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Perfil do Tempo Máximo de Fonação da População Adulta de Florianópolis - Santa Catarina

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE FONOAUDIOLOGIA ALINA LETÍCIA MEZACASA

PERFIL DO TEMPO MÁXIMO DE FONAÇÃO DA POPULAÇÃO

ADULTA DE FLORIANÓPOLIS - SANTA CATARINA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado na disciplina FON7707 ao curso de Fonoaudiologia da Universidade Federal de Santa Catarina. Orientadora: Prof. Dr. Maria Rita Pimenta Rolim.

FLORIANÓPOLIS 2019

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Perfil do Tempo Máximo de Fonação da População Adulta de Florianópolis - Santa Catarina

Profile of the Maximum Phonation Time of the Adult Population of Florianópolis - Santa Catarina

Alina Letícia Mezacasa¹ e Maria Rita Pimenta Rolim²

Resumo

Objetivo: Verificar o valor do Tempo Máximo de Fonação (TMF) da população adulta de Florianópolis (SC) e descrever dados sociodemográficos, de saúde e hábitos de vida diária. Metodologia: O presente estudo é do tipo observacional analítico transversal. Todos os participantes responderam a um questionário, com perguntas semiabertas e fechadas referentes às questões sociodemográficas, de saúde e hábitos de vida diária. Em seguida, foi realizada uma avaliação do TFM das vogais / a /, / i / e / u /. Resultados: Foram analisados os dados de 384 indivíduos, sendo 192 do sexo feminino e 192 do sexo masculino. Os valores de TMF obtidos apresentaram-se superiores aos encontrados na literatura. Conclusão: Conclui-se que o TMF da população de Florianópolis é superior a estudos realizados em outros estados .Questões de saúde, como a rinite e o cansaço influenciam nas medidas de TMF, bem como hábitos de vida diária, como realizar exercícios físicos e tabagismo.

Descritores: Voz. Fonação. Respiração. População. Adulto. Abstract

Purpouse: Verify the Maximum Phonation Time (MPT) value of the adult population of Florianópolis (SC) and describe demographic data, health and habits of daily life. Methods: This is a cross-sectional observational analytical study. All participants answered a questionnaire with semi-open and closed questions regarding sociodemographic, health and daily living habits, and then an assessment of the MPT of the vowels / a /, / i / and / u / was performed. Results: Data from 384 people were analyzed, 192 female and 192 male. The MPT values obtained were higher than those found in the literature. Conclusion: It is concluded that the MPT of Florianópolis population is superior to studies conducted in other states. Health issues, such as rhinitis and tiredness influence the measures of MPT, as well as daily living habits, such as physical exercise and smoking.

Key-word: Voice. Phonation. Breath. Population. Adult.

Trabalho realizado no Departamento de Fonoaudiologia, Faculdade de Fonoaudiologia da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC – Florianópolis (SC), Brasil.

1 - Acadêmica do Curso de Fonoaudiologia da Universidade Federal de Santa Catarina.

2 - Professora associada ao Curso de Fonoaudiologia da Universidade Federal de Santa Catarina.

Endereço para correspondência: Prof. Dr. Maria Rita Pimenta Rolim. Universidade Federal de Santa Catarina, Coordenadoria Especial em Fonoaudiologia. UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina, Trindade, 88040-900 – Florianópolis, SC – Brasil.

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INTRODUÇÃO

A voz é resultado da interação dinâmica complexa da respiração, fonação, articulação, ressonância e prosódia e, precisa ser vista como um todo e não em bases isoladas. O tempo máximo de fonação (TMF) é uma medida aerodinâmica muito utilizada na avaliação vocal que mede o maior tempo de fonação de um indivíduo (1–4).

O TMF avalia o controle aerodinâmico da expiração do ar advindo dos pulmões associado à fonação, verificando se há sincronia entre as partes. Para que esta sincronia aconteça e para que seja possível manter a fonação por um determinado período de tempo, é necessário haver controle neuromuscular e aerodinâmico durante a produção vocal (5).

