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Uma Análise Comparativa da Detecção da

Frequên-cia de RessonânFrequên-cia Harmônica em um Sistema de

Distribuição Utilizando o Simulador RTDS

Vinícius A. L. Freitas e Mário Oleskovicz

Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, Brasil

Renato M. Monaro

Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil

Resumo Nos sistemas elétricos de potência, o fenômeno da ressonância e amplificação harmônica vem preocupando a comunidade técnico-científica pelo constante crescimento no uso de equipamentos com características não lineares e de cargas sensíveis às mínimas alterações das formas de ondas da tensão e da corrente. Nesse contexto, o presente trabalho visa analisar as condições relacionadas e aplicáveis ao fenômeno da ressonância e amplificação harmônica em sistemas de distri-buição. Esta análise passará pela modelagem e análise de uma rede de distribuição primária real via o RTDS (Real Time

Digital Simulator). Esta modelagem inicial via o RTDS tem por

fim melhor caracterizar as condições e frequências propícias à ressonância, seguindo a uma análise comparativa entre um método tradicional de detecção da frequência de ressonância e um método computacional.

Palavras-chaves Sistema de Distribuição, Qualidade da Energia Elétrica, Ressonância Harmônica, Simulação digital em tempo real, RTDS.

I. INTRODUÇÃO

Com o crescente uso de cargas não lineares nos sistemas elétricos de potência (SEP); o aumento, tanto da sensibilida-de das cargas especiais presentes, quanto do rigor estabele-cido pelas normas e práticas nacionais e internacionais, sabe-se que a distorção harmônica é um importante fenôme-no associado à qualidade da energia elétrica (QEE) que deve ser adequadamente analisado e mitigado para uma correta operação do sistema como um todo.

De acordo com [1], as componentes harmônicas presen-tes no sistema elétrico degradam a QEE. No cenário nacio-nal, as componentes recebem especial atenção no Módulo 8 dos Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional - PRODIST, no âmbito da quali-dade do produto [1].

Da prática, tem-se que no SEP, os bancos de capacitores (BCs) são instalados no sistema de distribuição, a fim de, por exemplo, regular o nível de fornecimento da tensão por parte da concessionária, ou corrigir o fator de potência das cargas dos consumidores finais, o circuito da rede apresenta-rá uma ou mais frequências naturais devido à interação entre a impedância indutiva do transformador da subestação e a impedância capacitiva dos BC [2].

Em termos operacionais, os circuitos elétricos são proje-tados para não entrarem em ressonância com a frequência de

alimentação (60 Hz). Contudo, quando componentes harmô-nicas são evidenciadas como, por exemplo, decorrentes das cargas com características não lineares conectadas em um SEP, mesmo que com magnitudes reduzidas, estas podem originar uma situação de ressonância entre o transformador da subestação e os BC instalados na rede, induzindo uma amplificação das magnitudes da tensão e/ou corrente envol-vidas [3].

Logo, faz-se necessária uma análise específica que per-mita estimar as frequências que possam vir a caracterizar situações de ressonância harmônica, pois, mesmo que este fenômeno seja fisicamente bem compreendido, as condições de origem, das metodologias e ferramentas disponíveis para a análise e mitigação são ainda limitadas [4].

Neste contexto, para esta pesquisa, foi realizada a mode-lagem de um sistema de distribuição (SD) primário real via o RTDS (Real Time Digital Simulator). Esta modelagem inicial via o RTDS tem por fim melhor caracterizar as con-dições e frequências propícias à ressonância e também uma possível futura implementação de estratégia mitigativa em loop fechado via hardware, explorando as potencialidades do simulador. Para a modelagem, foram consideradas as características da fonte e impedâncias do sistema, tanto da parte da concessionária quanto do cliente final. Uma análise comparativa entre um método tradicional de detecção da frequência de ressonância e um método computacional foi realizada. Os resultados encontrados até o momento permiti-ram evidenciar algumas diferenças básicas entre os dois métodos que serão devidamente apresentadas na sequência deste trabalho.

