• Nenhum resultado encontrado

A Independência da Argentina (Províncias Unidas do Prata) O PROCESSO DE INDEPENDÊNCIA

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "A Independência da Argentina (Províncias Unidas do Prata) O PROCESSO DE INDEPENDÊNCIA"

Copied!
6
0
0

Texto

(1)

A Independência da Argentina (Províncias Unidas do Prata)

No dia 22 de maio de 1810 intelectuais e militares de origem criolla declararam a independência das chamadas Províncias Unidas do Prata. Simbolicamente se iniciava a história de um destacado país na América do Sul que conhecemos por Argentina.

O PROCESSO DE INDEPENDÊNCIA

Integra o contexto de independência da Argentina o desenvolvimento de idéias iluministas, o descontentamento da elite criolla em relação à rígida política metropolitana e o domínio napoleônico sobre a Espanha.

A chegada da notícia do destronamento de Fernando VII, rei de Espanha, por tropas napoleônicas repercutiu em agitações na região do Prata, principalmente em Buenos Aires. Tais agitações produziram uma Junta formada por crioulos que foi reconhecida pelo vice-rei Cisneros, representante da coroa espanhola na região. Devemos lembrar que a área de colonização espanhola na América foi dividida administrativamente em vice-reinos e capitanias gerais. Do Vice-Reinado do Prata originou-se, em parte, a Argentina. A Junta constituída declarou autonomia em relação à Espanha e discutiu a elaboração de uma magna carta seguindo as discussões produzidas pelo pensamento ilustrado do século XVIII.

Contudo, houve resistência militar das tropas espanholas e o reconhecimento dessa declaração de autonomia, virtual independência, só ocorreu em nove de julho 1816 no Congresso de Tucumán.

Nesse processo de independência houve a formação de um governo provisório formado por intelectuais e militares crioulos, tais como Cornelio Saavedra, Juan Matheu, Juan Larrea e Mariano Moreno. Dada a resistência dos chapetones (espanhóis no continente americano) que conduziam as forças militares oficiais, houve um processo de independência que envolveu guerras, destacando-se nas tropas independentistas, entre outros, José de San Martín.

San Martín já havia participado no continente europeu de lutas contra o domínio napoleônico na Espanha, aos poucos se envolveu com lojas maçônicas que estimulavam

(2)

as lutas de independência na América hispânica, regressando a Buenos Aires e participando ativamente das ações que conduziram a emancipação das Províncias Unidas do Prata.

Havia um consenso entre os líderes do movimento, pois desejavam uma Constituição para o país. Contudo, os conflitos entre membros da elite crioula que conduziam o processo de emancipação se exacerbavam em torno do tipo de Estado a ser instituído. Políticos de Buenos Aires desejavam torná-la a capital do país e instaurar um governo centralizado. Já, crioulos de Córdoba e de outras cidades, defendiam a diminuição do poder de Buenos Aires dentro de um sistema federativo. Tais conflitos impediram a aprovação de uma Magna Carta.

Tais enfrentamentos enfraqueceram o país que tentava, ainda, recuperar parte de um território que fazia parte do vice-reinado do Prata e que havia sido incorporado ao território brasileiro à época de D. João VI (1808-21). Isso motivou, adiante, a Guerra da Cisplatina (1825-28) entre Argentina e Brasil e resultou na criação do Uruguai. As dificuldades políticas eram enormes e sinalizavam uma negativa aos princípios liberais defendidos pelo pensamento iluminista.

A ORGANIZAÇÃO DO ESTADO

A independência não garantiu um caminho liberal na história política do país criado, as desavenças sobre a condução da vida política opunham Buenos Aires às Províncias interioranas, como Entre Rios e Córdoba. Os políticos do interior defendiam uma maior autonomia em relação à Buenos Aires e eram chamados de federalistas, enquanto políticos de Buenos Aires (os buenaristas) afirmavam princípios unitaristas de caráter centralizante. Os últimos saíram-se vitoriosos a partir de 1829, quando Juan Domingos Rosas assumiu o governo e estabeleceu uma ditadura no país, já que não seguia nenhum tipo de lei escrita.

Foi exatamente nesse quadro que jovens intelectuais se uniram em Buenos Aires, se opondo à ditadura de Rosas e criando um grupo, inspirado no pensamento liberal e adepto de um legalismo jurídico, que procurou defender uma Constituição para a Argentina. Tal grupo ficou conhecido por geração de 1837 e, em torno de suas idéias, o país teve sua constituição só após a derrubada de Juan Manuel Rosas em 1852. Assim,

(3)

a Assembleia Constituinte reunida aprovou uma Constituição em 9 de julho de 1853, sendo que a Província de Buenos Aires só aderiu ao texto constituinte em 1860.

A partir daí iniciou-se um processo de modernização da Argentina com uma política de imigração, de ocupação territorial e de uniformização das relações entre Províncias tendo como eixo a capital, Buenos Aires. Isso não significou o fim das tensões na região e os conflitos envolvendo Brasil, Uruguai, Paraguai e Argentina na segunda metade do século XIX são exemplo disso.

