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Universidade Cruzeiro do Sul. Ciências Biológicas e da Saúde CBS. Saúde Bucal na Infância e a Saúde Pública no Brasil

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Universidade Cruzeiro do Sul Ciências Biológicas e da Saúde – CBS

Saúde Bucal na Infância e a Saúde Pública no Brasil

CAMILA TRINDADE DOMINGUES

Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em Odontologia apresentado à Universidade Cruzeiro do Sul

Orientador: Profª. Drª. Alessandra Reyes Campus: Liberdade

Período: Matutino

SÃO PAULO 2020

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RESUMO

Reconhecendo a importância da promoção da saúde em idades precoces, a primeira infância representa o momento ideal para a implantação de bons hábitos de saúde bucal entre crianças e suas famílias, visto que muitos pais e responsáveis apresentam escassos conhecimentos sobre a saúde bucal infantil e desconhecem a importância da dentição decídua. Neste sentido, são necessárias políticas públicas que contemplem ações programáticas, com o desenvolvimento de estratégias educativas e preventivas, além da organização de serviços odontológicos resolutivos, que possam atender às necessidades de tratamento deste grupo populacional. Este trabalho tem o objetivo de investigar, a partir de revisão da literatura, informações sobre a atenção e o cuidado em saúde bucal na infância, no âmbito da saúde pública. Foram acessadas as bases de dados PubMed, Scielo, Lilacs e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), incluindo publicações em forma de artigos científicos (português, espanhol, inglês), teses, dissertações, capítulos de livros, sites e documentos disponíveis na Internet (Ministério da Saúde e IBGE). A Política Nacional de Saúde Bucal (PNSB) contempla as ações intersetoriais, com estratégias de promoção da saúde bucal, prevenção dos principais agravos bucais (cárie, maloclusão e alterações periodontais) e de tratamento odontopediátrico, incluindo o tratamento restaurador atraumático. São também previstas ações educativas nas escolas e nas unidades básicas de saúde. Apesar do declínio da cárie na infância observado nos últimos levantamentos epidemiológicos nacionais, observa-se, ainda, altas taxas de dentes decíduos cariados não tratados, com maior

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prevalência de cárie entre as crianças que residem nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. Estas informações ressaltam a importância de políticas de saneamento básico e de saúde materno-infantil que possam interferir positivamente nas nossas PNSB, viabilizando e implementado ações de promoção e recuperação da saúde bucal na infância.

Palavras-chave: Saúde bucal; Infância; Serviço Odontológico; Saúde Pública.

ABSTRACT

Recognizing the importance of health promotion at early ages, early childhood represents the ideal time for the implementation of good oral health habits among children and their families, since many parents and guardians have little knowledge about child oral health and are unaware of the importance of deciduous dentition. In this sense, public policies are necessary that address programmatic actions, with the development of educational and preventive strategies, in addition to the organization of problem-solving dental services, which can meet the treatment needs of this population group. This study aims to investigate, based on a literature review, information on oral health care and care in childhood, in the context of public health. The Databases PubMed, Scielo, Lilacs and Virtual Health Library (VHL) were accessed, including publications in the form of scientific articles (Portuguese, Spanish, English), theses, dissertations, book chapters, websites and documents available on the Internet (Ministry of Health and IBGE). The National Oral Health Policy (PNSB) includes

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intersectoral actions, with strategies for promoting oral health, prevention of the main oral diseases (caries, malocclusion and periodontal alterations) and pediatric dentistry treatment, including atraumatic restorative treatment. Educational actions are also planned in schools and in basic health units. Despite the decline in childhood caries observed in recent national epidemiological surveys, high rates of untreated decayed deciduous teeth are still observed, with a higher prevalence of caries among children living in the North and Northeast regions of Brazil. This information highlights the importance of basic sanitation and maternal and child health policies that can positively interfere in our PNSB, enabling and implementing actions to promote and recover oral health in childhood.

Keywords: Oral health; Childhood; Dental Service; Public Health.

