Anexo IX
Avaliação do Ensino como ferramenta de aprimoramento da qualidade da Educação Infantil
Profa. Dra. Cláudia Helena Pellizzon; Alan Bronzeri Dias; Bianca Santos Domingues; Caroline Fioritti Pereira; Estela Maria Alves Ribeiro; Evandro Katsui Utsunomia; Fábio Rafael Corte Glanso; Gisele Mariana do Nascimento Schiavo; Gustavo Rosalin Saraiva; Jaqueline Amanda S. Carvalho Camargo; Juliana Ravelli Baldassarre Martins; Karen Silva Luko; Mariane Parra G. Coutinho; Natália Kaori Araki; Tiago Bodê; Thais Canto Cury; Thalita de Almeida Tavares; Vivian Gasparetti Abdoullah
PET-CBB
Objetivo
No ano de 2008 notou-se uma dificuldade na avaliação do sucesso da atividade que foi realizada na EMEI, pois não tínhamos metodologia adequada para tal. Dado essa dificuldade, no ano de 2009, o grupo levantou literatura específica para sanar esse problema.
Foram utilizadas duas metodologias para analisar a aprendizagem dos alunos da EMEI Vila São Lúcio: utilização de técnicas de observação e análise de desenhos dos alunos.
Desenvolvimento:
Observação
O acompanhamento do processo de construção do conhecimento se dá pela observação e reflexão permanentes sobre as manifestações das crianças. Procurando-se compreender suas ações espontâneas é possível entendê-las, aprender sobre seus mais diversos interesses. Desta forma, as propostas de trabalho surgem tanto das crianças quanto do educador (Hoffman apud Freire, 1999).
A importância da observação particular das crianças se deve ao fato de que, assim, é possível construir o processo de aprendizado sem desprezar as peculiaridades de cada individuo. Por outro lado, o método classificatório
baseia-se em preceitos pré-definidos, sendo apenas valorizados os comportamentos que se enquadram dentro das perspectivas do educador. Ainda assim, a avaliação por observação permanece subjugada, visto que esta culmina não em resultados práticos, mas em reflexão (Hoffmann, 1999). Para tal efeito, existem métodos que ajudam a organizar esses pensamentos, facilitando o trabalho com eles. Um deles é conhecido como amostragem por tempo. Este tem por função de registrar comportamentos que ocorrem em intervalos de tempo uniformes. Já na amostragem por evento, a freqüência de ocorrência de um determinado comportamento é o quesito que será estudado (Spodek e Saracho, 1998).
A forma que o grupo utilizou para anotar os dados observados foi um formulário em que o responsável pela atividade descrevia a evolução da classe como um todo.
Formulário relativo às atividades quinzenais
Responsável: Data:__/__/2009 Turma:
Objetivo:
Observações
Turma
Aluno 1 Aluno 2
Ótimo Bom Regular RuimTempo Atenção
Interesse pela
atividade
Participação
Relacionamento
Intra-classe
Relacionamento
com o PET
Participação do
professor
Comentários
Orientações sobre preenchimento do Anedotário
Tempo de atenção (Quanto tempo pelo menos 50% da turma consegue ficar atento às explicações e à atividade)
Ótimo: de 8-10 minutos Bom: 5-8 minutos Regular: 3-5 minutos Ruim: 0-3 minutos
Interesse pela atividade (Quantidade de crianças que se mostram interessadas antes da atividade começar)
Ótimo: 75-100% Bom: 50-75% Regular: 25-50% Ruim: 0-25%
Participação (Quantidade de crianças que respondem às perguntas e questionam o grupo sobre a atividade)
Ótimo: 75-100% Bom: 50-75% Regular: 25-50% Ruim: 0-25%
*Se necessário, anotar em Comentários as perguntas mais recorrentes e pertinentes ao tema.
Relacionamento intraclasse (Observar brigas, alunos que atrapalham o entendimento da turma, chamadas de atenção dos alunos e outros).
Ótimo: Sem interferências.
Bom: Poucas interferências, mas sem prejuízo à atividade. Regular: Interferências que interferem a atividade.
