentrações residuais de ferro e manganês foram realizadas através de espectrofotômetro de absorção atômica seguindo procedimento descrito no Standard Methods 20º edição seção 3111. O processo de digestão química das amostras seguiu o procedimento normalizado no Standard Methods 20º edição seção 3030F.

Foi utilizado o ácido húmico comercial da marca Aldrich, com o objetivo de conferir a cor desejada e propiciar a complexação de parte das concentrações de ferro e manganês presentes na água de estudo. O oxidante utilizado foi o cloro, devido a sua ampla utilização em estações de tratamento e baixo custo. Para tal, foi empregada uma solução de hipoclorito de sódio. Como coagulante primário foi utilizado o cloreto férrico.

Os ensaios foram realizados utilizando-se de uma instalação de flotação por ar dissolvido, em escala de laboratório (flotateste), para os estudos de oxidação-coagulação, floculação e flotação da água de estudo. A FIGURA1 mostra o equipamento desenvolvido no Departamento de Hidráulica e Saneamento da EESC-USP por REALI (1991).

Em se tratando de dois processos distintos (oxidação química e coagulação-floculação-flotação), optou-se primeiramente pelo estudo da oxidação química com o cloro para avaliar seu comportamento na água de

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ensaios visaram o estudo da eficiência da oxidação química seguida da filtração em membrana 0,45µm, na remoção de ferro, manganês e cor da água de estudo. Para isto, forma variadas as dosagens de oxidante para o tempo de oxidação de 15 minutos.

FIGURA 1- Fotografia e esquema geral do equipamento de floculação/flotação em escala de laboratório (flotateste).Esquema Geral Fonte: REALI, 1991

Posteriormente, foram realizados ensaios visando a investigação das condições adequadas da coagulação química e floculação visando a flotação. A Figura 2 apresenta um fluxograma ilustrativo dos ensaios realizados.

Para estes ensaios o oxidante (hipoclorito de sódio) foi acrescentado à água de estudo cinco segundos antes do acréscimo do coagulante e sua dosagem determinada através do teor de cloro ativo em solução. Posteriormente, procedeu-se a coagulação química seguida da floculação e flotação da água de estudo em diferentes dosagens de coagulante e pH de coagulação. É importante observar que, por se tratar de um ensaio conjunto, o pH de oxidação coincide com o pH de coagulação. Desta maneira, nestes ensaios procurou-se simular em laboratório, uma das opções usualmente utilizadas em ETAs: a técnica de oxidação realizada com a adição de cloro na unidade de mistura rápida.

ENSAIOS DE FAD CONJUGADA À OXIDAÇÃO QUÍMICA

Dosagem Dosagem pH Velocidades Monitorização FeCl3 Oxidante Coag/Oxid Flotação

0 5 pH1 5 Cor 10 pH2 12 Apar. 15 1 pH3 18 Turbidez 25 pH4 25 Fe e Mn 30 pH5 30 (só p/ Vf**= 35 12 cm/min.) mg/L x estequiometria* cm/min.

Figura 2: Ensaios de FAD conjugada à oxidação química.

Como pode ser observado através da Figura 2, foram investigadas a dosagem do coagulante cloreto férrico em diferentes valores de pH com aplicação do oxidante em dosagem correspondente a dosagem teórica (indicada pela estequiometria da reação de oxidação com o cloro).

Posteriormente, procederam-se alguns ensaios variando-se as dosagens de oxidante e medindo-se os parâmetros de análise após flotação e após filtração em filtro de papel 8µm (Watman 40), sendo mantidas as melhores condições obtidas nos ensaios anteriores.

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RESULTADOS

As características da água de estudo, assim como as condições fixadas nos ensaios que envolveram a aplicação da flotação por ar dissolvido são apresentadas nas Tabelas 1 e 2.

Tabela 1- Características da água utilizada para a realização dos ensaios que visaram a remoção do ferro e manganês utilizando a FAD conjugada à oxidação química.

