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Carla Gullo, Rita Gullo e Camilo Vannuchi SUPLEMENTO DIDÁTICO SUGESTÕES DE ATIVIDADES ELABORADAS POR:

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Academic year: 2021

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Carla Gullo, Rita Gullo e Camilo Vannuchi

SUPLEMENTO DIDÁTICO

SUGESTÕES DE ATIVIDADES

ELABORADAS POR:

Maria Clara Wasserman – Mestre em História, professora dos Ensinos Fundamental e Médio,

atua na área de formação de professores e é pesquisadora de cultura brasileira.

Professor

Neste suplemento você encontrará sugestões de projeto pedagógico para desenvolver no ensino fundamental com turmas do 1o ao 5o ano

(ou 1o e 2o ciclos) e turmas do 6o ao 9o ano (ou

3o e 4o ciclos). Com essa divisão buscamos criar

projetos adequados para cada fase do desenvol-vimento do aluno.

Tomando como referência o livro estudado, organizamos um plano de atividades para os quatro ciclos:

– antes da leitura sugerimos um trabalho de sensibilização sobre o tema central, em que o professor organiza e prepara a classe para estu-dar o tema proposto;

– durante a leitura, feita com a mediação do professor, faz-se a leitura em si e o professor pro-põe o levantamento de questões sobre o tema;

– depois da leitura, o professor pode avaliar a absorção do conhecimento por meio de tra-balhos em múltiplas linguagens (dramatizações, fóruns, textos, painéis).

Para as atividades deste suplemento to-mamos como ponto de partida, além do livro estudado, os Parâmetros Curriculares Nacionais, em que o educador atua como mediador na produção do conhecimento. Os PCNs de Histó-ria, Geografi a e Arte, de modo geral, têm como objetivo levar o aluno a conhecer e respeitar o modo de vida de grupos sociais diversos em suas atividades culturais, econômicas, políticas e sociais, identifi cando semelhanças e diferenças entre eles. Outro ponto não menos importante é fazer o educando reconhecer mudanças e per-manências nas sociedades humanas, presentes na sua e nas demais comunidades.

A área da Arte é um campo privilegiado para discutir o tema proposto, uma vez que as manifestações artísticas são exemplos vivos da diversidade cultural e expressam a riqueza cria-dora dos povos de todos os tempos e lugares. Em contato com tais produções, o aluno pode exercitar suas capacidades cognitivas, sensiti-vas, afetivas e imaginatisensiti-vas, organizadas em torno da aprendizagem. E, no campo da música popular, nosso objeto de estudo, a criança é estimulada a desenvolver a sensibilidade e a consciência estético-crítica por meio da percep-ção de elementos da linguagem musical.

Fica a critério do professor adaptar as ativida-des como melhor ativida-desejar, deixando-as de acordo com o perfi l de cada turma.

Por que trabalhar com samba e

bossa nova

Samba e bossa nova são dois estilos que nasceram no Brasil em contextos diferentes, espalharam-se por todo o território brasi-leiro, ganharam o mundo e se tornaram símbolos da identidade nacional.

O samba, na forma que conhecemos hoje, consolidou-se na década de 1930, juntamente com um governo que se pretendia moderni-zante e com uma nascente indústria cultural. Esses dois fatores foram responsáveis por irradiar o ritmo em todo o território nacional e transformá-lo em representante da brasili-dade — e do povo brasileiro, originário das três raças.

Já a bossa nova nasceu em fi ns da déca-da de 1950, como um estilo criado por João Gilberto a partir do samba. O som sincopado, a dissonância e o jeito de cantar baixinho foram ao encontro de uma juventude e de um Brasil que se modernizava. A bossa nova ganhou o mundo, não foi infl uenciada pelo jazz, mas o infl uenciou e se traduziu, no Brasil e no mundo, como símbolo da modernidade.

O livro vai possibilitar a criação de um am-biente para a escuta das canções citadas. Para facilitar o momento da audição, sugerimos tomar esse roteiro como base para uma escuta mais qualifi cada.

Roteiro para análise

de uma canção

1. Parâmetros poéticos

– Identifi car o tema geral da canção.

– Identifi car o eu poético e seus possíveis interlocutores (quem fala através da letra e para quem fala).

– Desenvolvimento: qual é a narrativa; que imagens poéticas foram usadas; qual o léxico e a sintaxe predominantes.

– Identifi car os tipos de rima e as formas poéticas.

– Observar se foram utilizados recursos como alegoria, metáfora, metonímia, paródia etc.

2. Parâmetros musicais

– Melodia: pontos de tensão/repouso meló-dico.

– Arranjo: instrumentos predominantes e sua função no clima geral da canção. – Andamento: rápido ou lento.

– Entoação: tipos e efeitos de interpretação vocal, levando em conta a intensidade (volume), a tessitura atingida (graves/ agudos) e a ocorrência de ornamentos vocais, como falsete ou vibrato.

– Gênero musical (geralmente confundido com estilo ou ritmo): samba, pop, rock etc. – Identifi car a possível ocorrência de inter-textualidade musical (citação de outras músicas).

(Adaptado de: NAPOLITANO, Marcos.

His-tória & Música: hisHis-tória cultural da música

popular. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.)

SUGESTÃO DE PROJETO

PEDAGÓGICO PARA TURMAS

DO 1

o

AO 5

o

ANO:

TEM BOSSA NO SAMBA

Objetivo: Levar os alunos a entender o

pro-cesso de formação e disseminação do samba como símbolo da brasilidade.

Tema transversal: Pluralidade Cultural Trabalho interdisciplinar: História,

Geogra-fi a, Língua Portuguesa e Arte.

ATIVIDADE

PARA ANTES DA LEITURA

Inicie a atividade posicionando seus alunos em roda e perguntando se conhecem o samba. Coloque para a classe ouvir um samba conhe-cido que possibilite que todos o reconheçam e cantem junto.

A seguir, explique que a origem do samba foi justamente no samba de roda, ou umbigada: os casais iam para o centro da roda e tocavam os umbigos. Esse era um ritmo que veio de Angola, na África (se possível, localize o país africano no mapa) e que, chegando ao Brasil foi se trans-formando ao se misturar com outros ritmos africanos e portugueses.

Em seguida, diga que vão ouvir o primeiro samba gravado da história: Pelo Telefone (pág. XX – https://www.youtube.com/watch?v=woLpDB4jjDU – acesso em 11 ago. 2014). Para essa atividade, peça que escutem em silêncio a primeira vez. Eles vão ter um estranhamento em relação ao que conhecem de samba. Pergunte, então, o que ou-viram de diferente em relação:

– ao andamento (mais lento, lembrando as antigas procissões).

– à voz do intérprete (distorcida, devido à gravação mecânica).

– à percussão (que só foi introduzida no sam-ba em 1927).

Discuta com os alunos as diferentes formas de samba atuais e antigas. Convide-os para a leitura do livro, no qual vão conhecer melhor essa história.

ATIVIDADE

PARA DURANTE A LEITURA

Faça um círculo com seus alunos. Organize, primeiramente, uma leitura pelas imagens do livro: faça-os folhear as páginas e comentar per-sonagens que conhecem. À medida que falarem, coloque os nomes na lousa até formar um painel com os principais nomes da música brasileira. Se houver difi culdade de identifi car os personagens, aponte alguns nomes e canções famosas.

A seguir, comece a leitura do livro em si. Pelo

YouTube é possível encontrar as canções citadas

e é importante fazer pausas para a audição, tornando o momento dinâmico e bastante rico.

Ainda durante a leitura, peça para anotarem (ou desenharem, de acordo com o ano) os per-sonagens ou ritmos de que mais gostaram ou que mais lhes chamaram a atenção. Pergunte o porquê da escolha dos personagens e faça um debate na sala de aula.

Ao fi m da leitura, organize um mural com uma linha do tempo sobre samba e bossa nova. Divida-os em grupos de afi nidades temáticas, a partir das escolhas que fi zeram e peça que cons-truam uma cronologia da seguinte forma:

Ano Canção compositorCantor/ Observações dos alunos No campo Observações, peça para os alunos colocarem opiniões, comentários, desenhos etc. Se for possível, ajuos a fazer colagem com de-senhos ou fotos dos artistas na linha do tempo.

