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Comunicação e Expressão

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Academic year: 2021

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Caro aluno, neste capítulo, vamos mostrar alguns métodos para deixar seu texto mais lógico e bem escrito. Aproveite as dicas que daremos e utilize-as sempre que necessárias.

AMPLIANDO MEU CONHECIMENTO

PARA MELHOR ARGUMENTAR

Existem alguns meios importantíssimos que nos ajudam a compreender melhor os enunciados e a construir argumentos mais eficazes para transmitirmos nossas ideias com clareza. Por isso, nesse capítulo, iremos estudar sobre como depreender informações implícitas, as estratégias de argumentos por dedução e indução, e algumas normas linguísticas para melhor argumentar. Vejamos primeiramente sobre as informações implícitas.

AS INFORMAÇÕES IMPLÍCITAS

Para falarmos sobre esse assunto, iremos tratar da questão dos pressupostos e subentendidos. Provavelmente, você deve estar se perguntando, neste exato momento, “O quê??? Nunca vi isso em prova e em lugar nenhum!!”. Pois é, essa é uma questão que vem sendo muito cobrada em alguns concursos, além disso, o estudo dessa questão irá nos ajudar muito a compreender as informações que estão implícitas num enunciado, para podermos contra-argumentar com clareza.

Dessa forma, iremos tratar de ideias implícitas, seja através de termos expressos na frase, como também não-expressos. A partir daí, é necessário, inicialmente, perceber a diferença entre ideias implícitas e explícitas.

No caso de ideias explícitas, o leitor não precisa refletir muito sobre o que está lendo. É possível absorver todo o conteúdo passado pelo escritor sem a necessidade de análise de ideias adicionais ou escondidas (a famosa leitura das entrelinhas). Observe a seguinte frase:

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Augusto fez o ensino médio na escola pública, no entanto aprendeu alguma coisa.

Podemos ver que esse enunciado transmite duas informações de maneira explícita:

a) Augusto fez o ensino médio; b) Ele aprendeu algo.

Ao ligar essas duas informações com um “no entanto”, aquele quem produz o enunciado comunica, de forma implícita, sua crítica ao sistema do ensino público, sugerindo que aquele que saiu desse sistema de ensino não aprendeu coisa alguma.

Um dos aspectos mais intrigantes na leitura de um texto é a verificação de que ele pode dizer coisas que parece não estar dizendo. Além das informações explicitamente enunciadas, existem outras que ficam subentendidas e pressupostas. São justamente essas mensagens adicionais e escondidas que vão nos interessar neste momento. Vejamos primeiramente a questão dos pressupostos.

Pressupostos

O que são pressupostos? Veja-se o seguinte exemplo prático: “Marco Antonio parou de fumar.” Para se aceitar o fato de Marco Antonio ter deixado de fumar, toma-se, como verdadeira, outra informação que, embora não dita na frase, é logicamente pressuposta pelo verbo parar de, ou seja, se Marco Antonio parou de fumar, é porque antes ele o fazia. Portanto, os pressupostos são circunstâncias ou fatos considerados como antecedentes necessários a outros.

Ao analisar as relações de sentido que ocorrem num texto, algumas palavras ou expressões introduzem o que chamamos de pressuposição. Entre os vários indicadores linguísticos de pressuposição que existem, podemos os adjetivos ou palavras similares que modificam o substantivo, verbos que indicam mudança ou permanência de estado, advérbios, orações adjetivas e conjunções, os quais, ao

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serem identificados, contribuem para uma leitura mais aprofundada do texto. Assim, podemos dizer que os pressupostos são identificados quando o emissor fornece uma mensagem adicional a partir de alguma palavra ou expressão. Há vários tipos de palavras que podem trazer essa mensagem adicional. Eis alguns tipos:

- verbos que indicam mudança, continuidade ou término. Exemplos:

João deixou de namorar no domingo para estudar para o vestibular (pressuposto: João namorava todo domingo.)

Mesmo após ter passado no concurso para professor, Maria continua estudando para outros concursos.

(pressuposto: Maria estudava antes de passar.)

Embora Carlos tenha tirado zero na prova, continua não estudando. (pressuposto: Carlos não estudava antes da prova.)

