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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES AVM FACULDADE INTEGRADA PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

AVM FACULDADE INTEGRADA

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

A LINGUAGEM E SUAS MÚLTIPLAS FUNÇÕES: COM ELA

“LEMOS” E “ESCREVEMOS” A NOSSA EXISTÊNCIA.

Por: Janaina Cunha Teixeira

Orientador Prof. Edla Trocoli

Rio de Janeiro 2011

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A LINGUAGEM E SUAS MÚLTIPLAS FUNÇÕES: COM ELA

“LEMOS” E “ESCREVEMOS” A NOSSA EXISTÊNCIA.

Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Educação Infantil e Desenvolvimento.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por nos iluminar em todos os momentos de nossas vidas, pois sem ele nada somos. A Maria das Graças Soares da Cunha, minha Mãe, que me orientou, em minha vida, a ser a pessoa que sou hoje, que apesar das dificuldades me ensinou ser digna de amor e de amar, buscando conquistar meus objetivos sem perder a simplicidade. Aos meus queridos Educadores que acrescentaram muito em minha vida profissional.

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DEDICATÓRIA

Dedico esta pesquisa de muito estudo, análise, dias e noites de dedicação a duas pessoas que estão e estarão sempre em meu caminho e em meu coração. Minha Mãe e meu Noivo Luciano que me ajudaram, me deram forças e incentivos para não desanimar, me fazendo acreditar que posso, que sou capaz de sintetizar parte do que estudei e aprendi. Amo Vocês!

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RESUMO

Este tema sobre o desenvolvimento da linguagem tem relação com a prática profissional, pois o trabalho com a educação infantil é muito prazeroso, mas deve ser encarado como ação de uma profissão e, para isso precisa ser levado a sério, tendo, nós educadores uma formação básica, necessária para compreensão de todo o universo infantil, as etapas de desenvolvimento da criança, não só ao surgimento da linguagem, a fim de trabalhar com propriedade, sabendo o que causa tal situação de aprendizagem, se o que é abordado está adequado, bom e significante para a criança. A mediação do professor precisa ser responsável, pois somos grandes representantes, em sala de aula, como profissionais, lidando com a formação dos pequeninos. O desenvolvimento da linguagem é um processo de conhecimento responsável pela comunicação humana e se desenvolve ao longo da vida de uma pessoa, mas desde pequena a criança tem condições de estar inserida no muno das comunicações, sendo trabalhado com ela as questões morais e éticas como auxilio para sua vida. E é na escola que muitos conceitos serão expostos e transmitidos, ajudando na formação da consciência da criança que responderá de acordo com os estímulos que lhes são dados, pois existem também vertentes que defendem os aspectos inatos, ou seja, o que nasce com características pré moldadas de desenvolvimento, entretanto o meio será preponderante para acentuar esses aspectos característicos da formação humana em geral. É sabido que no período da Educação Infantil são formadas as bases para a construção do conhecimento da criança, por isso o trabalho com elas precisa ser planejado visando ao bom aproveitamento e absorção dos conceitos por ela, através de ações para a formação de um indivíduo preparado afetivamente e emocionalmente em sua linguagem com o Mundo, nos respondendo com bons frutos colhidos em uma sociedade melhor lá no futuro bem próximo.

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METODOLOGIA

Este trabalho de pesquisa monográfica foi elaborado a partir de leitura bibliográfica que reuniu as idéias dos Autores estudados a fim de se aperfeiçoar, também, a prática cotidiana da experiência profissional. Os Autores consultados para a construção do referido trabalho foram: Vygotsky, Piaget, Skinner, Wallon Chomsky, Froebel, Freinet, Pestalozzi, Gardner e Novaes, que norteiam sobre a área da Educação Infantil, suas propostas, suas atribuições, métodos e seus resultados esperados no desenvolvimento infantil, propriamente a Linguagem.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO CAPÍTULOI

PSICOLINGUÍSTICA CAPÍTULO II RELAÇÃO PENSAMENTO E LINGUAGEM NA CONSTRUÇÃO

DO CONHECIMENTO DA CRIANÇA

CAPÍTULO III AS MÚLTIPLAS LINGUAGENS

CAPÍTULO IV A IMPORTÂNCIA DA RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO NO

PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM NA PRÉ-ESCOLA

CAPÍTULO V SUGESTÕES DE ATIVIDADES QUE AUXILIAM NO

DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM NA PRÉ-ESCOLA

CONCLUSÃO BIBLIOGRAFIA ÍNDICE

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INTRODUÇÃO

Esta Monografia, cujo tema central de investigação é – “A Linguagem e suas Múltiplas Funções: com Ela “lemos” e “escrevemos” a nossa existência”, é requisito parcial de conclusão do curso de Pós-Graduação Lato-Sensu em Educação Infantil e Desenvolvimento do Instituto A Vez do Mestre.

A escolha deste objeto de estudo parte das observações e vivências do dia-a-dia profissional, no que norteia ao desenvolvimento da linguagem infantil na pré-escola e pretende responder a questão de como se levar a criança a uma aprendizagem satisfatória para este desenvolvimento, pretendendo colher informações sobre o assunto, sugerindo uma maior reflexão sobre o que propomos para nossas crianças.

Considerando a atuação na Educação Infantil é relevante destacarmos toda a alegria e espontaneidade da criança, na rotina vivenciada junto a ela, tendo em vista a importância do afeto dentre vários fatores favoráveis e estimulantes na construção do seu conhecimento quanto à linguagem, que nesta fase, principal para o desenvolvimento humano, forma os alicerces para a vida.

Para a realização deste estudo foi adotada a metodologia de pesquisa bibliográfica, por permitir a exploração do tema junto a autores que a ele se dedicaram, nos orientando através de suas concepções e ideias.

No trabalho com crianças na fase de 5 anos pode-se notar a riqueza de meios e atividades que podem ser utilizadas para agrupar os conhecimentos e socializá-los, estabelecendo, na rotina, um ambiente de trocas em que elas vão, brincando livremente ou em atividades dirigidas, mostrar como veem o mundo, dando suas respostas, nos ajudando a analisar como vai o processo de conhecimento por elas.

A atuação na Educação Infantil precisa ter um olhar comprometedor, que busque conhecer a criança, no que ela traz de conhecimento já adquirido e analisar o que e como começar no trabalho de seu desenvolvimento, levando

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em conta a importância da formação continuada do professor que vai dar subsídios, orientando-o para que a aprendizagem das habilidades de linguagem seja bem desenvolvida, construindo sempre um ambiente moral e ético, mediando ações para a formação de um indivíduo preparado afetivamente e emocionalmente em sua linguagem com o Mundo.

Como dito antes, o referencial teórico deste trabalho está nos educadores cujas teorias versam sobre a linguagem e suas construções. Destacamos Piaget, esclarecendo que o tipo de relação social entre os indivíduos e com o meio, influencia a formação intelectual dos mesmos. Portanto diz ele:

O conteúdo das assimilações variará ao longo do processo de desenvolvimento cognitivo, mas a atividade inteligente é sempre um processo ativo organizado de assimilação do novo ao já construído e de acomodações do construído ao novo. (PIAGET, 1992, pg. 77)

Como no presente estudo, tratamos do desenvolvimento da linguagem na pré-escola e dos fatores que envolvem os meios, as ações, e as atividades, fazendo então uma breve passagem pela área da Psicolinguística, respondendo algumas questões pertinentes ao trabalho, sobre o comportamento do indivíduo que adquire a prática de comunicar-se, desenvolvendo-a, estando inserido, cada vez mais, na sociedade.

Partimos para as etapas do desenvolvimento da linguagem, as manifestações orais, representações e sinais correspondentes aos estímulos recebidos, naturais e compulsórios e os estímulos planejados e dirigidos para um objetivo claro, de acordo com o desenvolvimento infantil.

