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A ORGANIZAÇÃO DO ENSINO NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL E A PROVINHA BRASIL DE MATEMÁTICA: COM A PALAVRA OS PROFESSORES

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Academic year: 2021

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A ORGANIZAÇÃO DO ENSINO NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL E A PROVINHA BRASIL DE MATEMÁTICA: COM A

PALAVRA OS PROFESSORES

Andressa Wiedenhoft Marafiga (UFSM) – Autora Halana Garcez Borowsky Vaz (UFSM) – Coautora Gabriela Fontana Gabbi (UFSM) - Coautora Resumo

O presente trabalho visa apresentar uma pesquisa de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) desenvolvida para a obtenção do Grau de Licenciada em Pedagogia, pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), tendo como principal objetivo investigar as possíveis interfaces entre a Provinha Brasil de matemática e o processo de ensino nos anos iniciais do Ensino Fundamental em Santa Maria (Rio Grande do Sul), tentando compreender os impactos causados por essa política em sala de aula, que cada vez mais adentra o âmbito escolar. O desenvolvimento desta investigação se deu por meio de um questionário, composto por onze questões e dirigido ao corpo docente de três escolas da rede pública de ensino, com intuito de verificarmos quais as suas concepções em relação a Provinha Brasil de matemática, sendo que neste trabalho abordamos apenas duas questões. As escolas que participaram desta pesquisa integram um projeto maior, de âmbito nacional financiado desde 2011 pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES/OBEDUC), intitulado: “Educação matemática nos anos iniciais do Ensino Fundamental: princípios e práticas da organização do ensino”. As perguntas que aqui serão apresentadas referem-se aos conteúdos da Provinha Brasil, o que os docentes pensam sobre os mesmos. E, abordamos a temática avaliação, perguntando se a provinha se constituiria um bom instrumento para avaliar o aluno, na percepção do professor. Com esta pesquisa conseguimos observar que a Provinha Brasil de matemática poderá contribuir para a organização do ensino do professor dos anos iniciais do Ensino Fundamental quando ela se organizar como um instrumento que tenha esse objetivo, o que por enquanto ainda não acontece.

Palavras-chave: Anos Iniciais; Provinha Brasil de Matemática; Avaliação. Introdução

O presente artigo fez parte de uma pesquisa de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) para a obtenção do grau de Licenciada em Pedagogia, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Também, integra um projeto maior, de âmbito nacional, financiado desde 2011 pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES/OBEDUC), intitulado: “Educação matemática nos anos iniciais do Ensino Fundamental: princípios e práticas da organização do ensino”. O mesmo tem como objetivo contribuir com a formação de alunos e professores da educação básica, investigando “o que está por traz dos números?”. Fazem parte deste projeto, quatro

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núcleos constituídos na Universidade de São Paulo (São Paulo), Universidade de São Paulo (Ribeirão Preto), Universidade Federal de Goiás (Goiânia) e Universidade Federal de Santa Maria (Santa Maria). Desta forma, com o projeto em andamento, pesquisando sobre as avaliações externas e sua relação com a matemática, sentimos a necessidade de aprofundar um pouco mais o estudo sobre a Provinha Brasil de matemática, pois, percebemos que essa vem a cada dia adentrando o âmbito escolar, sendo as escolas as principais interessadas nesses resultados, que muitas vezes são pouco discutidos e dialogados.

Nesse sentido, voltamos à pesquisa a buscar compreender o que perpassa entre essas duas ações: Provinha Brasil de matemática e o processo de ensino da matemática nos anos iniciais do Ensino Fundamental, tentando entender os desafios da escola e do trabalho docente diante das políticas que vem adentrando a escola. E, para este artigo, selecionamos apenas um recorte da pesquisa, que foi realizada a partir de um questionário, composto por onze questões, dirigido ao corpo docente dos anos iniciais das três escolas participantes do projeto citado anteriormente no núcleo da cidade de Santa Maria, onde contamos com a colaboração de seis professores. Optou-se pelo uso do questionário para dar mais privacidade para os docentes. Além disso, cada um deles escolheu se assim quisesse, um nome fictício para neste trabalho ser mencionado. Nesse sentido, no próximo tópico do presente trabalho traremos o desenvolvimento da pesquisa juntamente com o seu referencial teórico, por entender que esses estão interligados. Por fim, trazemos breves considerações finais, levando em consideração a restrição de espaço do presente artigo.

