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Isabella de Oliveira Silingardi AVALIAÇÃO DA FUNCIONALIDADE DE IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS NA CIDADE DE MIRANDÓPOLIS

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Isabella de Oliveira Silingardi

AVALIAÇÃO DA FUNCIONALIDADE DE IDOSOS

INSTITUCIONALIZADOS NA CIDADE DE MIRANDÓPOLIS

Centro Universitário Toledo Araçatuba

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Isabella de Oliveira Silingardi

AVALIAÇÃO DA FUNCIONALIDADE DE IDOSOS

INSTITUCIONALIZADOS NA CIDADE DE MIRANDÓPOLIS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Fisioterapia, do Centro Universitário Toledo, sob a orientação da Profa. Me. Nataly Lino Izeli Martines.

Centro Universitário Toledo Araçatuba

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AVALIAÇÃO DA FUNCIONALIDADE DE IDOSOS

INSTITUCIONALIZADOS NA CIDADE DE MIRANDÓPOLIS

Isabella de Oliveira Silingardi1 Nataly Lino Izeli Martines2

RESUMO

O envelhecimento populacional é um proeminente fenômeno mundial. Isto significa um crescimento mais elevado da população idosa com relação aos demais grupos etários, com isso se torna necessário a utilização de instrumentos de avaliação funcional. O objetivo deste estudo foi avaliar o grau de funcionalidade de idosos institucionalizados. A amostra foi composta por 20 idosos, de ambos os gêneros, com idade média de 74,80 ± 10,21 anos, o levantamento dos dados foi realizado em uma instituição de longa permanência para idosos no município de Mirandópolis-SP. Foi aplicado o questionário de Índice de Katz que aborda uma lista de seis itens relacionados com tarefas de auto-cuidado. Foi possível verificar que os idosos avaliados foram classificados em sua maioria como independentes pelo grau de funcionalidade. As atividades de maior dependência total foram vestir-se, higiene pessoal, banho, continência e transferência. Não houve correlação entre grau de funcionalidade e idade, presença de patologias e tempo de permanência. Um maior nível de dependência foi encontrado nas mulheres.

Palavras-chave: Idosos institucionalizados, grau de funcionalidade, índice de Katz.

ABSTRACT

Population aging is a prominent worldwide phenomenon. This means a higher growth of the elderly population in relation to the other age groups, so it becomes necessary to use functional evaluation instruments. The objective of this study was to evaluate the degree of functionality of institutionalized elderly. The sample consisted of 20 elderly individuals, of both genders, with a mean age of 74.80 ± 10.21 years. Data collection was performed in a long-stay institution for the elderly in the municipality of Mirandópolis, State of São Paulo. The Katz Index questionnaire was applied which addresses a list of six items related to self-care tasks. It was possible to verify that the evaluated elderly were classified as independent by the degree of functionality. The activities of greatest total dependence were dressing, personal hygiene, bathing, continence and transference. There was no correlation between degree of functionality and age, presence of pathologies and length of stay. A higher level of dependence was found in women.

Keywords: Institutionalized elderly, degree of functionality, Katz index.

1 Graduanda do curso de Fisioterapia pelo Centro Universitário Toledo de Araçatuba – SP.

2 Formada em Fisioterapia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - UNESP

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1. Introdução

O envelhecimento populacional é, hoje, um proeminente fenômeno mundial. Isto significa um crescimento mais elevado da população idosa com relação aos demais grupos etários. No caso brasileiro, pode ser exemplificado por um aumento da participação da população maior de 60 anos no total da população nacional de 4% em 1940 para 8% em 1996. Além disso, a proporção da população “mais idosa”, ou seja, a de 80 anos e mais, também está aumentando, alterando a composição etária dentro do próprio grupo, isto é, a população considerada idosa também está envelhecendo (CAMARANO et al, 1997).

Envelhecimento é um processo natural caracterizado por alterações e modificações funcionais, psicológicas, orgânicas, bioquímicas e morfológicas, levando a perda gradativa da capacidade de adaptação do indivíduo ao meio ambiente, sendo considerado um processo dinâmico e progressivo, muitas vezes pode ser uma forma de apresentação de patologias ocultas; por isso, não surpreende que esteja associado a um aumento na mortalidade (GONÇALVES et al., 2010).

