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Análise do custo, volume e resultados da produção leiteira

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Academic year: 2021

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UNIJUÍ – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

DACEC – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS, CONTÁBEIS, ECONÔMICAS E DA COMUNICAÇÃO

CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

TATIELE TAÍSE TOLFO FELLER VILLANI

ANÁLISE DO CUSTO, VOLUME E RESULTADOS

DA PRODUÇÃO LEITEIRA

Ijuí (RS) 2013

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TATIELE TAÍSE TOLFO FELLER VILLANI

ANÁLISE DO CUSTO, VOLUME E RESULTADOS

DA PRODUÇÃO LEITEIRA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Ciências Contábeis, Departamento de Ciências Administrativas, Contábeis, Econômicas e da Comunicação (DACEC), da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ), requisito parcial para obtenção do Grau de Bacharel em Ciências Contábeis.

Orientadora: Ms. Eusélia Paveglio Vieira

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AGRADECIMENTOS Sou grata a Deus, por sempre estar ao meu lado, me guiando, me dando forças, iluminando o meu caminho, proporcionando saúde a mim e a minha família.

Em especial, agradeço ao meu esposo, Luciano, que sempre esteve ao meu lado, me dando forças para nunca desistir. Agradeço de coração por tudo, principalmente por cuidar de nosso filho, Gabriel. Pela compreensão quando estava ausente de casa, pelas idas e vindas para Ijuí, por me buscar na parada de ônibus, por mais perto que fosse. Também, pela ajuda na coleta de dados para o trabalho. Pelo amor, carinho, e por sempre me apoiar, entender e ajudar. Te amo muito!

Agradeço todos os dias pelo filho amado, pois Deus me abençoou com um anjo em forma de gente. Pela sua compreensão quando eu estava ausente e, mesmo quando presente não podia lhe dar muita atenção, pois estava realizando algum trabalho de aula ou estudando. Agradeço a Deus pelas vezes em que saí para a aula e você não chorou e, quando isso acontecia era porque estava doente – aí não tinha jeito: o coração doía demais.

Aos meus pais, Luiz e Cirlei, que apesar das dificuldades financeiras, acharam meios de me ajudar e, assim, aos poucos fui concluindo o curso. Obrigada pelo amor e pela base que são para mim. Agradeço também aos meus queridos irmãos, Ederson e Mariele, pelo amor.

À avó Nadir, que muitas vezes ficou cuidando do Gabriel até que o Luciano chegasse da lavoura, sempre com muita atenção e carinho. Sei que muitas vezes não estava bem, mas sempre foi muito prestativa. Agradeço também ao avô Ino, ao tio Valdecir e à tia Ana, que também ajudaram nos cuidados do Gabi.

À tia Soeli, pelo carinho com o Gabi, pelos ensinamentos, pela compreensão e pelo zelo.

Aos colegas e, principalmente, à Adriana e à Joice, pelos momentos de convívio, tanto de aprendizado, angústia como de descontração.

Aos colegas do Sicredi, pelas dicas, caronas e pelas companhias de ônibus.

Em especial, agradeço à minha orientadora, professora Eusélia, pela dedicação, incentivo no desenvolvimento deste estudo, pelas orientações e compreensão, por sempre estar disposta a ajudar e, principalmente, a ensinar.

Aos demais professores, como o Irani, o Lauri, o André, a Stella, o Ivanildo, a Margarete, enfim a todos, por cada ensinamento recebido.

Ao funcionário Marcelo, sempre muito prestativo.

Enfim, a todos aqueles que torceram por mim, e que de uma maneira ou outra me ajudaram a concluir mais esta etapa.

Sei que fica na consciência que deveria ter me dedicado mais, ter estudado mais, ter aprendido mais... mas sei também que fica o dever de ir em busca e de continuar...