ATIVIDADES

PARA DEPOIS DA LEITURA

1. Divida a turma em dois grupos: Samba

e Bossa nova. Cada grupo vai organizar uma apresentação para o outro grupo, com histórias, danças, desenhos ou a linguagem artística que desejarem.

2. Leia com os alunos o seguinte texto:

Quem não conhece a canção Parabéns

pra você? Essa história é de 1941, quando o

famoso radialista Almirante resolveu organi-zar um concurso para colocar letra na canção americana Happy Birthday to you.

“Foi um êxito, pois o concurso durou três meses com centenas de concorrentes. Almi-rante deu as bases do concurso: a) que fosse uma quadrinha que cada verso tivesse seis sílabas; b) que apresentasse correspondência

ao encaixe perfeito com a melodia; c) que a letra pudesse ser cantada por qualquer pes-soa. A letra vitoriosa foi feita por uma moça de Pindamonhangaba, São Paulo, chamada Berta Celeste Homem de Melo.” (Fonte: CABRAL, Sérgio. No tempo do almirante: uma história do rádio e da MPB. Rio de Ja-neiro: Francisco Alves, 1990, p. 207.)

Parabéns pra você não é um samba, é uma

canção americana que ganhou uma versão depois de um concurso de rádio. Mas é importante mos-trar aos alunos como o rádio era o maior veículo de comunicação do período e que tudo o que acontecia era difundido por toda a sociedade.

Explique que novelas e programas de auditó-rio conhecidos começaram nas rádios e que um dos motivos da grande difusão do samba pelo Brasil teve a ver com a popularização desse meio de comunicação.

A seguir, faça uma brincadeira com a turma e recrie o mesmo concurso para que façam outra letra de Parabéns pra você.

3. Após o momento da leitura, promova a

audição de uma canção interpretada por João Gilberto, como Bim bom, Chega de saudade ou

Garota de Ipanema. Peça que identifi quem o

estilo da voz, do violão e da percussão e diga que João toca em estilo bossa nova os gêneros brasileiros, como é o caso de Bim bom (baião),

Chega de saudade (choro) e Garota de Ipanema

(samba-canção).

SUGESTÃO DE PROJETO

PEDAGÓGICO PARA TURMAS

DO 6

o

AO 9

o

ANO:

CONHECENDO O SAMBA

E A BOSSA

Temas transversais: Pluralidade Cultural e

Temas Locais

Trabalho interdisciplinar: História, Arte,

Por-tuguês e Geografi a.

Samba

e

Bossa Nova

(2)

2 3 4

Carla Gullo, Rita Gullo e Camilo Vannuchi

SUPLEMENTO DIDÁTICO

SUGESTÕES DE ATIVIDADES

ELABORADAS POR:

Maria Clara Wasserman – Mestre em História, professora dos Ensinos Fundamental e Médio,

atua na área de formação de professores e é pesquisadora de cultura brasileira.

Professor

Neste suplemento você encontrará sugestões de projeto pedagógico para desenvolver no ensino fundamental com turmas do 1o ao 5o ano

(ou 1o e 2o ciclos) e turmas do 6o ao 9o ano (ou

3o e 4o ciclos). Com essa divisão buscamos criar

projetos adequados para cada fase do desenvol-vimento do aluno.

Tomando como referência o livro estudado, organizamos um plano de atividades para os quatro ciclos:

– antes da leitura sugerimos um trabalho de sensibilização sobre o tema central, em que o professor organiza e prepara a classe para estu-dar o tema proposto;

– durante a leitura, feita com a mediação do professor, faz-se a leitura em si e o professor pro-põe o levantamento de questões sobre o tema;

– depois da leitura, o professor pode avaliar a absorção do conhecimento por meio de tra-balhos em múltiplas linguagens (dramatizações, fóruns, textos, painéis).

Para as atividades deste suplemento to-mamos como ponto de partida, além do livro estudado, os Parâmetros Curriculares Nacionais, em que o educador atua como mediador na produção do conhecimento. Os PCNs de Histó-ria, Geografi a e Arte, de modo geral, têm como objetivo levar o aluno a conhecer e respeitar o modo de vida de grupos sociais diversos em suas atividades culturais, econômicas, políticas e sociais, identifi cando semelhanças e diferenças entre eles. Outro ponto não menos importante é fazer o educando reconhecer mudanças e per-manências nas sociedades humanas, presentes na sua e nas demais comunidades.

A área da Arte é um campo privilegiado para discutir o tema proposto, uma vez que as manifestações artísticas são exemplos vivos da diversidade cultural e expressam a riqueza cria-dora dos povos de todos os tempos e lugares. Em contato com tais produções, o aluno pode exercitar suas capacidades cognitivas, sensiti-vas, afetivas e imaginatisensiti-vas, organizadas em torno da aprendizagem. E, no campo da música popular, nosso objeto de estudo, a criança é estimulada a desenvolver a sensibilidade e a consciência estético-crítica por meio da percep-ção de elementos da linguagem musical.

Fica a critério do professor adaptar as ativida-des como melhor ativida-desejar, deixando-as de acordo com o perfi l de cada turma.

Por que trabalhar com samba e

bossa nova

Samba e bossa nova são dois estilos que nasceram no Brasil em contextos diferentes, espalharam-se por todo o território brasi-leiro, ganharam o mundo e se tornaram símbolos da identidade nacional.

O samba, na forma que conhecemos hoje, consolidou-se na década de 1930, juntamente com um governo que se pretendia moderni-zante e com uma nascente indústria cultural. Esses dois fatores foram responsáveis por irradiar o ritmo em todo o território nacional e transformá-lo em representante da brasili-dade — e do povo brasileiro, originário das três raças.

Já a bossa nova nasceu em fi ns da déca-da de 1950, como um estilo criado por João Gilberto a partir do samba. O som sincopado, a dissonância e o jeito de cantar baixinho foram ao encontro de uma juventude e de um Brasil que se modernizava. A bossa nova ganhou o mundo, não foi infl uenciada pelo jazz, mas o infl uenciou e se traduziu, no Brasil e no mundo, como símbolo da modernidade.

O livro vai possibilitar a criação de um am-biente para a escuta das canções citadas. Para facilitar o momento da audição, sugerimos tomar esse roteiro como base para uma escuta mais qualifi cada.

Roteiro para análise

de uma canção

1. Parâmetros poéticos

– Identifi car o tema geral da canção.

– Identifi car o eu poético e seus possíveis interlocutores (quem fala através da letra e para quem fala).

– Desenvolvimento: qual é a narrativa; que imagens poéticas foram usadas; qual o léxico e a sintaxe predominantes.

– Identifi car os tipos de rima e as formas poéticas.

– Observar se foram utilizados recursos como alegoria, metáfora, metonímia, paródia etc.

2. Parâmetros musicais

– Melodia: pontos de tensão/repouso meló-dico.

– Arranjo: instrumentos predominantes e sua função no clima geral da canção. – Andamento: rápido ou lento.

– Entoação: tipos e efeitos de interpretação vocal, levando em conta a intensidade (volume), a tessitura atingida (graves/ agudos) e a ocorrência de ornamentos vocais, como falsete ou vibrato.

– Gênero musical (geralmente confundido com estilo ou ritmo): samba, pop, rock etc. – Identifi car a possível ocorrência de inter-textualidade musical (citação de outras músicas).

(Adaptado de: NAPOLITANO, Marcos.

His-tória & Música: hisHis-tória cultural da música

popular. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.)

SUGESTÃO DE PROJETO

PEDAGÓGICO PARA TURMAS

DO 1

o

AO 5

o

ANO:

TEM BOSSA NO SAMBA

Objetivo: Levar os alunos a entender o

pro-cesso de formação e disseminação do samba como símbolo da brasilidade.

Tema transversal: Pluralidade Cultural Trabalho interdisciplinar: História,

Geogra-fi a, Língua Portuguesa e Arte.

ATIVIDADE

PARA ANTES DA LEITURA

Inicie a atividade posicionando seus alunos em roda e perguntando se conhecem o samba. Coloque para a classe ouvir um samba conhe-cido que possibilite que todos o reconheçam e cantem junto.

