• Nenhum resultado encontrado

A SUSTENTABILIDADE DA CADEIA DE SUPRIMENTOS: SSCM E GSCM - DIFERENTES DIMENSÕES DE ANÁLISE PARA O MESMO PROBLEMA

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "A SUSTENTABILIDADE DA CADEIA DE SUPRIMENTOS: SSCM E GSCM - DIFERENTES DIMENSÕES DE ANÁLISE PARA O MESMO PROBLEMA"

Copied!
14
0
0

Texto

(1)

A SUSTENTABILIDADE DA CADEIA DE

SUPRIMENTOS: SSCM E GSCM -

DIFERENTES DIMENSÕES DE ANÁLISE

PARA O MESMO PROBLEMA

JAIRO JOSE ASSUMPCAO (UFSC ) jairo.assumpcao@posgrad.ufsc.br Lucila Maria de Souza Campos (UFSC ) lucila.campos@ufsc.br

Com o objetivo de mitigar possíveis problemas ambientais, as organizações estão cada vez mais concentradas em tornar suas cadeias produtivas greening. Nesse sentido, os temas mais recorrentes na área de SCM, ao abordar as questões ambientaiis, são green supply chain management (GSCM) e sustainable supply chain management (SSCM) ao incorporar questões sociais. Assim, tanto SSCM como práticas de GSCM tem recebido atenção crescente da academia por meio de uma série de revisões de literatura. Nesse contexto, este artigo tem por objetivo geral de elucidar as divergências na utilização das expressões GSCM e SSCM apontando os principais desafios para o campo. A metodologia utilizada foi a busca sistematizada em 212 artigos que utilizaram a expressão SSCM e 304 artigos que usaram GSCM. O resultado apontou que as principais definições para SSCM estão convergindo para englobar os conceitos considerando as perspectivas econômica, social e ambiental, enquanto as principais definições de GSCM apontam exclusivamente para as demandas ambientais, tangenciando questões econômicas, sem considerar a perspectiva social de suas interações.

Palavras-chave: SSCM, GSCM, Sustentabilidade da cadeia de suprimentos

(2)

2 1. Introdução

Em função da aceleração de mudanças no cenário de produção global, potencializadas principalmente pelas novas tecnologias, as questões ambientais e sociais tornaram-se cada vez mais importantes na gestão de qualquer negócio (SARKIS, J. D., ZHU, 2013).

Assim, essas preocupações estenderam-se para além da gestão das externalidades, tais como a poluição industrial e a minimização de resíduos e foram inseridas nas agendas empresariais. Por razões econômicas ou por cumprimento legal, essas mudanças passaram, em ritmos cada vez mais consistentes, a permear iniciativas proativas, principalmente em

players com atuação internacional (SRIVASTAVA, 2007).

Nesse sentido, os temas mais recorrentes para o mainstream da área de SCM, ao abordar as questões ambientais, são green supply chain management (GSCM) e sustainable

supply chain management (SSCM).

Como estas temáticas é recente nas pautas dos estudiosos quando tratam de SCM é plausível que exista ainda dúvidas e incoerências na utilização dos dois conceitos e principalmente na interação destes com a SCM. Portanto, o objetivo deste artigo é, elucidar as divergências na utilização das expressões GSCM e SSCM apontando os principais desafios para o campo.

Para tal, estruturou o presente artigo em 3 capítulos além deste primeiro de introdução. No segundo capítulo descreve os procedimentos metodológicos da pesquisa. No terceiro faz uma discussão acerca das duas temáticas, resgatando os principais conceitos e a inserção da questão da sustentabilidade e do meio ambiente na cadeia de suprimentos. No quarto, promove uma discussão acerca da revisão sobre as duas temáticas para no quinto apresentar as conclusões do estudo.

2. Procedimentos metodológicos

O presente estudo caracteriza-se como uma revisão sistemática sobre para tratar os campos GSCM e SSCM. Como o objetivo é elucidar as divergências no tratamento das expressões partiu-se da produção científica sobre as duas temáticas.

