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VOTO RESPONSÁVEL: SUPERINTENDÊNCIA DE REGULAÇÃO DOS SERVIÇOS DE DISTRIBUIÇÃO SRD.

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PROCESSO: 48500.002364/2015-12

INTERESSADO: 4NC Marketing Promocional RELATOR: Diretor André Pepitone da Nóbrega

RESPONSÁVEL: SUPERINTENDÊNCIA DE REGULAÇÃO DOS SERVIÇOS DE DISTRIBUIÇÃO – SRD. ASSUNTO: Requerimento administrativo interposto pela 4NC Marketing Promocional com vistas a implantar infraestrutura de recarga de veículos elétricos

I. R E L A T Ó R I O

A Lei no 10.848, de 15 de março de 2004, estabelece que a comercialização de energia elétrica entre concessionários, permissionários e autorizados de serviços e instalações de energia elétrica, bem como destes com seus consumidores, no Sistema Interligado Nacional SIN, ocorrerá mediante contratação regulada ou livre, nos termos dessa Lei e do seu regulamento.

2. A Resolução Normativa no 414, de 9 de setembro de 2010, estabelece que quando constatado o fornecimento de energia elétrica a terceiros por aquele que não possua outorga federal para distribuição de energia elétrica, a distribuidora deve interromper, de forma imediata, a interligação correspondente, ou, havendo impossibilidade técnica, suspender o fornecimento da unidade consumidora da qual provenha a interligação. Essa Resolução apresenta também as definições de carga instalada, consumidor, segmentando-o em especial, livre e potencialmente livre, e unidade consumidora.

VII – carga instalada: soma das potências nominais dos equipamentos elétricos instalados na unidade consumidora, em condições de entrar em funcionamento, expressa em quilowatts (kW);

[...]

XVII – consumidor: pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, legalmente representada, que solicite o fornecimento, a contratação de energia ou o uso do sistema elétrico à distribuidora, assumindo as obrigações decorrentes deste atendimento à(s) sua(s) unidade(s) consumidora(s), segundo disposto nas normas e nos contratos, sendo:

a) consumidor especial: agente da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica – CCEE, da categoria de comercialização, que adquire energia elétrica proveniente de empreendimentos de geração enquadrados no § 5o do art. 26 da Lei no 9.427, de 26 de

dezembro de 1996, para unidade consumidora ou unidades consumidoras reunidas por comunhão de interesses de fato ou de direito cuja carga seja maior ou igual a 500 kW e que não satisfaçam, individualmente, os requisitos dispostos nos arts. 15 e 16 da Lei no

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b) consumidor livre: agente da CCEE, da categoria de comercialização, que adquire energia elétrica no ambiente de contratação livre para unidades consumidoras que satisfaçam, individualmente, os requisitos dispostos nos arts. 15 e 16 da Lei no 9.074, de

1995; e

c) consumidor potencialmente livre: aquele cujas unidades consumidoras satisfazem, individualmente, os requisitos dispostos nos arts. 15 e 16 da Lei no 9.074, de 1995, porém

não adquirem energia elétrica no ambiente de contratação livre. [...]

LXXXV – unidade consumidora: conjunto composto por instalações, ramal de entrada, equipamentos elétricos, condutores e acessórios, incluída a subestação, quando do fornecimento em tensão primária, caracterizado pelo recebimento de energia elétrica em apenas um ponto de entrega, com medição individualizada, correspondente a um único consumidor e localizado em uma mesma propriedade ou em propriedades contíguas; [...] 3. Em 12 de maio de 2015, a empresa 4NC Marketing Promocional solicitou1 à ANEEL,

[...] esclarecimentos e diretrizes para a implementação de infraestrutura de recarga para veículos elétricos em centros urbanos e rodovias, sejam estaduais ou federais; para aplicação em frota própria e prestação de serviço de recarga pública, nas 03 modalidades hoje apresentadas (rápida, média e lenta), haja visto que até a presente data não há uma regulamentação por parte da ANEEL, nos impedindo de uma contratação de fornecimento direto, junto as distribuidoras de energia.

4. A Requerente informou a intenção de iniciar tal infraestrutura com a implantação de 70 estações de recarga, de diferentes portes e tempos de recarga, em várias localidades no município de São Paulo.

