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ETIOLOGIA, DIAGNÓSTICO E CLASSIFICAÇÃO DA SURDEZ: IMPLICAÇÕES NO PAPEL DA FAMÍLIA E DA ESCOLA

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Libras - Marlene Paula Piovezani - UNIGRAN

Aula

02

ETIOLOGIA, DIAGNÓSTICO

E CLASSIFICAÇÃO DA

SURDEZ: IMPLICAÇÕES

NO PAPEL DA FAMÍLIA E

DA ESCOLA

Antes de iniciarmos esta aula, faz-se necessário alguns questionamentos iniciais para nossa reflexão:

Qual o verdadeiro conhecimento que temos sobre a surdez? Quais as implicações médicas e educacionais do “não ouvir”? Estamos preparados para inclusão social plena destes cidadãos com necessidades especiais? Quais os impactos do diagnóstico de surdez na família? O que temos a oferecer, em termos clínicos e educacionais a estes sujeitos e suas famílias?

Objetivos de aprendizagem

Ao final desta aula, vocês serão capazes de:

• identificar a estrutura anatômica do ouvido humano;

• entender o funcionamento fisiológico, das estruturas do ouvido, para produção do som e da sensação auditiva;

• saber as causas/etiologia da surdez;

• compreender os graus de perda auditiva e a classificação da surdez; • conhecer as implicações do diagnóstico para a família e o papel dos pais e educadores na estimulação adequada.

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Seções de Estudo

Seção 1 – Aspectos anatômicos e fisiológicos do ouvido humano

Seção 2 – Fatores etiológicos da surdez e a classificação oficial segundo o grau de perda auditiva

Seção 3 – A importância do diagnóstico precoce e o papel da família e dos educadores

Nesta primeira etapa de nosso estudo, procuraremos entender como são, anatomicamente, as estruturas que compõem o ouvido humano e como estas estruturas se articulam, fisiologicamente, para captar e conduzir o som produzindo resposta auditiva.

Vamos entender como tudo funciona?

Seção 1 – ASPECTOS ANATÔMICOS E FISIOLÓGICOS DO OUVIDO HUMANO

O órgão responsável pela audição é a orelha, também chamada de ouvido. A maior parte da orelha fica no osso temporal, localizado na caixa craniana. Além da função de ouvir, o ouvido também é responsável pelo equilíbrio.

A orelha está dividida em três partes: orelha externa, orelha média e orelha interna (antigamente chamadas de ouvido externo, ouvido médio e ouvido interno). Meato acustico Pavilhão auditivo Tímpano

{

Orelha externa Ossículos da orelha interna Tuba auditiva Osso Nervo coclear Caracol Canais

semicirculares

{

vestibularNervo

Orelha interna Nervo auditivo

Estrutura anatômica da orelha Fonte: ( CÉSAR ; CEZAR, 2, p. 125)

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• Orelha externa: é formada pelo pavilhão auricular e meato acústico

externo, captando as ondas sonoras que entram nele e posteriormente transmitem para o conduto auditivo, ou seja, capta os sons e os leva até a orelha média;

• Orelha média: Inicia-se na membrana timpânica, que aloja três ossos

(os menores ossos de nosso corpo), denominados de: martelo, bigorna e estribo, que estão unidos por meio de ligamentos. O primeiro ossículo a receber a onda sonora é o martelo e depois os outros ossículos entram em vibração, até que a base do estribo transmita a energia sonora para o ouvido interno;

• Orelha interna: é constituída de uma parte anterior onde se encontra a

cóclea, que é responsável pela audição, e uma parte posterior, que está relacionada ao equilíbrio.

Quando a vibração sonora chega ao ouvido interno, é transmitida, pelo nervo auditivo, ao Sistema Nervoso Central. Este nervo, junto com as células sensoriais do ouvido interno transmite informações para o cérebro. Ele consiste do nervo coclear, que carrega informação auditiva, e o nervo vestibular, que carrega informações sobre o equilíbrio.

A partir daí, ocorre a transmissão dos impulsos nervosos gerando o som, bem como sua resposta auditiva. Assim temos a sensação auditiva e ouvimos.

A audição constitui um dos cinco sentidos para o desenvolvimento humano: visão, audição, olfato, tato e paladar. Portanto, além dos outros, sabemos que o sentido da audição é extremamente importante e se destaca por

Localização do nervo auditivo.

