ANDRÉ
GIACOMELLI LEAL
XANTOGRANULOMA
JUVENIL SOLITÁRIO
EM
SEIO
CAVERNOSO
Trabalho apresentado
àUniversidade
Federal
de Santa
Catarina,para
a conclusãodo Curso
de
Graduação
em
Medicina.Florianópolis
Universidade Federal
de Santa
Catarina
2004
ANDRÉ
GIACOMELLI LEAL
XANTOGRANULOMA
JUVENIL SOLITÁRIO
EM
SEIO
CAVERNOSO
Trabalho apresentado
àUniversidade
Federal
de Santa
Catarina,para
a conclusãodo
Curso
de
Graduação
em
Medicina.
Presidente
do
Colegiado: Professor
Edson
José
Cardoso,
MD, PhD
Orientador:
Professor
Marcelo Neves
Linhares,
MD
Co-orientadores:
Antônio César de
Melo
Mussi,
MD
Professora Daniella
SerafinCouto
Vieira,MD
Florianópolis
Universidade Federal
de Santa
Catarina
2o¿¿£¶
Leal, André Giacomelli.
Xantogranuloma juvenil solitário em seio cavernoso / André Giacomelli Leal. Florianópolis, 2004.
29p.
Trabalho apresentado à Universidade Federal de Santa Catarina,
para conclusão do Curso de Graduação em Medicina.
Título
em
inglês: Solitary cavernous sinus juvenilexanthogranuloma.
AGRADECIMENTOS
A
Deus, pela oportunidade queme
concedeu, iluminando omeu
caminho.Aos
meus
pais, VilmarManoel
Leal e Ligia Giacomelli Leal, pela dedicação, amor,incentivo e confiança depositada
em
minha
pessoa.Aos
orientadores deste trabalho, Professor MarceloNeves
Linhares, Antônio César deMelo
Mussi e Professora Daniella Serafin Couto Vieira, pela amizade e atenção dedicada.Aos
mestres e queridos amigos, Professor Paulo Norberto Discher de Sá,Alan
LuizÉckeli, Fabiola Dash, Katia Lin e Kelton Stivenson Mignoni, pelos ensinamentos providos
durante
minha
formação profissional.A
Gabriela Di Giunta e Alexandre Studzinski de Souza,minha
admiração pelo aprendizado e auxílio na realização deste trabalho.Ao
Professor João Carlos Xicota, responsável por despertarmeu
interesse pela área daneurociência.
A
todas as pessoas que contribuem, deuma
maneira ou outra, para omeu
crescimentocientífico.
RESUMO
Introdução.
O
xantogranuloma juvenil (XGJ) éuma
desordem causada pela proliferação de célulashistiocitárias e pertence ao grupo das histiocitoses não células de Langerhans.
A
forma cutânea é aapresentação mais freqüente e é caracterizada por lesões pápulo-nodulares de localização única ou
múltiplas, benignas e auto-limitadas.
Acometem
principalmente as regiões da cabeça, pescoço etronco.
A
manifestação extra-cutânea é rara. Geralmente apresenta-se na infância, sendoincomum
o aparecimentoem
adultos. Neste trabalho, relatamosum
caso de Xantogranuloma Juvenilem
pacienteadulto,
com
lesão única e intracraniana. Objetivo. Descrever os aspectos clínicos, cirúrgicos, morfológicos e evolutivos deum
caso de Xantogranuloma Juvenilem
seio cavemoso.O
trabalhoainda inclui revisão da literatura sobre o assunto. Método.
Os
dados foram obtidos a partir daconsulta ao prontuário do paciente, disponibilizado pela clínica e hospital nos quais o
mesmo
foiatendido. Relato de caso: J.M., 29 anos, branco, masculino, natural e procedente de São João
Batista, Santa Catarina, referia
uma
história de 5 mesescom
diminuição progressiva da sensibilidadedo lado direito da face e cefaléia holocraniana.
Ao
exame, observou-se hipoestesia restrita aoterritório do ramo maxilar do nervo trigêmio à direita.
Ao
exame
deRNM
de crânio observou-seuma
lesão hipercaptante expansiva para-selar à direita, envolvendo o nervo trigêmio.
Os
aspectos clínicose imagenológicos foram compatíveis
com
schwannoma
do trigêmio.Com
este quadro, foi indicadaressecção cirúrgica do tumor.
A
conclusão doexame
anatomo-patológico e do estudoimunohistoquímico foi de Xantogranuloma Juvenil. Atualmente, o paciente encontra-se no 16°.
mês
de pós-operatório,sem
recidiva pelaRNM
até o momento. Discussão.O
XGJ
pode acometer qualquer órgão, porém raramente éuma
lesão primariamente cerebral e isoladada. Encontramos apenasum
caso na literatura deXGJ
ocupando o seio cavemoso.No
nosso caso, assimcomo
no
previamente descrito, não foram encontradas alterações
em
outros órgãos, sendo o comprometimento doSNC
isolado.O
diagnóstico inicial clínico e radiológicoem
ambos
os casos foi deschwannoma
dotrigêmio.
O
diagnóstico definitivo se deu através dos estudos anátomo-patológico eimunohistoquímico.
Palavras-chave: xantogranuloma juvenil, seio cavemoso, histiocitose.
SUMMARY
Introduction. Juvenile Xanthogranuloma (JXG) is a disorder caused by the proliferation of
histiocytic cells and belongs to the group of the non-Langerhans cells Histiocytosis.
