• Nenhum resultado encontrado

REDE DE CENTROS DE PRE-NATAL,PARTO E PÓSPARTO HUMANIZADO

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "REDE DE CENTROS DE PRE-NATAL,PARTO E PÓSPARTO HUMANIZADO"

Copied!
44
0
0

Texto

(1)

“PENSAR SOBRE A MULHER E SUA SAÚDE

É PENSAR EM UMA NOVA SOCIEDADE, EM

O EIXO CENTRAL SEJA A QUALIDADE DE

VIDA DO SER HUMANO DESDE O SEU

NASCIMENTO”.

REDE DE CENTROS DE PRE-NATAL,PARTO E

PÓS-PARTO HUMANIZADO

(2)

1.APRESENTAÇÃO

Esta pesquisa iniciou-se a partir do interesse do autor em conhecer e descobrir a evolução da saúde no que diz respeito às mulheres. A partir de uma pesquisa prévia, pôde-se restringir o campo desta pesquisa à questão da obstetrícia.

A busca pelo conhecimento acerca deste tema foi direcionada ao atendimento pré-natal, tamanha a importância deste período para a garantia de uma gravidez tranquila e, portanto, um parto seguro. Em uma analogia, assim como é de extrema impor tância o investimento em educação para a diminuição dos índices de violência, também é fundamental relacionar a melhoria no atendimento pré-natal a índices qualitativos no que se refere ao nascimento, garantindo um início de vida tranqüilo e sem traumas.

A partir de uma análise histórica e qualitativa do atendimento atual oferecido às mulheres brasileiras, através de leituras, entrevistas e visitas aos estabelecimentos de saúde em Florianópolis, cidade-alvo da proposta, o tema deste trabalho de conclusão de curso é a apresentação de uma rede de centros de atendimento ao ciclo gravídico-puerperal e realização de partos naturais, nos quais as novas propostas de humanização do pré-natal e nascimento seriam as diretrizes principais , projetando um lugar ideal e apropriado para o acolhimento dessas mulheres que se encontram num momento único de suas vidas e obtendo um espaço qualificado com um complexo de atividades físicas , educativas, preventivas, de diagnóstico, tratamento e recuperação, para poderem assim reassumir o seu protagonismo neste processo.

(3)

1.1 - O PRÉ-NATAL - CONCEITOS E IMPORTÂNCIA

A assistência pré-natal tem ocupado historicamente um espaço relevante na atenção à saúde da população. O pré-natal compreende um conjunto de atividades que visa à promoção da saúde das mulheres grávidas e dos recém-nascidos e o estabelecimento de ações adequadas à prevenção, ao diagnóstico e ao manuseio clínico de problemas obstétricos que venham a ocorrer, ou de enfermidades previamente existentes, além da prática de atividades necessárias que auxiliem e tornem o processo mais saudável e seguro tanto para mãe quanto ao bebê. (Coutinho T, Teixeira MTB, Dain S, Sayd JD, Coutinho LM, 2003)

O cuidado pré-natal, segundo evidências mostradas em estudos recentes de Humphrey e Keating(2004), é um fator importante que afeta os resultados maternos fetais. Embora haja controvérsias sobre quais os elementos do cuidado pré-natal que são os mais importantes e qual a freqüência que o torna mais efetivo, o benefício da atenção pré-natal não pode ser questionado. A iniciação precoce ao pré-natal também esta associada a resultados melhores na condução da gravidez. (ROBERTS ET AL. 1998).

A partir de uma análise histórica e qualitativa do atendimento atual oferecido às mulheres brasileiras, através de leituras, entrevistas e visitas aos estabelecimentos de saúde em Florianópolis, cidade-alvo da proposta, o tema deste trabalho de conclusão de curso é a apresentação de uma rede de centros de atendimento ao ciclo gravídico-puerperal e realização de partos naturais, nos quais as novas propostas de humanização do pré-natal e nascimento seriam as diretrizes principais , projetando um lugar ideal e apropriado para o acolhimento dessas mulheres que se encontram num momento único de suas vidas e obtendo um espaço qualificado com um complexo de atividades físicas , educativas, preventivas, de diagnóstico, tratamento e recuperação, para poderem assim reassumir o seu protagonismo neste processo.

A partir de entrevistas realizadas por Vieira, Maria Salete em 2005 com mulheres grávidas e com os profissionais envolvidos no processo do nascimento, foram estabelecidas diferentes visões da importância do pré-natal, listadas a seguir:

(4)

·O Pré-Natal como Prevenção – durante o pré-natal a mulher poderá tomar todas as atitudes necessárias para prevenção de complicações através de medidas como o controle de peso, da pressão arterial, do crescimento da altura uterina, além de tomar todas as vacinas necessárias para garantia de sua saúde e saúde do feto, e também poder detectar qualquer problema pré-existente que possa afetar em sua gestação.

·O Pré-Natal como Educação em Saúde – é durante o pré-natal que a mulher poderá buscar orientação para enriquecer seu autoconhecimento e aumentar sua sabedoria através de orientação dos profissionais e compartilhamento de experiência das próprias gestantes através de encontros como o grupo de gestantes. Dentre tais recomendações estariam os cuidados relacionados a higiene, alimentação e modos de agir em situações diversas.

·O Pré-Natal como Suporte Emocional – O período gestacional tem plena interferência na saúde da mulher, problemas emocionais durante este processo pode afetar o psicológico por uma vida inteira. Durante o pré-natal a mulher deve ter este suporte para superar seus medos e diminuir suas ansiedades, assim como trabalhar seus sentimentos para uma gestação mais tranqüila. Ë um período no qual a mulher esta super sensível e sem dúvida precisa de suporte emocional e apoio da família.

·O Pré–Natal como Segurança – um acompanhamento periódico deve resultar num parto melhor e no nascimento de um bebe saudável. Durante muito tempo procurou-se relacionar o pré-natal com a redução da ocorrência de prematuridade e do baixo peso ao nascer, e hoje em dia pesquisas demonstram que tal relação é verdadeira.

Além dessas considerações acerca da importância do pré-natal, pode-se dizer também que, segundo ZAMPIERI, M de Fátima a experiência do nascimento usualmente reflete a experiência no pré-natal, ou seja, quando um bebê nasce, ele já possui muitas experiências acumuladas da gravidez.

Algumas vezes o nascimento em si não é traumático, mas vivenciado a partir de experiências acumuladas no período pré-natal. O nascimento organiza todas as fases de transição de nossa vida e, sendo assim, um parto traumático ou um processo de gestação traumático pode interferir de maneira negativa nessas transições, assim como nas relações com outros seres, com o universo e, sobretudo, na construção da identidade e da dignidade do ser humano.

(5)

1.1.2 - MORTALIDADE INFANTIL

Nos países desenvolvidos, como o Canadá, os Estados Unidos e países da Europa, em sua maioria,os coeficientes de mortalidade infantil estão abaixo de 10 por mil nascidos vivos. O quadro abaixo apresenta os dados mais atualizados divulgados pela Rede Interagencial de Informações para a saúde - RIPSA. Em 1998, Santa Catarina aparecia com o menor coeficiente de mortalidade infantil do Brasil.

Por definição, o CMI (Coeficiente de Mortalidade Infantil) é formado pela Mortalidade Neonatal, que compreende os óbitos ainda no período gestacional ou nos primeiros dias de vida, e pela Mortalidade Infantil Tardia, correspondentes aos óbitos até 1 ano de idade. Se analisarmos a porcentagem que relaciona os tipos de mortalidade infantil, percebemos que a maior quantidade de óbitos se concentra na Mortalidade neonatal, ou seja, óbitos relacionados principalmente às condições pré-natais, assistência ao parto e pós-natal imediato.

A partir da análise destes números, torna-se clara a necessidade de considerar os diferentes componentes que envolvem a mortalidade infantil e, assim, tomar medidas preventivas que assegurem uma redução destes números. Um dos principais componentes no âmbito da natalidade é o atendimento pré-natal no sistema público, cuja qualidade deve ser elevada e considerada uma prioridade nas ações

(6)

O coeficiente de mortalidade materna, segundo definição da Secretaria de Saúde do Estado mede o risco de uma mulher morrer durante a gestação, parto ou dentro de 42 dias após o término da gestação, independentemente da localização ou da duração da gravidez, devido a qualquer causa relacionada ou agravada pela gravidez, ou por medidas tomadas com relação a ela, porém não conseqüentes de causas acidentais ou incidentais.

