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O ACERVO DA EFNOB/BAURU: O USO DAS NOVAS TECNOLOGIAS INFORMACIONAIS NA GESTÃO DOS DOCUMENTOS

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O ACERVO DA EFNOB/BAURU: O USO DAS NOVAS TECNOLOGIAS

INFORMACIONAIS NA GESTÃO DOS DOCUMENTOS

GOMES, SAMIR HERNANDES TENÓRIO

Universidade Estadual Paulista. Departamento de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo samirhtg@faac.unesp.br

RESUMO

Este relato apresenta a criação, organização e disseminação do acervo documental do patrimônio industrial ferroviário da EFNOB – Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, na cidade de Bauru, apoiado no uso das novas tecnologias informacionais de acesso, por meio da construção de uma base de dados digital. Com essa estratégia foi possível criar o Centro de Memória e Informação Virtual no contexto do Museu Ferroviário de Bauru, uma rede digital por meio do qual são garantidos o armazenamento e a recuperação das bases bibliográficas, cartográficas e fontes documentais da EFNOB.

Palavras-chave: Novas Tecnologias da Informação; Estrada de Ferro Noroeste do Brasil; Patrimônio Industrial Ferroviário; Disseminação de Informação do Patrimônio Industrial Ferroviário.

Introdução

No Brasil, os serviços de informação destinados à preservação e o gerenciamento do acervo do patrimônio industrial ferroviário, sobretudo àqueles embasados em levantamentos sistemáticos de quantificação, qualificação e avaliação, ainda se encontram acanhados e carentes de uma política de gestão informacional que permitam, efetivamente, o acesso, a consulta e a manipulação destes bens patrimoniais. Não é demais afirmar que, as principais unidades de memória, informação e documentação brasileira que têm trabalhado com o tema lutam com enormes dificuldades, sobretudo com relação à falta de pessoal qualificado, instalações físicas inadequadas e descaso dos organismos governamentais. Além disso, em termos de recursos materiais, falta respaldo financeiro para se fazer a curto, médio e longo

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prazo, um plano estratégico para disseminação da informação na área da preservação do patrimônio industrial ferroviário.

Com relação ao conjunto documental do patrimônio industrial ferroviário da EFNOB - Estrada de Ferro Noroeste do Brasil localizado, em Bauru - SP, este panorama não se encontra diferente. Os exemplos recentes de propostas de preservação deste patrimônio têm carecido de ferramentas conscientes de resgate, recuperação e organização de fontes documentais da ferrovia a fim de organizar o conhecimento produzido. O que se tem constatado é que as propostas preservacionistas destes bens patrimoniais e culturais não têm levado em conta o potencial estratégico dos serviços informacionais disponíveis, permitindo que as ações de criação e disseminação de informação na área operem sistemas de informações restritos ou ineficazes.

No mês de novembro de 2011 foi aprovado um projeto junto ao convênio FAPESP/CONDEPHAAT para o período 2012 – 2014, tendo o Prof. Dr. Nilson Ghirardello (Unesp/Bauru) como coordenador principal da pesquisa. Este projeto denominado “EFNOB – KM 0”, estabeleceu cinco subtemas realizados por cinco docentes/pesquisadores do grupo GA - Grupo de Arquitetura: Teorias e Projeto da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação (Unesp/Bauru), e objetivou subsidiar os inventários, estudos e documentação dos edifícios do patrimônio industrial ferroviário da EFNOB/Bauru compreendidos no contexto da Estação Central e as respectivas Gares e plataformas, Escritórios, Conjunto das Oficinas e Conjunto da Vila dos Funcionários da EFNOB, edifícios do Esporte Clube Noroeste, e o mobiliário empregado no funcionamento da EFNOB (móveis, vagões, locomotiva, entre outros).

Coube-nos a execução e a organização de um banco de dados digital para indexação, acesso, consulta e disponibilização do acervo documental do patrimônio industrial ferroviário por meio da criação de um Centro de Memória e Informação Virtual. A proposta foi preservar a memória histórica e documental da instituição, de forma que pudesse garantir o armazenamento e a recuperação dos objetos digitais, no sentido de atender prontamente às necessidades informacionais dos seus usuários. O projeto também incorporou o conceito da informação em forma de rede, contribuindo na definição de políticas públicas nas áreas de atuação do CONDEPHAAT e de interesse do Estado de São Paulo, para a salvaguarda do patrimônio material e imaterial da EFNOB/Bauru e do patrimônio cultural do Estado de São Paulo.

