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Logística reversa: um estudo dos resíduos eletrônicos de pós-consumo no município de Panambi

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Academic year: 2021

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UNIJUÍ - Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul

DACEC - Departamento de Ciências Administrativas, Contábeis, Econômicas e da Comunicação

Pós-Graduação MBA em Logística - Especialização

Logística Reversa: um estudo dos resíduos eletrônicos de pós-consumo no município de Panambi.

Professor Orientador: Ma. Michele Medianeira Martins Freitas

MARCIO RODRIGO BÜHRING

Componente: Projeto de TCC

Coordenação: Adm. Ma. Marisandra da Silva Casali

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Resumo:

O presente estudo teve o objetivo de constatar como eram descartados os resíduos eletrônicos de pós-consumo, tendo em vista os pontos de coleta no centro de Panambi. A metodologia utilizada compreendeu um estudo descritivo, de natureza qualitativa, e multicaso com levantamento bibliográfico. A fim de atingir os objetivos propostos realizou-se uma entrevista composta de dez questões com os responsáveis pelos pontos de coleta. Os resultados demonstraram que os pontos de coleta prestam um serviço a mais ao cliente, e isso repercute na imagem positiva da empresa, e o cumprimento da legislação vigente. Os resíduos eletrônicos mais descartados nos pontos de coleta foram monitores de computador, cartuchos,

toners e impressoras. Após descartados pelos clientes, esses eram separados e armazenados

até o descarte final realizado por empresa especializada. Conclui-se a importância que o consumo consciente exerce e atitudes ecologicamente corretas por parte da população, poder público e empresas, pois é preciso despertar no cidadão, desde a infância, por meio da informação e educação, atitudes reflexivas sobre seu papel no mundo, e em que condições estão deixando o planeta para as futuras gerações.

Palavras Chave: Logística reversa, Pós-consumo, Resíduos tecnológicos.

REVERSE LOGISTICS: A STUDY OF ELECTRONIC WASTE POST-CONSUMER IN THE CITY OF PANAMBI.

Abstract:

This study aimed to see how they were discarded electronic waste post-consumer, in view of the collection points at the center of Panambi. The methodology comprised a descriptive study of a qualitative nature, and multicase with literature. In order to achieve the proposed goals held an interview consisting of ten questions with those responsible for the collection points. The results showed the collection points provide a service to the customer more, and this affects the positive image of the company and compliance with current legislation. Electronic waste more discarded at collection points were computer monitors, ink cartridges, toners and printers. After discarded by customers, these were separated and stored until disposal carried out by a specialized company. It follows the importance of consumer awareness exercises and environmentally friendly attitudes among the population, the government and companies, it is necessary to awaken the citizen, from childhood, through information and education, reflective attitudes about their role in the world, and under what conditions are leaving the planet for future generations.

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1 INTRODUÇÃO

Atualmente vive-se uma crise ambiental devido ao consumo desenfreado de diversos produtos, os quais muitas vezes são oriundos de fontes esgotáveis, e como consequência os recursos naturais não renováveis estão sendo dizimados. Barbieri (2007) ressalta que há uma quantidade exagerada de lixo, produzida geralmente pelos bens do pós-consumo, que são descartados ao final de sua vida útil, gerando problemas ambientais e isto faz com que muitas organizações criem ou busquem estratégias ambientais para preservação do meio ambiente.

Nesse sentido, a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), em seu relatório em 2014 apontou que o Brasil gerou aproximadamente 78.583.405 toneladas de resíduos sólidos urbanos (RSU) equivalendo a 387,63kg/hab/ano, e a coleta desses foi de aproximadamente 71.260.045 toneladas no ano, o que gera um déficit de milhões de toneladas entre a geração e coleta. No estado do Rio Grande do Sul, o mesmo levantamento apontou no ano de 2014, uma geração diária de RSU de 8.643 toneladas e uma coleta diária de 8.123 toneladas, resultando assim em mais de meia tonelada de resíduos não coletados por dia (ABRELPE, 2014).