Disponível em:< http://sentidos5espsmm.blogspot.com.br/2008/02/fisiologia-do-ouvido.html> acesso em 15/04/2012

Osso

temporal auditivoNervo do crânioAbertura

Canal

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estar intimamente ligado à aquisição de linguagem, à fala, à expressão oral. Assim, a perda ou ausência de audição traz grandes prejuízos para o individuo, tanto no que está relacionado à segurança física, por exemplo, escutar o barulho de um carro, como também na aquisição da linguagem, contribuindo para dificuldades de aprendizagem quando o diagnóstico acontece tardiamente.

Vocês perceberam, nesta primeira seção, que as pessoas surdas tem a anatomia da orelha igualzinha à nossa? Então, porque acontece a surdez? Vejamos a seguir quais suas causas e como é classificada pela clínica médica.

Seção 2 – FATORES ETIOLÓGICOS DA SURDEZ E A

CLASSIFICAÇÃO OFICIAL SEGUNDO O GRAU DE PERDA AUDITIVA

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), “a deficiência auditiva afeta cerca de 10% da população mundial, sendo o principal acometimento crônico sem tratamento no mundo, nos dias atuais”.

Algumas pesquisas nos alertam que uma em cada 1000 crianças tem algum problema auditivo ao nascimento. No Brasil, calcula-se que 15 milhões de homens e mulheres tenham algum tipo de perda auditiva e que, aproximadamente, 350 mil não ouçam praticamente nenhum som (SILVA, 2012).

Tal realidade nos remete a discussão, novamente, a respeito da possibilidade que essas pessoas têm de adquirir linguagem. Perceber o mundo e formar conceitos morais, sociais e éticos.

Quando entramos em contato com a surdez e as “limitações” que lhe são associadas, é natural procurarmos saber quais as suas causas e, consequentemente, quais os meios de evitá-la ou tratá-la.

Segundo Della-Rosa (2008, p.40-46), as principais causas da perda auditiva ou da surdez são:

Pré-natais (antes do parto)

• hereditárias;

• má-formações congênitas: adquiridas pelo embrião devido a infecções virais ou bacterianas intra-uterinas - rubéola, sarampo, sífilis, citomegalovírus, herpes simples, toxoplasmose;

• intoxicações intra-uterinas: quinino, álcool, drogas; • alterações endócrinas: patologias da tireoide, diabetes; • desnutrição da mãe e do bebê;

• agentes físicos: acidentes com a mãe provocando traumas no feto ou bebê.

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Peri-natais (durante o parto)

• traumatismos obstétricos: hemorragias do ouvido interno ou nas meninges;

• anóxia (falta de oxigenação cerebral): parto com auxílio de fórceps; • incompatibilidades sanguíneas: do fator RH que podem provocar danos no sistema nervoso central.

Pós-natais (depois do parto e no decurso da vida do indivíduo)

• doenças infecciosas bacterianas e virais (ex.: meningites, otites, inflamações agudas ou crônicas das fossas nasais e da naso-faringe, encefalites e varicela);

• intoxicações (ex.: alguns antibióticos, excesso de vitamina D que pode provocar lesão com hemorragia);

• trauma acústico (ex.: exposição prolongada a ruídos nos locais de trabalho ou em recintos de diversão; sons de alta intensidade e de curta duração, tais como: nas explosões; diferenças de pressão, como no caso dos mergulhadores).

Ainda existem as causas desconhecidas ou idiopáticas (casos em que a comunidade médica não consegue identificar a origem da surdez).

À medida que pesquisamos e acompanhamos pessoas surdas, percebemos a grande maioria inserida num contexto social menos privilegiado ou sem nenhum privilégio. Isso fica ainda mais evidente pelos dados apontados pela Organização mundial de saúde (OMS), os quais revelam que, cerca de 1,5% da população dos países em desenvolvimento, apresentam problemas relacionados à audição.

Torna-se evidente a importância da prevenção e que instituições governamentais apoiem medidas que ajudem a minimizar o surgimento de doenças tais como: divulgação adequada, trabalho preventivo em postos de saúde e hospitais, parcerias com escolas e instrumentalização da comunidade surda e ouvinte.