A seguir, explique que a origem do samba foi justamente no samba de roda, ou umbigada: os casais iam para o centro da roda e tocavam os umbigos. Esse era um ritmo que veio de Angola, na África (se possível, localize o país africano no mapa) e que, chegando ao Brasil foi se trans-formando ao se misturar com outros ritmos africanos e portugueses.

Em seguida, diga que vão ouvir o primeiro samba gravado da história: Pelo Telefone (pág. XX – https://www.youtube.com/watch?v=woLpDB4jjDU – acesso em 11 ago. 2014). Para essa atividade, peça que escutem em silêncio a primeira vez. Eles vão ter um estranhamento em relação ao que conhecem de samba. Pergunte, então, o que ou-viram de diferente em relação:

– ao andamento (mais lento, lembrando as antigas procissões).

– à voz do intérprete (distorcida, devido à gravação mecânica).

– à percussão (que só foi introduzida no sam-ba em 1927).

Discuta com os alunos as diferentes formas de samba atuais e antigas. Convide-os para a leitura do livro, no qual vão conhecer melhor essa história.

ATIVIDADE

PARA DURANTE A LEITURA

Faça um círculo com seus alunos. Organize, primeiramente, uma leitura pelas imagens do livro: faça-os folhear as páginas e comentar per-sonagens que conhecem. À medida que falarem, coloque os nomes na lousa até formar um painel com os principais nomes da música brasileira. Se houver difi culdade de identifi car os personagens, aponte alguns nomes e canções famosas.

A seguir, comece a leitura do livro em si. Pelo

YouTube é possível encontrar as canções citadas

e é importante fazer pausas para a audição, tornando o momento dinâmico e bastante rico.

Ainda durante a leitura, peça para anotarem (ou desenharem, de acordo com o ano) os per-sonagens ou ritmos de que mais gostaram ou que mais lhes chamaram a atenção. Pergunte o porquê da escolha dos personagens e faça um debate na sala de aula.

Ao fi m da leitura, organize um mural com uma linha do tempo sobre samba e bossa nova. Divida-os em grupos de afi nidades temáticas, a partir das escolhas que fi zeram e peça que cons-truam uma cronologia da seguinte forma:

Ano Canção compositorCantor/ Observações dos alunos No campo Observações, peça para os alunos colocarem opiniões, comentários, desenhos etc. Se for possível, ajuos a fazer colagem com de-senhos ou fotos dos artistas na linha do tempo.

ATIVIDADES

PARA DEPOIS DA LEITURA

1. Divida a turma em dois grupos: Samba

e Bossa nova. Cada grupo vai organizar uma apresentação para o outro grupo, com histórias, danças, desenhos ou a linguagem artística que desejarem.

2. Leia com os alunos o seguinte texto:

Quem não conhece a canção Parabéns

pra você? Essa história é de 1941, quando o

famoso radialista Almirante resolveu organi-zar um concurso para colocar letra na canção americana Happy Birthday to you.

“Foi um êxito, pois o concurso durou três meses com centenas de concorrentes. Almi-rante deu as bases do concurso: a) que fosse uma quadrinha que cada verso tivesse seis sílabas; b) que apresentasse correspondência

ao encaixe perfeito com a melodia; c) que a letra pudesse ser cantada por qualquer pes-soa. A letra vitoriosa foi feita por uma moça de Pindamonhangaba, São Paulo, chamada Berta Celeste Homem de Melo.” (Fonte: CABRAL, Sérgio. No tempo do almirante: uma história do rádio e da MPB. Rio de Ja-neiro: Francisco Alves, 1990, p. 207.)

Parabéns pra você não é um samba, é uma

canção americana que ganhou uma versão depois de um concurso de rádio. Mas é importante mos-trar aos alunos como o rádio era o maior veículo de comunicação do período e que tudo o que acontecia era difundido por toda a sociedade.

Explique que novelas e programas de auditó-rio conhecidos começaram nas rádios e que um dos motivos da grande difusão do samba pelo Brasil teve a ver com a popularização desse meio de comunicação.

A seguir, faça uma brincadeira com a turma e recrie o mesmo concurso para que façam outra letra de Parabéns pra você.

3. Após o momento da leitura, promova a

audição de uma canção interpretada por João Gilberto, como Bim bom, Chega de saudade ou

Garota de Ipanema. Peça que identifi quem o

estilo da voz, do violão e da percussão e diga que João toca em estilo bossa nova os gêneros brasileiros, como é o caso de Bim bom (baião),

Chega de saudade (choro) e Garota de Ipanema

(samba-canção).

SUGESTÃO DE PROJETO

PEDAGÓGICO PARA TURMAS

DO 6

o

AO 9

o

ANO:

CONHECENDO O SAMBA

E A BOSSA

Temas transversais: Pluralidade Cultural e

Temas Locais

Trabalho interdisciplinar: História, Arte,

Por-tuguês e Geografi a.

Samba

e

(3)

2 3 4

Carla Gullo, Rita Gullo e Camilo Vannuchi

SUPLEMENTO DIDÁTICO

SUGESTÕES DE ATIVIDADES

ELABORADAS POR:

Maria Clara Wasserman – Mestre em História, professora dos Ensinos Fundamental e Médio,

atua na área de formação de professores e é pesquisadora de cultura brasileira.

Professor

Neste suplemento você encontrará sugestões de projeto pedagógico para desenvolver no ensino fundamental com turmas do 1o ao 5o ano

(ou 1o e 2o ciclos) e turmas do 6o ao 9o ano (ou

3o e 4o ciclos). Com essa divisão buscamos criar

projetos adequados para cada fase do desenvol-vimento do aluno.

Tomando como referência o livro estudado, organizamos um plano de atividades para os quatro ciclos:

– antes da leitura sugerimos um trabalho de sensibilização sobre o tema central, em que o professor organiza e prepara a classe para estu-dar o tema proposto;

– durante a leitura, feita com a mediação do professor, faz-se a leitura em si e o professor pro-põe o levantamento de questões sobre o tema;

– depois da leitura, o professor pode avaliar a absorção do conhecimento por meio de tra-balhos em múltiplas linguagens (dramatizações, fóruns, textos, painéis).

Para as atividades deste suplemento to-mamos como ponto de partida, além do livro estudado, os Parâmetros Curriculares Nacionais, em que o educador atua como mediador na produção do conhecimento. Os PCNs de Histó-ria, Geografi a e Arte, de modo geral, têm como objetivo levar o aluno a conhecer e respeitar o modo de vida de grupos sociais diversos em suas atividades culturais, econômicas, políticas e sociais, identifi cando semelhanças e diferenças entre eles. Outro ponto não menos importante é fazer o educando reconhecer mudanças e per-manências nas sociedades humanas, presentes na sua e nas demais comunidades.

A área da Arte é um campo privilegiado para discutir o tema proposto, uma vez que as manifestações artísticas são exemplos vivos da diversidade cultural e expressam a riqueza cria-dora dos povos de todos os tempos e lugares. Em contato com tais produções, o aluno pode exercitar suas capacidades cognitivas, sensiti-vas, afetivas e imaginatisensiti-vas, organizadas em torno da aprendizagem. E, no campo da música popular, nosso objeto de estudo, a criança é estimulada a desenvolver a sensibilidade e a consciência estético-crítica por meio da percep-ção de elementos da linguagem musical.

Fica a critério do professor adaptar as ativida-des como melhor ativida-desejar, deixando-as de acordo com o perfi l de cada turma.

Por que trabalhar com samba e

bossa nova

Samba e bossa nova são dois estilos que nasceram no Brasil em contextos diferentes, espalharam-se por todo o território brasi-leiro, ganharam o mundo e se tornaram símbolos da identidade nacional.

O samba, na forma que conhecemos hoje, consolidou-se na década de 1930, juntamente com um governo que se pretendia moderni-zante e com uma nascente indústria cultural. Esses dois fatores foram responsáveis por irradiar o ritmo em todo o território nacional e transformá-lo em representante da brasili-dade — e do povo brasileiro, originário das três raças.

Já a bossa nova nasceu em fi ns da déca-da de 1950, como um estilo criado por João Gilberto a partir do samba. O som sincopado, a dissonância e o jeito de cantar baixinho foram ao encontro de uma juventude e de um Brasil que se modernizava. A bossa nova ganhou o mundo, não foi infl uenciada pelo jazz, mas o infl uenciou e se traduziu, no Brasil e no mundo, como símbolo da modernidade.