É nesse contexto que se insere a logística reversa, uma vez que os eletrônicos são bens de consumo, os quais apresentam uma alta tendência à descartabilidade devido aos lançamentos inovadores no mercado, responsáveis pela obsolescência desses produtos (LEITE, 2009). Fagundes; Fugilhara; Valderrama (2012) destacam que a logística reversa de produtos eletrônicos tem como desafio por parte do planejamento das organizações que o produto pós-consumo retorne ao processo produtivo, ou seja, ao início da cadeia produtiva, em condições de serem reutilizadas.

Por conseguinte, define-se como resíduo tecnológico, todo aparato eletrônico que contenha componentes nocivos ao meio ambiente como zinco, mercúrio, cádmio, chumbo entre outros, e estão presentes em equipamentos como: monitores, notebooks, impressoras, cartuchos, celulares; pilhas; baterias, entre outros. Produtos que jogados indevidamente no meio ambiente, podem contaminar o solo, gerar doenças, entre outros fatores (LEITE, 2009).

Sob essa perspectiva, tem-se o problema de pesquisa que norteou o presente estudo: Como é realizado o descarte de resíduos eletrônicos de pós-consumo nos pontos de coleta localizados no centro de Panambi? Diante disso, tem-se o objetivo geral de constatar como são descartados os resíduos eletrônicos de pós-consumo, tendo em vista os pontos de coleta no centro de Panambi. A fim de responder ao problema de pesquisa, delimitaram-se os seguintes objetivos: (i) Identificar os fatores que levaram os responsáveis pelos pontos de

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coleta em implantar a logística reversa; (ii) Verificar os tipos de resíduos eletrônicos mais descartados pelos consumidores; e (iii) Descrever as etapas do processo desde o recebimento de resíduos eletrônicos de pós-consumo até o descarte final.

Desta forma, essa pesquisa justifica-se pela importância que a logística reversa exerce atualmente, no que tange ao destino final correto dos resíduos eletrônicos de pós-consumo, uma vez que os mesmos são gerados pela população e necessitam de um descarte apropriado a fim de minimizar os danos causados ao planeta.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Nessa seção serão apresentados os temas que embasaram o presente estudo, como: Logística reversa e Logística reversa de pós-consumo.

2.1 Logística Reversa

De acordo com Leite (2009), os primeiros estudos relacionados à logística reversa, tiveram início nas décadas de 1970 e 1980, tendo como foco principal o retorno de bens para a reciclagem do material. No entanto, a partir da década de 1990, devido às muitas questões ambientais em voga, o tema tomou maior visibilidade.

As atividades da logística reversa tratam basicamente da coleta de materiais usados, danificados ou rejeitados, produtos fora de validade, embalagem e transporte do ponto do consumidor final até o revendedor (ROGERS & TIBBEN-LEMBKE, 1998). Para Novaes (2004) a logística reversa é responsável pelos fluxos de materiais que se iniciam nos pontos de consumo dos produtos e terminam nos pontos de origem, com a finalidade de recapturar valor ou de disposição final.

Nesse sentido, Muller (2005) aponta as principais razões que levam as empresas a atuarem em logística reversa: a legislação ambiental que força as empresas a retornarem seus produtos e cuidar do tratamento necessário; os benefícios econômicos do uso de produtos que retornam ao processo de produção, ao invés dos altos custos do correto descarte do lixo; a crescente conscientização ambiental dos consumidores; a diferenciação por serviço; a fidelização do cliente; a limpeza do canal de distribuição; a proteção de margem de lucro e a recaptura de valor e recuperação de ativos.

