Instituto de Física Gleb Wataghin
Caracterização Térmica de Filmes Finos
através da Microscopia Fototérmica de
Reexão
Laura Ramos de Freitas
Dissertação apresentada aoInstituto deFísica `Gleb
Wataghin',UniversidadeEstadualdeCampinas,para
obtenção do grau deMestre em Física.
Orientador: Prof. Dr. Antonio Manoel Mansanares
Campinas
Veja, não me diga que a
cançãoestá perdida,
Tenha fé em Deus, tenha fé
navida,
Tenteoutra vez.
Beba,pois a água viva ainda
está nafonte,
Vocêtemdoispésparacruzar
aponte,
Nada acabou.
Tente, levante sua mão
sedenta e recomece a
andar,
Não pense que a cabeça
aguenta sevocê parar,
Há uma voz que canta, uma
voz que dança, uma voz
quegira bailandonoar.
Queira, basta ser sincero e
desejar profundo,
Você será capaz de sacudir o
mundo,
Tenteoutra vez.
Tente e não me diga que a
vitória está perdida,
Se é de batalhas que se vive
avida,
Tenteoutra vez.
Dedico este trabalho aos meus pais pelo amor, pela educação e pelas oportunidades
Agradecimentos
Agradeçoao Antonio pela orientação e amizade;
AoProf. Dr. MárioBica pelofornecimentodas amostraspoliméricase pelo
apren-dizado;
À Jochen Bolte,pelocrescimentodos lmesdeouro, nogrupo doProf. Josef Pelzl,
naRuhr-Universität-Bochum, Alemanha;
AoSales pela deposição dos lmesde alumínio;
AoCosta pelos espectros dos lmes;
À Priscila eao Jeerson Bettinipelasfotos dos lmes;
Aopessoaldolaboratório: Dinah,Jerias,Douglas,Paulo,ZéRoberto,Max,Manoel,
Alberto e aoProf. Edson, pelaconvivência agradável;
Aopessoal da Bibliotecapeloatendimentoatencioso, emespecial à Ritae àDina;
Às secretárias doDEQ pela simpatiae àRosepelasguras;
Aopessoal da secretariadepós graduação pelapaciência;
À Roma, Jeferson Ortiz, Cabelo e ao Demétrio por me convencerem e ajudarem a
utilizaro L A
T
E X;
À Marta, à Pilae aoNewton pelaajuda com asguras complicadas;
À Roma e aoLazáro pelaajudana impressãoe encadernação;
À todos os amigos da pós: Pila, Martinha, Fran, Roma, Dani, Banana e Super,
Lázaro, Ju, Eliana e Gabriel, Marcelo, Nury, Daniel, Larissa e Cláudio, Rodrigo,
Tersio, Jef, Cabeloe Fe, Cibelle, Dedé, Henrique, Vitor, Cínthia, Doretto, Urbano
e aosJúlios;
À todos os meus amigosque me apoiaram delonge;
AoLuciano porter aparecido epermanecidona minhavida;
Aosmeuspais,CéliaeCunha,peloprivilégiodeserlhadeleseaomeuirmãoJoão;
Resumo
A caracterização térmica de lmes nos tem altíssima relevância tecnológica devido
à sua ampla utilizaçãona fabricaçãode dispositivos. Além disso, apresentatambém um
aspecto fundamental já que as propriedades térmicas podem ser alteradas neste tipo de
estrutura devido ao rearranjo dos átomos ou moléculas. A Microscopia Fototérmica de
Reexão se mostrouadequada para realizareste tipo decaracterização,com a vantagem
deserumatécnicasemcontato. Estatécnicafundamenta-senavariaçãodareetânciada
amostra,causadapelageraçãodecalor quandoseincide luzlasermoduladasobre a
mes-ma. A onda térmica assim gerada é sondadaatravés deum segundofeixe laser contínuo
que é reetido na superfície do material. Construímos, então, um modelo teórico
tridi-mensional quedescreveapropagaçãodeondas térmicasnestas estruturas, incluindouma
resistência térmicana interface lme/substrato. Foram feitassimulaçõescomputacionais
para amostrasde ourosobre vidro, polímerosobre vidroe polímerosobre silício.
Basica-mente,pode-se realizar dois tipos deexperimento (simulação): xar a posição dos feixes
evarrer afreqüênciademodulação,ouxarafreqüênciademodulaçãoe variaraposição
relativa dos feixes. Neste segundo caso, privilegia-se a difusão lateral e através de uma
soluçãoassintótica (para grandesdistânciasdafonte), encontra-se a relaçãodedispersão
da onda térmica. Através dos resultados numéricos pudemos encontrar as condições
ex-perimentaismaisapropriadasparaevidenciarum determinadoparâmetroenvolvidoneste
problema. Foramrealizadasmedidasemlmesmetálicossobrevidroelmesdepolímeros
depositados aplasma sobre substratos de vidroe de silício. Os resultados experimentais
Abstract
Thin lm characterization is extremely important in many technological areas.
Be-sides, it has also a fundamental aspect, for the thermal properties can be modied in
thesesystems (incomparisonwithbulkvalues). PhotothermalMicroscopyis widelyused
with thispurpose, becauseitisa noncontactsensitivetechnique. This techniqueisbased
onthe dependence of the sample reectance with temperature. A modulated laser beam
is used toheat the sample, and the thermal wavesgenerated are monitored by asecond
continuous laser beam. A tridimensional model was developed to describe the thermal
wavepropagationinthese structures,includingathermalresistanceatthe lm/substrate
interface. Wehavemade numericalcalculations for: gold and polymer lms onglass and
polymer lmsonsilicon. Onecan maketwokindsof mesurement: seta distancebetween
the beams and vary the modulation frequency or set a frequency and vary the position
betweenthebeams. Inthesecondcase,thelateralheatdiusionisevidenced,andonecan
nd the dispersion relationof thethermalwave. Bynumericalresultswecoulddetermine
the experimental conditions which emphasize a parameter involved in this problem. We
have mademeasurementsinmetallic lms onglass and in polymer lms on glass and on
Epígrafe v
Dedicatória vii
Agradecimentos ix
Resumo xi
Abstract xiii
1 Introdução àcaracterizaçãotérmicade lmesnos: técnicas
experimen-tais 1 1.1 Introdução . . . 1 1.2 TécnicasConvencionais. . . 2 1.3 TécnicasFototérmicas . . . 5 1.3.1 Fotoacústica . . . 5 1.3.2 EfeitoMiragem . . . 6 1.3.3 LenteTérmica. . . 7 1.3.4 MétodoPiroelétrico. . . 7 1.3.5 MétodoCalorimétricoAC . . . 7
1.3.6 Deexãode Feixepordeformaçãode superfície. . . 8
1.3.7 Grade dedifração fototérmica . . . 8
1.3.8 MétodoFlash . . . 8
1.3.9 Técnicasfototérmicaspulsadas . . . 9
1.4 MicroscopiaFototérmica deReexão . . . 10
2 Propagaçãode caloremlmessobresubstrato: teoriaecálculos numéri-cos 13 2.1 Denição doproblema . . . 13
2.3 Problemaunidimensional . . . 14
2.4 Problematridimensional . . . 18
2.4.1 Resultadosnuméricos emfunção dafreqüência - Inuênciade R T . 25 2.4.2 Resultadosnuméricos emfunção dafreqüência - Inuênciade L . . 30
2.4.3 Resultadosnuméricos emfunção dafreqüência - Inuênciade . . 32