(3)

3 A revisão sistemática (COOPER, 1998; TRANFIELD, DEYER, TOWARDS, 2003), do estado da arte sobre GSCM e SSCM iniciou-se com a identificação e classificação dos principais trabalhos sobre os temas em questão.

Após consolidadas as etapas de definição do problema e dos objetivos do estudo, passou-se à etapa de busca por fontes primárias de dados (KITCHENHAN, 2004), tendo como entrada a identificação dos artigos e periódicos disponíveis no sítio eletrônico Science

Direct. Foram utilizados como filtro título, resumo e palavras chaves para as quatro

expressões: “GSCM or Green Supply Chain Management e sustainable supply chain

management (SSCM).

O critério utilizado retornou 212 artigos para SSCM e 304 artigos para GSCM. A partir deste resultado foi gerado um arquivo do tipo RIS (for EndNote, Reference Manager,

ProCite) e exportado para execução no software EndNote.

De posse desta base, passou-se a avaliação individual sobre a relevância dos mesmos para a área da gestão de operações. Foram eliminados aqueles se repetiam usando os dois termos e que eram muito específicos de áreas diversas (por exemplo, engenharia química, matemática e computação), restando na base 208 artigos sobre SSCM e 292 artigos sobre GSCM. A partir dessa base, passou-se à leitura dos títulos, palavra-chave, resumo e organizá-las em uma base no excell onde foram categorizados conforme a utilização das expressões.

3. Background

Embora as origens da SCM remontam à década de 1970, contemporaneamente, é influenciada por questões de competitividade e ambientais sendo novamente colocada no topo da agenda da comunidade científica. Considerando o novo paradigma industrial, há a interação que abrange desde a relação com os fornecedores até as práticas organizacionais, a entrega ao consumidor e a logística reversa, encerrando com isso o ciclo de vida do produto.

Desde a introdução do conceito de SCM na década de 80 as definições utilizadas para defini-la permeiam características como planejamento, monitoramento, fluxo de informações, atividades de logística e dimensão interorganizacional. Mais contemporaneamente, os principais conceitos de SCM ampliaram o debate ao incluir rede de relacionamentos, fluxo direto e reverso de recursos materiais, informacionais e financeiros.

(4)

4 Nesse sentido, quatro características são inerentes a uma cadeia de suprimentos: a SC atravessa todos os elos indo desde suprimentos até o consumidor final, integrando e coordenando diversos estágios intra e interorganizacional; envolve diversas organizações que em uma lógica de cadeia tornam-se dependentes entre si; inclui fluxo bidirecional de produtos (materiais e serviços) e informações; e tem por objetivo fornecer valor elevado aos consumidores, através do uso apropriado dos recursos organizacionais, construindo vantagem competitiva para a cadeia como um todo.

Pesquisas mais recentes enfatizam aspectos adicionais de SCM como a questão de risco, desempenho, integração, fluxo de informações, cooperação e governança corporativa, além da inclusão da discussão de atributos como sincronização, agilidade, flexibilidade, confiabilidade.

Por exemplo, Lambert e Pohlen (2001) definiram SCM em 2001 como a integração dos principais processos de negócios através de fornecedores que entreguem produtos, serviços e informações, desde a sua origem e que agregam valor para os clientes e outras partes interessadas e Stock e Boyer (2009) inseriram na sua definição questões.

Esta evolução, aliada a uma ampliação da preocupação global em relação aos impactos da operação no meio ambiente, possibilitou a inserção, em estudos sobre SCM de temas como sustentabilidade e questões ambientais. Portanto, nas últimas décadas estas temáticas, que antes eram desconsideradas em estudos da gestão da cadeia de suprimentos, são agora colocadas em pauta.