Ácido húmico (mg/L) Mn total (D) (mg/L) Fe total (D) (mg/L) Fe detecta do (ND) (mg/L) Mn detecta do (ND) (mg/L) Cor (uC) Tur-bidez (uT) Alcalinidad e (mg CaCO3/L) T (ºC) 5 0,25 3,50 1,70 0,20 120 15 20 20±2

Tabela 2 - Condições fixadas durante todos os ensaios de remoção de ferro e manganês utilizando a FAD conjugada à oxidação química.

Dosagem de Oxidante adotada

(mg/L) 2,65*

G médio de velocidade de mistura rápida e

dispersão do oxidante (s-1) 800

Tempo de dispersão do oxidante (seg) 5

Tempo de mistura rápida (seg)

20

G médio de velocidade de floculação (s-1)

60 Tempo de floculação (min) 20 Razão de recirculação (%) 10 Pressão de saturação (Kgf/cm2) 4,5 * correspondente à dosagem teórica (estequimétrica)

A Tabela 3 apresenta alguns resultados dos ensaios de oxidação realizados na água de estudo para o tempo de oxidação de 15 minutos em dosagens de oxidante correspondentes a 1,2,6 e 12 vezes a dosagem estequiométrica, correspondentes a dosagem de cloro ativo de 2,65; 5,3; 15,9 e 31,8 mg/L, respectivamente.

Tabela 3: Resultados dos ensaios de oxidacão química da água de estudo (3,5 mgFe/L; 0,25 mgMn/L e 5 mg/L de ácido húmico) seguidos de filtração em membrana 0,45µµm em valor de pH de 7,48 para tempo de oxidação de 15 minutos. Dosagem de oxidante (mg/L) Fe residual (mg/L) D/ND* Mn residual (mg/L) D/ND*

Cor aparente (uC)

2,65 0,82/nd 0,14/0,12 19

5,3 0,45/nd 0,11/0,07 15

15,9 0,40/nd 0,02/0,01 18

31,8 0,36/nd 0,02/0,01 18

* D/ND - amostras digeridas e não digeridas antes da determinação das concentrações residuais dos metais Através da análise dos resultados apresentados na Tabela 3, pode-se notar que as concentrações residuais de ferro não ficaram dentro do padrão de potabilidade (0,30mg/L) para as dosagens estudadas após a filtração

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dosagens e no valor de pH estudado (7,48), grande parte das concentrações de manganês presentes encontravam-se como precipitados podendo ser removidas pela filtração em membrana 0,45µm. Nota-se claramente uma grande diferença na determinação das concentrações residuais de ferro e manganês quando as amostras foram submetidas, ou não, ao processo de digestão química, o que induz a concluir que a complexação alterou significativamente a determinação das concentrações residuais dos metais, quando o espectrofotômetro de absorção atômica foi utilizado. É muito importante observar que o residual de ferro nas amostras não submetidas a digestão química (ND) apresentou o valor de sua concentração residual não detectado (nd) para todas as condições estudadas no valor de pH de 7,48, indicando que todo o ferro não complexado apresentava-se sobre a forma de precipitado, sendo retido na membrana 0,45µm. Isto induz a pensar que todo o ferro complexado e, portanto solúvel ou como dispersão coloidal, permaneceu de forma mais efetiva em solução.

A tabela 4 apresenta os resultados, referentes aos estudos de flotação, para diferentes valores de pH e dosagens de coagulante. É importante salientar que, mesmo não tendo fornecido os melhores resultados de oxidação química, foi adotado a dosagem de oxidante que correspondeu a dosagem estequiométrica teórica para águas livres da presença de matéria orgânica (~2,65 mg/L).

Tabela 4 - Resultados referentes aos ensaios de FAD conjugada à oxidação química para a dosagem de cloro de 2,65 mg/L em pH corrigido de 7,56 para água contendo 3,50 mg Fe/L; 0,25 mg Mn/L e 5 mg/L de ácido húmico (Aldrich). Ensaios realizados para a velocidade de flotação de 12 cm/min.