INTRODUÇÃO

É aptidão da atenção prestada nos serviços de Atenção Básica que estes se ocupem das patologias mais dominantes nas comunidades. Segundo o Ministério da Saúde, os principais agravos que acometem a saúde bucal e que têm sido objeto de estudos epidemiológicos em virtude de sua prevalência e gravidade são a cárie dentária, doença periodontal, câncer de boca, traumatismos dentários, fluorose, edentulismo e maloclusão. 1

Destes, abordaremos individualmente em sua definição, epidemiologia e ações, somente os que mais afetam a população infantil, além da apresentação

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e discussão dos dados epidemiológicos dos últimos levantamentos nacionais (SB Brasil 2003 e 2010) nas idades de 36 meses e 5 anos. Em média, uma criança brasileira de 3 anos ou menos já possui, pelo menos, um dente com experiência de cárie dentária. Aos 5 anos esta média aumenta para quase 3 dentes atacados. Deve ser ressaltado que na maioria dos casos o componente cariado é responsável por mais de 80% do índice na idade de 5 anos e mais de 90% nas crianças de 18 a 36 meses. Diferenças são observadas entre as macrorregiões. De acordo com o SB BRASIL 2003, a proporção de dentes cariados é sensivelmente maior nas regiões Norte e Nordeste. 2

São de alto risco, em termos de saúde pública, as crianças que não escovam os dentes, ingerem açúcares com frequência, fazem uso de mamadeira noturna e não utilizam flúor; de médio risco, os que realizam a higienização sem regularidade, ingerem açúcares com frequência, mas não dormem mamando e utilizam flúor de modo eventual; de baixo risco, os que escovam os dentes todos os dias, têm baixo consumo de açúcares, não dormem mamando e são adequadamente expostos ao flúor, seja pela água de abastecimento, aplicações tópicas ou métodos alternativos. 3

Um grupo menos propenso a receber cuidados dentários e, portanto, com necessidades bucais não atendidas, é o de crianças. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (2008), realizada no Brasil, evidenciaram que, dentre os 11,7% da população que nunca consultou o dentista, 47,9% eram crianças até 04 anos e 36,5% eram crianças e entre 05 e 12 anos.4

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REVISÃO DA LITERATURA

O Levantamento Epidemiológico realizado pelo Ministério da Saúde em nível nacional, SB Brasil, finalizado em 2003, demonstrou a importância e necessidade de que os serviços de saúde estejam organizados para intervir e controlar os principais agravos bucais.5

As ações de cuidado no primeiro ano de vida devem ser realizadas no contex-to do trabalho multidisciplinar da equipe de saúde como um todo, de forma a evitar a criação de programas de saúde bucal específicos para este grupo etário, evitando assim que ocorram de forma vertical e isolada da área médica. O trabalho de prevenção deve estar direcionado à gestante, aos pais e às pessoas que cuidam da criança.

A escovação está indicada a partir da erupção do primeiro dente decíduo, associada ao uso de dentifrício de1100 ppm de flúor na quantidade equivalente a um grão de arroz cru.6 Um cuidado particularmente importante é a frequência

do uso do creme dental, pois acontece ingestão do mesmo nessa idade, podendo causar fluorose. O dentifrício deve ser mantido fora do alcance das crianças e a higienização deve ser realizada pelos pais ou responsáveis.

Na faixa etária de 2 a 9 anos, é o período ideal para desenvolver hábitos saudáveis e para participação em programas educativo/preventivos de saúde bucal. É importante incentivar o uso racional do açúcar, pois seu consumo excessivo aumenta o risco de cárie dental, de obesidade e de várias outras doenças crônicas.7

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O enfoque familiar é importante uma vez que o aprendizado se dá também por meio da observação do comportamento dos pais. No trabalho multiprofissional, o exame da cavidade bucal das crianças deve ser uma atividade de rotina. Assim, ao observar-se a presença de lesões nos dentes ou tecidos moles bucais, durante os exames, podem fazer o encaminhamento formal para o serviço odontológico. Deve-se evitar a extração precoce dos dentes decíduos, pois este procedimento pode alterar o tempo de erupção do dente permanente, podendo provocar má oclusão.

Na fase pré-escolar (2 a 6 anos de idade), é importante que a introdução e a oferta de alimentos variados, iniciadas aos seis meses de idade, tenham continuidade. Nessa fase a criança ainda está formando seus hábitos alimentares e ela deve ser estimulada a participar do ato de alimentar-se. O período pré-escolar é um excelente período para introduzir hábitos alimentares saudáveis e ajudar a criança a entender que isso faz parte de um modo de vida saudável.