Citamos as várias maneiras de comunicação através da linguagem, em que englobamos a questão do corpo, a coordenação, as sensações, as emoções e a sensibilidade com relação à oralidade, à música, aos estímulos visuais, auditivos e gestuais, relacionando-os à função da linguagem.

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Passamos pela relação professor-aluno com suas peculiaridades e total importância na orientação e formulação dos esquemas de construção do conhecimento pela criança, destacando a importância da formação continuada do professor.

Por último trataremos de fazer uma coletânea de ações e atividades como sugestão para o trabalho em sala de aula, enriquecendo a rotina e tornando este objeto de conclusão de estudo científico, um manual de possíveis consultas.

Espera-se que este trabalho se justifique pelo entendimento do que podemos fazer para contribuir para uma aprendizagem sólida, que seja significativa e divertida, pois se trata de ações na pré-escola, em que a criança deve aprender de forma lúdica, pois assim atingiremos os esquemas desencadeantes da construção do conhecimento. Que esta aprendizagem tenha sabor para a criança e que seja estimulado nela, desde cedo, a cooperação, a amizade, o respeito ao outro e a solidariedade, criando laços afetivos para que se torne um indivíduo com sua linguagem desenvolvida plenamente para um mundo melhor.

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CAPÍTULO I

LINGUAGEM E PSICOLINGUÍSTICA

A linguagem é a atividade essencial do conhecimento do mundo do ponto de vista da aquisição. É o período em que a criança se forma como sujeito e em que os objetos do mundo social e físico não têm relação inicial aos papéis das palavras e às categorias linguísticas, mas se estabelecem através de experiências ao longo do desenvolvimento infantil.

Vamos compreender o modo como as crianças adquirem e desenvolvem a linguagem, como ocorre essa construção até a expressão do pensamento pela palavra; também como se regularizam os processos psíquicos da criança (sujeito) a partir da palavra.

Precisamos saber muito bem o que é a linguagem, antes de procurarmos compreender como uma criança a desenvolve. O que nos responde em termos clássicos é que a linguagem está ligada ao termo e a função, ou seja, o significante e o significado. Com uma perspectiva funcional, digamos que a linguagem é uma ferramenta culturalmente elaborada para nos orientar em nossos pensamentos e consequentemente ao estabelecimento da comunicação entre nós, Seres Humanos.

A linguagem nos dá a capacidade de fazer coisas com as palavras. De fazer escolhas e deixá-las claras para os outros; se fazemos um pedido, chamamos uma pessoa, dizemos o objeto de nossa preferência, lamentamos algo ou manifestamos algum sentimento de alegria, tristeza, satisfação, estamos assim nos comportando graças a linguagem.

Conforme nos contribui Vygotsky (1971), a fala expressa o pensamento, as emoções, as necessidades da criança e é também o meio de regulação dos processos psíquicos superiores. O processo de construção da linguagem é longo e vai do nascimento até a adolescência. A criança no início de sua vida domina mal o código linguístico, progredindo entre 2 e 4 anos de idade.

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(...) A função do instrumento é servir de condutor da influência humana sobre o objeto de atividade. É externamente orientada. Deve provocar mudanças nos objetos. É um meio pelo qual a atividade humana externa é auxiliada a dominar e triunfar sobre a natureza. O signo, por outro lado, não muda nada no objeto de uma operação psicológica. É um meio de atividade interna com o objetivo de dominar a sim mesmo. O signo é internamente orientado. (VYGOTSKY, 1971, p.93)

Para Vygotsky, Os processos para as funções psíquicas, são mediados pelos signos que constituem o meio básico para dominá-las e dirigi-las. É incorporado à sua estrutura, o signo, como parte indispensável, que na verdade é a parte central do processo como um todo. O signo nada mais é do que o ponto de comunicação, ou seja, a palavra, formando o conceito e consequentemente tornando-se o seu símbolo.

Com a aquisição da linguagem a comunicação da criança sofre uma modificação em suas funções mentais superiores: ela dá uma forma definida ao pensamento, possibilitando ao aparecimento da imaginação, ao uso da memória e o planejamento da ação. Neste sentido, a linguagem sistematiza a experiência direta dos sujeitos e, por isso, adquire uma função central no desenvolvimento cognitivo, reorganizando os processos que nele estão em andamento

1.1 – Surgimento da Linguagem

Portanto, vamos fazer uma passagem pelo caminho onde se constitui o surgimento da linguagem e a formação de suas estruturas para o desenvolvimento da prática linguística, desde o seu início para a criança.

A linguagem é um sistema de símbolos, em que as palavras ou gestos representam as coisas. Mas a combinação particular de sons ou gestos, que representam algum objeto, evento ou relacionamento, varia de uma linguagem para a outra, de modo que os símbolos são soberanos e estabelecidos de acordo com estes aspectos numa sociedade.

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Cada linguagem é governada por tipos de regras, em que para reunir símbolos, precisamos de certas regras, criando novas palavras. E dentro dessas regras a linguagem é criativa, pois as pessoas que falam uma língua combinam símbolos de novas maneiras para criar novos símbolos. Quando falamos, não estamos restritos a um repertório de frases que ouvimos e aprendemos; criamos frases de acordo com a necessidade do momento e de acordo com as circunstâncias do período em que se fala.

Contudo, a linguagem não é apenas uma coleção de sons. Bebês muito jovens fazem vários sons diferentes, mas nós não achamos que estão usando a linguagem, porque parece que eles não usam esses sons para se referir as coisas ou eventos, isto é, eles não usam os sons como símbolos, e eles não combinam sons individualmente em ordens diferentes para criar significados variados.

Para, Vygotsky, como já visto, a aquisição da linguagem pela criança modifica suas funções mentais superiores. Ela dá uma forma definida ao pensamento, possibilita o aparecimento da imaginação, o uso da memória e o planejamento da ação. Neste sentido, a linguagem sistematiza a experiência direta dos sujeitos e, por isso, adquire uma função central no desenvolvimento cognitivo, reorganizando os processos que nele estão em andamento.

O processo de desenvolvimento da linguagem nos bebês e nas crianças pequenas, dos sons da pré-linguagem e dos gestos até a linguagem, segue uma série de etapas consideradas comuns.

Skinner (1957) baseia sua teoria da aprendizagem na ideia de que o reforço exerce influência sobre a criança. Um reforço positivo aumenta a probabilidade de aparecimento da reação procurada, enquanto um reforço negativo (de reprovação) não a faz aparecer. O aparecimento da linguagem na criança pode ser assimilado, no início, a esse tipo de aprendizagem: seu desejo de comunicar-se para satisfazer as suas necessidades será reforçado pelo encorajamento dos que a cercam. Então entendemos que há na linguagem, entretanto, o início de um processo muito complexo que não pode ser interiorizado unicamente nas ações e reações do tipo estímulo-resposta.

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Conforme vimos, para Skinner o reforço é uma ação de se criar situações que levem a repetição de uma atitude ou situação, que vai ajudar ou não no desenvolvimento da criança, ou seja, tratando-se do desenvolvimento da linguagem, devemos ouvir a criança e orientá-la no seu processo de construção de sua linguagem, de maneira que, bem cedo ela sinta segurança em falar e expressar seus pensamentos, por isso as observações precisam ser construtivas.

Durante os estudos sobre o desenvolvimento da linguagem, os investigadores achavam que na fase da pré-linguagem, os primeiros sons do bebê, antes da primeira palavra, ainda não eram linguagem, entretanto inclinaram seus estudos a partir do surgimento da primeira palavra, e através de novas investigações, concluíram que os sons e os gestos que os bebês fazem durante esta fase estão intimamente relacionados à emergência da primeira palavra, ou seja, da linguagem.