É uma avaliação não invasiva e fácil de ser executada, sendo realizada por meio de vogais sustentadas, contagem de números e fonemas fricativos surdos e sonoros. Após a medição, analisa-se se o tempo medido em segundos está adequado ou não, dependendo da idade e sexo do sujeito avaliado (2).

Além de ser muito utilizada na área de voz, a avaliação de medidas aerodinâmicas na clinica fonoaudiológica é de extrema importância, pois a respiração aciona a voz gerando a vibração das pregas vocais e qualquer comprometimento respiratório pode causar impacto direto sobre a voz nos níveis de amplitude, frequência e qualidade vocal. Além disso, a medida do TMF pode ser utilizada tanto para diagnóstico, como para prognóstico ou evolução do paciente (6,7).

No Brasil existem poucos estudos que avaliam o TMF dos brasileiros, em sua maioria no estado de São Paulo. Contudo, visto que o Brasil é um país de grande extensão territorial e existem diferentes culturas, povos e clima, é necessária a realização de mais estudos com populações maiores, onde seja analisado o TMF e

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questões multifatoriais, como hábitos de vida diária (2,8), principalmente em outros estados e cidades brasileiras.

Uma pesquisa, realizada por Freitas et al. (2013), relaciona a diferença entre a poluição em diversas cidades brasileiras às internações hospitalares por doenças respiratórias. Os resultados apresentados demonstram que os menores índices de material particulado foram de Minas Gerais (BH), seguidos por Curitiba (PR), que é estado vizinho de Santa Catarina, e Vitória (ES) e os maiores índices foram nos municípios de Guarulhos e Osasco (SP), sendo que as médias diárias de internações hospitalares por doenças respiratórias de Curitiba (PR) foi 22 e de São Paulo (SP) foi de 135 (9).

Posto que a maioria dos estudos referência que pesquisaram o TMF da população adulta brasileira são do estado de São Paulo, o objetivo desta pesquisa é verificar o valor de TMF da população adulta de Florianópolis (SC) e descrever dados sociodemográficos, de saúde e hábitos de vida diária.

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MÉTODO

O presente estudo é do tipo observacional analítico transversal. Esta pesquisa está vinculada ao projeto maior “Avaliações fonoaudiológicas instrumentais em pacientes com câncer de cabeça e pescoço” aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas Humanas da instituição, sob número 3037265 e todos os participantes assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido.

Foi realizado cálculo amostral pelo programa SEstatNet com intuito de estimar o tamanho mínimo da amostra, utilizou-se como parâmetros de análise para o cálculo precisão da estimativa de 50% referente à estimativa a Priori e margem de erro amostral de +/- 5%, nível de confiança de 95% e nenhuma perda amostral. A população pesquisada é de 421240 pessoas e refere-se ao censo do IBGE de 2010. Obtiveram-se como tamanho mínimo da amostra 384 pessoas para observar TMF representativo da população de Florianópolis (SC) (Figura 1).

<INSERIR FIGURA 1>

Como critérios de inclusão foi estipulado que participassem homens e mulheres com idade entre 18 e 59 anos de idade, adultos de acordo com o Código Civil e o Estatuto do Idoso, que residem no município de Florianópolis (SC) há, no mínimo, um ano. Empregou-se como critérios de exclusão, indivíduos que apresentaram doenças respiratórias, disfonias e/ou problemas vocais autorreferidos, por serem queixas que podem alterar o tempo máximo fonatório habitual do participante. Profissionais da voz não foram especificados nesta pesquisa.

O recrutamento dos participantes se deu por meio de convites nas redes sociais e convocações informais, por exemplo, abordagem das pessoas pelo pesquisador em ambientes públicos e privados de Florianópolis, como clínicas, lojas,

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shoppings, praças, igrejas, entre outros. A coleta de dados foi realizada no mesmo local onde o indivíduo foi convidado a participar do estudo.

O instrumento de pesquisa utilizado foi um cronômetro que se encontra em um aparelho celular para medir o tempo de fonação dos participantes da pesquisa e um questionário elaborado pela pesquisadora com intuito de verificar dados sociodemográficos, como o local em que o participante reside, informações gerais de saúde e seus costumes diários (Apêndice A).