O sucesso de uma cadeia de suprimentos pode ser sinônimo do sucesso da abordagem do fluxo de valor (EASTY, PORTER, 2005) definido pela empresa e sustentado pela interação entre três grupos chave de jogadores: clientes, fornecedores externos e os departamentos envolvidos com as atividades primárias e secundárias da organização.

Para colocar a estratégia competitiva da empresa em prática é necessário que todas estas funções desenvolvam sua própria estratégia ou seja, aquilo que cada parte fará muito bem e que contribuirá para o sucesso ou fracasso da estratégia competitiva da empresa. Nesse caso, a estratégia competitiva da cadeia de suprimentos da empresa precisa estar alinhada com as estratégias competitivas (CHOPRA, MEINDL, 2003).

(5)

5 3.1 A questão da sustentabilidade na SCM

Considerando que, sobre os temas SSCM e GSCM, nosso conhecimento atual ainda é limitado, pode-se asseverar que não possuímos um discernimento suficiente para criar cadeias de suprimentos verdadeiramente sustentáveis ou ambientalmente plenas.

Por outro lado, ainda existe na prática uma utilização inadequada para tratar de dois temas que são complementares, mas, não são sinônimos entre si: Green Supply Chain

Management (GSCM) e Sustainable Supply Chain Management (SSCM).

Por exemplo, trataram GSCM como cadeias produtivas sustentáveis (LINTON; KLASSEN; JAYARAMAN, 2007), (SARKIS, J., BAI, CHUNGUANG, 2010) ou usaram o termo gestão da cadeia ambientalmente sustentável (green) (ZHU, SARKIS, LAI; 2008) ou gerenciamento de rede de fornecimento sustentável (CRUZ; MATSYPURA, 2009; (KIELKIEWICZ-YOUNG, 2001) ou ainda oferta e demanda de sustentabilidade para tratar do tema GSCM em redes de responsabilidade social corporativa (CRUZ; MATSYPURA, 2009; KOVAC’S, 2004).

Além dessa utilização ambígua para os termos GSCM e SSCM pode-se ampliar a análise ao identificar que as abordagens para SSCM ainda são principalmente reativas e com base em questões simples e isoladas envolvendo questões ambientais ou sociais e raramente utilizada, de maneira integrada, como suporte e propulsores de inovação e criação de valor em toda a cadeia.

Portanto este cenário aponta para uma falta de orientações prescritivas de como implementar e operacionalizar SSCM, ou seja, cadeias verdadeiramente sustentáveis.

Alguns dos principais fatores para a implantação de ações corporativas de sustentabilidade da cadeia suprimentos são decorrentes da falta de entendimento comum e compartilhado de sustentabilidade em nível corporativo e de como implantar em nível operacional (BERNS, 2009) da falta de alinhamento das estratégias de negócio com as estratégias sustentáveis (CARTER; ROGERS, 2008); e finalmente, quando superadas estes desafios a execução é muitas vezes implantada de maneira não adequada (BERNS, 2009).

Nesse caso torna-se de suma importância compreender-se as diferenças entre SSCM e GSCM no sentido de que os dois conceitos possuem características peculiares em termos de dimensão organizacional envolvida, diferentes ênfases de abordagem e principalmente

(6)

6 desafios alternativos que precisam ser suplantados por meio de uma agenda consistente de pesquisa teóricas e empíricas.

Em função dessas carências é que emerge a motivação de contribuir para minimizar estas dúvidas e incoerências ao defender a importância da inserção de questões ambientais em estudos de SCM e com isso potencializar entre os parceiros da cadeia, práticas condutoras que levarão a inovação e geração de valor.

Assim, as futuras pesquisas em SCM deverão considerar a questão greening dos elos da cadeia, em seus estudos como forma de avançar mais um degrau para alcançar cadeias verdadeiramente sustentáveis.

3.2. A questão ambiental na CS

A inserção das questões ambientais nas organizações estendeu-se para além da gestão das externalidades, tais como a poluição industrial e a minimização de resíduos. Por razões econômicas ou por cumprimento legal, essas mudanças passaram, em ritmos cada vez mais consistentes, a permear iniciativas proativas, principalmente em empresas com estratégias de internacionalização.