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1. Revisão Teórica

Nas últimas décadas, o desenvolvimento das novas tecnologias de informação e de comunicação possibilitou o aumento considerável de informações disponíveis na internet, permitindo cada vez mais, o crescimento do número de pessoas conectadas à rede. Em todos os setores da sociedade, as redes conectaram por meio de computadores, correios eletrônicos, telefones celulares, mensagens via fax, nos mais diferentes locais (MORAES, 1998). Essa revolução informacional inaugurou de maneira avassaladora, novos signos e colocou em ação a possibilidade de uma nova atuação dos sistemas informações no contexto do patrimônio cultural. Todos esses fatores e desafios referendaram em novas alternativas no processo de disseminação e reprodução das coleções, abrindo um panorama de potencialidades e aplicações, como por exemplo, acesso a acervos de unidades de informação em distantes bases de dados, serviços online de pesquisa, acesso a centros bibliográficos e centros locais cooperativos de informação, dentre outros.

Essas novas possibilidades e interações, proporcionadas principalmente pelo uso destas novas tecnologias informacionais, referendou no âmbito das instituições-memória, um novo panorama de potencialidades e aplicações. Bertholino (2011, p. 185) descreve este fato elucidando que:

“A interação das tecnologias de informática e de telecomunicações tem nos proporcionado novos suportes de armazenamento de dados e novas formas de acesso à informação, exigindo assim o domínio desses instrumentos da sociedade de informação. O uso das tecnologias de memória ótica na produção do conhecimento tende a crescer cada vez mais e permitirá melhor acesso, rapidez, e maior capacidade de armazenamento da informação, exigindo que profissionais destas áreas a descubram e a utilizem da forma mais eficiente possível”.

Conforme aponta Gubiani (2005), as tecnologias de informação propiciaram o aparecimento de novos serviços de acesso ao conhecimento, deixando de lado as limitações quanto ao local do acervo bibliográfico, outrora geograficamente localizado e focado no documento impresso. Nesse novo panorama, grandes volumes de documentos passaram a ser disseminados para usuários de computadores, além de novas bases digitais continuaram a ser criadas e constantemente atualizadas. Como resultado, a informação, outrora monopolizada por uma pequena elite, agora reverte a sua potencialização junto aos coletivos humanos e remete a um aspecto dimensional completamente dinâmico e vivo.

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Alvarenga (2001) revela que o meio digital construiu um “espaço” sem precedentes para o registro e a recuperação de documentos textuais desenhando uma enorme gama de possibilidades de armazenamento, memórias e o oferecimento de serviços de comunicação (texto, dados, imagem, som). Além disso, as tecnologias digitais permitiram um conjunto de atividades até agora desconhecidos, como por exemplo, acesso a acervos de unidades de informação e distantes bases de dados, infinidades de serviços de televisão por satélite, teleconferências, etc.

A evolução tecnológica muda a concepção das instituições arquivísticas em vários aspectos. Neste novo cenário, os usuários figuram ativamente, sendo necessário que seja reconhecida a pluralidade de suas necessidades de informação, analisadas com uma abordagem flexível, capaz de responder às demandas (OLIVEIRA, 2006, p.7). Além disso, Jardim e Fonseca (2004) destacam que a nova realidade do uso das tecnologias da informação e da comunicação configuraram alguns aspectos emblemáticos, tais como: (a) o conceito de “lugar” passa a não ser o mais importante para o profissional arquivista e seus usuários; (b) a importância do acesso à informação, se sobrepõe a da localização de onde a informação se encontra; (c) a ênfase na gestão da informação é transferida do acervo para o acesso, do estoque para o fluxo da informação, e dos sistemas para as redes; (d) novas vocações são adquiridas por instituições (arquivos, bibliotecas, centros de documentação), além de renovarem novas funções e superarem outras; (e) por meio da popularização do uso das tecnologias informacionais, os usuários produzem novas demandas a instituições como arquivos, bibliotecas e centros de documentação e provocam a realocação ou anulação de fronteiras que demarcam esses espaços e (f) há o surgimento de espaços informacionais virtuais como parte dessas instituições, o que sugere novas possibilidades de gestão da informação.