PROCEDIMENTOS

Todos os participantes responderam um questionário, com perguntas semiabertas e fechadas relacionadas às questões sociodemográficas, saúde e hábitos de vida diária. Cada participante teve liberdade para escolher entre respondê-lo sozinho ou com a ajuda do pesquisador.

Para a avaliação do TMF solicitou-se que o participante realizasse emissão sustentada das vogais /a/, /i/ e /u/, respectivamente, uma única vez cada vogal, enquanto o pesquisador as cronometrava separadamente. A orientação dada ao participante foi: “Respire fundo, encha os pulmões de ar e solte esse ar com um /a/ bem longo, até acabar o ar, o seu máximo, depois repita o procedimento com as vogais /i/ e /u/”. Os resultados, medidos em segundos, foram descritos na folha do questionário e assinados pelo participante e pelo pesquisador com intuito de atestar o tempo obtido.

A escolha pela obtenção do TMF por meio das vogais /a/, /i/ e /u/ se dá pelas mesmas corresponderem ao polígono das vogais, após deve ser realizada a média das três vogais, conforme executado no presente estudo. As características fonéticas presentes na vogal /a/ possibilita avaliar o equilíbrio mioelástico da laringe,

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enquanto as vogais /i/ e /u/ tornam possível a avaliação do funcionamento velar e da ressonância (8,10).

Com relação à análise dos dados, inicialmente utilizou-se o Teste Kolmogorov-Smirnov Z para verificar a normalidade na distribuição dos dados, porém os dados não se mostraram com distribuição normal. Sendo assim, foram escolhidos testes não paramétricos. Todas as análises com o TMF foram feitas utilizando o Mann-Whitney Test, com exceção da variável “Idade”, que foi analisada por intermédio do Teste de Correlação de Spearman's rho. Considerando nível de significância de 0,05.

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RESULTADOS

Participaram desta pesquisa 445 pessoas (Figura 2), destas 19 foram excluídas por apresentarem idades fora dos padrões estabelecidos pelos critérios de inclusão, 23 pessoas apresentavam problemas respiratórios, quatro referiram problemas vocais, nove indivíduos não moravam no município de Florianópolis, dois residiam na cidade há menos de um ano e quatro pessoas não conseguiram realizar o teste. Posto isso, foram analisados os dados de 384 indivíduos, sendo 192 do sexo feminino e 192 do sexo masculino.

<INSERIR FIGURA 2>

Com relação às caraterísticas da amostra, 61,19% dos participantes apresentavam idade entre 18 e 29 anos, 60,67% possuem como nível de escolaridade o ensino médio completo, 44,79% têm renda familiar entre um e três salários mínimos. A maior parte dos participantes referiu não ter problemas de saúde (81,25%), não fazer uso de medicamentos (84,37%), realizar exercícios físicos (50,78%), considerar sua alimentação saudável (65,62%), não fazer uso de cigarro (77,08%), nem de drogas ilícitas (89,06%), mas fazer uso de bebidas alcóolicas (62,76%). 96,09% dos participantes realizavam atividades de lazer toda semana, mas 54,16% consideravam sua rotina diária cansativa (Tabela 1).

Com relação aos medicamentos, anticoncepcionais não foram considerados neste estudo.

<INSERIR TABELA 1> <INSERIR TABELA 2>

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No que se diz respeito à análise dos hábitos de vida diária, saúde e ambiente, houve significância para as variáveis “sexo”, “fumo”, “exercício físico”, “rinite” e “rotina diária cansativa”, sendo que o sexo feminino apresentou valores de TMF inferiores ao sexo masculino (valor de p = 0,001* para todas as vogais e média), quem faz uso de cigarro obteve o TMF melhor na fonação da vogal /a/ do que pessoas não fumantes. Quem realiza exercícios físicos apresentou valor de TMF superior a quem não faz exercícios na fonação das vogais /a/, /i/ e na média das três vogais. Nas vogais /i/ e /u/ e na média das três vogais as pessoas que autorreferiram possuir rinite apresentaram TMF inferior do que pessoas que não referiram. Indivíduos que referiram ter uma rotina diária cansativa obtiveram o TMF da vogal /u/ inferior às pessoas que não consideram sua rotina cansativa. Conforme apresentado na tabela 3.