Apesar das limitações referentes à conceituação e cálculo do coeficiente de mortalidade materna, ele é considerado um dos indicadores mais sensíveis e importantes da qualidade dos serviços de atenção materno-infantil, permitindo uma avaliação qualitativa dos mesmos.

O quadro a seguir mostra as principais causas de morte entre mulheres de 10 a 49 anos no ano de 2000. Ao analisarmos o quadro, encontramos as mortes maternas neste ranking das 15 principais ocorrências.

Se considerarmos a gestação e o nascimento como um processo natural na vida da mulher, esse fato não poderia estar acontecendo, o que implicaria numa necessidade de uma revisão do sistema atual. É importante ressaltar que em Santa Catarina, foi instituído oficialmente, através da portaria n.0134, de fevereiro de 1995, o Comitê Estadual de Morte Materna, com intuito de tomarem medidas visando à redução dessas mortes.

Diante destes números e dentro deste contexto, torna-se evidente a necessidade de esforço coletivo, de setores governamentais e não-governamentais, para a melhoria da qualidade da atenção pré-natal e puerperal em todo o País.

,

1.1.3 - MORTALIDADE MATERNA

(7)

1.2 - JUSTIFICATIVA E FINALIDADES DO ESTUDO

A partir de todas as minhas leituras relacionadas ao tema, das considerações descritas acima acerca da importância do pré-natal e do conhecimento do modelo e instalações voltadas ao atendimento obstétrico na cidade de Florianópolis, pude reconhecer algumas carências relacionadas ao atendimento pré-natal e puerpério no município.

Assim como ocorre na maioria das cidades do Brasil, a capital de Santa Catarina também tem o atendimento centrado no modelo americano, mecanicista e biomédico clínico, evidentemente individual e curativo, onde a sensibilidade deu lugar à racionalização, tornando a saúde massificada e despersonalizada, privilegiando a técnica em detrimento do individuo.(ZAMPIERI, M DE FATIMA,2006).

De uma maneira geral percebe-se, tanto pelo conhecimento das instalações voltadas a tais serviços, assim como pela critica de estudiosos no assunto, uma falta de integração entre os setores, desconhecimento das rotinas e instalações inadequadas ao atendimento, apesar dos avanços tecnológicos na área da saúde em geral. Na obstetrícia, segundo Zampieri.MF(2006) o desenvolvimento das tecnologias, da anestesiologia e da farmacoterapia, somado à melhoria das condições de vida das pessoas, contribuiu para (a diminuição nos índices de morbimortalidade materno-fetal. Contudo, vimos também emergirem situações que contribuíram para desvalorização da mulher e do nascimento, entre elas a institucionalização e a medicalização do processo de nascimento, a fragmentação da mulher e a expropriação do direito de ela ser o sujeito principal na gestação ,no parto e nos cuidados ao recém-nascido. ZAMPIERI, M DE FATIMA).

Ainda por meio da pesquisa prévia para a confecção deste trabalho de pesquisa, tornou-se possível reconhecer o período gestacional como um processo natural na vida de qualquer mulher, sendo consideravelmente inadmissível que o mesmo seja tratado junto a quaisquer enfermidades.

A motivação para esta pesquisa, portanto, está na melhoria do sistema atual, considerando a importância do atendimento pré-natal e resgate do parto natural, fundamentando-se nos conceitos de humanização, para assim reorganizar o sistema de uma forma integral e integrada, para que a mulher possa recuperar seu papel de protagonista do processo, vivenciando este momento tão importante de sua vida da melhor forma possível.

(8)

1.3 - OBJETIVOS

OBJETIVOS TCC1 – reconhecer e enfatizar a importância do pré-natal, buscando diferentes formas de conhecimento, da legislação à prática médica, a fim de construir uma crítica bem fundamentada do sistema atual para justificar a necessidade de reorganização das atividades relacionadas ao processo do nascimento.

OBJETIVOS TCC-2 – estabelecer e delinear uma nova rede de centros de atendimento ao pré-natal, puerpério e realização de partos naturais, e elaborar um projeto arquitetônico de um dos módulos da rede, de forma a colaborar junto ao sistema público no que se refere às atividades gestacionais.

(9)

1.4 - METODOS

ANÁLISE DOCUMENTAL – para realização do projeto arquitetônico de um centro de atendimento ao ciclo gravídico-puerperal, faz-se necessária uma ampla pesquisa principalmente nas áreas da medicina e enfermagem para um embasamento teórico consistente e bem fundamentado.

ANÁLISE DO SISTEMA ATUAL – como estou propondo uma reorganização de um sistema pré-existente, torna-se fundamental o conhecimento de como é desenvolvido o atendimento pré-natal prestado às gestantes nos serviços de saúde de Florianópolis – tal análise se faz tanto através de visitas aos locais e também através de considerações de estudiosos do assunto.

ENTREVISTAS – para a comprovação prática da pesquisa teórica, é necessário e estabelecer um canal de comunicação metódica de fins científicos com pessoas envolvidas com o tema, para assim encaminhar o projeto de forma que ele realmente enriqueça o modelo existente. As entrevistas serão aplicadas com dois diferentes públicos: primeiramente, com a área médica e, secundariamente, com pessoas ligadas à rede pública de saúde.

CONHECIMENTO DE MODELOS REFERÊNCIA – o conhecimento do modelo de atendimento em países-referência, como o Japão, a Holanda, a Inglaterra e a Suécia, faz-se fundamental para auxiliar a elaboração de um bom projeto.

ANÁLISE DE NÚMEROS E PORCENTAGENS – pesquisar e informar-se a respeito da quantidade de mulheres atendidas na rede pública e a porcentagem que se faz em cada um dos centros de saúde existente faz-se necessário para a escolha dos terrenos que estabelecerão a rede e também para saber a amplitude do novo centro a ser projetado.

PROPOSIÇAO DE DIRETRIZES DE PROJETO E ATRIBUTOS ESPACIAIS – o conhecimento adquirido nas etapas anteriores permitirá a proposição de diretrizes do projeto e os atributos espaciais necessários para a escolha do terreno e construção do projeto arquitetônico. Dentre os atributos estão questões ligadas ao acesso, organização funcional e questões ligadas a conforto térmico e humanização de ambientes hospitalares.

(10)

2.BREVE HISTORICO DO

CUIDADO A MULHER GRAVDA

“A história da obstetrícia é uma história de luta em busca de

poder, de exclusão da mulher, da depreciação do universo

feminino, da transformação, sob a ótica masculina, de uma

atividade inerentemente feminina, natural e fisiológica, em um

ato médico.”(SANTOS,ML – 2002).

O capítulo a seguir foi divido em três partes, estando elas relacionadas à história mundial da obstetrícia, à evolução histórica no Brasil e, por fim, aos atributos históricos da cidade de Florianópolis no que tange ao tema.

(11)

2.1 - EVOLUÇÃO MUNDIAL DA OBSTETRÍCIA

Desde os primeiros tempos, a gestação, o nascimento e o parto dos seres humanos sempre foram situações de grande mobilização social e envoltos por tabus e preconceitos, apresentando grande significado já que estavam relacionados à continuidade da vida e a perpetuação da espécie. (ZAMPIERI,1998). De acordo com Maria Salete Viera), a história da assistência pré-natal iniciou com aconselhamentos à gestante sobre o controle do humor e da dieta, encontrado nos livros hindus. Até o século XIX o pré-natal era limitado a recomendações acerca do estilo de vida.

Em 1890, surgiu na França uma casa voltada ao bem estar materno e infantil, sendo considerado o começo do movimento pré-natal. Ainda no século XVIII surgem as maternidades e é neste momento que ocorre a medicalização da gestação, que se impunha maciçamente no século XIX e XX. Alguns fatos sociais também influenciaram a concepção da gravidez como doença e da mulher como paciente, transformando a assistência obstétrica (ARRUDA, 1989).

Assim, ao longo do tempo, o cuidado prestado à mulher modificou-se, passando das parteiras às mãos dos médicos. No entanto, a intervenção do homem não diminuiu a mortalidade materno-infantil e os sofrimentos maternos.( ). Dois estágios principais na evolução da gestação como incorporação do discurso médico podem ser destacados. O primeiro, nos séculos XVII e XVIII, em que a gestação consistia como sendo um processo natural. O segundo foi a redefinição da gestação como doença, um fenômeno médico.

No século XX, segundo Arruda(1989), o parto hospitalar passa a predominar sobretudo após a Segunda Guerra. São estabelecidas normas e rotinas que controlam o corpo da mulher que a despersonalizam, separam-na da família e priorizam as atenções aos bebês, que precisam se desenvolver sadios para atender as necessidades de mão-de-obra exigidas pela indústria em ascensão.