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RESUMO

O presente estudo visa a analisar a relação do custo, volume e resultados da produção leiteira, proporcionando informações relevantes à gestão de custos da propriedade na busca pela melhor rentabilidade. Nesse sentido elaborou-se um sistema de custos da cultura do leite para a propriedade rural, com base em dados fornecidos pelo proprietário, os quais refletem todas as despesas que a mesma possui com o produto. Com base nessas informações foram elaboradas planilhas de avaliação e métodos para a geração de informações, como o cálculo da margem de contribuição, margem de segurança operacional, cálculo pelo método de custeio de absorção e variável, ponto de equilíbrio e, por fim, a elaboração da demonstração de resultados da produção leiteira. Após a realização do levantamento de dados e apurações foram elaboradas análises das informações geradas, as quais são relevantes à gestão, e deverão ser levadas ao conhecimento do proprietário a fim de que o mesmo passe a adotar este sistema. O estudo ora realizado é importante por possibilitar a tomada de decisões referentes aos custos de produção, proporcionando ao produtor leiteiro a possibilidade de efetuar uma análise consistente dos resultados de sua atividade.

Palavras-chave: Custos da produção leiteira. Análise do custo da produção do leite. Resultados da produção leiteira. Custos de produção. Análise, margens, resultados.

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LISTA DOS GRÁFICOS

Gráfico 1. Custo total da silagem de milho... 74

Gráfico 2. Custo variável direto (CDV) por litro... 81

Gráfico 3. Custos indiretos variáveis por litro... 84

Gráfico 4. Custo indireto fixo... 86

Gráfico 5. Custo unitário por litro por absorção... 87

Gráfico 6. Custo unitário por litro pelo custeio variável... 88

Gráfico 7. Margem de contribuição unitária... 91

Gráfico 8. Demonstrativo de resultado do valor total da produção leiteira... 93

Gráfico 9. Quantidade vendida x Quantidade no PE... 95

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LISTA DOS QUADROS

Quadro 1. Taxas de depreciação... 42

Quadro 2. Custo da silagem total e por animal... 73

Quadro 3. Custo total da pastagem de verão... 76

Quadro 4. Custo total da pastagem de inverno... 77

Quadro 5. Custo do feno... 78

Quadro 6. Custos com mão de obra direta... 80

Quadro 7. Custo diretos variáveis... 80

Quadro 8. Custos indiretos variáveis... 82

Quadro 9. Custo com depreciação... 85

Quadro 10. Custos indiretos fixos ... 85

Quadro 11. Custo total por litro por absorção... 87

Quadro 12. Custo unitário por litro pelo Custeio Variável... 88

Quadro 13. Preço pago pelo litro de leite – valor unitário... 89

Quadro 14. Receita líquida recebida... 90

Quadro 15. Demonstrativo do resultado – valor unitário... 91

Quadro 16. Demonstração de resultado do valor total da propriedade... 92

Quadro 17. Ponto de equilíbrio... 93

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 8

1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO ... 10

1.1 ÁREA DO ESTUDO A SER CONTEMPLADA ... 10

1.2 CARACTERIZAÇÃO DA PROPRIEDADE ... 10 1.3 PROBLEMATIZAÇÃO DO TEMA ... 11 1.4 OBJETIVOS ... 12 1.4.1 Objetivo geral ... 12 1.4.2 Objetivos específicos ... 13 1.5 JUSTIFICATIVA ... 13 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ... 14 2.1 CONTABILIDADE ... 14