As variáveis “Morar na praia” e “Idade” não apresentaram significância estatística entre os TMF obtidos, sendo os valores de p da variável “Idade” iguais à 0,326 para vogal /a/, 0,318 para /i/, 0,187 para /u/ e 0,231 para a média das três vogais.

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DISCUSSÃO

Behlau e Pontes (1995) pesquisaram o TMF da população de São Paulo, que é considerado padrão, no qual se obteve para mulheres TMF de 14 segundos e para homens de 20 segundos, sendo estes valores inferiores aos resultados obtidos neste estudo. Valores de TMF abaixo de 10 segundos são considerados significativamente alterados (1,7).

Um estudo realizado no estado do Paraná verificou se há diferença quanto à orientação dada ao paciente no TMF de mulheres adultas. Verificou-se que quando se orienta a “controlar a saída do ar” o TMF foi superior em relação ao encontrado em pacientes que receberam a orientação habitual. Os tempos do grupo orientado para controlar a saída de ar foram na vogal /a/ de 15,56, /i/ 18,77, /u/ 18,13 e na média 17,52 segundos (10).

Dentre os fatores ambientais que podem interferir no TMF da população está a poluição, devido à sua relação com doenças respiratórias. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, a poluição atmosférica pode ser entendida como qualquer alteração que torne o ar impróprio e/ou prejudicial à saúde das pessoas e do meio ambiente. Grande parte dos estudos realizados sobre poluição atmosférica refere-se à queima de combustíveis fósseis como um dos principais agentes responsáveis (11,12).

Os poluentes causam efeitos negativos no meio ambiente e na qualidade de vida das pessoas. Segundo Freitas et al. (2016), doenças respiratórias e cardiovasculares estão relacionadas à poluição do ar (11,13).

Dapper, Spohr e Zanini (2016) informam que alguns gases e pequenas partículas oriundos das queimas de combustíveis são motivadores da ocorrência de asma brônquica, entre outras doenças alérgicas. Um estudo em São Paulo (SP)

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identificou relação de material particulado (MP) no aumento de 4,3% em internações por doença pulmonar obstrutiva crônica em pessoas da terceira idade (13).

Conforme citado anteriormente, a pesquisa de Freitas et al. (2013) verificou que uma cidade do estado do Paraná recebeu menores índices de material particulado e internação hospitalar por doenças respiratórias quando comparado com cidades do estado de São Paulo. Não há comprovação de significância estatística sobre, contudo, observa-se que o estudo realizado em São Paulo obteve valores de TMF inferiores aos valores obtidos no estudo realizado no Paraná, no que se diz respeito ao TMF da população feminina (1,9,10). Florianópolis (SC) obteve valores superiores à ambos os estados citados. Quanto ao fator ambiental “morar na praia”, não há na literatura estudos que comparam a relação entre o TMF e esta variável, porém Florianópolis não apresentou significância estatística na associação das mesmas.

Uma das medidas respiratórias importantes de ser avaliada é a capacidade vital (CV), que é a maior quantidade de ar que o sujeito consegue expirar. O valor padrão considerado apropriado é de 2.100ml para mulheres e 2.200ml para homens. Devido a CV inferior, é esperado que as mulheres possuam TMF menor do que os homens, bem como evidenciam os achados deste estudo (1,14).