Com o advento da anestesia, a cesárea torna-se uma prática corrente , medicando ainda mais o processo de nascimento. A sofisticação dos exames do diagnóstico de gravidez e a mudança de ênfase para a saúde e bem estar do bebe, dão aos obstetras não só o controle do parto como também do período gestacional, a partir do momento em que foi desenvolvido o conceito de exame pré-natal. (ZAMPIERI.2006)

(12)

Atualmente, são grandes os progressos tecnológicos, entre eles a concepção assistida “in vitro”, a inseminação artificial, a gestação de aluguel, que possibilitam algumas mulheres a terem filhos e desenvolverem a gravidez. Por outro lado, o controle sobre a fecundação, gestação e desenvolvimento do bebê ainda continua nas mãos do médico, que conduz o procedimento.

Os progressos tecnológicos nem sempre se refletem positivamente no cuidado prestado às mulheres no ciclo grávido-puerperal. Ainda morrem mulheres em função da falta de ações básicas de promoção de saúde e prevenção de doenças e a gestação continua sendo vista como uma doença que deve ser tratada e controlada por um profissional de saúde, nas mesmas instalações que são tratadas as patologias. (ZAMPIERI,2006).

O cuidado pré-natal é negado ou negligenciado em alguns lugares do país e a atenção à saúde é fragmentada e impessoal. Apesar dos avanços nessa área, graças, principalmente, ao clamor das mulheres, persiste ainda a atenção a saúde da mulher centrada no modelo biomédico, e ela continua tendo que lutar para ser valorizada como pessoa e para ter direito a assistência digna a saúde. (ZAMPIERI,2006)

C o n t u d o , p a r a l e l a m e n te a e s t a realidade, tem-se buscado o cuidado humanizado às mulheres durante o processo de nascimento. Procura-se ver a gestação como um p ro c e s s o d e ev o l u ç ã o n o r m a l , c u j o s protagonistas são a mulher e seus familiares, bem como fortalecer as redes de apoio social, constituída por amigos, familiares e profissionais qualificados, a fim de que a mulher possa compreender melhor suas vivências, minimizar seus medos e suas ansiedades, preparar-se para os novos papéis, escolher os cenários e tipos de parto possíveis.

É importante ressaltar que esta reflexão da história da obstetrícia ajuda a compreender os desvios que levaram à inadequada utilização da tecnologia, bem como motiva a busca por outros caminhos que possam contribuir para a adequação do uso destas tecnologias a um modelo construído sob uma nova visão.

(13)

2.1 - O BRASIL NA EVOLUÇÃO DA SAÚDE DA MULHER

De acordo com o histórico proposto por Maria Salete Vieira, na primeira e segunda década do século XX, vieram a público no Brasil as primeiras preocupações com a saúde da mulher, traduzidas em leis e decretos, na forma de legislação trabalhista, tendo a finalidade de proteger a maternidade das mulheres que exerciam atividades fora do lar e proteger as crianças.

Em São Paulo, em 1917, surgiu a primeira lei de abrangência estadual, proibindo o trabalho noturno de mulheres e restringindo o trabalho no ultimo mês de gravidez e no primeiro mês do pós-parto. Em 1923, foi assinado o primeiro decreto federal para a trabalhadora feminina, facilitando a licença maternidade e o direito à amamentação durante a jornada de trabalho.

No final da década de 20, teve início a estruturação de uma nova organização médico-sanitária, que valorizava a educação como via essencial a saúde. Para proteção da gravidez e vida infantil, utilizavam-se tecnologias como a visita domiciliar, o estímulo a amamentação natural, a educação da mulher em relação aos cuidados da gravidez e a distribuição de leite às gestantes mais pobres.

O primeiro órgão do governo que se dedicou exclusivamente ao cuidado materno-infantil foi o departamento nacional da criança (DNCR), coordenando e normatizando as ações de puericultura, direcionado à infância, adolescência e proteção da gestação e maternidade.

Em 1953, foi criado o Ministério da Saúde, que passou a coordenar a assistência materno-infantil, culminando com um processo de centralização das políticas de saúde.

Após a revolução de 64, voltou-se a falar dos cuidados às mulheres no documento Diretrizes Gerais da Política Nacional de Saúde Materno-Infantil, que previa programas de assistência às mulheres grávidas e crianças pequenas.

(14)

Na primeira metade da década de 80, a saúde das mulheres ou saúde reprodutiva recebeu grande atenção e investimento por parte do movimento feminino. Surgiram programas como o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM) e a Comissão Nacional de Estudos dos Direitos de Reprodução Humana (MS). O programa de Saúde Materno-Infantil, criado em 1977 pelo Conselho de Desenvolvimento Social, contemplava a prevenção da gestação de alto risco, mas não continha critérios e estratégias adequadas, o que o inviabilizou. A Organização das Nações Unidas propiciou a discussão das questões de assistência à mulher quando declarou o período de 1976 a 1985 como “década da Mulher”. Desde 1975, o movimento das mulheres reorganizou-se abrindo extensos debates sobre todas as formas de discriminação e denunciando a precariedade da atenção à saúde da mulher. Desde então, os grupos de mulheres e os de saúde reinvidicam a ampliação da assistência à mulher.

Em movimento articulado, buscou-se a reforma sanitária e a criação do Sistema Único de Saúde (SUS). O SUS seguia um processo de descentralização, regionalização e hierarquização, e o Movimento Sanitário exigia um sistema de saúde com base na universalidade, equidade e integralidade. Dentro deste modelo de assistência, o ministério da saúde criou o Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM), em 1984.

Em junho de 2000, o Ministério da Saúde instituiu o Programa de Humanização do Pré-Natal e Nascimento (PHPN), que apresentou uma nova estratégia de melhoria da qualidade da atenção obstétrica, tendo como conceito a humanização que considera a mulher como sujeito ativo de sua própria saúde e tendo como objetivos principais a redução das altas taxas de mortalidade materna e perinatal, ampliação do acesso ao pré-natal e qualificação das consultas e assistência ao parto, fortalecendo o papel da mulher como protagonista na gestação e no parto.

Contudo, paralelamente a esta realidade, tem-se buscado o cuidado humanizado às mulheres durante o processo de nascimento. Procura-se ver a gestação como um processo de evolução normal, cujos protagonistas são a mulher e seus familiares, bem como fortalecer as redes de apoio social, constituída por amigos, familiares e profissionais qualificados, a fim de que a mulher possa compreender melhor suas vivências, minimizar seus medos e suas ansiedades, preparar-se para os novos papéis, escolher os cenários e tipos de parto possíveis.

É importante ressaltar que esta reflexão da história da obstetrícia ajuda a compreender os desvios que levaram à inadequada utilização da tecnologia, bem como motiva a busca por outros caminhos que possam contribuir para a adequação do uso destas tecnologias a um modelo construído sob uma nova visão.

(15)

3 - ANALISE DO SISTEMA DE ATENDIMENTO A

MULHER GRÁVIDA NO MUNICÍPIO DE

FLORIANOPOLIS

Neste capitulo procura-se conhecer a normatização da assistência à saúde da mulher no municio, assim como conhecer toda estrutura física projetada, analisando-a t a n t o q u a n t i t a t i v a m e n t e q u a n t o qualitativamente, e desta forma descobrir suas principais falhas e carências para a proposição de um projeto que atenda efetivamente as necessidades da população em questão.

(16)

3 - ANÁLISE QUANTITATIVA - A ESTRUTURA

PROJETADA

De acordo com o Manual Técnico de Assistência Pré-Natal do Ministério da Saúde, o atendimento deve ser organizado para atender a população de gestante mediante a utilização dos conhecimentos técnico-científicos existentes e dos recursos disponíveis mais adequados para cada caso. Portanto, compete ao mesmo estabelecer políticas e normas técnicas para a atenção pré-natal de boa qualidade, entre elas a capacitação da equipe de saúde. Essa normatização deverá ser adaptada às condições locais, garantindo, entretanto, à mulher gestante e sua família o atendimento integral e os requisitos básicos para a p r o m o ç ã o d e p a r t o n o r m a l , s e m complicações, e prevenção das principais intercorrências perinatais.

Com a reorganização do sistema público de saúde através da regionalização, a Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis desenvolve, desde 1997, o Programa Capital Criança, que visa à atenção integral à mulher no seu ciclo gravídico-puerperal e à criança até seus primeiros anos de vida. O Programa obteve importantes resultados para a cidade e continua sendo desenvolvido, atuando em conjunto com o Departamento de Saúde da Mulher da Secretaria Municipal.