The
cutaneousform is more
common
and is characterized by papule-nodular lesions in single or multiple locations,which are benign and self-contained. They principally attack the head, neck and chest. Extra- cutaneous manifestation is rare. It is generally found in infancy, and not
common
in adults. This studyreports a case of
JXG
in an adult patient, with a single and intra-cranial lesion. Objective. Describethe clinical, surgical, morphological and evolutive characteristics of a case of
JXG
in thecavemous
sinus. The
work
also includes a review of the literature about the issue.Method. The
datawas
obtained from a consultation of patient records, available at the clinic and hospital at which the
patient was treated.
Case
report. J.M., a 29-year-old, white native and resident of São João Batista,Santa Catarina, indicated that for five months he had progressive loss of sensibility on the right side
of his face and headache. Examination revealed hipostesia restricted to the terrítory of the maxillary
division of the right trigeminal nerve. The
MRI
exam
of the skull noted a contrast enhanced para-selar lesion, involving the trigeminal nerve on the right side.
The
clinical and imaginological factorswere compatible with trigeminal neuroma. With this condition, surgical resection of the tumor
was
indicated. The conclusion of the anatomical-pathological and immunohistochemical studies found
JXG.
The patient isnow
in the l6“' month of post-op, apparently without recidivism determined byMRI.
Discussion.XGJ
can attack any organ, although rarely is a lesion primarily cerebral andisolated.
We
found only one case in the literature ofXGJ
occupying thecavemous
sinus. In our case,as in the literature, no alterations were found in other organs, except the
CNS. The
initial clinical andradiological diagnosis in both cases was of trigeminal neuroma. Nevertheless, the definitive diagnosis
was
made
through the anatomical-pathological and immunohistochemical studies.Key-words:
juvenile xanthogranuloma,cavemous
sinus, histiosytosis.LISTA
DE
FIGURAS
Figura 1. Ressonância nuclear magnética de crânio
em
corte sagital ponderadoem
Tl, pós-contraste endovenoso, evidenciando lesão hipercaptante
em
região para-selar àdireita ... .. ll
Figura 2. Ressonância nuclear magnética de crânio
em
corte axial ponderadoem
Tl, pós-contraste endovenoso, evidenciando tumor hipercaptante
em
região para-selar àdireita ... .. 12
Figura 3. Ressonância nuclear magnética de crânio
em
corte coronal ponderadoem
Tl, pós-contraste endovenoso, evidenciando tumor hipercaptante
em
região para-selar à direita (setavermelha) ... .. 12
Figura 4. Visão cirúrgica da via de acesso por craniotomia frontotemporal à direita. Exposição
da dura-máter cobrindo a fissura silviana, após
remoção
da calota óssea ... .. 13Figura 5. Visão cirúrgica do tumor
(TU)
envolvendo os ramos maxilar e mandilbulardo
nervotrigêmio. Visualizam-se o processo clinoideo anterior (CA), a fissura orbitária superior
(POS) e a dura-máter
(DM)
... .. 14Figura 6. Preparação anatômica do seio cavemoso,
com
sua parede lateral aberta. Visualizam-se os nervos ofiálmico (Vl), maxilar (V2) e mandibular (V3), o processo clinoideo anterior(CA), o gânglio de Gasser
(GG)
e a dura-máter(DM). Comparar
com
a figura anterior ... .. 14Figura 7. Visão cirúrgica pós-ressecção
do
tumor, preservando oramo
oftálmicodo
nervotrigêmio. Visualizam-se o processo clinoideo anterior (CA), a fissura orbitária superior
(POS) e o poro trigeminal (PT) ... .. 15
Figura 8. Fotomicrografia de
um
corte histológico do tumor mostrando a presença deum
granu|0ma.(4ox
HE)
... _. 16Figura 9. Visão microscópica de
um
corte do tumor mostrandoum
granuloma e várias célulashistiocitárias.
(l00X
HE)
... .. l6-Figura 10. Vista microscópica de
um
corte histológico do tumor mostrando a presença dehistiócitos xantomatosos (setas).
(400X
HE)
... .. 17Figura 11. Fotomicrografia de
um
corte histológicodo
tumor mostrando células histiocitáriasxantogranulomatosas.(40OX
HE)
... .. 17Figura 12. Visão microscópica de células histiocitárias xantogranulomatosas e células gigantes
de
T
outon (setas).(400X
HE)
... .. 18Figura 13. Fotomicrografia de
um
cortedo
tumor mostrandouma
célula gigante de Touton(seta).
(400X
HE)
... .. 18Figura 14. Fotomicrografia mostrando células tumorais imunonegativas à proteína S-100
(estudo imunohistoquímico). (400X) ... _. 19
Figura 15. Visão microscópica de células tumorais fortemente imunopositivas para o marcador h¡sfi0¢i¢âri0x111a(40ox) ... _. 19
Figura 16. Ressonância nuclear magnética de crânio
em
corte coronal ponderadoem
T1, pós- ressecção tumoral, mostrando a presença de conteúdo que apresenta hipersinal, compatívelcom
material cirúrgico de inclusão.Não
se evidencia sinais de resquícioou
recidivatumoral ... ..