O ex-trabalhador da Esegur, Líbano Ferreira, terminou na semana passada a greve de fome que manteve durante mais de duas semanas à porta da sede da empresa de segurança privada, tendo recebido uma oferta de trabalho de outra empresa.

(pressuposto: Ex-trabalhador da Esegur ficou sem comer por duas semanas por ter sido demitido.)

- advérbios Exemplos:

Felizmente, a situação está mudando e as empresas estão muito mais seletivas. (pressuposto: o emissor considera a informação boa)

Após uma hora de prova, metade das pessoas já havia saído. (pressuposto: algo aconteceu antes do tempo.)

Mesmo depois de perder peso, ele continua o regime alimentar. (pressuposto: a perda de peso continuará)

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- “que” em orações subordinadas adjetivas Exemplos:

O grupo de estudantes que participou do evento cultural, saiu satisfeito. (pressuposto: há estudantes que não participaram do evento)

Os nerds, que ficam em casa o tempo todo, conseguem melhores notas. (pressuposto: todos os nerds ficam em casa o tempo todo)

O trânsito que peguei na estrada me fez chegar atrasada ao compromisso. (pressuposto: nem sempre o trânsito a faz chegar atrasada)

Esses pressupostos parecem ser óbvios, pois dentro de uma ação comunicativa nós os levamos em conta para entender o enunciado. Todavia, quando vamos analisar um texto ou um argumento que está expresso no texto, normalmente, deixamos de considerá-lo, dificultando assim nossa compreensão. Agora, vejamos a questão dos subentendidos, para em seguida, fazermos uma análise desses argumentos implícitos.

Subentendidos

Você sabe dizer qual é a diferença dos pressupostos e dos subentendidos? Enquanto os pressupostos são as mensagens adicionais que se entendem a partir dos enunciados, os subentendidos são as mensagens “escondidas”, que deverão ser deduzidas pelo receptor mediante seu conhecimento de mundo. Dessa forma, uma vez que há um aspecto de dedução, significa que não necessariamente essa suposição seja verdadeira. Assim, além do aspecto de que o pressuposto está sempre pautado no enunciado e o subentendido na dedução, vemos, também, que a outra diferença será:

os pressupostos são sempre verdadeiros uma vez que ele está inscrito no enunciado; os subentendidos nem sempre serão verdadeiros, pois são parte de uma premissa.

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Talvez, você esteja se perguntando: como assim?

Por conta de sua maior abstração, passemos aos exemplos para uma melhor compreensão.

Suponhamos que eu receba uma visita em minha casa. Ao entrar em casa ela exclama:

- Nossa! Está muito calor lá fora!

(possível subentendido: a pessoa está com sede)

Perceba que isso pode estar subentendido, mas é impossível provar que a pessoa esteja realmente com sede. Vejamos outro exemplo:

Uma senhora que está em pé no ônibus carregando uma bolsa. Uma pessoa que está sentada olha para ela e diz:

- A bolsa da senhora está pesada?

(possível subentendido: a pessoa está se oferecendo para carregar a bolsa)

Novamente, esta é apenas uma possibilidade, pois poderemos ter outra como: a pessoa está preocupada com a coluna da senhora.

Assim, podemos dizer que os subentendidos são insinuações, não marcadas linguisticamente, que estão implícitas numa frase ou num conjunto de frases.

Esse assunto requer bastante atenção do leitor, até mesmo porque estamos tão acostumados a deduzir implícitos diariamente que encontramos dificuldade em analisar a sensível barreira que separa os pressupostos e os subentendidos.

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O fato de termos conhecimento deles e sabermos identificá-los nos ajudará muito compreender muitas estratégias argumentativas que estão implícitas num texto e até, em alguns casos, compreender alguns textos, como essa charge a seguir:

Cartum de Quino

Como podemos ver, o efeito de humor deste cartum explora um duplo subentendido. O primeiro é o fato de a personagem masculina ser um cientista. O segundo é o fato de que, até xingando, ele usa os termos científicos. Ao entendermos esse sentido, somos provocados ao riso.

Vejamos, agora, como esses pressupostos e subentendidos se estruturam em um texto.