As alterações do estado cognitivo e a não realização de atividades antes exercidas estão entre os principais motivos da institucionalização dos idosos. Essa mudança de ambiente leva as pessoas a apresentarem menor desempenho nas habilidades físicas e psicológicas, pois a maioria das casas de longa permanência não possui recursos financeiros e humanos para oferecer ao idoso uma atenção integral, ou seja, não consegue trabalhar o biopsicossocial do indivíduo de maneira adequada. A elaboração de uma programação planejada para os idosos, de preferência com a sua participação, é fundamental, pois se não desenvolverem esforços para marcar os vários momentos do dia, a sua rotina na instituição tende a ser extremamente monótona. Portanto, é necessário que as alterações nos idosos sejam acompanhadas e, exames físicos e avaliações do estado cognitivo empregados, a fim de distinguir a senescência da senilidade (SMANIOTO; HADDAD, 2011).

A institucionalização pode se apresentar como positiva para o idoso em situação de vulnerabilidade na medida em que oferece acolhimento, acesso à assistência médica, alimentação e moradia, ou ainda, porque diminui a sobrecarga dos cuidadores familiares (RODRIGUES, 2014). Porém, a transferência de um idoso de sua casa para a instituição tem um potencial para produzir danos como: depressão, confusão, perda do contato com a realidade, despersonalização e um senso de isolamento e separação da sociedade (ARAÚJO; CEOLIM, 2007).

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A qualidade de vida (QV) e o envelhecimento saudável requerem uma compreensão mais abrangente e adequada de um conjunto de fatores que compõem o dia a dia do idoso (MENDES et al., 2005).

Capacidade funcional pode ser definida como o potencial que os idosos apresentam para decidir e atuar em suas vidas de forma independente, no seu cotidiano. E a incapacidade funcional refere-se à dificuldade ou necessidade de ajuda para o indivíduo executar tarefas no seu dia a dia, abrangendo dois tipos de atividades: atividades básicas de vida diária (ABVD) e atividades instrumentais de vida diária (AIVD) (BARBOSA et al., 2014).

Com mais de 20 milhões de idosos, o Brasil tem apenas 218 asilos públicos. As instituições públicas e privadas abrigam 83 mil idosos, a maioria mulheres. O governo federal tem apenas uma instituição para os idosos, o Abrigo Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, que atende 298 pessoas (IPEA, 2011).

O Correio Braziliense (2016) lançou publicação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no qual mostra que, em 40 anos, a população idosa vai triplicar no Brasil, passando de 19,6 milhões (10% do total), em 2010, para 66,5 milhões de pessoas em 2050 (29,3%). O aumento do número de idosos implicará mudanças profundas em políticas públicas de saúde, assistência social e previdência, entre outras. As estimativas são de que a virada no perfil da população acontecerá em 2030, quando o número absoluto e o porcentual de brasileiros com 60 anos ou mais de idade vão ultrapassar o de crianças de até 14 anos. Daqui a 14 anos, os idosos chegarão a 41,5 milhões (18% da população) e as crianças serão 39,2 milhões, ou 17,6%, segundo estimativas do IBGE.

O Índice de Katz é um dos instrumentos utilizados para avaliar a capacidade funcional do indivíduo idoso, uma lista de seis itens que são hierarquicamente relacionadas e refletem os padrões de desenvolvimento infantil, ou seja, que a perda da função no idoso começa pelas atividades mais complexas, como vestir-se, banhar-se, até chegar as de autorregulação como alimentar-se e as de eliminação ou excreção (BARBOSA et al., 2014).

2. Objetivos

2. 1 Objetivo principal

Avaliar o grau de funcionalidade de idosos institucionalizados por meio do Índice de Katz.

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2.2 Objetivo secundário

Analisar a correlação entre variáveis como gênero, tempo de permanência, idade e presença de patologias com o grau de funcionalidade de idosos institucionalizados.

2.3 Hipótese

O questionário de índice de Katz mostra as alterações funcionais dos indivíduos, classificando-os como dependentes ou independentes. Acredita-se que a institucionalização pode contribuir para a diminuição da capacidade funcional de idosos bem como limitações em suas atividades de vida diária (AVDs).

3. Métodos

Foi realizado um estudo observacional, transversal, modelo descritivo.

A amostra foi composta por 20 idosos, de ambos os gêneros, sendo 10 mulheres e 10 homens, com idade de 60 anos ou mais. Como critérios de inclusão e exclusão foram inclusos apenas os indivíduos classificados como idosos, ou seja, com idade acima de 60 anos, residentes na instituição de longa permanência para idosos. Foram excluídos residentes da instituição com menos de 60 anos.