Os bebês nascem com ou desenvolvem muito rapidamente, uma capacidade notavelmente boa para prestar atenção ou perceber a diferença entre muitos sons individuais de letras; em mais alguns meses, eles conseguem claramente discriminar sílabas e palavras. Eles também percebem que esses sons da fala são acompanhados pelo movimento da boca da pessoa que está falando. Os pesquisadores também descobriram que os bebês, nesses primeiros meses, são sensíveis aos padrões de entonação e estresse da fala que estão escutando.

Toda essa pesquisa mostra que desde muito cedo; talvez desde o nascimento, o bebê está perfeitamente sintonizado com a linguagem que ouve ao seu redor.

Do nascimento até 1 mês de vida, o som mais comum que o bebê faz é o choro, embora existam outros sons de reclamação, gorgolejo e satisfação. Já os sons de consoantes aparecem somente aos 6 ou 7 meses, frequentemente combinados com sons de vogal, formando uma espécie de sílaba. Os bebês dessa idade parecem começar a brincar com esses sons, muitas vezes repetindo o mesmo som.

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Nesta fase o balbucio do bebê, gradualmente, adquire o padrão de entonação da linguagem que ele escuta. Outra coisa importante sobre o balbucio é que, quando o bebê começa a balbuciar, ele balbucia todo tipo de som, incluindo alguns que não fazem parte da linguagem que ouve. Mas aos 9 ou 10 meses seu repertório começa, aos poucos, aproximar-se do conjunto de sons que ele está escutando.

Outra parte desse desenvolvimento é a linguagem gestual. Por volta dos 9 ou 10 meses, vemos bebês exigindo ou pedindo coisas através de gestos ou combinações de gestos e sons. Um bebê de 10 meses pode pedir que você pegue um brinquedo, esticando a mão, sinalizando-lhe sua vontade, não restando dúvidas do significado de seu gesto.

Agrupando todos os fragmentos de informações, aqui apresentados, podemos perceber uma série de mudanças acorrendo, com a criança, por vota dos 9 ou 10 meses, incluindo os gestos significativos, a passagem do balbucio para os sons de linguagem escutados, jogos gestuais imitativos, e o entendimento de palavras distintas. É como se a criança agora compreendesse alguma coisa sobre o processo de comunicação e estivesse pretendendo se comunicar com outra pessoa.

1.2 - A primeira palavra e o surgimento do vocabulário da

criança.

As palavras têm uma estrutura complexa com dois componentes básicos: representação material e significado; cada palavra constitui um objeto, gerando no sujeito uma imagem deste objeto.

A função primordial da palavra é de representar o material e tudo o que nos cerca e estimula nossa atenção, que podemos entender como a representação básica de objetos constituintes da linguagem que permite ao indivíduo reproduzir na imaginação as imagens de objetos correspondentes até quando estão ausentes.

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A função mais complexa da palavra é o significado, que nada mais é do que a análise dos objetos que nos permite diferenciar as características deles e agrupar estas informaçõessegundo as suas categorias. Através da análise dos significados das palavras e as partes que a compõem, pode-se conhecer as várias significações que as constituíram. Com esta análise pode-se descobrir a função de um objeto antes não conhecido, utilizando os significados de palavras conhecidas ou primitivas para se chegar à função desse objeto que é desconhecido. No caso dessa palavra não existir, normalmente, há possibilidade de ser criada uma palavra adequada para nomear o objeto em que carregue todo o significado da sua função.

Vygotsky atribui à própria gênese da palavra a característica de imagem, ensinando que

(...) a palavra primitiva não é um símbolo direto de um conceito, mas sim uma imagem, uma figura, um esboço mental de um conceito, um breve retrato dele. Na verdade, uma pequena obra de arte. Ao nomear um objeto por meio de tal conceito pictórico, o homem relaciona-o a um grupo que contém certo número de outros objetos (VYGOTSKY, 1971, p. 65).

Os pais aguardam ansiosamente a primeira palavra do bebê, que é um acontecimento marcante, mas é muito fácil deixar de percebê-la. Uma “palavra”, como os linguistas normalmente a definem, é um som ou conjunto de sons usados consistentemente para se referir a uma coisa, ação ou qualidade. Mas ela pode ser qualquer som. Ela não precisa ser um som igual às palavras que os adultos usam.

Neste período inicial, as crianças costumam aprender palavras muito lentamente, depois de muitas repetições. É muito comum que as crianças levem seis meses para aprender um vocabulário de 30 palavras.

Entre os 18 e 24 meses este padrão muda, e a maioria das crianças aprende novas palavras rapidamente, como se tivesse compreendido que as coisas têm nomes para serem identificadas. Muitas crianças, nesta fase, aprendem 10, 20 ou 30 palavras num período de poucas semanas. Elas parecem aprender novas palavras com pouca repetição, como precisado lá no

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início dessa aparição, no seu desenvolvimento da linguagem, generalizando-as para muitas outras situações.

Durante a explosão dos nomes, as crianças aprendem principalmente palavras que são nomes de coisas ou pessoas, como bola, carro, ele ou aquilo

Durante os anos pré-escolares, existe outra explosão no crescimento do vocabulário, ainda mais surpreendente na velocidade. As crianças dessa idade aprendem de 5 a 10 palavras por dia. Elas conseguem internalizar determinada quantidade porque nesse ponto parecem prestar atenção às palavras em grupos inteiros, como as palavras que nomeiam objetos de uma única classe, como tipos de frutas ou brinquedos, ou palavras que têm significados semelhantes.

Quando o vocabulário da criança se amplia, ela começa juntar as palavras, formando as frases. Inicialmente a criança usa duas palavras juntas, depois três, quatro e mais.

Quando uma criança atinge a idade de cinco a seis anos, normalmente já adquiriu os elementos básicos de sua língua materna, usada em seu grupo social, podendo criar e compreender naturalmente um número quase infinito de frases, somando ao seu vocabulário, que ainda não se tinham apresentado formalmente.

Na pré-escola é bem evidenciado que a criança já chega com um vocabulário formado, enriquecido ou não, e este é trabalhado a fim de se aperfeiçoar o que já tem adquirido, ampliando-o, dando os nomes corretos e empregando os verbos certos em cada situação vivenciada junto à criança ou pela criança.

Entramos agora na área da Psicolinguística que é a Psicologia da Linguagem. Essa Psicologia trata do fenômeno da produção da linguagem humana, do seu comportamento e do seu desenvolvimento, como já salientamos a cima.

Os estudos abarcados por esse campo da Linguagem se constituíam de tentativas em encontrar respostas para questões comuns às duas disciplinas: a

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Linguistica e a Psicologia, com suas relações quanto à linguagem. Identificava-se, ainda, a existência de dois caminhos opostos: um que partia da Psicologia para a Linguística e outro que partia da Linguística para a Psicologia.

Para os estudiosos nos assuntos da Psicologia é preciso compreender o funcionamento da linguagem para se chegar a uma conclusão mais pertinente sobre o funcionamento da mente humana, pois acreditavam que a mente se organiza de forma análoga à linguagem e através dela. Entreviam-se, então, duas correntes: a Mentalista, que explorava o pensamento através da linguagem, e a Comportamentalista, que buscava entender o comportamento linguístico, reduzindo-o a uma série de mecanismos de estímulo-resposta.

O termo tratado: Psicolinguística começou a ser abordado, no início da década de 1950, e indicava um interesse à cerca dos métodos de linguagem para descrever como funciona a produção da utilização dela pelos seus usuários, em especial, a análise estrutural das unidades linguísticas, tais como os fonemas, os morfemas e as frases, os quais pareciam oferecer uma teorização mais precisa das unidades psicológicas quanto às letras, frases e sentenças. Portanto a Psicolinguística surgiu da necessidade de se denominar essa fase de revolução na Linguística, principalmente depois que Chomsky (1971), que contribuiu com sua proposta inatista, publicou nos Estados Unidos um trabalho sobre gramática gerativa, denominado Syntactic Structures. Ele acredita que o homem nasce com uma aparelhagem herdada biologicamente para desenvolver a linguagem, e que ele é dotado de estruturas gramaticais universais. Por isso, é capaz de formular sentenças na língua materna, dependendo somente da intuição e da criatividade.