Dosagem de Coagulante. (mg/l) pH após coagulação Turbidez residual(uT) Fe residual (mg/L) Mn residual (mg/L) COR residual (uC) D\ND* D\ND* 7,9 6,7 0,82\0,41 0,11\0,11 100 0,0 8,3 7,4 0,97/0,40 0,17\0,08 111 8,6 11,2 2,79/1,01 0,25/0,18 140 6,3 0,7 0,17/0,02 0,08/0,12 <2 7,2 2,6 1,23\0,48 0,17\0,12 45 15,0 7,4 3,2 1,10/0,53 0,15/0,09 44 7,5 3,7 0,45/0,96 0,24/0,13 51 9,0 0,7 2,14/1,56 0,11/0,10 42 6,0 1,4 0,59/nd 0,22/0,16 3 6,7 1,1 1,10\0,08 0,14\0,16 <2 25,0 7,0 1,2 0,78/0,14 0,18/0,13 22 7,2 2,0 0,99/0,42 0,16/0,11 6 8,8 3,9 1,32/1,62 0,11/0,10 26 5,8 0,7 0,25/0,04 0,08/0,09 <2 30,0 6,7 1,3 0,46\0,05 0,23\0,18 3 6,8 1,0 0,89/0,10 0,16/0,14 19 7,1 2,8 1,5/0,24 0,19/0,11 3 5,5 4,2 3,07/2,90 0,23/0,19 75 35,0 6,5 0,9 1,19\0,09 0,29\0,17 <2 6,8 1,0 4,10/0,10 0,27/0,15 4 6,9 1,1 0,53/0,15 0,16/0,13 <2 8,2 2,2 1,11/1,16 0,09/0,08 40

* D/ND - amostras digeridas e não digeridas antes da determinação das concentrações residuais dos metais

Através da análise dos resultados apresentados na Tabela 4, pode-se observar que os menores valores de cor aparente residual foram obtidos em valores de pH entre 5,80 e 7,11. Como observado por EDZWALD, HALF & BOAK (1977), quanto maior o pH do meio, maior será a estabilidade das partículas coloidais

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porque há um aumento na densidade de cargas dos grupos funcionais ionizados e, portanto, será mais difícil sua coagulação e precipitação.

Pode-se verificar que, para as dosagens de cloreto férrico estudadas (15, 25, 30 e 35 mg/L), nos valores de pH de 6,38; 6,79; 5,85 e 6,99, respectivamente, onde observa-se que a cor aparente residual encontrou-se muito baixa (<2), pode-se notar que as concentrações residuais de ferro foram as menores obtidas. Verificou-se, também que, para as dosagens de cloreto férrico de 15, 25 e 30 mg/L nos valores de pH de 6,38, 6,79 e 5,85, respectivamente, foram obtidos bons resultados de cor aparente residual (<2uC) e turbidez (<1,12uT). Os melhores resultados de remoção de cor aparente, turbidez, ferro e manganês são os referentes as dosagens de 15 e 30 mg/L em valores de pH de 6,38 e 5,85, respectivamente, os quais fornecem concentrações residuais de 0,17 mgFe/L (para DCF=15 mg/L) e 0,25 mgFe/L (para DCF=30 mg/L), 0,08 mgMn/L (para DCF=15 e 30 mg/L) e cor aparente <2uC para as dosagens de cloreto férrico de 15 e 30 mg/L.

A seguir são apresentados os resultados de cor aparente, turbidez, ferro e manganês residuais em forma de gráficos para as dosagens de cloreto férrico de 15 e 30 mg/L. Sendo assim, a figura 3 apresenta os resultados dos ensaios de remoção de cor aparente, turbidez, ferro e manganês para DCF = 15 mg/L em diferentes valores de pH de coagulação. 0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90 1,00 6,38 7,25 7,45 7,56 9,03 pH após MR

frações residuais remanescentes

turbidez (T/To) cor (C/Co) Fe residual (Fe/Feo) Mn residual (Mn/Mno)

Figura 3 - Frações residuais remanescentes de turbidez (T/To), cor aparente (C/Co), ferro (Fe/Feo) e manganês (Mn/Mno) em função do pH de coagulação para dosagem de cloreto férrico de 15 mg/L. Ensaios de aplicação de oxidante juntamente com o coagulante no momento da mistura rápida para posterior floculação e flotação.

