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Os Desafios no Ensino de Artes

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Academic year: 2021

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Os Desafios no Ensino de Artes

Autora: Marli Schirmer Teles de Souza (UNIC)* Coautor: Juliano Ciebre dos Santos (FSA)*

Resumo: O artigo apresenta questões referentes ao ensino da arte no Brasil e das dificuldades encontradas pelos alunos e professores. Tendo em vista que o ensino da Arte no Brasil está passando por grandes transformações. Esse estudo possibilita o conhecimento dos diversos saberes presentes na cultura e que como parte de um sistema social, carrega consigo além dos reflexos ideológicos, uma responsabilidade muito grande. Para isso foi utilizada uma pesquisa bibliográfica, bem como a revisão de literaturas e exemplos baseados nas novas propostas dos Parâmetros Curriculares Nacionais em Artes. Percebe-se que um dos grandes desafios do ensino de Arte na contemporaneidade é tornar-se uma disciplina reconhecida por alunos e professores dos outros componentes curriculares, já que a mesma recebe, ainda, o estigma de apêndice para as outras disciplinas na Educação Básica.

Palavras-chave: Ensino da Arte; Desafios; Mudanças.

1. INTRODUÇÃO

Sabe-se que as linguagens da Arte ainda são vistas no contexto escolar do atual sistema como um meio eficaz para alcançar conteúdos disciplinares com objetivos pedagógicos muito amplos, como por exemplo, o desenvolvimento crítico e cultural do aluno. Existem hoje trabalhos importantes divulgados acerca do ensino dessas linguagens não apenas como um apêndice para outras disciplinas, mas como conteúdos necessários para fazer e compreender arte. Ao longo do século XX vários artistas manifestaram preocupações sociais em suas obras e mostraram os fatos, problemas e características marcantes de suas épocas. Cada um deles captou e expressou a realidade de acordo com suas sensibilidades e visão de mundo.

Percebendo-se assim a importância da arte no cotidiano escolar e na formação do indivíduo como ser humano. Atualmente, muitos professores sentem-se inseguros ao planejar suas aulas de Artes, dentre os motivos estão: resquícios de uma formação escolar tradicionalista; as

* Marli Schirmer Teles de Souza, Licenciada em Letras pela Universidade de Cuiabá (UNIC Cuiabá 2012), Pós

Graduando em Artes pela Faculdade de Ciências Sociais de Guarantã do Norte. E-mail:

Marli.schirmer@hotmail.com. Novembro de 2013.

* Juliano Ciebre dos Santos, Licenciado em Informática pela Fundação Santo André (FSA, Santo André-SP, 2004),

Especialista em Informática aplicada à Educação e Mestre em Educação Desenvolvimento e Tecnologias pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS, São Leopoldo-RS, 2008). Atualmente docente do ensino superior na Faculdade de Ciências Sociais de Guarantã do Norte-MT, Rua Jequitibá, nº 40, Jardim Aeroporto. Cep. 78520-000. E-mail: jciebres@gmail.com.

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2 lacunas no aprendizado de Artes durante o curso de graduação e a falta de especialização. Tal insegurança e a falta de experiência teórico-prática refletem na postura dos mesmos, o que acarreta em aulas que não ultrapassam os cadernos, e pouco motivadoras.

O professor que atua de maneira tradicional acredita que a cópia e a repetição são as únicas formas de fixar um modelo estabelecido e acaba se limitando a avaliar se o aluno atingiu o máximo possível do modelo original. Alguns se acostumaram com um meio mais fácil de lecionar, fazendo uso de materiais pedagógicos compostos por desenhos e atividades prontas, prática comum nas formações em magistério até há pouco tempo atrás. Encarar um modo diferente do aprendido para trabalhar gera um pouco de insegurança, principalmente por exigir um pouco mais de reflexão do professor sobre a prática pedagógica. A falta de definições para trabalhar as diferentes modalidades artísticas também está presente na queixa de muitos profissionais da área, que acabam explorando mais o campo das artes visuais e deixando de lado as modalidades: teatro, música e dança.

2. DESENVOLVIMENTO E DEMONSTRAÇÃO DOS RESULTADOS

Além do conhecimento sobre o que é ensinar Artes e como efetivar o ensino na escola, é fundamental que o professor compreenda suas responsabilidades por meio do conhecimento e reflexão sobre o processo do ensino de Artes. Ao refletir sobre essa área ao longo da história, é possível repensar e reconstruir sua prática, rompendo com paradigmas tradicionais e concepções que não proporcionam uma aprendizagem significativa. Considerando a subjetividade que envolve uma análise, esta deve ser realizada sob uma perspectiva crítica e sensível por parte do educador, para que este possa se reconhecer na construção histórica, refletindo sobre a importância do ensino atualmente, em que cada vez mais é valorizado o sujeito inovador e criativo na sociedade.