II. VALORES DE REFERÊNCIA

De acordo com [1], a presença das componentes harmô-nicas nos SEP podem ser estimadas pelo cálculo de grande-zas como: 𝐷𝐼𝑇ℎ% = 𝑉ℎ 𝑉1 × 100 (1) 𝐷𝑇𝑇% = √∑ℎ𝑚á𝑥ℎ=2 𝑉ℎ2 𝑉1 × 100 (2) Onde,

Vinícius A. L. Freitas, Mário Oleskovicz e Renato M. Monaro (e-mail: vinicius.albernaz.freitas@usp.br; olesk@sc.usp.br; monaro@sc.usp.br.

(2)

𝐷𝐼𝑇ℎ% é a distorção harmônica individual de tensão de

ordem h. Essa grandeza expressa a porcentagem da presença de uma determinada componente harmônica no sistema com relação à tensão fundamental.

𝐷𝑇𝑇% é a distorção harmônica total de tensão. Essa grandeza expressa o quão distorcido está a forma de onda da tensão do sistema tendo como base a tensão à frequência fundamental.

A Tabela 1 apresenta uma referência para os valores má-ximos admitidos de DITh% e DTT% para um sistema de

distribuição com tensão entre 1 kV e 13,8 kV [1].

TABELA 1.VALORESDEREFERÊNCIAPARAADISTORÇÃO HARMÔNICA.

Tensão nominal do barramento entre 1 kV e 13,8 kV DTT = 8 %

Ordem Harmônica DITh % Ordem Harmônica DITh %

Ímpares não múltiplas de 3 5 6 Ímpares múltiplas de 3 3 5 7 5 9 1,5 11 3,5 15 0,5 13 3 21 0,5 17 2 >21 0,5 19 1,5 Pares 2 2 23 1,5 4 1 25 1,5 6 0,5 25> 1 >6 0,5

II. A RESSONÂNCIA HARMÔNICA

Nos SEP, a ressonância ocorre quando um determinado circuito, que tenha resistores (R), indutores (L) e capacitores (C), circuito RLC, é excitado com uma fonte alternada com frequência próxima a frequência natural desse circuito. Nes-ta situação, as características indutivas e capacitivas se anu-lam tornando o circuito apenas resistivo. Se os elementos capacitivos, indutivos e resistivos que participam da resso-nância estiverem em série, tem-se a ressoresso-nância série; caso estejam em paralelo, tem-se a ressonância paralela.

Um dos efeitos da ressonância no circuito é que o mes-mo, nessa situação, apresenta uma impedância muito baixa, em caso de ressonância série, ou muito elevada, em caso de ressonância paralela.

A. Ressonância Série

Como anteriormente comentado, quando o fenômeno da ressonância ocorre, o efeito é a anulação da reatância capa-citiva (Xc = 1/ωC) com a indutiva (XL = ωL), resultando em uma baixa impedância no circuito (Z = R ±jXc,L), pois toda a impedância do sistema fica caracterizada pela parcela resistiva com um consequente aumento da corrente que circula pelo sistema.

Na Fig. 1, tem-se parte de um SEP qualquer, formado por um transformador e um BC. De forma simplificada, o modelo do transformador é representado por uma indutância em série com uma resistência, e o BC por uma capacitância, com todos os elementos em série. A partir desta

representa-ção, o circuito equivalente é caracterizado e analisado na condição favorável à ressonância série.

Fig. 1. Representação simplificada e circuito equivalente série de um transformador e um BC [5].

No que segue, tem-se a função de rede (H(jω)) do circui-to RLC série equivalente da Fig. 1.