Leite (2009) subdivide o estudo de logística reversa em duas categorias: Logística reversa de pós-venda, que compreende o processo de retorno de bens industriais por uma série

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motivos, os quais variam entre, prazo de validade vencido, defeitos de fabricação, estoques excessivos nos pontos de venda; e a Logística reversa de pós-consumo que envolve a origem e o destino de bens que foram usados e descartados por seus consumidores, foco desse estudo e será descrita a seguir a fim de elucidar o tema proposto.

2.1.1 Logística reversa de pós-consumo

Para Guarnieri (2011, p. 55), “logística reversa de pós-consumo pode ser vista como a área da logística reversa que trata dos bens no final de sua vida útil, dos bens usados com possibilidade de reutilização (embalagens) e os resíduos industriais”. Braga Junior (2007) complementa que o processo de logística reversa tem inicio quando o produto é consumido, e nesse momento a empresa deve estar preparada para os 4Rs: recuperação, reconciliação, reparo e reciclagem.

Sob essa perspectiva, Miguez (2010) destaca a importância do retorno como forma de agregação de valor ao resíduo bem como uma disposição correta. Para empresas especializadas ou apenas envolvidas na cadeia da logística reversa, Leite (2009) ressalta o excelente retorno mercadológico e de imagem corporativa, ao passo que são empresas com comportamento ético e responsabilidade ambiental apurados.

De acordo com Leite (2009), os bens ou seus materiais transformam-se em produtos denominados de pós-consumo e podem ser enviados a destinos finais como incineração ou aterros sanitários, ou retornar ao ciclo produtivo, por meio dos canais de desmanche, reciclagem ou reuso, estendendo sua vida útil. O mesmo autor classifica os bens do pós-consumo em três categorias, de acordo com o Quadro 1:

Quadro 1- Classificação dos bens de pós-consumo

Bens descartáveis Produtos que tem sua duração de apenas algumas semanas como embalagens, brinquedos, materiais de escritório, suprimentos de informática, pilhas, entre outros.

Bens duráveis Apresentam vida útil de alguns anos até algumas décadas como automóveis, eletrodomésticos, equipamentos industriais, aviões, entre outros.

Bens

semiduráveis

Apresentam vida útil de alguns meses até dois anos, como baterias de veículos, celulares, computadores, entre outros.

Fonte: Adaptado de Leite (2009)

Na Figura 1, Leite (2009) estabelece possibilidades de tratamento dos bens e materiais de pós-consumo nos canais da logística reversa.

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Figura 1: Canais de distribuição de pós-consumo: diretos e reversos. Fonte: Leite (2009)

Através das etapas mostradas na figura, é possível visualizar que os produtos descartáveis/semiduráveis possuem três tipos de coleta, posteriormente são destinados aos intermediários/sucateiros e, por fim se há possibilidade de reciclagem são encaminhados à indústria de reciclagem. Quanto aos produtos duráveis/semiduráveis seguem dois caminhos: o primeiro refere-se ao reuso, em que o produto em condições de uso retorna ao ciclo de negócio (consumidor). No segundo, o produto destina-se ao desmanche, em que seus componentes em condições de uso são retirados e retornam ao ciclo de negócio, ou o produto é encaminhado a remanufatura, em que os componentes com defeitos são trocados e retornam ao ciclo de negócio.

Nesse sentido, Cruz; Santana; Sandes (2013) apud Mueller (2005) salienta que o produto pós-consumo apresenta três destinos distintos: ir para um local seguro de descarte (aterros sanitários e depósitos específicos), um destino não seguro (descartado na natureza, poluindo o ambiente), ou por fim, voltar a uma cadeia de distribuição reversa.

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O estudo em questão caracterizou-se, em relação aos objetivos como uma pesquisa do tipo descritiva. A pesquisa descritiva, segundo Gil (2010), descreve as características de determinada população, fenômeno ou a utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados, questionário e observação sistemática.