O livro vai possibilitar a criação de um am-biente para a escuta das canções citadas. Para facilitar o momento da audição, sugerimos tomar esse roteiro como base para uma escuta mais qualifi cada.

Roteiro para análise

de uma canção

1. Parâmetros poéticos

– Identifi car o tema geral da canção.

– Identifi car o eu poético e seus possíveis interlocutores (quem fala através da letra e para quem fala).

– Desenvolvimento: qual é a narrativa; que imagens poéticas foram usadas; qual o léxico e a sintaxe predominantes.

– Identifi car os tipos de rima e as formas poéticas.

– Observar se foram utilizados recursos como alegoria, metáfora, metonímia, paródia etc.

2. Parâmetros musicais

– Melodia: pontos de tensão/repouso meló-dico.

– Arranjo: instrumentos predominantes e sua função no clima geral da canção. – Andamento: rápido ou lento.

– Entoação: tipos e efeitos de interpretação vocal, levando em conta a intensidade (volume), a tessitura atingida (graves/ agudos) e a ocorrência de ornamentos vocais, como falsete ou vibrato.

– Gênero musical (geralmente confundido com estilo ou ritmo): samba, pop, rock etc. – Identifi car a possível ocorrência de inter-textualidade musical (citação de outras músicas).

(Adaptado de: NAPOLITANO, Marcos.

His-tória & Música: hisHis-tória cultural da música

popular. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.)

SUGESTÃO DE PROJETO

PEDAGÓGICO PARA TURMAS

DO 1

o

AO 5

o

ANO:

TEM BOSSA NO SAMBA

Objetivo: Levar os alunos a entender o

pro-cesso de formação e disseminação do samba como símbolo da brasilidade.

Tema transversal: Pluralidade Cultural Trabalho interdisciplinar: História,

Geogra-fi a, Língua Portuguesa e Arte.

ATIVIDADE

PARA ANTES DA LEITURA

Inicie a atividade posicionando seus alunos em roda e perguntando se conhecem o samba. Coloque para a classe ouvir um samba conhe-cido que possibilite que todos o reconheçam e cantem junto.

A seguir, explique que a origem do samba foi justamente no samba de roda, ou umbigada: os casais iam para o centro da roda e tocavam os umbigos. Esse era um ritmo que veio de Angola, na África (se possível, localize o país africano no mapa) e que, chegando ao Brasil foi se trans-formando ao se misturar com outros ritmos africanos e portugueses.

Em seguida, diga que vão ouvir o primeiro samba gravado da história: Pelo Telefone (pág. XX – https://www.youtube.com/watch?v=woLpDB4jjDU – acesso em 11 ago. 2014). Para essa atividade, peça que escutem em silêncio a primeira vez. Eles vão ter um estranhamento em relação ao que conhecem de samba. Pergunte, então, o que ou-viram de diferente em relação:

– ao andamento (mais lento, lembrando as antigas procissões).

– à voz do intérprete (distorcida, devido à gravação mecânica).

– à percussão (que só foi introduzida no sam-ba em 1927).

Discuta com os alunos as diferentes formas de samba atuais e antigas. Convide-os para a leitura do livro, no qual vão conhecer melhor essa história.

ATIVIDADE

PARA DURANTE A LEITURA

Faça um círculo com seus alunos. Organize, primeiramente, uma leitura pelas imagens do livro: faça-os folhear as páginas e comentar per-sonagens que conhecem. À medida que falarem, coloque os nomes na lousa até formar um painel com os principais nomes da música brasileira. Se houver difi culdade de identifi car os personagens, aponte alguns nomes e canções famosas.

A seguir, comece a leitura do livro em si. Pelo

YouTube é possível encontrar as canções citadas

e é importante fazer pausas para a audição, tornando o momento dinâmico e bastante rico.

Ainda durante a leitura, peça para anotarem (ou desenharem, de acordo com o ano) os per-sonagens ou ritmos de que mais gostaram ou que mais lhes chamaram a atenção. Pergunte o porquê da escolha dos personagens e faça um debate na sala de aula.

Ao fi m da leitura, organize um mural com uma linha do tempo sobre samba e bossa nova. Divida-os em grupos de afi nidades temáticas, a partir das escolhas que fi zeram e peça que cons-truam uma cronologia da seguinte forma:

Ano Canção compositorCantor/ Observações dos alunos No campo Observações, peça para os alunos colocarem opiniões, comentários, desenhos etc. Se for possível, ajuos a fazer colagem com de-senhos ou fotos dos artistas na linha do tempo.

ATIVIDADES

PARA DEPOIS DA LEITURA

1. Divida a turma em dois grupos: Samba

e Bossa nova. Cada grupo vai organizar uma apresentação para o outro grupo, com histórias, danças, desenhos ou a linguagem artística que desejarem.

2. Leia com os alunos o seguinte texto:

Quem não conhece a canção Parabéns

pra você? Essa história é de 1941, quando o

famoso radialista Almirante resolveu organi-zar um concurso para colocar letra na canção americana Happy Birthday to you.

“Foi um êxito, pois o concurso durou três meses com centenas de concorrentes. Almi-rante deu as bases do concurso: a) que fosse uma quadrinha que cada verso tivesse seis sílabas; b) que apresentasse correspondência

ao encaixe perfeito com a melodia; c) que a letra pudesse ser cantada por qualquer pes-soa. A letra vitoriosa foi feita por uma moça de Pindamonhangaba, São Paulo, chamada Berta Celeste Homem de Melo.” (Fonte: CABRAL, Sérgio. No tempo do almirante: uma história do rádio e da MPB. Rio de Ja-neiro: Francisco Alves, 1990, p. 207.)

Parabéns pra você não é um samba, é uma

canção americana que ganhou uma versão depois de um concurso de rádio. Mas é importante mos-trar aos alunos como o rádio era o maior veículo de comunicação do período e que tudo o que acontecia era difundido por toda a sociedade.

Explique que novelas e programas de auditó-rio conhecidos começaram nas rádios e que um dos motivos da grande difusão do samba pelo Brasil teve a ver com a popularização desse meio de comunicação.

A seguir, faça uma brincadeira com a turma e recrie o mesmo concurso para que façam outra letra de Parabéns pra você.

3. Após o momento da leitura, promova a

audição de uma canção interpretada por João Gilberto, como Bim bom, Chega de saudade ou

Garota de Ipanema. Peça que identifi quem o

estilo da voz, do violão e da percussão e diga que João toca em estilo bossa nova os gêneros brasileiros, como é o caso de Bim bom (baião),

Chega de saudade (choro) e Garota de Ipanema

(samba-canção).

SUGESTÃO DE PROJETO

PEDAGÓGICO PARA TURMAS

DO 6

o

AO 9

o

ANO:

CONHECENDO O SAMBA

E A BOSSA

Temas transversais: Pluralidade Cultural e

Temas Locais

Trabalho interdisciplinar: História, Arte,

Por-tuguês e Geografi a.

Samba

e

Bossa Nova

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Carla Gullo, Rita Gullo e Camilo Vannuchi

SUPLEMENTO DIDÁTICO

SUGESTÕES DE ATIVIDADES

ELABORADAS POR:

Maria Clara Wasserman – Mestre em História, professora dos Ensinos Fundamental e Médio,

atua na área de formação de professores e é pesquisadora de cultura brasileira.

Professor

Neste suplemento você encontrará sugestões de projeto pedagógico para desenvolver no ensino fundamental com turmas do 1o ao 5o ano

(ou 1o e 2o ciclos) e turmas do 6o ao 9o ano (ou

3o e 4o ciclos). Com essa divisão buscamos criar

projetos adequados para cada fase do desenvol-vimento do aluno.

Tomando como referência o livro estudado, organizamos um plano de atividades para os quatro ciclos:

– antes da leitura sugerimos um trabalho de sensibilização sobre o tema central, em que o professor organiza e prepara a classe para estu-dar o tema proposto;

– durante a leitura, feita com a mediação do professor, faz-se a leitura em si e o professor pro-põe o levantamento de questões sobre o tema;

– depois da leitura, o professor pode avaliar a absorção do conhecimento por meio de tra-balhos em múltiplas linguagens (dramatizações, fóruns, textos, painéis).