Tais iniciativas, em um primeiro momento, materializavam-se por meio de ações internas (reativas e/ou preventivas) de implementação de estratégias de controle de poluição, redução de resíduos e substituição de materiais perigosos por alternativas mais amigáveis ambientalmente.

Contemporaneamente, essas ações começaram a avançar para questões muito mais complexas como compras verdes (ZHU, SARKIS, 2006); logística interna (ZHU et al., 2008), produção mais limpa (HOLT e GHOBADIAN, 2009), distribuição e logística externa (ZHU et al. 2008) com o propósito de minimizar o possível o impacto ambiental e gerar vantagem competitiva.

Uma evidência desse avanço na complexidade é que, no passado, a função compras estava relacionada, em nível operacional, com produção e gestão de materiais e, hoje, é considerada como parte da estratégia corporativa no sentido de alavancar, por meio da gestão da cadeia de suprimentos, oportunidades ambientais.

(7)

7 Em termos históricos, a abordagem do greening da cadeia de suprimentos surgiu, inicialmente, a partir da obra de Ayres e Kneese (1969) quando discutiram questões relacionadas ao metabolismo industrial e à utilização de matéria prima sob a ótica das funções de produção e consumo da cadeia de suprimentos (SARKIS et al., 2010). Tais ideias deram origem a trabalhos, na década de 70, que trataram da pegada industrial e do equilíbrio do fluxo de material.

Já no final da década de 80, em um trabalho considerado seminal, Kelle e Silver (1989) trataram especificamente sobre a logística reversa (FORTES, 2009). O polêmico artigo focou o desenvolvimento de um sistema de previsão ideal para que as organizações utilizassem a logística reversa com o objetivo de prever produtos que poderiam ser potencialmente reutilizados.

De um modo geral, atualmente as organizações precisam responder a uma demanda por ciclos de vida de produtos e tecnologias cada vez mais curtos. Pressões competitivas forçam mudanças de design de produtos e serviços, já que os consumidores, por sua vez, demandam produtos e serviços cada vez mais diferenciados (AZEVEDO, et al.; 2011). Dessa forma, cresce a visão de que as empresas não podem competir de forma isolada, mas sim, devem fazê-lo por meio de uma rede, também chamada de cadeia de suprimentos.

Segundo alguns autores, um importante tópico dentro do tema cadeia de suprimentos é seu gerenciamento sob o ponto de vista ambiental e uma relevante forma de gestão é a

Green Supply Chain Management (GSCM) (ZHU, SARKIS, LAI, 2012).

O campo interdisciplinar da GSCM tem crescido nos últimos anos tanto no ambiente acadêmico como no ambiente industrial. A preponderância de edições especiais dedicadas nos campos de operações e de gestão atestam esta tendência (SARKIS, ZHU, LAI; 2008). Este crescimento está congruente com uma pesquisa realizada com 300 empresas globais indicando que 83% das mesmas planejam estabelecer, de forma proativa, iniciativas verdes para suas redes de cadeia de suprimentos (LIU, et al., 2011).

Existe uma crescente conscientização da importância da inserção de questões ambientais em estudos da gestão da cadeia de suprimentos com o objetivo potencializar, entre os parceiros, condutores que levarão a inovação e geração de valor. A ideia é que práticas ambientais possam aumentar a competitividade das organizações por meio da redução de

(8)

8 custos, melhorias de qualidade e a geração de novos produtos e processos (YANG, et al., 2010).

3.3. Os conceitos de SSCM e GSCM

Para elucidar esta questão foi realizado uma revisão de literatura para estabelecer estas diferenças e iluminar as futuras pesquisas nestes campos. Entre os autores pesquisados destaca-se a contribuição dos pesquisadores Ahi e Sercy que identificaram na literatura 22 conceitos declarados de GSCM e 12 para SSCM (AHI; SEARCY, 2013).