Ensaios realizados com o equipamento de flotateste para água de estudo com características: Vf=12 cm/min, concentração de ácido húmico 5 mg/L; turbidez ~15uT; temperatura 20ºC ± 2; Fe 3,50 mg/L; Mn 0,25 mg/L, alcalinidade 18 mgCaCo3L-1.

Observando os gráficos de turbidez, cor aparente, ferro e manganês remanescentes apresentados na Figura 3 verifica-se que, para a DCF = 15 mg/L, existiu uma boa remoção de ferro após a FAD com residual de 0,17 mg/L (>95%) no valor de pH de 6,38, valor este menor que o recomendado para a oxidação/precipitação deste metal (>7,5). Pode-se notar que as curvas que representam as frações remanescentes de ferro e cor aparente apresentaram um comportamento semelhante para a faixa de valores de pH estudados, principalmente para os valores de pH entre, aproximadamente, 6,38 e 7,5. Isto, possivelmente, indica que o ferro, presente na forma de complexos foi removido juntamente com o ácido húmico. Já, para as frações residuais das concentrações de manganês observa-se que os melhores resultados apresentam-se em valores de pH inferiores a 6,5 e superiores a 9,0.

O comportamento semelhante das curvas que representaram as frações remanescentes de ferro e de cor aparente devido ao ácido húmico foi comentada por CARLSON, KNOCKE & GERTIG (1997). Segundo os

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Na figura 4 são apresentados os resultados dos ensaios de remoção de cor aparente, turbidez, ferro e manganês para DCF = 30 mg/L em diferentes valores de pH de coagulação.

0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90 1,00 5,85 6,7 6,87 7,11 8,44 pH após MR

frações residuais remanescentes

turbidez (T/To) cor (C/Co) Fe residual (Fe/Feo) Mn residual (Mn/Mno)

Figura 4- Frações residuais remanescentes de turbidez (T/To), cor aparente (C/Co), ferro (Fe/Feo) e manganês (Mn/Mno) em função do pH de coagulação para dosagem de cloreto férrico de 30 mg/L. Ensaios de aplicação de oxidante juntamente com o coagulante no momento da mistura rápida (Tipo1)

Ensaios realizados com o equipamento de flotateste para água de estudo com características:Vf = 12cm/min, concentração de ácido húmico 5 mg/L; turbidez ~15uT; temperatura 20ºC ± 2; Fe 3,50 mg/L; Mn 0,25 mg/L, alcalinidade 18 mgCaCo3L-1.

Na Figura 4 verifica-se que, para a DCF = 30 mg/L, existiu uma boa remoção após a FAD (>70% correspondendo a residuais menores que 0,46 mg/L) das concentrações de ferro em valores de pH entre, aproximadamente, 5,8 e 6,8. Verifica-se que estes valores de pH são consideravelmente menores que os usualmente recomendados para a oxidação/precipitação deste metal quando o cloro é utilizado (>7,5). Notou-se porém que, para valores de pH acima de 5,8 e abaixo de 7,2 as frações remanescentes das concentrações de ferro tenderam a um aumento progressivo (de 10 a 40% de residual, respectivamente). Já, para as frações residuais das concentrações de manganês, observou-se que os melhores resultados apresentaram-se em valores de pH inferiores a 6,0 e superiores a 8,5.

Para facilitar a análise dos resultados obtidos, construiu-se a Tabela 5 onde é apresentado um resumo dos melhores resultados obtidos com o equipamento de flotação em escala de laboratório visando a dosagem adequada do coagulante cloreto férrico (DCF) para as condições de coagulação-floculação-flotação.