5. A Superintendência de Regulação dos Serviços de Distribuição – SRD, pela Nota Técnica no 58/2015-SRD/ANEEL, de 20 de junho de 2015, analisou o assunto e concluiu que

44. [...] a implantação de infraestrutura para recarga de veículos elétricos para utilização em frota própria, frota essa a ser utilizada para oferecer um serviço de car sharing na forma proposta pela 4NC Marketing Promocional, não possui impedimento no que tange a regulamentação setorial atual.

45. Não obstante, conforme exposto anteriormente, todo serviço desse tipo devera ser objeto de resolução autorizativa especifica. O objetivo e dar segurança regulatória aos empreendedores pioneiros no ramo da mobilidade elétrica e as respectivas distribuidoras. E, ao mesmo tempo, evitar o crescimento desordenado desse novo ramo de atividade. 46. Por sua vez, a também pleiteada utilização da mesma infraestrutura para prestação de serviço de recarga publica (i.e. oferecida de forma indistinta a qualquer usuário de veiculo elétrico interessado) não e viável com o atual arcabouço legal e regulatório, por configurar-se como fornecimento de energia elétrica a terceiros.

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6. A Procuradoria Federal junto à ANEEL, por meio do Parecer no 633/2015-PFANEEL/PGF/AGU, de 25 de setembro de 2015, concluiu que

90. Diante disso, a Procuradoria entende que o arcabouço jurídico vigente não permite a utilização de pontos de recarga de veículos elétricos com a finalidade de comercialização de energia elétrica por consumidor cativo, ainda que este não seja o principal objetivo do investimento n essa infraestrutura.

91. Por outro lado, a Procuradoria entende que não há impedimento legal para instalação de estações de recarga de veículos elétricos com a finalidade de suporte operacional ao serviço de car sharing, podendo, ainda, haver o compartilhamento da referida infraestrutura para recarga de veículos elétricos de titularidade de terceiros, desde que a recarga seja realizada mediante compensação por outra recarga ou mediante cobrança que reflita apenas o ressarcimento pelo consumo da energia na unidade consumidora da interessada. 92. Por fim, considerando que as únicas atividades que poderiam ser desenvolvidas pela

4NC Marketing Promocional não configuram atividades de exploração de serviços de

energia elétrica, consistindo a instalação de estações de recarga que disponibilizam a energia mero suporte operacional para o desenvolvimento de atividades econômicas diversas, a Procuradoria entende que a ANEEL não detém competência para emitir atos de autorização no caso concreto, pelo que fica prejudicada a aprovação da minuta de resolução autorizativa submetida à análise.

7. A Superintendência de Mediação Administrativa, Ouvidoria Setorial e Participação Pública – SMA, em 22 de abril de 2016, instaurou2 a Consulta Pública 2/2016, por intercâmbio documental, com período de contribuições entre 22 de abril a 27 de julho de 2016, disponibilizando para análise da sociedade a Nota Técnica no 50/2016-SRD/ANEEL, de 19 de abril de 2016, visando obter subsídios para avaliar a necessidade de regulamentar os aspectos relativos ao fornecimento de energia elétrica a veículos elétricos.

8. Essa Consulta Pública é uma das etapas do cumprimento, pela SRD, do Item 21 da Agenda Regulatória Indicativa3 da ANEEL para o biênio 2015-2016, “Avaliar necessidade de regulamentação dos aspectos comerciais relativos ao fornecimento de energia a veículos elétricos”, que também integra a proposta de Agenda Regulatória para o biênio 2016/2018.

II. F U N D A M E N T A Ç Ã O

9. A 4NC informou pretender prestar serviços de locação de veículos, movidos a energia, por hora. Para tanto, pretende disponibilizar vagas equipadas com carregadores elétricos “[...] que poderão ser usados por qualquer proprietário de veículo elétrico, mediante aluguel do equipamento”. O empreendedor

2 Aviso de Abertura da Consulta Pública 2/2016 publicado no Diário Oficial da União em 22/4/2016. 3 Aprovada pela Portaria no 3.604, de 30 de junho de 2015.

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acrescentou na descrição do serviço, que existia pleito para que fosse criada a obrigação para cada empresa que desejasse se instalar para a prestação do mesmo tipo de serviço, colocasse “carregadores” a certa distância do “carregador” já instalado e que os “carregadores” fossem de utilização pública.