Entretanto, é a partir daí que a Psicolinguística assume como paradigma teórico principal o modelo Chomskyano. Modelo, este, proposto para a Linguística, disposto a explicar tal fenômeno, o qual propunha que as sentenças faladas, que são estruturas superficiais, seriam relativas de estruturas interiorizadas e mais fortes através de regras transformacionais, que se organizam numa gramática: distinguindo-se entre a competência

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(conhecimento que um falante nativo tem de sua língua) e a performance, (atividade do falante numa situação comunicativa).

A Psicolinguística tem por objetivo estudar as relações entre o que é falado por um sujeito e como essa fala é percebida por outro sujeito que só conserva uma parte dos elementos dessa mensagem, ligado exatamente ao que é compreendido com a pronúncia.

Sendo a linguagem um fenômeno em grande parte mental, seu estudo pode ser considerado um ramo da Psicologia. Outra teoria estudada pela Psicologia Humana certamente deve dar alguma explicação para os nossos esquemas de pensamento, pois a linguagem é fundamentalmente importante na elaboração desses esquemas, por isso a maioria de nossos pensamentos é composta de forma linguística, em que a maioria de nossos conceitos, recebe algum tipo de rótulo verbal. Dessa forma, a relação entre linguagem e o

aprendizado de conceitos é de grande interesse para os psicólogos. A linguagem também está ligada significativamente em teorias de

organização psicológica. Contudo, as línguas, responsáveis pela nossa comunicação, são fortemente estruturadas, e aprendemos a identificar e descrever suas estruturas de forma consideravelmente detalhada. Qualquer teoria da organização psicológica deve conciliar adequadamente os tipos de estruturas que sabemos serem características das línguas humanas.

Apresentando que a competência linguística de um locutor possibilita-lhe a formação de todas as frases da língua que fala, a teoria Chomskyana, gramática gerativa de Chomsky, nos ou que os processos de linguagem configuram um tipo de comportamento humano muito mais confuso do que até então era considerado, com todos os seus aspectos complexos já vistos, levando os estudiosos a um "saudável respeito pelas complexidades do comportamento lingüístico".

A Psicolinguística, sem abandonar a sua origem, que é a Psicologia, da qual é um segmento de estudo muito importante, utiliza-se dos métodos revolucionários e seguros da Linguística moderna para se entender mais sobre os comportamentos de um ser falante, acerca de toda a complexidade já

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falada, pois a linguagem é uma aquisição pessoal de cada um, envolvendo diversos processos e teorias explicando o seu desenvolvimento.

Havendo, ainda, discordâncias a respeito, como uma maioria respeitável de especialistas no assunto, que considera o comportamento lingüístico muito mais complexo, em sua apresentação, do que os demais tipos de comportamento humano, vemos que este perpassa por um longo caminho de esquemas para seu desenvolvimento ou aquisição, que alguns, como Chomsky, acreditam ser inato e outros, que veremos a seguir, na descrição deste estudo, acreditam ser desenvolvido através da vivência com outros indivíduos, com o meio ambiente e estímulos ao longo da vida, como já destacado por Vygotsky em suas obras.

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CAPÍTULO II

RELAÇÃO PENSAMENTO E LINGUAGEM NA

CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO DA CRIANÇA

Há um relacionamento íntimo entre o nosso pensamento e a nossa linguagem. O pensamento e a linguagem estão singularmente unidos em seus usuários, e é preciso que se analisem as possíveis intervenções que um deles pode ter sobre o outro, assim, também pelo modo que eles se relacionam e como acontece esse processo que se inicia desde cedo na vida humana.

Disponibilizam-se inúmeras experimentações cujo objetivo é conhecer a grandeza das representações mentais infantis e a compreensão. Objetos e figuras podem ser apresentados à criança a fim de verificar se ela sabe dar-lhes nomes. Experiências são feitas assim, analisa-se dessa forma porque se supõe que o pensamento, a percepção, os conceitos e a linguagem são elementos que se encontram estreitamente ligados entre si. O que, aliás, não deixa de ser verdade. No entanto, é fato já sabido que os conhecimentos de uma criança, em desenvolvimento, são, em regra, maiores do que sua capacidade de exprimi-los verbalmente por ainda não ter o domínio da linguagem e suas complexidades.

Entendemos, então, que os primeiros conceitos formulados pelas crianças se dão a partir da sua percepção, representando os objetos pelo pensamento, ação anterior à linguagem, por meio de suas características gerais.

Tudo o que for vindo através dos sentidos ou da manipulação manifestam-se úteis à formação de conceitos. No começo, qualquer pessoa de sexo masculino pode ser chamada de "papai" por uma criança. Há o que se chama de generalização, isto é, reação idêntica às coisas semelhantes. A Bola, por exemplo, é qualquer objeto redondo: laranja, maçã, etc.

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Em um determinado estágio, surge, porém, a diferenciação, como resultado de uma observação, pela qual a criança verifica que está certo comer laranjas e maçãs, mas não bolas, porque bola é um objeto, que lhe remete prazer e brincadeira. A expressão Papai deixa de ser compreendida como um homem qualquer para se tornar um determinado homem, com características bem definidas e singularmente entendido como integrante familiar.

Assim, percebemos que a criança com o amadurecimento do seu entendimento e compreensão das coisas, começa a fazer distinções e conceitua o seu pensamento, a partir das representações. Então, a linguagem é utilizada para a estruturação das percepções, pois esta estruturação não seria possível em muitos casos, principalmente entre os mais complexos, sem a utilização de algum tipo de linguagem.

A percepção da criança, que é inferior nos seus primeiros anos, encontra dificuldades em distinguir o que pensa do que percebe e posteriormente do que faz, posto que os seus conceitos estão ligados ao contato que mantém com os objetos dispostos e ao que os objetos causam nela. Assim, a criança, durante muito tempo, fala sempre em voz alta, usando as palavras de ações ligadas ao seu contato com os objetos já vivenciados.

Em torno dos quatro anos, a criança possui elementos em seu desenvolvimento que, a partir deles, segundo Piaget "o pensamento antecede a linguagem”, possa ser executado um papel importante na criação de esquemas com o objetivo de adquirir formas de equilíbrio para aprendizagens seguintes da criança e para a criação de esquemas representativos mais flexíveis ou móveis. Para este autor a evolução da linguagem amplia as condições de inteligência da criança, que vai além do estágio sensório motor, criando esquemas de pensamentos.

Contudo, o pensamento é estabelecido pela experiência linguística do que é vivenciado, de modo que é mais fácil operar com conceitos já conhecidos, por uma só palavra, do que com conceitos de palavras desconhecidas, em que não há uma organização de pensamento por não existir formulação do conceito.

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Exemplificando a afirmativa acima dizemos que, quando conceituamos a palavra “matemática” podemos empregá-la como um símbolo em nosso pensamento, por ser mais simples usá-la relacionando-a só aos números, do que operar com todo o complexo de conceitos simbolizados por todas as áreas ligadas por esta palavra. O pensamento, utilizando os símbolos verbais fica mais simplificado, tornando, em muitos casos, mais fácil o pensamento. Podemos argumentar, portanto, que certos tipos de pensamentos não poderiam ocorrer com a ausência desses símbolos representativos para nós, operando a nosso favor e de acordo com a ocasião.