20
Figura 17. Ressonância nuclear magnética de crânio
em
corte axial ponderadoem
T1, pós- ressecção tumoral, mostrando ausência de sinais sugestivos de resquícioou
recidivatumoral ... .. 21
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
... ..REVISÃO
DA
LITERATURA
... .. 2.1. Revisão Histórica ... ._ 2.2. Conceito ... .. 2.3. Características Clínicas ... .. 2.4. Epidemiologia ... .. 2.5. Etiologia ... .. 2.6.Achados
Microscópicos ... .. 2.7. Diagnóstico Diferencial ... .. 2.8. Diagnóstico Definitivo ... _. 2.9. Tratamento ... .. 2.10. Prognóstico ... ..OBJETIVO
... ..MÉTODOS
... .. 4.1. Local ... .. 4.2. Período ... ._ 4.3. Responsável ... .. 4.4. Material ... .. 4.5. Delineamento da Pesquisa ... ..RELATO
DE CASO
... .. 5.1. História ... .. 5.2. Cirurgia ... .. 5.3.Achados
Macroscópicos e Microscópicos 5.4. Pós-Operatório ... ..DISCUSSÃO
... ._NORMAS
ADOTADAS
... ..REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
1.
INTRODUÇÃO
O
Xantogranuloma juvenil(XGJ)
é Lunadoença
caracterizada pela proliferaçãode
células histiocitárias, pertencente ao grupo das histiocitoses
não
células de Langerhans.A
fonna
cutânea é a apresentação mais freqüente e é caracterizada por lesões nódulo-papulares de coloração vermelho-amarelada, quepodem
variar depoucos
milímetros amais
de 1 cm.*São
de localização únicaem
aproximadamente
75%
doscasos.”
As
regiões mais acometidassão a cabeça, o pescoço e o tronco.
A
manifestaçãona forma
sistêmica é rara.2Segundo Saénz
et al.,' a fonna extra-cutâneado
XGJ
pode
ocorrerem
5 a10%
dos casos.O
acometimento
deórgãos tais
como
olhos, orofaringe, pulmão, fígado, baço e sistema nervoso central(SNC)
jáforam relatados
na
literatura.2'5'°'7*8'9"°O
presente relato trata demn
caso deXantogranuloma
Juvenilcom
lesão únicalocalizada
no
seio cavemoso.É uma
forma
de apresentaçãoextremamente
rara epouco
encontrada na literatura.
Extensa revisão demonstrou sete casos de
XGJ
com
lesões únicas intracerebrais eextra-ventriculares publicados na literatura, sendo que
somente
foi encontradoum
relato deXGJ
como
lesão solitária situadano
seio cavemoso.Discutiremos, a seguir, as características anatômicas e morfológicas desta entidade,
tanto na sua fonna mais freqüente (fonna cutânea), quanto
na
sua apresentaçãoincomum
(forma intracraniana), assim
como
sua etiologia, que aindapermanece
incerta.A
evoluçãoclínica e as modalidades diagnósticas e terapêuticas serão discutidas
conforme
dados2
2.
REVISÃO
DA
LITERATURA
2.1.
Revisão
Histórica
Em
1905,Ada1nson“
relatou pela primeira vezum
caso deXGJ em
uma
criança de duassemanas
de vida, que desenvolveunumerosas
pápulas amareladasna
pele, tendodenominado
a entidadecomo
Xantoma
Congênito Múltiplo.Em
1912,McDonough”
apresentou cinconovos
casos erenomeou
a condição de Nevoxantoendotelioma,mesmo
não
existindo nenlnuna correlação
com
nevo ou
células endoteliais. Pela primeira vez,em
1937,Lamb
e Lain“ relatarammn
pacientecom
lesões semelhantes às descritas porMacDonough,
porém
de localização visceral.Somente
em
1954, porHelwig
eHackney,“
foi definido onome
de Xantogranuloma, refletindo a aparência histológica e a origem fibrohistiocítica doscomponentes
lesionais.Desde
então, surgiram ván`os relatos sobre o assunto.2.2.
Conceito
O
XGJ
éuma
doença pertencente aogmpo
das histiocitoses, as quaisenglobam
um
conjunto de transtomos proliferativos caracterizados pela proliferação de duas linhas celulares
provindas dos histiócitos.
A
primeira écomposta
pelas células dendríticas,também
denominadas
células apresentadoras de antígenos, e incluem as células de Langerhans e os dendrócitos dérmicos.2Y'5A
outra linha celular é representada pelos monócitos-macrófagos,também
conhecidoscomo
células fagocitárias.A
classificação das histiocitoses se baseiana
linha celular proliferada.
Quando
há a proliferação das células dendríticas,temos
uma
condição
denominada
de histiocitosedo
tipo I, de células de Langerhansou
histiocitose X.Quando
os monócitos-macrófagos são as células acometidas,temos
achamada
histicitosedo
tipo II, não-células de Langerhans
ou
histiocitose não-X.2¬'°A
classificação ainda inclui ogrupo das histiocitoses
do
tipo IIIou
histiocitoses Malignas, que são considerados verdadeiros3
A
separação das histiocitosesem
grupos específicos só foi possível recentemente,com
a identificação de marcadores celulares através denovos métodos
laboratoriais(Imunohistoquímica e Microscopia Eletrônica). Atualmente, sabe-se
que ambas
as linhagens histiocitárias apresentamimunomarcação
ao fator XIIIa,porém
somente as células dendríticasexpressam a proteína S-100 e o antígeno de superfície
CD1
à imtmohistoquímica, emostram
grânulos de Birbeck à microscopia eletrônica."2°"
O
termo juvenil foi adicionado aoXantogranuloma
de origem histiocitária, devido a sua maior freqüênciaem
crianças.'*°É
importante ressaltar que existem oschamados
xantogranulomas adultos.
Embora
possuam
identidade histológica diferente, a diferenciaçãoentre xantogranuloma juvenil e adulto é complexa. Esta se faz através dos estudos
imunohistoquímico e microscopia óptica.