10. A SRD na Nota Técnica no 58/2015-SRD/ANEEL e a Procuradoria Federal junto à ANEEL, no Parecer no 633/2015-PFANEEL/PGF/AGU analisaram o assunto sob o ponto de vista da utilização das “estações de recarga” para prestação dos serviços de frota e de car sharing e da utilização das “estações de recarga” para recarga de veículos elétricos de terceiros ou, ainda, para recarga pública.

11. Verifica-se na Nota Técnica no 58/2015-SRD/ANEEL, que o “carregador” ou a “estação de recarga”, seria, em termos simples, o equipamento utilizado para fornecer corrente alternada ou contínua ao veículo elétrico, sendo este último categoria de veículo que depende da energia elétrica armazenada em bateria recarregável para se movimentar.

12. Segundo a SRD, o serviço de car sharing, independentemente de utilizar ou não veículos elétricos, é caracterizado por grupo de usuários associados que compartilham número relativamente pequeno de veículos. Não há locais pré-determinados para a retirada ou a entrega dos veículos. O operador do serviço disponibiliza aos usuários formas para localizar veículos próximos e reservar um deles. Ainda que a entrega não possua local pré-determinado, se ela ocorrer fora da região de operação do serviço, é cobrada taxa e o operador do serviço envia equipe para trazer o veículo de volta.

13. Em função de vários usuários utilizarem os mesmos veículos e do trajeto a ser realizado depender da necessidade específica do usuário no momento, os trajetos que cada veículo percorre tendem a ser mais variados e o raio de utilização mais amplo, requerendo que a coberta regional de pontos de recarga seja minimamente abrangente4.

14. A cobrança pelo serviço é baseada no tempo de utilização. Verifica-se na Nota Técnica da SRD que na definição do preço foram considerados os custos fixos e variáveis associados, inclusive o da energia elétrica necessária para que os veículos pudessem circular, estimado de 15% a 20% do preço a ser cobrado por hora.

4 Um estudo sobre a utilização da infraestrutura pública de recarga na cidade de Amsterdã e apresentado no EVS27 Symposium realizado em Barcelona, em

novembro de 2013 fornece uma noção do impacto do serviço de car sharing Car2Go na dinâmica de utilização da infraestrutura. No período analisado, dos 2.100 diferentes usuários contabilizados, 300 correspondiam a veículos Car2Go.

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15. Segundo a SRD, para a definição do preço do serviço foi assumida alguma premissa sobre o consumo de energia elétrica por hora de utilização que, entre outras coisas, é função da quilometragem rodada, do perfil de condução e do modelo do veículo. Ressalta-se que o veículo pode não estar em movimento durante todo o tempo de utilização, uma vez que o período de utilização é delimitado pelos eventos de desbloqueio e bloqueio do veículo pelo usuário.

16. Ao analisar o assunto a SRD entendeu que

26. Quando o proprietário usuário do veículo elétrico e o responsável pela unidade consumidora onde está instalado o equipamento de recarga são a mesma pessoa, não há qualquer impedimento, pois o uso da energia elétrica se caracteriza como consumo final. Esse é o caso, por exemplo, de um particular que carrega o seu veículo na sua residência, ou de uma empresa que carrega veículos de sua frota em algum de seus estabelecimentos. 17. Assim, concluiu que quando o uso da energia elétrica se caracterizava como consumo final ou insumo para prestação de serviço, não havia impedimento, do ponto de vista da atual regulamentação do setor elétrico, para a prestação do serviço.

18. A Procuradoria, ao analisar o assunto, considerou que a distinção essencial entre o modelo de negócio apresentado pela 4NC Marketing Promocional e o das demais locadoras de veículos, consistia no tempo de utilização do veículo (preço por hora ou por dia de utilização, por exemplo) e no fato de que os veículos da 4NC Marketing Promocional seriam veículos elétricos, movidos à bateria.

19. Diante disso, concluiu que a instalação de estações de recarga de veículos elétricos para uso em frota própria caracterizava-se como investimento necessário para o desenvolvimento de atividade econômica em sentido estrito; o aluguel de veículos elétricos a quaisquer interessados, o que não é objeto de regulação pela ANEEL.