O levantamento dos dados foi realizado na AMAI, uma instituição de longa permanência para idosos no município de Mirandópolis-SP. Todos os idosos recebem cuidados de enfermeiros e ajuda nutricional, porém a instituição não apresenta fisioterapeuta, terapeuta ocupacional e psicólogo, apenas os que apresentam condições financeiras recebem o acompanhamento.

Foram coletadas informações preliminares dos prontuários de todos os idosos residentes na instituição. Os dados coletados inicialmente foram organizados em uma ficha de avaliação.

A avaliação do grau de funcionalidade dos idosos institucionalizados foi realizada pelo pesquisador através de observação da rotina dos indivíduos selecionados para o estudo. O pesquisador passou períodos definidos e autorizados pela instituição acompanhando as atividades realizadas. Os dados também foram levantados através das anotações realizadas pela equipe de enfermagem da própria instituição nos prontuários de cada idoso.

A instituição foi esclarecida e orientada a respeito do protocolo que foi utilizado e após a concordância em participar da pesquisa assinaram o Termo de Responsabilidade da

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Instituição. Os participantes foram esclarecidos sobre a pesquisa e após a concordância em participar assinaram um Termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE).

O pesquisador se compromete a manter sigilo sobre as informações obtidas, conforme Resolução 466/12, do Ministério da Saúde.

Foi realizada a análise do grau de funcionalidade através do questionário de Índice de Katz. O Índice de Katz aborda uma lista de seis itens que são hierarquicamente relacionados com tarefas de auto-cuidado, como tomar banho, vestir-se, alimentar-se, ir ao banheiro, transferência e continência, que avaliam a capacidade funcional do indivíduo idoso. O índice de Katz pode ser pontuado no formato Likert, no qual cada tarefa recebe pontuação específica que varia de um para a independência à três para dependência total. Assim, quanto maior o número de dificuldades que uma pessoa tem com as AVDs, mais severa é a sua incapacidade. Sua classificação se dá com 1, para independência, 2 para dependência parcial e 3 para dependência total ou importante (SMANIOTO; HADDAD, 2011).

Os resultados qualitativos foram apresentados em porcentagens, os dados quantitativos foram apresentados em média ± desvio padrão. A correlação entre as variáveis foi realizada através da correlação de Pearson.

O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de ética e pesquisa da Universidade Júlio de Mesquita Filho – UNESP – Faculdade de Odontologia de Araçatuba, CAAE: 69465817.4.0000.5420, Número do Parecer: 2.305.268.

4. Resultados

Para a realização deste estudo foram avaliados 20 idosos de ambos os gêneros residentes na Instituição AMAI no município de Mirandópolis, com idade média de 74,80 ± 10,21 anos, variação de 60 a 95 anos. Destes, 50,00% são do gênero feminino.

Em relação à escolaridade, 40,00% apresentaram o 3º grau completo (Tabela 1). Tabela 1 – Escolaridade dos idosos institucionalizados. Mirandópolis, 2017.

Número Porcentagem (%)

Analfabeto 6 30,00

Fundamental completo 2 10,00

1º grau completo 4 20,00

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Quanto ao estado civil, 35,00% são solteiros, 35,00% divorciados e 30,00% viúvos. A maioria, 90,00%, refere ter contato com a família, e 60,00% relatam ter visitas recentes dos familiares.

Os avaliados encontram-se na instituição há 6,50 ± 4,82 anos, com variação de 1 mês a 16 anos.

Em relação à presença de patologias neurológicas, 50,00% dos indivíduos não apresentam registros de patologia em seus prontuários, e 25,00% apresentaram registro de demência (Tabela 2).

Tabela 2 – Presença de patologias dos idosos institucionalizados. Mirandópolis, 2017. Número Porcentagem (%) Sem registros 10 50,00 Demência 5 25,00 Esquizofrenia 2 10,00 Alzheimer 1 5,00 Parkinson e Esquizofrenia 1 5,00 Parkinson e Alzheimer 1 5,00

Quando avaliados pelo índice de Katz, 50,00% apresentaram dependência total, 5,00% dependência parcial e 45,00% independentes.

Em relação aos subitens do índice de Katz, as atividades de maior dependência total foram vestir-se, higiene pessoal, banho, continência e transferência, todos com 50,00% (Tabela 3).

Tabela 3 – Avaliação do grau de funcionalidade pelo índice de Katz dos idosos institucionalizados. Mirandópolis, 2017.