Com a finalidade de garantir uma aula consistente e prazerosa, além do conhecimento metodológico, é necessário sensibilidade por parte do educador sobre o que vem a ser Arte e consciência sobre a importância do ensino no desenvolvimento pessoal e social do aluno. Atualmente mudou-se a ideia de que a criatividade é importante somente no campo da Arte, pois muitas vezes é no momento das aulas de Arte que o aluno terá a única oportunidade de desenvolvê-la primeiramente. “Desenvolver o pensamento criativo passou a ser uma meta prioritária na preparação para o futuro, visto que os conhecimentos adquiridos hoje podem não valer nada amanhã.” (CUNHA, 2010, p.91)

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3 Apesar de todos os esforços para o desenvolvimento de um saber artístico na escola, observa-se que a Arte produzida ao longo dos anos e em produção contemporânea, ainda não tem sido ensinada e aprendida pela maioria dos jovens brasileiros como deveria, pois a mesma surge como reprodução e não como reflexão no ensino básico não levando o indivíduo a entender o significado dos conteúdos abordados, e a elaboração dos saberes em Arte por professores e alunos.

Nesse contexto, o teatro, a música e a dança, muitas vezes acabam sendo trabalhados de forma repetida e exaustiva com o único objetivo da criança se apresentar em datas festivas. Sobre o assunto Lins (2009) conclui que:

Hoje é grande a preocupação dos professores de Arte em fazer a integração das quatro áreas artísticas. De modo que, não se deve colocar os conteúdos no currículo de forma isolada e esperar que o aluno possa integrá-los na sua cabeça. Há grandes dificuldades em estabelecer uma relação mais aprofundada entre as linguagens artísticas, mas mesmo assim, o professor pode compreender os elementos básicos de cada área da Arte e a partir de seu conhecimento e experiência, proporcionar aos alunos o contato com outras linguagens, que não a de sua formação. Os alunos em suas vidas entram em contato com estas artes e tem suas preferências.

Além dessa problemática, há também a visão equivocada de irrelevância do referido ensino dentre as demais disciplinas que compõem o currículo escolar, disciplina esta não exigida em vestibulares e processos seletivos.

Ana Mae Barbosa lembra em seu livro Arte-Educação no Brasil (2009) da afirmação de Alceu Amoroso Lima de que o “brasileiro tem uma tendência natural muito maior para as artes do que para as ciências e para a imaginação”, o ensino artístico no Brasil só agora e muito lentamente, se vem libertando do acirrado preconceito com o qual a cultura brasileira o cercou durante 150 anos que sucederam a sua implantação.

Entre as novas propostas da atualidade estão Os Parâmetros Curriculares Nacionais em Arte, que traz como eixo principal as quatro linguagens artísticas que podem ser trabalhadas em sala de aula. Entretanto este documento aponta para um ensino de Arte pautado na LDB nº 5692/71 em que a falta de uma preparação dos profissionais para entender Arte antes de ensiná-la gerou arte-educadores polivalentes. Mas a proposta dos PCNs na área de Arte é ambiciosa e complicada, tornando-se assim inviável para a realidade escolar brasileira. Para a sua aplicação efetiva, seria necessário poder contar com recursos como pessoal qualificado, valorização da prática profissional, ações de formação continuada e acompanhamento pedagógico constante,

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4 além de recursos materiais que atendessem às necessidades da prática pedagógica em cada linguagem artística.

Subentendendo-se assim que as propostas dos Parâmetros serão realizadas apenas de acordo com os recursos humanos disponíveis. Assim, se o professor de Arte de uma determinada escola for formado em Artes plásticas, por exemplo, será esta a linguagem artística contemplada no currículo. Outra variante desta situação, que já começa a ter lugar em estabelecimentos particulares, é a escola escolher a(s) modalidade(s) artística(s) que considera mais conveniente(s) para os seus interesses, contratando um professor com formação adequada. Neste caso, pode ser levada em consideração a conveniência de evitar reclamações dos pais na hora de comprar o material necessário para as aulas, ou então sobre como determinada área da arte pode contribuir para o marketing da escola ao produzir apresentações musicais, por exemplo.

Considerar as linguagens artísticas como um ato educativo em sua relação com a educação institucionalizada torna-se uma experiência desafiadora se questionado o ensino das Artes Cênicas, da Música, das Artes Visuais e da Dança dentro do Ensino da Arte, uma vez que este ainda é tido como auxiliar de outras disciplinas consideradas como importantes.