𝐻(𝑗𝜔) =

𝐼(𝑗𝜔)

𝑉(𝑗𝜔)

= 𝑌

𝑒𝑞

=

1

𝑅 + 𝑗𝜔𝐿 +

𝑗𝜔𝐶

1

(3)

Cujo módulo será:

|𝐻(

𝑗𝜔)

| = 1 √𝑅2+ (

𝜔𝐿 −

1

𝜔𝐶

)2

(4)

Para que o módulo tenha seu máximo valor, basta que a frequência

𝜔

assuma o valor:

𝜔𝐿 =

1

𝜔𝐶

→ 𝜔

0

=

1

√𝐿𝐶

(5)

Nessa frequência, a amplitude máxima da função de re-de será igual a 1/R, evire-denciando um circuito apenas resisti-vo. A frequência ωo para tal situação é denominada como frequência de ressonância.

B. Ressonância Paralela

Em circuitos RLC paralelo, o efeito do cancelamento das características capacitivas e indutivas dos elementos resulta em uma alta impedância (efeito inverso da ressonância sé-rie), cabendo à parte resistiva do circuito drenar toda a cor-rente, resultando em tensões elevadas na rede.

A Fig. 2 traz uma representação para um sistema de dis-tribuição que permitirá evidenciar a ressonância paralela. Na imagem, tem-se a representação de um sistema equivalente da subestação de energia (SE) da concessionária, de um transformador abaixador, de um BC, de uma carga puramen-te resistiva e da injeção de componenpuramen-tes harmônicas (fonpuramen-te harmônica) proveniente das cargas com características não lineares conectadas no mesmo ponto de acoplamento co-mum (PAC).

Fig. 2. Representação simplificada e adaptada de um sistema de distribui-ção. Fonte: Circuito adaptado de [6].

(3)

Na sequência, tem-se a função de rede (H(jω)) do circui-to RLC paralelo equivalente da Fig. 2.

𝐻(𝑗𝜔) =

𝑉(𝑗𝜔)

𝐼(𝑗𝜔)

= 𝑍

𝑒𝑞

=

1

1

𝑅 +

1

𝑗𝜔𝐿 + 𝑗𝜔𝐶

(6)

Já o módulo da função de rede será: |𝐻(

𝑗𝜔)

| = 1

√ 1

𝑅2+ (

𝜔𝐶 −

𝜔𝐿

1

)2

(7)

Para que o módulo tenha seu máximo valor, basta que a frequência

𝜔

assuma, novamente, o valor

𝜔

0

= 1/√𝐿𝐶

.

Nessa frequência, a amplitude máxima da função de rede será igual a R, evidenciando também um circuito apenas resistivo, mas com uma relação de amortecimento inversa à ressonância série.

Sendo assim, na ressonância paralela, quanto maior o va-lor da resistência, maiores serão as sobretensões observadas no circuito. Já na ressonância série, quanto menor o valor da resistência, maiores serão os efeitos da sobrecorrente no circuito [7].

Cabe ressaltar que os modelos simplificados apresenta-dos servem para ilustrar o fenômeno em estudo e podem ser utilizados para sistemas industriais. Contudo, estes não são fidedignos às situações encontradas em campo no caso de sistemas de distribuição, pois não contemplam as caracterís-ticas das linhas e conexões de múltiplos BC em outros pon-tos do sistema, além do barramento da subestação [8].

Como pode ser notado pela Tabela 1, os valores de refe-rência são estabelecidos para a tensão, e não para a corrente. Porém, um dos efeitos da ressonância harmônica no sistema é que a corrente harmônica induz uma tensão em um nível muito acima do que à frequência fundamental. O efeito é que correntes de baixa magnitude geram altas distorções na tensão. Portanto, a ressonância harmônica atua como ampli-ficadora das distorções harmônicas [3].