Quanto à abordagem do problema, esta pesquisa foi de caráter qualitativo. Para Fachin (2006) a pesquisa qualitativa caracteriza-se por relacionar aspectos não somente mensuráveis como também definidos descritivamente. Por conseguinte, o procedimento técnico utilizado neste trabalho foi multicaso. De acordo com Yin (2009) estudos de multicaso proporcionam maior abrangência dos resultados, não se limitando às informações de uma só organização.

No que tange a coleta de dados, primeiramente realizou-se uma revisão bibliográfica para compreender conceitos a cerca da estrutura desse trabalho. Conforme Gil (2010) a pesquisa bibliográfica é elaborada com base no material já publicado, tradicionalmente material impresso, como livros, teses, dissertações e anais de eventos científicos, bem como o material disponibilizado pela internet.

Para o levantamento dos dados foram realizadas entrevistas com os responsáveis pelos cinco pontos de coletas, em que num primeiro momento fez-se contato via email expondo a natureza do trabalho. Cabe destacar que todos os contatados responderam de imediato se colocando a disposição para participar da pesquisa. Em um segundo momento foram agendadas as entrevistas, sendo para o mês de fevereiro do corrente ano, onde o pesquisador realizou a entrevista pessoalmente.

A entrevista foi composta de dez questões abertas a cerca do tema (Apêndice A). Optou-se por pesquisar os pontos de coleta localizados no centro da cidade. Com o objetivo de preservar a identidade dos responsáveis pelos mesmos, atribuíram-se as letras A, B, C, D, E, em que os pontos A, B e C são pontos de venda e de assistência técnica de produtos eletrônicos. Os pontos D e E referem-se ao comércio de produtos eletrônicos.

Por fim, as informações foram analisadas sob a ótica qualitativa e agrupadas de acordo com os objetivos delimitados nesse estudo e serão apresentadas a seguir na análise e discussão dos resultados.

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Observou-se que o município de Panambi, por meio de sub setores ligados aos departamentos públicos do Turismo e Meio Ambiente, promove ações pontuais como o “Dia D”, numa periodicidade semestral, para a coleta e descarte adequado destes resíduos.

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Em contato com o responsável pelo departamento de Meio Ambiente da prefeitura da cidade, o mesmo relatou que a campanha do “Dia D” tem por objetivo que a comunidade leve o seu resíduo eletrônico até o ginásio municipal de eventos, onde são arrecadados até quinhentos quilogramas de resíduos eletrônicos de pós-consumo. No final desse dia, os resíduos são recolhidos pela empresa Natusomos localizada em Horizontina, especializada no recolhimento, desmonte, descaracterização e após encaminha para usina e/ou empresas para que façam a reciclagem dos itens. Cabe salientar que a referida empresa realiza o destino correto dos resíduos oriundos dos pontos de coleta pesquisados nesse estudo.

A seguir serão apresentados os resultados obtidos por meio das entrevistas aos responsáveis pelos pontos de coleta no centro de Panambi.

4.1 Ponto de Coleta A

O Ponto de Coleta A compreende uma empresa atuante no segmento de venda, manutenção e instalação de artigos e periféricos de informática, como: computadores, impressoras, fontes, modens, roteadores, monitores, cabos de rede, entre outros, tem seu foco voltado para a assistência técnica.

Quando perguntado sobre os motivos de implantar a logística reversa, o entrevistado destacou que é um fator favorável à imagem da empresa, ou seja, está relacionado diretamente com o marketing, e se não fosse isso, não iria receber tais produtos.

No que se refere aos resíduos tecnológicos de pós-consumo mais descartados pelos consumidores e forma de comercialização, o responsável afirma que os resíduos tecnológicos descartados no seu ponto de coleta não foram ali comercializados. Na maioria dos casos, o produto apresentou algum tipo de avaria ou defeito, e deixado neste ponto de coleta para conserto, e consequentemente abandonado, pelo fato de que o custo do conserto seria próximo ao de um produto novo, não compensando o conserto.