Em relação às crianças em fase escolar (7 a 10 anos), a alimentação saudável deve continuar a promover o crescimento e o desenvolvimento físico e intelectual. A escovação contínua sendo responsabilidade dos pais ou responsáveis, mas a medida que a criança cresce, deve ser estimulada a fazer a escovação sozinha. Neste período é importante que a criança escove seus dentes e os pais/responsáveis complementem a escovação, na medida em que o desenvolvimento da motricidade se dá ao longo do tempo.

Com a aproximação da idade adulta, cresce o risco às doenças periodontais e também ocorre a redução do risco biológico à cárie. Após os 10

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anos, observa-se alta incidência de gengivites e pode ocorrer uma doença, de baixa prevalência, não exclusiva, mas própria desta faixa etária, a periodontite juvenil localizada ou generalizada, cujas características principais são a quantidade de placa bacteriana não compatível à severa destruição periodontal e progressão rápida. Os profissionais devem estar atentos para esta possibilidade. A visita periódica à unidade de saúde para diagnóstico precoce da doença se constitui na melhor forma de prevenção. Os resultados alcançados com o tratamento, em geral, são satisfatórios. A alimentação saudável segue os mesmos princípios da alimentação para a família, incluindo todos os grupos de alimentos e fornecendo os nutrientes adequados ao crescimento e às modificações corporais que ocorrem nesse período.5

Dentre as doenças bucais mais prevalentes na população pediátrica, abordaremos primeiramente a doença cárie, que se manifesta clinicamente como uma infecção bacteriana. A atividade metabólica das bactérias resulta em um contínuo processo de desmineralização e remineralização do tecido dentário, e o desequilíbrio nesse processo pode causar uma progressão da desmineralização do dente com consequente formação da lesão de cárie. Hoje, sabemos que os estágios anteriores da doença antes da cavidade podem ser paralisados por ações de promoção à saúde e prevenção. 5

A Cárie na primeira infância8 é uma doença de alta prevalência e

severidade7 e por isso necessita de intervenções e abordagens precoces em

nível individual e coletivo.

Os principais fatores de risco identificados nas crianças são: fatores culturais e socioeconômicos, falta de acesso ao flúor, controle mecânico do

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biofilme deficiente, excessivo e frequente consumo de açúcar e hiposalivação. Segundo o Ministério da Saúde, para controle e prevenção da cárie na população, destacam-se medidas de saúde pública intersetoriais e educativas, que possibilitem acesso à alguma forma de flúor, redução do consumo do açúcar e disponibilidade de informação sistemática sobre os fatores de risco e autocuidado.5

Ações educativas e preventivas são realizadas com grupos e, por isso, utilizam-se os espaços sociais (creches, escolas, comunidade) e espaços da unidade de saúde. As crianças em idade pré-escolar e escolar podem ser alvo dessas ações, pelo impacto de medidas educativas e preventivas nessa faixa etária e pela importância da atuação na fase de formação de hábitos.

Pela importantíssima participação da escovação com dentifrício fluoretado na prevenção da cárie, garantir o seu acesso de forma universalizada por parte dos usuários da área de abrangência deve ser considerada uma política importante entre as ações de saúde bucal.

O tratamento individualizado, compreende orientações sobre a escovação dental, uso do fio dental, limpeza da língua e frequência de higienização; remoção profissional de placa, por meio de raspagem e/ou utilização de instrumentos rotatórios ou vibratórios apropriados; remoção da dentina cariada e selamento das cavidades com material provisório; avaliação das causas do desequilíbrio identificado e intervenção sobre os fatores determinantes; ações educativas para controle da placa; uso tópico de flúor de acordo com a indicação e risco até o controle da doença; aconselhamento dietético e estímulo ao fluxo salivar.

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A decisão sobre a restauração do dente deve ser conservadora, evitando-se a intervenção evitando-sempre que possível.5 As lesões restritas ao esmalte dentário

devem ser monitoradas, não sendo indicada também a abertura de sulcos escurecidos, pois, são característicos de lesões de cárie inativa. As lesões não cavitadas com sombreamento indicam a possibilidade de cárie na dentina devem ter seu diagnóstico complementado com radiografia. No tratamento das lesões cavitadas em dentina, procurar conservar a maior quantidade de tecidos dentários, evitando assim, a exposição pulpar. 5

Segundo dados do SBBRASIL 2010, as crianças de 5 e 12 anos da região norte possuem o maior índice de CEO-D/CPO-D.9

Além da cárie, a doença periodontal também deve ser vista como um processo de desequilíbrio, porém, as ações de agressão e defesa são sobre os tecidos de sustentação e proteção do elemento dental, que tem como principal determinante a placa bacteriana. Esse acúmulo de placa pode causar a gengivite, uma inflamação dos tecidos gengivais. Os tecidos gengivais ficam irritados e podem sangrar quando a criança for escovar os dentes.