Independente Dependência moderada Dependência total N Porcentagem (%) N Porcentagem (%) N Porcentagem (%)

Banho 9 45,00 1 5,00 10 50,00 Vestir-se 9 45,00 1 5,00 10 50,00 Higiene pessoal 10 50,00 0 0 10 50,00 Transferência 10 50,00 0 0 10 50,00 Continência 10 50,00 0 0 10 50,00 Alimentação 15 75,00 3 15,00 2 10,00

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Os idosos foram subdivididos em grupos para análise do grau de funcionalidade. Em relação ao gênero, as mulheres apresentaram idade média de 78,10 ± 11,08 anos e os homens de 71,50 ± 8,55 anos. Para avaliação do grau de funcionalidade, as mulheres apresentaram 80,00% de dependência total. Os homens apresentaram 70,00% de independência (Tabela 4).

Tabela 4 – Dados do grau de funcionalidade dos idosos institucionalizados de acordo com o gêneros. Mirandópolis, 2017.

Gênero Independente Dependência

moderada Dependência total N Porcentagem (%) N Porcentagem (%) N Porcentagem (%)

Feminino 2 20,00 0 0 8 80,00

Masculino 7 70,00 1 10,00 2 20,00

Em relação à presença de patologias neurológicas, o grupo com patologias apresentou idade média de 73,00 ± 10,64 anos e o grupo sem registro de patologias de 76,60 ± 9,99 anos. Para avaliação do grau de funcionalidade, o grupo com patologias apresentou 60,00% de dependência total. O grupo sem patologias apresentou 50,00% de independência (Tabela 5). Tabela 5 – Dados do grau de funcionalidade dos idosos institucionalizados de acordo com a presença de patologias neurológicas. Mirandópolis, 2017.

Patologia Independente Dependência moderada Dependência total N Porcentagem (%) N Porcentagem (%) N Porcentagem (%)

Sim 4 40,00 0 0,00 6 60,00

Não 5 50,00 1 10,00 4 40,00

Para analisar a correlação dos níveis de funcionalidade com o tempo de permanência, foi utilizado a Correlação de Pearson onde foi considerado 1 para independente, 2 para dependência moderada e 3 para dependência total. O resultado evidenciou uma correlação muito fraca entre as variáveis (Gráfico 1).

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Gráfico 1 – Correlação entre grau de funcionalidade e tempo de permanência na instituição. r = -0,26146, r2 = 0,068362. Mirandópolis, 2017.

Para analisar a correlação dos níveis de funcionalidade e idade, foi utilizado a Correlação de Pearson, o resultado evidenciou uma correlação fraca entre as variáveis (Gráfico 2).

Gráfico 2 – Correlação entre grau de funcionalidade e idade dos idosos institucionalizados. r = 0,424231635, r2 = 0,17997248. Mirandópolis, 2017. 5. Discussão 0 1 2 3 4 0 5 10 15 20 Ín di ce d e K atz

Tempo de permanência (anos)

0 1 2 3 4 60 65 70 75 80 85 90 95 100 ín di ce d e K at z Idade (anos)

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Na velhice, a manutenção da QV está intimamente ligada à autonomia (LEIBING,1997). Uma forma de procurar quantificar a autonomia, neste nível, é medir índices de QV de um indivíduo. Esta QV pode ser indicada pela capacidade que o idoso tem de desempenhar as funções necessárias à manutenção da sua vida diária e prática, de modo a torná-lo independente dentro do seu contexto socioeconômico e cultural. As escalas funcionais e cognitivas fornecem tais dados (ABREU; FORLENZA; BARROS, 2005).

Néri (2001) e Paschoal (1996) definem independência funcional como a capacidade de realizar algo com os próprios meios. Ela está ligada à mobilidade e à capacidade funcional, onde o indivíduo vive, sem requerer ajuda para a execução das atividades básicas e instrumentais da vida diária. No Brasil, um inquérito domiciliar demonstrou que o aumento da expectativa de vida vem associado ao acréscimo da proporção de indivíduos que necessitam de auxílio para a realização das AVDs.

Segundo estudo feito por Freitas e Scheicher (2010) a procura por instituições de longa permanência para idosos tem aumentado, mas o Brasil não está preparado para esse aumento de demanda e as instituições, na sua grande maioria, não estão estruturadas para receber os idosos. Por esses motivos, avaliar a QV em instituições asilares é imprescindível para a determinação de uma política para essas pessoas.