Reconhecendo os implícitos do texto

Para trabalhar com essa questão, iremos nos apropriar de uma análise feita por Nohad Mouhanna Fernandes (http://www.filologia.org.br/ixsenefil/anais/11.htm). Leia, primeiramente, com muita atenção o texto a seguir. Depois, procure depreender os significados decorrentes de certas palavras ou expressões nele marcadas discursivamente, assim, você entenderá a posição, alguns argumentos e as ideias em relação ao que se fala. Vamos à leitura.

Qual é a relevância de saber sobre os pressupostos e os subentendidos?

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Pesquisa revela que só 19% usam camisinha

Um levantamento feito (...) com trabalhadores de 120 empresas de 14 estados revela que o brasileiro ainda está muito mal informado sobre as formas de contágio da Aids. Segundo a pesquisa, 71% dos 4941 entrevistados acreditam que doar sangue transmite a doença, quando, na verdade, o perigo é receber o sangue de alguém que possui o vírus. No tema prevenção, a situação também é preocupante: 96,4% dos pesquisados sabem que o uso do preservativo evita a transmissão da doença, mas, mesmo assim, 47% responderam que nunca usaram preservativo; 18% disseram que usam camisinha às vezes; e 19% afirmaram usá-la sempre.

(Boa Forma. Ano 12, n° 11, nov. 1997)

“Além das várias informações explícitas, as quais estão presentes na superfície textual, há informações implícitas que devem ser identificadas. Por exemplo: “no título só 19% usam camisinha”, o advérbio só estabelece o implícito de que o número de usuários de camisinha é indesejavelmente baixo entre os pesquisados. Na passagem “o brasileiro ainda está muito mal informado”, o advérbio ainda deixa implícito que a desinformação é um fator negativo, mas provisório, ou seja, há a possibilidade de reverter, de superar essa desinformação. Na sequência “acreditam que doar sangue transmite a doença, quando, na verdade, o perigo é receber o sangue”, percebe-se a oposição entre a falsa crença da informação ao verdadeiro conhecimento do processo de transmissão da doença. Quanto ao advérbio também, na sequência “No tema prevenção, a situação também é preocupante”, instaura o pressuposto de que o que se disse antes sobre a falsa crença de contágio da AIDS também é preocupante, ou seja, acrescenta-se a essa preocupação mais uma preocupação: a que se refere ao tema prevenção da AIDS. Já na passagem “96,4% dos pesquisados sabem que o uso do preservativo evita a transmissão da doença, mas, mesmo assim, 47% responderam que nunca usaram preservativo”, a forma verbal sabem pressupõe que seja verdadeira a sua

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completiva, ou seja, a afirmação de que o uso do preservativo evita a transmissão da doença. O primeiro enunciado “os pesquisados sabem que o uso do preservativo evita a transmissão da AIDS” conduz à conclusão de que, então, eles usam preservativos; essa conclusão, no entanto, é refutada pela conjunção adversativa mas, que introduz um argumento contrário a esse implícito, ou seja, eles não usam preservativos. Além disso, percebe-se o uso de mesmo assim reforçando a ideia de que mesmo sabendo que o uso do preservativo é necessário, não o usam.

As expressões acima analisadas, explícitas no texto, permitem depreender os pressupostos, os quais, analisados no seu conjunto, refletem o ponto de vista a partir do qual o texto foi construído, uma vez que divulgado em uma revista que se preocupa com a saúde e bem-estar do leitor. Além de informar sobre a pesquisa, o texto procura advertir sobre a necessidade de se difundir mais os métodos de prevenção da contaminação da AIDS, ou, em outros termos, de se controlar a contaminação da AIDS entre os brasileiros por meio de informações sobre as formas de contágio da doença. Como se vê, por meio das pistas extraídas do texto, o leitor pode, então, compreender os implícitos e garantir um bom nível de leitura e interpretação.” (http://www.filologia.org.br/ixsenefil/anais/11.htm)

A ARQUITETURA DA ARGUMENTAÇÃO: DEDUÇÃO E INDUÇÃO

A dedução e a indução são dois tipos de raciocínios lógicos, usados em textos argumentativos, para conduzir a uma conclusão coerente. Estudemos cada um deles.

Dedução

O que é dedução?

A dedução é uma forma de argumentar segundo a qual devemos partir do geral para o particular.

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Assim, devemos primeiro criar uma tese geral e depois observar casos particulares, para ver se essa tese geral pode ser considerada verdadeira.

