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PORTUGUÊS - 3 o ANO MÓDULO 10 RECURSOS EXPRESSIVOS DA LÍNGUA: IRONIA E AMBIGUIDADE

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(1)

MÓDULO 10

RECURSOS

EXPRESSIVOS DA

LÍNGUA: IRONIA E

(2)
(3)

(ENEM) No ano passado, o governo promoveu uma campanha a fim de reduzir os índices de violência. Noticiando o fato, um jornal publicou a seguinte manchete:

CAMPANHA CONTRA A VIOLÊNCIA DO GOVERNO DO ESTADO ENTRA EM NOVA FASE

A manchete tem um duplo sentido, e isso dificulta o entendimento. Considerando o objetivo da notícia, esse problema poderia ter sido evitado com a seguinte redação:

a) Campanha contra o governo do Estado e a violência entram em nova fase. b) A violência do governo do Estado entra em nova fase de Campanha. c) Campanha contra o governo do Estado entra em nova fase de violência. d) A violência da campanha do governo do Estado entra em nova fase. e) Campanha do governo do Estado contra a violência entra em nova fase

(4)

1) (ITA)

A aposentada A. S., 68, tomou na semana passada uma decisão macabra em re-lação ao seu futuro. Ela pegou o dinheiro de sua aposentadoria (um salário-mínimo) e comprou um caixão.

A. mora com a irmã, M. F., 70, que também é aposentada. Elas não têm parentes. A. diz que está investindo no futuro. Sua irmã a apoia. A. também comprou a mortalha — roupa que quer usar quando morrer. O caixão fica guardado na sala da casa.

(“Aposentada compra caixão para o futuro”. Folha de S.Paulo, 22/8/1992, adaptado)

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1) (ITA)

A aposentada A. S., 68, tomou na semana passada uma decisão macabra em re-lação ao seu futuro. Ela pegou o dinheiro de sua aposentadoria (um salário-mínimo) e comprou um caixão.

A. mora com a irmã, M. F., 70, que também é aposentada. Elas não têm parentes. A. diz que está investindo no futuro. Sua irmã a apoia. A. também comprou a mortalha — roupa que quer usar quando morrer. O caixão fica guardado na sala da casa.

(“Aposentada compra caixão para o futuro”. Folha de S.Paulo, 22/8/1992, adaptado)

Localize o trecho que revela ironia e explique como se dá esse efeito.

2) (FUVEST)

Dinheiro encontrado no lixo

Organizados numa cooperativa em Curitiba, catadores de lixo livraram-se dos inter-mediários e conseguem ganhar por mês, em média, R$600,00 — o salário inicial de uma professora de escola pública em São Paulo.

O negócio prosperou porque está em Curitiba, cidade conhecida dentro e fora do país pelo sucesso na reciclagem do lixo.

(Folha de S.Paulo, 22/09/00.)

Quando se lê essa notícia, nota-se que seu título tem duplo sentido. Quais são os dois sentidos do título?

(6)
(7)

3) Crie para a notícia um título que lhe seja adequado e não apresente duplo sentido.

(VERISSIMO, Luis Fernando. As Cobras. Porto Alegre: L&PM, 1997.)

(8)

5) Esta placa está afixada numa das dependências do Aeroporto Internacional de Porto Velho, Rondônia. Apesar de correta no idioma inglês, a ortografia, em português, apresenta um erro crasso. No entanto, pode ser considerada, mantida a “ortografia”, um neologismo muito atual.

• Neologismo: s.m. Palavra nova, ou nova acepção de uma palavra já existente na língua.

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5) Esta placa está afixada numa das dependências do Aeroporto Internacional de Porto Velho, Rondônia. Apesar de correta no idioma inglês, a ortografia, em português, apresenta um erro crasso. No entanto, pode ser considerada, mantida a “ortografia”, um neologismo muito atual.

• Neologismo: s.m. Palavra nova, ou nova acepção de uma palavra já existente na língua.

A partir da variação ortográfica. Determine o sentido que o neologismo apresenta na placa.

6) Explique por que tal neologismo aparece, ironicamente, de forma atual no contexto político brasileiro.

(10)

7) (ITA)

O anúncio abaixo, de uma rede de hipermercados, apareceu num outdoor por oca-sião das festas de fim de ano.

Seus amigos secretos estão no Carrefour

(11)

7) (ITA)

O anúncio abaixo, de uma rede de hipermercados, apareceu num outdoor por oca-sião das festas de fim de ano.

Seus amigos secretos estão no Carrefour

Aponte duas interpretações possíveis para esse anúncio.