Nos
xantogranulomas adultos encontra-seuma
maior quantidade de células gigantes e
um
maior infiltrado celular inflamatório. '82.3.
Características
Clínicas
O
XGJ
pode
se manifestar através de duas formas: cutânea e extra-cutânea.A
forma
cutânea é a apresentaçãomais
freqüente e se caracteriza por lesões nódulo-papulares de coloração vermelho-amarelada, indolores e não pruriginosas.
Seu tamanho pode
variar de poucos milímetros a mais de l cm.'
São
únicasem
aproximadamente
75%
dos casos.As
regiões mais acometidas são a cabeça, o pescoço e o tronco. “ZA
forma
extra-cutânea,ou
sistêmica, ocorreem
5 a10%
dos casos.'Segundo Saénz
et al.,' o acometimento profundosem
lesões cutâneas ocorrenuma
porcentagemmenor
que
5%.
O
envolvimento de órgãos taiscomo
olhos, orofaringe, pulmão, fígado,baço
e sistemanervoso central já
foram
relatadosna
literatura.2*3'5¬""7~* Dentre esses, o local mais acometido é o olho.2,'°'2°~2'As
lesõespossuem
características variadas epodem
se manifestar clinicamenteou
serem apenas achados clínicos
ou
imagenológicos.A
lesão intracerebral,como
todotumor
intracerebral, manifesta-se de duas maneiras
não
necessariamente exclusivas.Uma
consisteem
sinais e sintomasnão
focais deaumento da
pressão intracraniana, taiscomo
cefaléia,náuseas e vômitos; a outra,
em
sinais e sintomas de disfunção cerebral focal,como
4
2.4.
Epidemiologia
A
histiocitose de células de Langerhans (histiocitoseX)
é a histiocitose sistêmicamais freqüente. Dentre as histiocitoses não-células de Langerhans, o
XGJ
é a enfennidade mais comLun,"2'3porém
a sua real incidência é desconhecida."Acomete
crianças de até 2 anosde idade, sendo
70%
durante o primeiro ano de vida.” Cerca de 5 a20%
se apresenta aonascimento.”
Em
10 a15%
dos casos, 0XGJ
pode
acometer adolescentes e,menos
freqüentemente, adultos."3""
Em
crianças, notou-se a predominânciano
sexo masculino,2~2°numa
proporção variando de 1,5:1° a 4:1“.Não
há
predileção pelo sexoem
adultos.Ӄ
10vezes
mais
freqüenteem
indivíduos brancos/caucasianos,porém
pode
ocorrerem
todas asetnias.°"°
Não
foram
observados relatos de casos de incidência familiarda
doençaf*2.5.
Etiologia
A
etiologiado
XGJ
é ainda incerta.”Não
há
consenso sobre a natureza neoplásicaou
inflamatória desta entidade?
A
hipótesemais
aceita sugereum
defeito da imunorregulaçãocomo
fator indutor deuma
reação granulomatosacom
predomínio histiocitário,como
respostaa determinado estímulo
também
ainda não determinado.”Não
foi descrito transtornometabólico subjacente e o cariótipo dos pacientes não exibe alterações específicas.'
A
relação entreXGJ
e neurofibromatosedo
tipo 1 é documentada.3~°~'° Outrasalterações
como
leucemia mielóide crônica juvenil,°¬'°'2“ urticária pigmentosa” e infecção pelocitomegalovirus”
também
foram relatadasem
associação aoXGJ.
2.6.
Achados
Microscópicos
As
lesõesdo
XGJ
se caracterizam pela proliferação de células histiocitáriasmonomórficas,
com
citoplasma ricoem
lipídios.Com
a evoluçãoda
lesão, nota-seum
infiltrado granulomatoso misto
composto
de histiócitos, neutrófilos, eosinófilos, linfócitos.As
lesões
maduras
podem
exibir a presença de células espurnosas, células gigantesdo
tipo corpoestranho e células gigantes de Touton. Essas últimas
possuem
um
citoplasma ricamente5
Quando
presentes, as células de Touton são patognomônicasdo
XGJ.”
Em
lesões antigas, a presença decomponente
fibroplásico écommn'
Diferentemente das histiocitoses de células de Langerhans, o estudo
imunohistoquímico das células histiocitárias
no
XGJ,
em
geral, não demonstra reatividade àproteína S-100 e ao antígeno
CD1a,
embora
demonstre imunopositividade para os marcadoreshistiocitários
CDl1c, CD68,
HAM56, HAM45,
catepsina B, fator XIIIa, vimetina,KiMlp,
lisosima, entre outros.'°~23'27
Apesar
disto,há
relatos contrários: Freyer et al.,2em
1996, descreveram a expressãodo
antígenoCD1
na
superfície de células deXGJ
e,em
1998,Tomaszevski
et al.,28 relataram a expressãoda
proteína S-100 nas células deum
XGJ.
2.7.
Diagnóstico
Diferencial
Várias doenças
devem
ser consideradasno
diagnóstico diferencial deXGJ em
suaforma
cutânea.As
doenças pertencentes ao grupo das histiocitoses de células de Langerhans edas histiocitoses malignas
podem
ser diferenciados através dos estudos anátomo-patológico,imunohistoquímico e por microscopia eletrônica.