O conceito de bibliotecas digitais ganhou força nas últimas décadas, principalmente, com os significativos avanços tecnológicos da informação e da comunicação. Pouco menos de dez anos, ninguém poderia predizer o impacto fenomenal da interconectividade global que, em conjunto com os desenvolvimentos de sistemas abertos e do poder dos microcomputadores, modificaria o gerenciamento das unidades informacionais. Neste sentido, as bibliotecas digitais ofereceram uma gama de serviços que permitiram aos usuários aproveitar melhor os dados representados, organizados e disponibilizados em mídia eletrônica. Neste contexto, as bibliotecas digitais foram capazes de transpor os limites espaciais inerentes aos objetos físicos e permitiram novas modalidades de trabalho e acesso à informação. Assim, este sistema complexo e dinâmico, possibilitou um acesso rápido e preciso à informação requerida.

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Nessa pesquisa, considera-se a definição apresentada por Barker apud Marchiori (2011, p.117), sendo a biblioteca digital diferenciada das outras, onde a informação que ela contém existe apenas no suporte digital e pode ser acessada em locais previamente específicos e por meio de redes de computadores. Portanto, a biblioteca digital não contém livros na forma convencional e a informação pode ser acessada, em locais específicos e remotamente, por uma rede de computadores ou por rede. A grande vantagem da informação digitalizada é que ela pode ser compartilhada instantânea e facilmente, com um custo relativamente baixo, surgindo então, uma forma de conceituar, descrever e explicar as estratégias para a coleta, tratamento e disseminação de informações.

Trazendo para o âmbito desta pesquisa, a biblioteca digital contribuiu para a quebra de paradigma e para o fortalecimento das unidades informacionais, alterando não só as unidades informacionais de preservação da memória do patrimônio cultural e do conhecimento produzido, auxiliando o acesso à informação, criando mecanismos no tratamento de conteúdos informacionais e aumentando a identidade e coesão de seus grupos. Essas estratégias recriaram um novo padrão de armazenamento e apropriação dos fluxos informacionais presentes em todas essas instituições.

Sob a ótica das bibliotecas digitais no contexto brasileiro, entretanto, as unidades informacionais de preservação do patrimônio cultural, especificamente àquelas que trabalham com o patrimônio industrial ferroviário não tem atuado como centros dinâmicos de informação na era digital, com coleções desatualizadas e indisponíveis via suportes modernos de recuperação da informação. Prevalecem unidades com nível técnico rudimentar, acervos digitais precários tanto em termos de conservação como de atualização, ao lado de condições físicas deficientes, principalmente em relação ao acervo de bases documentais e iconográficas. Na maioria dos casos, os conteúdos são predominantemente descritivos, com poucos recursos operacionais que permitam ao usuário executar a busca da informação desejada. Em consequência deste quadro, as bibliotecas digitais perdem sua força, desencorajando a cooperação e a partilha de recursos - catálogos, coleções e serviços mantidos pelas unidades de informação conectadas em rede.

Assim, esta pesquisa discutiu dois aspectos principais: a) – a relação entre à preservação da memória do patrimônio industrial ferroviário e os avanços tecnológicos informacionais, no contexto das demandas digitais e b) – o desenvolvimento de mecanismos de armazenamento, publicação e recuperação eletrônica da produção cultural com vistas à criação de um protótipo ideal para a implantação de uma biblioteca digital que disponibilize e divulgue a produção cultural destes atores.

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2. O Objeto do Estudo: o Acervo do Museu Ferroviário de Bauru

O complexo arquitetônico pertencente à antiga sede da EFNOB – Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, localizado na cidade de Bauru é um dos maiores e melhores exemplares de edifícios industriais ferroviários existentes no Brasil. A EFNOB, além de trazer desenvolvimento para Bauru, fundou inúmeras cidades, abriu propriedades rurais, conectou um estado isolado ao restante do território, e ligou nosso país a seus vizinhos. Na época, o principal objetivo da estrada de ferro era executar a defesa do território nacional, além de cumprir a função econômica de escoar a produção agrícola do interior brasileiro. Dessa maneira, a construção das principais estruturas da estrada de ferro se deu entre os anos de 1905 e 1917, apoiadas a partir de iniciativa do estado brasileiro e investimento de capital privado. Desse complexo arquitetônico da EFNOB, pode-se dizer que eles foram construídos em diferentes períodos e de características peculiares, conforme o seu uso e data de edificação, destaca-se: os antigos escritórios, erguidos a partir de 1905; as grandes oficinas construídas no início dos anos 1920; a estação central edificada entre 1934 e 1939; e a vila, erguida a partir de 1905, cujas casas pertenceram às várias hierarquias funcionais da ferrovia: superintende, engenheiros e operários. Todo esse complexo de construções está sob estudo de tombamento pelo CONDEPHAAT, e já foram parcialmente tombadas pelo CODEPAC, órgão de preservação local.