20. Nesse contexto, a instalação de estações de recarga de veículos elétricos, para uso próprio, não caracterizaria atividade econômica relacionada à energia elétrica que demandaria prévia autorização do Poder Concedente. A energia elétrica disponibilizada nas estações de recarga se prestaria ao consumo da empresa de aluguel de veículos, tal qual seria o combustível adquirido para o aluguel de veículos movidos à gasolina ou a álcool. Em outras palavras, a energia disponibilizada nas estações de recarga caracterizar-se-ia como mero insumo do negócio cujo objeto é o aluguel de veículos.

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21. Com efeito, a 4NC Marketing Promocional será, na verdade, consumidor, nos termos dispostos no art. 2o, inciso XVII5, Resolução Normativa no 414, de 2010. As estações de recarga, por sua vez, serão unidades consumidoras conforme o disposto no Capítulo II dessa Resolução Normativa. Ressalta-se que o art. 3o da Resolução no 414, de 2010, permite que determinado consumidor detenha uma ou mais unidades consumidoras, de modo que não há empecilho para que cada estação de recarga seja classificada como unidade consumidora individual.

22. Diante de tais argumentos a Procuradoria concluiu, com o que se concorda, “[...] que, em termos regulatórios, não haveria impedimento para a implantação de infraestrutura para recarga de veículos elétricos para utilização em frota própria, a ser utilizada para oferecer um serviço de car sharing [...]” (grifos nossos).

23. Quanto à pleiteada utilização da mesma infraestrutura para prestação de serviço de recarga pública (oferecida de forma indistinta a qualquer usuário de veiculo elétrico interessado), a SRD concluiu não ser possível diante do atual arcabouço legal e regulatório, por configurar-se como fornecimento de energia elétrica a terceiros.

24. Sobre o compartilhamento das estações de recarga com terceiros com vistas ao comércio da energia adquirida da Concessionária, a Procuradoria asseverou que se configuraria exploração de serviços de energia elétrica e dependeria de prévia regulamentação.

25. Segundo a Procuradoria,

51. [...] Ao instalar, manter e operar o seu ativo imobilizado para a recarga, que

funciona, na prática como uma espécie de tomada, para os seus próprios veículos, a 4NC Marketing Promocional estaria utilizando-se da energia adquirida da distribuidora local na qualidade de consumidor cativo, que não necessita de concessão, permissão ou mesmo autorização.

52. Outrossim, quando disponibiliza essa energia a terceiros, por meio de aluguel

dos equipamentos de recarga, não está agindo como um consumidor livre.

Realmente, ele não escolhe seu fornecedor, não adquire o insumo de terceiros. Sob essa perspectiva, não há que se falar, no caso, em contrato de compra e venda e nem em comercialização de energia elétrica. A comercialização do insumo, aliás, está ausente do raio de atividades desse “consumidor”.

5 “XVII – consumidor: pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, legalmente representada, que solicite o fornecimento, a

contratação de energia ou o uso do sistema elétrico à distribuidora, assumindo as obrigações decorrentes deste atendimento à(s) sua(s) unidade(s) consumidora(s), segundo disposto nas normas e nos contratos, sendo: (Redação dada pela REN ANEEL 418, de 23.11.2010)”

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53. No entanto, focando apenas na análise da legalidade do aluguel do equipamento

com fins lucrativos, parece-nos que o caso espelharia sim uma atividade de comercialização de energia elétrica, já que se trata de um consumidor cativo revendendo energia para outro consumidor cativo, que não estaria abrangida pelo arcabouço jurídico vigente. Ou seja, o aluguel do equipamento, enquanto objeto do

negócio, funcionaria como um véu que encobriria a verdadeira relação jurídica que estaria a unir 4NC Marketing Promocional aos demais consumidores cativos, que é a compra e venda de energia elétrica.

[...]

56. O modelo de negócio apresentado pela 4NC Marketing Promocional seria enquadrado nos tipos 6 e 7 de serviços indicados na Nota Técnica n.º 058/2015-SRD/ANEEL: “recarga

frota terceiros” e “recarga pública”, com cobrança por evento de recarga, o que indica

que o preço do aluguel do equipamento seria proporcional à energia gerada, fortalecendo a crença de que é também a energia o objeto daquele modelo de negócio. A verdade é que,

embora a 4NC Marketing Promocional não detenha ativos de geração de energia elétrica, a transferência da energia adquirida da distribuidora, mediante retribuição pecuniária, pela quantidade de energia associada à carga instalada do consumidor, no caso, o proprietário do veículo elétrico movido à bateria, caracterizaria o comércio de energia não previsto na legislação em vigor.