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Tabela 5 - Resumo dos melhores resultados dos ensaios de FAD conjugada à oxidação química para a velocidade de flotação de 12 cm/min e dosagem de oxidante correspondente a dosagem teórica (2,65 mgCl2/L). Os resultados entre parênteses ( ) referem-se a eficiência de remoção dos parâmetros

considerados. DCF (mg/L) 0 15 25 30 35 pH oxidação/coagulação 7,94 6,38 6,79 5,85 6,99 Potencial Zeta (mV) -12,9 -13,8 -10,7 -7,2 -10,0

Cor aparente após MR (uC) 150 238 251 282 271 Turbidez após MR (uT) 15,0 16,6 14,1 15,5 14,9 Fe residual (mg/L) após FAD D/ND* 0,82/0,41 (76%) 0,17/0,02 (95%) 0,46/0,08 (87%) 0,25/0,04 (93%) 0,53/0,15 (85%) Mn residual (mg/L) após FAD D/ND* 0,11/0,11 (56%) 0,08/0,12 (52%) 0,14/0,14 (44%) 0,08/0,09 (64%) 0,16/0,13 (36%) Turbidez após flotação (uT) 6,75 (56%) 0,79 (95%) 1,12 (92%) 0,79 (95%) 1,16 (92%)

Cor aparente após flotação (uC) 100 (33%) <2 (99%) <2 (99%) <2 (99%) <2 (99%)

OBS: Tempo de oxidação de 20 minutos com dosagem de 2,65 mg/L de cloro ativo. * indicam amostras submetidas à digestão química (D), ou não (ND).

A partir da análise dos melhores resultados apresentados na Tabela 5 pode-se verificar que a remoção de ferro foi maior que 87%, após a FAD, em todos os melhores valores de pH para todas as dosagens de cloreto férrico estudadas, exceto quando não foi utilizado o coagulante. Verifica-se que, para as dosagens de coagulante (cloreto férrico PA) 15 e 30 mg/L a remoção do ferro foi maior que 93% em valores de pH de 6,38 e 5,85, respectivamente. Pode-se notar que o melhor resultado foi obtido para a dosagem de cloreto férrico de 15 mg/L, com eficiência de remoção de 95%, o que correspondeu a um residual de 0,17 mgFe/L. Para a DCF=30mg/L a concentração residual de ferro foi ligeiramente superior (diferença de 0,08mg/L). Este fato possivelmente esta relacionado ao residual do coagulante cloreto férrico devido a maior dosagem aplicada.

A remoção do manganês apresentou eficiência maior que 36% (concentrações residuais menores que 0,16 mg/L) em todos os valores de pH apresentados na Tabela 5. No entanto, para a dosagem de cloreto férrico de 30 mg/L no valor de pH de 5,85, a eficiência de remoção do manganês, após FAD, foi de 64%, correspondendo à um valor residual de, aproximadamente, 0,08 mg/L, valor este menor que o limite máximo estabelecido (0,10 mg/L).

Quanto à turbidez residual, obteve-se uma eficiência de remoção maior que 92% para todos os melhores valores de pH, em todas as dosagens de cloreto férrico estudadas (15, 25, 30 e 35 mg/L). Pode-se verificar, que o menor valor residual (0,79uT) foi obtido para ambas as dosagens de cloreto férrico (15 e 30 mg/L), correspondendo a uma eficiência de remoção de 95%.

Nota-se que, com exceção do ensaio onde o coagulante não foi aplicado, a cor aparente residual encontrou-se em 2uC, após a FAD, em todas os melhores valores de pH e para todas as dosagens de cloreto férrico investigadas.

Os valores do potencial zeta estiveram entre -13,8 e -7,2 mV, para todas as melhores condições .