Foi a partir de 1957, com a encampação da EFNOB pela empresa estatal RFFSA – Rede Ferroviária Federal SA, mudanças profundas começam a afetar o destino da EFNOB, principalmente, em função dos maus administradores e o contínuo desinteresse estatal para o investimento. Na sequência, com a finalização dos serviços da EFNOB na década de 1990 e com as sucessivas fusões das empresas concessionárias dos bens da antiga EFNOB, que acabou sendo transferida para a América Latina Logística (ALL), todo o complexo ferroviário localizado na cidade de Bauru perdeu sua função original, transformando-se gradualmente em áreas abandonadas e marginalizada, permitindo ao longo dos anos, profundos desajustes nas dinâmicas e conformações do tecido urbano.

O acervo vinculado ao Museu Ferroviário de Bauru apresenta um importantíssimo documental do patrimônio ferroviário industrial relacionado à EFNOB e RFFSA. Esse acervo foi originalmente criado a partir do convênio celebrado no ano de 1992 entre a UNESP e a RFFSA. A maioria dos fundos documentais pertencentes à EFNOB e à RFFSA estava depositado junto a uma área de alto risco de inundação, um galpão na esplanada da ferrovia. Por iniciativa de seus administradores, parte deste documental foi transferido para as atuais instalações do acervo, situadas ao lado da estação central da EFNOB. Dentre seus principais objetivos, o acervo documental do museu previa a conservação, a

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sistematização, o gerenciamento e a difusão do patrimônio ferroviário industrial EFNOB, bem como, as de outros acervos e fundos documentais, posteriormente a ele anexados. A partir de então, passou por sucessivas administrações da Universidade e RFFSA e atualmente a tarefa da preservação da documentação encontra-se a cargo da Secretaria da Cultura do Município de Bauru.

No conjunto acervo documental detecta-se a inexistência de um sistema de classificação bibliográfico, tampouco a organização de um catálogo de informações sobre as fontes documentais existe no local. Fora isso, o acervo não tem nenhum critério recomendado na literatura da área para a guarda dos documentos; entretanto, algumas ações foram executadas ao longo desses anos. Como exemplo, pode-se citar uma pesquisa financiada pela FAPESP - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, em parceria com o CEDEM - UNESP, onde implementou a higienização e a organização de uma pequena parte do acervo. Entretanto, com a finalização do convenio formal entre UNESP e RFFSA, os trabalhos foram encerrados e toda conservação do acervo documental ficou a cargo da Secretaria Municipal de Cultura. Em relação a essa questão, os dirigentes têm demonstrado preocupação e interesse em manter os documentos da maneira adequada. Apesar de julgarem importante a preservação do acervo, os responsáveis afirmaram não possuir condições financeiras, no caso o poder público municipal, para arcar com um investimento tão caro visando um ambiente adequado. Contudo, entendemos que o interesse em preservar a história e dar condições ambientais no contexto do acervo, não envolve apenas questões econômicas e técnicas, mas englobam a formulação de uma política pública cultural coerente e acertada.

3. Conteúdos do Site do Centro de Memória e Informação Virtual

O projeto de criação do site do Centro de Memória e Informação Virtual contemplou sete etapas. A primeira fase foi a pesquisa bibliográfica abordando as questões teóricas sobre preservação da memória, os acervos documentais, processo tecnológico, centros de memória e novas tecnologias informacionais no âmbito da arquitetura. Na segunda fase foram feitos o reconhecimento do acervo e a identificação das fontes primárias de informação, traçando assim um perfil de cada peça. Na terceira etapa foi organizado um catálogo a partir das fichas de identificação do acervo. Este catálogo geral forneceu informações sobre o acervo (histórico da constituição do acervo, metodologia de organização, tipo de material oferecido, etc.) e sobre cada um de seus conjuntos documentais. A quarta fase, a digitalização dos documentos (mapas, plantas arquitetônicas,