O
xantogranuloma disseminado, ahistiocitose cefálica benigna e o histiocitoma eruptivo generalizado, que
fazem
parteda
mesma
classe histiocitáriado
XGJ,
podem
ser diferenciados muitas vezes pela clínica, jáque
possuem
omesmo
substrato anátomo-patológico e imunohistoquímico.O
xantoma
tuberoso, diferentementedo
XGJ,
aparece somente nos estados hiperlipêmicos e é histologicamente caracterizado pela proliferação Lmiforme de células fagocitáriascom
um
grandeacúmulo
intracelular de lipídios. Outras lesões
como
nevo
dérmico, quelóides, tumores deanexo
equeratoacantoma
também
podem
ser considerados.'6"°Nas
formas sistêmicas, o diagnóstico diferencial depende do(s) órgão(s) acometido(s),podendo
englobaruma
grande variedade de enfermidades.2.8.
Diagnóstico
Definitivo
O
diagnóstico mediante oexame
anátomo-patológico é confirmatóriosomente
quando forem
evidenciadas as células gigantes deT
outon. Porém,em
muitos casos, os6
estudos imunohistoquímico e por microscopia eletrônica são cruciais para o diagnóstico
definitivo.2°
Devido
a ambigüidade de expressão antigênica citada anteriomente, o diagnósticodefinitivo de
XGJ
é através microscopia eletrônica, na qualnão
se observa os elementosultraestruturais especificos das células de Langerhans,
chamados
grânulos de Birbeck.”2.9.
Tratamento
Pode-se realizar a excisão
do tumor
por razões estéticasou
para determinar odiagnóstico.
O
tratamento cirúrgico das lesões sistêmicas é individualizado,dependendo do
órgão acometido,
do
número
de lesões, das comorbidades associadas eda
interferênciacom
asfimções
vitais.32.10.
Prognóstico
Conceitualmente, o
XGJ
éuma
doença auto-limitada e benignafque
tende a regredirespontaneamente
em
poucos anosf*A
evolução dos casos deXGJ
com
envolvimentosistêmico é mais agressiva, principalmente naqueles
acometendo
oSNC.”
Freyer et al,2em
1996, concluíram que os pacientes
com
acometimento extra-cutâneo apresentarammaior
morbi-mortalidade.
7
3.
OBJETIVO
Este trabalho
tem
como
objetivo descrever os aspectos clínicos, cirúrgicos,morfológicos e evolutivos de
um
caso deXantogranuloma
Juvenilem
seiocavemoso.
O
8
4.
MÉTODOS
4.1.
Local
O
ambiente de pesquisa inclui o ambulatórioda
Clínica NeurocirúrgicaNeüron
e oInstituto de Diagnóstico
Anátomo
Patológico (IDAP),ambos
situados aRua Menino Deus
s/n°., anexo ao Hospital de Caridade,
em
Florianópolis, Santa Catarina, o Centro Cirúrgico e osetor de arquivos médicos dos pacientes
do
HospitalGovemador
CelsoRamos
(HGCR),
em
Florianópolis.
4.2.
Período
Os
dados foram obtidos a partirdo
ano de2002
e foi até omês
de janeirodo ano
corrente.
4.3.
Responsável
O
autor obteve a partirdo
prontuáriomédico
as seguintes informações: história clínica,exame
fisico eexames
complementares (pré e pós-operatório) e foi responsávelem
organizar e relatar os dados obtidos.V
4.4.
Material
Foram
obtidos os dados de história clínica eexame
ñsico pré e pós-cirúrgicosdo
prontuáriomédico do
paciente da Clínica Neurocirúrgica Neüron.Os
dados cirúrgicos, assimcomo
os dadosdo
pós-operatório, foram obtidos através dos registrosde
cirurgiaque
seencontravam junto ao prontuário do paciente
no
HGCR
e por infonnações obtidascom
omédico
cirurgião responsável.Os
resultados deexame
laboratoriais solicitados ao paciente9
locais.
Os
exames
deimagem
foram fotografadoscom
a utilização decâmera
digital Sony,modelo Mavica
FD87
e resolução de640
X
480
megapixels.O
estudo anátomo-patológico foi analisado pelo autor através de informações obtidas diretamenteno
localonde
foi realizado(IDAP).
O
tecidofixado
em
formol e incluídoem
parafina
foi enviado peloIDAP
aoLaboratório
AMPACIT, em
São
Paulo, para realizaçãodo
estudo imunohistoquímico.As
fotografias das lâminas dos estudos anátomo-patológico e imunohistoquímico
foram
obtidas pelacâmera
Meijí Techno,modelo
CK3600.
4.5.
Delineamento
da
Pesquisa
Estudo observacional, descritivo, invertido, não controlado e individual. Trata-se de
10
5.
RELATO
DE
CASO
5.1.
História
J .M.,
29
anos, branco, masculino, natural e procedente deSão
João Batista, SantaCatarina, referiu história de 5
meses
com
diminuição progressivada
sensibilidadedo
ladodireito da face. Concomitantemente, relatou cefaléia holocraniana eventual, de fraca
intensidade e de predomínio matutino.
Negou
outras queixas.Nos
antecedentes médicos,referiu queimadura
no
pescoçoem
região pré-auricular homolateral.A
história familiar eranegativa para dislipidemia, hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus e doenças de pele.
Ao
exame
físico geral, após extensiva investigação,não
foi observada a presença de lesõesou
erupções cutâneas.O
exame
neurológico evidenciou a presença de hipoestesia (global) restritaao território
do ramo
maxilar (V2)do
nervo trigêmio à direita.A
motilidade ocular estava preservada e as pupilas se apresentavam isocóricas e fotorreagentes.O
reflexocomeano
estava presente bilateramente.
Não
foram observadas fasciculaçõesou
atrofia dosmúsculos
masseter e temporal.