III. ESTUDOS CORRELATOS

A comunidade técnico-científica tem abordado o assunto reportando trabalhos de análise das causas e efeitos, mode-lagem, medição e mitigação referentes à distorção harmôni-ca. No âmbito da estimação das frequências ressonantes do sistema, têm-se as recomendações do Institute of Electrical

and Electronics Engineers - IEEE [8] que apresenta um

equacionamento aplicável a sistemas industriais e pequenos sistemas de distribuição. Porém, vale ressaltar que com a crescente complexidade e variedade dos elementos conecta-dos aos sistemas de distribuição, novas formas de estimação

são necessárias e devem ser constantemente apresentadas e revisadas.

A. Metodologia Tradicional

Em [8] e [9] é fornecido um equacionamento simples pa-ra a estimação da frequência de ressonância papa-ralela e res-sonância série de sistemas industriais e sistemas de distri-buição simples.

A Fig. 3 traz um modelo representativo de um sistema ressonante [8].

Fig. 3. Modelo de um sistema passível de ocorrência de ressonância parale-la. Fonte: Circuito adaptado de [8].

De acordo com [8], a frequência que resulta na ressonân-cia paralela de um sistema, como o ilustrado na Fig. 3, pode ser estimada pela seguinte expressão:

𝑟𝑒𝑠𝑠𝑜𝑛â𝑛𝑐𝑖𝑎

= √

𝑆

𝑐𝑐

𝑆

𝑐𝑎𝑝

= √

𝑋

𝐶

𝑋

𝐿

(8)

Na qual,

hressonância é a ordem harmônica que resultará na ressonân-cia;

Scc é a potência de curto-circuito do sistema (MVA);

Scap é a potência do BC conectado (MVA); e

𝑋𝐶 e 𝑋𝐿 são a reatância capacitiva e indutiva do sistema,

respectivamente.

Tal equacionamento, como anteriormente comentado, é aplicável a sistemas industriais e a sistemas de distribuição simples, que contenham apenas um capacitor conectado ao barramento da subestação. Contudo, vale frisar que para a abordagem de sistemas mais complexos, o método acima diverge da realidade, e uma determinação analítica se torna impraticável, como apontado por [10].

B. Metodologia Computacional

Dadas às limitações das técnicas tradicionais, baseadas em determinações analíticas, são também encontradas meto-dologias computacionais baseadas na modelagem dos siste-mas em análise. Em [11], os autores apresentaram uma pro-posta para definir o comprimento mínimo da rede a ser mo-delada de modo que as análises no domínio da frequência sejam confiáveis em relação aos parâmetros reais. Foi mode-lado computacionalmente um sistema elétrico real através do software ATP- Alternative Transients Program [12]. A partir do modelo, realizou-se uma varredura em frequência no sistema, obtendo a impedância harmônica do mesmo. A abordagem no domínio da frequência foi confirmada por análises no domínio do tempo.

Em [13] também é realizada uma modelagem de um sis-tema elétrico real via o software ATP. A técnica de

(4)

varredu-ra em frequência é utilizada pavarredu-ra compavarredu-rar configuvarredu-rações alternativas, propostas para eliminar a amplificação harmô-nica ocasionada na energização de transformadores do sis-tema estudado, e para determinar quais dessas configurações alteram significativamente a resposta em frequência do sistema a fim de se evitar a amplificação.

Já em [14] são avaliados os efeitos da distorção harmô-nica em condutores, transformadores, motores de indução, capacitores, dispositivos de medição e de proteção. A pes-quisa também apresenta um estudo de caso referente a uma indústria de fundição conectada na rede de distribuição no município de Monte Alto, SP. O estudo apresenta medições e modelagens da rede, constatações de ressonância harmôni-ca com os BC e soluções para mitigação do fenômeno. A modelagem, bem como os testes de ressonância, foram rea-lizados dispondo do software ATP. Através da simulação de algumas configurações alternativas para a instalação de BC, foi identificado que a simples alteração do posicionamento dos bancos na rede altera a frequência natural do sistema. Logo, através da simulação das configurações alternativas, foi possível selecionar a melhor para contornar os proble-mas, mantendo assim, o fator de potência dentro dos limites recomendados.