A pesquisa dos autores envolveu 124 artigos publicados sobre GSCM e 56 artigos sobre SSCM até o ano de 2012, sendo estas últimas com foco em sustentabilidade. Nesse caso, apesar de o termo sustentabilidade poder ser interpretado sob a ótica de diversas abordagens, que vão desde uma posição filosófica até um termo multidimensional para a gestão de negócios, existe uma tendência cada vez maior para adotar uma dimensão de triple

bottom line (ou seja, ênfase na integração de questões ambientais, econômicas e sociais),

como lente recorrente para a sustentabilidade e com isso aumentando consideravelmente a complexidade das operações em SCM.

No caso da GSCM, Handfield et al. (1997) definiram como a aplicação de princípios de gestão ambiental para o conjunto inteiro de atividades em todo o ciclo de pedido do cliente, incluindo a concepção, compras, fabricação e montagem, embalagem, logística e distribuição e Srivastava (2207) conceituou como a integração do pensamento ambiental na gestão da cadeia de suprimentos, incluindo a concepção de produtos, materiais de terceirização e seleção, processos de fabricação, a entrega do produto final para os consumidores, bem como gestão de fim de vida do produto após a sua vida útil.

Ainda sobre GSCM Sarkis, Zhu e Lai afirmaram que é a integração das preocupações ambientais nas práticas inter-organizacionais de SCM, incluindo logística reversa (SARKIS, ZHU; LAI, 2011) e Gnoni, Elia e Lettera definiram GSCM como uma abordagem para integrar as questões ambientais em procedimento de gestão da cadeia de suprimentos a partir de design de produto, através de materiais e continuando com terceirização e seleção, processos de fabricação, entrega do produto final e gestão de fim de vida.

(9)

9 Ao tratar a GSCM como gerenciamento de fornecedores, seus produtos e o meio ambiente, Yeh e Chuang, 2011, inseriram o princípio da proteção do meio ambiente para dentro do sistema de gestão dos fornecedores. Nesse caso a finalidade é a de adicionar proteção e consciência ambiental nos produtos originais e para melhorar a capacidade em mercados competitivos (YE; YE; CHUANG, 2011). Finalmente Andiç, Yurt e Baltacioğlu, (2012) definiram como minimização e de preferência eliminação dos efeitos negativos da cadeia de suprimentos no ambiente.

Assim, as principais definições para SSCM estão convergindo para englobar os conceitos de cadeias de suprimentos considerando as perspectivas econômica, social e ambiental, enquanto as principais definições de GSCM apontam exclusivamente para as demandas ambientais, tangenciando questões econômicas, sem considerar a perspectiva social de suas interações.

4. Discussão dos resultados

Como se pode perceber a questão ambiental é pertinente em todos os conceitos de GSCM e a busca pela eficiência é recorrente nas afirmativas dos principais autores, por meio de expressões como integração, gerenciamento, mercados competitivos, minimização e eliminação. Logo GSCM possui uma dimensão organizacional em nível de operações com ênfase em sistemas ambientais e um grande desafio que é justamente integrar essas práticas em toda a cadeia de forma eficiente, tanto ambientalmente como economicamente.

Assim, a cadeia de suprimentos é operacionalizada por meio de uma estrutura organizacional que exprime os elementos que são estreitamente inter-relacionados e fundamentais para sua operacionalização: processos de negócios (valor para stakeholders); componentes da cadeia (variáveis de gestão) e estrutura (rede de membros) (LAMBERT, POHLEN. 2001).

Ao inserir a questão ambiental nesta seara pode-se asseverar que a GSCM pode ser considerada como uma inovação tecnológica relativamente avançada para que as organizações possam melhorar o seu desempenho ambiental (CARTER, ROGER, 1998). Isso ocorre no âmbito dos processos de negócios com o objetivo de fomentar novas técnologias ambientais.