De acordo com Oliveira et al. (2006) a mobilidade, capacidade de deslocamento do indivíduo pelo ambiente, é um componente da função física extremamente importante. Neste estudo concluíram que a presença de alterações cognitivas não apresentou influência na realização das AVDs. Todavia, os resultados da mobilidade interferiram significativamente na realização das atividades de transferência, banho, vestuário na amostra pesquisada.

Com base nos resultados obtidos no presente estudo, observou-se que a idade média dos participantes que foi de 74,80 ± 10,21 anos. Sobre a presença de patologias neurológicas, 50,00% dos indivíduos não apresentam registros. Com relação ao gênero, observou-se que não houve diferença, tendo o mesmo número de participantes em ambos os gêneros. Para a avaliação do grau de funcionalidade foi observada prevalência de dependência no gênero feminino, com 80% de dependência total, enquanto os homens apresentaram 70% de independência.

Em estudo feito por Araújo e Ceolim (2007) realizado em três instituições de longa permanência, totalizando 187 participantes, com predomínio dos sujeitos do gênero feminino, correspondendo a 74%, foi possível observar, segundo o Índice de Katz, que 37,00% dos sujeitos podiam ser considerados independentes para o desempenho das AVDs, dentre eles, 24,29% eram mulheres. Após 5 meses, uma segunda avaliação foi repetida, na qual foi

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demonstrado que 19% dos idosos que eram considerados independentes, encontravam-se com comprometimento funcional, cognitivo ou falecidos. No presente estudo foram analisados através do índice de Katz associado ao sexo e idade, 118 mulheres independência para todas as atividades, 8 apresentaram independência para todas menos uma, 131 apresentaram dependência para banho e mais um adicional, 8 apresentaram dependência para banho vestir-se e mais uma adicional, 6 apresentaram dependência banho, vestir-se, ir ao banheiro e mais uma adicional, 18 apresentaram dependência para banho, vestir-se, ir ao banheiro, transferência e mais uma adicional. Baseados nos dados obtidos, concluíram que idosos residentes em instituições de longa permanência tornam-se mais dependentes.

Segundo Berlezi e colaboradores (2016), na população idosa brasileira, a prevalência da incapacidade para realizar AVDs foi de 6,5% em 1998, 6,4% em 2003 e 6,9% em 2008. Esses dados sugerem que, mesmo com avanços na atenção à saúde da pessoa idosa, especialmente na atenção básica, esse fato não está refletindo na manutenção da capacidade funcional dos idosos, ou seja, as ações implementadas podem estar reduzindo internações, por exemplo, o que melhora a percepção das condições de saúde, mas, por outro lado, não há ações preventivas focadas na manutenção e restauração da capacidade funcional.

Resultados de uma pesquisa realizada no município de São Paulo mostraram que mais da metade da população estudada (53%) referia necessidade de ajuda parcial ou total para realizar pelo menos uma das AVDs. Foi detectado também que 29% dos idosos necessitavam de ajuda parcial ou total para realizar até três dessas atividades, e 17% necessitavam de ajuda para realizar quatro ou mais AVDs (ROSA et al., 2003).

Barros e colaboradores (2010) em estudo com 62 idosos institucionalizados, com predomínio dos sujeitos do gênero feminino, sendo 44 (71%). No presente estudo os itens do índice de Katz de maior dependência foram vestir-se, ir ao banheiro e continência (controle vesical e anal). De acordo com os dados encontrados neste estudo, observa-se um aumento na probabilidade do idoso apresentar, a cada ano, um maior grau de dependência funcional, sobretudo quando se diz respeito às AVDs. A escassez de estímulos que as instituições proporcionam ao idoso causa redução do potencial para autonomia e interfere na qualidade do envelhecer.

Em outro estudo, realizado por Murakami e Scattolim (2010) no qual tiveram como objetivo avaliar a independência funcional e a QV de idosos institucionalizados, analisaram através da medida de independência funcional (MIF) e concluíram que os idosos participantes apresentaram escores elevados, indicando pouca dependência para a realização das AVDs, porém, no mesmo estudo, foi demonstrado que a independência funcional não foi

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correlacionada com o gênero, mas teve correlação com a idade, ou seja, homens e mulheres à medida que a idade aumenta apresentam menores escores da MIF indicando maior dependência dos cuidados de terceiros. Obtiveram por fim como resultados que na medida em que a idade aumenta diminui-se a independência funcional.