2.5 Relaçãode dispersão da onda térmica . . . 34
2.5.1 Relaçãode dispersão modicada. . . 35
3 Resultados experimentais: lmes metálicos e poliméricos 49 3.1 Metodologiaexperimental . . . 49
3.2 ResultadosExperimentais . . . 50
3.2.1 FilmesFinos Metálicos . . . 50
3.2.2 FilmesFinos Poliméricos . . . 60
3.2.3 FilmesFinos deSílica . . . 66
3.3 Discussão dos resultados experimentais . . . 68
4 Conclusões e perspectivas 71 A Transformada de Hankel 73 B Programas utilizados nas simulações 77 B.1 Coecientede Reexão . . . 77
B.2 Temperatura3D emfunção da freqüência. . . 80
B.3 Temperatura3D emfunção da posição . . . 83
B.4 Relaçãode dispersão . . . 87
1.1 Esquema deaparatoexperimentalconvencional . . . 3
1.2 Esquema experimental dométodo3! . . . 4
1.3 Princípiobásico doefeitomiragem . . . 6
1.4 Princípiobásico dométododegrade de difração fototérmica. . . 9
1.5 Princípiodefuncionamento datermo-reetânciade pico-segundo. . . 10
1.6 Esquema da montagem experimental da Microscopia Fototérmica de Re-exão. . . 11
2.1 Reexão etransmissão da ondatérmica nainterface lme/substrato. . . . 13
2.2 Ondatérmica numa interface (Caso unidimensional). . . 15
2.3 Módulo e fasedo coeciente dereexão nainterface ouro/ouro . . . 19
2.4 Módulo e fasedo coeciente dereexão nainterface ouro/vidro . . . 20
2.5 Módulo e fasedo coeciente dereexão nainterface polímero/vidro . . . . 21
2.6 Módulo e fasedo coeciente dereexão nainterface polímero/silício . . . 22
2.7 Esquema daamostra. . . 23
2.8 Temperaturanasuperfíciedo`lme'deourode1msobreouro emfunção dafreqüência - inuência deR T . . . 27
2.9 Temperaturanasuperfíciedolmede ourode1m sobrevidroem função dafreqüência - inuência deR T . . . 28
2.10 Temperatura na superfície do lme de polímero de 1m sobre silício em função dafreqüência - inuência deR T . . . 29
2.11 Temperaturana superfície dolme deouro sobre vidro emfunção da fre-qüência -inuência de L . . . 31
2.12 Temperaturana superfíciedo lme de polímero sobre vidro em função da freqüência -inuência de L. . . 33
2.13 Temperaturanasuperfíciedolmede ourode1m sobrevidroem função dafreqüência - inuência de . . . 34
2.14 Temperaturanasuperfíciedolmede ourode1m sobrevidroem função daposição . . . 36
2.15 Relação de dispersão da onda térmica para lme de ouro sobre vidro
-resultado numérico . . . 37
2.16 Relação de dispersão da onda térmica para lme de ouro sobre vidro
-resultado analítico . . . 41
2.17 Relação de dispersão da onda térmica para lme de ouro sobre vidro
-inuência deL . . . 41
2.18 Relação de dispersão da onda térmica para lme de ouro sobre vidro
-inuência de . . . 42
2.19 Temperatura na superfície do lme de polímero de 1m sobre silício em
função daposição . . . 43
2.20 Relaçãodedispersãodaondatérmicapara lmedepolímerosobre vidroe
sobre silício . . . 44
2.21 Relação de dispersão da onda térmica para lme de ouro sobre vidro
-inuência deR
T
- resultado numérico . . . 45
2.22 Relaçãodedispersão daondatérmicapara lme depolímerosobre vidro
-inuência deR
T
. . . 46
2.23 Relação de dispersão daonda térmica para lme de polímero sobre silício
-inuência de R
T
. . . 47
2.24 Relação de dispersão da onda térmica para lme de ouro sobre vidro
-inuência deR
T
- resultado analítico . . . 47
3.1 Amplitude e fase do sinal de reetância fototérmica medidas no lme de
ouro 2sobre vidro emfunção daposição . . . 52
3.2 Amplitudeefase do sinalde reetância fototérmicamedidasnos lmes de
ouro 1e 2 sobre vidroemfunção da posição . . . 53
3.3 ResultadosexperimentaisRelaçãodedispersãocalculadaparaolmede
ouro 1sobre vidro -inuência de . . . 54
3.4 ResultadosexperimentaisRelaçãodedispersãocalculadaparaolmede
ouro 1sobre vidro -inuência de L . . . 55
3.5 Medida daespessura para olme de ouro 1sobre vidro . . . 56
3.6 Medida daespessura para olme de ouro 2sobre vidro . . . 56
3.7 ResultadosexperimentaisRelaçãodedispersãocalculadaparaolmede
ouro 2sobre vidro. . . 57
3.8 Amplitude e fase do sinal de reetância fototérmica medidas no lme de
alumíniode100nm sobre vidroemfunção da posição . . . 58
3.9 ResultadosexperimentaisRelaçãodedispersãocalculadaparaolmede
3.11 Resultadosexperimentaisemfunçãodafreqüênciaparaolmedealumínio
de100nm sobre vidro . . . 62
3.12 Micrograadeuma regiãodaamostra depolímerosobre silíciomostrando
aação do laser sobre olme . . . 63
3.13 Amplitude e fase do sinal de reetância fototérmica medidas no lme de
polímerode 1;4m sobre vidro . . . 64
3.14 ResultadosexperimentaisRelaçãodedispersãocalculadaparaolmede
polímerode 1;4m sobre vidro . . . 65
3.15 Espectro detransmitânciado lme depolímero de1;4msobre vidro . . . 66
3.16 Micrograadolme de polímeroapós vácuo . . . 67
3.17 Micrograadolme de polímeroimplantado . . . 68
3.18 Amplitude, fase e componenteDC dosinal de reetância fototérmica
me-didas nolme depolímero implantado . . . 69
3.19 Resultadosexperimentaisdarelaçãodedispersãopara olme depolímero
de1;8msobre vidro recoberto de alumínio . . . 70
Introdução à caracterização térmica de
lmes nos: técnicas experimentais
1.1 Introdução
A caracterizaçãotérmicadelmesnos ganhouextremaimportânciatecnológica,
vis-toqueaindústriadedispositivoseletrônicosestácadavezmaisbaseadaem processosque
envolvemdiversascamadasmuitonas. Apresençadelmesnostambéméfundamental
em dispositivos ópticos. Esta importância advém do fato de que as propriedades
térmi-cas destas estruturas podem diferir das propriedades do mesmo material maciço (bulk),
devido ao rearranjo dos átomos ou moléculas. Dependendo do processo de crescimento,
das condições de deposição ou até mesmo da espessura, pode-se obter lmes com
pro-priedades físicas distintas. O desempenho de dispositivos eletrônicos e optoeletrônicos,
bemcomo defeitos e falhasnos mesmos,está intimamenteligadoao escoamentodocalor
nestas estrututas.
O objetivo deste trabalhofoi a utilizaçãodaMicroscopiaFototérmica de Reexão na
caracterizaçãotérmica delmes nos sobre substratos. Como veremos adiante, esta
téc-nicaapresentaaltaresoluçãoespacial(m),epermiteportantoacaracterizaçãolocaldos
lmes. O principalparâmetro térmico obtido neste tipo de investigação é a difusividade
térmica. Alémdisso, emcertascondiçõesexperimentaispode-seobservar,eventualmente,
uma resistência térmicade contato entrelme e substrato.