2.1.1 Origem e evolução da contabilidade ... 14

2.1.2 Conceitos de contabilidade ... 15

2.1.3 Objeto da contabilidade ... 16

2.1.4 Finalidades da contabilidade ... 17

2.1.5 Funções e objetivos da contabilidade ... 18

2.1.6 Principais usuários da contabilidade ... 18

2.1.7 Campos de aplicação da contabilidade ... 19

2.2 CONTABILIDADE RURAL ... 19

2.2.1 Conceito de Contabilidade Rural ... 20

2.2.2 Objeto da contabilidade rural ... 20

2.2.3 Finalidades da contabilidade rural ... 21

2.2.4 Conceito de empresas rurais ... 22

2.3 CONTABILIDADE PECUÁRIA ... 22

2.4 CONTABILIDADE DE CUSTOS ... 23

2.4.1 Origem e evolução da contabilidade de custos ... 23

2.4.2 Conceitos de contabilidade de custos ... 24

2.4.3 Funções da contabilidade de custos ... 25

2.5 TERMINOLOGIAS APLICADAS À CONTABILIDADE DE CUSTOS ... 26

2.6 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS APLICADOS À CONTABILIDADE DE CUSTOS ... 30

2.7 CLASSIFICAÇÃO DOS CUSTOS ... 32

2.7.1 Custos diretos ... 33

2.7.2 Custos indiretos ... 34

2.7.3 Custos variáveis ... 35

2.7.4 Custos fixos ... 36

2.8 CLASSIFICAÇÃO DAS DESPESAS ... 37

2.8.1 Despesas fixas ... 37

2.8.2 Despesas variáveis ... 37

2.8.3 Despesas diretas ... 38

2.8.4 Despesas indiretas ... 38

2.9 CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS ... 38

2.9.1 Materiais diretos ... 38

2.9.2 Materiais indiretos ... 39

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2.11 CONCEITO DE ATIVO IMOBILIZADO – CUSTOS PATRIMONIAIS ... 41

2.12 CUSTOS COM MÃO DE OBRA ... 42

2.12.1 Custos com mão de obra direta e indireta na agropecuária ... 43

2.13 MÉTODOS DE CUSTEIO ... 44

2.13.1 Método de custeio por absorção ... 44

2.13.2 Método de custeio direto ou variável ... 45

2.14 ANÁLISE DO CUSTO-VOLUME-LUCRO ... 46

2.15 FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDA ... 47

2.16 MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO ... 49

2.17 PONTO DE EQUILÍBRIO ... 51

2.17.1 Ponto de equilíbrio financeiro ... 53

2.18 MARGEM DE SEGURANÇA ... 54

2.18.1 Alavancagem ... 54

2.19 ADMINISTRAÇÃO RURAL E SEU CAMPO DE AÇÃO ... 55

2.19.1 Custos na produção leiteira ... 56

3 METODOLOGIA DO ESTUDO ... 59

3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA ... 59

3.2 COLETA DE DADOS ... 63

3.2.1 Instrumento de coleta de dados ... 64

3.3 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS ... 67

4 ANÁLISE DO CUSTO, VOLUME E RESULTADOS DA PRODUÇÃO LEITEIRA ... 69

4.1 DESCRIÇÃO DO PROCESSO DE PRODUÇÃO DO PRODUTO ... 69

4.2 LEVANTAMENTO DOS CUSTOS DE PRODUÇÃO EM CADA ETAPA ... 72

4.3 CUSTOS DIRETOS VARIÁVEIS ... 79

4.4 APURAÇÃO DOS CUSTOS INDIRETOS DE PRODUÇÃO ... 82

4.5 CUSTOS COM DEPRECIAÇÃO ... 84

4.6 CÁLCULO DO CUSTO TOTAL ... 86

4.6.1 Custo total – Método de custeio por absorção ... 87

4.6.2 Custo total – Método de custeio direto ou variável ... 88

4.6.3 Análises do custo x volume x lucro... 89

4.6.4 Análise do preço de venda ... 89

4.6.5 Margem de contribuição ... 90

4.6.6 Ponto de equilíbrio ... 93

4.6.7 Margem de segurança operacional... 94

4.7 ANÁLISES DE RESULTADOS ... 96

4.7.1 Análise do sistema de custo utilizado na atividade ... 97

4.7.2 Identificação das informações relevantes à gestão ... 98

CONCLUSÃO ... 99

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INTRODUÇÃO

O impacto da internacionalização econômica e do avanço tecnológico sobre a competitividade dos negócios tem exigido das organizações um eficiente controle dos seus gastos nas diversas áreas de atuação, a fim de atingirem o melhor desempenho.