Para as atividades deste suplemento to-mamos como ponto de partida, além do livro estudado, os Parâmetros Curriculares Nacionais, em que o educador atua como mediador na produção do conhecimento. Os PCNs de Histó-ria, Geografi a e Arte, de modo geral, têm como objetivo levar o aluno a conhecer e respeitar o modo de vida de grupos sociais diversos em suas atividades culturais, econômicas, políticas e sociais, identifi cando semelhanças e diferenças entre eles. Outro ponto não menos importante é fazer o educando reconhecer mudanças e per-manências nas sociedades humanas, presentes na sua e nas demais comunidades.

A área da Arte é um campo privilegiado para discutir o tema proposto, uma vez que as manifestações artísticas são exemplos vivos da diversidade cultural e expressam a riqueza cria-dora dos povos de todos os tempos e lugares. Em contato com tais produções, o aluno pode exercitar suas capacidades cognitivas, sensiti-vas, afetivas e imaginatisensiti-vas, organizadas em torno da aprendizagem. E, no campo da música popular, nosso objeto de estudo, a criança é estimulada a desenvolver a sensibilidade e a consciência estético-crítica por meio da percep-ção de elementos da linguagem musical.

Fica a critério do professor adaptar as ativida-des como melhor ativida-desejar, deixando-as de acordo com o perfi l de cada turma.

Por que trabalhar com samba e

bossa nova

Samba e bossa nova são dois estilos que nasceram no Brasil em contextos diferentes, espalharam-se por todo o território brasi-leiro, ganharam o mundo e se tornaram símbolos da identidade nacional.

O samba, na forma que conhecemos hoje, consolidou-se na década de 1930, juntamente com um governo que se pretendia moderni-zante e com uma nascente indústria cultural. Esses dois fatores foram responsáveis por irradiar o ritmo em todo o território nacional e transformá-lo em representante da brasili-dade — e do povo brasileiro, originário das três raças.

Já a bossa nova nasceu em fi ns da déca-da de 1950, como um estilo criado por João Gilberto a partir do samba. O som sincopado, a dissonância e o jeito de cantar baixinho foram ao encontro de uma juventude e de um Brasil que se modernizava. A bossa nova ganhou o mundo, não foi infl uenciada pelo jazz, mas o infl uenciou e se traduziu, no Brasil e no mundo, como símbolo da modernidade.

O livro vai possibilitar a criação de um am-biente para a escuta das canções citadas. Para facilitar o momento da audição, sugerimos tomar esse roteiro como base para uma escuta mais qualifi cada.

Roteiro para análise

de uma canção

1. Parâmetros poéticos

– Identifi car o tema geral da canção.

– Identifi car o eu poético e seus possíveis interlocutores (quem fala através da letra e para quem fala).

– Desenvolvimento: qual é a narrativa; que imagens poéticas foram usadas; qual o léxico e a sintaxe predominantes.

– Identifi car os tipos de rima e as formas poéticas.

– Observar se foram utilizados recursos como alegoria, metáfora, metonímia, paródia etc.

2. Parâmetros musicais

– Melodia: pontos de tensão/repouso meló-dico.

– Arranjo: instrumentos predominantes e sua função no clima geral da canção. – Andamento: rápido ou lento.

– Entoação: tipos e efeitos de interpretação vocal, levando em conta a intensidade (volume), a tessitura atingida (graves/ agudos) e a ocorrência de ornamentos vocais, como falsete ou vibrato.

– Gênero musical (geralmente confundido com estilo ou ritmo): samba, pop, rock etc. – Identifi car a possível ocorrência de inter-textualidade musical (citação de outras músicas).

(Adaptado de: NAPOLITANO, Marcos.

His-tória & Música: hisHis-tória cultural da música

popular. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.)

SUGESTÃO DE PROJETO

PEDAGÓGICO PARA TURMAS

DO 1

o

AO 5

o

ANO:

TEM BOSSA NO SAMBA

Objetivo: Levar os alunos a entender o

pro-cesso de formação e disseminação do samba como símbolo da brasilidade.

Tema transversal: Pluralidade Cultural Trabalho interdisciplinar: História,

Geogra-fi a, Língua Portuguesa e Arte.

ATIVIDADE

PARA ANTES DA LEITURA

Inicie a atividade posicionando seus alunos em roda e perguntando se conhecem o samba. Coloque para a classe ouvir um samba conhe-cido que possibilite que todos o reconheçam e cantem junto.

A seguir, explique que a origem do samba foi justamente no samba de roda, ou umbigada: os casais iam para o centro da roda e tocavam os umbigos. Esse era um ritmo que veio de Angola, na África (se possível, localize o país africano no mapa) e que, chegando ao Brasil foi se trans-formando ao se misturar com outros ritmos africanos e portugueses.

Em seguida, diga que vão ouvir o primeiro samba gravado da história: Pelo Telefone (pág. XX – https://www.youtube.com/watch?v=woLpDB4jjDU – acesso em 11 ago. 2014). Para essa atividade, peça que escutem em silêncio a primeira vez. Eles vão ter um estranhamento em relação ao que conhecem de samba. Pergunte, então, o que ou-viram de diferente em relação:

– ao andamento (mais lento, lembrando as antigas procissões).

– à voz do intérprete (distorcida, devido à gravação mecânica).

– à percussão (que só foi introduzida no sam-ba em 1927).

Discuta com os alunos as diferentes formas de samba atuais e antigas. Convide-os para a leitura do livro, no qual vão conhecer melhor essa história.

ATIVIDADE

PARA DURANTE A LEITURA

Faça um círculo com seus alunos. Organize, primeiramente, uma leitura pelas imagens do livro: faça-os folhear as páginas e comentar per-sonagens que conhecem. À medida que falarem, coloque os nomes na lousa até formar um painel com os principais nomes da música brasileira. Se houver difi culdade de identifi car os personagens, aponte alguns nomes e canções famosas.

A seguir, comece a leitura do livro em si. Pelo

YouTube é possível encontrar as canções citadas

e é importante fazer pausas para a audição, tornando o momento dinâmico e bastante rico.

Ainda durante a leitura, peça para anotarem (ou desenharem, de acordo com o ano) os per-sonagens ou ritmos de que mais gostaram ou que mais lhes chamaram a atenção. Pergunte o porquê da escolha dos personagens e faça um debate na sala de aula.

Ao fi m da leitura, organize um mural com uma linha do tempo sobre samba e bossa nova. Divida-os em grupos de afi nidades temáticas, a partir das escolhas que fi zeram e peça que cons-truam uma cronologia da seguinte forma:

Ano Canção compositorCantor/ Observações dos alunos No campo Observações, peça para os alunos colocarem opiniões, comentários, desenhos etc. Se for possível, ajuos a fazer colagem com de-senhos ou fotos dos artistas na linha do tempo.

ATIVIDADES

PARA DEPOIS DA LEITURA

1. Divida a turma em dois grupos: Samba

e Bossa nova. Cada grupo vai organizar uma apresentação para o outro grupo, com histórias, danças, desenhos ou a linguagem artística que desejarem.

2. Leia com os alunos o seguinte texto:

Quem não conhece a canção Parabéns

pra você? Essa história é de 1941, quando o

famoso radialista Almirante resolveu organi-zar um concurso para colocar letra na canção americana Happy Birthday to you.

“Foi um êxito, pois o concurso durou três meses com centenas de concorrentes. Almi-rante deu as bases do concurso: a) que fosse uma quadrinha que cada verso tivesse seis sílabas; b) que apresentasse correspondência

ao encaixe perfeito com a melodia; c) que a letra pudesse ser cantada por qualquer pes-soa. A letra vitoriosa foi feita por uma moça de Pindamonhangaba, São Paulo, chamada Berta Celeste Homem de Melo.” (Fonte: CABRAL, Sérgio. No tempo do almirante: uma história do rádio e da MPB. Rio de Ja-neiro: Francisco Alves, 1990, p. 207.)

Parabéns pra você não é um samba, é uma

canção americana que ganhou uma versão depois de um concurso de rádio. Mas é importante mos-trar aos alunos como o rádio era o maior veículo de comunicação do período e que tudo o que acontecia era difundido por toda a sociedade.