Dentro doobjetivoacima,dividimos otrabalhoemduas partes: a primeira,de cunho
teórico e a segunda experimental. A primeira volta-se para a modelagemdo problema e
para o cálculo numérico da temperatura na superfície do lme para diferentes amostras
e condições experimentais. Particular atenção é dada aos lmes pouco condutores de
calor(poliméricos), umavezquealiteratura nãoaborda estetipodeestudo. Nasegunda
Novamente,as medidasemlmes poliméricoscom esta técnica(caracterizaçãolocal) são
originais. Como será discutido, hádiculdades experimentaisadicionaisneste caso, para
as quaisapontaremospossíveissoluçõesao nal dotrabalho.
Naspróximasseções,vamosdecreveralgumastécnicasexperimentaisempregadaspara
acaracterizaçãotérmicadelmesnos. Estastécnicaspodemserdividasemdoisgrandes
grupos: osmétodoselétricos,nos quaisuma correnteelétricaaqueceo materialvia efeito
Joule, e os métodos fototérmicos, nos quais a amostra é aquecida através da absorção
de luz. Na última seção deste capítulo detalharemos o funcionamento da Microscopia
Fototérmica deReexão.
No capítulo2, será mostrado um estudo téoricoda propagaçãode ondas térmicasem
lmes nos sobre substratos. No capítulo 3, apresentamos os resultados experimentais
obtidos com a Microscopia Fototérmica de Reexão em lmes metálicos sobre vidro e
poliméricos sobre vidro e silício. Por m, o capítulo 4 traz as conclusões e perspectivas
deste trabalho.
1.2 Técnicas Convencionais
Nesta seção descreveremos o princípio de funcionamento de alguns métodos não
fo-totérmicos empregadosnacaracterizaçãotérmicadelmes nos. O termocaracterização
térmica é muito amplo, podendo dizer respeito a diversas propriedades, tais como
con-dutividade térmica, calor especifíco, expansão térmica, etc. Vamos nos concentrar em
técnicas voltadas para a medida da condutividade térmica k ou da difusividade térmica
, queestá relacionadacomaprimeiraatravésdaexpressão= k
c
, ondeéadensidade
volumétrica do material e c seu calor especíco. Isto porque os métodos fototérmicos
trazem este tipode informação,emgeral.
A gura 1.1mostraum esquema proposto porKelemenem1976 [1],para medira
di-fusividade térmicade lmes nos. Um oF éutilizadopara produzir um pulso decalor.
Ele ca sobre a superfície da amostra A (lme/substrato) e uma corrente o atravessa
durante um curto período de tempo (1-3 s). Para medir a temperatura, são utilizados
dois termopares em posições diferentes. O bloco de cobre C é utilizado para regular a
temperatura do bloco B, que é isolante. Medindo a temperatura em função do tempo
nestes dois pontos, pode-se determinara difusividadetérmica dolme, desde quea
difu-sividade térmicadosubstrato sejaconhecida. É precisoconhecer também aespessura do
lme. Para encontrar a condutividade térmica é necessário saber a densidade e o calor
espessuras de50a 300nm. A grandedesvantagem destemétodoé ocontato dos os com
a superfície dos lmes, oque inviabiliza medidasdeste tipo emlmes pouco resistentes.
Figura 1.1: Esquema de aparato experimental convencional para medir a difusividade
térmica: A é o substrato com um lme no, B é um bloco isolante, C é um bloco de
cobre, F é um o com diâmetro de 0.1mm utilizadopara produzir o pulso decalor, Te
1
e Te
2
sãotermopares de ferro-constantan (os com 510 2
mmde diâmetro). Extraída
daRef. [1].
Outro métodomuito utilizado para caracterizarlmes nos é o 3!, criado por Cahill
[2, 3]. Uma ponte metálica é depositada sobre o lme dielétrico (gura 1.2). Uma
cor-rente harmônica, de freqüência angular !, passa através da linha de largura w e aquece
a amostra com uma freqüência 2!, devido ao efeito Joule, já que a potência é
dissipa-da nesta frequência. Medindo a voltagem em 3!, V(3!) / R(2!)I(!), obtém-se a
resistência da mesma linha metálica, que é proporcional à variação de temperatura da
amostra. Assim, pode-se obter a difusividade térmica e, a partir dela, a condutividade.
Dependendo daespessuradolmee dafrequência utilizada,obtém-se aspropriedadesdo
mesmo sem que se conheça asdo substrato. Estemétodo foi utilizadopara medir lmes
dea-Si:H sobrealumínio, dedezenasde micrometros.
Existem várias técnicas similares ao método 3!, que utilizam pontes de lmes
resistênciatérmicaentreasdiversasinterfaceseapreservaçãodascaracterísticasdolme.
Outra desvantagem é a necessidade de garantir um bom contato elétrico preservando a
superfíciedolme. Astécnicasquerequeremlmes auto-sustentáveistêmavantagemde
não depender das propriedades dosubstrato. No entanto,este tipo delme experimenta
níveis de estresse e contaminação bemdiferentes que o mesmo material sobre substrato,
oquepodeprejudicarprojetosdedipositivos. Alémdisso, sãoemgeralmais espessos (da
ordem demicrometros).
Figura1.2: Esquemaexperimentaldométodo3!,wéalarguradalinhametálicautilizada
para aquecer a amostra e medir a temperatura na superfície e d é a espessura do lme.
Extraída daRef. [3].
Uma destastécnicasfoi utilizadapor Brotzen etal[5] paramedir acondutividade de
lmes de sílica, de 100nm a 2 m de espessura, sobre silício em função da
temperatu-ra. Nesta técnica, uma ponte de alumínio é depositada sobre a amostra, uma corrente
contínua a atravessa, e medindo-se a resistência da ponte, obtém-se a condutividade do
lme. Para variara temperatura,é necessáriogarantirum bom contato térmicocom um
reservatórioe tomar precauções para com osefeitos deradiação.
Umoutrométodonãofototérmicofazuso deum microscópiodeforçaatômica(AFM)
para medir a condutividade térmica ponto a ponto na superfície do lme. Para isto a
depende dacondutividade domesmo [6]. Entretanto,outro feixe laser é focalizadosobre
a ponta para medir as variações da sua posição, o que gera um sinal de fundo. Outra
maneira de aquecer a ponta é fazer passar um corrente elétrica pelo mesma [7], o que
eliminaeste sinal. Comoumlmedeáguasempreseformasobreasuperfíciedaamostra,
Callar et al [7] realizaram medidas a 80 0
C, para eliminar este problema, em lmes de
sílica sobre silício, com espessuras variandode 50a 1000nm.
Todasestastécnicasreportamvaloresdecondutividadetérmicaiguaisoumenoresque
o valor de bulk, principalmente para lmes muito nos. A condutividade pode depender
datemperaturaedaespessuradoslmes,edependefortementedastécnicasdefabricação
dos mesmos.
1.3 Técnicas Fototérmicas
As técnicasfototérmicassãoum conjuntodetécnicas quetêm como princípioo
aque-cimento da amostra através da absorção de luz modulada ou pulsada e a sondagem do
campodetemperaturagerado,atravésdeefeitosdecorrentesdaelevaçãodetemperatura.