8) (ITA) Na frase abaixo, extraída do texto publicitário de um conceituado restaurante, há uma palavra cujo significado contraria o efeito de sentido esperado.

A nossa meta de atendimento é eficiência e cortesia.

(12)

9) As charges a seguir ironizam o escândalo das passagens aéreas no Congresso, em que políticos usaram o dinheiro público destinado a viagens de trabalho para fins pessoais:

(M.AURÉLIO. Zero Hora [RS], 25/04/09.) (IOTTI, Zero Hora [RS], 25/04/09.)

De certa forma, o texto IV dialoga com o texto V expressando uma opinião sobre os fatos apresentados. Considerando a inscrição da bandeira brasileira, “apagada” pelo avião, explicite o juízo de valor expresso pela primeira charge acerca do fato representado pelo texto V.

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9) As charges a seguir ironizam o escândalo das passagens aéreas no Congresso, em que políticos usaram o dinheiro público destinado a viagens de trabalho para fins pessoais:

(M.AURÉLIO. Zero Hora [RS], 25/04/09.) (IOTTI, Zero Hora [RS], 25/04/09.)

De certa forma, o texto IV dialoga com o texto V expressando uma opinião sobre os fatos apresentados. Considerando a inscrição da bandeira brasileira, “apagada” pelo avião, explicite o juízo de valor expresso pela primeira charge acerca do fato representado pelo texto V.

10) (PUC)

A Classe

A eliminação gradual da classe média brasileira, um processo que começou há anos mas que de uns tempos para cá assumiu proporções catastróficas, a ponto de a classe média brasileira ser hoje classificada pelas Nações Unidas como uma espécie em extinção, junto com o mico-rosa e a foca- -focinho-verde, está preocupando autoridades e conservacionistas nacionais. Estudam-se medidas para acabar com o massacre indiscriminado que vão desde o estabelecimento de cotas anuais — só uma determinada parcela da classe média poderia ser abatida durante uma temporada — até a criação de santuários onde, livre de imp-ostos extorsivos e protegida de contracheques criminosos e custos predatórios, a classe média brasileira se reproduziria até recuperar sua antiga força numérica, e numerária. Uma espécie de reserva de mercado. A tentativa de recriar a classe média brasileira em laboratório, como se sabe, não deu certo. Os protótipos, assim que conseguiram algum dinheiro, fretaram um avião para Disneyworld.

A preservação natural da classe média brasileira evitaria coisas constrangedoras como a recente reunião da classe realizada em São Paulo, à qual, de vários pontos do Brasil, compareceram dezessete pessoas. As outras cinco não conseguiram crédito para a passagem. A reunião teve de ser transferida do Morumbi para a mesa de uma pizzaria, e ninguém pediu vinho. Uma proposta para que a classe fizesse greve nacional para chamar a atenção do país para a sua crescente insignificância foi rejeitada sob a alegação de que ninguém iria notar. Fizeram uma coleta para financiar a eleição de representantes da classe média na Assembleia Constituinte, mas acabaram devolvendo os 10 cruzeiros. A única resolução aprovada foi a de que, para evitar a perseguição, todos se despojassem

os garçons se cotizaram e deram uma gorjeta para os integrantes da mesa.

Cenas lamentáveis têm ocorrido também com ex-mem-bros da classe média que, passando para uma classe infe-rior, não sabem como se comportar e são alvo de desprezo de pobres tradicionais, que os chamam de “novos pobres”.

— Viu aquela ali? Quis fazer caneca de lata de óleo e não sabe nem abrir um buraco com prego.

— E usa lata de óleo de milho. — Metida a pouca coisa...

— Já viram ela num ônibus? Não sabe empurrar a bor-boleta com a anca enquanto briga com o cobrador.

— E não conta o troco! — Berço é berço, minha filha.

Alguns pobres menos preconceituosos ainda tentam ajudar os novos pobres a evitar suas gafes.

— Olhe, não leve a mal... — O quê?

— É o seu jeito de falar. — Diga-me.

— Você às vezes usa o pronome oblíquo muito certo. — Mas...

— Aqui na vila, pronome oblíquo certo pega mal. — Sei.

— E outra coisa... — O quê? — Os seus discos.

— O toca-discos foi a única coisa que eu consegui salvar quando me despejaram.

— Eu sei. Mas Julio Iglesias?!

(VERISSIMO, Luis Fernando. Jornal do Brasil, 17/07/85.)

O título do texto, A Classe, estabelece uma ambiguidade que resume toda a questão apresentada no mesmo. Explique essa ambiguidade.