Neste contexto, a Ciência Contábil tem o objetivo de controlar o patrimônio das organizações, atuando em diferentes áreas. Uma delas é a área gerencial, baseada na Contabilidade de Custos, a qual produz informações para o gerenciamento e controle interno da produção, em qualquer um dos seus ramos de aplicação. A Contabilidade de Custos serve para orientar, controlar, gerenciar, determinar os custos, orientar no processo decisório quanto à produção, compra, investimento, desinvestimento, sempre fornecendo subsídios de avaliação do desempenho na atividade.

A Contabilidade de Custos se faz necessária em todas as áreas, a exemplo da propriedade rural que desenvolve a pecuária do leite. Nesse cenário constitui-se em ferramenta essencial para um bom planejamento e gerenciamento de seus custos, avaliando suas receitas e despesas.

O presente estudo constitui-se no Trabalho de Conclusão de Curso, cujo objetivo é analisar a relação do custo, volume e resultado na atividade pecuária, a fim de subsidiar o proprietário na gestão de seus custos em busca do melhor resultado, já que este produto tem seu preço definido pelo mercado.

O primeiro capítulo deste estudo traz a contextualização do estudo, em que se define o tema, a caracterização da propriedade, o problema, os objetivos e a justificativa para sua realização.

Na sequência, o segundo capítulo apresenta a revisão bibliográfica, com destaque para a Contabilidade e os seus temas relacionados, como a contabilidade rural, a contabilidade de custos e o sistema de custos, cujos conceitos são essenciais para a compreensão e o desenvolvimento do estudo.

O terceiro capítulo descreve o percurso metodológico adotado pelo estudo, com ênfase à classificação da pesquisa, à coleta de dados, e à análise e interpretação dos dados.

O quarto capítulo, finalmente, trata do estudo de caso propriamente dito, momento em que é realizada uma análise do custo, do volume e dos resultados da

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produção leiteira. Neste capítulo é descrito o processo da produção leiteira, com a identificação e levantamento dos custos diretos variáveis e dos indiretos fixos e variáveis. Em seguida é calculado o custo total da produção pelo método de custeio por absorção e variável e, ainda, a margem de contribuição, o ponto de equilíbrio e a margem de segurança operacional, indicadores que auxiliam na realização da análise do resultado, volume e custo da produção.

Segue a conclusão do estudo, com destaque para os resultados alcançados. Neste momento é possível identificar a situação real da atividade de produção leiteira na propriedade analisada, onde se constata a viabilidade da atividade e as informações relevantes à gestão. Na sequência constam as referências utilizadas no embasamento teórico do estudo.

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1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO

Neste capítulo inicial descreve-se o estudo desenvolvido, partindo da área em que o mesmo se insere, a caracterização da propriedade a ser analisada, o problema que originou o estudo, seus objetivos e a justificativa de sua realização.

1.1 ÁREA DO ESTUDO A SER CONTEMPLADA

A Contabilidade é uma Ciência que estuda, registra, controla e observa o patrimônio das entidades. Tem como finalidade gerar informações gerenciais importantes para a tomada de decisões.

Neste contexto, uma das áreas de atuação que se destaca para o profissional da Contabilidade é a área de custos, a qual fornece subsídios necessários para o gerenciamento e controle das entidades, representado neste estudo pelo tema “custos na produção do leite”.

1.2 CARACTERIZAÇÃO DA PROPRIEDADE

A pesquisa realizou-se em uma pequena propriedade rural localizada no interior do município de Pejuçara (RS), administrada pelo pai e seus dois filhos, além de um casal de funcionários registrados, os quais são responsáveis pelo manejo do leite, e um diarista contratado de forma esporádica para os serviços gerais.