Este procedimentorepresenta uma vantagem em relaçãoàs outras técnicas,pois não
re-quercontatocomasuperfíciedolme. Vamosdescreverbrevementepartedesteconjunto
detécnicas, quefoi empregada nacaracterizaçãotérmica delmes nos.
1.3.1 Fotoacústica
A fotoacústica é a precursora das técnicas fototérmicas. Esta técnica utiliza um
mi-crofone para medir as variações de pressão geradas pela absorção de luz modulada na
amostra. Iluminando a amostra de duas maneiras (interface ar/lme e ar/substrato) e
variando a freqüência de modulação obtém-se a condutividade e a difusividade térmica,
independentemente,a partirdafase dosinal fotoacústico[8]. Esteprocedimentofoi
apli-cado emum lme de2m (multicamadasde As
2 Se
3
e KCl) sobre um substrato de KCl,
de 12,7mm. A aplicação deste método em lmes muito nos é limitada pela freqüência
demodulação (até kHz).
Uma variação deste método foi realizada por Tokunaga et al [9], utilizando uma
amostra parcialmente recoberta. Comparando a fase do substrato descoberto com a do
lme/substrato obtém-se a difusividade do lme. Esta técnica foi aplicada em camadas
deadesivorelativamentegrossas(50m),sobre diferentessubstratos. Ovalor de
1.3.2 Efeito Miragem
Esta técnica tem como princípio o aquecimento da amostra com um feixe laser
in-cidindo perpendicularmente à superfície. A absorção de luz pela amostra gera calor na
mesma, que se propaga para a vizinhaça. Ocampo de temperatura assim gerado é
son-dado atravésdadeexão de um segundofeixe laser rasantesobre a amostra(gura 1.3).
Figura1.3: Princípio básicodo efeitomiragem. Extraída daRef. [10].
Roger et al [11] aplicaram este métodopara um lme policristalino de semicondutor
(CuInSe
2
) de3;5m de espessura. Para isto é necessário utilizar freqüências de
modu-lação relativamente altas e realizar o experimentode duas maneiras: iluminando o lme
e o substrato e apartir da diferença defase entreas duas medidas pode-se obter as
pro-priedades do lme,desde que asdo substrato sejamconhecidas.
Plamann e Founier [12] utilizaram esta técnica para medir lmes de diamante
poli-cristalino auto-sustentáveis e encontraram 10;5cm 2
=s para a difusividade lateral, em
lmes de330m de espessura.
Skumanich et al [13] desenvolveram um método similar no qual também
compara-vam a medida com iluminação dianteira à uma medida com iluminação traseira, para o
substrato (quando presente) tem que sertrasparente. Eles realizaram medidasemlmes
metálicosdecentenas demicrometros, emum lme degermânio de 45mede a-Si:H de
1.3.3 Lente Térmica
Quando umaamostrasemitransparenteabsorveluzprovenientedeumlaser,forma-se,
na região iluminada, um gradiente de temperatura que gera um gradiente de índice de
refração, dando origem a uma lente de natureza térmica. A magnitude desta lentepode
ser sondada por um segundo feixe laser que atravessa esta região. Esta lente pode ser
convergenteou divergentedependendo domaterial. Emgeral, alenteé convergentepara
sólidos, enquanto que,para líquidos, elaé divergente.
Snook et al [14] empregaram esta técnica para determinar a difusividade térmica de
lmes poliméricos(polietilenodebaixae alta densidade,polycarbonato e
polivilnilaceta-to)auto-sustentáveis,comespessura variando de50a500m. Osvaloresde difusividade
encontrados concordam com os debulk.
Estatécnicarequer amostrassemi-transparentes, oqueinviabilizaacaracterizaçãode
lmes opacos.
1.3.4 Método Piroelétrico
Este método utiliza um sensor piroelétrico, que tem a propriedade de transformar
uma diferençadetemperaturanuma voltagem,e assimmedir atemperaturadaamostra.
Existemváriosmateriaispiezoelétricoseváriasconguraçõesquepodemserutilizadosna
caracterizaçãodelmesnos[15,16,17]. CoufaleHeerle[16] aplicaramestatécnicaem
lmes de resina de 0.5a 2m, depositados sobre o detetor,recobertos com uma camada
muito na de ouro (80nm), para garantirque toda a luz incidente seja absorvida na
su-perfície. A difusividade encontrada cou abaixo do valor debulk.
A desvantagem deste método é a necessidade de um bom contato térmico entre a
amostrae o detetor. Na aplicaçãocitada acima,não foi considerada uma resistência
tér-micanainterface. Emalgunscasos,utiliza-seumacamadadepastatérmicaparagarantir
o contatotérmico.
1.3.5 Método Calorimétrico AC
Estemétodoutilizaumtermoparparamediratemperaturadeumlmeauto-sustentável,
iluminado comum feixe laser modulado,naoutra face. Yuetal [18]estudaram três
con-guraçõesdeste métodoe aplicaramemlmes semicondutoresde4 (Simonocristalino) a
11m(multicamadas deGaAs/AlAs).
con-1.3.6 Deexão de Feixe por deformação de superfície
Em 1983 Opsal et el [19] aplicaram a técnica de deexão de feixe para medir a
es-pessura de lmes nos (lmes de Al e de SiO
2
de 50 a 2500nm). Esta técnica é similar
à Microscopia Fototérmica de Reexão, cujo funcionamento será detalhado na próxima
seção. Um laser de argônio modulado é utilizado para aquecer a amostra. Este feixe é
focalizado por um micróscopio e incide sobre a amostra com um raio de 1m. O calor
geradonasuperfíciedaamostracausaumadeformaçãotermoelásticadamesmae,quando
um segundo laser (de prova)atinge esta região, além deserreetido, eleédeetido. Um
fotodiodo deposição detecta asvariaçõesda posição dofeixe de prova quedependem da
temperaturae domaterial.
Recentemente,Ogawaetalutilizaramestatécnica,comumraiodefeixemaior(1mm),
paracaracterizar lmespoliméricosauto-sustentáveis[20],com espessurade10a125m,
e para lmes depolímero sobre silíciode espessurasde alguns micrometros[21].
1.3.7 Grade de difração fototérmica
Neste método a interfência de luz laser cria um padrão periódico na superfície da
amostra(gura 1.4). Aelevação detemperaturacausadapelaabsorçãodeluz, gera uma
variaçãodeíndicederefraçãoperiódica,quefuncionacomoumagradededifração[22]. A
deexão deum segundofeixe laser (de prova) éutilizadapara analisara difusão decalor
lateral naamostra.
Kädingetal[23]aplicaramestemétodoemlmedeouro(630nm)sobresílica,
encon-trando 0;34cm 2
=s para a difusividade lateral do ouro, e também emlmes de diamante
auto-sustentávelesobresilício,encontrando0;22cm 2
=sparaadifusividadelateraldo
dia-mante.
1.3.8 Método Flash
Afontedecalorutilizadanestatécnicaéumpulsodeluz(ash),eocalorassimgerado
é medido através de um detetor infra-vermelho. Esta técnica foi empregada na
caracte-rização de lmes poliméricos auto-sustentáveis recobertos com uma camada de carbono
[24]. A difusividade dos lmes foi determinada em função da temperatura. Tang et al
[25] analizaram as fontes de erro deste método e as condições que têm de ser satisfeitas
para a obtenção deresultados conáveisemlmes nos.
Figura 1.4: Princípio básico do método de grade de difração fototérmica. Extraída da
Ref. [3].