Como as relações entre linguagem e pensamento são profundas, para Wallon (1989, p. 33), que foi um grande pesquisador, nos orientando no que engloba o desenvolvimento infantil, elas não são de causa e efeito, como já se supôs. Na verdade, diz ele, tratando da evolução psicológica da criança, "... na verdade ela (a linguagem) não é a causa do pensamento, mas o instrumento e o suporte indispensáveis ao seu progresso”. Ou seja, acontecendo o atraso do pensamento ou da linguagem, a relação recíproca entre ambos retorna ao equilíbrio voltando à normalidade.

Para prosseguir o presente estudo acrescentamos as ideias de Vygotsky, que nos orienta para a compreensão desta relação na vida do indivíduo, dedicando muito estudo sobre esse assunto.

Vigotsky estava preocupado em entender a relação entre a conceituação das coisas pelas pessoas, o que dizem ou escrevem. Foi a campo, pesquisou, fez experiências. Extraiu conclusões, como: a estrutura da língua que uma pessoa fala influencia a maneira com que esta pessoa percebe o universo.

Para aqueles que veem a linguagem apenas como um código aleatório, Vygotsky (apud Mazetto, 1997, p.40) responderia: “uma palavra que não representa uma idéia é uma coisa morta, da mesma forma que uma ideia não incorporada em palavras não passa de uma sombra.”

O indivíduo é o que ele comunica, expressa e sente. E é através desse ato de comunicação, que o homem interage com o meio onde está inserido, e com essa interação ele compreende e expressa aos demais sua verdadeira

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essência, suas ideias, raciocínio e emoções. Ou até quem sabe, expressar-se sem deixar aflorar suas reais ideias e pretensões.

A linguagem está intimamente ligada ao pensamento. É através do pensamento que o homem traz à consciência o limiar do conhecimento em palavras, criando possibilidade de expressão ao mesmo tempo em que estabelece um limite, sendo impossível significar tudo.

A relação pensamento-palavra não pode ser traduzida sem uma clara compreensão da natureza psicológica da fala interior. A fala interior não é propriamente uma fala, mas uma atividade intelectual. Ela tem uma formação específica, leis próprias e mantém relações com outras formas de atividade da fala. Ela é uma fala para si mesmo, não antecedente da fala exterior, nem reprodução desta. Ela interioriza-se em pensamento.

Ao contrário, a fala exterior é para os outros e consiste na tradução do pensamento em palavras: é sua materialização e objetivação.

A criança começa a desenvolver sua linguagem logo após o nascimento, sendo que podemos dizer que mesmo ao longo da vida intra-uterina o bebê já vem tendo seu desenvolvimento biológico, emocional, cognitivo e de linguagem influenciado por diversos fatores como, por exemplo, o estado de saúde física e emocional da mãe, os ruídos tanto corporais da mãe como do meio ambiente externo, dentre outros.

Ao nascer a criança tem a possibilidade de vir a desenvolver a compreensão do mundo ao qual chegou, bem como meios de expressar-se para haver uma efetiva interação e comunicação não só com o meio, mas também com as pessoas.

Vários autores já estudaram e ainda estudam o que causa este processo, como evolui e o que influencia e determina o desenvolvimento da linguagem, como vimos acima, havendo várias divergências.

Skinner (1957) defende que o desenvolvimento linguístico da criança ocorre devido a um condicionamento operante aos estímulos recebidos, numa proposta behaviorista ou comportamentalista, ou seja, depende de um

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comportamento verbal, externo, observável de cadeia de respostas e reforços, de treino e imitação.

Já (PIAGET apud GERBER, 1996 p. 89) nos mostra que “a linguagem surge em decorrência da construção pela criança de operações e estruturas cognitivas, através de suas interações sensório-motoras iniciais com o mundo”.

Vygotsky (1995) relaciona fatores biológicos e sociais, focalizando uma área particular de interesse. Assim ele relaciona a linguagem não apenas com o pensamento, mas com o trabalho e a consciência humana, a fala interior e a fala exterior, estabelecendo, assim, uma ligação entre linguagem e sociedade.

Ele compara o pensamento a uma “nuvem descarregando uma chuva de palavras” para afirmar que a transição do pensamento para a palavra passa pelo significado, e é por este que se estabelece a mediação entre o sujeito, seus interlocutores e o mundo social. Para este autor, a linguagem não poderia ser vista como meio ou instrumento; ela é a própria essência da vida mental.

A socialização das crianças acompanha as mesmas etapas do desenvolvimento cognitivo, partindo de estruturas indiferenciadas para o grau máximo nas operações formais.

O vocabulário da criança amplia-se gradativamente. De acordo com Vygotsky (1995, p. 41), “o vocabulário se desenvolve conjuntamente ao desenvolvimento cognitivo, baseando-se na formação de conceitos, na elaboração de significados, no desenvolvimento das percepções”. Origem da percepção do mundo.

A criança experimentando coisas vai adquirindo novos conceitos e palavras, que estarão presentes em sua memória, e serão utilizadas quando sentir necessidade de simbolizar algo, pois a palavra adquire o seu sentido no contexto em que surge. O contexto dá à palavra um novo conteúdo, que se modifica de acordo com as situações e a mente de quem a utiliza.

Ao mesmo tempo em que a linguagem é um fator importante para o desenvolvimento mental da criança, exercendo uma função social e comunicativa, através dela a criança entra em contato com o conhecimento

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humano e desenvolve conceitos se familiarizando com o mundo que a rodeia, apropriando-se da experiência armazenada pelo gênero humano no decurso da história social. É também a partir da interação social, e principalmente no seio familiar, da qual a linguagem é expressão fundamental, que a criança constrói sua própria consciência, sua individualidade e sua própria linguagem.

2.1 – A Função da Linguagem

A conduta da criança é influenciada pela linguagem utilizada com ela. Esta tem grande importância na organização da mesma, em relação direta ao seu desenvolvimento. Primeiro essa influência se dá de fora para dentro, depois, passa a se manifestar de dentro para fora. A criança, no início, tem sua conduta controlada pelos pais e adultos que a cercam, através da linguagem; mais tarde, pela própria criança, em forma de diálogo interno. A conduta da criança, inicialmente controlada pelos adultos sob a forma de chamamentos, orientações e recomendações verbais, progressivamente passa a ser controlada pela própria criança, através da linguagem interior, quando ela tem a consciência desse processo, conforme visto acima, na teoria de Vygotsky.

Pontuamos, também, que a relação das conexões de percepção motora será feita com certa lentidão, no entanto, por volta de 14 à 16 meses a criança tem sua conduta regulada pela palavra do adulto. Solicitada a entregar um objeto apresentado diante dela, ela o fará sem maiores dificuldades. Tal situação não acontecerá a partir do momento em que haja certo grau de dificuldade na situação exposta a ela, respondendo negativamente à vontade do outro, mesmo depois de tentativas, para alguma solicitação em sua conduta. Na função da linguagem, podem-se distinguir os seguintes usos, na explicação de sua utilidade para nós: uso afetivo; uso lúdico; uso prático; uso representativo e uso dialético. Analisando esses usos na linguagem veremos que eles não estão nos mesmos níveis, o que quer dizer que eles se apresentam, em situações comuns e ao mesmo tempo em momentos

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sucessivos da organização de sua função. No desenvolvimento da linguagem da criança, vê-se que o uso afetivo é o primeiro a se manifestar. Posteriormente, manifesta-se o uso lúdico, e depois precede o uso prático. O uso representativo é elaborado a partir do uso prático, enquanto o dialético é o último a se manifestar na linguagem constituída pela criança.Todos esses usos se organizam estreitamente, em momentos variáveis, segundo as circunstâncias.

A afetividade, seria a primeira forma de interação com o meio ambiente, e a motivação primeira de trocas de símbolos e representações com movimento, reforçando o uso afetivo.

A criança vai responder através das emoções a medida que o movimento proporcionar experiências à ela, diferenciando-se, para si mesma, do ambiente. Contudo a afetividade é a parte mediadora das relações sociais primordiais, elemento que separa a criança do ambiente, portanto as emoções são, também, a base do desenvolvimento da criança, especificamente, da linguagem.