Os resíduos tecnológicos compreendem monitores e impressoras, fontes, placas de vídeo, hard disk (HDs), estabilizadores, entre outros componentes menores que envolvem a montagem de um Gabinete de Computador (CPU). Alguns componentes são reutilizáveis dependendo do estado de conservação que se encontram. A média mensal de resíduos tecnológicos de pós-consumo coletados é de até cinquenta quilogramas. Esses resíduos permanecem armazenados em local coberto no próprio ponto de coleta e são separados quanto ao tipo. Por conseguinte, são destinados à empresa Natusomos. Essa coleta acontece a cada seis meses, sem custo para o ponto de coleta em estudo.

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Por fim, o responsável considera que em geral o consumidor não possui preocupação ambiental, pois muitos produtos são descartados de forma inadequada no meio ambiente.

4.2 Ponto de Coleta B

O Ponto de Coleta B possui foco na assistência técnica de artigos de informática, como também, venda de computadores e periféricos de informática.

Em se tratando dos motivos que o levaram a implantar a logística reversa em seu ponto de coleta, o responsável ressaltou que está cumprindo seu dever de acordo com a legislação ambiental vigente e ainda, prestando um serviço a mais ao seu cliente.

O ponto de coleta em questão recebe uma demanda média mensal de até 20 quilogramas de resíduos tecnológicos de pós-consumo, em sua maioria, monitores de tubo de imagem, impressoras, fontes, estabilizadores, no-breaks, cartuchos e toners. Acrescenta que grande parte dos mesmos não foram adquiridos no local, e são oriundos de consertos não aprovados pelos clientes.

Os resíduos tecnológicos descartados são armazenados em área coberta e separados quanto ao tipo, ao passo que muitos dos componentes desses produtos podem ser reutilizados na manutenção de outros produtos, dependendo do estado de conservação que se encontram. Os resíduos tecnológicos descartados permanecem no ponto de coleta por seis meses até a empresa Natusomos recolher e realizar o destino correto aos mesmos sem custos.

Outro fator observado refere-se à consciência ambiental por parte dos consumidores, em que o entrevistado salienta que a grande maioria dos mesmos está optando pelo descarte dos produtos de pós-consumo em locais adequados, tendo em vista a preocupação com o meio ambiente.

4.3 Ponto de Coleta C

O Ponto de Coleta C atua na venda e assistência técnica de computadores e derivados, e ainda, comércio especializado na consignação, instalação e manutenção de equipamentos de segurança como: alarmes, câmeras de vídeo monitoramento e internet.

Segundo relato do responsável no que tange aos motivos que o levaram a implantar a logística reversa, o mesmo destaca a imagem da empresa perante os consumidores, ou seja, relaciona a logística reversa com o marketing.

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Os resíduos tecnológicos de pós-consumo mais descartados compreendem: modens, monitores, fontes, no-breaks, e muitos retalhos de cabos de rede, totalizando uma média de até cento e cinquenta quilogramas por mês. O entrevistado afirma que os resíduos descartados não foram ali comercializados, são destinados a manutenção. Destaca ainda que é mais cômodo para os consumidores deixar os resíduos tecnológicos de pós-consumo em seu ponto de coleta quando não há possibilidade de conserto, ou quando o mesmo não foi aprovado.

Nesse sentido, o entrevistado ressaltou que atualmente a indústria tem produzido produtos eletrônicos com baixa durabilidade, e não prioriza o seu conserto em caso de manutenção, entusiasmando o consumidor a adquirir um produto novo, gerando assim uma demanda muito grande de descarte.

Outro fator apontado pelo entrevistado é que realiza instalações de alarmes e câmeras de vídeo monitoramento em residências e empresas, e muitas vezes ocorrem manutenções e substituições de peças e produtos. Nestes casos o técnico pergunta ao cliente se deseja ficar com o produto avariado ou se deseja que o ponto de coleta realize o destino adequado, sendo está última opção a mais usual.