Uma variação desta técnica é a radiometria infra-vermelha,na qual o calor é gerado
atravésdaabsorçãodeluzlaser moduladaetambémé medidoatravésdaradiação
infra-vermelha emitida pela amostra. Recentemente, ela foi utilizada para caracterizar lmes
dea-C:H sobre aço de2 a4m [26].
1.3.9 Técnicas fototérmicas pulsadas
Na termo-reetância de pico-segundo, para aquecer a amostra, utiliza-se um laser
pulsado(pulsosdefsoups). Umapartedeste feixeédefasada ereetidanasuperfícieda
amostra, sondando assim o campo detemperatura gerado na mesma (pump and probe).
A gura (1.5) ilustrao funcionamentodesta técnica.
Esta técnica foi aplicadapelaprimeira vezem lmes nos por Paddock e Eesley [27]
em1985. Elesrealizarammedidasemlmesmetálicosdecentenasdenanometros,
encon-trandovaloresdedifusividadesabaixodosdebulk. Agrandevantagemdestemétodoéque
as propriedadesdosubstrato não interferem noexperimento (para lmescom espessuras
em torno de 100nm). Mais recentemente, Bonelloet al [28] utilizaram esta técnica para
caracterizar lmesde tungstênio sobre silício,com espessuras variando de70 a450nm.
Existem outras técnicas que utilizam pulsos de nanosegundos de luz para aquecer a
amostraemedematemperaturaatravésdepropriedadeselétricas. Orain etalutilizama
à expansão térmica. Nesta técnica, o lme deve serdepositado sobre um substrato
con-dutorousemicondutoreumeletrododealumínioé,porsuavez,depositadosobreolme.
Figura 1.5: Princípio de funcionamento da termo-reetância de pico-segundo. Extraída
daRef. [3].
1.4 Microscopia Fototérmica de Reexão
Finalmente chegamos á Microscopia Fototérmica de Reexão que é a técnica
expe-rimental utilizada neste trabalho. Nesta técnica o campo de temperatura gerado pela
absorçãodeluz laser moduladaésondado através davariação nareetância daamostra,
já que o índice de refração varia com a temperatura. O sinal obtido é proporcional à
variação dareetância daamostra, naformaseguinte
R R = 1 R @R @T T (1.1) onde @R @T
é um coecienteque depende domateriale docomprimentodeonda.
Esta técnicaapresentaa vantagem deser sem contato, oque preserva a superfície do
lme. Outra vantagem é que com esta técnica pode-se medir as propriedades térmicas
localmente,oque permite determinar regiões distintas daamostra.
A montagemexperimentalutilizadanesta técnicaestá esquematizada nagura(1.6).
Paraexcitaraamostra,utilizamosalinhade514,5nmdeumlaser deAr +
(LEXEL,mod.
mod.PM5139),sendo que a primeiraordem de difração é selecionada porum diafragma.
UmaoutraordemdedifraçãoédesviadaparaumfotodiodorápidodeSi(NewFocus,mod.
1801,DCa125MHz). Osinaldestefotodiodoéenviadoaumamplicadorsíncrono
(lock-in),como referência. A primeira ordem dedifração é reetida por um espelho de banda
passante dielétrico (dicróico), entrando no tubo fotográcode um microscópio óptico de
reexão(Olympus,mod. BHMJUMA)quefocalizaofeixesobreasuperfíciedaamostra.
Um laser diodo(10mW-670nm), contínuo, é utilizadocomo feixe deprova. Estefeixe
passa por um cubo separador de polarização, atravessa o espelho dicróico e passa por
uma lâmina de quarto de onda, antes de penetrar no tubo fotográco do microscópio e
incidir nasuperfícieda amostra. No retorno, elepassa novamentepelalâmina dequarto
deondaeédesviadopelocuboseparadordepolarização(comoelepassouduas vezes pela
lâminadequartodeonda,adireçãodesuapolarizaçãofoialteradaem90graus),paraum
segundo fotodiodo (de sinal) rápido deSi (New Focus, mod. 1801, DC a 125MHz). Um
ltro elimina a radiação de excitação residual. Este sinal é enviado para o amplicador
lock-in.
Figura1.6: EsquemadamontagemexperimentaldaMicroscopiaFototérmicadeReexão.
Para variar a distância entre os feixes, utiliza-se um motor de passo acoplado ao
garantir uma potência luminosa uniforme na superfície da amostra enquanto o espelho
se movimenta, é necessário realizar uma ltagem espacial do feixe de excitação. Este
procedimentoé feito daseguinte maneira: utiliza-selentes para aumentar o diâmetro do
feixe (daordemdecm)naentrada domicroscópio, deformaquemesmoquando ofeixeé
movimentado(daordemdemm)apotênciaentrandopelaocularsemantêm
aproximada-menteconstante. Note-sequeéapenasofeixedeexcitaçãoquesemovimentaembora,nos
cálculos teóricos do próximo capítulo, consideramos a situação inversa (o feixe de prova
semovimentando). Estas duas situaçõessãoequivalentesseomeio apresentasimetriade
translação noplano da amostra,importandoapenas a distânciaentreos dois feixes.
Umsistemadetranslaçãox-y(Microcontrole,mod.ITL09.2,resoluçãode0;1m
passo-a-passo) é utilizado para movimentar a amostra. Este sistema é controlado por um
mi-crocomputador, que também lê o lock-in e armazena a amplitude e a fase, e lê ainda a
parteDCdosinalprovenientedofotodiododesinal, poisesteéproporcionalàreetância
estática da amostra (a 670nm). Um conversor analógico-digital (STD, mod. AD850) é
responsável pela leitura do lock-in e do fotodiodo. Uma placa controladora GPIB/IEEE
ligao computadorao sistemade translação, aoconversor eao geradordeáudio.
O sinal AC é proprocional à variação da reetância R, enquanto o sinal DC é
pro-porcional àreetância estáticada amostraR (temperatura ambiente).
Com esta montagem,podemosfazer, basicamente,três tiposdeexperimento: manter
os dois feixes coincidentes e varrer a posição da amostra, desta maneira podemos obter
o que chamamos de mapa térmico pois mapeia-se regiões da amostra com propriedades
térmicasdistintas; xar a posição entreos feixes evariar afrequüência demodulação ou
Propagação de calor em lmes sobre
substrato: teoria e cálculos numéricos
2.1 Denição do problema
Uma fonte de calor modulada na superfície do lme gera uma onda térmica que se
propaga no material. Ao encontrar a interface lme/substrato, parte desta onda será
reetida e outra parte transmitida como uma onda eletromagnética. Sendo assim, a
temperaturanasuperfícieseráoresultadodasuperposiçãodasmúltiplasreexõesdaonda
térmica. Pode haver ainda uma resistência térmica nesta interface, devido a problemas
de aderência, por exemplo, o que vai interferir neste processo. A Fig. (2.1) mostra um
esquema ilustrativo deste fenômeno.
2.2 Dedução da equação de difusão de calor
A propagação do calor édescrita pelaequação de difusão. Numvolume dematerial,
a variação da quantidade de calor no tempo é dada pelo uxo na superfície do volume,
somadoao calor nele gerado
@Q(~r;t) @t = I sup k ~ r T(~r;t):d ~ S+ Z vol S(~r;t)dV (2.1)
onde Té a função quedescreve atemperatura,S éum termo defonteou sorvedouroe k
é acondutividade térmica.