O uso Lúdico nos remete diretamente as trocas, num relaconamento direto com o social, em que a criança escolhe suas brincadeiras, ou mesmo, é levada a elas, de maneira dirigida, ampliando seu conhecimento de mundo, através de experimentações imaginárias e divertidas, propostas ou espontâneas.

O uso lúdico aparece cedo. A criança emite sons, ouve sua própria voz e faz diversos sons para se ouvir, experimentando-os. Sente prazer nesse trajeto que vai do ato fonético à impressão acústica que o segue. Observa a repetição de um mesmo fonema, ou então do agrupamento de vários fonemas, formando um motivo melódico que se renova por tempo mais ou menos longo, chamando sua atenção, agradando-a ou não.

A criança no uso prático da linguagem, poder fixar e utilizar palavras. Ela pergunta o nome dos objetos. Porém, não há uma preocupação semântica que a remete primitivamente a essa conduta. A criança denomina objetos um após outro, com expressão oral interrogativa, e o adulto deve responder-lhe. Mas

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pouco lhe importa, a princípio, a resposta. Isso se verifica no fato de, muitas vezes, ela não esperar a resposta para continuar seu interrogatório. Neste estágio a criança faz uso da linguagem de forma a experimentar os sons dos fonemas se adequando, cada vez mais, ao mundo das palavras.

Quando o uso representativo da linguagem é atingido pela criança, ela continua a verbalizar livremente, sem se prender às regras da língua. Ordena fonemas em grupos desprovidos de significação, associa palavras, pertencentes ao vocabulário da língua, em frases fora do contexto e incoerentes. Mas, no fundo dessa verbalização, encontram-se motivos harmoniosamente renovados, melhorando o seu vocabulário, mudando seu aspecto, antes mais inclinado pelo uso afetivo, por uma situação mais concreta. Em cada situação vivida pela criança em seu desenvolvimento, a linguagem prática indica a direção a tomar, a técnica a empregar. Por esse aspecto, eleva-se à linguagem representativa, mas o que a distingue é a importância do suposto conhecido, pois a criança precisa de orientação para melhorar o seu vocabulário e ampliá-lo, dando conceitos às palavras que já conhece, e usa, fazendo representações particulares, ou passando a conhecer. O uso prático é caracterizado essencialmente, pela importância do que é oferecido pela situação vivida, do que se imagina conhecido de todos, do dia a dia, das necessidades de se deixar entender ou ser entendido; é a prática da linguagem usual pela criança, a fim de ensaiar sons e fonemas do costume de um grupo social.

O uso representativo da linguagem abre a procedência de desenvolvimento e amadurecimento da linguagem pela criança, pois ela ultrapassa, assim, um limiar importante, abandonando o domínio da linguagem determinada pelo estado afetivo do momento, para ingressar pela utilização de outra linguagem de representações bem mais organizadas, em situações concretas de diálogo.

O uso dialético da linguagem é entendido como um uso formal que não se destina tanto à explicação ou ao relato, quanto a fazer e a desfazer combinações de símbolos. Este uso dialético e mesmo o uso representativo,

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são desenvolvidos pela criança só bem mais tarde, de acordo com suas experiências ou, pelo menos, somente depois de certa vivência e certo amadurecimento.

A dialética é, propriamente falando, a arte de discutir. A arte do diálogo. Como, porém, não discutimos só com os outros, mas também interiormente, portanto, neste estágio de desenvolvimento da sua linguagem a criança conceitua melhor as coisas e tem em seu entendimento uma maior noção da realidade, sendo questionadora e cada vez mais presente em suas ideias e atitudes, dialogando com argumentações. E para chegar a este estágio, a criança precisa ter bem desenvolvido, esquemas organizados e amadurecidos de linguagem.

A linguagem usada como instrumento do pensamento sugere um processo de internalização da linguagem. Ou seja, a linguagem verbal é desenvolvida com qualidade quando o indivíduo desenvolve gradualmente o “discurso interior”, para o pensamento verbal, que é uma forma interna de uso da linguagem, como visto antes, quando falamos da relação pensamento e linguagem, dirigida ao próprio sujeito, e não a um interlocutor externo.

A linguagem é, evidentemente ao mesmo tempo, uma função e um aprendizado: uma função no sentido de que todo ser humano normal fala, e a linguagem constitui um instrumento necessário para ele; um aprendizado, pois os sistemas simbólicos linguístico, que a criança deve assimilar, são adquiridos progressivamente pelo contato com o meio, pelas trocas e interações, levando-a levando-a formlevando-ação dos conceitos e levando-as trlevando-ansformlevando-ações de significlevando-ados já consolidados na cultura.

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CAPÍTULO III

AS MÚLTIPLAS LINGUAGENS

Sabemos que, para nossa comunicação, precisamos fazer uso de um grupo de símbolos, os quais nos proporcionam certa linguagem. Estes são decodificados pelos seus usuários que, de acordo com a situação vão precisar adequá-los, ou seja, vão usar determinado tipo de linguagem em determinada situação.

Exemplificando a afirmação dada acima, dizemos que estas determinadas linguagens fazem parte da nossa vida, porque estão ligadas diretamente às nossas expressões, pois são reflexos de atitudes que falam, gestos que induzem algo e ritmos que sinalizam vontades, sentimentos sensibilização e assim por diante.

Dada esta introdução, vamos discorrer, além do desenvolvimento da linguagem falada e escrita pela criança, sobre outros tipos de linguagens; aquelas que dizem algo sem palavras. São elas: a linguagem corporal, ou gestual e a linguagem musical.

Na trajetória de conhecimento da criança as situações que ela tem oportunidade de experimentar em seu dia a dia, vão ajudar ao seu desenvolvimento. Assim sendo, quanto maior a gama de estímulos que ela receber, melhor será o seu desenvolvimento. Portanto, as experiências com ritmos musicais, permitirão uma participação ativa, em que a criança vendo, ouvindo e entrando em contatos com variados instrumentos musicais, favorecerá ao desenvolvimento dos seus cinco sentidos. Assim ela desenvolve a percepção ativa de seu corpo, seus movimentos, o que e como eles podem dizer sobre as suas vontades e anseios, pois percebe que seus gestos, através das observações dos gestos dos outros, podem distinguir sobre o que pensa naquele momento.

Quando entra em contato com os sons, a criança desenvolve sua acuidade auditiva; ao acompanhar gestos ou dançar ela está trabalhando a

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coordenação motora, a atenção, a concentração e a criatividade; ao cantar ou imitar sons ela esta descobrindo suas capacidades e estabelecendo relações com o ambiente em que vive, reconhecendo-se como parte dele e consequentemente desenvolvendo e aprimorando a sua linguagem oral e escrita também.

Tivemos um educador que foi pioneiro em vários segmentos que hoje evidenciam a importância dada a Educação Infantil. Enfatizou o brinquedo, a atividade lúdica, a aprendizagem do significado de família nas relações humanas. Foi Froebel, conhecido como o pai dos jardins da infância.

Este autor, que se dedicou a aprendizagem dos pequeninos idealizou recursos sistematizados para as crianças se expressarem: blocos de construção, problematizando atividades criadoras de raciocínios, papel, papelão, argila e serragem.

Para ele o desenho e as atividades que envolvem o movimento e os ritmos eram muito importantes, pois para a criança se conhecer, o primeiro passo seria chamar a atenção para os membros que compõem o seu próprio corpo, para depois chegar aos movimentos das partes do corpo. Valorizava também o trabalho com histórias, lendas, mitos, fábulas e contos de fadas, assim como os passeios, as excursões, e o contato com a natureza; músicas que orientam a rotina escolar, a entrada, a saída, o recreio, o lanche, entre outras; rodinha de conversa, brincadeiras ao ar livre, gerando a aquisição da aprendizagem pelas crianças.