Com relação à estrutura projetada, a c i d a d e e n c o n t r a - s e s u b d i v i d i d a

administrativamente em cinco Regionais de S a ú d e , c o m á r e a d e a b r a n g ê n c i a e geoprocessamento definidos. As Regionais englobam um conjunto de bairros mostrados na figura abaixo, recebendo centros de saúde espalhados de forma estratégica para o atendimento geral, incluindo o atendimento pré-natal. O atendimento é, portanto, inicializado nestes centros de saúde, e caso ocorra alguma intercorrência a mulher é encaminhada às maternidades de referência ou também às novas policlínicas.

A cidade encontra-se abastecida com oito hospitais de diversas especialidades, porém apenas três realizam partos pelo SUS, sendo eles a Maternidade Carmela Dutra, a qual dispõe de 122 leitos e realiza aproximadamente 50% dos partos em Florianópolis – a maternidade do Hospital Universitário, já reconhecido como Centro de Excelência em Assistência Obstétrica e ainda a maternidade do Hospital Regional, que apesar de situar-se na cidade de São Jose, atende mulheres de Florianópolis também.

Ressalta-se que às gestantes, ao iniciar o atendimento pré-natal na rede pública, não há garantia alguma de onde será realizado o parto, pois não há uma relação entre os níveis de complexidade. Esta é, sem dúvida, umas das falhas do sistema atual, o qual esta pesquisa pretende identificar e sugerir melhorias, ampliando as possibilidades de realização de partos nos centros da nova rede proposta e garantindo a parturiente sua possibilidade de escolha para que a mulher sinta-se mais segura.

(17)
(18)

3 - ANÁLISE QUALITATIVA

Este capítulo representa grande importância da pesquisa realizada, pois as conclusões tiradas para esta análise foram obtidas a partir de extensas leituras de estudiosos que já realizaram críticas acerca do modelo de assistência nos centros de saúde, e também de visitas que permitiram ao autor conhecer as instalações existentes.

Desta forma, tornou-se possível perceber as principais carências e falhas da estrutura levando a uma conseqüente reflexão a respeito de um novo modelo de referência, com a elaboração de um sistema integral e interligado, composto por um projeto arquitetônico que englobe todas as atividades importantes e necessárias ao processo gestacional de acordo com a fundamentação teórica e empírica organizada por meio desta pesquisa.

Um dos fatos que chamaram a atenção durante a observação prática do público-alvo e receptor das melhorias propostas por este trabalho foi o de que as mulheres grávidas recebem tratamento nos mesmos locais físicos em que outras enfermidades são tratadas. Esta é uma crítica formada a partir da coleta de opiniões de profissionais da saúde que lutam pela humanização do processo de nascimento. Uma atitude fundamental seria o reconhecimento da gravidez como um processo natural da vida, e portanto deveria ter um lugar especial para o seu cuidado, e não junto as demais doenças como ocorre.

Dentre os centros visitados no ano da pesquisa, os quais por questão ética não serão nomeados geralmente foram encontradas áreas físicas pequenas, com acomodação dos ambientes de forma precária e inadequada. As salas de espera geralmente são mal ventiladas, mal iluminadas e nada acolhedoras. Além disso, a falta de espaço físico não permite a realização de atividades essenciais como o Grupo de Gestantes, que na maioria dos centros não ocorre mais.

Observou-se também uma falta de material informativo, assim como a falta de acolhimento e atendimento diferenciado à gestante, não possuindo qualquer espaço preparado para realização de atividades físicas tão necessárias à gravidez.

(19)

4 - HUMANIZAÇÃO,HUMANIZAÇÃO HOSPITALAR E

HUMANIZAÇÃO DO PARTO E NASCIMENTO

Desde o princípio desta pesquisa, o autor se deparou com os conceitos de humanização dos ambientes de saúde, reconhecendo sua importância no âmbito desta proposta e tornando-a uma das diretrizes principais deste projeto.

Hoje há uma luta muito grande por parte dos profissionais engajados nesta questão para que se consiga efetivar modificações na forma de atendimento, relacionadas tanto ao atendimento quanto ao ambiente de tratamento, qualificando-os de forma a auxiliar na recuperação dos pacientes.

(20)

4.1 - A HUMANIZAÇÃO COMO CONCEITO

A humanização, segundo ZAMPIERI, pode e deve estar inserida nos projetos de organização dos serviços de saúde e na organização da sociedade, buscando condições que possibilitem aos seres humanos exercerem sua humanidade e respeitarem uns aos outros. Pode-se constituir-se em um novo paradigma de relacionamento entre os prestadores e os receptores do cuidado e entre todos os seres humanos.

O conceito de humanização das Ações de Saúde, incluindo a área de obstetrícia, pode estar associado à idéia de qualidade, de direito ou ainda de cidadania. Pode equivaler só à forma de acolhimento ou então à organização dos recursos físicos.

A proposta de humanização nasceu de uma necessidade de mudança na organização do sistema de saúde praticado que, como tudo, a partir da Revolução Industrial, passou a ser organizado como uma linha de produção. Assim, estava a assistência à saúde cheia de normas, protocolos, rotinas e um extremo cuidado para que não envolvesse envolvimento pessoal e emocional. Como admitir tal condição numa área onde se cuida de seres humanos?

Desde meados de 1970, se organiza no Brasil um forte movimento com a tarefa de transformar a assistência à saúde.

Promover atendimento humanizado requer a formação e educação permanente dos profissionais de saúde dentro dos princípios da humanização, além da atenção às situações de sofrimento vividos no ambiente de trabalho em que se presta assistência à saúde.

A mudança ocorrerá caso haja uma alteração nas relações interpessoais, principalmente entre os trabalhadores de saúde e a população usuária do sistema. O profissional de saúde deve ser um facilitador, fornecendo instrumentos para subsidiar a escolha da usuária, estando disponível para orientar sem fazer imposições.

Diante dessa postura oferecida pelo profissional, cada individuo poderá fazer a sua própria escolha e decidir quanto à melhor alternativa para si, entre as práticas oferecidas, levando em conta os aspectos que interferem e determinam a sua condição de vida e de saúde.

(21)

4.2 - A HUMANIZAÇÃO HOSPITALAR

Os estabelecimentos assistenciais de saúde são empresas complexas, abrigando diversos setores, cada um com sua especificidade e função. São empreendimentos que exigem grandes investimentos na construção, na compra de equipamentos e, principalmente, na manutenção dos custos operacionais. No setor público, esses custos operacionais crescem proporcionalmente às transformações construtivas executadas sem planejamento. Além disso, os problemas iniciais de projeto, decorrentes de soluções arquitetônicas inadequadas ao clima, são agravadas com as ampliações para o atendimento da demanda crescente de pacientes e o acompanhamento de novas tecnologias e equipamentos. (MARTINS, VANIA, 2004)

Dessa forma, o hospital do futuro, além da viabilidade econômico-financeira, deve atender aos requisitos de: expansibilidade, flexibilidade, segurança, eficiência e, sobretudo,

humanização.Nesse ponto, o conforto ambiental aparece como forte aliado nos processos de cura de pacientes. Em muitas situações o paciente luta para recuperar sua saúde e, ao mesmo tempo, é submetido a agressões do meio ambiente relacionadas a agentes físicos (ruídos, radiação ionizante e não ionizante, vibração, pressão anormal, temperaturas extremas e outros), químicos (substâncias químicas em forma sólida, líquida e gasosa), biológicos (vírus, bactérias, fungos e ácaros), ergonômicos e psicológicos. Além disso, cada usuário requer condições específicas de qualidade do ambiente para o seu bem-estar.

(22)

4.3 - A HUMANIZAÇÃO E O AMBIENTE FÍSICO

Para Corbella (2003), uma pessoa está confortável em um ambiente quando se sente em neutralidade em relação a ele. No caso dos edifícios hospitalares, a arquitetura pode ser um instrumento terapêutico se contribuir para o bem-estar físico do paciente com a criação de espaços que, além de acompanharem os avanços da tecnologia, desenvolvam condições de convívio mais humanas.

Miquelin (1992) lembra que o desconforto ambiental nos hospitais não pode ser um problema a mais nesses espaços, construídos para, muitas vezes, situações estressantes de atendimento associadas a pacientes com risco de morte ou sofrimento profundo. A seguir serão abordados aspectos fundamentais para o conforto ambiental nos hospitais: a iluminação, a cor e conforto higrotérmico.