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fotografias e acervo bibliográfico). Na quinta fase foi desenvolvido o processo de armazenamento e gerenciamento dos objetos digitais, por meio da definição de diretrizes para garantir a preservação do acervo, criação de cópias de segurança, escolha de equipamentos e servidores (softwares e hardware) e plano de manutenção do sistema de banco de dados. A sexta fase consistiu no desenvolvimento e gerenciamento de um sistema web para a migração, indexação, consulta e acesso on-line do acervo. A sétima fase desenvolveu a disponibilização do acervo digitalizado na home page do Centro de Memória e Informação Virtual do Patrimônio Industrial Ferroviário da EFNOB de Bauru. Para cumprir todas essas etapas, o projeto teve apoio da equipe da FATEC/Jundiaí e “Projeto Memória Ferroviária” (UNESP), acompanhando o sistema web do novo portal nas áreas de busca, interfaces gráficas, protocolos de comunicação de dados e critérios da biblioteconomia.

3.1 Núcleos Temáticos

O site do Centro de Memória e Informação Virtual estabelece cinco subtemas realizados por cinco docentes e objetiva subsidiar os inventários, estudos e documentação dos edifícios do patrimônio industrial ferroviário da EFNOB/Bauru compreendidos no contexto da Estação Central e as respectivas Gares e plataformas, Escritórios e do Departamento de Assistência ao Ferroviário, Conjunto das Oficinas e Conjunto da Vila dos Funcionários da EFNOB, edifícios do Esporte Clube Noroeste, e o mobiliário empregado no funcionamento da EFNOB (móveis, vagões, locomotiva, entre outros).

 Organização Administrativa do Trabalho (Coordenação: Prof. Dr. Cláudio Silveira Amaral): Pretendeu-se examinar o tipo de organização de trabalho que existiu na EFNOB, tanto em relação ao seu início, onde o trabalho burocrático era executado nos antigos escritórios, assim como a partir da inauguração da estação central, quando a administração foi transferida para os andares superiores do novo edifício. As tipologias existentes e os períodos de sua construção (1905 e 1939) mostram claramente alterações na forma e no espaço, o que indica que ocorreu o mesmo na maneira em que o trabalho era conduzido, nosso principal questionamento nessa pesquisa;

 Inventário Integral (Coordenação: Prof. Dr. Eduardo Romero de Oliveira): Esta linha de investigação estudou o modelo de inventário integral de patrimônio industrial que se define por sua capacidade de documentar testemunhos materiais e imateriais deste legado para seu conhecimento, proteção, conservação, difusão e ativação, a

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serviço da cultura, da sociedade e do território. Este tipo de inventário não apenas buscou identificar as estruturas construídas, mas também os meios de produção e gestão empresarial, os veículos de tração e transporte, os conhecimentos técnicos e seus procedimentos, o ambiente social e técnico dos espaços de trabalho, a dimensão territorial das infraestruturas ferroviárias e o contexto simbólico em que se desenvolveram estas atividades;

Figura 1 - Site do Centro de Memória e Informação Virtual EFNOB/Km 0

Fonte: http://www.faac.unesp.br/#!/pesquisa-e-extensao/efnob-bauru---km-0 (2015)

 Espaços Culturais e o Patrimônio Industrial (Coordenação: Prof. Dr. Paulo Roberto Masseran): Esta linha de investigação estudou os projetos arquitetônicos, as edificações, a história e as atividades culturais e recreativas dos cinemas, teatros, clubes, associações, salões recreativos, que surgiram de forma direta ou indireta pelo crescimento urbano gerado pela implantação das ferrovias, em especial a EFNOB, na cidade de Bauru/SP, até o final da década de 50, quando a ferrovia apresentava os primeiros sinais de declínio, assim como o centro da cidade e suas atividades de recreação e cultura. O período de interesse são anos de 1905 a 1960, e a partir da arquitetura destes espaços para recreação e cultura foi possível constatar uma busca de modernidade, técnica e estética.