A literatura menciona que existe variação do TMF de acordo com a idade devido às mudanças na anatomia da laringe que incluem ossificação das cartilagens laríngeas envolvendo processo comum da senescência, alguns estudos destacam também a diminuição da capacidade pulmonar, gerando perda do suporte respiratório para produção vocal, podendo acarretar na diminuição do TMF. Em contra partida, vários estudos que pesquisaram a relação entre TMF e idade não encontraram significância (8), bem como em Florianópolis, a variável “Idade” não

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A rinite é uma alergia que causa inflamação da mucosa nasal, pode ser constante ou inconstante e sua intensidade também pode variar. Cerca de 10,25% da população em geral possui rinite. Além da mucosa nasal, a rinite também pode causar inflamação de todo trato vocal, sendo assim, acaba comprometendo a projeção da voz. Esta pesquisa evidenciou que pessoas que possuem a alergia apresentaram TMF menor do que pessoas que não possuem rinite nas vogais /i/, /u/ e na média, as vogais /i/, /u/ estão relacionadas à ressonância, que na rinite pode estar alterada devido à inflamação do trato vocal (8,15–17).

A emissão sustentada das vogais expressam as forças mioelásticas da laringe e aerodinâmicas do pulmão, a vogal /a/ é mais utilizada na prática clínica, pois expressa minimamente as alterações do equilíbrio mioelástico da laringe. O presente estudo verificou que indivíduos que fazem uso de cigarro possuem valor de TMF maior na vogal /a/ do que pessoas que não o fazem. Segundo a literatura, o uso do cigarro pode provocar inicialmente o aparecimento de edemas de massa. Devido ao aumento de massa, especula-se que pode haver menor escape de ar durante a fonação em virtude da precipitação da coaptação entre as pregas vocais. De acordo com Queija et al., (2006), homens tabagistas que participaram de uma pesquisa apresentaram tensão como um dos parâmetros com maior incidência na análise perceptivo-auditiva da voz, sabe-se que a tensão causa aumento do TMF na relação s/z (7,18,19).

Por outro lado, uma pesquisa realizada com mulheres tabagistas avaliou o TMF das vogais /a/, /i/, /u/ e média e só obteve resultado significativo na vogal /i/, sendo o tempo inferior em mulheres tabagistas quando comparado com mulheres não tabagistas. A literatura afirma que o cigarro diminui o TMF devido às alterações pulmonares desenvolvidas e também à perda do movimento harmônico da mucosa

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da prega vocal, porém, está afirmação não se comprovou no presente estudo e nem no estudo acima citado (20).

Com relação aos exercícios físicos, houve significância para as vogais e média das mesmas, com exceção da vogal /u/, sendo que quem realiza exercícios físicos apresentou TMF superior a quem não realiza. Segundo Frigo et. al., (2016), a prática de exercícios físicos auxilia na melhora postural, sendo esse um fator importante para a medida do TMF, visto que uma postura adequada e apoio muscular respiratório contribuem para uma voz mais equilibrada. Estudos apontam que idosos que realizam exercícios físicos podem retardar a presbifonia (8,21,22).

Quanto à rotina cansativa, foi realizada uma pesquisa com professores que encontrou associação entre distúrbios vocais e estresse no trabalho, outro estudo verificou que grande parte dos professores considera como fator negativo para sua saúde e voz o ambiente competitivo, tenso e estressante. De acordo com Giannini, Latorre e Ferreira (2012), quanto maior é o cansaço, menores são a participação social e as atividades que o indivíduo realiza (23,24). Em Florianópolis, verificou-se que

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como limitações da pesquisa, destaca-se a escassez de estudos atuais. Conclui-se que o TMF da população de Florianópolis é superior a estudos realizados em outros estados, sendo 21,14 segundos para o /a/, 22,37 para o /i/, 21,95 para o /u/ e 21,82 segundos para a média das três vogais. Questões de saúde, como a rinite e o cansaço influenciam nas medidas de TMF, bem como hábitos de vida diária, como realizar exercícios físicos e tabagismo.

A razão pela qual esta pesquisa torna-se essencial para a fonoaudiologia é a falta de estudos nessa área, principalmente atuais. São poucas as pesquisas que se preocupam em pesquisar a variação do TMF nas diferentes partes do Brasil, só tendo algumas sendo usados como base para expressar o TMF usual da população brasileira.

Posto que a maioria dos estudos de referência que pesquisaram o TMF da população adulta brasileira são do estado de São Paulo, propõe-se que outros sejam realizados em diferentes grandes cidades brasileiras, visando a diferença da qualidade do ar, a diversidade entre a cultura, os sotaques e as pessoas de cada estado ou cidade, visto que o Brasil é um país de grande extensão territorial.

