ESCRITOS DE EDUCAÇÃO
PIERRE BOURDIEU
Capítulo 8 – As Categorias do Juízo Professoral
Augusto Salgado Bruno Ribeiro de Oliveira
Caio Vargas Antonio Marcos Panontin
Ingrid Silva Rodrigo Castro Tatiane de Freitas
EDM0408 – Didática (2018) – Noturno Profa. Paula Perin Vicentini
Classificações e Sistemas de Classificação
● Discussões desenvolvidas por etnociência e etnometodologia- Classificações não são funções de puro conhecimento
- Prática implica numa operação de conhecimento e classificação
● Não há registro passivo ou puramente intelectual
Exteriores ao ser, em determinados contextos, a subjetivação e as maneiras de agir, empregadas no estado prático, sem uma ação crítica à própria ação,
funcionam como agente que reproduzem a própria estrutura que os produziu. A prática produz o meio que reproduz a prática.
Classificações e Sistemas de Classificação
- O senso comum, campo no qual se estabelece o sentido e o consenso do sentido, é apenas estruturante enquanto estruturado.
- A taxonomia prática só faz sentido em determinado contexto. A subjetivação só é compreensível no ato, local e momento em que foi subjetivado.
- As funções sociais dos sistemas de classificação estão no princípio de todas as classificações escolares que determinam ou legitimam as classificações delimitadas
A Jurisprudência Professoral
A Jurisprudência Professoral se dá de acordo com as taxonomias, as apreciações e rituais de avaliação em geral gerido por professores, envolvendo sanção numerada (notas) ou não.
Formas Escolares de Classificação
“Essas formas de pensamento, de expressão e de apreciação devem sua lógica específica ao fato de que, produzidas e reproduzidas pelo sistema escolar, são o produto da transformação que a lógica específica do campo universitário impõe às formas que organizam o pensamento e a expressão da classe dominante.” (pág 188)
Diagrama
● Data de nascimento ● Profissão
● Endereço dos pais
● Estabelecimento frequentado durante o secundário
● Notas (atribuídas aos trabalhos escritos e às intervenções orais, acompanhado de apreciações justificativas
Diagrama
● Julgamento e tratamento dos professores
● Critérios problemáticos a partir da palavra, como a oralidade e o sotaque dos alunos
● Julgamentos que compõem o todo consideram aspectos físicos dos alunos
Hierarquia de acordo com origens sociais
Alunos
● Socialmente marcados ● Socialmente tratados ● Socialmente constituídos
Hierarquia de acordo com origens sociais
● A avaliação do professor sobre o aluno é enviesada pelo conhecimento prévio que o professor tem da origem social do aluno
● A clara diferença da avaliação das alunas de estratos sociais diferentes revela a representação do professor sobre o hexis corporal das alunas
Hexis Corporal
O hexis corporal é o suporte principal de um julgamento de classe que se ignora como tal, como se a intuição concreta das propriedades do corpo percebidas e designadas como propriedade da pessoa, estivessem num âmbito de apreciação global das qualidades intelectuais e morais
Hierarquia de acordo com origens sociais
Críticas do professor
● Aspectos semelhantes de críticas à obras acadêmicas
- Como se o professor se autorizasse a julgar o aluno, como um crítico literário o faz com uma obra literária, para julgar uma disposição global, à rigor indefinível, uma combinação única de diversas características tidas como escolares.
● Julgamento se dá por ordem da classe dominante
- A escola recebe “produtos” socialmente classificados, restituindo-os escolarmente classificados
Hierarquia de acordo com origens sociais
“A neutralidade escolar não passa na verdade dessa extraordinária denegação coletiva que faz por exemplo com que o professor possa, em nome da
autoridade que lhe delega a instituição escolar, condenar como escolares as produções e as expressões que apenas são o que a instituição escolar produz e exige”. (pág. 197)
Classificação Escolar
● Uso de formas eufemizadas de classificação para legitimar a própria classificação (ex: adjetivos como pensador e vulgar)
● O poder do eufemismo escolar só é absoluto quando exercido por agentes selecionados escolarmente e que o reconheçam como escolar
Atividade
Será apresentado aos alunos um questionário (sim ou não) com as seguintes perguntas:
1) Você teve acesso à educação privada em qualquer nível sem bolsa? 2) Seus pais ou responsáveis tiveram acesso ao ensino superior?
3) Você tem ou teve acesso a plano de saúde?
4) Você mora a menos de 30 minutos do centro de São Paulo?
Obra Selecionada
Cinco adolescentes do ensino médio cometem pequenos delitos na escola e, como punição, têm que passar o sábado no colégio e escrever uma redação contando o que pensam de si mesmos. O grupo reúne jovens com perfis completamente diferentes: o popular, a patricinha, a esquisita, o nerd e o rebelde. No decorrer do dia, eles passam a se conhecer melhor e a aceitar suas diferenças, compartilhando seus maiores segredos.
Obra Selecionada
Trechos selecionados:
1 - 5min50seg - Começo do filme onde o professor recebe os alunos na
detenção. Utiliza uma linguagem de desprezo com todos, enfrenta o “bad boy”, manda os alunos que o questionam calarem a boca e propõe uma redação onde os alunos escreverão sobre o que eles são. Insinua ainda que, quem sabe com a reflexão proposta no texto, alguns alunos “não se darão ao trabalho de voltar para a escola”, numa atitude bastante hostil.
Obra Selecionada
2 - 48min - Após o “bad boy” desobedecer o professor indo jogar basquete na detenção, o aluno é trancado em uma sala pequena onde é intimidado pelo professor. O adulto pede que o rapaz lhe dê um soco na cara para que ele possa ter razão para incriminá-lo, rebaixa o aluno dizendo que ele não tem nenhum valor, que não terá futuro e enaltece a si mesmo dizendo o quanto ganha de salário e como é um homem respeitado, de quem nunca duvidariam, ao contrário do “bad boy”. O aluno se encolhe, fica aterrorizado e quase chora, o professor vai embora, se sentindo vitorioso e tranca o aluno na sala.
Obra Selecionada
3 - 1h34min - Final do filme. Enquanto são mostradas cenas dos alunos indo embora no fim do dia, após a detenção, a voz do menino “nerd” lê, ao fundo, a única redação, escrita por ele próprio. O texto afirma que não adiantaria nada os alunos dizerem como são, uma vez que, para o professor, eles nada são além de “um nerd”, “um esportista”, uma “rainha do baile”, “uma estranha” e um “garoto problema”. Aparece a cena do professor lendo a redação, que denuncia como os professores corroboram com a formação de estereótipos sociais a partir de suas avaliações a respeito dos alunos.
Considerações Finais
● A linguagem escolar funciona como mecanismo ideológico - O mecanismo ideológico age por meio de agentes que seguem sua lógica
● A classificação escolar se dá de acordo com classificação social
- O domínio da taxonomia escolar por meio de agentes se dá por meio da vivência imersa nessa taxinomia, inclusive e inicialmente pela autoclassificação
- Os agentes encarregados da classificação só preenchem adequadamente essa função na medida que estão eles mesmo inseridos na classificação.
- A oposição do distinto e do vulgar são expressões eufemizadas, mas transparentes dos interesses de classe