Os resíduos tecnológicos descartados são armazenados no próprio local de coleta, em local coberto, onde são separados de acordo com os tipos. O descarte final é realizado a cada seis meses pela empresa Natusomos sem custos para o ponto de coleta em questão.

Quando perguntado se os consumidores que descartam resíduos eletrônicos em pontos de coletas especializados estão preocupados com a questão ambiental, o responsável responde que sim, pois acreditam que os produtos de pós-consumo ali descartados terão um destino adequado e que não vão poluir o meio ambiente.

4.4 Ponto de Coleta D

O Ponto de Coleta D é uma loja especializada em eletrônicos e periféricos de informática, e não presta nenhum serviço de assistência técnica. Em caso de defeito nos eletrônicos ali comercializados, ainda na garantia, os mesmos são substituídos por novos, ou encaminhados à assistência técnica autorizada. No caso da substituição por novos, os mesmos ficam armazenados em local adequado e encaminhados, o mais breve possível, ao fornecedor para substituição.

Quando perguntado sobre os motivos que o levaram a implantar a logística reversa em seu comércio, o entrevistado relata que está apenas prestando um serviço a mais ao seu cliente, e, ajudando o meio ambiente, e se não fosse por isso não receberia tais produtos, pois

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não há geração de renda no processo. Complementa ainda que esse serviço lhe rende uma imagem positiva junto à comunidade.

Segundo o entrevistado, dentre os resíduos tecnológicos de pós-consumo mais descartados têm-se: monitores de tubo de imagem, monitores tela plana, impressoras, modens, cartuchos e toners, também é recebedor de pilhas e baterias, as quais ficam separadas em caixas de papelão, até o descarte final. O entrevistado destaca que geralmente são seus próprios clientes que deixam seus resíduos tecnológicos no local, pois, sabem do correto destino que será dado aos mesmos, caracterizando assim, uma preocupação ambiental por parte dos seus clientes.

Em média recebe até cem quilogramas de produtos de pós-consumo por mês, em que esses permanecem armazenados em local adequado, onde são separados de acordo com os tipos. O descarte final é realizado pela empresa Natusomos, sem custos ao ponto de coleta, em que esse recolhimento é feito a cada seis meses.

Em relação à preocupação dos consumidores com a questão ambiental, o entrevistado disse que os mesmos se preocupam sim com o meio ambiente, caso contrário não iriam procurar um ponto de coleta para descartar seus resíduos.

4.5 Ponto de Coleta E

O Ponto de Coleta E é caracterizado como a maior loja de departamentos do município. Sendo um segmento de uma cooperativa local, comercializa entre outros, artigos eletrônicos, de informática e seus periféricos, e ainda materiais de instalações elétricas e periféricos.

Ao ser questionado quanto aos motivos que o levaram a implantar a logística reversa em seu estabelecimento, o entrevistado relata que presta um serviço à comunidade e ao meio ambiente e cumpre com a legislação ambiental vigente.

Os resíduos tecnológicos mais descartados compreendem: monitores, toners, fontes, cartuchos, além dos resíduos comuns como baterias, pilhas e lâmpadas fluorescentes, dos quais totalizam até cinquenta quilogramas de resíduos por mês. O entrevistado afirma que tais resíduos, antes produtos foram ali adquiridos, na grande maioria.

Mensalmente tais resíduos são encaminhados integralmente a um depósito mantido pelo Escritório Central, onde já existem resíduos eletrônicos de pós-consumo utilizados nos demais segmentos da cooperativa (escritórios, lojas, armazéns e demais instalações).

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Posteriormente, a cada seis meses os resíduos são coletados pela empresa Natusomos, sem custos.

Em se tratando da consciência ambiental no que tange aos consumidores, o entrevistado aponta que há sim uma preocupação das pessoas em destinar adequadamente os seus resíduos, visto que não há muitas alternativas, pois avalia que a maioria sabe da proibição do descarte desse tipo de resíduo em lixo urbano comum.