Pelos poucos relatos aqui apresentados, fica evidente que a aplicação de um método computacional, torna possível não apenas a aquisição de dados como a frequência de ressonân-cia, mas também é possível testar inúmeras configurações alternativas, obtendo-se novamente a resposta em frequência para cada nova configuração. Outro fator corroborante para o uso de ferramentas computacionais em análises harmôni-cas é que nestas é possível obter uma riqueza maior de in-formações do que na metodologia tradicional, como ocorre, por exemplo, no levantamento da resposta em frequência de sistemas de distribuição mais complexos, o que seria inviá-vel analiticamente pelo procedimento apresentado por [8].

IV. APLICAÇÃO DAS METODOLOGIAS

A. O Sistema de Distribuição Modelado

Para caracterizar o contexto desta pesquisa, foram reali-zadas simulações de um SD primário real via o simulador RTDS. Cabe esclarecer que o SD considerado é operado e mantido por uma concessionária de distribuição de energia regional. Para o SD implementado, os dados das linhas de distribuição e das cargas conectadas foram modeladas con-forme orientações encontradas em [15]. O alimentador do sistema em estudo é apresentado na Fig. 4.

Pela Fig. 4, os componentes do sistema são: o equivalen-te do sisequivalen-tema a montanequivalen-te e a SE (a), os ramos alimentadores (b), (b1), (b2) e (c) e as respectivas cargas conectadas. O sistema apresenta ainda dois bancos de capacitores (BC1 e BC2) conectados nos alimentadores. O ponto (k) aponta para a conexão de uma futura carga com característica não linear.

Neste trabalho, o ponto (k) servirá de referência para os testes de detecção da frequência de ressonância sobre o SD. Os trechos das linhas do SD foram modelados por valores de resistência e de indutância. Os parâmetros considerados foram as extensões dos cabos (condutores), as resistências e as indutâncias de sequência zero e de sequência positiva. Todos os consumidores (clientes finais) foram modelados como cargas de potência constante, conectados em delta. Para estes, os parâmetros utilizados foram as resistências, indutâncias e capacitâncias trifásicas representativas das cargas conectadas ao SD. Os bancos de capacitores foram modelados pelos valores de capacitância trifásica e com conexão estrela aterrado.

B. Detecção da Frequência de Ressonância

Para a detecção da frequência de ressonância do sistema em estudo, foram empregadas as duas metodologias apre-sentadas: a metodologia tradicional baseada em [8] e a com-putacional, baseada em [11]. Ambas foram utilizadas com o intuito de apontar uma possível frequência de ressonância sobre o SD decorrente da interação de uma carga não linear conectada no ponto (k) com o BC2.

B.1. Aplicação da Metodologia Tradicional

O valor da potência de curto-circuito trifásico foi calcu-lada através de (9) [6].

𝑠

3𝜙

=

𝑆

3𝜙

𝑆

𝑏

=

√3𝑉

𝑛𝑜𝑚

𝐼

3𝜙

√3𝑉

𝑏

𝐼

𝑏

= 𝑖

3𝜙

(9)

Na qual,

𝑆

3𝜙é a potência de curto-circuito trifásico (VA);

𝑉

𝑛𝑜𝑚 é a tensão nominal de linha (V);

𝐼

3𝜙é a corrente de curto-circuito no ponto considerado (A);

𝑠

3𝜙é a potência de curto-circuito trifásico (p.u);

𝑖

3𝜙 é a corrente de curto-circuito trifásico (p.u);

𝑆

𝑏 é a potência base adotada (VA);

𝑉

𝑏 é a tensão base adotada (V);

(5)

𝐼

𝑏 é a corrente base (A), calculada a partir de

𝑆

𝑏

/

(

√3 ×

𝑉

𝑏).