A
fundoscopia semostrou
sem
alterações e a acuidade visual foi de 20/20em
ambos
os olhos.O
estudo completo laboratorial, incluindohemograma,
eletrólitos, lipidograma, provas de coagulação, eletroforese de proteínas, funções hepática e renalforam
nonnais.O
eletrocardiograma, a série óssea e o
exame
oftalmológicotambém
foram
normais.Radiografia
de crânio e das regiões torácica e abdominal, assim
como
ultra-som abdominal, mostraram-sesem
alterações.A
ressonância nuclear magnética de crânio(RNM)
evidenciou a presença de lesão expansiva, sólida, extra-axial, de limitesbem
definidos econtomos
bocelados,envolvendo
o nervo trigêmio à direitaem
suas porções intra-cisternal pré-gangliônica e gangliônica,bem
como
seusramos
maxilar (V2) e mandibular (V3),com
aparente alargamentodo forame
ovalà direita. Esta lesão foi caracterizada por isossinal ao córtex cerebral
em
T1 e hiposinalem
T2, apresentando realce intenso ehomogêneo
após a injeçãodo
contrasteendovenoso
ll
TRA.
O
aspecto daimagem
sugeria tratar-se deschwannoma,
um
tumor
histologicamentebenigno, originado a partir das células de
Schwann
dos nervos cranianos.A
arteriografia seletiva das artérias carótidas interna e externa direitas, pela técnicade Seldinger modificada,
demonstrou
artérias carótida interna direita, cerebral anterior ecerebral
média
direitas apresentando trajetos e calibres habituais.Além
disso, notou-seausência de blush tumoral, fases capilar e venosa
sem
alterações e bifurcações arteriaisvisíveis e normais.
Figura l. Ressonância nuclear magnética de crânio
em
corte sagital ponderado em Tl, pós-contraste12
Figura 2. Ressonância nuclear magnética de crânio
em
corte axial ponderadoem
T1, pós-contraste endovenoso evidenciando tumor hipercaptanteem
região para-selar à direita.Figura 3. Ressonância nuclear magnética de crânio
em
cone coronal ponderado em Tl, pós-contrasteendovenoso, evidenciando tumor hipercaptante
em
região para-selar à direita (seta vermelha).13
5.2.
Cirurgia
O
paciente foi submetido a exérese neurocirúrgicado
tumor no
dia 18 de outubro de 2002.A
parede lateraldo
seiocavemoso
foi exposta através deuma
craniotomiafrontotemporal à direita, seguida
da
osteotomiado
osso zigomático (Figura 4). Observou-seque
otumor
era de aspectofirme
e acizentado e envolvia a região dosramos
maxilar emandibular
do
nervo trigêmio e gânglio de Gasser (Figura 5 e 6).Foram
utilizados aspiradorultra-sônico e técnicas microcirúrgicas para a
remoção
total da lesão (Figura 7).A
artériacarótida intema
não
foi exposta durante o procedimento cirúrgico.O
ato cirúrgico transcorreusem
incidentes.Figura 4. Visão cirúrgica da via de acesso por craniotomia fiontotemporal à direita. Exposição da dura-máter
14
Figura 5. Visão cirúrgica do tumor (TU) envolvendo os ramos maxilar e mandilbular do nervo niggmio à
direita. Visualizam-se o processo clinoideo anterior (CA), a fissura orbitária superior (FOS) e a dura-máter
(DM).
Figura 6. Preparação anatômica do seio cavemoso,
com
sua parede lateral aberta. Visualizam-se os nervosoftálmico (Vl), maxilar (V2) e mandibular (V3), o processo clinoideo anterior (CA), o gânglio de Gasser (GG)e a dura-máter (DM). Comparar corn a figura anterior. Imagem cedida gentilmente pelo neurocirurgião Antônio César de Melo Mussi.
15
Figura 7. Visão cirúrgica pós-ressecção do tumor, preservando o ramo oftálmico do nervo trigêmio. Visualizam-
se o processo clinoideo anterior (CA), a fissura orbitária superior (FOS) e o poro trigeminal (PT).
5.3.
Achados
Macroscópicos
eMicroscópicos
Foram
enviados cerca de 4gramas
detumor
fragmentado para estudoanátomo-
patológico e imunohistoquímico.
O
exame
macroscópicoda
peça mostrou tecidofirme
e decoloração acizentada.
Os
achados microscópicos evidenciaram proliferação de histiócitosxantomizados (Figuras 8, 9, 10 e ll), alguns multinucleados
com
caracteres de células deT
outon (Figura 12 e 13). Observaram-se ainda, linfócitos, plasmócitos e eosinófilos,além
deconsiderável
componente
de fibroplasia.O
estudo imunohistoquímico, realizado sobre o tecidofixado
em
formol e incluídoem
parafina, mostrou que as células tumoraisnão demonstraram
imunorreatividade à proteínaS-100 (Figura 14).
As mesmas
apresentaram positividade para os marcadores histiocitáriosCD68,
HAM56,
ot-l-antitripsina, catepsina B, lisosima e fator XIIIa (Figura 15).As
células16
Figura 8. Fotomicrografia de
um
corte histológico do tumor mostrando a presença de granuloma. (40XHE)
Figura 9. Visão microscópica de
um
cone do tumor mostrandoum
granuloma e várias células histiocitárias.17
Figura 10. Vista microscópica de
um
corte histológico do tumor mostrando a presença de histiócitosxantomatosos (setas). (400X HE)
Figura ll. Fotomicrografia de
um
corte histológico do tumor mostrando células histiocitárias18
Figura 12. Visão microscópica de células histiocitárias xantogranulomatosas e células gigantes de Touton
(setas). (400X I-IE)
19 <~ f_.z¬:_- --~ 'iv - › íâ, .› ä
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T
outon (seta) não marcadas pela proteína S-100 (estudoimunohistoquímico). (400X) 1:
aê
=f 5, z.. = _~ Is. P .fi.L
TuFigura 15. Visão microscópica de
mna
célula deT
outon (seta) fortemente imunopositiva para o marcador20
5.4.