Esse método necessita de criatividade, pois não adiciona nada além do que já é do conhecimento geral, contudo se torna muito útil quando queremos aplicar regras gerais a casos particulares.

Exemplos de dedução:

Todas as árvores desse pomar são pés de manga. Essas árvores são daquele pomar.

Logo, essas árvores são mangueiras.

Carlos tem somente como bicho de estimação cachorros. Esse animal é de Carlos.

Logo, esse animal é cachorro.

Você deve estar se perguntando: Que coisa óbvia, pra que serve isso?

No entanto, eu pergunto para você: ao elaborarmos um texto, como poderíamos organizá-lo, buscando uma estrutura dedutiva? Você tem alguma ideia? Tomando como modelo um exemplo desenvolvido por Barbosa (2005, 132), em que discute a importância da comunicação para o homem, poderíamos escrever esse texto da seguinte forma:

- No primeiro parágrafo, poderíamos desenvolver a necessidade que os seres vivos têm de se comunicar.

- No segundo parágrafo, falar da necessidade dos animais em estabelecer a comunicação.

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- No terceiro, discorrer sobre a necessidade dos povos em relação à comunicação.

- Portanto, no último parágrafo poderíamos concluir que nós, enquanto homens, também temos necessidade de nos comunicar.

Ficou mais claro? Observe que o caminho que percorremos para chegar a essa conclusão foi partir da premissa maior para a menor: desenvolvemos a tese da necessidade dos seres vivos e então de forma particular falamos dos animais, dos povos e por fim da nossa por sermos homens.

Mas, e no texto como isso ficaria? Paulo Freire, em um dos seus textos, desenvolve esse método dedutivo. Leia o texto a seguir e procure identificar como esse método foi estruturado.

Não há vida sem morte, como não há morte sem vida, mas há também uma “morte em vida”. E a “morte em vida” é exatamente a vida proibida de ser vida.

Acreditamos não ser necessário sequer usar dados estatísticos para mostrar quantos, no Brasil e na América Latina em geral, são “mortos em vida”, são “sombras” de gente, homens mulheres, meninos, desesperançados e submetidos a uma permanente “guerra invisível” em que o pouco de vida que lhe resta vai sendo devorada pela tuberculose, pela esquistossomose, pela diarréia infantil, por mil enfermidades da miséria, muitas das quais a alienação chama de “doenças tropicais”.

(FREIRE, Paulo. A Mensagem de Paulo Freire - Teoria e Prática da Libertação: Textos de Paulo Freire selecionados pelo INODEP. Ed.Nova Crítica, Porto, 1977. pp 201-202)

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Assim, uma vez visto o método dedutivo, qual seria o da indução? É isso que iremos ver.

Indução

O procedimento indutivo é o princípio lógico, segundo o qual deve-se partir das partes para o todo. Ou seja, é um método contrário ao dedutivo. Ao fazer uma pesquisa, se formos usar o método indutivo, devemos primeiramente ir coletando casos particulares e, depois de certo número de casos, observá-los e assim chegar a uma tese, ou seja, a uma ideia geral. Gian Danton

(http://virtualbooks.terra.com.br/osmelhoresautores/Metodologia_cientifica.htm) nos

dá um exemplo: se eu quero saber a que temperatura a água ferve, coloco água no fogo e, munido de um termômetro, meço a temperatura. Descubro que a fervura aconteceu a 100 graus centígrados. Repito a experiência e chego ao mesmo resultado. Repito de novo e vou repetindo até chegar à conclusão de que a água sempre ferverá a 100 graus centígrados. Ele ainda diz que Umberto Eco dá outro exemplo curioso: os sacos de feijões. Vejo um saco opaco sobre a mesa. Quero saber o que tem dentro dele. Uso o método indutivo: vou tirando o conteúdo do

CURIOSIDADES

Como podemos ver, no primeiro parágrafo, Paulo Freire desenvolve a ideia de vida sem morte e morte sem vida de uma forma geral. Já no segundo parágrafo, ele irá particularizar essas questões, tomando como base dados estatísticos do Brasil e da América Latina. Acho que ficou mais claro.