Mas, aos poucos, o país foi se estruturando e estabelecendo uma identidade distinta do resto da América do Sul, tornando-se, no início do século XX, um país com padrões de vida próximos aos verificados em alguns países do continente europeu. Os aspectos mais evidentes da ‘modernização’ estão intimamente relacionados à incorporação das massas urbanas à democratização da vida política, à educação escolar, educação profissional e estímulo a um sentimento de identidade nacional. Massas urbanas que foram ampliadas com o intenso processo de imigração européia ocorrido na passagem do século XIX para o XX.

Compreender a história da Argentina é estabelecer, de alguma forma, os nexos entre autonomia provincial e unidade republicana, entre direitos de cidadania e compromissos econômico-territoriais, entre a afirmação de uma identidade e o relacionamento com o outro latino-americano não argentino. História de conflitos, de tensões permanentes e de superações traumáticas que sinalizam a especificidade histórica argentina na América que nesse ano comemora duzentos anos de uma declaração de independência política.

(4)
(5)

BIBLIOGRAFIA

BOTANA, Natalio. La tradición republicana. Buenos Aires,

Editorial Sudamericana, 1984.

DEVOTO, Fernando J. Imigração européia e identidade nacional nas imagens das

elites argentinas (1850-1914). In: FAUSTO, Boris (Org). Fazer a América. A imigração em massa para a américa latina. 2 ed. São Paulo: USP, 2000 DONGHI, Túlio Halperin. Estudio Preliminar. In: Historias de Caudillos Argentinos.

Edición de Jorge Lafforgue. Buenos Aires: Alfaguara, 1999.

______. Proyecto y construcción de una nación (1846-1880). Buenos

Aires:

Espasa, 1995.

______. Revolución y Guerra. Formación de una elite dirigente en la Argentina criolla. Buenos Aires: Siglo XXI, 2002.

___________. Una nación para el desierto argentino.

BuenosAires, Centro Editor de América Latina1982.

DROMI, Laura San Martino de. Alberdi y la conciencia nacional. Buenos Aires: Ciudad Argentina, 1996.

______. Intendencias y provincias en la historia argentina. Buenos Aires: Ciudad Argentina, 1999.

OSZLAK, Oscar.La formación del Estado argentino. Buenos

Aires, Editorial de Belgrano,1982.

PALERMO, Vicente. Liberales hisponoamericanos del siglo

pasado: entre el progresismo y la conciencai desdichada.

Juan Bautista Alberdi y Justo Sierra. Salarnanca, Papeles de

Trabajo del Instituto de Estudios de Iberoamérica y

Portugal, Universidad de Salamanca,1997.

ROMERO, José Luis. Breve Historia de la Argentina. Buenos Aires: Fondo de

Cultura Económica de Argentina, 2000.

______. Las ideas políticas en Argentina. Buenos Aires: Fondo de cultura económica, 2002.

Shumway, Nicolas. A Invenção da Argentina: história da

uma idéia. EDUSP; Brasília: Editora UnB, 2008.

QUESTÃO DE VESTIBULAR

FUVEST O processo de modernização na América Latina (1870 - 1914) está associado: a) pluralidade de partidos políticos, à ampla participação popular e á industrialização. b) à organização sindical, á construção de estradas de ferro e á reforma agrária. c) às reformas urbanas, ao estimulo à cultura letrada e à chegada da eletricidade. d) ao sufrágio universal, á vigência de leis trabalhistas e á expansão da criação de

(6)

universidades.

e) ao poder crescente da Igreja, á limitação de capitais externos e á dinamização do sistema bancário.

Referências

Documentos relacionados

Identificado com o trabalho escravo, como tarefa de simples execução e de pouco ra- ciocínio, o trabalho manual seria tradicionalmente desprestigiado no Brasil, o mesmo ocor- rendo

Pedro voltasse também a Portugal e que as províncias brasileiras se reportassem diretamente à Lisboa, ou seja, que o Brasil caminhasse para a volta a seu estado de maior

[r]

Não era, e vale a pena estruturar as bases dessa interpretação muito calcada na experiência do Sudeste – em especial Rio de Janeiro e São Paulo – e na elaboração da tela

entre a cidade de Buenos Aires e as outras províncias (assim como em relação aos outros espaços constituintes do futuro vice-reinado do Rio da Prata antes da independência),

Nordeste e Convenção de Beberibe – 10 Atividades Sobre Independência Do Brasil.. De todas as províncias, Pernambuco foi a primeira a se separar do Reino

Nesse descompasso entre o Banco Central Europeu e a corte em Karlsruhe temos um momento em que aparece nítida a discussão sobre qual o valor governamental fundamental

LEITURA/ BR PARTS/ CERVEJARIA 040/ EDGERS/ SHOP. SUDOESTE/