Os principais fatores de risco são: fatores culturais e sócio-econômicos, que tem como consequência a ausência de controle de placa. Conforme o ministério da Saúde, há organização das ações de vigilância sobre os sinais de risco em saúde bucal e ações de promoção à saúde principalmente nos grupos de risco social, que não possuem acesso à escovação, com presença sangramento/secreção gengival, e portadores de imunodepressão.

O tratamento pode se estender por várias sessões, individuais ou coletivas, de preferência semanais, cujo número irá depender do controle da

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doença. É realizada a remoção de fatores retentivos de placa; raspagem e polimento supragengival profissional; ações educativas para controle de placa; monitoramento e controle dos fatore de risco. Em caso da gengivite estar relacionada com fatores sistêmicos ou medicamentosos, deve ser avaliada a possibilidade de intervenção sobre esses fatores. O progresso do tratamento deve ser avaliado por meio da avaliação do controle de placa e da atividade de doença, e poderá ter alta o usuário com ausência de sangramento gengival aliada com uma quantidade mínima de placa, compatível com o seu estado de saúde periodontal. 5

Outro principal agravo em saúde pública, principalmente nas crianças, é o traumatismo dentário. Muitas vezes, porém, o atendimento que deveria ser imediato não é efetivamente realizado devido à falta de conhecimento de pais e responsáveis.10 A lesão traumática pode estar restrita aos tecidos moles, sendo

classificadas em: concussão, subluxação, extrusão, luxação lateral, intrusão e avulsão. Entretanto, quando há envolvimento da estrutura dentária ou da base óssea alveolar estas lesões se classificam em: trincas de esmalte, fratura de esmalte, fratura de dentina sem exposição pulpar, fratura de esmalte-dentina com exposição pulpar, fraturas coronorradiculares sem exposição pulpar, fraturas coronorradiculares com exposição pulpar, fratura radicular e fratura alveolar.5

As lesões que envolvem os dentes anteriores (incisivos centrais, incisivos laterais e caninos) podem resultar em efeitos desfavoráveis na função e causar sintomatologia dolorosa, afetando diretamente a autoestima, o comportamento e o sucesso pessoal, especialmente se há perda dentária permanente.11

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Apesar da existência de poucos estudos de base populacional sobre prevalência de traumatismo12, no Brasil, os crescentes índices de violência,

acidentes e brincadeiras realizadas em ambientes pouco seguros sem uso de equipamentos de proteção, têm transformado o traumatismo dentário em um problema frequente na saúde pública. De acordo com o Ministério da Saúde, as Equipes de Saúde Bucal devem realizar investigações dos casos de traumatismos dentários diagnosticados na sua área de abrangência para identificar os fatores sociais, ambientais, culturais e individuais que determinam sua ocorrência. Além de propor ações intersetoriais e de educação em saúde que visem assegurar medidas de proteção e prevenção de acidentes e garantir comportamentos seguros.

O cuidado ideal dos traumas dentários deve incluir os primeiros socorros (cuidado imediato com dentes danificados para evitar contaminação bacteriana nos túbulos dentinários e possível inflamação pulpar, assepsia da área traumatizada, controle do sangramento e da dor, contenção), cuidado pré-hospitalar, atendimento clínico e acompanhamento. Algumas lesões dentárias traumáticas podem e devem ser resolvidas na rede básica e podem exigir monitoramento radiográfico. O atendimento de urgência deve ocorrer na Unidade Básica, podendo haver o encaminhamento ao CEO ou hospital, de acordo com a gravidade e extensão do trauma e das condições físicas do usuário. 5

Por fim, a má oclusão, que é uma desordem de desenvolvimento do complexo craniofacial que afeta os maxilares, língua e músculos faciais.13

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Resulta da interação entre fatores hereditários e ambientais, causando alterações funcionais e estéticas, que muitas vezes trazem consequências psicossociais para o paciente em desenvolvimento. Devido à sua elevada prevalência e por apresentar impacto negativo na vida do indivíduo e na sociedade, a má oclusão é considerada um problema de saúde pública. 14