Para próximos projetos, sugere-se que as avaliações de TMF sejam realizadas de forma padronizada e que sejam analisadas outras questões de saúde e hábitos, como capacidade vital, refluxo gastroesofágico, prática de canto e uso de anticoncepcional.

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Figura 1 – Cálculo amostral para obtenção do tamanho mínimo da amostra.

Link para acesso: http://www.sestatnet.ufsc.br/sestat/base.php?arq=pesq_estimacaoPercentual.htm

Figura 2 – Relação do tamanho amostral.

445 indivíduos Incluídos na pesquisa 384 Excluídos da pesquida 61 Idade 19 Problemas respiratórios 23 Problemas vocais 4 Cidade em que reside 9 Tempo em que reside na cidade 2 Não conseguiu realizar o teste 4

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Tabela 1 – Descrição da amostra considerando o total de indivíduos incluídos na amostra (n 384).

Características da população de Florianópolis (SC), n e frequência absoluta

Sexo Feminino Masculino

192 (50%) 192 (50%)

Idade

18 a 29 anos 30 a 39 anos 40 a 49 anos 50 a 59 anos

235 (61,19%) 75 (19,53%) 34 (8,85%) 40 (10,41%)

Escolaridade

Ensino Fundamental Incompleto

Ensino

Fundamental Ensino Médio Ensino Superior

1 (0,26%) 10 (2,60%) 233 (60,67%) 131 (34,11%) Renda Familiar Menos de 1 salário mínimo Entre 1 e 3 salários mínimos Entre 3,1 e 6 salários mínimos Mais de 6 salários mínimos 25 (6,51%) 135 (35,15%) 172 (44,79%) 50 (13,02%)

Possui algum problema de saúde

Sim Não

73 (18,75%) 311 (81,25%)

Realiza exercícios físicos

Sim Não

195 (50,78%) 187 (48,69%)

Considera sua alimentação saudável

Sim Não

252 (65,62%) 132 (34,37%)

Faz uso de cigarro

Sim Não

88 (22,91%) 296 (77,08%)

Faz uso de drogas ilícitas

Sim Não

42 (10,93%) 342 (89,06%)

Faz uso de bebidas alcóolicas

Sim Não

241 (62,76%) 142 (36,97%)

Faz uso de medicamentos

Sim Não

60 (15,62%) 324 (84,37%)

Realiza atividades de lazer toda semana

Sim Não

369 (96,09%) 15 (3,90%)

Considera rotina diária cansativa

Sim Não

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Tabela 2 – Tempo máximo de fonação da população adulta de Florianópolis (SC) (n 384).

Tempo Máximo de Fonação da População Adulta de Florianópolis Tempo Máximo de Fonação – n (384)

Média Mediana DP Máx/Min

TMF

A 19,48 18 6,79 47/6

I 21,71 20 7,92 58/7

U 21,28 19,50 7,92 62/6

Média 20,82 19,66 6,84 45,33/6,33

Tempo Máximo de Fonação - Sexo Feminino - n (192) TMF

A 16,89 16 5,84 39/6

I 19,05 18 6,63 49/8

U 18,46 17 6,33 52/8

Média 18,13 17 5,76 41,33/7,66

Tempo Máximo de Fonação - Sexo Masculino - n (192) TMF

A 22,07 22 6,69 47/6

I 24,37 24 8,22 58/7

U 24,10 23 8,35 62/6

Média 23,51 22,83 6,78 45,33/6,33

(21)

Tabela 3 – Tempo máximo de fonação relacionado à hábitos de vida, saúde e ambiente de Florianópolis (SC) (n 384).

