ROMARIA DA FESTA DAS ROSAS
E DOS
“CESTOS VOTIVOS”
PARTE II
Em 1622 Frei Bartolomeu religioso da Ordem dos Beneditinos, funda em Vila Franca, perto de Viana do Castelo, a Confraria de Nossa Senhora do Rosário. Ficou desde logo estabelecido que no dia da Festa da Senhora do Rosário, as mordomas teriam que oferecer á Senhora, um ramo de flores. Com o passar dos anos e quem sabe, por orgulho ou apenas pela devoção, estes ramos foram evoluindo, para os maravilhosos cestos confecionados com folhas e flores, que as donzelas oferecem á Senhora do Rosário no dia da sua festa.
Esta manifestação religiosa, com ligações tão fortes ás festividades pagãs do ciclo agrícola iniciado na Primavera, foi o pretexto para esta nossa viagem, que já nos tinha levado pelas terras do Minho, ver parte I, do mesmo titulo.
O cerimonial da dádiva simbólica presente nesta romaria, em que as donzelas oferecem um símbolo de pureza e beleza, as rosas, á Virgem Mãe, está muito presente nas tradições de Vila Franca
Nas páginas e fotos seguintes, vamos acompanhar o esforço das jovens, que transportam os cestos “bordados” tão habilmente por bordadores, que criam paisagens, monumentos, rostos e contam histórias de promessas, feitas à Senhora do Rosário, num ritual que se cumpre todos os segundos fim de semana de Maio.
Muitos foram os companheiros que rolaram para a romaria.
O “parque” usado para o estacionamento das autocaravanas fica bem localizado, mesmo junto ao arraial.
N 41° 41´ 01´’ W 08° 44´ 16 ´´
Certamente que as rosas compradas na junto á Igreja da Senhora do Rosário iram perfumar os jardins minhotos.
A festa começara, bandas, foguetes e os sempre presentes bombos já animavam o arraial.
O altar da Igreja estava lindo todo revestido a rosas que emprestavam á Igreja uma atmosfera de alegria.
Claro que em primeiro lugar nos desfiles e bem merecido, a Comissão de Festas, tudo pessoal muito jovem mostrando o empenho posto no continuar das tradições, o seu lema era...
“Tornar-‐te grande é o nosso ideal”
A muito aguardada entrada das bandas
Grupos de Zés Pereiras, e os Cabeçudos Nacionais de Fragoso
Na Casa do Povo...
Uma mostra da arte de bordar minhota
O aguardar por um dos momentos altos da festa
Quando todos se dirigem para o ponto de encontro...
das famílias que com as mordomas á frente, transportam os cestos da devoção.
Sempre acompanhadas com os grupos musicais, vão chegando todos aqueles que estavam envolvidos em fazer cada um dos cestos.
Muitas vezes são as mães, tias ou as familiares mais antigas, que fazem gala em transportar juntamente com as mordomas, os cestos e sempre que param e rodam o cesto para o mostrar, todos irrompem numa salva de palmas que pela sua espontaneidade, mostra toda a singeleza do ato.
Por aqui todos se encontram, as mordomas, os familiares e amigos, os ranchos folclóricos que se vêm juntar á festa...
E conforme os cestos vão chegando, ocupam o seu lugar na preparação para o grande desfile. Nos anos anteriores usavam umas barricas para colocar os cestos, mas este ano colocaram uns blocos de pedra para esse efeito... temos de ir melhorando dizia orgulhoso, um dos elementos da comissão organizadora.
Mordomas com velas votivas
Pelo sorriso... a tradição tem futuro!!!
Nem sempre se encontram as palavras certas para se expressar a ternura, a alegria, a beleza, o companheirismo que se encontra nestas manifestações de raiz tão popular...
Todos aguardam que se inicie o desfile, será que vejo algum nervosismo...
todos têm que tomar os seus postos...
Todos participam mesmo aquelas que parecem umas bonequinhas...
Os bombos para a frente
Aqui se demonstra como os tempos têm mudado...
Está tudo pronto! Vai começar o desfile...
Há que ajeitar a rodilha, pela tua alminha não deixes cair o cestinho
E pela frente todos têm um percurso de mais de 1000m pelo arraial até à Senhora do Rosário
A música está sempre presente! Haja alegria que o dia é de Festa
Vamos cumprir as nossa promessas!!!