A quantidade decalor é dada por
Q(~r;t)= Z dmcT(~r;t)= Z vol cT(~r;t)dV (2.2)
ondecéocalorespecícodomaterialeéadensidadevolumétricademassadomaterial.
Substituindo aequação (2.2) em(2.1) e aplicando o teoremadeGauss, obtemos
@ @t Z vol cT(~r;t)dV = Z vol k ~ r: ~ rT(~r;t)dV + Z vol S(~r;t)dV (2.3)
Tendoemvistaqueasintegraissãorealizadasnomesmovolumeunitário,encontramos
a equaçãode difusão docalor tridimensional
1 @T(~r;t ) @t =r 2 T(~r;t)+ S(~r;t) k (2.4) onde = k c é a difusividadetérmica.
A equação (2.4) governa a propagaçãode calor emregime não estacionário, deforma
que adifusividade térmica é o parâmetro relevante nestes casos.
2.3 Problema unidimensional
Para entender o queacontece nainterface lme/substrato quando háuma resistência
térmica, vamos analisar primeiramente o caso unidimensional. A equação de difusão de
calor unidimensional tem a seguinte forma:
1 @T (z;t ) @t = @ 2 T @z 2 (z;t)+ S(z;t) k (2.5)
Supomos uma dependência temporal harmônicado tipoT(z;t)=T(z)e j!t
equação (2.5) e supondo que não há fontes de calor no volume do material (S = 0),
obtemosa equação dedifusão homogênea
@ 2 T @z 2 (z)= 2 T(z) (2.6) onde = q j! = 1+j
é o vetor daonda térmicae = q
f
é o comprimentode difusão
térmica,quando a amplitude daonda térmicacai a1=e.
A equação (2.6) tem solução dotipo:
T(z)=Ae z
+Be z
(2.7)
Vamos imaginarque temos uma onda viajando no lme com amplitude A
i
, que será
reetidana interface (z =0)com amplitude A
r
etransmitida para osubstrato com
am-plitudeA
t
(agura (2.2) ilustra este processo).
Figura2.2: Onda térmicanuma interface (Caso unidimensional).
Temos duas condições de contorno que relacionam estes coecientes, no caso de não
haverresistência térmica nainterface:
1) T f (0)=T s (0) 2) k s @Ts @z z=0 = k f @T f @z z=0
A primeiraéacontinuidadedatemperaturanainterfaceeasegundaéacontinuidade
do uxo de calor em (z=0) (Lei de Fourier). Os índices f e s referem-se a lme e
subs-trato, respectivamente. Estanomenclatura será utilizada em todoeste trabalho. Com a
presença da resistência térmica,a temperarura na interface deixa de ser contínua e essa
descontinuidade tem uma formaanáloga aocaso elétrico,T =R
T
dife-análogoà corrente elétrica. Assim, a primeiracondiçãode contornose torna: 1) k s @Ts @z z=0 = 1 R T (T f (0) T s (0))
A partir das condições de contorno, podemos encontrar o coeciente de reexão da
onda térmica,que é denido por:
r = A r A i (2.8)
Como estamos interessados apenas na temperatura supercial da amostra, não há
necessidadedecalcularmos ocoecientedetransmissãodaonda térmica. Para ocaso em
que não háresistência térmica nainterface, encontramos
r= e f e s e f +e s (2.9)
onde e é aefusividade térmicado materialdada por:
e= k
p
(2.10)
Observa-sequeesteparâmetroéanálogoaoíndicederefraçãodaóptica,quandotemos
uma incidência normalde luznuma interface.
Na presençade uma resistência térmica,este coecientese torna:
r= e f (1+(1+j) p fe s R T ) e s e f (1+(1+j) p fe s R T )+e s (2.11)
Temosduas alteraçõessignicativas: ocoecientedereexão deixadeserreal
(torna-se um número complexo) e passa a depender da freqüência de modulação. Neste caso,
podemos analisar os limites deste coecientequando f tende a zero e quando f tende a
innito,encontrando: lim f!0 r= e f e s e f +e s (2.12) lim f!1 r=1 (2.13)
Quando afreqüênciavaiazero,ocoecientedereexãotendeasecomportarcomono
caso em quenão háresistência térmica. Já para freqüências muito altas, a onda térmica
será totalmentereetida.
FizemossimulaçõescomputacionaisemFORTRAN(apêndiceB)paraobservaro
com-portamentodocoecientedereexão,emfunçãodafreqüênciademodulação,paraquatro
casos:
1. 'Filme'deouro sobre ouro,onde a efusividadedo lmeé igual àefusividade do
substrato, e
f =e
s .
2. Filmede ouro sobre vidro, onde a efusividade dolme é bem maior que a efu-sividade dosubstrato, e f e s .
3. Filmedepolímerosobrevidro,ondeaefusividadedolmeéligeiramentemenor
que aefusividade dosubstrato, e
f = e s .
4. Filmede polímero sobre silício, onde a efusividade dolme é muito menorque
a efusividadedo substrato, e
f e
s .
Utilizamosotermolmequandoocorretoseriautilizarinterface,jáquetrata-sedemeios
semi-innitos. Contudo, nas próximas seções, vamos nos referir a estes casos e o termo
apropriado será lme.
Na tabela (2.1), encontram-se os valores dos parâmetros térmicos utilizados nestas
simulações, sendo que mesmo para os lmes consideramos os valores de bulk. O valor
utilizado para o polímero é um valor típico para o polietileno, apenas um chute inicial,
pois sua difusividade pode variar de 0:0013cm 2
=s até 0:0021cm 2
=s [31, 32] em
tempera-tura ambiente. A difusividade térmica dos polímeros em geral não difere muito desta
faixa,paraoPVCtemos0:0006cm 2
=s[32],enquantoqueparaopoliuretanoencontramos
0:003cm 2
=s [31].
material difusividade condutividade efusividade
unidade (cm 2 =s) (Wcm 1 K 1 ) (W p scm 2 K 1 ) ouro 1,3 3,15 2,76 vidro 0,005 0,015 0,21 polímero 0,001 0,002 0,06 silício 0,9 1,5 2,41
Tabela 2.1: A difusividade e a condutividade térmicas foram obtidas na Ref. [31]
-[33](respectivamente),paraopolímerofoiobtidanaRef. [34]. Aefusividadefoicalculada
a partirdestes valores.
Na gura (2.3) (caso 1), podemos observar que,quando não háresistência térmica, o
coecientedereexãoéumaconstante,nestecasonula,vistoqueasefusividadessãoiguais
visto através do limite. A fase vai de 45 graus até zero quando o módulo tende a um.
Vemos ainda que o coeciente de reexão tende a um mais rapidamente, para o maior
valor de resistência térmica (curva azul). Estes valores de resistência - um é o dobro do
outro-foramescolhidosdeformaqueocoecientedereexãonãocasse saturado(igual
a um) para freqüências muito baixas, visto que aumentando a resistência, a saturação
ocorre emfreqüências menores.
Na gura (2.4) (caso 2), podemos observar que, quando não há resistência térmica,
o coeciente de reexão é uma constante não nula e a fase é nula (número real). Na
presençadeuma resistênciatérmica,omódulovaidovalor deresistênciazero (embaixas
freqüências) até um (altas freqüências). A fase sai de zero, atinge um máximo e volta
para zero, quando o módulo tende a um. Vemos novamenteque o coeciente dereexão
tende aum mais rapidamente,para o maior valor deresistência térmica (curva azul).