(10)

10 Por outro lado, o efeito das práticas da GSCM no desempenho organizacional sugere que as mesmas têm alcançado resultados consistentes após a sua implementação. Isso ocorre no elemento estrutura da cadeia de supriementos por meio de uma rede de cooperação entre indivíduos para difusão de conhecimentos e experiências. Diante dessas perspectivas, pode-se razoavelmente considerar GSCM como uma inovação tecnológica organizacional que contribue significamente para o seu desempenho ambiental (SARKIS, 2012; SARKIS, CORDEIRO; 2012).

Finalmente, parte-se da premissa que as empresas implementam GSCM de forma mais complexa (por exemplo, lean manufacturing) ou de forma mais simples (por exemplo, colaboração para projetos de ecodesign) (ZHU, GENG, SARKIS, LAI; 2011) portanto ligado diretamente a gestão de operações. Sendo assim a GSCM é um processo de negócio que depende das relações de todos os membros da CS, com o objetivo de direcionar valor para toda a cadeia por meio das dimensões ambientais e econômica.

Ao abordar os conceitos de SSCM os principais autores trataram de integrar as dimensões do triple bottom line à cadeia de suprimentos. Assim, Knudsen (2006) afirmou que SSCM são os meios pelos quais as empresas gerenciam as responsabilidades sociais através de processos dinâmicos de produção abrangendo as fronteiras organizacionais e geográficas.

Carter e Rogers (2008), definiram como a integração estratégica transparente e realização de metas organizacionais na coordenação sistêmica do social, ambiental e econômico de processos de negócios interorganizacional para melhorar, a longo prazo, o desempenho econômico individual da empresa e suas cadeias de abastecimento.

Já, Seuring e Muller (2008) afirmaram que a SSCM é a gestão do material e os fluxos de informação e capital, bem como a cooperação entre as empresas ao longo da cadeia de suprimentos, tendo como objetivos para a integração de todas as três dimensões do desenvolvimento sustentável, ou seja, econômica, ambiental e sociais, considerando as partes interessadas. Wolf (2012), definiu como o grau em que um fabricante estrategicamente colabora com seus parceiros e o gerenciamento da cadeia de suprimentos de forma colaborativa intra e interorganização alinhando processos para a sustentabilidade.

Ao tratar SSCM como capacidades da empresa Closs, Speier e Meachan (2010) afirmaram que é o resultado de ações de planejar, mitigar, detectar, responder e recuperar-se de potenciais riscos globais. Tais considerações incluem o desenvolvimento de produto, canal, seleção, decisões de mercado, sourcing, fabricação, complexidade, transporte, governo,

(11)

11 regulação, disponibilidade de recursos, gestão de talentos e plataformas alternativas de energia e segurança.

Finalmente Ahi e Searcy (2013) defenderam a ideia de que SSCM é a criação de cadeias de suprimentos coordenadas através da integração voluntária de considerações econômicas, ambientais e sociais com os sistemas de negócios, interorganizacionais e fundamentais a fim de atender às necessidades das partes interessadas e melhorar a rentabilidade, a competitividade e a capacidade de resistência da organização a curto e longo prazo.

Portanto fica evidente nas definições de SSCM que a dimensão organizacional está centrada em nível estratégico tendo como ênfase as dimensões sociais, ambientais e econômicas e o grande desafio é a integração dessas três dimensões da sustentabilidade.

A figura 1 deste estudo faz uma análise das principais características de SCM, GSCM e SSCM sob a ótica da dimensão organizacional, da ênfase de abordagem e dos desafios que se colocam no desenvolvimento destas práticas.

Figura 1: As principais características e desafios para SCM, GSCM e SSCM

5. Conclusões

O tema proposto para este estudo direciona algumas interessantes linhas para futuras investigações em GSCM e SSCM. Em particular, há a necessidade de se ampliar o debate sobre estudos que integrem a cadeia de suprimentos, tanto a montante (upstream - nas relações com clientes e ciclo de vida do produto), como a jusante (downstream - referindo-se as relações da empresa com os fornecedores e partes interessadas), adotando um sistema holístico de abordagem para a GSCM.