Para esta análise, uma fonte de tensão trifásica equilibra-da de 1 p.u. foi conectaequilibra-da no início do alimentador e um curto-circuito trifásico franco (sólido) foi aplicado no ponto (k). Neste ponto, a corrente trifásica de curto-circuito foi medida e a potência de curto-circuito calculada. Os dados da medição e os resultados provenientes de (8) e (9) são apre-sentados na Tabela 2. Através dos dados da Tabela 2 as frequências de ressonância do SD segundo o método tradici-onal foram calculadas.

Cabe ressaltar que o método tradicional não contempla casos como a conexão de múltiplos bancos de capacitores separados por impedâncias de linhas. Portanto, optou-se por analisar dois casos, os quais são (Tabela 2): considerando apenas o BC1 conectado; e considerando apenas o BC2 conectado.

B.2 Aplicação da Metodologia Computacional

Dada a maior complexidade do sistema em análise (complexidade esta quando da comparação entre os sistemas apresentados nas Figs. 3 e 4, e em específico pela Fig. 4, onde os bancos de capacitores são conectados ao longo do sistema e a impedância das linhas não podem ser desconsi-deradas), optou-se por utilizar um método computacional de varredura em frequência do sistema baseado em [11].

Como abordado pelos autores, (10) relaciona as impe-dâncias próprias e mútuas de um sistema trifásico com as tensões trifásicas deste sistema por meio das correntes trifá-sicas que circulam pelo mesmo, no domínio da frequência [11]. [ 𝑉𝑎(𝑗𝜔) 𝑉𝑏(𝑗𝜔) 𝑉𝑐(𝑗𝜔) ] = [ 𝑍𝑎𝑎(𝑗𝜔) 𝑍𝑎𝑏(𝑗𝜔) 𝑍𝑎𝑐(𝑗𝜔) 𝑍𝑏𝑎(𝑗𝜔) 𝑍𝑏𝑏(𝑗𝜔) 𝑍𝑏𝑐(𝑗𝜔) 𝑍𝑐𝑎(𝑗𝜔) 𝑍𝑐𝑏(𝑗𝜔) 𝑍𝑐𝑐(𝑗𝜔) ] [ 𝐼𝑎(𝑗𝜔) 𝐼𝑏(𝑗𝜔) 𝐼𝑐(𝑗𝜔) ] (10)

Sendo assim, para que as impedâncias sejam matemati-camente desacopladas e cada elemento da matriz possa ser obtido, é necessário que apenas uma fonte de corrente tenha valor diferente de zero, como demonstrado por (11):

Portanto, curto-circuitando o equivalente da fonte de tensão do sistema e injetando-se no ponto k, em cada fase por vez, uma corrente de 1 (ampere) com um espectro de frequências variável, e medindo-se a tensão de cada uma das fases no mesmo ponto, é possível obter a resposta em frequência do sistema a partir deste ponto k em observação. Essa resposta representa o que a carga não linear “sentirá" quando da sua conexão no ponto k.

Foram realizados ensaios em frequência considerando a disposição dos BC de várias formas distintas a fim de se verificar o impacto dos mesmos na impedância harmônica observada a partir do ponto k em análise. As seguintes dis-posições foram consideradas, sendo 0 p.u. a saída da subes-tação e 1 p.u. o ponto k:

• Disposição 1: BC1 e BC2 conectados como apresenta-do na Fig. 4 (a 0,23 e 0,91 p.u. respectivamente, da SE).

• Disposição 2: BC1 e BC2 conectados em um ponto mais a montante do ponto k (a 0,67 e 0,94 p.u. respecti-vamente, da SE).

As Figs. 5 e 6 apresentam a resposta em frequência do sistema, em termos da magnitude da impedância própria observada na fase A (Zaa (jω)) do ponto k para cada disposi-ção considerada. A varredura foi feita até a 15ª ordem har-mônica, pois, os picos de ressonância de todas as medidas são compreendidos nesse intervalo.