A prevenção primária constitui-se de campanhas de vacinação contra rubéola nas mulheres em idade fértil (as mulheres dever ser vacinadas contra a rubéola antes de engravidar), a realização dos exames pré-natais, campanhas de vacinação infantil contra o sarampo, meningite e caxumba e palestras, orientações às mães (principalmente acerca da alimentação adequada), bem como realização do teste da orelhinha em recém-nascidos.

Em casa e na escola, é importante observar o comportamento da criança. Atrasos no desenvolvimento da linguagem e da comunicação, alterações de comportamento, dificuldade no aprendizado e isolamento podem indicar algum distúrbio auditivo. Nas empresas e indústrias, testes de audição periódicos e proteção de ouvido para empregados expostos a muito barulho ajudam a prevenir

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a surdez ocupacional, relacionada a ruídos em ambiente de trabalho.

Discussões mais atuais trazem o aconselhamento genético como uma maneira de prevenir futuras gestações de risco e é realizado por um médico geneticista. Mas ainda é uma prática de alto custo, não acessível a todas as camadas da população (MORI, 2008, 60).

Para confirmar o diagnóstico de surdez ou grau de perda auditiva em uma pessoa, além dos sinais apresentados no dia-a-dia e observados pela família, são realizados alguns exames clínicos onde os profissionais medirão a capacidade auditiva através dos decibéis (dB). Quanto maior a quantidade de dB necessários para o individuo ouvir, maior é sua perda auditiva.

Conforme Mori (2008, p. 62), os exames clínicos existentes são:

BERA: avalia a integridade funcional do nervo auditivo desde a orelha interna até o cérebro. É um exame indolor, realizado através de eletrodos colocados atrás da orelha e na cabeça e um fone de ouvido. O paciente recebe estímulos sonoros pelo fone e a resposta elétrica do nervo é interpretada pelo examinador. No caso das crianças, é necessário que estejam dormindo para não interferirem durante a realização do exame.

Audiometria Comportamental: é realizado em crianças de 0 a 2 anos

e consiste numa avaliação subjetiva, ou seja, observação do comportamento da criança em resposta à estímulos sonoros pré-estabelecidos (um kit sonoro padrão). Este exame deve ser feito em local tranquilo, silencioso e os estímulos sonoros devem variar de 25 a 90 dB.

Teste da orelhinha: ou Triagem Auditiva Neonatal. É um programa

de avaliação auditiva de recém-nascidos para detectar, precocemente, a perda auditiva. É indolor, realizado com fones nos ouvidos, estímulos sonoros e tem a duração de 3 a 5 minutos.

Como todo modelo clínico, os resultados dos exames geram uma classificação conforme os graus de perda auditiva e, também, quanto ao momento de aparecimento da Surdez, de acordo com a aquisição da linguagem e da capacidade de leitura. Segundo Silva (2012) a classificação clínica, conforme o grau de perda, compreende:

 Surdez leve – perda de 21 a 40 dB;

 Surdez moderada – perda auditiva de 41 a 70 dB;  Surdez severa – perda auditiva de 71 a 90 dB;  Surdez profunda – perda auditiva de 91 a 119 dB;  Surdez total (cófose) – perda auditiva maior de 120 dB.

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de surdez em relação à aquisição de linguagem. São elas:

Surdez pré-lingual – é caracterizada pela total ausência de memória

auditiva tornando extremamente difícil a estruturação da linguagem.  Surdez peri-lingual - surge nas crianças que falam mas ainda não

lêem, situação em que, se não existir um acompanhamento eficaz, pode ocorrer uma rápida degradação da linguagem.

Surdez pós-lingual – a criança perde a audição quando já fala e lê,

não observando regressão devido ao apoio da leitura.