EDSON, DEDUÇÃO É AÇGO MUITO DIFÍCIL DE SE ENTENDER. EU ACREDITO QUE CABERTIA UMA EXPLICAÇÃO MAIS DETALHADA DO TEXTO DE PAULO FREIRE, BEM COMO MAIS UM EXEMPLO SE VOCÊ TIVER.

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saco um a um. Da primeira vez, me deparo com um feijão branco. Na outra tentativa, de novo um feijão branco. Repito a experiência até achar que está bom (ou até acabar a verba). Então extraio uma lei: dentro deste saco só há feijões brancos.

Dessa forma, podemos dizer que o método indutivo é mais do que a mera aplicação de uma regra geral a um caso particular, pois a indução é a inferência de uma regra a partir do caso e do resultado. Mediante esse método, primeiramente nós observamos, depois levantamos os dados para depois concluirmos. Sendo assim, a conclusão ou a tese ocorre quando generalizamos a partir de certo número de casos em que algo é verdadeiro e inferimos que a mesma coisa será verdadeira do total da classe. Peirce (1975, p. 34) diz que:

Nos casos típicos, a indução teria os traços do seguinte exemplo: entre os norte-americanos, nascem mais crianças negras do sexo feminino do que do masculino; submetemos essa hipótese ao teste, examinando os dados do censo; se a amostra revela a tendência que se previu, afirma-se, com certa confiança, que a hipótese é verdadeira. (www.unimar.br/pos/semiotica/raciocinio.doc)

Como podemos ver, a indução não pode jamais originar ideias novas, mas apenas confirmar ou não hipóteses. Dessa forma, por meio desse método os argumentos serão muito eficazes e a conclusão estará pautada num raciocínio comprobatório. Eis alguns exemplos de indução:

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Esses limões são daquele pomar. Esses limões são da espécie galego.

Todos os limões daquele pomar são da espécie galego.

Em todos os Estados brasileiros, 100 pessoas de 30 a 40 anos, de cada Estado, realizaram exames de hipertensão. Foi, também, levantado o índice de pessoas nessa faixa que sofreram enfarto. Após a coleta desses dados chegou-se a seguinte conclusão: o Estado X do Brasil é o que apresenta o menor índice de doenças relacionadas ao coração.

Portanto, ao produzir um texto argumentativo, em que utilizaremos o método indutivo, partiremos primeiramente das partes, ou seja, de dados e de experiências, para depois chegar a uma conclusão. Vejamos um texto em que ocorre esse método.

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Dificuldade de governar

Todos os dias os ministros dizem ao povo Como é difícil governar. Sem os ministros

O trigo cresceria para baixo em vez de crescer para cima. Nem um pedaço de carvão sairia das minas

Se o chanceler não fosse tão inteligente. Sem o ministro da Propaganda Mais nenhuma mulher poderia ficar grávida. Sem o ministro da Guerra Nunca mais haveria guerra. E atrever-se-ia a nascer o sol

Sem a autorização do Führer? Não é nada provável e se o fosse Ele nasceria por certo fora do lugar. E também difícil, ao que nos é dito, Dirigir uma fábrica. Sem o patrão

As paredes cairiam e as máquinas encher-se-iam de ferrugem. Se algures fizessem um arado

Ele nunca chegaria ao campo sem

As palavras avisadas do industrial aos camponeses: quem,

De outro modo, poderia falar-lhes na existência de arados? E que Seria da propriedade rural sem o proprietário rural?

Não há dúvida nenhuma que se semearia centeio onde já havia batatas. Se governar fosse fácil

Não havia necessidade de espíritos tão esclarecidos como o do Führer. Se o operário soubesse usar a sua máquina

E se o camponês soubesse distinguir um campo de uma forma para tortas

Não haveria necessidade de patrões nem de proprietários. E só porque toda a gente é tão estúpida

Que há necessidade de alguns tão inteligentes. Ou será que

Governar só é assim tão difícil porque a exploração e a mentira São coisas que custam a aprender?

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Como vimos, a utilização dos métodos dedutivo e indutivo será de grande ajuda no momento de organizar o nosso texto argumentativo, pois mediante esses métodos a nossa conclusão será mais lógica.

Além disso, existe outra questão que precisamos estudar e que nos ajudará muito na produção de nosso texto: diz respeito aos aspectos da língua, ou seja, como usamos adequadamente alguns termos gramaticais a fim de não empobrecer nossa argumentação. Por isso, nesse momento iremos falar dessa questão.