A pesquisa constatou que, na base disponível de consulta, foram publicados artigos que abordaram os temas sob diversas lentes e, em alguns casos, como sinônimo. Entende-se

(12)

12 que a partir dos argumentos aqui descritos e pela estrutura apresentada na figura 1 esta questão está ultrapassada. Os temas não devem ser tratados como sinônimos e devem ser estudados conforme os processos de negócios estão estruturados no contexto organizacional.

Embora os conceitos de GSCM terem sidos revistos, existem áreas em torno da cadeia de suprimentos verde que ainda necessitam de mais estudos. Assim este artigo sugere que os pesquisadores devam se concentrar mais em temas relacionados com a GSCM no sentido compreender as restrições e impulsionadores que levam os gestores e as partes interessadas a tornarem a gestão da cadeia de suprimentos mais verde. O objetivo é de retratar os diferentes pontos de vista sobre o conceito e como isso, pode implicar em decisões de gestão que alinhem resultados, meio ambiente e sustentabilidade. Com isso a inserção da questão social na cadeia de suprimentos será consequência da constatação da geração de valor a todos os elos da cadeia.

Referências

AHI, P.; SEARCY, C. A comparative literature analysis of definitions for green and sustainable supply chain management. Journal of Cleaner Production, v. 52, n. 0, p.

329-341, 2013. ISSN 0959-6526. Disponível em: <

http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S095965261300067X> Acesso em 10.01.2016

ANDIÇ, E.; YURT, Ö.; BALTACIOĞLU, T. Green supply chains: Efforts and potential applications for the Turkish market. Resources, Conservation and Recycling, v. 58, n. 0, p.

50-68, 1// 2012. ISSN 0921-3449. Disponível em: <

http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0921344911002199> Acesso em 08.01.2016.

BERNS, M. T., A; KHAYAT, Z.; BALAGOPAL, B.; REEVES, M.; HOPKINS, M. S. ; KRUSCHWITZ, N. The Business of Sustainability: What It Means to Managers Now. MIT Sloan Management Review Global, 2009.

CARTER, C. R.; ROGERS, D. S. A framework of sustainable supply chain management: moving toward new theory. International Journal of Physical Distribution & Logistics Management, v. 38, n. 5, p. 360-387, 2008. ISSN 0960-0035.

CLOSS, D. J.; SPEIER, C.; MEACHAM, N. Sustainability to support end-to-end value chains: the role of supply chain management. Journal of the Academy of Marketing Science, v. 39, n. 1, p. 101-116, 2010. ISSN 0092-0703

1552-7824. Disponível em: <

(13)

http://download.springer.com/static/pdf/400/art%253A10.1007%252Fs11747-010-0207-13

4.pdf?auth66=1406646370_5c5fa0a09147db234a24b21af3bef66c&ext=.pdf >. Acesso em 08.01.2016.

CRUZ, J.M., MATSYPURA, D.Supply chain networks with corporate social responsibility through integrated environmental decision-making. International Journal of Production Research, 47(3), p. 621 – 648, 2009.

ESTY, D. C., PORTER, M. E. National environmental performance: an empirical analysis of policy results and determinants. Environment and Development Economics v.10, p.391–434, 2005.

GNONI, M. G.; ELIA, V.; LETTERA, G. A strategic quantitative approach for sustainable energy production from biomass. International Journal of Sustainable Engineering, v. 4, n. 2, p. 127-135, 2011. Disponível em: < http://www.scopus.com/inward/record.url?eid=2-s2.0-79954537653&partnerID=40&md5=24d271438bdd5d799479b99523e4f1d9 >. Acesso em 08.01.2016.

