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A ORGANIZAÇÃO DA LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL EM GUIAS TURISTÍCOS OFICIAIS DO ESTADO DA PARAÍBA

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Academic year: 2021

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A ORGANIZAÇÃO DA LINGUAGEM VERBAL E NÃO

VERBAL EM GUIAS TURISTÍCOS OFICIAIS DO

ESTADO DA PARAÍBA

Indira Toscano Brandão Ana Cristina de S. AldrigueÂÂ

1. INTRODUÇÃO

O primeiro estudo do discurso aparece na Grécia, aproximadamente 500 a.C. A estrutura do discurso era formada pelo etos – credibilidade, aceitação e empatia do público, e pelo logos – a argumentação que o locutor possui para interagir com os ouvintes. O discurso já era relação existente entre o locutor, seu enunciado e o mundo.

O discurso é um conjunto de enunciados que pertencem à mesma formação discursiva. É uma dispersão formada por elementos que não estão ligados por nenhum princípio de unidade. Estes elementos são: os objetos, os diferentes tipos de enunciação, os conceitos e as estratégias (os temas e teorias). Assim, o saber e poder se articulam, pois quem fala, o faz de algum lugar, a partir de um direito reconhecido institucionalmente. Para Charaudeau (apud MONNERAT, 2003, p.14), o discurso é a representação do que se passa no mundo.

Definindo o discurso como um conjunto de enunciados que se remetem a uma mesma formação discursiva “um discurso é um conjunto de enunciados que tem seus princípios de regularidade em uma mesma formação discursiva”, para Foulcault, a análise de uma formação discursiva consistirá, então, na descrição dos enunciados que a compõem. (BRANDÃO, 1993, p.28)

A linguagem é formada pela língua e pela fala, estas formam o discurso, que possibilitará a ligação entre o nível propriamente lingüístico e o extralingüístico. Todo sujeito precisa de um estudo para poder construir sua fala, que é determinada pelas condições de produção. Sempre sob as palavras, outras palavras são ditas: a estrutura material da língua permite que, na linearidade de uma cadeia, faça-se escutar a polifonia não intencional de todo discurso.

O texto não se limita apenas à comunicação derivada do código verbal. No sentido etimológico, texto é a relação de diferentes códigos em uma mesma combinação textual, unindo-os. É a articulação entre o código alfabeto, o símbolo e a imagem – organização verbal. Dentro da teoria da enunciação, Bakthin considera o texto como o signo do dito e do não dito, do verbal e do não verbal, afirmando ainda que o texto é a única realidade imediata que vem ser ponto de partida para todas as disciplinas e para o pensamento. Onde não há texto, não há objeto de investigação e pensamento.

Lembramos que o texto é um signo e que, para Bakthin, signo é algo que significa e representa algo para alguém, a partir da sua condição de produção: a enunciação. A enunciação é a emissão de um conjunto de signos verbais e não-verbais

 UFPB/PIBIC/CNPq  Professora da UFPB

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que cercam o ato comunicativo, garantindo a expressão de sentido. Cada enunciação é única, é o que pensamos para falar e jamais repetimos.

A enunciação é um produto da interação social, sendo o ato de fala determinado pela situação imediata ou pelo contexto mais amplo – interdiscurso: história e memória – que constitui o conjunto das condições de vida de uma determinada comunidade lingüística. A enunciação concretiza-se na materialidade lingüística, o enunciado.

O enunciado é o referencial; é o ato de falar, de produzir o texto, resultado da enunciação, podendo ter relação com os fatos históricos. Diferentemente da enunciação, o enunciado pode ser repetido. Segundo Bakhtin (1992), aprender a falar é aprender a construir enunciados, pois não existe língua fora do enunciado.

A interação verbal resulta a enunciação, que é um ato social e um evento histórico. Segundo MAINGUENEAU (2001, p.56), o enunciado se opõe à enunciação da

mesma forma que o produto se opõe ao ato de produzir; nesta perspectiva, o enunciado é a marca verbal do acontecimento, que é a enunciação.

2. GÊNEROS DISCURSIVOS

Para Marcuschi (2002, p.19), os gêneros discursivos contribuem na ordenação e estabilização das atividades de comunicação do cotidiano, sendo fenômenos históricos e entidades sócio-discursivas, que se caracterizam como eventos textuais maleáveis e dinâmicos.

Para Bakthin, apenas o Adão mítico enunciou um discurso original, depois dele todos os discursos são originários das culturas existentes ou dos ditos pronunciados por alguma outra pessoa anteriormente. O referido autor denominou de gênero do discurso os processos combinatórios de formas ou de códigos variados que gravitam em torno da comunicação verbal, embora não se restrinjam a ela.

Os gêneros discursivos se distribuem nas modalidades de oral e escrita, que estão relacionadas entre si, desde os mais formais aos mais informais contextos da vida cotidiana. Mas, em alguns casos, os gêneros que foram produzidos na forma escrita são recebidos na forma oral, como as telenovelas, as orações, etc.

O surgimento dos gêneros deu-se em três fases: 1) onde os povos desenvolveram um conjunto limitado de gêneros; 2) após a escrita surgiram vários gêneros que eram típicos da escrita; 3) os gêneros expandem-se com a cultura impressa. Hoje já sentimos a existência de outros gêneros como a internet, a televisão e o telefone, que dão origem a novas formas discursivas como os e-mails, os telefonemas, os noticiários, as videoconferências, etc. Bakthin já havia afirmado que um novo gênero surgia quando outros se transmutam.