Os novos desafios desse ensino institucionalizado são poder ter as quatro linguagens artísticas num mesmo estabelecimento de ensino, podendo o aluno, ao longo de sua formação na Educação Básica, vivenciar experiências nas quatro linguagens artísticas, permitindo-lhe viver novas experiências e entender de forma crítica o verdadeiro sentido da arte.

A Arte promove o desenvolvimento de competências, habilidades e conhecimentos necessários a diversas áreas de estudos; entretanto, não é isso que justifica sua inserção no currículo escolar, mas seu valor intrínseco como construção humana, como patrimônio comum a ser apropriado por todos. (IAVELBERG, 2003, p. 09)

Pensam-se as linguagens artísticas como uma referência para o Ensino da Arte na escola no sentido de permitir o vislumbre de um fazer arte crítico. Percebe-se que a experiência com essas linguagens, na escola, pode contribuir para ampliar a capacidade dos alunos de dialogar, de tolerar, de conviver com as diferenças, de compreender a arte não apenas como apêndice para outras disciplinas, mas como disciplina reveladora de conhecimentos capazes de articular significados e valores que expressam as experiências e representações imaginárias das diversas culturas.

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Os valores e as atitudes são aprendidos pela interação com os outros. Bons modelos favorecem a incorporação de condutas e sentimentos de respeito mútuo, valorização da diversidade e reconhecimento das especificidades das culturas. (IAVELBERG, 2003, p. 09)

Entende-se que abordar esse assunto denominado de Arte requer competência e conhecimento de sua possível articulação com a prática e compreensão da atividade pedagógica como atividade cultural, humana e historicamente situada na dinâmica das relações sociais e práticas cotidianas. À medida que prática é repensada também oferecem-se aos alunos a abertura de espaços para viverem novas experiências e conhecimentos em suas várias possibilidades. Teoricamente, essa forma, vai sendo transformada em prática e vice-versa.

3. CONSIDERAÇOES FINAIS

As questões abordadas nesse trabalho chamam a uma reflexão sobre o tratamento dado a disciplina ao longo do processo histórico do ensino de Arte no Brasil. Por meio dessa pesquisa também se constatou que apesar de todo esforço por parte de alguns educadores, o ensino de artes ainda está muito distante do que seria o ideal. Entendeu-se ainda que as novas propostas dos Parâmetros Curriculares Nacionais esbarram principalmente na falta de preparo dos profissionais da educação, tornando-a assim inviável à realidade escolar brasileira.

Para sua efetiva aplicação faz-se necessário recursos como formação continuada, valorização profissional entre outros não menos importantes.

Infelizmente, muitos professores ainda continuam pautando-se em equívocas concepções tradicionalistas. A visão de um todo e não particionado sobre a Arte no contexto escolar, perpassando todas as disciplinas e o compartilhamento de ideias entre os demais professores devem fazer parte da rotina do fazer pedagógica.

Assim, para romper essa concepção e fazer a diferença, é primordial que haja motivação e inovação por parte do educador, e que se estabeleça uma relação de entrega e responsabilidade ao campo estudado com comprometimento em relação à Educação. É necessário que esse profissional tenha a consciência da sua responsabilidade social e da transformação que suas aulas poderão fazer na vida de cada educando.

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6 REFERÊNCIAS

AMARAL, Aracy. Arte para quê? A preocupação social na Arte Brasileira 1930-1970: subsídios para uma história da Arte no Brasil. 2012.

BARBOSA, Ana Mae. Arte/Educação No Brasil. São Paulo: Perspectiva, 6.ed.(Debates; dirigida por J. Guinsburg) 2009.

CUNHA, Nylse Helena Silva. Brinquedoteca. Um mergulho no brincar. Aquariana, 2010.

FERRAZ, Heloísa C. Toledo; FUSARI, Maria F. de Rezende. Arte na Educação (Coleção Magistério 2º grau. Série formação geral) - São Paulo: Cortez, 2001.

IAVELBERG, Rosa. Para gostar de aprender Arte: Sala de aula e Formação de

professores/Rosa Iavelberg-Porto Alegre: Artmed,2003.

LINS, Elza Aparecida Buenos. Professor de Arte no século XXI. Disponível em: http://www.webartigos.com/artigos/professor-de-arte-no-seculo-xxi/68299/. Acesso em 29 de novembro de 2013.

SANTOS, Juliano Ciebre dos. Diretrizes para elaboração de Artigos Científicos da Faculdade

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