4.6 Discussão dos resultados

A partir do exposto, percebeu-se que grande parte dos pontos de coleta pesquisados comercializam e realizam assistência técnica dos produtos, com exceção de dois que não realizam esse tipo de serviço. Outro fator relevante apontado pelos responsáveis pelos pontos de coleta foram os motivos que os levaram a implantar a logística reversa em seus estabelecimentos, em que se obtiveram respostas como: estão prestando um serviço a mais ao cliente, bem como a relação do serviço prestado com a imagem positiva da empresa perante os clientes, corroborando com Leite (2009) que afirma que a logística reversa contribui para a imagem empresarial. O cumprimento da legislação vigente foi um ponto destacado pelos entrevistados, e da mesma forma abordado pelo autor supracitado.

Quanto aos resíduos mais descartados nos pontos de coletas observou-se que são monitores de computador, cartuchos, toners e impressoras. Em se tratando das quantidades descartadas, variam de 20 a 150 quilogramas por mês. Cabe salientar que muitos componentes podem ser retirados e reutilizados desses resíduos eletrônicos, de acordo com as condições que se encontram. Outro fator destacado pelos entrevistados é o valor dos consertos dos produtos deixados em seus estabelecimentos, muitas vezes é alto, e consequentemente os clientes optam por descartá-los. Corroborando com Leite (2009) que aponta a tendência à descartabilidade atualmente, devido ao acelerado desenvolvimento tecnológico que induz a rápida obsolescência dos produtos.

Observou-se que a grande maioria dos resíduos eletrônicos descartados, antes produtos, não foram comercializados nos pontos de coleta. A fim de melhor entendimento sobre o descarte dos resíduos, elaboraram-se as etapas do processo de descarte dos resíduos eletrônicos, conforme a Figura 2:

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Figura 2: Etapas do processo de descarte dos resíduos eletrônicos. Fonte: Elaborado pelo autor.

Percebe-se que o processo é bem simples, iniciando com o cliente que vai até o ponto de coleta e realiza o descarte dos seus resíduos eletrônicos de pós-consumo. Na segunda etapa, os resíduos são separados por tipos, passando para a terceira etapa, o armazenamento em locais fechados, onde permanecem por seis meses quando a empresa Natusomos realiza o recolhimento (quarta etapa). Essa empresa realiza o recolhimento, desmonte, descaracterização (quinta etapa) e após encaminha para usina (sexta etapa) e/ou empresas para que façam a reciclagem dos itens (sétima etapa), finalizando o processo de descarte adequado.

Por fim, constatou-se que os consumidores, conforme quatro dos responsáveis pelos pontos de coleta estão preocupados com as questões ambientais, caso contrário não iriam até os pontos de coleta para fazer o descarte adequado. Em um posto de coleta a resposta foi negativa, pois o entrevistado ressaltou que muitos resíduos ainda são descartados de forma inadequada no meio ambiente.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A busca por produtos inovadores, com tecnologias diferenciadas atualmente, induz a maior descartabilidade desses no meio ambiente, devido aos seus ciclos de vida útil que se tornaram cada vez mais curtos, beneficiando sua aquisição com maior frequência. Consequentemente, com a crescente oferta de produtos no

Cliente vai até o ponto de coleta e descarta os seus resíduos eletrônicos de pós-consumo

Separação dos resíduos quanto aos tipos

Natusomos realiza desmonte e descaracterização

Usina Empresas que reciclam itens Armazenagem dos resíduos até o

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mercado, assim como a necessidade de sua utilização com o passar dos anos, gera o descarte inadequado, que provoca danos à saúde pública, e não menos importante, os problemas ambientais.