Nagura(2.5) (caso3),podemosobservarque,quando nãoháresistência térmica,o
coecientedereexãoéumaconstantenãonula(mesmocomportamentodocasoanterior)
e a faseé constante e igual a 180 graus. Há uma inversão de fase (comona óptica), pois
a efusividade do polímero é ligeiramente menor que a do vidro. Na presença de uma
resistência térmica, o módulo sai do valor de resistência zero (em baixas freqüências),
passa por um mínimo, devido à inversão de fase, e vai até um (em altas freqüências).
A fase vai de 180 até zero quando o módulo tende a um. Vemos, mais uma vez, que o
coeciente de reexão tende a um mais rapidamente, para o maior valor de resistência
térmica(curva azul).
Na gura (2.6) (caso 4), podemos observar que, quando não há resistência térmica,
o coeciente de reexão é uma constante bem próxima de um e a fase é constante e
igual a 180 graus (mesmo comportamento do caso anterior). A inversão de fase se dá
porque a efusividade do polímero é muito menor que a do silício, e tem, portanto, um
comportamentosemelhanteaocaso anterior,mesmo napresençadaresistência térmica.
2.4 Problema tridimensional
A análiseunidimensional feitana seção anterior nos permite compreender opapel da
resistência térmica na interface. Com estes resultados em mente, podemos partir para o
problema propriamentedito, queé tridimensional,visto quea fonte decalor é dada pela
absorçãode um feixe laser gaussiano.
Voltemos àequação dedifusão tridimensional (2.4):
1@T(~r;t )
=r 2
T(~r;t)+
10
-1
10
0
10
1
10
2
10
3
10
4
10
5
10
6
10
7
10
8
-0.1
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1.0
1.1
(a)
Ouro sobre ouro R
T
=0.0
Ouro R
T
=5*10
-5
cm
2
K/mW
Ouro R
T
=1*10
-4
cm
2
K/mW
M
ódulo
Frequência (Hz)
10
-1
10
0
10
1
10
2
10
3
10
4
10
5
10
6
10
7
10
8
0
50
100
150
200
250
300
(b)
Ouro sobre ouro R
T
=0.0
Ouro R
T
=5*10
-5
cm
2
K/mW
Ouro R
T
=1*10
-4
cm
2
K/mW
F
as
e (g
ra
u
s)
Frequência (Hz)
Figura2.3: Módulo (a) e fase (b) docoecientede reexão daonda térmica nainterface
ouro/ouro,preto quandonão háresistência térmica,vermelhoR
T =510 5 cm 2 K=mW, azul R T =110 4 cm 2 K=mW.
Vamossupor,maisumavez,quenãoháfontesdecalornomaterial(S =0). Supomos
10
-1
10
0
10
1
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2
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3
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5
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6
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7
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8
-0.1
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1.0
1.1
(a)
Ouro sobre vidro R
T
=0.0
Ouro R
T
=5*10
-5
cm
2
K/mW
ouro R
T
=1*10
-4
cm
2
K/mW
M
ó
dulo
Frequência (Hz)
10
-1
10
0
10
1
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2
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3
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5
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7
10
8
-3
-2
-1
0
1
2
3
4
(b)
Ouro sobre vidroR
T
=0.0
Ouro R
T
=5*10
-5
cm
2
K/mW
ouro R
T
=1*10
-4
cm
2
K/mW
F
as
e (g
ra
u
s)
Frequência (Hz)
Figura2.4: Módulo (a) e fase (b) docoecientede reexão daonda térmica nainterface
ouro/vidro,pretoquandonãoháresistênciatérmica,vermelhoR
T =510 5 cm 2 K=mW, azul R T =110 4 cm 2 K=mW.
10
-1
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0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
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0.6
0.7
0.8
0.9
1.0
1.1
(a)
Polimero/vidro R
T
=0.0
R
T
=5*10
-5
cm
2
K/mW
R
T
=1*10
-4
cm
2
K/mW
M
ó
dulo
Frequência (Hz)
10
-1
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0
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1
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2
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8
-20
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
(b)
Polimero/vidro R
T
=0.0
R
T
=5*10
-5
cm
2
K/mW
R
T
=1*10
-4
cm
2
K/mW
F
as
e (g
ra
u
s)
Frequência (Hz)
Figura 2.5: Módulo (a) e fase (b) do coeciente de reexão da onda térmica na
in-terface polímero/vidro, preto quando não há resistência térmica, vermelho R
T = 5 10 5 cm 2 K=mW, azul R T =110 4 cm 2 K=mW.
obtemosa equação dedifusão homogênea tridimensional
10
-1
10
0
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1
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2
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3
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-0.1
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1.0
1.1
(a)
Polimero/Silício R
T
=0.0
R
T
=5*10
-5
cm
2
K/mW
R
T
=1*10
-4
cm
2
K/mW
M
ó
dulo
Frequência (Hz)
10
-1
10
0
10
1
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2
10
3
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4
10
5
10
6
10
7
10
8
-20
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
(b)
Polimero/Silício R
T
=0.0
R
T
=5*10
-5
cm
2
K/mW
R
T
=1*10
-4
cm
2
K/mW
F
as
e (g
ra
u
s)
Frequência (Hz)
Figura2.6: Módulo (a) e fase (b) docoecientede reexão daonda térmica nainterface
polímero/silício (a) módulo, preto quando não há resistência térmica, vermelho R
T = 510 5 cm 2 K=mW,azul R T =110 4 cm 2 K=mW.
com as seguintescondiçõesdecontorno: 1) k f @T f @z z=0 = 2) k s @T s @z z=L = k f @T f @z z=L 3) k s @Ts @z z=L = 1 R (T f T s ) z=L 4) T s (z !1)=0
A primeira condição de contorno diz respeito à continuidade do uxo de energia na
interface ar/lme, enquanto que a segunda trata da continuidade do uxo de calor na
interface lme/substrato. Já a terceira condiçãode contorno se refereà descontinuidade
datemperatura,devidoà presençadaresistênciatérmicanainterfacelme/substrato. A
quarta condiçãosupõe que o substrato seja termicamentegrosso, ou seja, que o
compri-mentode difusão térmicadosubstrato sejamuito menorque a espessura do mesmo.
Para resolveressas equações, vamos utilizar atransformada deHankel (apêndice A),
já que temos simetria cilíndrica no problema, devido ao feixe laser gaussiano. Teremos
então duas equações transformadasunidimensionais
@ 2 ~ T f @z 2 =m 2 f ~ T f (2.15) @ 2 ~ T s @z 2 =m 2 s ~ T s (2.16) onde m= p p 2 + 2
e pé a freqüênciaespacial (unidade de1/comprimento).
As equações (2.15)e (2.16) têm soluçãodo tipo(no espaço deHankel):
~ T(p;z)=Ae mz +Be mz (2.17)
Aplicando ascondiçõesde contornotransformadas, enumeradas abaixo, podemos
en-contrar os coecientesA f ,B f , A s e B s .