(23)

4.3 - A ILUMINAÇÃO

·A iluminação artificial, indispensável na maioria dos ambientes hospitalares, influencia o equilíbrio fisiológico e psicológico dos usuários. Deve-se evitar o erro habitual de se pensar na iluminação depois da seleção das cores e dos materiais. Dessa forma, é preciso integrar, o mais precocemente possível, a luz no projeto arquitetônico, com a definição da luminância necessária ao ambiente, antes da escolha das cores.

Há dois parâmetros a serem considerados: a quantidade e a qualidade da iluminação. Quanto à quantidade, deve-se lembrar que a percepção individual varia segundo os locais e a atividade, se contínua ou intermitente. Já a qualidade depende do índice de expressões e temperatura da cor.

Miquelin (1992) ressalta os aspectos básicos que devem ser analisados acerca da iluminação: níveis de iluminação de acordo com as exigências do conforto humano; sistemas de iluminação que podem ser direto, indireto ou misto; tipo de fonte de luz; eficiência luminosa; reprodução da cor. No caso dos hospitais, os diferentes tipos de usuários e as diversas atividades requerem estudos específicos para que proporcionem o bem-estar visual. O clima tropical do Brasil proporciona condições para um maior aproveitamento da luz natural no interior das edificações. Além do mais, segundo Corbella (2003), a iluminação natural traz benefícios para a saúde, porque dá a sensação psicológica do tempo, tanto cronológico quanto climático, no qual se vive. A luz artificial, necessária à noite e nos dias nublados, deve ser vista sempre como uma complementação e nunca como uma substituição da natural.

(24)

4.3 - A COR

·O ambiente das cores é, freqüentemente, associado à decoração, no entanto, desde o século XVII, Newton percebeu a natureza física da cor e, por isso, ela entrou no universo da ciência. A luz determina a cor, isto é, qualquer luz natural ou artificial que cai sobre uma superfície colorida afeta sua aparência, já que esta cor não existe por si própria, mas como resultado da excitação do olho. Assim, como o sabor e o cheiro são sensações, a cor também é resultado de uma sensação individual.

Cor e espaço - A cor proporciona uma nova percepção dos objetos. As cores de comprimento de onda pequeno – azuis e os verdes – aumentam o espaço, enquanto as cores de grande comprimento de onda – vermelhos, amarelos e laranjas – estreitam e diminuem os volumes. A cor pode unificar o espaço, como no caso de um ambiente com muitas aberturas e formas irregulares: uma única cor aplicada diminuirá as assimetrias e evitará que o olho seja atraído para esses defeitos. Ela pode, ainda, dividir um ambiente, quando se tem duas partes de um mesmo espaço com cores diferentes. No caso de cores alternadas, ao provocar um

ritmo variado, transmitem animação ao espaço.

As pessoas com problemas respiratórios sentem-se mais à vontade em quartos azuis, pois essa cor dá a sensação de maior volume de ar.

Déoux e Déoux (1996) não recomendam um ambiente monocromático, porque extensas superfícies de cor pura solicitam de modo exagerado e uniforme a retina, o que provoca cansaço visual e tendência à desconcentração. O verde, por exemplo, é mais apropriado para as batas cirúrgicas e os campos operatórios porque proporciona conforto visual aos cirurgiões pela complementaridade da cor do sangue, visualizada durante muito tempo. Por isso, não é recomendado, nos centros cirúrgicos, a monocromia, que solicita grande esforço da retina, provocando cansaço visual. Uma cor pode dominar o ambiente, mas é preciso introduzir e distribuir pequenas superfícies da cor complementar. Os tetos brancos nos hospitais deveriam ser evitados, principalmente nos ambientes de circulação de macas, porque criam a sensação de afastamento, de vazio, já que é a visão predominante do doente deitado. Já o verde e o azul claros serão mais tranqüilizadores.

Dessa forma, conclui-se lembrando que o efeito das cores sobre as pessoas depende da idade, cultura, sexo e outros fatores. Nos hospitais, é fundamental a análise das necessidades dos possíveis usuários de cada setor para elaborar o estudo cromático mais adequado

As cores portanto podem influenciar de diversas maneiras na concepção de um projeto, trazendo qualificação ao mesmo se trabalhadas de forma harmônica e correta.

(25)

4.3 - O CONFORTO HIGROTÉRMICO

·- A sensação de conforto higrotérmico varia de região para região, pois depende da capacidade de adaptação do indivíduo às condições climáticas onde está inserido. Esse conforto está condicionado às seguintes variáveis: temperatura, umidade relativa e velocidade do ar. Corbella (2003) cita algumas estratégias de projeto, baseadas em princípios bioclimáticos:

1. Controlar o acúmulo de calor;

2. Procurar dissipar a energia térmica do interior do edifício;

3. Retirar toda umidade em excesso, promovendo o movimento do ar;

4. Privilegiar o uso da iluminação natural; 5. Controlar as fontes de ruído.

Freire (2002) ressalta a dificuldade de equacionar todos os fatores relativos aos condicionantes climáticos nas decisões da arquitetura hospitalar, citando a Rede Sarah como um exemplo de sucesso de controle ambiental, com a utilização da energia passiva para a obtenção do conforto.

(26)

Vinculação de unidades que prestam atenção pré-natal às maternidades/ hospitais, conforme definição do gestor local;

Garantia dos recursos humanos, físicos, materiais e técnicos necessários à atenção pré-natal, assistência ao parto e ao recém-nascido e atenção puerperal, com estabelecimento de critérios mínimos para o funcionamento das maternidades e unidades de saúde;

Captação precoce de gestantes na comunidade;

Garantia de atendimento a todas as gestantes que procurem os serviços de saúde; Garantia da realização dos exames complementares necessários;

Garantia de atendimento a todas as parturientes e recém-nascidos que procurem os serviços de saúde e garantia de internamento, sempre que necessário;

Garantia de acompanhante durante o trabalho de parto, no parto e no pós-parto; Incentivo ao parto normal e à redução da cesárea desnecessária;

Vinculação à Central de Regulação Obstétrica e Neonatal, de modo a garantir a internação da parturiente e do recém-nascido nos casos de demanda excedente;

Transferência da gestante e/ou do neonato em transporte adequado, mediante vaga assegurada em outra unidade, quando necessário (SAMU);

Garantia de atendimento das intercorrências obstétricas e neonatais; Atenção à mulher no puerpério e ao recém-nascido.

(27)

Os critérios descritos acima foram retirados do Manual Técnico do Pré-Natal e Puerpério ,desenvolvido pelo Ministério da Saúde. Estes critérios, assim como uma série de outras considerações encontradas no Manual ,serão requisitos respeitados na proposta de reorganização do sistema de atendimento ao ciclo gestacional.

Além deste documento descrito acima, o Ministério da Saúde lançou em 2000, o Programa de Humanização do Pré-Natal e Nascimento, mostrando como tem-se intensificado esta luta pela melhoria dos serviços relacionados, de forma a garantir o acolhimento de todas as mulheres e portanto, contribuir com as diretrizes operacionais para a materialização dos princípios do SUS, destacando a integralidade, a universalidade e equidade em saúde.

(28)

4.3 - HUMANIZAÇÃO DA ATENÇÃO OBSTÉTRICA E

NEONATAL

A atenção obstétrica e neonatal deve ter como características essenciais a qualidade e a humanização. É dever dos serviços e profissionais de saúde acolher com dignidade a mulher e o recém-nascido, enfocando-os como sujeitos de direitos.

A atenção com qualidade e humanizada depende da provisão dos recursos necessários, da organização de rotinas com procedimentos comprovadamente benéficos, evitando-se intervenções desnecessárias, e do estabelecimento de relações baseadas em princípios éticos, garantindo-se privacidade e autonomia e compartilhando-se com a mulher e sua família as decisões sobre as condutas a serem adotadas. (ZAMPIERI.2006)

Estados e municípios necessitam dispor de uma rede de serviços organizada para atenção obstétrica e neonatal, com mecanismos estabelecidos de referência e contrareferência, considerando os seguintes a seguir:

(29)

5 -O PARTO NATURAL - AMPLIANDO AS

POSSIBILIDADES

No município de Florianópolis, não diferente do resto do Brasil, predomina a realização de partos cesáreos. As mulheres geralmente não obtêm conhecimento das outras possibilidades através dos médicos, os quais usualmente influenciam na decisão em favor da cesariana.