(14)

11) O texto de Verissimo faz uso de ironia para falar da extinção da classe média. Transcreva duas passagens que comprovem a afirmação acima.

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11) O texto de Verissimo faz uso de ironia para falar da extinção da classe média. Transcreva

(16)

13) Veja o trecho:

A única resolução aprovada foi a de que, para evitar a perseguição, todos se despojassem de sinais ostensivos de serem da classe média, como carro pequeno etc., e passassem a viver como pobres. Aí não seria rebaixamento social, seria disfarce.

Escreva duas frases em que a palavra “aí” esteja empregada com valor semântico e de uso: a) igual ao trecho acima

(17)

13) Veja o trecho:

A única resolução aprovada foi a de que, para evitar a perseguição, todos se despojassem de sinais ostensivos de serem da classe média, como carro pequeno etc., e passassem a viver como pobres. Aí não seria rebaixamento social, seria disfarce.

Escreva duas frases em que a palavra “aí” esteja empregada com valor semântico e de uso: a) igual ao trecho acima

b) diferente do do trecho acima

14) (ITA)

Leia o texto seguinte:

Sítio Bom Jardim apresenta Forró Sertanejo com a banda Casa Nova, no dia 30 de ou-tubro, a partir das 21 horas. Mulher acompanhada até 24 horas não paga. Venha e participe desta festa.

(Jornal Vale ADC’S, out./1999, adaptado)

Localize o trecho em que há ambiguidade. Aponte duas interpretações possíveis para esse trecho, considerando o contexto.

(18)

15) (FUVEST)

BR contribuindo para o cinema brasileiro rodar cada vez melhor

A Petrobras Distribuidora sempre investiu na cultura do País e acreditou no potencial do cinema brasileiro. E a Mostra BR de Cinema é um exemplo disso. Sucesso de público e

crítica, hoje a Mostra já está na sua 26a edição e sua qualidade é reconhecida por cineastas

do mundo todo. E você tem um papel muito importante nesta história: toda vez que abastecer em um Posto BR estará contribuindo também para o cinema brasileiro rodar cada vez mais.

(Adaptado do Catálogo da 26a Mostra BR de Cinema – out/2002)

Considerando os elementos verbais que constituem este anúncio, identifique no texto: a) A palavra que estabelece de modo mais eficaz uma relação entre patrocinado e patrocinador. Justifique sua resposta.

(19)

15) (FUVEST)

BR contribuindo para o cinema brasileiro rodar cada vez melhor

A Petrobras Distribuidora sempre investiu na cultura do País e acreditou no potencial do cinema brasileiro. E a Mostra BR de Cinema é um exemplo disso. Sucesso de público e

crítica, hoje a Mostra já está na sua 26a edição e sua qualidade é reconhecida por cineastas

do mundo todo. E você tem um papel muito importante nesta história: toda vez que abastecer em um Posto BR estará contribuindo também para o cinema brasileiro rodar cada vez mais.

(Adaptado do Catálogo da 26a Mostra BR de Cinema – out/2002)

Considerando os elementos verbais que constituem este anúncio, identifique no texto: a) A palavra que estabelece de modo mais eficaz uma relação entre patrocinado e patrocinador. Justifique sua resposta.

b) Duas possíveis leituras da frase “E você tem um papel muito importante nesta história”.

16) (ITA)

Boleiros sob medida

Ciência e futebol é uma tabelinha raramente esboçada no Brasil. A academia não costuma eleger os gramados como objeto de estudo e o mundo dos boleiros tampouco tem o hábito de, digamos, dar bola para o que os pesquisadores dizem sobre o esporte mais popular do planeta.

Numa situação privilegiada nos dois campos, tanto na ciência quanto no futebol, Turíbio Leite de Barros, diretor do centro de Medicina da Atividade Física e do Esporte da Universi-dade Federal de São Paulo (Cemafe/Unifesp) e fisiologista da equipe do São Paulo Futebol Clube há 15 anos, produziu um estudo que traça o perfil do futebol praticado hoje no Brasil do ponto de vista das exigências físicas a que os jogadores de cada posição do time são submetidos numa partida.

(PIVETTA, Marcos. Pesquisa. FAPESP, maio de 2002, p. 42.)

O texto contém termos do universo do futebol, como, por exemplo, “tabelinha”, uma jogada rápida e entrosada normalmente realizada entre dois jogadores.

Retire do texto outras duas expressões que, embora caracterizem esse universo, também assumem outro sentido. Explique esse sentido.