NORMAS LINGUÍSTICAS E ARGUMENTAÇÃO

A aceitabilidade de nossos argumentos depende também de conhecimentos gramaticais específicos. Sem esquecer as possibilidades que a variação linguística oferece - como a linguagem coloquial, regional, técnica, por exemplo, em muitas situações uma boa argumentação depende do domínio da língua culta padrão, especialmente, quando tratamos da modalidade escrita.

CURIOSIDADES

Você conseguiu perceber porque esse texto usa o método indutivo? Para chegar à conclusão, que será feita de forma interrogativa no último verso, de que governar é difícil porque a exploração e a mentira são coisas que custam a aprender, nos três primeiros versos, o narrador coloca algumas experiências do exercício do governo. É claro que, em cada verso, ele procura trabalhar com a ironia, como se desse a entender que na opinião dos governantes, o governo é imprescindível. Todavia, esse governo parece mais preocupado em administrar coisas fúteis e, por isso, ele conclui com uma pergunta.

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Como o nome indica, a variante da língua culta segue as normas de uma gramática altamente padronizada, restrita a um número relativamente pequeno de falantes que tiveram o privilégio de adquiri-la.

Entretanto, o padrão culto do idioma, além de ser uma espécie de marca de identidade de um conhecimento mais formal da língua, constitui um recurso imprescindível para uma boa argumentação, ou seja, em situações em que a norma culta se impõe, transgressões podem desqualificar o conteúdo exposto e até mesmo desacreditar o autor. Isso ocorre muito quando empregamos um termo de forma inadequada ou fazemos o uso inadequado de algum verbo. Muitas vezes achamos que estamos dizendo algo, no entanto, estamos afirmando o oposto. O Estado de São Paulo publicou um

Nas curiosidades, você poderá tê-lo integralmente. Aqui, iremos tratar apenas alguns casos. Leia as sentenças abaixo e as explicações e veja se você comete alguns desses desvios.

a) Vou "emprestar" dele. O verbo emprestar tem o sentido de ceder e não tomar por empréstimo, por isso, adequadamente você deveria dizer Vou pegar o livro emprestado. Ou: Vou emprestar o livro (ceder) ao meu irmão. Repare nesta concordância: Vou pegar duas malas emprestadas do meu amigo.

b) Foi "taxado" de ladrão. Tachar escrito com CH significa acusar de: Foi tachado de ladrão. / Foi tachado de leviano. Já taxar com X deve ser usado quando quiser obter o significado de tarifar, tributar, estabelecer ou fixar preço, imposto. Como exemplo: O governo quer taxar as mercadorias que exportamos. (tarifar, tributar)

c) A última "seção" de cinema. Seção com Ç significa divisão, repartição. Exemplo: seção eleitoral, seção de esportes, seção de brinquedos; e sessão com

Manual de Redação e Estilo com as 100 transgressões mais

comuns que ocorrem nas redações

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SS equivale a tempo de uma reunião. Exemplos: sessão de cinema, sessão de pancadas, sessão do Congresso.

d) “Inflingiu" o regulamento. Infringir é que significa transgredir, por isso devemos dizer Infringiu o regulamento. Infligir (e não "inflingir") significa impor: Infligiu séria punição ao réu.

e) A modelo "pousou" o dia todo. Modelo posa (de pose). Quem pousa é ave, avião, viajante etc. Não confunda também iminente (prestes a acontecer) com eminente (ilustre). Nem tráfico (contrabando) com tráfego (trânsito).

f) O fato passou "desapercebido". Na verdade, o fato passou despercebido, não foi notado. Desapercebido significa desprevenido.

g) “Ao meu ver". Não existe artigo nessas expressões, portanto, você deve usar: a meu ver, a seu ver, a nosso ver.

h) "Mal cheiro", "mau-humorado". Há uma regrinha muito fácil: mal opõe-se a bem e mau, a bom. Assim: mau cheiro (bom cheiro), mal-humorado (bem-humorado). Igualmente: mau humor, mal-intencionado, mau jeito, mal-estar.