Atualmente, muitos pedagogos se apóiam nos dados de classificação da surdez do aluno para pensar uma metodologia de ensino adequada. Planeja e executa suas ações conforme o grau de perda que o aluno tem. Como exemplo, o esquema a seguir, de Oliveira (2002), relaciona os graus de perda auditiva com algumas das prováveis necessidades educativas da criança em relação ao processo de escolarização:

Perda auditiva leve

• pode obter de ajuda auditiva quando a perda está perto dos 40 dB; • deve dar-se atenção ao desenvolvimento do vocabulário;

• oferecer à criança um lugar adequado na sala de aula;

• cuidado por parte do educador em pronunciar as palavras corretamente;

Perda auditiva moderada

• oferecer ajuda auditiva individual;

• proporcionar atenção individualizada para a aprendizagem da linguagem, a aquisição de novo vocabulário, leitura e escrita;

• dar atenção para conservar e corrigir a fala;

• necessidade de professor de apoio (professor-intérprete);

Perda auditiva severa

• ajuda individual;

• necessidade da utilização da língua de sinais para se expressar e também compreender os outros;

• recomenda-se que frequente sala de recurso ou apoio especializado; • professor-intérprete;

Perda auditiva profunda

• ajuda individual;

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compreender os outros;

• recomenda-se que frequente sala de recurso ou apoio especializado; • professor-intérprete.

Apesar de sabermos a existência das categorias e classificações existentes, relacionadas à surdez, devemos lembrar que existem a individualidade e a especificidade de cada ser humano. Não somos idênticos, nem totalmente opostos. Então, será que devemos colocar a surdez em um “ranquing”, enquadrando o indivíduo em um tipo de “tratamento” ou um modelo escolar escolhido conforme seu grau de perda auditiva?

O sucesso ou não, de uma determinada criança, na aquisição da linguagem, leitura e escrita deve ser previsível, simplesmente com base nos resultados do teste auditivo? O que seria adequado, em termos de educação, para estas pessoas?

Em sua obra, Linguagem e Letramento na Educação dos Surdos, Botelho (2002, p. 17) faz um questionamento bem interessante a respeito desse assunto, em que coloca algumas indagações como: o grau de perda auditiva e a quantidade de decibéis fazem a diferença?

A perda auditiva tem sido considerada, por alguns, variável interveniente nas possibilidades de sucesso escolar dos surdos. Acreditam alguns que um surdo profundo tem maiores dificuldades pedagógicas em comparação àquele cuja perda auditiva tem grau menos acentuado que, teoricamente, tem resultado escolar e pedagógico mais satisfatório (BOTELHO, 2002, p17.)

Todavia, quando se concebe a surdez como uma experiência visual, a classificação de perdas auditivas segundo o grau não é fator determinante dos resultados.

Pessoal, precisamos, então, contribuir para a evolução dos pensamentos sociais sobre a surdez com as nossas reflexões, nossos estudos e nossa compreensão de todos os fatores envolvidos quando se tem um diagnóstico de surdez dentro da família ou um aluno surdo em sua escola ou faculdade.

Seção 3 – A IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO PRECOCE E O PAPEL DA FAMÍLIA E DOS EDUCADORES

Sabemos que, mesmo com a evolução da medicina e todo o esforço da comunidade para prevenção, a surdez é uma realidade que ainda assombra e frustra muitas famílias. Voltamos, inevitavelmente para o papel dos educadores e familiares diante de uma criança com diagnóstico de surdez.

Ao receber a confirmação clínica, após a observação diária, de que sua criança é surda, os pais “desmoronam”. Suas expectativas para aquela vida estão

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É muito comum ver famílias se movimentando, em busca de atendimento ou mesmo freqüentando serviços diferentes, sem ter noção do que é que estão fazendo. Constata-se que a relação entre a família e profissionais tem sido uma relação de poder do conhecimento nas decisões do que é melhor para seus filhos. Faz-se necessário que a família construa conhecimentos sobre as necessidades especiais de seus filhos, bem como desenvolva competências de gerenciamento do conjunto dessas necessidades e potencialidades. É importante que os profissionais desenvolvam relações interpessoais saudáveis e respeitosas, garantindo-se assim maior eficiência no alcance de seus objetivos. A família precisa construir padrões cooperativos e coletivos de enfrentamento dos sentimentos, de análise das necessidades de cada membro e do grupo como um todo, de tomada de decisões, de busca dos recursos e serviços que entendem necessários para seu bem estar e uma vida de boa qualidade. É essencial que se invista na orientação e no apoio à família, para que esta possa melhor cumprir com seu papel educativo junto a seus filhos. (BRASIL – SEESP/MEC,2004)

perdidas, frustradas e, num primeiro momento, o sentimento de culpa e tristeza,

invadem o convívio familiar. Depois, vêm as dúvidas quanto ao desenvolvimento

cognitivo e ao processo de escolarização desta criança. Diante de tal constatação diagnóstica, a família paralisa e assume uma posição de total dependência de profissionais para entender e escolher o que fazer em relação às necessidades especiais de seus filhos.