A propriedade produz soja, trigo, milho para silagem, bem como produtos destinados para o consumo, como feijão, gado de corte, mandioca, suínos e frangos. A propriedade possui 100 hectares, sendo 67 hectares destinados para soja, 5 hectares de pastagem no verão, 13 hectares de milho para a silagem, 10 hectares de trigo, 60 hectares de pastagem de inverno, 5 hectares de potreiro, 1 hectare de grama tifton para produção de feno, cerca de 9 hectares de mato, rio e área de preservação permanente, 1 hectare de casa, galpões e infraestrutura e destinação de cultivo de mantimentos.

A pecuária leiteira é administrada por um dos filhos, e conta com um plantel composto de 87 bovinos da raça Holandesa e Jersey, dos quais 46 estão em lactação, quatro vacas secas, 17 novilhas prenhas, 17 terneiras fêmeas e três terneiros machos destinados à engorda e consumo.

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A fim de obter animais de melhor procedência e desempenho, a propriedade adota o uso de inseminação artificial para o aumento de seu rebanho, cujo sêmen é adquirido diretamente da empresa Lagoa da Serra. Quanto aos medicamentos e outros produtos similares esses são adquiridos das empresas Basso & Pancotte, Cotripal, Cotrimaio e Protec.

A propriedade possui sala de ordenha apropriada com resfriador a granel com capacidade de 3.000 litros, ordenhadeira canalizada com cinco conjuntos, galpão de alimentação, silo para armazenamento de ração com capacidade de nove toneladas e vagão transportador de silagem. Já os equipamentos como tratores e plantadeiras são utilizados em parceria com a família. Recentemente foi adquirido um gerador de energia elétrica que evitará prejuízos à saúde do rebanho. A propriedade possui poço artesiano que garante o fornecimento de água potável para o consumo humano e para os animais.

Diariamente são feitas duas ordenhas, a primeira no turno da manhã, por volta das 5 horas, e outra à tarde, às 17 horas.

A produção leiteira possui acompanhamento técnico de uma médica veterinária que atua no controle de prenhes e na sanidade do animal, mediante aplicação de vacinas preventivas e tratamento de animais acometidos de doenças.

Em 2012 a propriedade teve uma produção média de 935 litros leite/dia, cujo produto é recolhido diariamente na forma in natura em caminhão tanque a granel e fornecida para a empresa Cooperativa Central Gaúcha Ltda (CCGL).

1.3 PROBLEMATIZAÇÃO DO TEMA

A Contabilidade de Custos objetiva avaliar, apurar e identificar os custos de produção dos produtos, constituindo-se no ramo da Contabilidade destinado a produzir informações gerenciais, a fim de possibilitar a alocação dos custos de produção ao seu produto final.

A Contabilidade de Custos também é aplicada à atividade rural no setor da produção do leite. Cabe ressaltar que o leite é um dos alimentos mais completos, e pela sua importância nutricional faz parte da dieta de adultos e de crianças, destacando-se na agropecuária brasileira.

A propriedade rural em questão não possui um sistema de controle gerencial, isto é, uma planilha de acompanhamento de custos. A empresa compradora do leite

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já lhe ofertou um software que auxilia nesse processo, o qual ainda não foi implantado.

Verifica-se atualmente uma real necessidade de implantação de controle dos custos na propriedade, a fim de facilitar o gerenciamento da atividade e acompanhar seus resultados. Assim sendo, verifica-se a necessidade de implantação da análise de custos para avaliar a produção e conhecer a viabilidade da atividade.

O agricultor precisa planejar o ano inteiro para atingir a boa genética dos animais, investindo em itens como manejo, nutrição, alimentação e sanidade do animal. Todo esse conjunto precisa se adequar às normas vigentes, pois diariamente são coletadas amostras do leite para análise laboratorial que irá definir a qualidade do produto. Além disso, o agricultor também se preocupa muito com a variação do valor recebido pelo leite, pois há muita instabilidade neste setor, sendo fundamental um bom planejamento e controle.