1) k f @ ~ T f @z z=0 = ~ 2) k f @ ~ T f @z z=L =k s @ ~ T s @z z=L 3) k s @ ~ Ts @z z=L = 1 R T ~ T f ~ T s 4) ~ T s (p;z !1)=0)A s =0
Fazendo as derivadas e substituindo nas condições acima, encontramostrês equações
que formam um sistemamatricial, o que nos permite encontrar os três coecientes
dese-jados,já que A s énulo. A f m f B f m f = ~ k f (2.18) A f k f m f e m f L B f k f m f e m f L = B s k s m s e msL (2.19) B s k s m s e m s L = 1 R T A f e m f L +B f e m f L B s e m s L (2.20)
Desta maneira,encontramosos coecientes:
A f = ~ m f e m f L (k s m s R T +1) ( ~ . k f )k s m s e m f L k f m 2 f (e m f L e m f L )(k s m s R T +1)+k s m f m s (e m f L +e m f L ) (2.21) B f = ~ m f e m f L (k s m s R T +1)+( ~ . k f )k s m s e m f L k f m 2 f (e m f L e m f L )(k s m s R T +1)+k s m f m s (e m f L +e m f L ) (2.22) B s = 2 ~ m f e msL k f m 2 f (e m f L e m f L )(k s m s R T +1)+k s m f m s (e m f L +e m f L ) (2.23)
onde , que é o uxo incidente, quando transformado, se torna ~ = P 0 2 e ( pa 2 ) 2 , onde a é
o raio dofeixe gaussiano.
Para obter asoluçãono espaçoreal, temos querealizarnovamente atransformada de
Hankel(transformada inversa)
T(r;z)= 1 Z 0 ~ T(p;z)pJ 0 (pr)dp (2.24) onde J 0
éa função deBessel deordem zero.
Entretanto,comoestamosinteressadosapenasnatemperaturanasuperfíciedaamostra
(z =0), temos então: T f (r;z =0)= 1 Z (A f +B f )pJ 0 (pr)dp (2.25)
Neste caso, consideramos que o feixe de prova é pontual, sabendo-se entretanto que,
narealidade, eletem um perl gaussiano. Serianecessárioentão realizaruma integral ao
longo doseu perl. Aorealizar este procedimento,ésabido queo raio gaussianodofeixe
deexcitação devesersubstituído por um raioefetivoigual a: r
ef = p a 2 +a p 2 , onde a p é
oraio dofeixe deprova,e multiplicaraamplitude pelapotênciadofeixe deprovaI
0 a
p 2
[35]. No entanto,não estamosinteressados novalor absoluto daamplitude, ealém disso,
nas curvas de fase, estamos interessados principalmenteem pontos distantes da fonte de
calor, para osquais aaproximação defeixe de provapontual éválida.
Para resolver a integral 2.25, utilizamos um programa em FORTRAN (apêndice B).
Fizemos várias simulações,para diferentes materiais,como naseção anterior, e variando
também os diversos parâmetros envolvidos no problema: os parâmetros térmicos e k
(diferentesmateriais)eR
T
,aespessuradolmeLeosparâmetrosdoexperimentoa(raio
do feixe de excitação), r (posição da medida com relação à origem) e f (freqüência de
modulação). Temos dois tipos desimulação:
1) Fixando a posição entreos feixese variando afreqüência de modulação
2) Fixando a freqüênciade modulaçãoe variandoa posição entreos feixes.
Nasseçõesseguintesserãoapresentadosalgunsgrácosobtidosatravésdesteprocesso.
2.4.1 Resultados numéricos em função da freqüência - Inuência
de R
T
Vamos analisarprimeiramenteocaso (1), lme de ourosobre ouro, para observarmos
apenasainuênciadaresistênciatérmica. Nagura(2.8),temos,doladoesquerdo,
simu-lações feitas com a = 0;5m, enquanto que, do lado direito, supomos a = 40m, todas
tendo sido realizadas na origem (r = 0). As curvas verdes são referentes ao ouro bulk
que, neste caso, sãoidênticas àsde ouro sobre ouro com resistência nula (curvas pretas).
Nota-se que aamplitude semantém constante até uma dada freqüência eque afase tem
um comportamento semelhante. O comprimentode difusão térmica é inversamente
pro-porcional à raiz dafreqüência e, à medida que a freqüência aumenta,o comprimento de
difusão térmicapassaa terumtamanho comparávelaoraio dofeixe. Aumentandoainda
maisafreqüência,ocomprimentodedifusãopassaasermuitomenorqueoraiodofeixee
aondatérmicapassa aterum caráterunidimensional. Estaéacausa docomportamento
destas curvas,tanto que, para a=0;5m, as curvas deixam de serconstantespara uma
freqüência maior doque nocaso de a=40m.
Na presença da resistência térmica, vemos que a amplitude aumenta se comparada
ao valor de bulk. Isto se dá devido ao connamento de calor no lme provocado pela
fase relativa à fase debulk (fase -fase bulk), vemos um mínimo bem menos pronunciado
para a = 0;5m. Este mínimo é devido à superposição das ondas térmicas, que gera
efeitos de interferência. Este efeitoé mais visível para a =40m, devido ao seu caráter
unidimensional, já que aresistência térmica éperpendicular ao eixoz.
Na gura (2.9), temos as mesmas curvas da gura anterior para um lme de ouro
de1m sobre vidro(caso 2). Podemos analisar apenas ainuência do descasamentodas
propriedades térmicas quando não há resistência térmica(curva preta). Vericamos que
aamplitudeaumenta,secomparadaaovalordebulk (curvaverde),jáqueovidroconduz
muito menos que oouro e, poreste motivo,o calor ca connado nolme.
Com apresençadaresistência térmica,aamplitudeaumentaum poucosecomparada
à curva preta, pois o connamento de calor nesta situação é ainda maior. Vemos uma
diferençapequenaembaixasfreqüências,poisabarreiratérmicageradapelo
descasamen-to das propriedadestérmicas já é bem grandenesta amostra, deforma que a resistência
térmica interfere pouco no connamento de calor. No entanto, quando a freqüência
au-menta, o coeciente de reexão tende a um com resistência, tanto que observamos que,
napresençadaresistência,aamplitudecomeçaacair parafreqüênciasmaisaltas,ouseja,
tem uma quebra numa freqüência maior.
Na fase, vemos novamente um mínimopronunciadoapenas quando a =40m. Para
a=0;5m,somentenacurvadefaserelativaàfasedebulk podemosveromínimo.
Note-se que, no gráco (2.9)(d), a linha preta pontilhada se refere ao cálculo unidimensional
com resistência nula e observamos que as duas curvas (preta cheia e preta pontilhada)
coincidemapartirdeumadadafreqüência,conrmandoaanálisefeitaanteriormente. Na
presença da resistência térmica, este mínimo é deslocado para freqüências mais baixas,
contudo não observamos uma diferença signicativa para os dois valores de resistência,
neste caso.
Fizemos este tipo de simulação para o lme de polímero sobre vidro (caso 3), mas
vamos omitir estes resultados, visto que estes dois materias têm propriedades térmicas
semelhantes (o polímero tem difusividade e condutividade ligeiramente menores que o
vidro). Nocaso anterior,olme era muitomais condutor decalorqueo substrato,sendo
que os efeitos desta inversão (lme menos condutor que o substrato) serão maiores no
lme depolímerosobre silício(caso 4)e,poreste motivo,osresultados obtidospara este
caso serão apresentados a seguir. Entretanto, alguns resultados obtidos para o caso 3
serão mostrados napróxima seção.
Na gura (2.10), temos osmesmos tiposde simulaçãopara o caso 4. Vericamos que
a amplitude para olme sobre substrato, sem resistência térmica(curvapreta), é menor
do que a de polímero bulk (curva verde), contrariamente ao caso anterior. Na presença