Tempo Máximo de Fonação da População Adulta de Florianópolis relacionado à hábitos, saúde e ambiente

Fumante - n (88) Não fumante - n (296)

Média Mediana DP Máx/Min Média Mediana DP Máx/Min

TMF P

A 21,14 20 7,44 47/9 18,97 18 6,54 39/6 0,019*

I 22,37 21 8,56 52/8 21,47 20 7,72 58/7 0,526

U 21,95 19 8,22 44/8 21,10 20 7,86 62/6 0,604

Média 21,82 20,66 7,09 43,66/9,66 20,51 19,66 6,76 45,33/6,33 0,139

Possui rinite - n (38) Não possui rinite - n (346)

TMF P

A 18,21 16 5,35 30/9 19,62 19 6,92 47/6 0,242

I 19,23 18 5,79 31/10 21,98 20,50 8,08 58/7 0,047*

U 18,60 18 4,86 32/11 21,58 20 8,14 62/6 0,036*

Média 18,68 16,83 5,00 29,66/10 21,06 20 6,97 45,33/6,33 0,039*

Realiza exercício físico - n (195) Não realiza exercício físico - n (187)

TMF P

A 20,21 19 7,01 47/6 18,78 18 6,51 39/7 0,023*

I 22,69 21 8,03 58/7 20,74 19 6,51 52/8 0,008*

U 21,85 21 8,02 53/6 20,74 19 7,82 62/8 0,093

Média 21,58 20,33 6,93 44,33/6,33 20,09 18,66 6,68 45,33/7,66 0,014*

Mora na praia - n (106) Não mora na praia - n (276)

TMF P

A 19,68 19 6,71 47/6 19,39 18 6,83 41/6 0,597

I 22,16 21 7,91 52/7 21,51 20 7,91 58/8 0,415

U 21,97 20 8,89 62/6 21,01 19 7,50 53/8 0,498

Média 21,27 20 6,92 45,33/6,33 20,64 19,66 6,79 44,33/7,66 0,393

Considera rotina diária cansativa - n (208)

Não considera rotina diária cansativa - n (164) TMF P A 18,80 18 6,24 47/7 20,06 19 6,93 39/6 0,057 I 21,13 20 7,19 52/8 22,26 20,5 8,49 58/7 0,397 U 20,39 19 6,96 53/8 22,34 22 8,43 62/6 0,033* Média 20,11 19,50 6,01 40/7,66 21,55 20,83 7,30 45,33/6,33 0,099

*p valores significativos (p<0,05) / Legenda: TMF – Tempo máximo de fonação/ DP – Desvio Padrão/ Máx – máximo / Min – mínimo.

(22)

APÊNDICE A) Questionário 1) Nome completo: ___________________________________________________ ___________________________________________________________________ 2) Idade :______ 3) Sexo: F ( ) M ( ) __________________________________ 4) Cidade onde nasceu: ________________________________________________ 5) Cidade em que reside atualmente: _____________________________________ 6) Bairro em que reside atualmente: ______________________________________ 7) Há quanto tempo reside em Florianópolis? _______________________________ 8) Escolaridade: ______________________________________________________ 9) Renda familiar: Menos de um salário mínimo( ) Entre 1 e 3 salários mínimos( ) Entre 3 e 6 salários mínimos( ) Mais de 6 salários mínimos( ) Recebe algum auxílio? Se sim, qual? _________________________________________________ 10) Profissão: ________________________________________________________ 11) Possui algum problema de saúde? Sim( ) Não( )

Qual? ______________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 12) Possui algum problema respiratório? Sim( ) Não( )

Qual? ______________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 13) Possui algum problema vocal? Sim( ) Não( )

Qual? ______________________________________________________________ 14) Faz exercícios físicos regularmente? Sim( ) Não( )

15) Possui uma alimentação saudável? Sim( ) Não( ) 16) Fuma ou já foi fumante? Sim( ) Não( )

Há quanto tempo? ____________________________________________________ 17) Faz uso de algum medicamento? Sim( ) Não( )

Qual? ______________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 18) Faz uso de drogas ilícitas? Sim( ) Não( )

Com que frequência? __________________________________________________ 19) Faz uso de bebidas alcoólicas? Sim( ) Não( )

Com que frequência? __________________________________________________ 20) Nomeie 3 atividades de lazer que você realiza toda semana: _______________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 21) Você considera sua rotina diária cansativa/pesada? Sim( ) Não( )

Referências

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