Assim como a extensa programação de atividades físicas e educacionais que seriam realizadas nesta nova proposta de centros de atendimento, a mulher também teria conhecimento e possibilidade de realizar diferentes tipos de parto, sendo eles todos naturais, visto que atualmente não existe esta diversidade de escolha para as gestantes.

Desta forma, a mulher poderia realizar todo o processo gestacional, incluindo o pré-natal, o parto em si, e o puerpério/recuperação dentro de um mesmo local, seja ele um dos módulos de referência da nova rede proposta.

Os partos naturais durante muito tempo foram vistos de forma preconceituosa e errônea, visto que muitos pensavam que só o faziam aquelas que não possuíam condições financeiras ou que não tinham acesso a hospitais. Nos países de primeiro mundo como Holanda e Suécia, esta é uma prática extremamente comum e tem se expandido pouco a pouco no Brasil com modestas campanhas governamentais e surgimento de instituições como as Casas de Parto, que proporcionaram uma nova opção para as parturientes.

(30)

5.1 -PARTO NATURAL OU CESÁREA - VANTAGENS E

DESVANTAGENS

Os partos realizados por cesariana no Brasil têm alcançado taxas próximas a 40%, ficando bastante aquém do recomendável pela Organização Mundial de Saúde, apenas 15%.

Desde a década de 70,conforme dados da Organização Pan-Americana de Saúde, o Sistema de Saúde brasileiro gasta, em média, R$ 83,4 milhões anuais em cesáreas desnecessárias. Quase 1.700 leitos são ocupados por dia. De acordo com estudos do Sistema Único de Saúde, o Brasil realiza até 560 mil cesarianas a cada ano. As autoridades têm acesso a estes números absurdos, mas pouco fazem para reverter o quadro.

No Brasil é normal fazer cesariana, sendo a cirurgia necessária ou não. O nascimento tem que respeitar regras que deveriam ser empregadas apenas em casos especiais, porém não é isso o que acontece. O procedimento cirúrgico foi banalizado com a desculpa de maior segurança à parturiente, o que comprovadamente não é verdade, pois os problemas cirúrgicos que podem acontecer depois de uma cesariana provocam três vezes mais mortes do que em partos normais.

O parto natural, além de dar à gestante a possibilidade de diferentes alternativas e principalmente de fazê-las sentir protagonistas do processo, possui vantagens não só para a mulher, quanto para o recém-nascido. Dentre tais vantagens esta uma recuperação mais rápida, já que a mulher se recupera geralmente no mesmo dia. Já na cesárea, a recuperação pode levar de uma semana a um mês.

Para o bebê, a cesárea aumenta o risco de doenças respiratórias, como bronquite e asma. Já no parto normal, a amamentação começa mais rápido e em maior quantidade, e há menor risco de c o mp l i c a ç õ e s p a r a a m u l h e r c o m anestésicos.

Existe uma tradição e questão cultural e econômica para as gestantes preferirem à cesárea. Os médicos ganham pouco com o parto normal e o procedimento pode durar até 12 horas, o que os fazem convencer suas pacientes de optarem pelo procedimento cirúrgico, mesmo este não sendo necessário.

(31)

5.2 - OS DIFERENTES TIPOS DE PARTO

A separação dos partos por tipos aconteceu em decorrência do nosso sistema obstétrico. Desde que o atendimento passou a ser hospitalar, feito exclusivamente pelos médicos, em macas horizontais, com as mulheres em posição ginecológica, a classificação ficou óbvia: "Parto Normal" ou "Cesariana". Não havia alternativa. Se a mulher não conseguia dar à luz nessas condições padronizadas, ia para a cesárea.

As condições padronizadas sob as quais as mulheres deveriam tentar o "Parto Normal" eram: separação do companheiro ou qualquer acompanhante, salas de pré-parto coletivas sem qualquer privacidade, impossibilidade de livre movimentação, soro com hormônios para acelerar as contrações e portanto encurtar o trabalho de parto, período expulsivo com a mulher deitada de costas, pernas amarradas a suportes, comandos para fazer força, enfermeiras empurrando a barriga da mulher, entre outras situações que variavam de serviço para serviço. Convém lembrar que em muitos hospitais do Brasil essa ainda é a regra, infelizmente, indo contra todas as recomendações da Organização Mundial da Saúde. As mulheres freqüentemente vivenciavam situações desconfortáveis e traumáticas que muitas vezes lesavam irreversivelmente o bebê

A partir da década de 70 o mundo inteiro testemunhou inúmeros movimentos pelo resgate do parto como um evento social, afetivo e familiar. Aqui e ali surgiram obstetras preocupados com o excesso de medicalização, e também grupos de consumidoras que lutavam por melhores condições para darem à luz a seus bebês. Começam então a se expandir a realização de diferentes tipos de partos sem intervenção cirúrgica, os quais serão explicitados abaixo ,conforme a entidade “Amigas do Parto”.

(32)

5.2.1 - PARTO LEBOYER

Surgido na França, o parto leboyer advogou uma forma mais amena de nascer: pouca luz, silêncio, sem violência, banho do b e b ê p e r t o d a m ã e , amamentação precoce. No entanto seu foco era o bebe e não a mulher.

5.2.2 - PARTO NA ÁGUA

É o parto onde a água é usada como elemento de relaxamento (para a mãe) durante o trabalho de parto. Pode ser usado na forma de chuveiro, ducha, nas costas ou na barriga, mas os melhores resultados acontecem dentro de uma banheira; pode ser uma de hidroginástica ou até mesmo uma banheira de plástico portátil. O bebê pode nascer embaixo da água ou não. Algumas parturientes saem da água no momento que antecede o nascimento. A água é um elemento terapêutico, que pode trazer muitas vantagens ao desenrolar do parto, favorecendo o processo de dilatação, o alívio das dores, o relaxamento muscular da mãe e emocional também. No Brasil pouquíssimas clínicas e médicos oferecem esse conforto às pacientes, infelizmente.

(33)

5.2.3 - PARTO DE CÓCORAS

Onde havia liberdade para movimentação das mulheres, o "Parto de Cócoras" ganhou terreno, por ser mais rápido, mais cômodo para a mulher e mais saudável para o bebê, pois não se produzia mais a compressão de importantes vasos sanguíneos, o que acontece com a mulher deitada de costas. No Brasil o Dr. Moysés Paciornik estudou comunidades indígenas e resgatou o parto verticalizado. Criou com seu filho Dr. Cláudio Paciornik uma cadeira para ser usada em hospitais, que permitia várias posições para a mãe, sem comprometer o conforto do médico. Embora não haja necessidade de cadeiras especiais para que a mulher assuma essa posição, muitos profissionais afirmam que não fazem partos de cócoras porque no hospital não existe "a cadeira para parto de cócoras" à disposição.

5.2.3 - PARTO ATIVO

É o tipo de parto onde a mulher-mãe-parturiente permanece no controle da situação, como artista principal e não como coadjuvante, para tanto no controle do seu corpo, sem medicamentos, drogas, nem intervenções. Na verdade é o parto mais natural, onde a parturiente permanece ativa, mudando de posições, andando, sentando, inclinando, ficando de cócoras, deitando, entrando no chuveiro, na banheira, pendurando em algo, enfim, buscando alternativas de alívio das dores. Um parto ativo não acontece por acaso, deve haver uma preparação durante o pré-natal. O parto ativo se inicia na mente da grávida, que vai buscar ajuda, leitura e tomada de consciência que terá de passar por um desafio, um obstáculo.

(34)

Atualmente, como já visto acima no capitulo sobre humanização,um novo termo tem sido utilizado: "Parto Humanizado". Como não houve uma formal definição do termo, ele é usado em todo tipo de circunstância. Para o Ministério da Saúde, parto humanizado significa o direito que toda gestante tem de passar por pelo menos 6 consultas de pré-natal e ter sua vaga garantida em um hospital na hora do parto. Para um grupo de médicos, significa permitir que o bebê fique sobre a barriga da mãe por alguns minutos após o parto, antes de ser levado para o berçário. Em alguns hospitais públicos significa salas de partos individuais, a presença de um acompanhante, alojamento conjunto, incentivo à amamentação, entre outros benefícios.