Cabe salientar que o SD foi modelado considerando-se o circuito como um todo e cargas equilibradas. Portanto, as impedâncias próprias das outras fases são numericamente iguais à impedância apresentada.

Fig. 5. Impedância harmônica do sistema na Disposição 1.

TABELA 2. DADOS E CÁLCULOS DA FREQUÊNCIA DE RESSONÂNCIA DO SISTEMA PELO MÉTODO TRADICIONAL. Potência de curto-circuito do sistema no ponto (k) Bancos de capacitores

Ib Sb I3ϕ Ip.u s3ϕ BC1 BC2

2.265 (A) 90 (MVA) 1.209,7 (A) 0,534 p.u 0,534 p.u Conexão Y Conexão Y

S3ϕ = 48,06 (MVA) Qcap = 1,17 (MVAr) Qcap = 1,13 (MVAr)

Frequência de ressonância (ordem harmônica)

Considerando apenas BC1 Considerando apenas BC2

hressonância = 6,41 hressonância = 6,52

Potência de curto-circuito do sistema no ponto (k) Bancos de capacitores

Ib Sb I Ip.u s BC1 BC2

2.265 (A) 90 (MVA) 1.209,7 (A) 0,534 p.u 0,534 p.u Conexão Y Conexão Y

S = 48,06 (MVA) Qcap = 1,17 (MVAr) Qcap = 1,13 (MVAr)

(6)

Fig. 6. Impedância harmônica do sistema na Disposição 2.

Pelas Figs. 5 e 6 apresentadas é possível observar que o método computacional fornece ao analista uma quantidade maior de valiosas informações. Enquanto o método tradicio-nal apresenta apenas a ordem harmônica mais próxima da frequência de ressonância, o método computacional fornece todas as frequências ressonantes do sistema.

Cabe salientar que com a mudança da localização dos BC no SD, a frequência de ressonância se alterou. Porém, como o método tradicional aborda os BC apenas em termos de sua potência reativa, não considerando seu ponto de co-nexão no sistema, a ordem harmônica é a mesma para qual-quer ponto de conexão dentro de uma determinada seção (alimentadores) no SD.

V. CONCLUSÃO

Através da análise comparativa apresentada, foi possível fazer clara distinção entre uma metodologia analítica tradi-cional e uma metodologia computatradi-cional na estimação da frequência de ressonância harmônica da rede apresentada. A diferença da resposta dada pelos dois métodos se deu em termos de ordens harmônicas. Ou seja, um analista que utili-zasse o método tradicional, fora das recomendações de [8], como em um sistema como o apresentado, projetaria um filtro visando uma ordem harmônica diferente da que real-mente seria passível de mitigação.

Outra limitação do método tradicional é que o mesmo não fornece informações em termos da severidade da resso-nância harmônica, dada pela magnitude (amplitude) da cor-rente harmônica em relação à frequência fundamental. Já o método computacional é capaz de apresentar a magnitude não apenas em termos qualitativos, através da forma de onda da resposta em frequência, mas também em termos quantita-tivos, através da normalização dos valores da impedância harmônica com referência à frequência fundamental.

A distinção dos dois métodos se deu no fato da metodo-logia tradicional não ser aplicável a sistemas onde a impe-dância das linhas não pode ser desconsiderada. Nestes sis-temas, portanto, recomenda-se o uso de técnicas mais sofis-ticadas e mais ricas em informações como a técnica compu-tacional apresentada.

VI. AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem ao apoio da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) pela conces-são de auxílio financeiro, bem como ao Laboratório de Sis-temas de Energia Elétrica (LSEE), da Escola de Engenhari-a de São CEngenhari-arlos (EESC/USP) pelEngenhari-a infrEngenhari-aestruturEngenhari-a fornecidEngenhari-a durante o desenvolvimento desta pesquisa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Referências

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