Quando falamos de diagnóstico precoce, estamos querendo a atenção dos pais para o desenvolvimento diário de seus filhos a fim de observar, o quanto antes, alguma diferença em seu desenvolvimento motor ou sensorial. Observado algum problema, os pais precisam de pesquisa clínica e resultados que comprovem o quadro.

Quanto mais cedo houver a confirmação da surdez em uma criança, maior será a possibilidade de trabalhar as questões psicológicas, de aceitação e convivência, os conceitos sobre surdez e as capacidades de desenvolvimento, da criança, junto à família.

De acordo com o documento oficial do Programa de Educação Inclusiva, implementado pelo MEC em 2004 e intitulado Educação Inclusiva – A Família, temos as disposições sobre o papel da família na composição da sociedade e sua atitude frente às necessidades especiais dos filhos:

E o que vemos ainda hoje? Pais ouvintes que se frustram com o filho surdo e, consequentemente, abandonam seu papel no desenvolvimento psicosocial e afetivo da criança. Na maioria das vezes, os pais não têm contato com a LIBRAS, criando uma barreira linguística em relação aos filhos, que desenvolverão um sistema de comunicação gestual caseiro e, quando forem à escola, aprenderão a

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Chegamos, assim, ao final da segunda aula. Espero que tenha ficado mais claro o entendimento de vocês sobre as causas da surdez e as implicações do diagnóstico na família. Vamos, então, recordar:

esta língua.

Sabemos que a formação de uma sociedade inclusiva requer mudança de ideias e de práticas. Isto leva tempo e, em relação ao processo educativo, que hoje caminha em uma perspectiva inclusiva, o diagnóstico precoce contribuirá para a adaptação dos meios didáticos necessários para o aprendizado efetivo das crianças surdas. Hoje, o maior desafio para quem trabalha com crianças surdas é acreditar nos bebês como diferentes e não como deficientes.

A educação dos surdos não tem oferecido condições favoráveis de acesso às suas complexidades cognitivas, ou seja, não há estímulos para que a criança surda desenvolva plenamente suas capacidades. Segundo Quadros (2008, p. 22), a melhor maneira de potencializar a produtividade e o desenvolvimento de uma criança surda é ensinar a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) desde os primeiros dias de vida.

Primeiramente, o que falta aos surdos, sem sombra de dúvidas, é o acesso a uma língua que dominem e que lhes permita pensar com todas as complexidades necessárias, disponíveis como são para qualquer um. Frequentemente, quando adquirem essa língua – a língua de sinais – raramente a compartilham com seus professores. E há exceção de poucos que utilizam a LIBRAS na educação de surdos, a maioria dos professores ainda utiliza somente a comunicação verbal.

Enfim, nada mudará se os problemas forem atribuídos à surdez, sem que a educação e as práticas pedagógicas se tornem objeto de dúvida. Enquanto isso, os surdos, sem compreender por que estão subeducados, se auto atribuem um estigma de incapacidade. Alguns desistem, mas muitos permanecem, em passividade, convivendo com um discurso que atesta ser muito o pouco que recebem por haver muitos surdos que nada têm.

Seção 1 – Aprendemos um pouco dos “Aspectos anatômicos e fisiológicos

do ouvido humano”, estrutura óssea e processo fisiológico da audição; como as estruturas cerebrais se organizam para produzir a sensação auditiva. É pertinente lembrar que as estruturas anatômicas e nervosas da orelha, são iguais, tanto em pessoas surdas, quanto em pessoas ouvintes.

Seção 2 – Dentro desta seção, “Fatores etiológicos da surdez e a

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da surdez nas quais destacamos as infecções virais e bacterianas bem como as intoxicações da mãe durante a gestação. Com os resultados clínicos, entendemos o processo de classificação da surdez conforme dois indicadores: grau de perda auditiva e o momento em que a criança perdeu audição. Importante lembrarmos da influência destes indicadores no desenvolvimento de um modelo pedagógico para crianças em idade escolar.