Ruim: Impossibilidade de dar continuidade
Relacionamento com o PET (Se os alunos obedecem às orientações dos petianos, respeito, e outros)
Critérios de acordo com o avaliador, com comentários.
Participação do Professor (como o professor interage com os petianos, com a atividade auxiliando no controle da sala e com participação construtiva com o grupo)
Ótimo: Participação efetiva com interação com a atividade. Bom: Participação parcial com controle da turma
Regular: Se manteve atento. Ruim: Não deu atenção alguma.
Formulário Relativo às atividades Integrativas.
Responsável Data: __/__/2009 Turma:
Ativ. 1 Ativ. 2 Ativ. 3
Conceitos transmitidos nas atividades anteriores Conceitos assimilados Conceitos – reforço
Na atividade integrativa, os temas abordados nas últimas três quinzenas são retomados. Essa atividade é muito importante para avaliar como as crianças guardaram o assunto a longo prazo, alem de reforçar os conceitos importantes.
Nesse caso, é muito importante anotar quais conceitos foram bem assimilados e quais ficaram confusos para as crianças, de modo que seja possível um reforço sobre o tema.
Formulário para análise do Professor
Professor: Data: Turma:
Nome da Atividade
Observações
Ótimo Bom Regular Ruim
Linguagem
Didática
Atividade Lúdica
Relacionamento PET/turma
Atenção dos alunos
Assimilação dos conceitos
Mudança Comportamental
Comentários
Esse formulário deve ser preenchido pelo professor responsável pela turma após a atividade e deve-se avaliar, principalmente, as mudanças e assimilação dos conceitos durante o período que os petianos não estiverem presentes.
Outra forma de avaliar a aprendizagem das crianças é coletar sistematicamente os produtos de seu trabalho. O portfólio é um mostruário dos trabalhos das crianças. Para crianças em programas de pré-jardim e jardim de infância, este inclui os desenhos e pinturas que elas fazem, as histórias que inventam e amostras de outros tipos de trabalho (Spodek e Saraho, 1998).
No caso das crianças da EMEI Vila São Lúcio, optamos por recolher e analisar os desenhos feitos depois das atividades aplicadas pelos petianos. Depois das atividades, foi pedido aos alunos que fizessem uma ilustração livre sobre aqui que haviam acabado de observar. O tema foi determinado como livre, pois "para que as crianças tenham possibilidades de desenvolverem-se na área expressiva, é imprescindível que o adulto rompa com seus próprios estereótipos (...)" (Cunha, 1999).
A infância é uma época de descobertas, aventuras e magia para as crianças. É nesta fase, durante a educação infantil, que elas terão seus primeiros contatos com as linguagens da arte, cabendo ao professor valorizar os conhecimentos e a criatividade que elas trazem para a sala de aula e compreender a importância existente no ato de elas explorarem, pesquisarem e criarem coisas novas. O que realmente importa a elas é o brincar aprendendo, é esperar curiosamente pelo inesperado, estar envolvida com o lúdico e com a possibilidade de sonhar, pois assim, ela aprende se sentindo mais realizada e mais feliz. (Alves, B. P., xxxx).
As crianças sentem prazer em desenhar, pintar, rabiscar, cortar e criar; é assim que elas se expressam. Elas utilizam sua imaginação para inventar ou transformar desenhos, criando sempre o inusitado, o novo, o diferente. (Alves, B. P., xxxx).
Segundo Vygostsky (1978), os bebês começam a desenvolver a escrita, o que pode ser observado em suas ações, gestos, brincadeiras e desenhos, que são forma de representação (Spodek e Saracho, 1998). Sabendo que a linguagem escrita é uma das principais formas de expressão utilizadas nesse século, é importante ressaltar que escrita se inicia por rabiscos sem sentido, mas que já são meio de expressão de sentimentos e compreensão.