Visto que o desenvolvimento integral da criança, não se prendendo somente ao aspecto intelectual, mas também afetivo, físico e moral; a prática e a vivência em determinado aspecto a ser trabalhado, antes da introdução de qualquer linguagem ou conceito, vai tornar mais significativa a aprendizagem, porque a criança vai ter desenvolvido em sua linguagem uma noção de mundo melhor em seus ideais. E isso é o que todos nós, comprometidos com a Educação, esperamos dos futuros adultos em nossa sociedade.

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3.1 – Desenvolvimento da Linguagem Oral e Escrita

O trabalho de desenvolvimento da prática de leitura e escrita é um processo que começa desde o início de nossa vida com o desenvolvimento da linguagem. E a comunicação, em boa parte e fundamentalmente, está presente em nossa vida. Então a leitura e a escrita vai ajudar para estarmos inseridos, cada vez mais neste mundo “comunicativo”.

Quando estamos em uma roda de conversas, em um bate papo informal, em que propomos às crianças falarem sobre sua comida favorita, a história mais legal, a música mais divertida, a brincadeira mais engraçada, elas estão, assim trocando experiências, meio pelo qual aprendem umas com as outras. Assim mostram desde cedo que são capazes de fazer escolhas e manifestar-se a respeito delas. Estes temas rendem muito bate papo, por elas adorarem trocar suas experiências.

Atividades como estas, na rotina da pré-escola vão desenvolver a linguagem, pois é trabalhada a oralidade, levando as crianças a se expressarem e justificarem suas opções. Com as trocas de experiências, elas vão analisando a opinião e a escolha do outro, comparando-as com as suas, observando assim, novas possibilidades de expressão, exercitando o respeito às opiniões dos outros, de que pensar diferente não é motivo para brigar.

É preciso que já na educação infantil a criança tenha acesso à norma culta para poder ter uma participação social efetiva e correta no futuro, oferecendo experiências que, inseridas ao lúdico, a brincadeira e a livre expressão na pré-escola, fortalecerão o surgimento dos conceitos e definições, pois nesta etapa da educação infantil são ricas as possibilidades de estruturação de linguagem para a vida das crianças. E estas atividades favoráveis a linguagem devem acontecer bem antes de a criança aprender a ler e a escrever.

Para Vygotsky (1971) o ensino deve se antecipar ao que a criança não sabe nem é capaz de aprender sozinha, porque na relação entre aprendizado e

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desenvolvimento, o aprendizado vem antes. E um de seus principais conceitos, o de zona de desenvolvimento proximal, refere-se a isto. O que seria a distância entre o desenvolvimento real de uma criança e aquilo que ela tem o potencial de aprender, que nada mais é do que a capacidade de desenvolver uma habilidade com a ajuda de um adulto. Ou seja, um novo aprendizado, através de um novo estímulo, levando a criança à construção de sua aprendizagem.

No contexto do desenvolvimento da linguagem oral e escrita notamos o quanto é importante escolher bons livros par ler, no trabalho com a educação infantil, diversificando os gêneros textuais para ser ampliado o gosto pela leitura e sugerido o interesse por essas variadas maneiras de informações, como gêneros literários, poéticos, jornalísticos, de orientação (bula de remédio, receitas, manuais) e veículos de recados (carta, telegrama, e-mail), pois mesmo na pré-escola é preciso serem apresentadas todas as possibilidades em comunicação, incluindo as mais usadas pelas mídias modernas, contando que a escola deve se adequar a elas por já fazerem parte da vida de todos nós. Em contato com textos diversos a criança passa a se interessar pela leitura, porque passa a compreender o objetivo de fazer leitura de um livro, pedindo assim que um adulto leia para ela, fazendo sua escolha pelo livro que mais gosta ou por outro que tenha aguçado sua curiosidade.

Além da apresentação de variados textos, também destacamos os momentos do faz-de-conta que é uma das características mais relevantes da infância, porque está diretamente ligado ao desenvolvimento intelectual e físico dos pequenos. Quando imagina que é um bombeiro pronto para salvar alguém em perigo, por exemplo, a criança elabora respostas às distintas situações que surgem, e ao por em prática seu personagem, estabelece movimentos que ampliam a consciência e a expressão. Por isso as falas dos jogos teatrais são uma maravilhosa maneia de ampliar o vocabulário infantil, levando em conta toda a relação também existente à atividade do faz-de-conta, que aumenta a expressão corporal, consequentemente, levando a criança ao conhecimento do próprio corpo, mas entraremos neste assunto mais adiante.

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No decorrer do desenvolvimento da linguagem oral e escrita, a criança em contato com outras crianças e adultos, estabelece uma relação de trocas em que, envolvida com todas as atividades favoráveis a este desenvolvimento, constrói uma relação de trabalho, combinando a imaginação dramática com a prática e a consciência na observação das regras.

As regras, no entanto, são fatores indispensáveis na construção da linguagem pela criança. Os limites e as orientações dadas pelos adultos vão mostrando o caminho para a estruturação da consciência.

Na educação infantil, propriamente no período da pré-escola, que é o nosso foco de estudo, há algum tempo, acreditava-se que os pequenos não estavam prontos para participarem de atividades de leitura e escrita. Porém pesquisas nesta área constataram que mesmo pequenas, as crianças já têm contato com os veículos de comunicação diretamente, e mais, que esta comunicação encontra-se moderna e muitas das vezes a criança domina melhor estas novas mídias do que um adulto. Como vemos, as novas tecnologias, os computadores, celulares, a televisão, o jornal, a revista, o rádio, atingem propriamente as crianças que vivem nas áreas urbanas. Desta forma, nunca é cedo para ampliar o contato com a leitura e a escrita de qualidade e ajudar na construção da familiaridade com a linguagem, principalmente nos dias atuais.

Portanto o objetivo de nós, educadores, preocupados e envolvidos com a aprendizagem e com o desenvolvimento da linguagem das crianças, deve ser de reforçar o propósito social e comunicativo da leitura e escrita, a fim de se estimular a apreciação pelos textos e pelo mundo em geral da comunicação verbal, estimulando não apenas o falar, mas o pensar no que se diz, por isso é preciso trabalhar a oralidade aliada às questões da responsabilidade da utilização da nossa linguagem diariamente.

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3.2 – Desenvolvimento da Linguagem Gestual

A criança na pré-escola, já tem desenvoltura para se comunicar verbalmente. Mesmo assim, o movimento ainda é um meio de expressão do que ela quer. Para tanto ele precisa ser valorizado na pré-escola. Nesta fase a criança se torna mais ciente de si, conhecendo mais o seu corpo e, assim, ganha competência para se portar entre os outros.

Várias possibilidades devem ser apresentadas as crianças, por esta ser uma fase de descobertas e autoafirmação, pois elas precisam ter liberdade de se expressar gestualmente, em que a linguagem do corpo é uma das formas de comunicação que sua inserção é fundamental na rotina de trabalho da pré-escola.

As atividades como danças, jogos esportivos, de mímicas, teatro, o faz-de-conta e outros que envolvam os movimentos do corpo, fazem evoluir as possibilidades de conhecimento do próprio corpo. Ações que exigem um bom domínio na coordenação motora fina, como segurar um lápis, um talher ou uma tesoura se aprimoram.

As habilidades motoras se consolidam apenas diante das necessidades reais, pois devem ser atividades bem planejadas para atingir as áreas do conhecimento e consolidação de uma linguagem através do corpo.