Desenvolvimento

As primeiras seis questões do questionário estavam voltadas a caracterização dos docentes e eram referentes à escolha do nome fictício, área de atuação, gênero, idade, tempo de carreira e formação. Esses dados nos permitiram observar que todos os nossos sujeitos possuíam 40 anos ou mais, com predominância do sexo feminino, sendo apenas um homem. A formação da maioria é Pedagogia, alguns possuindo também o Magistério em nível Médio. Ainda observamos que dois docentes tinham formação em Licenciatura em Matemática. Três professores também relataram que possuíam especialização, dois na área de Gestão Educacional, e um em Educação Infantil.

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Uma das nossas primeiras perguntas aos docentes era referente a Provinha Brasil de matemática e seus conteúdos. Lembramos que a mesma foi instituída pela Portaria Normativa Nº 10, de 24 de Abril de 2007, porém sua primeira aplicação foi no ano de 2008, apenas com a prova de leitura, posteriormente no 2º semestre de 2011 começou-se com a de matemática. Essa teve como foco a resolução de problemas. De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira (INEP) (http://portal.inep.gov.br/web/provinha-brasil/provinha-brasil), a Provinha Brasil tem o objetivo de servir como instrumento pedagógico para professores e gestores, verificando o processo de alfabetização dos alunos nos anos iniciais.

Assim, com intuito de verificar a importância ou não dada pelos professores aos conteúdos pedidos na provinha, perguntamos se os docentes achavam necessário pautar-se na matriz de referência da Provinha Brasil de matemática para elaborar pautar-seu planejamento. Obtivemos nas respostas dos professores, quatro que se posicionaram contra pautar-se na matriz de referência da provinha. Entre esses, está o posicionamento de Che Guevara,

“Eu penso que não é necessário pautar-se na matriz da Provinha Brasil, pois a Provinha Brasil usa muitas vezes de conceitos regionais do nosso imenso Brasil. Creio que sim que a provinha apresenta várias questões que podemos adequar à realidade da nossa clientela, muitas vezes desprovidas de subsídios culturais”. (CHE GUEVARA).

Portanto podemos observar na resposta acima, que um dos pontos a ser pensado nessa avaliação, se refere a sua forma de explicitação das questões, pois, a mesma não apresenta características de cada região. Um exemplo clássico que podemos trazer para ilustrar essa questão é a palavra mandioca. A mesma é conhecida também como aipim e macaxeira, cada região chamando-a de um modo. Helena em sua resposta, também disse não elaborar seu planejamento pautado na provinha. Como descreve:

“Não. Eu faço o meu planejamento pautado nos conteúdos que acho mais importante para vida dos meus alunos. Crio situação para o maior envolvimento e participação da família na vida escolar de seus filhos. Mas, as referencias da Provinha Brasil foram contempladas em meu planejamento, respeitando a cultura da comunidade. (HELENA).

Porém, ao final da resposta da docente, observa-se que mesmo alegando não seguir os conteúdos exigidos em tal avaliação, os conteúdos que trabalha em sala de aula são os mesmo cobrados na avaliação. Deste modo, fica subentendido, que a avaliação acaba por nortear de alguma maneira a prática pedagógica dos professores, pois mesmo não seguindo passo a passo os conteúdos exigidos na provinha, o professor

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pode olhar para eles e implicitamente os colocar em meu planeamento. Sobre isso, Lauschner e Cruz comentam,

Percebe-se que hoje o termo avaliação é angustiante para professores e estressante para alunos. Mas o que se pode destacar nesse momento é que o sistema escolar gira em torno desse processo de avaliação e que professores e alunos se organizam em razão dele. (LAUSCHNER E CRUZ, 2012, p.9).