No SB Brasil (2003), quando observamos a distribuição das anormalidades dentofaciais na idade de 12 anos, segundo macrorregião, a prevalência da condição oclusal muito severa ou incapacitante no Brasil foi cerca de 6,5%. Ressalta-se que para este grupo o tratamento é obrigatório segundo recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS).2

Assim como as demais patologias bucais, as más oclusões também podem ser consideradas como tendo uma natureza multifatorial e que são afetadas diretamente pela condição sócio-econômica, geralmente impedindo que os indivíduos tenham acesso aos serviços de saúde, mesmo porque raramente encontramos propostas de prevenção e tratamento para este problema. Ao desconhecer-se a importância e gravidade dos quadros de más oclusões severas, perpetua-se o quadro de exclusão social das crianças de baixa renda.

É proposto pelo Ministério da Saúde5, ações de promoção, tratamento e

proteção para os fatores de risco, com ênfase em medidas de saúde pública intersetoriais e educativas, que possibilitem acesso à informação sobre os fatores de risco e formas de prevenção da má oclusão; aconselhamento e acompanhamento de gestantes sobre os cuidados durante o parto e período puerperal, estimulando a amamentação no peito, por período mínimo de 6 meses. E na impossibilidade desta, esclarecimento sobre as possibilidades de

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uso de bicos ortodônticos que minimizem os problemas de desenvolvimento das estruturas da face.

A correção da má oclusão instalada e que não pode ser prevenida ou minimizada pode ser feita por meio de Tratamento Ortodôntico ou Tratamento Ortopédico Funcional dos Maxilares.15

O tratamento preventivo e interceptativo na Atenção Básica refere-se a um nível informativo e de mínima intervenção profissional, na qual a equipe de saúde bucal deve aconselhar e acompanhar a criança, estimulando-a: a manter um padrão de respiração nasal; estímulo à alimentação e higienização adequadas ao desenvolvimento da face e oclusão; esclarecimento da importância de manutenção dos dentes decíduos em perfeito estado para o desenvolvimento da face e oclusão; orientação mastigatória buscando corrigir pequenos desvios de posição; e execução de desgastes seletivos.

Referenciar para Otorrinolaringologista e/ou Fonoaudiólogo quando houver necessidade de atuação interdisciplinar na intervenção e tratamento de problemas do trato respiratório ou quando houver necessidade de correção de hábitos bucais que favorecem a má oclusão por interposição de forças mecânicas como chupetas, sucção do polegar, roer unhas e interposição de língua. Quando existir oclusopatia é necessário referenciar para serviços especializados.5

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Identificar as doenças mais prevalentes e os cuidados individuais e coletivos adotados em saúde pública abordando a educação, prevenção e tratamento na população pediátrica.

DISCUSSÃO

O Brasil é marcado por profundas desigualdades regionais, fruto de um patrimônio histórico que demarca o uso do território e a configuração política e econômica do país. De acordo com a constituição, as atividades do governo federal devem basear-se em planos plurianuais aprovados pelo congresso nacional por períodos de quatro anos. Os objetivos essenciais para o setor da saúde foram a melhoria da situação geral de saúde, com ênfase na redução da mortalidade infantil reorganização político-institucional do setor, com vistas a potencializar a capacidade operativa do SUS.

A principal e ótima estratégia para o fortalecimento da atenção básica é o Programa Saúde da Família, introduzido pelas secretarias municipais de saúde em colaboração com os estados e o Ministério da Saúde Pública . As atividades de prevenção e controle de doenças seguem diretrizes estabelecidas por especialistas técnicos do Ministério da Saúde Pública. Apesar dos avanços nos princípios fundamentais da integralidade e universalidade, o SUS ainda não apresenta resposta e estrutura adequadas para o enfrentamento das questões de saúde bucal que afetam parte da população.

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A disponibilidade limitada de procedimentos preventivos e terapêuticos e a baixa eficácia dos programas de promoção da saúde significam que os problemas de saúde bucal progridem a ponto de exigir cuidados mais complexos, culminando frequentemente na necessidade de encaminhamento para o nível secundário de atenção.

O acesso aos serviços de saúde tem impactos populacionais sobre a saúde bucal. Assim, uma pesquisa quantitativa e qualitativa é essencial para avaliar a eficácia de tais serviços. O acesso aos serviços de saúde bucal caracteriza-se especificamente pela entrada no sistema de saúde público ou privado. É dependente de uma ampla gama de características individuais e coletivas, como condições socioeconômicas, perfil demográfico, necessidade de cuidados, autopercepção da saúde bucal e, na população pediátrica, da compreensão dos pais sobre as necessidades de saúde bucal de seus filhos.