Entre os maiores de 5 anos a capacidade de planejar as ações de movimentos se amplia. Por isso as atividades ao ar livre, no parque, no pátio, ou mesmo na sala de aula, sem mobílias, se tornam mais ricas. Para se divertir num escorregador as crianças conseguem observar a quantidade de degraus onde pisam e imaginar o que fazer para chegar ao topo e depois deslizar. Jogos de atividades corporais, como dançar ao som de uma música que lhe dê o direcionamento dos passos, dos movimentos marcados, estimula a atenção e concentração para não errar. Bater palmas, levantar a mão esquerda, se equilibrar em um pé só, e após uma sequência simples, a turma combina movimentos mais elaborados, se divertindo e demonstrando prazer e felicidade com a atividade.

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Através de atividades envolvendo o movimento podemos perceber gestos que nos sinalizar algo com relação às expectativas das crianças, o nível de alegria ou estresse naquele momento.

Segundo Wallon (1947), em sua teoria sobre movimento, nos orienta sobre as emoções, pois para ele, elas dependem fundamentalmente da organização dos espaços para se manifestarem. A motricidade, portanto, tem caráter pedagógico tanto pela qualidade do gesto e do movimento quanto por sua representação. Por isso a importância de ser oferecido à criança um espaço diferente, deixando e possibilitando que a criança se movimente mais e tenha qualidade nesse movimento.

Nestas atividades de movimento as crianças interagem socialmente fortalecendo o convívio entre elas e favorecendo ao desenvolvimento de sua linguagem corporal em geral. Conforme o pensamento de Wallon (1947) o indivíduo interage com o meio social porque existem questões internas prioritárias para o seu desenvolvimento, através da relação com o meio e com os outros indivíduos, com a necessidade de adaptação social.

Concluímos que o movimento para a criança na pré-escola desenvolve o autoconhecimento do seu próprio corpo, a expressão, aprimora a coordenação motora ampla, estimula a concentração, a atenção, a criatividade e a imaginação, pois quanto mais a criança se mexe, mais ela é capaz de conhecer seu próprio corpo e se sente segura para superar os seus limites, crescendo um indivíduo mais consciente de si como integrante de uma sociedade que se movimenta em busca de suas realizações diárias.

3.3 – Desenvolvimento da Linguagem Musical

Os sons são desde muito cedo, uma forma de interação com o mundo, tanto que a primeira comunicação do bebê é melódica (sons de balbucio, gritos e choros) que querem dizer sempre algo, de acordo com o seu desenvolvimento, claro. Por isso ter contato com cultura musical é de competência importante para o adulto que lida com crianças.

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As experiências desenvolvidas com música têm papel primordial no pensamento simbólico. Exercem forte influência no desenvolvimento da criatividade e da imaginação.

Ampliar na pré-escola o repertório de canções, promover o contato com instrumentos musicais variados e explorar os sons da natureza são meios essenciais de se desenvolver a linguagem musical.

A exploração de estilos musicais diferentes na experimentação musical, como cantigas de rodas, músicas clássicas e canções do folclore brasileiro e situações que ampliam o repertório, favorecem a concentração e levam ao desenvolvimento de habilidades como o ritmo. E por ouvir músicas, as crianças aprendem outras palavras ou aprimoram suas pronúncias, ajudando a fala correta também.

Podemos perceber que assim que colocamos uma música para tocar, dificilmente uma criança não começa a se mexer. A música nos convida a dançar e esta atividade sugere fazer movimentos que nos dão prazer, que nos fazem apreciar a música ouvida. A criança, por sua vez, no desenvolvimento de sua linguagem vai aprimorar os seus movimentos e enriquecer sua expressão corporal, como visto anteriormente, e sua linguagem oral, pois a letra da música é um detalhe muito importante. É preciso prestar bastante atenção às músicas trabalhadas.

O trabalho na pré-escola com a linguagem musical amplia o repertório das crianças e desperta o gosto delas pelas composições de qualidade. A criança, então, vai ter como estímulo diversas músicas, sendo favoráveis para o seu desenvolvimento, que em outra atividade, sem música, seria pouco atrativa e envolvente, tendo em vista toda a atração que uma melodia pode nos causar, porém hoje, sabe-se que o ensino musical é fundamental para o bom desenvolvimento integral das crianças.

Estudiosos da música e seus benefícios para nossa vida afirmam que, inserida na rotina das crianças é uma das poucas atividades que mexem com os dois hemisférios do cérebro, (o esquerdo é mais ligado as criatividades, a língua e as artes, e o direito às ciências exatas). Ao propiciar esse estímulo aos

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dois hemisférios, ela amplia as vias neurais (o intelecto). Em outras palavras, complementando tudo o que já foi dito, é muito bom ter uma prática musical diária.

Os estudos de Gardner (1983) revolucionam os conceitos de ensino e aprendizagem ao antecipar descobertas da neurociência sobre a música e as artes. Nos seus trabalhos constam os apontamentos sobre a existência da inteligência musical. Na chamada “teoria das inteligências múltiplas” que nos ajudou a compreender que a criança que tem dificuldade em um determinado conteúdo como a matemática, por exemplo, pode ser um gênio musical, da pintura ou das artes em geral.

Para Gardner, cada indivíduo nasce com um vasto potencial de talentos ainda não moldados pela cultura. O que leva as pessoas a desenvolver suas capacidades inatas são a educação e as oportunidades que encontram e recebem pelo seu caminho envolvidos nesta cultura, por isso a importância de se oferecer um meio de qualidade para as crianças, que poderão ser grandes homens no amanhã.

A música, então, é um meio de ser estimulada a concentração, a atenção, a sensibilidade, a apreciação dos instrumentos e suas notas musicais, o gosto pelas letras cantadas, e de brinde, ainda desenvolve a linguagem oral, ampliando o vocabulário e o repertório imaginário infantil. Portanto envolve atividades que devem ser levadas muito a sério e sugeridas com muita responsabilidade, levando em conta toda a qualidade dos seus resultados na pré-escola e na educação infantil em geral.

Com todas as informações colhidas sobre como a criança desenvolve as habilidades de linguagens, chegamos à conclusão de que essas habilidades precisam estar adequadas ao meio em que vive a criança e a criança estar adequada a seu meio também, ou seja, este meio, contando com as relações sociais, deve ser prazeroso para ela, levando em conta todas as etapas para o seu desenvolvimento biopsicossocial, pois, bons tratos, alimentação digna, afeto e o sentido de família com o exercício das questões morais e éticas, vão contribuir fundamentalmente para a boa formação humana.

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CAPÍTULO IV

A IMPORTÂNCIA DA RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO

NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DA

LINGUAGEM NA PRÉ-ESCOLA

Como já dito nos capítulos anteriores, a criança desenvolve a sua linguagem e constrói sua individualidade a partir da interação social, colocaremos em discussão a relação professor-aluno neste processo de construção do seu conhecimento.

As experiências em grupo, tão importantes ao longo da vida, são indispensáveis nos primeiro anos como determinantes de um estilo de intercâmbio com o mundo, absolutamente necessário para a vida da humanidade.

Todo ser humano sente necessidade de adaptação com o mundo. Há necessidades internas como comer, ser amado, ser protegido, e necessidades externas, exemplificando: os mais velhos devem ser respeitados, os pais devem ser responsáveis pela educação de seus filhos, entre outras. Estas necessidades geram em nós verdadeiras exigências de adaptação ao mundo. As necessidades externas são aprendidas pela socialização, o que se dá principalmente por meio da família e da escola.

Podemos afirmar que, aprender é vital. Aprende-se sempre, por toda a vida. Neste sentido acreditamos que a criança aprende independentemente da idade, mas quando bem pequena, na educação infantil é que se formam os alicerces para a vida toda, estruturando a sua aprendizagem.

A criança não só necessita aprender, como é capaz de aprender muito. É bom que ela esteja sadia e feliz para isso. Aprender é uma capacidade a ser estimulada. Ser inteligente é ser capaz. Ser capaz é saber aprender.

As pesquisas dizem que o cérebro se forma na relação da criança com o ambiente e que isto ocorre principalmente do zero aos dez anos e de forma

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