57. Há, portanto, de um lado a obrigação de transferência da coisa e, de outro, a obrigação do pagamento pecuniário. Não existe previsão, no ordenamento jurídico vigente, para

que a ANEEL autorize o aluguel das estações de recarga com vistas à comercialização de energia pelo consumidor cativo a outro consumidor cativo. Na verdade, se de comercialização de energia se trata, o negócio que a 4NC Marketing Promocional pretende realizar com os demais proprietários de veículos elétricos, consumidores cativos, é vedado pela legislação brasileira. É que, como ficou

explicitado anteriormente, somente os consumidores livres podem escolher o fornecedor de energia elétrica. Os consumidores cativos não possuem essa liberdade.

[...]

74. Com efeito, no caso de aluguel das estações de recarga para terceiros com vistas

ao comércio da energia adquirida da concessionária local de distribuição, a energia elétrica é o objeto principal de um contrato celebrado entre o detentor de uma unidade consumidora e um outro prestador de serviço de aluguel de veículos elétricos ou outro proprietário do veículo elétrico. Ou seja, o aluguel do equipamento de recarga é utilizado como meio para que outro proprietário de veículo elétrico possa adquirir energia para o funcionamento deste, caracterizando, em verdade, uma atividade de comercialização de energia de consumidor cativo para consumidor cativo.

75. Nesse caso, como haverá um pagamento em troca da energia disponibilizada, há

necessidade de superveniência de lei que regule a matéria, indicando os parâmetros para a regulação desse modelo de negócio pela ANEEL. [...] (Grifos nossos)

26. Diante do exposto, acompanha-se o entendimento da SRD e da Procuradoria Federal no sentido de que “[...] o arcabouço jurídico vigente não permite a utilização de pontos de recarga de veículos elétricos com a finalidade de comercialização de energia elétrica por consumidor cativo, ainda que este não seja o principal objetivo do investimento nessa infraestrutura” (grifos nossos).

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27. Acolhe-se também a conclusão da Procuradoria de que “[...] não há impedimento legal para instalação de estações de recarga de veículos elétricos com a finalidade de suporte operacional ao serviço de car sharing [...]”.

28. Quanto à emissão de ato autorizativo pela ANEEL referente à oferta do serviço de car sharing mediante utilização de veículos elétricos, a Procuradoria manifestou-se contrária, haja vista não se tratar de atividade regulada pela Agência ou de atividade de exploração de energia elétrica que dependa de consentimento prévio do Poder Concedente, mas de atividade de comércio de aluguel de carros movidos à bateria; a instalação de estações de recarga se prestaria tão somente a possibilitar o exercício da atividade econômica referente ao aluguel de carros.

29. Isso porque a 4NC Marketing Promocional será consumidor de energia elétrica e a sua relação jurídica se formará com a distribuidora local a partir da ligação das unidades consumidoras relacionadas a cada estação de recarga, muito embora o serviço que lhe será prestado pela distribuidora local seja serviço regulado.

30. Ressalva-se que não se pretende afastar a necessidade de que a 4NC Marketing Promocional observe critérios técnicos de segurança, conforme disposto na Resolução Normativa no 414, de 2014. Essas questões estarão afetas à relação jurídica entre a 4NC Marketing Promocional e a distribuidora local, que, somente poderá prestar atendimento a 4NC Marketing Promocional, caso estejam observados os requisitos técnicos e de segurança previstos nas normas técnicas pertinentes.

31. Nesse contexto, a Procuradoria Federal concluiu, com o que se concorda, que a ANEEL não detém competência para “autorizar a Empresa 4NC Marketing Promocional a instalar pontos de recarga para veículos elétricos”. Segundo a Procuradoria,

“[...] essa competência estará afeta ao Município no qual se localizarão os pontos de recarga, caso a legislação local assim determine (art. 30, inciso I da CF/88), ou, quando instalados em rodovias federais ou estaduais, aos demais órgãos integrantes daqueles entes federativos que tenham função relacionada à exploração e conservação das referidas rodovias”.