De acordo com a Constituição brasileira de 1988 o, o acesso universal aos serviços públicos de saúde para todos os cidadãos é dever do Estado e um dos princípios norteadores do Sistema Único de Saúde (SUS).

Apesar do acesso ter melhorado progressivamente por meio do planejamento e aumento da disponibilidade de recursos materiais, humanos e financeiros; entretanto, em certas regiões do país, ainda é limitado, principalmente para pessoas de menor nível socioeconômico.

De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde Bucal de 2010, aproximadamente 18% das crianças de 12 anos no Brasil nunca foram ao dentista. Os piores resultados foram encontrados nas regiões Norte e Nordeste

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do país, que apresentam menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) em comparação às demais regiões.

O projeto Oral Health Brasil (SB Brasil) é de grande importância e demonstrou diferença no índice de ceo-d (dentes decíduos cariados, obturados ou com indicação de extração) entre as regiões, com maior prevalência de cárie nas regiões Norte e Nordeste e prevalência de obturados dentes sendo mais elevados nas regiões Sudeste e Sul.

Uma forma de identificar a demanda real, os padrões de utilização e quais locais mais carecem de serviços de saúde bucal é realizar pesquisas populacionais de âmbito nacional. Tais pesquisas envolvem amostra representativa da população e, consequentemente, fornecem um retrato mais confiável da realidade dos serviços de saúde e de seus usuários.

Embora um amplo debate mundial tenha começado enfatizando a determinação econômica e social da saúde desde a década de 1960, em oposição à abordagem curativa do controle de doenças, as práticas de saúde bucal no Brasil continuaram individualizadas.

Seguindo as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), da International Dentistry Federation (FDI), da International Association for Dental Research (IADR) e dos estudos internacionais que demonstraram os benefícios da adição de substâncias fluoretadas no controle da cárie, o país finalmente adotou uma técnica de fluoretação sistêmica do abastecimento público de água, tornando-a obrigatória desde 1975.

Dados epidemiológicos mostraram que a prevalência de cárie foi 49% maior nos municípios que não utilizavam esse método sistêmico. Os

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componentes ausentes e deteriorados do índice CPOD também foram significativamente maiores do que aqueles observados nas comunidades que receberam esse benefício. Porém, até 2004, apenas 60% dos municípios brasileiros com abastecimento público de água haviam implantado a fluoretação das águas.

Garantir a fluoretação da água é importante, mas garantir níveis adequados de teor de flúor (0,07 / ppm) também é importante para evitar que a população seja exposta a uma overdose, que poderia representar um risco de fluorose dentária, ou a uma underdose, que seria não trazem nenhum benefício ao esforço de redução da prevalência de cárie dentária.

Não há dúvidas sobre a importância da fluoretação da água de abastecimento público no país, mas, com a criação do SUS em 1988, surgiu a necessidade de definir diretrizes para a atenção à saúde bucal. Até então, a prática de atendimento odontológico era reconhecida como ineficiente, de baixa cobertura, de caráter monopolista e mercantil, de baixa resolução e mal distribuída geográfica e socialmente. O atendimento odontológico nas escolas foi priorizado e os demais cidadãos receberam apenas atendimento emergencial.

A Política Nacional de Saúde Bucal - criada em 1989, estabelecia que o sistema de atenção odontológica deveria ser estruturado para oferecer serviços de atenção básica a toda a população de acordo com os princípios do SUS. Foi reconhecida uma situação epidemiológica grave na saúde bucal brasileira, principalmente no que se refere à cárie dentária na infância.

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Portanto, a prioridade foi dada às ações na faixa etária de 6 a 12 anos, devido à erupção dos dentes permanentes e pela eficiência das atitudes educativas e preventivas tópicas nesta fase.

No entanto, esse modelo, ao priorizar grupos específicos, frequentemente excluía aqueles que não pertenciam a eles, o que ofendia o direito constitucional ao acesso igualitário e universal de toda a população aos serviços de saúde.

As condições da população infantil ainda estão muito distantes de um estado ideal de saúde bucal. Isso também ocorre em países desenvolvidos, pois a prática da assistência odontológica adotada pela maioria dos países prioriza o tratamento curativo, em detrimento de ações de caráter coletivo com o objetivo de promoção da saúde. Essa prática tem se mostrado ineficaz para a melhoria da saúde bucal e a situação ainda é precária em todo o mundo.