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 Patrimônio Arquitetônico da Sede da EFNOB (Coordenação: Prof. Dr. Nilson Ghirardello): Trabalhou o complexo arquitetônico pertencente à antiga sede da EFNOB. Estação Central, Gare e Plataformas: Considerada uma das maiores estações ferroviárias do país, com mais de 10 mil m2, distribuídos em três andares, a estação central da EFNOB, em Bauru, foi erguida a partir de projeto elaborado em 1935, e inaugurada no ano de 1939; Conjunto das Oficinas: Edificadas nos anos 1920, as grandes oficinas eram formadas por uma rotunda semicircular, e diversos galpões onde se situavam a metalurgia, calderaria, solda, usinagem, tornearia, serraria, carpintaria, estofamento, montagem, pintura, etc; Prédios de Escritórios: Os antigos escritórios foram edificados juntamente com a primitiva estação de madeira da EFNOB, no ano de 1905, foram projetados por engenheiros franceses enviados ao Brasil pelos acionistas da CEFNOB e pela Compagnie Génerale de Chemins de Fer

et de Travaux Publics;

 Arquitetura Residencial da Vila dos Funcionários da EFNOB (Coordenação: Profa. Dra. Rosio Fernández Baca Salcedo): Esta linha da pesquisa teve o objetivo inventariar, identificar, selecionar, localizar, documentar, analisar e propor diretrizes para a salvaguarda do patrimônio arquitetônico residencial da Vila dos Funcionários Administrativos da EFNOB em Bauru. Metodologia: a) pesquisa documental: inventariar, identificar e documentar (histórica, métrica, iconográfica, sistema construtivo, acabamentos, detalhes) a partir de fontes primárias o patrimônio arquitetônico residencial da EFNOB; b) trabalho “in loco” que consistiu em inventariar, identificar, documentar (metrológica, fotográfica, sistema construtivo, acabamentos e estado de conservação dos materiais) e localizar as edificações atuais do patrimônio arquitetônico residencial; c) redesenho no AutoCAD dos projetos que correspondem à construção inicial da edificação residencial e os projetos das edificações atuais contendo as intervenções realizadas (ampliações, reformas ou restauração); d) analisar o estado de conservação das edificações e dos materiais ou patologias; e) propor diretrizes para a para a salvaguarda do patrimônio arquitetônico residencial da Vila dos Funcionários Administrativos da EFNOB;

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 Documentação e Acesso à Informação da EFNOB (Coordenação: Prof. Dr. Samir Hernandes Tenório Gomes): Procedeu a documentação digital da pesquisa, procurando fornecer de forma rápida, confiável e eficaz ao público-alvo, informação precisa e agregada de valor, acessando bases informacionais; Criou e organizou um acervo digital documental do patrimônio industrial ferroviário da EFNOB na cidade de Bauru/SP, visando preservar e dar condições de implantação de um banco de dados deste acervo, garantindo sua correta identificação e rápida recuperação.

3.2 Base de Dados

Atuando em conjunto com o Projeto "Memória Ferroviária" da UNESP e FATEC/Jundiaí, um dos objetivos da pesquisa EFNOB KM 0 foi criar, organizar e disseminar o acervo documental do patrimônio industrial ferroviário, apoiado em novas tecnologias de acesso, por meio da construção de uma base de dados digital. Com essa estratégia, foi criado o site do Centro de Memória e Informação Virtual, uma rede informacional por meio do qual são garantidos o armazenamento e a recuperação das bases bibliográficas e fontes documentais deste acervo.

O Centro de Memória e Informação Virtual conta com dois sistemas de busca: o primeiro, um sistema web de acesso e pesquisa on-line dos acervos documentais do Museu da Companhia Paulista de Jundiaí e Museu Ferroviário de Bauru; e o segundo, um banco de dados relacionado especificamente ao patrimônio industrial ferroviário do acervo do Museu Ferroviário de Bauru. Com esses dois canais de acesso é possível integrar em um único portal os repositórios digitais destes locais, a fim de permitir consultas simultâneas e unificadas dos conteúdos informacionais.