Pós-Operatório
O
paciente queixou-se deum
aumento da
perda de sensibilidade da face.Ao
exame
neurológico, hipoestesia
em
território deV2,
associada a hipoestesiaem
território deV3
àdireita, déficit
na
abertura boca, dificuldade para mastigar alimentos sólidos à direita ecefaléia.
A
tomografia computadorizadado
crânio, realizadano
dia anterior a alta hospitalar(1 1°. dia de pós-operatório), evidenciou área temporo-insular direita de vat (valor de
atenuação) reduzido,
mal
definida,com
leve efeito expansivo, resultandoem
um
mínimo
desvio septal para esquerda, e ausência de hemorragia intracraniana.
No
quartomês
do
pós-operatório, foi realizadaRNM
de crânio, quenão
evidenciousinais sugestivos de resquício
ou
recidiva tumoral (Figuras 16 e 17).O
paciente foi reavaliado 16meses
após a cirurgia. Evoluiucom
melhora
significativa
do
déficit motor.Não
houve
o desenvolvimento denenhuma
espécie de lesãocutânea
no
período.Figura 16. Ressonância nuclear magnética de crânio ein corte coronal ponderado
em
T1, pós-ressecção tumoral,mostrando a presença de conteúdo que apresenta hipersinal, compatível com material cirúrgico de inclusão. Não se evidencia sinais de resquício ou recidiva tumoral.
21
Figura 17. Ressonância nuclear magnética de crânio
em
corte axial ponderadoem
T1, pós-ressecção tumoral,22
ó.
D1scUssÃo
O
Xantogranuloma
Juvenil éuma
doença
de características clínicas, morfológicas e evolutivaspouco
descritasna
literatura.Existem duas formas clínicas: cutânea e sistêmica.
A
forma
sistêmica é rara, sendo o olho o localmais
acometido. Já foram relatados casos deXGJ
com
lesões limitadas aoSNC.
Essas lesõesacometem
geralmente a região intra-vent1°icular.23'3°>3'¬32'”~“ Lesões situadasna
região extra-ventricular são raras.” Extensa revisão
da
literatura constatou sete casos deXGJ
como
lesão única de localização intracraniana e extra-ventricular. Dentre esses, apenasum
caso se mostrou presente
em
local semelhante ao descrito neste trabalho. Relatado porYamada
et al.,3°em
2001, a lesão situou-sena
parede lateraldo
seio cavemoso.O
XGJ
normalmente
ocorrena
infância epredomina
em
indivíduos brancos edo
sexo masculino.”
Não
foi observado predileção pelo sexoem
adultos.No
caso relatado, opaciente
tem 29
anos, é branco edo
sexo masculino;no
deYamada
et al. ,3° 0 paciente édo
sexo feminino, branco e
tem 42
anos.Sabe-se
que
oXGJ
é classificadocomo
uma
histiocitose nonnolipêmica.No
caso deYamada
et al,3° 0 paciente apresentava hipercolesterolemia,porém
foi sugerido ser otranstomo devido a
uma
dieta inadequada durante a intemação.O
nosso paciente tinhahistória negativa para dislipidemia e apresentava níveis séricos de triglicerídios e colesterol
dentro das faixas normais.
A
apresentação clínicaem
ambos
os casos foi através depoucos
sinais neurológicos.O
nosso paciente apresentou sinais compatíveiscom
acometimentodo
nervo trigêmio,enquanto que o paciente relatado por
Yamada
et al.” mostrou sinais referentes aocomprometimento do
nervo óptico.Nos
dois pacientesnão
foram evidenciadas lesões cutâneasou
qualquer outro tipo de manifestação sistêmica.A
lesão encontrada foi única elocalizada
no
seiocavemoso
à direita,em
ambos
os casos.Da
mesma
forma
queYamada
et al. ,3° as manifestações clínicas e imagenológicas seassemelhavam
àquelas descritas nosschwannomas.
O
paciente foi submetido a procedimento23
Achados
intraoperatóriosconfirmaram
a localizaçãoda
lesão.Anatomicamente,
oseio
cavemoso tem
afonna
deum
pentaedrono
qual delimitam-se as paredes superior,inferior, posterior, medial e lateral.
A
parede lateral é delimitada pela dura-máter.Nesta
região, a dura
tem
uma
composição
diferente, pois écomposta
por duas camadas:uma
extema,
que
é a dura-máter propriamente dita, e outra intema,denominada
camada
membranosa
anular. Essas duascamadas
são fracamente aderidas entre si e facilmenteseparáveis cirurgicamente.3°
Os
nervos cranianos oculomotor e troclear, oramo
oftálmicodo
nervo trigêmio e, ocasionalmente, seu
ramo
maxilarpassam
entre essas duas camadas.” Esseespaço intermembranas é conhecido
como
região interdural.” Observou-se que otumor
estava localizadona
parede lateraldo
seiocavemoso
e envolviauma
porçãodo
gânglio de Gasser e osramos
oftálmico e maxilardo
nervo trigêmio.Da mesma
forma
queYamada
et al.,3° oexame
anátomo-patológico da lesão reveloucaracterísticas típicas de
mn
xantogranuloma.O
diferencial foi a presença das células gigantesde
T
outonem
nosso caso.Embora
a presença dessas células sejapatognomônico
deXGJ,
foisolicitado o estudo imunohistoquímico das células xantomatosas lesionais,
que
permitiu aconfirmação diagnóstica.