Explique que novelas e programas de auditó-rio conhecidos começaram nas rádios e que um dos motivos da grande difusão do samba pelo Brasil teve a ver com a popularização desse meio de comunicação.

A seguir, faça uma brincadeira com a turma e recrie o mesmo concurso para que façam outra letra de Parabéns pra você.

3. Após o momento da leitura, promova a

audição de uma canção interpretada por João Gilberto, como Bim bom, Chega de saudade ou

Garota de Ipanema. Peça que identifi quem o

estilo da voz, do violão e da percussão e diga que João toca em estilo bossa nova os gêneros brasileiros, como é o caso de Bim bom (baião),

Chega de saudade (choro) e Garota de Ipanema

(samba-canção).

SUGESTÃO DE PROJETO

PEDAGÓGICO PARA TURMAS

DO 6

o

AO 9

o

ANO:

CONHECENDO O SAMBA

E A BOSSA

Temas transversais: Pluralidade Cultural e

Temas Locais

Trabalho interdisciplinar: História, Arte,

Por-tuguês e Geografi a.

Samba

e

(5)

5 6 7

ATIVIDADE

PARA ANTES DA LEITURA

Promova a audição de uma canção interpre-tada por João Gilberto. Explique que foi esse intérprete quem criou a bossa nova e, a seguir coloque para ouvirem Quando ela sai (http:// www.youtube.com/watch?v=guA9oT7AnDU – Acesso em 11 ago. 2014), um single de 1952 em que o mesmo João canta de forma completa-mente diferente e até irreconhecível, ao estilo dos intérpretes da época, como Orlando Silva. Essa primeira audição vai sensibilizar os alunos para que procurem entender como o dono dessa voz mudou tanto seu estilo e como essa mudan-ça impactou a história da música brasileira.

A seguir, leia com eles o seguinte texto de entrevista:

Almir Chediak – Você é um dos principais

personagens da Bossa Nova. Gostaria de co-nhecer a sua versão sobre esse movimento.

Tom Jobim – (...) A gente era jovem e

tinha vontade de fazer as coisas. E, sobre-tudo, apareceu um baiano chamado João Gilberto, nascido em Juazeiro, na beira do rio São Francisco (...), com aquela fantástica batida no violão. A gente tinha o Johnny Alf, o Tom Jobim e outros fazendo samba moderno, mas, com a chegada do João, o negócio balançou. Ele balançou o coreto. Porque a coisa do João era genial. Depois, a Bossa Nova tornou-se um padrão, uma coisa chata – tché-tché, tché-tché –, fi cou todo mundo tocando igual no Brasil, na América, na Europa etc. Houve uma certa padroniza-ção dessa batida. O que nunca foi o caso do João, como você sabe. A batida dele tem a ver com o que ele canta. Aquilo forma um contraponto, um jogo, não é isso? – que suinga e que balança. Esse é um dos muitos aspectos da Bossa Nova. Há várias maneiras para você olhar a Bossa Nova. (Depoimento exclusivo para o Songbook Tom Jobim, Rio de Janeiro: Lumiar Ed., 1990, pág. 18.)

O texto faz várias referências a personagens da bossa nova e também ao seu sucesso no Brasil e no mundo. Pergunte aos alunos de quais per-sonagens citados eles já ouviram falar e o que entenderam do depoimento de Tom Jobim, um dos maiores compositores brasileiros.

A seguir, diga que a bossa nova, da mesma forma que o samba, é considerada símbolo do Brasil e conhecida mundialmente. Convide-os a conhecer melhor a história da formação dessas duas formas musicais com o livro.

ATIVIDADE

PARA DURANTE A LEITURA

Na primeira parte da atividade, organize uma roda e faça uma leitura comentada do livro. À medida que forem lendo, comente ou dê exemplos musicais com uma seleção prévia pes-quisada na internet (onde é possível encontrar todas as músicas citadas no livro).

A seguir, divida os alunos em equipes e distri-bua os seguintes temas:

Turma 1 – A formação do samba Turma 2 – A casa da tia Ciata Turma 3 – O samba nas rádios Turma 4 – Bossa nova

A partir dessa divisão, duas atividades podem ser realizadas.

Cada grupo faz um breve resumo do seu tema, indicando os principais nomes, as datas e o contexto para apresentar aos demais, sempre com exemplos musicais.

Organize um quiz para estimular os alunos a apreender mais informações sobre o conteúdo. Como todos leram o livro inteiro, a equipe res-ponsável pelo tema elabora perguntas às demais equipes. Podem ser feitas cinco perguntas por ca-pítulo e a equipe que responder mais perguntas ganha a disputa (fi ca a critério do professor uma possível premiação).

ATIVIDADE

PARA DEPOIS DA LEITURA

Peça que registrem suas impressões sobre os momentos mais importantes que o livro traz sobre samba e bossa nova e que elenquem os exemplos musicais a serem ouvidos. Mais tarde, com o auxílio de um computador, faça um ro-teiro musical com a seleção feita pelos alunos e organize uma audição comentada em sala.

SUGESTÃO DE ATIVIDADE

EXTRA PARA AS DISCIPLINAS

DE HISTÓRIA, LÍNGUA

PORTUGUESA E ARTES:

A APROPRIAÇÃO DO SAMBA

Apresente o seguinte texto aos alunos sobre a ofi cialização do samba enquanto música sím-bolo da identidade nacional.

“A relação entre o desenvolvimento da música popular urbana e a vida política do país é muito maior do que se pensa. Prova disso é o que aconteceu durante o Estado Novo no Brasil, quando o samba, ritmo até então marginal, tornou-se a música ofi cial do país.

Nesse período, o repertório da música popular se ampliava com o nascimento e a fi xação de gêneros urbanos como o choro, o maxixe, a marchinha e o samba. Mas o músico popular da época não desfrutava de grande prestígio e era muitas vezes tido como marginal. A presença de calos na mão esquerda (fruto da prática do violão) podia levar um cidadão para a cadeia, acusado de vagabundagem e boemia. Não havia espaço para sambistas no rádio, que privilegiava concertos e palestras educativas. Além disso, os aparelhos eram caros e a qualidade da transmissão muito ruim.

A situação começa a mudar a partir da dé-cada de 1930, quando o rádio se populariza. A partir de um decreto publicado durante o governo Vargas em 1932, as emissoras são autorizadas a veicular propaganda comercial em suas transmissões. A venda de aparelhos por meio de crediário também fi ca autoriza-da pelo governo.

Outro fato importante é a mudança do sistema de gravação, que passa de mecânico a elétrico. Altera-se signifi cativamente a ma-neira de cantar. Ela passa a ter um tom mais coloquial e menos dramático, tornando-se possível a gravação de vozes de extensão mais curta e de menor projeção sonora. [...]

AGORA O SAMBA É ASSIM. A partir de 1937, o Brasil passa a viver sob a ditadura do Estado Novo, comandada por Getúlio Vargas. Um dos instrumentos de manutenção dessa ditadura é o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), criado em 1939, órgão que cuida da imagem do governo por meio da propaganda e da censura. [...]

Naturalmente, o músico popular (princi-palmente cantores e cantoras) desfrutava de um novo papel na sociedade, amplamente reconhecido. No entanto, a sua produção musical passa a ser claramente infl uenciada pela ideologia do Estado Novo. A valorização do trabalho e da fi gura do operário, tão ca-ros à ditadura Vargas, passa a fazer parte dos sambas deste período, e o malandro, fi gura frequente dos sambas do período anterior, aparece regenerado, numa clara concordân-cia com a ideologia do governo.

De gênero de fundo de quintal das ca-sas das tias baianas, o samba passa para o primeiro plano da propaganda do governo. Com letras que descrevem o país como uma ilha da felicidade e orquestrações grandiosas, surge o samba exaltação, possivelmente um dos exemplos mais bem acabados da infl uên-cia da política no trabalho musical.”

Fonte: http://historianovest.blogspot.com. br/2009/01/getlio-vargas-e-manipulao-do-samba.html

O texto anterior complementa as informa-ções contidas no livro sobre como o samba tornou-se a manifestação cultural símbolo do país, representativa do povo brasileiro.