Sob essa ótica, faz-se necessário a destinação e tratamentos adequados dos resíduos de pós-consumo, pois é preciso reduzir o volume dos mesmos e reaproveitá-los com processos de reciclagem e reuso, diminuindo assim o desperdício e o impacto desses resíduos no solo, na água e no ar. É nesse contexto que a logística reversa torna-se importante ferramenta no auxílio às questões ambientais, uma vez que permite reutilizar componentes, reciclar, dentre outros processos.

Diante desses fatores delimitou-se o primeiro objetivo que tratou de identificar os fatores que levaram os responsáveis pelos pontos de coleta em implantar a logística reversa em seus estabelecimentos. Foram observados fatores como: prestar um serviço a mais ao cliente, relação do serviço prestado com a imagem positiva da empresa perante esses clientes, e o cumprimento da legislação vigente. O segundo objetivo refere-se aos tipos de resíduos eletrônicos mais descartados pelos consumidores, que compreendem: monitores de computador, cartuchos, toners e impressoras.

Quanto ao terceiro objetivo, foi descrever as etapas do processo desde o recebimento de resíduos eletrônicos de pós-consumo até o descarte final. O processo inicia com o cliente que vai até o ponto de coleta e realiza o descarte dos seus resíduos eletrônicos de pós-consumo, posteriormente são separados por tipos e armazenados em locais fechados. Permanecem armazenados por seis meses quando a empresa Natusomos realiza o recolhimento, uma vez que é especializada no recolhimento, desmonte, descaracterização e após encaminha para usina e/ou empresas para que façam a reciclagem dos itens, finalizando o processo de descarte adequado.

Foram observadas ações pontuais, como as campanhas intituladas “Dia D”, idealizada pelos departamentos públicos da cidade, com o propósito de incentivar e despertar no cidadão à consciência ambiental, que nesse dia levam seus resíduos até o ginásio da cidade e ao final do dia a empresa Natusomos realiza o recolhimento e destino adequado.

Conclui-se, a importância do consumo consciente e de atitudes ecologicamente corretas por parte da população, poder público e empresas, pois é preciso despertar no cidadão, desde a infância, por meio da informação e educação, atitudes reflexivas sobre seu papel no mundo, e em que condições estão deixando o planeta para as futuras gerações.

Por fim, deixo o meu agradecimento aos pesquisados pela oportunidade de realizar esse estudo, que foi de grande valia, uma vez que proporcionou maior conhecimento na área e

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despertou no pesquisador a importância da reflexão cerca dos problemas ambientais existentes.

REFERÊNCIAS

BRAGA JUNIOR, S. Gestão ambiental no varejo: um estudo das práticas de logística

reversa em supermercados de médio porte. 2007. 130f. (Dissertação de Mestrado) –

Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo.

CRUZ, Cleide B.; SANTANA, Rodrigo, S.; SANDES, Itallo, S. A logística reversa como diferencial competitivo nas organizações. Revista Científica do ITPAC, Araguaína, v. 6, n. 4, Pub. 9, Outubro 2013.

FACHIN, O. Fundamentos de metodologia. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa, 4. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

GUARNIERI, P. Logística Reversa: em busca do equilíbrio econômico e ambiental. Recife: Clube de Autores, 2011.

MIGUEZ, E. C. Logística Reversa como solução para o problema do lixo eletrônico: benefícios ambientais e financeiros. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2010.

MUELLER, Carla Fernanda. Logística Reversa Meio Ambiente e Produtividade - Grupo de Estudos Logísticos - UFSC, Florianópolis.

NOVAES, Antonio Galvão. Logística e Gerenciamento da cadeia de distribuição. 1. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2004.

ROGERS, D. S., TIBBEN-LEMBKE, R. S. Going backwards: reverse logistics trends and

practices. Reno: Reverse Logistics Executive Council, 1998.

YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2009.

http://planetasustentavel.abril.com.br/blog/blog-da-redacao/brasil-maior-produtor-lixo-eletronico-emergentes-221498/ pesquisado em 14 de março de 2016

Referências

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