Embora
de grande valia, o estudo por microscopia eletrônica não foi realizado, jáque
para esse é necessário
uma
amostra da lesão a fresco.Como
a hipótese inicial foi deschwannoma
do
trigêmio, não foram obtidas amostras tumorais para essefim.
No
caso clínico deYamada
et al.”não
foi feito o estudo de microscopia eletrônicaou
observado as células de Touton à microscopia óptica.O
autor definiu o diagnóstico atravésdo
estudo imunohistoquímico.Como
citado anteriormente, a ambigüidade de expressãoantigênica encontrada
na
literaturacompromete
a capacidadedo
diagnóstico conclusivo deXGJ
pela imunohistoquimica,na
ausência das células de Touton,ou
da MicroscopiaEletrônica.
No
diagnóstico topográfico diferencialdevem
ser considerados oschwannoma
do
ramo
oftálmicodo
nervo trigêmio, os quais são os tumores benignos maiscomuns
dessaregião,” e, ocasionalmente,
do
seuramo
maxilar; oschwannoma
dos nervos oculomotor etroclear, cistos epidennóides,
melanomas
eangiomas
cavernosos.As
características dasimagens da
RNM
geralmente preanunciam a histologia.”Uma
grande variedade de lesões histiocitárias queacometem
oSNC
devem
ser24
Langerhans e as histiocitoses Malignas ocasionalmente
podem
se apresentarcomo
massas
solitárias intracranianas.”
A
diferenciação é possível atravésda combinação
dos estudosanátomo-patológico e imunohistoquímico.” Dentre as histiocitoses não-células
de
Langerhans, a diferenciação é mais complicada, já que
possuem
omesmo
substratohistopatólógico e apresentam reação aos
mesmos
antígenosna
imunohistoquímica.A
clínicapode
ajudarna
conclusão diagnóstica nesses casos.O
xantogranuloma disseminado, porexemplo, é caracterizado por lesões xantogranulomatosas obrigatoriamente disseminadas
na
pele.
Uma
outradoença do
grupodo
XGJ
é adoença
de Erdheim-Chester,que pode
sercaracterizado pelos sinais radiográficos de esclerose diafisária e epifisária simétrica dos ossos
longos.^*°'“'
Há
também
mn
grandenúmero
de tumores intracerebrais infiltrantes referidoscomo
de origem histiocítica,além
dos tumoreschamados
histiocitomas fibrosos malignos ebenignos. Esses se
mostram
histogeneticamente, histologicamente e imunohistoquimicamentediferentes das lesões verdadeiramente histiocíticas.”'”
Xantoma
disseminado exantogranuloma sistêmico são condições
que parecem
estar relacionadasou serem
variantesdo
XGJ
sistêmico?Freyer et al? relataram que o
acometimento do
SNC
peloXGJ
tem
um
prognósticodiferente
do acometimento
de outros locais, justificado devido auma
falta relativaou
ausência de resposta a
métodos
de tratamentos conservadores.Nos
casos cirúrgicos deXGJ
no
SNC
relatadosna
literatura que obtiveramuma
excisão total da lesão,não
ocorreramrecidivas
no
acompanhamento
em
curto prazo.'°¬3°›“ Naquelesem
queuma
sub-excisão foiaplicada,
houve
recorrência da lesão, necessitando deuma
nova
excisão e radioterapia localadjuvante.” Isso sugere que lesões
em
SNC
não são tipicamente benignas e auto-limitadascomo
as lesões de pele.A
excisão é omelhor
tratamentoem
lesões grandes e acessíveis. Entretanto, se alesão estiver localizada
em
região inacessível, nãohá
dados sobre amelhor forma
decondução.
A
utilização de baixas doses de radioterapia e quimioterapia mostroualguma
melhora
na
sintomatologiaem
alguns relatos.2'5'“9Embora
oacompanhamento
pós-operatóriode todos os relatos de
XGJ
com
lesão única localizadano
SNC
seja relativamente curto,há
uma
forte evidência que omanejo
cirúrgico dessas lesões seja curativoquando
completamente excisadas.”
O
paciente deYamada
et al.” evoluiusem
sinais imagenológicos25
O
paciente evoluiucom
piora discreta do déficit sensitivono
pós-operatório, justificado pela manipulação cirúrgica dos nervos acometidos.Não
foram
evidenciados sinaisclínicos
ou
imagenológicos sugestivos de recidiva tumoralno
16°.mês
de
pós-operatório.Também
não se observou o desenvolvimento denenhmna
espécie de lesão cutâneaou
26
7.
NORMAS
ADOTADAS
Este trabalho foi realizado seguindo a normatização para trabalhos de conclusão de
curso de graduação
em
Medicina, resolução n° 001/2001, aprovadaem
reuniãodo
Colegiadodo
Curso de Medicina da Universidade Federal de Santa Catarinaem
O5 de julho de 2003.As
referências foram digitadasconforme
asnormas da
Convenção
de Vancouver, deacordo
com
a Sa. edição dos “RequisitosUniformes
para originais submetidos a Revistas1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11 12 13
27
s.
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