Gonçalves e colaboradores (2010) tiveram como objetivo avaliar a capacidade funcional e a aptidão física em idosos institucionalizados, a amostra constituiu-se de 78 idosos. Chegaram à conclusão de que quanto maior o grau de dependência dos idosos institucionalizados menor é seu desempenho na capacidade força, repercutindo em índice geral mais baixo de aptidão física, enquanto melhor é o desempenho na coordenação e agilidade maior é o nível de independência funcional para a realização das AVDs.

Estimativas para 2020 prevêem um aumento de 84% a 167% no número de idosos com moderada ou grave incapacidade. Esse risco de chance sinaliza a importância da proposição de programas de saúde voltados à população idosa em todos os níveis de atenção. Nesta perspectiva está a política de envelhecimento ativo que tem como meta aumentar a expectativa de vida saudável, garantindo QV, inclusive para indivíduos que tenham alguma fragilidade, incapacidade física ou necessitem de cuidados (BERLEZI et al., 2016).

6. Conclusão

Foi possível verificar que os idosos institucionalizados avaliados foram classificados em sua maioria como independentes pelo grau de funcionalidade. As atividades de maior dependência total foram vestir-se, higiene pessoal, banho, continência e transferência. Não houve correlação entre grau de funcionalidade e idade, presença de patologias e tempo de permanência. Um maior nível de dependência foi encontrado nas mulheres.

Referências

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ANEXOS

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ANEXO VI – Ficha de avaliação

Ficha de avaliação inicial – coleta de dados em prontuário Data: Número do prontuário: Data de nascimento: Idade: Gênero: Institucionalização desde: / / Procedente de: Escolaridade:

( ) analfabeto ( ) 1º grau completo ( ) 1º grau incompleto ( ) 2º grau completo ( ) 2º grau incompleto ( ) 3º grau completo ( ) 3º grau incompleto

Estado civil: ( ) solteiro ( ) casado ( ) viúvo ( ) divorciado Contato com a família: ( ) sim ( ) não

Visitas recentes: ( ) sim ( ) não Data da última visita:

Presença de patologias:

Presença de fatores de risco cardiovasculares: Outras comorbidades:

Medicações de uso contínuo: Observações:

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ANEXO VII – Índice de Katz

Data: / / Número do prontuário:

Para cada área de funcionamento listada abaixo assinale a descrição que melhor se aplica. A palavra “assistência” significa supervisão, orientação ou auxílio pessoal.

Banho – banho de leito, banheira ou chuveiro

Não recebe assistência (entra e sai da banheira sozinho se essa é usualmente utilizada para banho)

Recebe assistência no banho somente para uma parte do corpo (como costas

ou uma perna)

Recebe assistência no banho em mais de uma parte do corpo

Vestir – pega roupa no armário e veste, incluindo roupas íntimas, roupas externas e fechos e cintos (caso use)

Pega as roupas e se veste completamente sem assistência

Pega as roupas e se veste sem assistência, exceto para amarrar os sapatos

Recebe assistência para pegar as roupas ou para vestir-se ou permanece parcial ou totalmente despido Ir ao banheiro – dirigi-se ao banheiro para urinar ou evacuar: faz sua higiene e se veste após as eliminações

Vai ao banheiro, higieniza-se e se veste após as eliminações sem assistência (pode utilizar objetos de apoio como bengala, andador, barras de apoio ou cadeira de rodas e pode utilizar comadre ou urinol à noite esvaziando por si mesmo pela manhã)

Recebe assistência para ir ao banheiro ou para higienizar-se ou para vestir-higienizar-se após as eliminações ou para usar urinol ou comadre à noite

Não vai ao banheiro para urinar ou evacuar

Transferência

Deita-se e levanta-se da cama ou da cadeira sem assistência (pode utilizar um objeto de apoio como bengala ou andador)

Deita-se e levanta-se da cama ou da cadeira com auxílio

Não sai da cama

Continência

Tem controle sobre as funções de urinar e evacuar

Tem “acidentes” ocasionais *acidentes: perdas urinárias ou fecais

Supervisão para controlar urina e fezes, utiliza cateterismo ou é incontinente Alimentação

Alimenta-se sem assistência Alimenta-se se assistência, □ exceto para cortar carne ou passar manteiga no pão

Recebe assistência para se alimentar ou é alimentado parcial ou totalmente por sonda enteral ou parenteral

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Referências

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