Com os textos lidos, debatidos e apropriados pelos alunos, os professores das três disciplinas (História, Artes e Língua Portuguesa) podem or-ganizar um jornal na escola com o tema Música

Brasileira, trazendo as seguintes sessões.

– Opiniões/crônicas sobre o tema da popula-rização do samba.

– Pesquisa de época sobre o governo Getúlio Vargas.

– O nascimento e a popularização do rádio e da TV

– Letras de canções analisadas e comentadas.

PARA SABER MAIS

Antônio Carlos Jobim (1927-1994) –

Com-positor brasileiro e autor das mais consagradas músicas da bossa nova, como Chega de saudade,

Garota de Ipanema, Corcovado, entre outras.

Gravou nos Estados Unidos na década de 1960 devido à difusão do estilo naquele país.

Almirante (Henrique Foréis Domingues –

1908-1980) – Cantor, compositor e radialista. Formou com Braguinha e Noel Rosa o Bando de Tangarás. Com o fi m do grupo, em 1933, Almi-rante continuou sua carreira como cantor, mas foi no rádio que se destacou como apresentador e pesquisador de música popular brasileira. Era chamado de “A mais alta patente do rádio”.

Carmen Miranda (1909-1955) – A maior

can-tora do rádio brasileiro desde 1930. Foi amiga de Noel Rosa e gravou vários sambas do compo-sitor. Em 1939 embarcou para os Estados Unidos e seu sucesso foi instantâneo, destacando-se em shows e, principalmente, no cinema. Du-rante a Segunda Guerra, foi considerada uma representante da política da boa-vizinhança. Por seu modo de se vestir e seu gestual peculiar, tornou-se uma lenda que inspirou muitos outros artistas, no Brasil e no exterior.

Chico Buarque – Compositor, cantor, escritor

e autor teatral. Começou sua carreira nos anos 1960, nos Festivais da Canção Popular. Na déca-da seguinte tornou-se célebre pela resistência política em suas canções. Como Noel, sua obra é caracterizada pela crítica social e pela narrativa dos costumes. Entre suas peças mais famosas destacam-se Gota d’água, Os Saltimbancos e

Ópera do malandro. Na literatura, destaca-se o

livro Estorvo.

Ismael Silva (1905-1978) – Um dos

fundado-res do chamado “samba do Estácio,” foi autor de grandes sucessos na década de 1930 e 1950 (tendo sido esquecido na década de 1940). Entre seus principais sucessos estão Se você

ju-rar, Antonico e Adeus.

João Gilberto – Violonista e cantor, criou a

bossa nova em 1958 com a canção Chega de

saudade, de Tom Jobim e Vinicius de Morais. Seu

novo estilo de tocar o samba infl uenciou toda uma geração de cantores e compositores bossa--novistas. Nos Estados Unidos, contribuiu para a modernização do jazz americano.

Pixinguinha (Alfredo da Rocha Viana Filho

– 1897-1973) – Compositor, arranjador e instru-mentista, sua atuação foi decisiva para a história da música brasileira. Autor de grandes clássicos, como Rosa, O gato e o canário e Carinhoso.

BIBLIOGRAFIA

ALENCAR, Edigar de. O carnaval carioca através

da música. Rio de Janeiro: Francisco Alves,

1985.

CABRAL, Sérgio. No tempo de almirante: uma história do rádio e da MPB. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1990.

FERREIRA, Martins. Como usar a música em sala

de aula. São Paulo: Contexto, 2001.

GARCIA, Walter. Bim bom. A contradição sem confl itos de João Gilberto. São Paulo: Paz e Terra, 1999.

. João Gilberto. São Paulo: Cosac Naify, 2012.

JEANDOT, Nicole. Explorando o universo da

mú-sica. São Paulo: Scipione, 1993.

MARCONDES, Marcos Antônio (Ed).

Enciclopé-dia da música popular brasileira: erudita,

folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.

MATOS, Cláudia. Acertei no milhar: samba e malandragem no tempo de Getúlio. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.

MOURA, Roberto. Tia Ciata e a pequena África

no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Prefeitura

da Cidade/SMC, 1983.

NAPOLITANO, Marcos. História e música: história cultural da música popular. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.

. Síncope das ideias: São Paulo: Editora Perseu Abramo, 2007.

NAVES, Santusa de Castro. O violão azul. Rio de Janeiro: Editora FGV, 1998.

PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS – ARTE. Terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental, Brasília, 1998, Ministério da Educação e do Desporto.

SANDRONI, Carlos. Feitiço decente. Trans-formações do samba no Rio de Janeiro (1917-1933). Rio de Janeiro; Jorge Zahar/ Editora UFRJ, 2001.

SCHAFER, R. M. O ouvido pensante. São Paulo: UNESP, 1991.

TINHORÃO, José Ramos. Música popular: do gramofone ao rádio e TV. São Paulo: Ática, 1981.

VIANNA, Hermano. O mistério do samba. Rio de Janeiro, Ed. UFRJ/Jorge Zahar Ed., 1994. SOARES, Maria Teresa Mello. São Ismael do

Está-cio – O sambista que foi rei. Rio de Janeiro:

Funarte, 1985.

WASSERMAN, Maria Clara; NAPOLITANO, Marcos. Desde que o samba é samba a questão das ori-gens no debate historiográfi co sobre a música popular brasileira. Revista Brasileira de História. vol. 20, n. 39, São Paulo, 2000. Versão on-line: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102 01882000000100007&script=sci_arttext

Links de pesquisa na Internet (acessos em 11

ago. 2014)

www.itaucultural.org.br (Música; discografi a

musical).

• Instituto Moreira Salles – Rádio Batuta. Espe-cial João Gilberto: http://radiobatuta.com.br/ Episodes/view/253

• Ao Chiado Brasileiro: História do samba: http://aochiadobrasileiro.webs.com/

AgradecimentosHistoriasEtc/HistoriadoSamba/ Historiadosamba.htm.

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5 6 7

ATIVIDADE

PARA ANTES DA LEITURA

Promova a audição de uma canção interpre-tada por João Gilberto. Explique que foi esse intérprete quem criou a bossa nova e, a seguir coloque para ouvirem Quando ela sai (http:// www.youtube.com/watch?v=guA9oT7AnDU – Acesso em 11 ago. 2014), um single de 1952 em que o mesmo João canta de forma completa-mente diferente e até irreconhecível, ao estilo dos intérpretes da época, como Orlando Silva. Essa primeira audição vai sensibilizar os alunos para que procurem entender como o dono dessa voz mudou tanto seu estilo e como essa mudan-ça impactou a história da música brasileira.

A seguir, leia com eles o seguinte texto de entrevista:

Almir Chediak – Você é um dos principais

personagens da Bossa Nova. Gostaria de co-nhecer a sua versão sobre esse movimento.

Tom Jobim – (...) A gente era jovem e

tinha vontade de fazer as coisas. E, sobre-tudo, apareceu um baiano chamado João Gilberto, nascido em Juazeiro, na beira do rio São Francisco (...), com aquela fantástica batida no violão. A gente tinha o Johnny Alf, o Tom Jobim e outros fazendo samba moderno, mas, com a chegada do João, o negócio balançou. Ele balançou o coreto. Porque a coisa do João era genial. Depois, a Bossa Nova tornou-se um padrão, uma coisa chata – tché-tché, tché-tché –, fi cou todo mundo tocando igual no Brasil, na América, na Europa etc. Houve uma certa padroniza-ção dessa batida. O que nunca foi o caso do João, como você sabe. A batida dele tem a ver com o que ele canta. Aquilo forma um contraponto, um jogo, não é isso? – que suinga e que balança. Esse é um dos muitos aspectos da Bossa Nova. Há várias maneiras para você olhar a Bossa Nova. (Depoimento exclusivo para o Songbook Tom Jobim, Rio de Janeiro: Lumiar Ed., 1990, pág. 18.)

O texto faz várias referências a personagens da bossa nova e também ao seu sucesso no Brasil e no mundo. Pergunte aos alunos de quais per-sonagens citados eles já ouviram falar e o que entenderam do depoimento de Tom Jobim, um dos maiores compositores brasileiros.

A seguir, diga que a bossa nova, da mesma forma que o samba, é considerada símbolo do Brasil e conhecida mundialmente. Convide-os a conhecer melhor a história da formação dessas duas formas musicais com o livro.