Uma nova perspectiva no planejamento das ações de saúde bucal no setor público foi adotada em 2000, com a inclusão das equipes de saúde bucal no Programa de Saúde da Família - PSF, criado em 1994. Nesse contexto, a saúde bucal também deve ter um enfoque estruturado no conceito de promoção da saúde que se integre às demais áreas da saúde

Para isso, foram instituídos princípios que norteiam as equipes de saúde no estabelecimento de territórios para atendimentos prioritários, no controle das doenças bucais e no enfoque no seu impacto epidemiológico a médio e longo prazo. Logo, famílias vêm recebendo visitas domiciliares de profissionais de saúde com o objetivo de orientar e acompanhar o processo saúde-doença no círculo familiar.

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Para tanto a PNSB propõe uma reorientação do modelo de atenção à saúde, amparada por uma adaptação do sistema de trabalho das equipes de Saúde Bucal para que incluam ações de promoção, proteção e recuperação da saúde. A intenção é aumentar racionalmente o acesso à atenção integrada à saúde bucal, onde as "linhas de cuidado" (desde a infância até a adolescência, idade adulta e velhice) possam ter um fluxo centralizado que inclui as etapas de acolhimento, informação, atendimento e encaminhamento (incluindo encaminhamento e contra-referência), a fim de resultar em ações resolutivas.

Para que essa mudança na prática odontológica ocorra, são necessários processos importantes para aumentar e qualificar a assistência para garantir o acesso à atenção básica, e também para melhorar a estrutura da atenção secundária e terciária. Esses serviços odontológicos especializados, no âmbito do SUS, correspondem a não mais que 3,5% do total de procedimentos clínicos odontológicos. Entre as ações contempladas na política e financiadas pelo Ministério da Saúde pode-se destacar a implantação dos Centros de Especialidades Odontológicas (CEO) (Centros de Especialidades Odontológicas). Esses centros estão distribuídos em todos os municípios dos estados brasileiros com histórico de referência em atenção especializada em outras áreas. Nos CEOs, os procedimentos clínicos complementares aos procedimentos de atenção primária incluem cirurgia periodontal, tratamento endodôntico, cirurgias orais menores, diagnóstico e suporte para o tratamento de lesões orais e tratamento oferecido a grupos especiais de pacientes.

Vale também destacar a distribuição de produtos às equipes de saúde bucal para realização de procedimentos clínicos restauradores e preventivos que

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aumentem a resolutividade dos procedimentos de atenção primária. Salienta-se também o aumento do incentivo às equipes de saúde bucal do PSF com fornecimento de equipamentos odontológicos mais modernos.

Além disso, destaca-se o apoio financeiro para implantação da fluoretação da rede pública de abastecimento de água nos municípios que ainda não implantaram esse procedimento. Essa política também inclui um sistema permanente de vigilância epidemiológica e de informações que acompanha o impacto das ações, avalia e planeja diferentes estratégias e / ou adaptações que se façam necessárias de acordo com os diferentes perfis socioeconômicos da população brasileira. Assim, uma agenda de pesquisas científicas que envolva o estudo dos principais problemas de saúde bucal e o desenvolvimento de alternativas tecnológicas para enfrentá-los é parte fundamental desta política e tem sido incentivada.

Para a efetiva implementação dessas ações no médio e longo prazos, é necessário o acompanhamento e a efetiva participação da sociedade. Esse processo é viabilizado no cotidiano do SUS por meio dos Aconselhamento em Saúde Municipal e Estadual existentes em todo o território nacional, bem como pela participação em Conferências de Saúde convocadas para o diálogo e debate permanente dos participantes da construir um sistema dinâmico e democrático.

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CONCLUSÃO

Por meio desta pesquisa pode-se concluir que a saúde no Brasil deve ser repensada dentro do contexto social e econômico em que vive o país. Assim, tendo em vista a situação socioepidemiológica brasileira e a importância dos fatores determinantes no processo saúde-doença, as políticas públicas devem ser direcionadas à promoção da saúde, com estratégias que valorizem a criação de condições favoráveis ao desenvolvimento e a qualificação da atenção à saúde bucal, principalmente em um período tão importante como a infância.

REFERÊNCIAS

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