Bakhtin distingue os gêneros do discurso em dois tipos: os gêneros primários – ou simples – e os gêneros secundários – ou estandarlizados. Os gêneros primários são aqueles que constituem uma conversa ou diálogo do dia-a-dia e que mantêm uma relação imediata com as situações nas quais são produzidos, isto é, correspondem a um espectro diversificado da atividade lingüística humana relacionada com os discursos da oralidade em seus mais variados níveis (do diálogo cotidiano ao discurso didático, filosófico ou sociológico (MACHADO, 2002, p.50)

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3. A PROPAGANDA: UM GÊNERO DISCURSIVO

A propaganda é uma técnica de comunicação, em que um fenômeno isolado é envolvido com fenômenos paralelos, é o termo mais abrangente. Serve tanto para a propagação de idéias, como no sentido de publicidade, sendo um instrumento de manipulação social. Ela tem como objetivos a venda, o lucro e o poder. Este discurso afeta nossas práticas, nossos comportamentos e nossas condutas.

Já a publicidade é a venda de produtos ou serviços, através do desenvolvimento da mídia, jornais, rádio e TV; é a irrupção da produção de massa e a elevação do nível de vida médio. A publicidade é estudada por várias ciência tais como à sociologia, semiologia, retórica e psicologia. Ela é um apelo e diz o que o público quer ouvir.

O discurso do texto publicitário pode ser formado por um só tipo de discurso ou combinar vários modos que sejam capazes de chamar a atenção do público de acordo com a estratégia utilizada para a persuasão, resultando na interação dos gêneros, isto é, dois ou mais gêneros inseridos em um mesmo discurso. Esses tipos discursivos podem ser o enunciativo, o descritivo, o narrativo ou o argumentativo. Porém, estes tipos discursivos não são suficientes, é preciso saber como propagar a idéia, a ponto que ela chame atenção da pessoa que vai adquirir seu produto, ou seja, do seu cliente. Estes podem ser chamados de leitor “conquistado”, que não desejava consumir até ver a propaganda. Há, ainda, o leitor motivado, que antes de ver a propaganda já tinha a intenção de comprar e os leitores “espontâneos” que se interessam por tudo, independentemente do produto.

Uma publicidade comercial, uma declaração política ou uma oferta de emprego são do gênero discursivo propagandístico, mas só a publicidade comercial pertence ao gênero publicitário.

Sabemos que na publicidade existe uma diversidade de formas de dizer, poi os gêneros circulam em suportes do tipo panfleto, guia, folder, cartaz, outdoor etc. e estes apresentam uma linguagem própria. Discutir a noção de gênero e sua classificação no domínio da Publicidade não é tarefa fácil, sobretudo quando se sabe que os gêneros não são puros e comportam sub-gêneros, que podem se mimetizar e, ainda, que sua classificação remonta a um tema, domínio, a uma época, em conformidade com sua percepção e recepção.

É possível dizer que um mesmo gênero se encontre em vários suportes e de maneiras diferentes. Como exemplo citamos o anúncio que é um gênero que estabelece uma ligação direta entre a oferta e a procura, ele pode ser usado em diferentes suportes, dentre eles o. O guia turístico com o objetivo de divulgar para as pessoas o que existe em determinada região.

O mercado editorial está inundado de guias que ajudam o turista a se orientar e a usufruir melhor da cidade que está visitando. Voltados para o turista, eles procuram não somente orientá-los em sua permanência na cidade mas também mostrar o que há de interessante na vida cultural da cidade. O guia turístico é o roteiro impresso, com informações úteis sobre os destinos turísticos de uma localidade.

Percebemos que em uma mesma propaganda, dois ou mais gêneros podem circular simultaneamente, caracterizando a permutação dos gêneros.

O guia turístico “Uma terra com sotaque de mar”, analisado nesse trabalho, é um guia oficial da Secretaria de Turismo do Estado da Paraíba. Como podemos observar, nas figuras 1, 2 e 3, a linguagem desse guia analisado é perpassada por linguagens de outros gêneros discursivos. A começar pelo nome do Guia, “Uma terra com sotaque de mar”, é utilizada uma figura de linguagem não própria do gênero.

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FIGURA 1

Na figura 2, podemos identificar além de informações atuais da Paraíba, também, informações históricas: “Subindo o rio que os índios Tabajaras, antigos habitantes dessa terra, chamavam de Parahyba – rio difícil, vamos descobrir que na verdade este tranqüilo estuário, graças ao desenvolvimento dos barcos e aos avançados equipamentos de navegação disponíveis atualmente, se transformou em um rio muito

fácil de se navegar”. As palavras “difícil” e “fácil”, grafadas em negrito, contrapõem-se

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“Um lugar de águas calmas, abrigadas e uma natureza que encanta navegantes vindos de todos os portos e de todos os mares há mais de 400 anos. E foi deles e dos que aqui estavam quando eles chegaram, que os habitantes dessa terra herdaram um sotaque muito especial”, esta seqüência narrativa não é característica do gênero guia turístico, pois ultrapassa o seu objetivo: imformação dos produtos encontrados em determinada região.

FIGURA 2

As informações que caracterizam o gênero do material analisado aparecem apenas na página 11, figura 3. Nela vamos encontrar os serviços de alimentação, bancos, bares e restaurantes, etc. Porém, as informações são oferecidas através de um texto com elementos narrativos.

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FIGURA 3

Podemos concluir que o guia turístico analisado é um gênero híbrido formado a partir de dois gêneros: o gênero guia turístico que contém várias informações sobre o nosso Estado, voltando-se mais para a região litorânea, e um gênero de mapas de navegação e rotas náuticas. Ele informa aos navegadores, sobretudo, por se tratar de guia, as informações turísticas básicas, tais como: alimentação, posto de abastecimento, bancos, correios, farmácias, hospedagem, transporte, etc.

Referências

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