No mundo inteiro, no entanto, o que está se discutindo é: "o atendimento centrado na mulher". Isso deveria ser o correto significado de parto humanizado. Se a mulher vai escolher dar à luz de cócoras ou na água, quanto tempo ela vai querer ficar com o bebê no colo após seu nascimento, quem vai estar em sua companhia, se ela vai querer se alimentar e beber líquidos, todas essas decisões deverão ser tomadas por ela, protagonista de seu próprio parto e dona de seu corpo. Esta é uma das questões principais que seriam levadas em conta na nova rede projetada, tendo exatamente este conceito de humanização como diretriz e , sem duvida alguma, centrando as atenções na mulher.

(35)

6 - REFERENCIAIS

P a r a r e a l i z a ç ã o d o s c e n t r o s d e atendimento ao pré-natal, puerpério e partos humanizados, busquei mais informações sobre os países que se destacam na obstetrícia, principalmente aqueles que trabalham com o conceito de humanização mais desenvolvido.

Países como Holanda, Inglaterra, Suécia e Japão possuem uma maneira bastante evoluída com relação ao tratamento da gestação como um todo, valorizando todo o processo, desde o atendimento pré-natal até a concepção do feto.

Nestes países citados acima, os partos naturais possuem uma realização bastante intensa, sendo que a cesárea é feita apenas realmente quando necessária. Desta forma, conseguem índices de mortalidade materna e infantil baixíssimos e deixam a mulher preparada e realizada durante toda a gravidez.

Destaca-se ainda a figura da enfermeira obstetra, a qual geralmente acompanha a gestante durante toda gravidez e também auxilia na realização do parto. Os médicos obstetras atuam apenas nas complicações e intervenções cirúrgicas, pois para realização de partos normais a enfermeira esta devidamente preparada e instruída.

(36)

6.1 - O PARTO NA HOLANDA - O PAPEL DA

ENFERMEIRA OBSTETRICA

Na Holanda, 35% de todos os bebês nascem em casa. Lá, o parto domiciliar é quase rotina. A taxa de cesárea é menor que 10%. A gravidez tende a ser vista como uma fase especial na vida de uma mulher e não como uma doença. O parto é visto como um processo normal: doloroso mas compensador.

Os partos de baixo risco são acompanhados por obstetrizes, que costumam trabalhar em cooperativas de 3. É possível optar por um parto domiciliar ou um parto hospitalar, sempre com a obstetriz. Lá, a mesma não é uma enfermeira com especialização obstétrica, como aqui. Para tornar-se obstetriz, é necessário fazer um curso superior específico que dura 4 anos. Existem 3 escolas de obstetrizes no país e cada uma recebe por volta de 40 alunas por ano. A formação é considerada tão boa que os estudantes de medicina aprendem a fazer parto normal com elas. Ao se formar a obstetriz é registrada junto ao estado e pode escolher trabalhar só com partos domiciliares ou então no hospital.

O obstetra só entra em cena quando há alguma indicação médica específica, ou seja, quando a gestação é de risco. É ele quem faz a cesárea, quando necessária. As obstetrizes também não podem usar nem o fórceps nem o vácuo-extrator. As relações entre obstetras e obstetrizes são, em geral, boas, caracterizadas por um respeito mútuo. Existe um sistema de graduação usado para indicar o "grau de risco" da mulher. Grau "A" quer dizer que a mulher será atendida por uma obstetriz; "B" significa supervisão de um obstetra; "C" quer dizer que a mulher será atendida exclusivamente pelo obstetra e "D" significa um parto no hospital mas atendido por uma obstetriz.

No parto domiciliar, o atendimento é realizado exclusivamente pela obstetriz e uma enfermeira-auxiliar. Depois do parto, ela (a obstetriz) cuida da mãe, avalia a placenta e o bebê e vai embora umas 2 horas depois. A auxiliar fica com a mãe e a obstetriz volta nos dias seguintes para ver se está tudo bem.

A enfermeira-auxiliar dá 8 dias de assistência pós-parto, tanto depois do parto hospitalar quanto depois de um parto em casa. Ela passa 8 horas por dia na casa da nova mãe, cuidando dela, de seu bebê e da casa. Seu papel consiste em ensinar os cuidados com o bebê, receber as visitas, preparar as refeições e também limpar a casa.

(37)

A Suécia é mais um país que encara a gestação e o parto como fenômenos naturais e importantíssimos na vida de uma mulher. O desenvolvimento do pré-natal de forma atenciosa e completa, prestado geralmente por parteiras com formação especifica para esta função, fazem deste país um dos menores índices de cesárea, apenas 11 %.

As mulheres grávidas são acompanhadas por uma enfermeira obstétrica, em sueco, pela barnmorska, que são mulheres preparadas que estudaram para tal função. A idéia é que a gravidez não é uma doença e, como tal, não precisa de acompanhamento médico se tudo estiver correndo bem.

O pré-natal inicia com uma longa entrevista na qual a “barnmorska” procura colher todas as informações acerca do estilo de vida da gestante, incluindo hábitos alimentares e de saúde, doenças na família, e procura fazer um planejamento a respeito do parto de acordo com a vontade da mulher. As outras consultas continuam seguidas de informação sobre o parto natural e sugestões de como se preparar para o mesmo. Nos encontros também são realizados todos os exames de rotina, que na mesma hora obtidos os resultados é lançado no sistema digital, ficando disponíveis as informações da parturiente, caso necessário consulta posterior.

Essa rotina segue até o fim da gravidez, com disponibilidade também de cursos feitos para os casais grávidos, nos quais estes fazem visitas ao hospital junto com a enfermeira, recebendo todas as orientações do que irá acontecer no dia do parto e principalmente como será o papel do pai no nascimento. O homem tem um papel fundamental no processo, pois participa ativamente do parto, agindo como uma “doula”, pessoa que ajuda no dia com a respiração, movimentos, massagens, além de ajudar a puxar o bebe e cortar o cordão umbilical, tarefa esta muito simbólica para o casal.

O respeito à vontade do casal, a orientação à realização do parto normal , o cuidado na relação enfermeira – gestante entre outros quesitos fazem da Suécia um país a frente com relação aos conceitos de humanização do pré-natal e nascimento.

6.2 - O CUIDADO OBSTÉTRICO NA SUÉCIA - A

IMPORTÂNCIA DO PAI

(38)

6.3 - O JAPÃO E AS CASAS DE PARTO

No início desta pesquisa sobre o atendimento pré-natal e o cuidado com a mulher grávida, o autor identificou as Casas de parto como instituições que se assemelham à proposta deste projeto, visto que procuram resgatar o parto como um processo natural e , além disso, fazem todo um trabalho de assistência pré-natal diferenciado para preparar a gestante.

As Casas de Parto surgiram no Japão após o fim da Segunda Guerra Mundial, pois com a promulgação da nova Constituição Japonesa, com muita influência americana, os partos que eram realizados na casa da própria gestante não poderiam mais existir. Desta forma, as enfermeiras obstétricas que realizavam estes partos domiciliares ficaram desempregadas e reinvidicaram ao governo japonês que pudessem transformar suas próprias casas em centros de parto.

Os governantes atenderam tal solicitação e, por tal motivo, começaram a surgir inúmeras casas de parto, muito comuns até os dias de hoje neste país. É interessante ressaltar que, no Japão, o leque de opções para a gestante ter seu filho é grande, com muitas possibilidades de escolha, sendo todas elas pagas pela própria cliente, ou seja, no Japão, as instituições governamentais não prestam assistência gratuita na área de obstetrícia pelo fato de a gestação e parto não serem considerados doenças.

As Casas de Parto se caracterizam por privilegiar sempre o bem estar da parturiente e do seu recém-nascido, respeitar o processo fisiológico do parto, utilizar a tecnologia de forma apropriada e incentivar a presença dos acompanhantes, entre outros aspectos.

(39)

No Brasil , as casas de parto já foram regulamentadas pela SUS em 1999, e são chamadas pela portaria do Ministério Da Saúde que as criou de Centros de parto Normal. Infelizmente ainda há muito preconceito relacionado a estas instituições, pois muitas vezes operam sem a presença de um médico obstetra, causando receio de muitas pessoas.

De forma geral, este projeto muito pode aproveitar conhecendo o funcionamento desta tipologia que tem dado certo em muitos países, principalmente com relação aos conceitos utilizados nestes estabelecimentos. Apesar de distinguirem-se em certos pontos, como por exemplo a presença do médico – fundamental na rede proposta neste projeto -, além da proporção e complexidade, visto que a pretensão é criar módulos extremamente equipados para um bom funcionamento de todo o processo gestacional, começando com todo suporte para o pré-natal, realizando diferentes possibilidades de partos naturais e, por fim, garantindo o apoio à parturiente e ao recém nascido, enquanto as casas de parto operam em estabelecimentos menores e com apenas o suporte básico.