O sistema de busca do banco de dados do Projeto "Memória Ferroviária" permite de forma rápida, informação sobre a documentação textual e cartográfica produzida pelas ferrovias paulistas do Museus da Companhia Paulista de Jundiaí e do Museu Ferroviário de Bauru. Esse banco de dados digital proporciona identificar e analisar os conhecimentos científicos e tecnológicos relacionados à implantação e funcionamento da atividade paulista ferroviária no período estudado. No âmbito da pesquisa, a indexação das informações do sistema procurou dar prioridade às obras de maior relevância no contexto do patrimônio industrial ferroviário e dos documentos cujo conteúdo está relacionado às informações do conjunto de edificações pertencentes à antiga EFNOB. A proposta é que esse sistema

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possa fornecer de forma rápida, confiável e eficaz ao público-alvo, informação precisa e agregada de valor do patrimônio industrial ferroviário da EFNOB.

Figura 2 - Links de acesso às bases de dados

Fonte: http://www.faac.unesp.br/#!/pesquisa-e-extensao/efnob-bauru---km-0 (2015)

Além de acessar às bases de dados dos acervos documentais do Museu da Companhia Paulista de Jundiaí e Museu Ferroviário de Bauru, o site permite navegar nas pesquisas e publicações produzidas a partir do projeto EFNOB/Km 0. Todos esses documentos estão relacionados, não só ao trabalho de investigação dos pesquisadores do grupo GA - Grupo de Arquitetura da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação (Unesp/Bauru), mas também de diversas pesquisas de IC, via FAPESP, PIBIC/CNPq e Trabalhos de Finalização de Curso – TFG. A intenção é formatar um modelo ágil e preciso de acesso à informação, tanto para os usuários que buscam no espaço físico (estantes e corredores), quanto àqueles que acessam a base de dados digital no portal do site do Centro de Memória e Informação Virtual.

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Figura 3 - Links de pesquisa

Fonte: http://www.faac.unesp.br/#!/pesquisa-e-extensao/efnob-bauru---km-0 (2015)

4. Considerações Finais

Em primeiro lugar, o objetivo do site centrou-se em sistematizar uma proposta para a disseminação da informação, divulgando o patrimônio industrial ferroviário da cidade de Bauru, a partir da estruturação de um plano de disseminação da informação, por meio da criação de um Centro de Memória e Informação Virtual. A utilização desses conceitos deu-se diante da exiguidade aparente de projetos e modelos direcionados à promoção da disseminação da informação na área em questão.

Em segundo, como profissional de Arquitetura e Urbanismo, com constante atuação na área do patrimônio cultural, identifica-se a falta de material sobre o assunto e o aparente desinteresse profissional quanto ao emprego da informação como ferramenta de desenvolvimento e pesquisa patrimonial. Pode-se afirmar que, realmente, a matéria em questão não está evidente em todos os meios arquitetônicos mais importantes do Brasil. Portanto, isso se evidencia principalmente, na rara oferta de base de dados e sites que formatem um projeto estratégico de disseminação da informação do patrimônio cultural na área da Arquitetura.

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Finalmente, além da formatação de redes em bibliotecas de museus que trabalham com a preservação da memória do patrimônio cultural, observa-se que as novas tecnologias da informação e da comunicação também têm fornecido novos parâmetros na dimensão do ambiente construído, propiciando cada vez mais, à inclusão da telemática nos programas arquitetônicos destas unidades informacionais. Neste sentido, a incorporação dos serviços digitais tem transformado o espaço tradicional arquitetônico destas instituições, alterando suas características dimensionais e oferecendo uma nova forma de projetar o ambiente construído adequado às novas funções. Apesar deste projeto tratar apenas da implantação de redes digitais de acesso, é possível afirmar que a problemática abrange questões não só inerentes a um espaço físico que abrigue corretamente clientelas, acervos e necessidades, mas engloba também diretrizes projetuais corretas no contexto tecnológico como, por exemplo, planejamento adequado dos ambientes e dos layouts decorrentes da implantação de equipamentos de informática e sistemas de comunicação (local e à distância), padrão compatível do mobiliário destinado às novas tecnologias, design projetual inovador no manejo de computadores e redes e processo de planejamento interno do edifício articulado com as previsões tecnológicas para o aumento da demanda. Nesse sentido, essa experiência pretende oferecer um modelo piloto relacionada à formatação de um sistema em rede digital em museus de acervos ferroviários, sendo um protótipo que sirva prioritariamente às áreas de interesses dos acervos museológicos paulistas ferroviários e também departamentos e centros culturais no âmbito federal – IPHAN/MinC.

Agradecimentos

Esta pesquisa teve o apoio financeiro da FAPESP - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.

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Referências

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