Direito Penal
Parte VIII – Teoria do Delito
1.
Nexo Causal
Nexo Causal
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Um resultado deve estar ligado a uma conduta por um vínculo denominado
nexo causal (ou nexo de causalidade).
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Entre a ação e o resultado, deve-se avaliar a responsabilidade penal pela
autoria.
□ Por isso, deve existir um pressuposto mínimo nos delitos de resultado para confirmar a responsabilidade penal do autor por ele (Cezar Roberto Bitencourt).
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Dois caminhos para a noção de causa (Juarez Tavares):
□ Relação racional: deduz a causa sempre de seu efeito;
Resultados advindos do
acaso ou de fenônemos
naturais não podem ser
atribuídos ao autor
Só há crime quando o resultado típico foi causado por um
comportamento típico proibido
2.
Causa
Causa no Direito Penal
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Como forma de se impedir a responsabilidade penal a todo e qualquer
comportamento humano supostamente perigoso, faz-se necessário definir
o que se entende por causa.
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Se determinada forma de agir ou omitir não foi causa de um resultado lesivo,
não se pode atribuir responsabilidade ao autor.
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Diversas teorias foram criadas visando a definir, penalmente, o conceito
de causa, dentre elas: (a) a teoria da conditio sine qua non; (b) a teoria da
causalidade adequada; (c) a teoria da relevância; (d) a teoria da condição
conforme uma lei natural.
Teoria da
Conditio Sine qua Non
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Baseado na máxima newtoniana segundo a qual: “Com toda ação ocorre
sempre uma reação igual e contrária”.
□ Tal postulado foi elevado, como premissa de causa e efeito, e a lei da causalidade foi considerada o mais relevante modelo para explicar o que poderia ser ciência.
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“Dá-se conexão causal quando não se pode supor suprimido o movimento corporal
sem que devesse deixar de ocorrer o resultado ocorrido.” (Franz v. Liszt).
Teoria da
Conditio Sine qua Non
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Art. 13. “O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a
quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado
não teria ocorrido.”.
□ Adoção da teoria da conditio sine qua non.
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“A teoria da equivalência dos antecedentes causais aplica a ideia de que todo efeito
tem uma pluralidade de condições causais e que, no nexo causal, cada uma dessas
condições é de igual modo necessária para o resultado. Nesse sentido, todas as
condições são causalmente equivalentes, por isso, teoria da equivalência.” (Hans
Teoria da
Conditio Sine qua Non
Conceitos Centrais da Teoria da Conditio
Sine qua Non
• Todas as condições determinantes de um resultado
são necessárias; por isso, são equivalentes
• Causas são as condições que não podem ser
eliminadas hipoteticamente sem se excluir também
o resultado
Causa é toda condição de um
resultado que não pode ser
suprimida mentalmente sem
que também desapareça o
resultado
Teoria da
Conditio Sine qua Non
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Processo de eliminação hipotético de Thyrén
□ Para saber se determinada conduta é causa, devemos eliminá-la mentalmente para
A atira em B, que falece
Eliminado mentalmente o disparo, o
resultado é o mesmo?
Teoria da
Conditio Sine qua Non
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Processo de eliminação hipotético de Thyrén
□ Há relação de causalidade entre a conduta e o resultado sempre que este não puder
ser evitado quando suprimida mentalmente aquela.
▪ Caso eliminada mentalmente a conduta, o resultado desaparecer, é porque a conduta é
Teoria da
Conditio Sine qua Non
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Críticas
□ Possibilidade de considerar causa tudo aquilo que contribui para a cadeia de acontecimentos
▪ Gera absurdos, em verdadeiro regresso ao infinito.
• Ex.: A mata B utilizando arma de fogo. É causa do crime a ação de disparar, a do comerciante que vendeu a arma, a da empresa que fabricou a arma, as das empresas que venderam a matéria prima para a fabricante da arma, as do mineradores que extraíram os materiais, etc.
“
Se reprovamos a conduta de alguém que havia realizado um
fuzilamento ilícito em uma guerra e ele defende que, se não o fizesse,
outro teria fuzilado a vítima exatamente do mesmo modo, então,
podemos suprimir mentalmente o fato sem que o resultado desapareça
[...] A e B, atuando independentemente um do outro, acrescentam
veneno ao café de C. Se C morrer por isso, contudo a dose posta por A
ou B teria provocado por si só a morte exatamente do mesmo modo,
pode-se suprimir mentalmente a conduta de cada um sem que
desapareça o resultado.
3.
Teoria das Concausas
Concausas no Direito Penal
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O CP trata dos desvios causais e da consequente eliminação do nexo de
causalidade.
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Muitas vezes, aquilo que poderia ter relação causal com o resultado perde sua
relevância jurídica para atribuição da responsabilidade penal.
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Art. 13, §1º. “A superveniência de causa relativamente independente exclui a
imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto,
imputam-se a quem os praticou.”.
Concausas no Direito Penal
Considerações
Concausas Antecedentes
a) Já existiam antes do comportamento do agente e influenciam o resultado lesivo
b) A acerta um soco em B, que é hemofílico e vem a falecer em razão da perda excessiva de sangue
Concausas Concomitantes
a) Ocorrem simultaneamente à conduta do autor
b) A empurra B do alto de um prédio e, durante a queda, B sofre infarto fulminante
Concausas Supervenientes
a) Surgem após a conduta e contribuem para o resultado
b) Sujeito sofre uma agressão que causa fratura em seu braço e, ao chegar no hospital para tratamento, o local sofre um incêndio
Concausas no Direito Penal
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Concausas absolutamente e relativamente independentes
□ Classificação que leva em conta o grau de relação com a conduta do agente.
▪ Concausas relativamente indenpedentes: a causa do resultado está, de alguma
forma, relacionada com o comportamento do agente.
• Ex: A morre em decorrência de acidente automobilístico sofrido pela ambulância que o transportava após ele ter sido alvejado por B (A só estava na ambulância por conta do tiro que levou de B).
▪ Concausas absolutamente independentes: não dependem do comportamento do autor para realização do resultado, que teriam ocorrido de qualquer modo.
• Ex: A coloca veneno na bebida de B, mas antes do veneno fazer efeito, a viga da casa de B se quebra e este morre soterrado.
Concausas no Direito Penal
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Concausas absolutamente e relativamente independentes
▪ Concausas absolutamente independentes: excluem o nexo de causalidade entre o resultado e a conduta do agente.
▪ Concausas relativamente indenpedentes: a regrado CP exclui o nexo apenas
quando forem supervenientes.
• Ex: A morre em decorrência de acidente automobilístico sofrido pela ambulância que o transportava após ele ter sido alvejado por B (A só estava na ambulância por conta do tiro que levou de B). B responderá por lesão corporal ou homicídio tentado.