i) Não há regra sem "excessão". Não existe esse termo grafado dessa forma. Ele deverá ser escrito assim: exceção. Veja outras grafias equivocadas e, entre parênteses, elas estão escritas como devem: "paralizar" (paralisar), "beneficiente" (beneficente), "xuxu" (chuchu), "previlégio" (privilégio), "vultuoso" (vultoso), "cincoenta" (cinquenta), "zuar" (zoar), "frustado" (frustrado), "calcáreo" (calcário), "advinhar" (adivinhar), "ascenção" (ascensão), "pixar" (pichar), "impecilho" (empecilho), "envólucro" (invólucro).

j) Vive "às custas" do pai. O adequado é: Vive à custa do pai. Use também em via de, e não "em vias de": Espécie em via de extinção. Outro exemplo: Trabalho em via de conclusão.

k) A feira "inicia" amanhã. Alguma coisa se inicia, se inaugura, então, lembre-se: a feira inicia-se (inaugura-se) amanhã.

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l) Soube que os homens "feriram-se". O que atrai o pronome, por isso, deveria ser escrito: Soube que os homens se feriram. Ou: A festa que se realizou no sábado.

m) O governo "interviu". Intervir conjuga-se como o verbo vir. Assim: O governo interveio. Da mesma forma: intervinha, intervim, interviemos, intervieram. Observe essa dica de outros verbos derivados: entretinha, mantivesse, reteve, pressupusesse, predisse, conviesse, perfizera, entrevimos etc.

n) Tinha "chego" atrasado. "Chego" não existe. O adequado é: Tinha chegado atrasado.

o) O processo deu entrada "junto ao" STF. O processo dá entrada no STF. Igualmente: O jogador foi contratado do (e não "junto ao") Guarani. / Cresceu muito o prestígio do jornal entre os (e não "junto aos") leitores. / Era grande a sua dívida com o (e não "junto ao") banco. / A reclamação foi apresentada ao (e não "junto ao") Procon. As locuções “junto a” e “junto de” são sinônimas e significam “perto de” e “ao lado de”, por isso, você deverá usá-las da seguinte forma: A bola passou junto à trave. / Esperei o socorro junto do carro.

p) Estávamos "em" quatro à mesa. A preposição em não existe. Por isso, procure dizer: Estávamos quatro à mesa. / Éramos seis. / Ficamos cinco na sala.

q) Sentou "na" mesa para comer. Quando se usa sentar em algum lugar, significa que está sentado em cima de algum lugar, por isso, sentar-se (ou sentar) em é sentar-se em cima de. Dessa forma, devemos escrever: sentou-se à mesa para comer. / Sentou ao piano, à máquina, ao computador.

r) A promoção veio "de encontro aos" seus desejos. Quando se usa de encontro a, a pessoa deverá ter em mente uma condição contrária, como exemplo, a queda do nível dos salários foi de encontro às (foi contra) expectativas da categoria. Quando se quer expressar uma situação favorável, usa-se ao encontro de. Como exemplo: A promoção veio ao encontro dos seus desejos.

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s) Disse o que "quiz". O verbo querer, quando conjugado ou flexionado não se usa z mas apenas S. Isso vale também para o verbo por. Exemplos: quis, quisesse, quiseram, quiséssemos; pôs, pus, pusesse, puseram, puséssemos.

t) O homem "possue" muitos bens. A forma adequada escrita seria: O homem possui muitos bens. Verbos terminados em uir só têm a terminação UI, tais como, inclui, atribui, polui. Verbos terminados em uar é que admitem UE: continue, recue, atue, atenue.

u) A tese "onde". O onde só pode ser usado para lugar. Como exemplo: A casa onde ele mora. / Veja o jardim onde as crianças brincam. Nos demais casos, use em que: A tese em que ele defende essa idéia. / O livro em que... / A faixa em que ele canta... / Na entrevista em que...

v) Afim é um adjetivo que significa “igual, semelhante” Como exemplo: São espíritos afins. Já a fim surge na locução a fim de, que significa “para” e indica ideia de finalidade. Exemplificando: Mostrou-nos muitas tarefas a fim de nos agradar.

w) Demais é um advérbio de intensidade, com sentido de “muito”. Exemplo: Estou bem até demais. Já de mais se opõe a de menos. Temos como exemplo a frase: Não vejo nada de mais em sua atitude!

Referências

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