32. A ANEEL, contudo, deve expedir ato administrativo para esclarecer os pontos solicitados pela 4NC Marketing Promocional, a fim de informá-la de que, embora o compartilhamento da infraestrutura não seja vedado, a comercialização de energia por meio das estações de recarga, não seria permitida pelo ordenamento jurídico vigente.

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33. Assim, tal ato deve esclarecer a Interessada de que não há possibilidade de exercício de atividade econômica, mediante instalação dos pontos de recarga, cuja finalidade seja a comercialização de energia elétrica com fins lucrativos, porque essa atividade caracterizaria exploração de serviços de energia elétrica e dependeria de prévia normatização.

34. Frisa-se que se encontra em andamento a Consulta Pública 2/2016, instaurada pela SRD visando obter subsídios para avaliar a necessidade de regulamentar os aspectos relativos ao fornecimento de energia elétrica a veículos elétricos. Assim, o entendimento proposto neste Voto pode ser alterado em caso de edição de ato normativo pela ANEEL com vistas a regulamentar o tema.

35. Assim, a eventual edição de regulamento específico sobre o tema não acarretará para a ANEEL, em nenhuma hipótese, qualquer responsabilidade com relação a encargos, ônus, obrigações ou compromissos assumidos pela 4NC Marketing Promocional com relação a terceiros, inclusive aqueles relativos aos seus empregados.

III. D I R E I T O

36. Essa análise encontra fundamentação nos seguintes dispositivos normativos: a) Lei no 9.427, de 26 de dezembro de 1996;

b) Lei no 10.848, de 15 de março de 2004;

c) Resolução Normativa no 265, de 13 de agosto de 1998; d) Resolução Normativa no 414, de 9 de setembro de 2010; e) Resolução Normativa no 570, de 23 de julho de 2013.

IV. D I S P O S I T I V O

37. A partir de tal análise e das considerações apresentadas no Processo no 48500.002364/2015-12, voto por informar à 4NC Marketing Promocional que

a) não há impedimento legal para instalação de estações de recarga de veículos elétricos próprios com a finalidade de suporte operacional ao serviço de car sharing, observadas as disposições constantes nas Condições Gerais de Fornecimento de Energia Elétrica, Resolução Normativa no 414, de 9 de setembro de 2010;

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b) há impedimento legal para a utilização de pontos de recarga pública de veículos elétricos com a finalidade de comercialização de energia elétrica por consumidor cativo;

c) há estudos em andamento na ANEEL com vistas a avaliar a necessidade de regulamentar os aspectos relativos ao fornecimento de energia elétrica a veículos elétricos, portanto, a edição de regulamento específico sobre o tema, ao qual a 4NC Marketing Promocional estará sujeita, não acarretará para a ANEEL, em nenhuma hipótese, qualquer responsabilidade com relação a encargos, ônus, obrigações ou compromissos assumidos pela 4NC Marketing Promocional.

Brasília, 24 de maio de 2016.

ANDRÉ PEPITONE DA NÓBREGA Diretor

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\SCG\Extrato_Resolução\117\Extrato_Resolução_202LG2409

DESPACHO N° , DE 24 DE MAIO DE 2016.

O DIRETOR-GERAL DA AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA–ANEEL, no uso das atribuições regimentais, tendo em vista deliberação da Diretoria e o constante do Processo no 48500.002364/2015-12, decide informar à 4NC Marketing Promocional que i) não há impedimento legal para instalação de estações de recarga de veículos elétricos próprios com a finalidade de suporte operacional ao serviço de car sharing, observadas as disposições constantes nas Condições Gerais de Fornecimento de Energia Elétrica, Resolução Normativa no 414, de 9 de setembro de 2010; ii) há impedimento legal para a utilização de pontos de recarga pública de veículos elétricos com a finalidade de comercialização de energia elétrica por consumidor cativo, e iii) há estudos em andamento na ANEEL com vistas a avaliar a necessidade de regulamentar os aspectos relativos ao fornecimento de energia elétrica a veículos elétricos, portanto, a edição de regulamento específico sobre o tema, ao qual a 4NC Marketing Promocional estará sujeita, não acarretará para a ANEEL, em nenhuma hipótese, qualquer responsabilidade com relação a encargos, ônus, obrigações ou compromissos assumidos pela 4NC Marketing Promocional.

Referências

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