ATIVIDADE

PARA DURANTE A LEITURA

Na primeira parte da atividade, organize uma roda e faça uma leitura comentada do livro. À medida que forem lendo, comente ou dê exemplos musicais com uma seleção prévia pes-quisada na internet (onde é possível encontrar todas as músicas citadas no livro).

A seguir, divida os alunos em equipes e distri-bua os seguintes temas:

Turma 1 – A formação do samba Turma 2 – A casa da tia Ciata Turma 3 – O samba nas rádios Turma 4 – Bossa nova

A partir dessa divisão, duas atividades podem ser realizadas.

Cada grupo faz um breve resumo do seu tema, indicando os principais nomes, as datas e o contexto para apresentar aos demais, sempre com exemplos musicais.

Organize um quiz para estimular os alunos a apreender mais informações sobre o conteúdo. Como todos leram o livro inteiro, a equipe res-ponsável pelo tema elabora perguntas às demais equipes. Podem ser feitas cinco perguntas por ca-pítulo e a equipe que responder mais perguntas ganha a disputa (fi ca a critério do professor uma possível premiação).

ATIVIDADE

PARA DEPOIS DA LEITURA

Peça que registrem suas impressões sobre os momentos mais importantes que o livro traz sobre samba e bossa nova e que elenquem os exemplos musicais a serem ouvidos. Mais tarde, com o auxílio de um computador, faça um ro-teiro musical com a seleção feita pelos alunos e organize uma audição comentada em sala.

SUGESTÃO DE ATIVIDADE

EXTRA PARA AS DISCIPLINAS

DE HISTÓRIA, LÍNGUA

PORTUGUESA E ARTES:

A APROPRIAÇÃO DO SAMBA

Apresente o seguinte texto aos alunos sobre a ofi cialização do samba enquanto música sím-bolo da identidade nacional.

“A relação entre o desenvolvimento da música popular urbana e a vida política do país é muito maior do que se pensa. Prova disso é o que aconteceu durante o Estado Novo no Brasil, quando o samba, ritmo até então marginal, tornou-se a música ofi cial do país.

Nesse período, o repertório da música popular se ampliava com o nascimento e a fi xação de gêneros urbanos como o choro, o maxixe, a marchinha e o samba. Mas o músico popular da época não desfrutava de grande prestígio e era muitas vezes tido como marginal. A presença de calos na mão esquerda (fruto da prática do violão) podia levar um cidadão para a cadeia, acusado de vagabundagem e boemia. Não havia espaço para sambistas no rádio, que privilegiava concertos e palestras educativas. Além disso, os aparelhos eram caros e a qualidade da transmissão muito ruim.

A situação começa a mudar a partir da dé-cada de 1930, quando o rádio se populariza. A partir de um decreto publicado durante o governo Vargas em 1932, as emissoras são autorizadas a veicular propaganda comercial em suas transmissões. A venda de aparelhos por meio de crediário também fi ca autoriza-da pelo governo.

Outro fato importante é a mudança do sistema de gravação, que passa de mecânico a elétrico. Altera-se signifi cativamente a ma-neira de cantar. Ela passa a ter um tom mais coloquial e menos dramático, tornando-se possível a gravação de vozes de extensão mais curta e de menor projeção sonora. [...]

AGORA O SAMBA É ASSIM. A partir de 1937, o Brasil passa a viver sob a ditadura do Estado Novo, comandada por Getúlio Vargas. Um dos instrumentos de manutenção dessa ditadura é o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), criado em 1939, órgão que cuida da imagem do governo por meio da propaganda e da censura. [...]

Naturalmente, o músico popular (princi-palmente cantores e cantoras) desfrutava de um novo papel na sociedade, amplamente reconhecido. No entanto, a sua produção musical passa a ser claramente infl uenciada pela ideologia do Estado Novo. A valorização do trabalho e da fi gura do operário, tão ca-ros à ditadura Vargas, passa a fazer parte dos sambas deste período, e o malandro, fi gura frequente dos sambas do período anterior, aparece regenerado, numa clara concordân-cia com a ideologia do governo.

De gênero de fundo de quintal das ca-sas das tias baianas, o samba passa para o primeiro plano da propaganda do governo. Com letras que descrevem o país como uma ilha da felicidade e orquestrações grandiosas, surge o samba exaltação, possivelmente um dos exemplos mais bem acabados da infl uên-cia da política no trabalho musical.”

Fonte: http://historianovest.blogspot.com. br/2009/01/getlio-vargas-e-manipulao-do-samba.html

O texto anterior complementa as informa-ções contidas no livro sobre como o samba tornou-se a manifestação cultural símbolo do país, representativa do povo brasileiro.

Com os textos lidos, debatidos e apropriados pelos alunos, os professores das três disciplinas (História, Artes e Língua Portuguesa) podem or-ganizar um jornal na escola com o tema Música

Brasileira, trazendo as seguintes sessões.

– Opiniões/crônicas sobre o tema da popula-rização do samba.

– Pesquisa de época sobre o governo Getúlio Vargas.

– O nascimento e a popularização do rádio e da TV

– Letras de canções analisadas e comentadas.

PARA SABER MAIS

Antônio Carlos Jobim (1927-1994) –

Com-positor brasileiro e autor das mais consagradas músicas da bossa nova, como Chega de saudade,

Garota de Ipanema, Corcovado, entre outras.

Gravou nos Estados Unidos na década de 1960 devido à difusão do estilo naquele país.

Almirante (Henrique Foréis Domingues –

1908-1980) – Cantor, compositor e radialista. Formou com Braguinha e Noel Rosa o Bando de Tangarás. Com o fi m do grupo, em 1933, Almi-rante continuou sua carreira como cantor, mas foi no rádio que se destacou como apresentador e pesquisador de música popular brasileira. Era chamado de “A mais alta patente do rádio”.

Carmen Miranda (1909-1955) – A maior

can-tora do rádio brasileiro desde 1930. Foi amiga de Noel Rosa e gravou vários sambas do compo-sitor. Em 1939 embarcou para os Estados Unidos e seu sucesso foi instantâneo, destacando-se em shows e, principalmente, no cinema. Du-rante a Segunda Guerra, foi considerada uma representante da política da boa-vizinhança. Por seu modo de se vestir e seu gestual peculiar, tornou-se uma lenda que inspirou muitos outros artistas, no Brasil e no exterior.

Chico Buarque – Compositor, cantor, escritor

e autor teatral. Começou sua carreira nos anos 1960, nos Festivais da Canção Popular. Na déca-da seguinte tornou-se célebre pela resistência política em suas canções. Como Noel, sua obra é caracterizada pela crítica social e pela narrativa dos costumes. Entre suas peças mais famosas destacam-se Gota d’água, Os Saltimbancos e

Ópera do malandro. Na literatura, destaca-se o

livro Estorvo.

Ismael Silva (1905-1978) – Um dos

fundado-res do chamado “samba do Estácio,” foi autor de grandes sucessos na década de 1930 e 1950 (tendo sido esquecido na década de 1940). Entre seus principais sucessos estão Se você

ju-rar, Antonico e Adeus.

João Gilberto – Violonista e cantor, criou a

bossa nova em 1958 com a canção Chega de

saudade, de Tom Jobim e Vinicius de Morais. Seu

novo estilo de tocar o samba infl uenciou toda uma geração de cantores e compositores bossa--novistas. Nos Estados Unidos, contribuiu para a modernização do jazz americano.

Pixinguinha (Alfredo da Rocha Viana Filho

– 1897-1973) – Compositor, arranjador e instru-mentista, sua atuação foi decisiva para a história da música brasileira. Autor de grandes clássicos, como Rosa, O gato e o canário e Carinhoso.

BIBLIOGRAFIA

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ago. 2014)

www.itaucultural.org.br (Música; discografi a

musical).

• Instituto Moreira Salles – Rádio Batuta. Espe-cial João Gilberto: http://radiobatuta.com.br/ Episodes/view/253

• Ao Chiado Brasileiro: História do samba: http://aochiadobrasileiro.webs.com/

AgradecimentosHistoriasEtc/HistoriadoSamba/ Historiadosamba.htm.

Referências

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