HANDFIELD, R. B. et al. Green' value chain practices in the furniture industry. Journal of Operations Management, v. 15, n. 4, p. 293-315, 1997. Disponível em: <

http://www.scopus.com/inward/record.url?eid=2-s2.0-0031276763&partnerID=40&md5=1991a561fd630a6a69ba831778a6ce0e >. Acesso em 08.01.2016.

LAMBERT, D. M.; POHLEN, T. L. Supply chain metrics. The International Journal of Logistics Management, v. 12, n. 1, p. 1-19, 2001.

SARKIS, J., BAI, CHUNGUANG. Green supplier development: analytical evaluation using rough set theory. Journal of Cleaner Production, v. 18, n. 12, p. 1200-1210, 2010. ISSN

09596526. Disponível em: <

http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0959652610000272 >. Acesso em 08.01.2016.

SARKIS, J. D., ZHU, Q. Integrating strategic carbon management into formal evaluation of environmental supplier development programs. 2013.

SEURING, S.; MÜLLER, M. From a literature review to a conceptual framework for sustainable supply chain management. Journal of Cleaner Production, v. 16, n. 15, p.

1699-1710, 10// 2008. ISSN 0959-6526. Disponível em: <

http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S095965260800111X> Acesso em 01.08.2016.

STOCK, J. R.; BOYER, S. L.; HARMON, T. Research opportunities in supply chain management. Journal of the Academy of Marketing Science, v. 38, n. 1, p. 32-41, 2009. ISSN 0092-07031552-7824.

SRIVASTAVA, S. K. Green supply-chain management: A state-of-the-art literature review. International Journal of Management Reviews, v. 9, n. 1, p. 53-80, 2007.

TRANFIELD, D.; DENYER, D., TOWARDS. A methodology for developing evidence-informed management knowledge by means of systematic review. British Journal of

(14)

14 Management, v.14, n.3, pp.207-22, 2003.

WOLFE, C. J. Dimensions of Purchasing Social Responsibility in Sustainable Supply Chain Organizations. 2012. 207 Ph.D. (3496862). Northcentral University, Ann Arbor. YE, L.; YE, C.; CHUANG, Y.-F. Location set covering for waste resource recycling centers in Taiwan. Resources, Conservation and Recycling, v. 55, n. 11, p. 979-985, 9// 2011. ISSN

0921-3449. Disponível em: <

http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0921344911000905> Acesso em 08.01.2016.

ZHU, Q.; SARKIS, J.; LAI, K.-H. Green supply chain management implications for “closing the loop”. Transportation Research Part E: Logistics and Transportation Review, v. 44, n. 1, p. 1-18, 2008. ISSN 13665545.

Referências

Documentos relacionados

conhecimento do candidato acerca do item do programa: Entendimento da estrutura lógica de relações arbitrárias entre as pessoas, lugares, objetos ou eventos

Desse modo, descolonizar o ser-tão que há em nós é falar desde os sentidos, as energias que tecem nosso existir, nossas escrevivências, compreendendo o conhecimento como gestado

Parágrafo Terceiro: O pagamento da diferença total do plano odontológico será descontado em folha de pagamento, mediante autorização prévia e por escrito do empregado, nos termos

6 – Considere que os dez electrões  de uma cianina se movem livremente (com energia potencial próxima de zero) numa caixa unidimensional de comprimento 12

Cultural Brasil/Noruega 2014, pela representante do Setor Cultural da Embaixada do Brasil em Oslo.. 20:30 - Intervalo Intervalo Intervalo - Coquetel

Este trabalho buscou, através de pesquisa de campo, estudar o efeito de diferentes alternativas de adubações de cobertura, quanto ao tipo de adubo e época de

O objetivo do curso foi oportunizar aos participantes, um contato direto com as plantas nativas do Cerrado para identificação de espécies com potencial

É contraproducente colocar médicos nos quais se investiu tanto para desempenhar tarefas menos complexas para as quais outros profissionais podem ser treinados.. É mais do que