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17) O título do texto anterior pode ser considerado ambíguo devido ao uso da expressão “sob medida”.

(21)

17) O título do texto anterior pode ser considerado ambíguo devido ao uso da expressão “sob medida”.

Aponte dois sentidos possíveis para esta expressão, relacionando-os ao conteúdo do texto.

(VERISSIMO, Luiz Fernando. “As Cobras”. O Estado de S.Paulo, 03/08/98.)

1) O humor de L. F. Verissimo, nesta tira, é construído a partir de um recurso gramatical envol-vendo o som e a ortografia de uma das palavras. Explique como se dá esse recurso gramatical.

(22)

A empresa e a importância da gramática

Certo dia, o gerente de vendas de uma empresa de peças industriais recebeu um fax de um vendedor novo:

— Seo Gomis, o criente de belzonte pidiu mais cuatrucenta pessa. Abrasso, Nirso. Uma hora depois, chega outro fax:

— Os relatório di venda vai xega atrazado proque to fexando umas venda. Temo que mandá treiz mil pessa. Abrasso, Nirso.

E no dia seguinte:

— Vendi maiz deis mil em Beraba. Abrasso, Nirso.

E assim foi o mês inteiro. Preocupado com a imagem da empresa, o gerente levou as mensagens ao presidente. Uma semana depois, havia um aviso no mural com as mensagens anexadas e um bilhete:

— A parti de oje nois tudo vamo fazê feito o Nirso. Si preocupá menos com eças frescura di escrevê serto i maiz in vendê! Acinado: O Prezidenti.

(Humor. Jornal Extra, 29/08/03.)

2) O humor do texto parte de uma quebra da expectativa do leitor. Explique em que consiste essa quebra.

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A empresa e a importância da gramática

Certo dia, o gerente de vendas de uma empresa de peças industriais recebeu um fax de um vendedor novo:

— Seo Gomis, o criente de belzonte pidiu mais cuatrucenta pessa. Abrasso, Nirso. Uma hora depois, chega outro fax:

— Os relatório di venda vai xega atrazado proque to fexando umas venda. Temo que mandá treiz mil pessa. Abrasso, Nirso.

E no dia seguinte:

— Vendi maiz deis mil em Beraba. Abrasso, Nirso.

E assim foi o mês inteiro. Preocupado com a imagem da empresa, o gerente levou as mensagens ao presidente. Uma semana depois, havia um aviso no mural com as mensagens anexadas e um bilhete:

— A parti de oje nois tudo vamo fazê feito o Nirso. Si preocupá menos com eças frescura di escrevê serto i maiz in vendê! Acinado: O Prezidenti.

(Humor. Jornal Extra, 29/08/03.)

2) O humor do texto parte de uma quebra da expectativa do leitor. Explique em que consiste essa quebra.

— Não é preciso mais fazer anamnest... Anamsti... Ananes... Deixa pra lá, de qualquer forma é uma palavra difícil para um leigo entender. Não é preciso que eu lhe faça mais perguntas sobre sua doença. Os exames estão claros. — O senhor desculpe, mas esse eletro aí não está de cabeça para baixo? Eu não entendo nada disso, mas é que o logotipo da clínica está de cabeça para baixo e aí eu imaginei que o exame também está.

— De cabeça para baixo? Sim, claro, mas, como leigo, o senhor não pode saber. A melhor maneira de verificar esses exames é de cabeça para baixo, invertendo-se a perspectiva do facultativo. Enfim, é um probleminha que não adianta discutir. Mas, para tranquilizar o senhor, eu vou botar como o senhor acha que eu devo. Está aí, pronto. Nenhum problema cardíaco, é óbvio, basta um olhar de relance para ver.

— Ah, então desculpe. Eu não tinha nada que me intrometer, desculpe mesmo. O senhor vai querer ainda algum exame, depois desses?

— Não, não é necessário. Por favor, o senhor pode pegar esse bloquinho na sua frente e anotar a receita que vou lhe dar?

— Eu mesmo vou fazer a receita? — Algum problema?

— Bem, é que eu nunca ouvi falar nisso. Em vez do médico escrever a receita, quem escreve é o cliente?

— É que o senhor deve estar acostumado com médicos mais antigos. A prática moderna é outra. Na Faculdade de Medicina de Rávarde...

— De onde?

— De Rávarde, é uma universidade americana de muita reputação. Mas não tem importância, vamos adiante. Escreva aí Xofitol...

— Com “Ch” ou com “X”?

— Também não vem ao caso, o farmacêutico entende. Eles entendem até letra de médico, ha-ha.