A dependência do clima é outro fator que influi sobremaneira na pecuária do leite ou no cultivo de qualquer outra cultura. O administrador depende da colaboração climática para alcançar seus objetivos na atividade, pois existem datas determinadas para o plantio, tratos culturais, colheitas, entre outros.

Nesse sentido, é fundamental a propriedade foco deste estudo conhecer os componentes de custos da produção leiteira a fim de qualificar o seu gerenciamento, buscando os melhores resultados que a atividade proporciona à propriedade.

Questiona-se, portanto: de que forma a análise da composição dos custos da produção leiteira pode contribuir com o gerenciamento destes custos, buscando o melhor desempenho da produção leiteira na propriedade?

1.4 OBJETIVOS

Os objetivos se dividem em geral e específico, os quais estão relacionados a seguir.

1.4.1 Objetivo geral

Analisar a relação do custo, volume e resultados da propriedade, proporcionando informações relevantes à gestão de custos na busca pela melhor rentabilidade na produção leiteira.

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1.4.2 Objetivos específicos

- Revisar a bibliografia referente à Contabilidade de Custos, métodos de custeio e análise do custo, volume e resultado;

- descrever o processo de produção do produto; - levantar os custos de produção em cada etapa; - analisar o sistema de custo utilizado na atividade; - analisar o volume e os resultados da produção leiteira; - identificar as informações relevantes à gestão.

1.5 JUSTIFICATIVA

A área da Contabilidade de Custos na pecuária leiteira surgiu da necessidade de se conhecer o real custo da produção do leite e, em razão disso, a contabilidade agropecuária foi a área contemplada para o presente estudo.

Para a propriedade em estudo, a proposição de um sistema de custos e análise dos resultados na produção leiteira é necessária para o gerenciamento, controle e tomada de decisões.

Para a acadêmica do curso de Ciências Contábeis, este estudo é muito importante, pois lhe incentivou a buscar maior entendimento, aperfeiçoamento das informações e especialização na área de Contabilidade de Custos rurais.

Além disso, há um interesse próprio em calcular o custo da produção do leite com relação ao preço pago pelas empresas que adquirem o leite de forma in natura, verificando assim a viabilidade ou não dessa atividade a partir dos reais custos que compõem cada litro de leite produzido.

Para a Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul e para o curso de Ciências Contábeis o estudo ficará à disposição para estudos e aprofundamentos de quem tiver interesse na área de custos na produção leiteira.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Este capítulo destina-se à pesquisa bibliográfica a partir de estudos realizados por diversos autores na área explorada, a fim de fundamentar e proporcionar um maior entendimento sobre o estudo desenvolvido.

2.1 CONTABILIDADE

Este item visa a apresentar o conceito de Contabilidade, sua origem, evolução, objeto, objetivos, funções e campo de atuação da atividade.

2.1.1 Origem e evolução da contabilidade

A contabilidade, segundo Sá (apud BASSO, 2005), tem sua origem nos primórdios da civilização humana e ao longo do tempo suas técnicas foram aprimoradas. Sua essência está baseada em conhecimentos a respeito das utilidades ou riquezas que o homem foi acumulando. Em seus estudos o autor demonstra que o desenvolvimento das origens da contabilidade

[...] se classifica em fases como: fase dos registros primitivos, fases dos registros simples, fase dos registros complexos, fase dos registros sistematizados, fases dos estudos pré-científicos, fase da doutrina científica e filosófica do conhecimento contábil. (BASSO, 2005, p. 17).

O primeiro período engloba as três primeiras fases, denominado

Contabilidade do Mundo Antigo, e vai da Pré-História até o ano 1202 d.C. Nesse

período de tempo – sete ou oito mil anos a.C. – a preocupação contábil estava centrada nas formas de registros de movimentações da riqueza do homem. Alguns autores apontam a existência de formas primitivas de “registros contábeis” feitos há mais de trinta mil anos, em grutas de pedras, na França.