O que vale ressaltar é que tanto nestas instituições, quanto na rede proposta por este projeto, é oferecido um cuidado humanizado, que inclui relações profissionais/clientes, procedimentos técnicos, estrutura do serviço e relacionamento da equipe de profissionais. O produto final positivo destes itens resulta em uma assistência integral, com respeito à individualidade do ser humano considerando sua inserção social, sua bagagem cultural, suas crenças, valores e estilo de vida. Na esfera do parto e nascimento propriamente ditos, existem alguns tópicos considerados essenciais à assistência. Enfatiza-se a importância do respeito à evolução fisiológica do parto, à individualidade da mulher, considerando-a como um ser com considerando-atributos físicos, sociconsiderando-ais e emocionconsiderando-ais e considerando-a visuconsiderando-alizconsiderando-ação do pconsiderando-arto como um evento da mulher e de sua família, no qual seja possível estar com a pessoa que se deseja no momento do parto.

(40)

7 - ATRIBUTOS ESPACIAIS

Como minha proposta se trata de uma rede de projetos, nos quais apenas um dos módulos será detalhado na fase posterior, faz-se necessário relatar os atributos espaciais tanto dos locais possivelmente escolhidos para a rede projetada, quanto dos espaços interiores e qualidades necessárias ao mesmo.

(41)

7.1 - DOS POSSÍVEIS TERRENOS

a escolha dos terrenos será realizada na próxima etapa do trabalho, no entanto, é possível descrever desde já as qualidades que serão levadas em consideração para a escolha dos mesmos.

A proposta, como já citado anteriormente, trata-se de uma Rede de Centros de atendimento ao ciclo gravídico puerperal. A idéia é trabalhar em rede uma vez que, desta forma, poderia atender a toda população da cidade de Florianópolis de uma forma que incluísse e facilitasse a todos, considerando as diferentes regionais de Saúde estabelecidas pela Secretaria Municipal e, a partir de algumas estratégias, definir a quantidade necessária de módulos necessários para suprir a real necessidade da população.

Um dos fatores primordiais seria o acesso, pois quando se trata de uma população que utiliza a rede pública , há de se considerar o percurso que os mesmos farão, fazendo o possível para facilitar o mesmo. Para isto, serão escolhidos terrenos de fácil acesso, de preferência próximos aos terminais da rede de transporte pública municipal e sem muitas barreiras ou empecilhos diversos, tais como relevo acidentado, devido ao cuidado e à peculiaridade que se deve ter com a população usuária destes centros.

Outro fator levado em consideração é a população existente em cada uma das regionais, pois juntamente com o quantitativo de mulheres grávidas durante um ano nestas áreas da cidade, poderei estabelecer a quantidade de centros necessários para uma rede coerente e completa.

Ainda como fator de importância para escolha dos terrenos, destaco a proximidade a hospitais ou centros de saúde em geral da estrutura pública já existente, facilitando uma rede de complexidade e criando centros interligados e destinados a uma mesma ou semelhante função.

(42)

7.2 - DO PROJETO ARQUITETÔNICO

uma das maiores preocupações ao se desenvolver um projeto arquitetônico de edifícios relacionados à saúde é o conforto ambiental. As questões relacionadas à temperatura, à iluminação e à acústica devem ser devidamente pensadas para obter-se um espaço com qualidade. Numa edificação destinada ao cuidado de um período tão delicado, e que acima de tudo inicia-se a vida de seres humanos, deve-se aproveitar da melhor forma possível os atributos arquitetônicos que tragam uma boa eficiência de todos estes quesitos.

O aproveitamento da luz natural e do direcionamento dos ventos existentes, a utilização de artifícios para amenização de ruídos e a escolha das aberturas de forma que facilitem a troca de ar e ventilação são algumas das soluções bioclimáticas que serão levadas em consideração no andamento do projeto.

Além disso, os espaços devem ser pensados de forma que a gestante se sinta confortável e que se identifique com estes ambientes projetados para seu bem estar. É claro que toda a questão colocada anteriormente se relaciona com este bem estar, porém não só questões ligadas a conforto ambiental são responsáveis por isto, podendo-se colocar também a criação de espaços amplos, pés-direitos altos, a utilização correta e descontraída de cores e também o mobiliário escolhido para compor os espaços internos.

Ainda relacionado aos ambientes, deve-se pensar na flexibilidade dos mesmos, tamanha a relação de atividades que devem ser desenvolvidas nos centros, garantindo que um mesmo espaço possa abrigar diferentes funções. O contato com a natureza e com os espaços externos também ajudará as gestantes a alcançarem o grau de satisfação desejado e as façam vivenciar todo o processo de forma absoluta e diferenciada.

(43)

7.1 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao me envolver com a questão do processo gestacional e das políticas públicas relacionadas ao mesmo, pude conhecer e perceber uma luta bastante forte de pessoas envolvidas com o tema para implantação de novos conceitos e aprimoração do sistema de saúde oferecido.

Nota-se que apesar dos esforços dos profissionais e dos planejadores das políticas públicas, a cobertura da atenção pré-natal não é satisfatória e o processo não reconhecido com a importância que deveria. Os critérios mínimos instituídos pelo PHPN não são cumpridos pela maioria dos estados cadastrados no programa; os índices de mortalidade materna, como visto anteriormente, ainda são altos; o atendimento não respeita o princípio de integralidade proposto pelo SUS; e , sobretudo , a atenção humanizada, fundamentada no respeito à dignidade humana, na competência relacional técnica, na responsabilidade social e no compromisso com o outro, não é efetiva.

No município de Florianópolis, o programa preconizado atende às prerrogativas determinadas pelo Ministério da Saúde e da maioria dos padrões internacionais. Mesmo assim, é possível perceber uma falta de gerenciamento das chefias, resultando na não integração dos setores, desconhecimento das rotinas e falta de comunicação entre os diferentes níveis de atenção. Não há reciclagem dos profissionais que atuam na rede, favorecendo condutas desatualizadas e falta de motivação dos mesmos.

A mulher sabe que necessita de controle da sua saúde durante a gravidez, mas desconhece muitas vezes o real valor desse cuidado, fazendo-a não vivenciar o processo de forma intensa e feliz. Assim sendo, fica clara a necessidade de capacitar esta mulher no que diz respeito à gravidez, ao trabalho de parto e ao parto, ampliando as possibilidades e informando sobre os cuidados necessários, permitindo a integração dela e da família ao processo da gestação e do nascimento e desta forma, garantir a humanização da atenção.

Com relação a novas possibilidades, deve-se valorizar a subjetividade e sensibilidade, pois estamos tratando diretamente com seres humanos e, acima de tudo, com o início da vida. A participação no cuidado e na gestão, a reinvenção de possibilidades antigas, a disponibilidade para com o outro e o respeito ético no agir podem se constituir em algumas das perspectivas para melhorar a atenção à mulher no período gestacional.

Minha proposta de uma rede de centros humanizados do ciclo gestacional visa a uma complementação da estrutura já existente, através de todo um aparato que pretendo incluir no projeto arquitetônico de forma que, acima de tudo, devolva à mulher o protagonismo deste processo, deixando-a preparada, satisfeita e feliz.

(44)

Referências

Documentos relacionados

Produtos e sistemas para a protecção e reparação de estruturas de betão –. Sistemas de protecção superficial do

A placa EXPRECIUM-II possui duas entradas de linhas telefônicas, uma entrada para uma bateria externa de 12 Volt DC e uma saída paralela para uma impressora escrava da placa, para

Podemos então utilizar critérios tais como área, arredondamento e alongamento para classificar formas aparentadas a dolinas; no processamento digital de imagem, esses critérios

A lei natural é imutável em seus primeiros princípios. O direito natural, imanente à natureza humana, independe do legislador humano. As demais normas, construídas pelos

1 - Específicos: conforme orientação da Vigilância Epidemiológica (isolamento viral ou sorologia).. 2 - Inespecífico: Hemograma com contagem de plaquetas (auxiliar

Conforme a classificação de risco, diante de um caso suspeito de febre de Chikungunya, o hemograma deve ser solicitado à critério médico para as formas brandas da doença e

- Sugestiva de estar relacionada à infecção congênita por STORCH: caso notificado como microcefalia E que apresente diagnóstico laboratorial específico e conclusivo para

-Não utilizar AINH (Anti-inflamatório não hormonal) ou Aspirina (acido acetilsalicílico) na fase aguda, pelo risco de complicações associados às formas graves de