Saracho em 1990 descobriu que as crianças de três anos passam por uma fase de “rabiscos desordenados” como primeiro nível antes da linguagem escrita ser desenvolvida completamente, como descrito a seguir:
Nível 1: Rabiscos desordenados. As crianças tentam escrever seus nomes movendo a ferramenta de escrita sobre o papel. Usando seus braços e mãos para guiar o lápis, elas fazem movimentos longitudinais e circulares. Muitas vezes elas desenham uma figura em vez de escreverem seus nomes.
Ainda segundo Saracho (1990), as crianças passam por mais quatro níveis antes de atingir o domínio da escrita de seu nome, por exemplo.
Com isso, concluímos que o desenho, os traços feitos pelas crianças sem objetivo, tem importância tanto na expressão de seu entendimento do mundo, quanto na aprendizagem da escrita.
De acordo com Pillotto, o sentido e o significado que as crianças dão aos objetos, às situações e às relações passam pela impressão que elas têm do mundo, de seu contexto histórico e cultural, dos afetos, das relações inter e intrapessoais (Pillotto, 2007). Com base nesse contexto, decidimos que o membro do grupo que fosse fazer a análise dos desenhos, deveria conhecer as crianças, de modo que levasse em consideração a realidade da criança avaliada.
Os desenhos feitos pelas crianças, bem como a análise feita pelos
petianos seguem abaixo:
Branca de Neve e a bruxa
Os desenhos feitos pelas crianças na atividade sobre Higiene Alimentar (relatório em anexo VI), mostraram como foi concreta a associação com o conteúdo apresentado pelo grupo. Com a realização de um teatro que tinha como personagens a Branca de Neve e a Bruxa e adaptando a história aos conceitos pertinentes na atividade, as crianças representaram no papel a imagem de uma bruxa sempre com cores escuras e a Branca de Neve com cores geralmente mais vivas, como o vermelho e o amarelo. Nota-se que a bruxa aparece com maior destaque e em maior freqüência entre os desenhos, uma vez que é uma personagem marcante e que mexe com a imaginação e com os sentimentos das crianças. Fica clara a importância do teatro para essa faixa etária, em que há grande facilidade de fixação do conceito.
Poluição
Após a apresentação do tema poluição (Dinâmica do lixo e poluição sonora, visual e ambiental, relatório em anexo VI), as crianças representaram através de desenhos livres os ambientes que consideravam limpos e poluídos.
No ambiente limpo, no geral foi utilizado um amplo gradiente de cores vivas, o sol presente com desenhos de seres vivos como plantas e insetos. O azul dos rios e/ou nuvens são para demonstrar que são límpidos, em alguns casos com pessoas nadando.
No ambiente poluído houve o predomínio de cores com tons escuros com pouca variação de cores. Os desenhos são os lixos despejados na natureza, que causam a morte dos animais; os rios poluídos foram coloridos com tons de marrom e preto, e nota-se a presença de peixe morto, indicando a percepção da criança sobre a impossibilidade de existência da vida nesse ambiente.
No desenho número 8, houve uma interpretação diferenciada dos demais alunos sobre o mesmo assunto: ao invés de desenhar os materiais espalhados na natureza, a aluna preferiu se expressar com a poluição do ar, como pode ser visto pela figura que simboliza a fumaça dos automóveis lançada na atmosfera. O céu também variou de um azul celeste para o preto.
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Referências Bibliográficas
ALVES, B. P.; Infância e descoberta: conhecendo a linguagem da arte, indo de encontro aos estereótipos http://www.artenaescola.org.br/pesquise_artigos_texto.php?id_m=87.
Acessado em 27/01/2010.
CUNHA, S. R. V.; Pintando, bordando, rasgando, desenhando e melecando na educação infantil. Porto Alegre: Mediação, 1999.
HOFFMANN, J., Avaliação Mediadora: uma prática em construção da pré-escola à universidade. Mediação, Porto Alegre, 1999.
PILOTTO, S. S. D.; As linguagens da ate no contexto da educação infantil. Joinvile-SC: UNIVILLE, 2007.
SPODEK, B. e SARACHO, O. N.; Ensinando crianças de 3 a 8 anos. Artmed, 1998.
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