Seção 3 – Com esta seção, “A importância do diagnóstico precoce e o

papel da família e dos educadores”, discutimos sobre os sentimentos presentes na família após um diagnóstico de surdez bem como o processo de adaptação e aceitação de um filho surdo. Não esquecendo da eficácia do atendimento a esta família quando o diagnóstico é precoce. Assim, conforme a constatação da necessidade especial dos filhos, vimos a urgência da família assumir seu papel na educação e formação psico social dos filhos, bem como as escolas oferecerem um ensino de qualidade e adequado à realidade linguística dos alunos surdos.

Para finalizar...

Apesar de o Brasil estar em processo de tornar-se uma sociedade inclusiva, de aceitar as pessoas como diferentes e não deficientes, muitos cidadãos ainda não conhecem a realidade das comunidades surdas. Quem são estas pessoas? Como se comunicarão com os ouvintes? Como isto acontece? O que fazer diante deste quadro? Eles se desenvolvem normalmente? E assim por diante...

Apesar de tanta informação, disponível nos meios virtuais, mídia televisiva e Universidades, muitos cidadãos e famílias de surdos ainda escolhem o caminho da tradição e/ou assumem um papel de observadores passivos.

Apesar da dificuldade de acesso a um ensino de qualidade, muitas pessoas surdas continuarão lutando para que sejam reconhecidos como cidadãos brasileiros, participantes ativos do desenvolvimento de seu país.

Caros alunos,

Para melhor entendimento dos assuntos abordados nesta aula, façam a leitura de uma entrevista realizada com Karin Ströbel: surda, Pedagoga e Doutora em Educação, pesquisadora respeitada na área de História da Educação de Surdos e atual presidente da Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos – FENEIS.

http://paulohenriquelibras.blogspot.com.br/2012/03/grandes-contribuicoes-karin-strobel.html

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Filme

Um filme que traz a realidade de uma família que recebe diagnóstico de surdez de um filho. Porém, para chegar a esta confirmação, os pais terão de enfrentar outra decepção...

Vale a pena assistir!!

Título: “E seu nome é Jonas” (“... And your name is Jonah”) – 1979/EUA Indicação de leitura complementar:

Sites

Bebês surdos devem aprender língua dos sinais nos primeiros meses de vida.

Disponível em: <http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,MUL732407-5598,00-BEBES+SURDOS+DEVEM+APRENDER+LINGUA+DOS+SINAIS+NOS+P RIMEIROS+MESES+DE+VIDA.html> Acesso em: 22 abr. 2012.

Referências

ARANHA, M. S. F. Educação Inclusiva: a família. Brasilia: MEC/SEESP, 2004. 17 p. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/afamilia.pdf>. Acesso em: 22 abr. 2012.

BERA - Exame do Potencial Evocado Auditivo do Tronco Encefálico. Disponível em: <http://www.institutobrasileirodosono.com.br/index.php?option=com_conte nt&view=article&id=107&Itemid=179>. Acesso em: 22 abr. 2012.

BOTELHO, P. Linguagem e Letramento na Educação dos Surdos. Rio de Janeiro: Autêntica, 2002. 158 p.

CÉSAR & CEZAR. Biologia. São Paulo: Saraiva, 2002. 210 p.

DELLA-ROSA, V. A. Etiologia e prevenção da deficiência auditiva. In: MORI, N. N. R. (Org.). Fundamentos da deficiência sensorial auditiva. Maringá: Eduem, 2008. cap. 3, p. 39-65.

OLIVEIRA, P. CASTRO, F. RIBEIRO, A. Surdez infantil. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia, São Paulo, SP, v.68, n. 3, 2002. Disponível em: <www. scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-72992002000300019>. Acesso em: 22 abr. 2012.

QUADROS, R. M. de. Educação de Surdos: A aquisição da linguagem. Porto Alegre: Artmed, 2008. 126 p.

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SILVA, R. M. N. da. Avaliação da Audição. Disponível em: <http://www.sbp. com.br/show_item2.cfm?id_categoria=24&id_detalhe=325&tipo_detalhe=s> Acesso em: 22 abr. 2012.

Teste da Orelhinha. Disponível em: < http://www.testedaorelhinha.com.br>

Referências

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