Assim sendo, as avaliações externas regem – de certo modo – o planejamento dos professores, mesmo que eles neguem que sua prática pedagógica está voltada a esse fim, os mesmos acabam direcionando seus olhares para os conteúdos exigidos na mesma. Faz-se importante salientar que, as respostas aqui mencionadas relatam a preocupação dos professores com a comunidade escolar, com seus alunos. Com o que os mesmos devem realmente aprender, que faça sentido a eles. Tivemos também uma professora que abertamente, declarou achar importante olhar os conteúdos da prova. Maria relata:

“Acho importante ver os conteúdos que são abordados na Provinha Brasil, pois alguns deles não foram ainda trabalhados até a data da aplicação da provinha”. (MARIA).

Nota-se que o foco da professora é trabalhar todos os conteúdos até o dia da provinha, para que assim seus alunos consigam ir bem.

Em outra questão, que aqui pretendemos explicitar, perguntamos aos professores suas opiniões em relação a Provinha Brasil de matemática se constituir como um bom exemplo de avaliação ou não, e por quê. Obtivemos nesta questão, cinco docentes descartando a provinha como um bom exemplo de avaliação, apenas a consideraram uma avaliação em massa. Somente um professor, escreveu que a prova é um bom exemplo. Em suas respostas podemos observar que a maioria considerou a avaliação apenas mais um tipo de prova, uma vez que essa não leva em consideração o que é a escola, onde a mesma está inserida, quem são os alunos que compõem o âmbito escolar. Maria, em sua resposta diz:

“O professor tem condições de avaliar seus alunos pela observação diária em sala de aula”. (MARIA).

Além disso, os professores acreditam que a avaliação além de deixar seus alunos nervosos, é uma forma de uniformizar o ensino. O único que considerou a provinha como um bom exemplo de avaliação, foi o professor Che Guevara, que em sua resposta diz:

“A provinha é um bom exemplo de ferramenta, a mesma enfoca na concepção de avaliação e de outros aspectos a serem abordados na ação

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educacional. Todas as formas de avaliação devem ser empregadas para verificação das múltiplas competências dos alunos”. (CHE GUEVARA). A percepção desse professor vai em direção de buscar aproveitar as oportunidades que aparecem, mesmo que não sejam ideais, como instrumentos que contribuam para o processo de ensino e aprendizagem. Deste modo, pudemos perceber que a maioria dos professores não considera a provinha como um bom exemplo de avaliação, entendendo a mesma apenas como mais um tipo de avaliação, que não analisa seu aluno em um contexto socioeconômico e cultural, não considera o local em que está a escola. Demo (1999, p.44), relata que para avaliar não é necessário prova. Ainda segundo ele, “esta é apenas uma das vertentes possíveis e das mais frágeis”. Talvez, seja por isso que os professores descartam a provinha como um exemplo de avaliação, pois, acreditam que a avaliação da criança deve ser processual, acompanhando seu desenvolvimento físico, afetivo e cognitivo.

Algumas Considerações

Podemos observar que há uma divergência no que é observado na pesquisa. Quando, em parte, os professores negam seguir a matriz de referência da Provinha Brasil, em outra, dizem que os conteúdos que trabalham são contemplados na avaliação. Isso nos leva a refletir sobre qual o real motivo dessa negação e justificativa ao mesmo tempo. Afinal, negam que essa avaliação seja um bom instrumento de avaliação do aluno, mas em outra pergunta relatam que acreditam que os resultados obtidos na provinha podem colaborar na organização do ensino. Talvez esse dilema seja próprio da profissão docente e é válido ressaltar que nosso intuito não é o de julgar as respostas dos professores, mas apenas tentar compreender o que perpassa entre a ação de ensinar e a Provinha Brasil de matemática.

Referência Bibliográfica

BRASIL. Ministério da Educação. Provinha Brasil. Disponível em: <http://portal.inep.gov.br/web/provinha-brasil/provinha-brasil>. Acesso em: 21 dez. 2013.

DEMO, Pedro. Mitologias da avaliação: de como ignorar, em vez de enfrentar problemas. Campinas, SP: Autores Associados, 1999.

LAUSCHNER, Janine; CRUZ, Rosângela Coelho da. Provinha Brasil , o que é? Por quê? Para quê? Unoesc & Ciência – ACHS, Joaçaba, v. 3, n. 1, p. 7 – 14, jan./jun. 2012.

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