— Então está certo. X, O... Não é?

— Meu amigo, eu já disse que o senhor escreve como quiser, o farmacêu-tico entende, qualquer balconista de farmácia sabe o que é Xofitol.

— Bem, eu estou com um pequeno problema aqui. O senhor é médico e eu posso lhe dizer a verdade.

— O senhor tem que me dizer a verdade, assim como eu também. Do contrário, o tratamento sairia completamente errado. Vamos lá, escreva aí: Xofitol...

— X, O... Bom, eu vou dizer a verdade ao senhor. A verdade é que eu não sei bem escrever, tenho uma certa dificuldade.

— O senhor tem dificuldade em escrever? O senhor não me disse nada sobre isso. Falou que andava estressado, porque, além de ser professor, ainda estava estudando Direito e tem dificuldades para manter a família.

— Verdade, verdade.

— Então como é que tem dificuldade em escrever? O senhor é profes-sor de quê?

permercado... Não sai certo, mas eu e minha mulher conseguimos entender. — Sua esposa é também formada?

— É. Em Letras também. Mas escreve melhor do que eu. De vez em quando, até publica umas resenhas de livros. Claro que sozinha ela não seria capaz, mas o nosso vizinho Chico, o português dono do boteco em nossa rua, dá uma mãozinha.

— Impressionante isso. Formado em Letras e não sabe escrever. Real-mente, desculpe meu comentário, a qualidade de nosso ensino...

— Então, então o senhor agora conhece toda a situação. Pronto. Então, por favor, me faça a gentileza de escrever a receita. De fato, Xofitol não é mole de escrever. Não dá para saber se é com X ou CH, se é com U ou L no final, nossa língua é muito difícil.

— O senhor tem razão. Mas eu não vou escrever a receita. — Ô, ué! O senhor também não é formado?

— É, mas nunca consegui aprender a escrever direito.

— E como é que o senhor conseguiu passar no vestibular, cursar a faculdade, escrever trabalhos...

— Do mesmo jeito que o senhor. A múltipla escolha é uma grande sacada para os que não tiveram a chance de aprender. E com a internet, então... Agora é moleza, a juventude de hoje não sabe como é feliz. É só ir nos lugares certos da internet, para pegar um trabalho sobre qualquer assunto. — De fato. Mas é um espanto o senhor, médico jovem, mas de tanta fama, não saber escrever.

— E não é um espanto o senhor ser professor de Letras e não saber escrever?

— Bem, é. Tenho que reconhecer que é. Mas também tive uma infância pobre, vim de baixo...

— Eu não tive infância pobre, mas também vim de baixo, sua situação não é nada melhor que a minha. Vamos entrar num acordo. Trocamos segredo por segredo?

— Como assim?

— O senhor não diz a ninguém que eu não sei escrever e eu não digo a ninguém que o senhor não sabe escrever. Fechado?

— Fechado.

— Então vamos lá. Não é preciso apresentar receita para esses remédios. Vamos decorando, como nos bons tempos da faculdade. Xofitol, Xofitol, Xofitol ... Pode ser Xopitol também, o balconista entende, é para o fígado.

(RIBEIRO, João Ubaldo. O Globo, dezembro de 2001.)

3) O texto ironiza recentes acontecimentos em que um analfabeto passou nos vestibulares de algumas faculdades do Rio de Janeiro.

Considerando a natureza dos personagens do diálogo, explique em que consiste essa ironia no texto de Ubaldo Ribeiro.

(24)

4) Os personagens vêm de origens diferentes. Segundo o texto, essas origens implicam alguma diferença entre eles? Justifique sua resposta com frases completas.

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4) Os personagens vêm de origens diferentes. Segundo o texto, essas origens implicam alguma

diferença entre eles? Justifique sua resposta com frases completas. 5) Releia o trecho final:Vamos decorando, como nos bons tempos da faculdade. Xofitol, Xofitol, Xofitol... Pode ser Xopitol também, o balconista entende, é para o fígado.

O trecho destacado se sustenta a partir de um pressuposto referente aos tempos de facul-dade. Indique que pressuposto é esse.

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6) (UERJ)

(Fábio Moon e Gabriel Bá Paezinhos.blog.com.br)

Nos quadrinhos, as duas tartarugas fazem uma crítica em relação ao casal que está no carro. Explique essa crítica em uma frase, usando palavras diferentes daquelas utilizadas pelas tarta-rugas. Em seguida, justifique por que a crítica é reforçada pela imagem das próprias tartatarta-rugas.

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