Ai! Ai! Ai!... que quase que me caia o cesto!
O que conta é o espírito ...Á mais de setenta anos que ando nisto!!!
Vem muito ouro no desfile, os mordomos vão ajudando com os cestos, mas sempre com um olho no “peito” das pequenas, nunca se sabe, e os cordões já estão na família á muitas gerações.
Fazia parte da Comissão das Festas, mas não resistiu a transportar um cesto – Obrigado já deu para matar o bichinho...
A romaria é uma festa de partilha, todos querem participar... lembrando quando também elas foram as mordomas.
Os noivos minhotos
Todos na Festa!!!
Segura, segura ...a rodilha saiu do sitio...
Só falta a ultima subida e chegamos...
Já se vê a Igreja, deixa-‐me dar mais uma volta...
Cuidado com o degrau... Chegámos... cumpriu-‐se a promessa!!!
E os cestos são colocados no seu pedestal em oferenda á Senhora do Rosário
São lindos e a Senhora de certeza que agradece a oferenda!
Cá fora continua a festa
O arraial vai animado, nós fomos jantar na autocaravana e preparámos um casaquinho que a noite arrefeceu um pouco, e não sabíamos se o festival de folclore era ao ar livre.
Era no pavilhão e o festival saia para fora do palco...
Haveria de acabar com todos os que quiseram a dançar no palco, uma despedida que deixa muitas saudades.
A Igreja enchia-‐se de fieis e curiosos, admirando a riqueza decorativa dos Cestos Votivos
São bordados com flores e folhas tudo preso com alfinetes num verdadeiro bordado, cada cesto pode levar milhares de alfinetes!!!
O dia terminaria com um fogo de artifício... todos os dias terminaram com um fogo de artifício!!!
O Domingo seria o dia da procissão, tomámos o pequeno almoço no Café Rosas, na rua da Igreja, curiosamente uma boa meia de leite e uma sandes de queijo, nem digo o preço, iria envergonhar os comerciantes da minha rua...
Assistimos á missa em que são benzidos os cestos, acendemos uma vela à Senhora do Rosário.
Fomos almoçar nas bancas da feira, para esquecer, comemos uma fartura e voltamos á Igreja onde se preparava a procissão.
Cá fora a azafama também era grande.
E deu-‐se inicio á cerimonia religiosa...
O sorriso sempre fácil na cara das minhotas, emprestava ainda mais brilho ao património da família
Mais do que uma procissão era um evento festivo, pela cor, pelos Cestos Votivos, pela música e muito em especial pela forma alegre e
despretensiosa com que todos participavam.
Uma ajuda para trocar a mordoma que transportaria o cesto.
Uma ultima volta á Igreja
E os cestos regressavam para dentro da Igreja
Terminava aqui o desfile, agradecimentos á Senhora por nenhum cesto ter caido durante o desfile, uma ultima foto para recordarmos...
E assim ficavam glorificados os muitos meses de trabalho que procederam toda a romaria, para o ano haverá nova festa, agora regresso a casa para trocar de vestido, cuidado com esse ouro aí ao pescoço...
A noite ainda oferecia mais divertimento
Um ultimo olhar ao adro da Igreja, agora quase deserto e regressámos á autocaravana para um merecido descanso.
Pensávamos começar a viagem de regresso logo pelo inicio da manhã, mas não resistimos, aguardámos que as portas da Igreja se abrissem para nos despedirmos da Romaria da Senhora do Rosário e dos Cestos Votivos. Havemos de voltar a Vila Franca Do Lima
Já na estrada reparámos que todos voltavam ás suas rotinas... mais um ano de trabalho, mas fica o arco festivo a lembrar as festas que passaram e as muitas que ainda virão.
No caminho do regresso a autocaravana parece que tinha vida própria... eu não queria... mas a “malandra” foi direitinha ao parque de estacionamento da Meta dos Leitões.
Pronto tá bem... vamos lá ao leitão!
É de reparar que não há vinho em cima da mesa, quero dizer garrafa... apenas um copinho, que diabo o leitão com água até pode fazer mal!!! O resto da viagem não tem história, estrada nacional até Aveiras e depois a autoestrada até casa.