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Tabela 6: Resultados dos ensaios de variação de dosagem de oxidante para DCF=30 mg/l.

após flotação após filtração Dos. Ox. (estequiometria) pH após coag. Turbidez (uT) Cor (uC) Fe (mg/L) D/ND Mn (mg/L) D/ND Turbidez (uT) Cor (uC) Fe (mg/L) D/ND Mn (mg/L) D/ND 0,00 7,0 1,1 12 0,40/0,18 0,10/0,14 0,7 <2 nd/nd 0,11/0,11 0,50 5,7 0,8 20 0,73/0,19 0,16/0,10 1,2 10 nd/nd nd/nd 1,00 5,8 1,0 20 0,33/nd 0,11/0,08 1,2 7 nd/nd nd/nd 1,50 5,8 1,5 45 0,43/0,04 0,15/0,14 1,6 6 nd/nd nd/nd

Verifica-se que, após a flotação por ar dissolvido, a remoção da turbidez variou entre 90 e 95% (residuais de 0,86 a 1,56uT), obtendo piores resultados em maiores dosagens de oxidante (1,5 vezes a dosagem correspondente à teórica). O residual de cor aparente variou entre 12uC e 45uC, sendo que, novamente, os piores resultados (20uC e 45uC) foram observados com o incremento da dosagem de oxidante. Nessas condições a remoção do ferro total situou-se entre 80 e 90%, correspondendo a residuais de 0,73 mg/L e 0,33 mg/L, respectivamente. As parcelas das concentrações de ferro detectadas sem a digestão química (ND) apresentaram resultados bastante satisfatórios, indicando melhores resultados em dosagens mais elevadas de oxidante. Isto possivelmente esteve relacionado à remoção das formas de ferro como precipitados de hidróxidos.

O manganês apresentou eficiência de remoção da ordem de 36 à 56% da concentração total presente, indicando que o processo de flotação por ar dissolvido provavelmente remove parte dos óxidos de manganês presentes como precipitados ou colóides.

Após a filtração em filtro de papel 8µm (Watman 40) verifica-se um pequeno aumento dos valores de turbidez residual, provavelmente devido a interferência do papel, sendo que a maior diferença foi verificada para a dosagem correspondente a metade da dosagem teórica (de 0,86uT após FAD para 1,25uT após filtração). A cor aparente residual apresentou resultados menores após a filtração. Quanto às concentrações residuais de ferro e manganês observou-se, com exceção ao resultado do ensaio sem aplicação de oxidante, que estas atingiram níveis não detectados pelo espectrofotômetro de absorção atômica. Isto indica que as concentrações foram menores que 0,005 mgFe/L (para o ferro) e menores que 0,003 mgMn/L (para o manganês), pois estes valores correspondem aos limites de detecção do espectrofotômetro de absorção atômica utilizado.

CONCLUSÕES

Com base no trabalho realizado, concluiu-se que:

Na presença de matéria orgânica, as concentrações totais de ferro somente foram detectadas precisamente quando a digestão química das amostras em meio ácido foi realizada antes das determinações por espectrofotômetro de absorção atômica.

Verificou-se que a flotação por ar dissolvido, sem a oxidação química com o cloro apresentou bons resultados de remoção de ferro (concentração residual de 0,40 mg/L, 88% de eficiência), porém a associação com a oxidação química com cloro apresentou excelentes resultados tanto na remoção do ferro complexado, quanto na remoção do precipitado de manganês (concentração residual de 0,33 mg/L, 90% de eficiência para o ferro e concentração residual 0,11 mg/L, eficiência na faixa de 60% para o manganês). Portanto, para a água estudada, a opção que proporcionou maior eficiência de remoção foi a utilização conjugada dos processos. Outrossim, observa-se através dos ensaios de simulação da filtração (filtração em papel de filtro Watman 40) após a flotação nas condições ótimas de estudo, que as concentrações remanescentes dos referidos metais apresentaram níveis não detectados pelo espectrofotômetro de absorção atômica, exceto quando não houve aplicação de oxidante. Tal constatação indica que os processos de oxidação e coagulação química, seguida da

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floculação e flotação, foram capazes de precipitar as formas complexadas e não complexadas de ferro e manganês.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Referências

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