O segundo período coincide com a quarta fase e é denominado

Sistematização Contábil, que perdurou de 1202 a 1494 da Era Cristã. Neste período

a contabilidade já estava sistematizada e fundamentada em bases teóricas consistentes, consolidadas especialmente a partir do sistema de escrituração do frade italiano Lucas Pecíolo, denominado Método das Partidas Dobradas.

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O terceiro período engloba a quinta fase e é denominado de Literatura

Contábil, compreendido entre 1494 a 1840, época em que foram publicadas várias

obras que divulgaram o conhecimento contábil e a evolução das tecnologias de registros, frutos do desenvolvimento econômico mundial, decorrente da expansão industrial e comercial provocada pela Revolução Industrial.

O quarto período engloba a sexta fase e é denominado Contabilidade

Científica. Surgiu em 1840, metade do século XIX, quando os estudiosos da

contabilidade encontraram o verdadeiro objeto de estudo – o “patrimônio”.

Nesse período foram constituídas as essências dos fatos, buscando a sua explicação e criando uma ciência que estabelecesse as leis, os princípios e as normas gerais para registrar, controlar, observar e estudar a evolução do patrimônio das entidades em geral (BASSO, 2005, p. 19). Foi nesse mesmo período que a contabilidade se firmou como ciência, sendo tomado o conceito de “Controlismo”, caracterizado como a ciência de controle econômico.

O enquadramento da contabilidade como elemento fundamental da equação aziendalista ocorreu num momento em que a contabilidade passou a ser considerada muito mais do que mero registro, mas um instrumento básico de gestão. Até o início do século XX predominava a escola Europeia, mas a partir desse momento surgiu a escola Norte-Americana, cuja especialidade era a aplicação da contabilidade no campo operacional, marcando o início da contabilidade no Brasil. Esse grande avanço gerencial tem a ver com a evolução das empresas e com o avanço da globalização das operações.

A contabilidade, assim como as demais áreas, tem passado por diversas evoluções desde os primórdios até os dias atuais. Registros comprovam que no passado os registros contábeis eram feitos em pequenos e rústicos instrumentos, enquanto que na atualidade existem sistemas eletrônicos de alta capacidade para o seu gerenciamento (BASSO, 2005).

2.1.2 Conceitos de contabilidade

Os conceitos de contabilidade são expressos de diferentes maneiras por diversos autores, baseados e complementados por leis, princípios e normas processuais.

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Contabilidade é uma arte. É a arte de registrar todas as transações de uma companhia, que possam ser expressas em termos monetários. É também a arte de informar os reflexos dessas transações na situação econômico-financeira dessa companhia.

Para Toigo (apud BASSO, 2005, p. 22), “contabilidade é a ciência que estuda e controla o patrimônio sob o ponto de vista econômico-financeiro, observando e registrando seus aspectos quantitativos e qualitativos e as variações por ele sofridas”.

Basso (2005, p. 23) complementa, assim definindo a contabilidade:

Entendemos que Contabilidade, como conjunto ordenado de conhecimentos, leis, princípios e método de evidenciação próprios, é a ciência que estuda, controla e observa o patrimônio das entidades nos seus aspectos quantitativo (monetário) e qualitativo (físico) e que, como conjunto de normas, preceitos e regras gerais, se constitui na técnica de coletar, catalogar e registrar os fatos que nele ocorrem, bem como de cumular, resumir e revelar informações de suas variações e situações, especialmente de natureza econômico-financeira.

Já no entendimento de Crepaldi (2003, p. 16), a contabilidade

[...] é um instrumento da função administrativa que tem como finalidade:

− controlar o patrimônio das entidades;

− apurar o resultado das entidades;

− prestar informação sobre informações sobre o patrimônio e sobre o resultado das entidades aos diversos usuários das informações contábeis.

Após conceituar a contabilidade, parte-se ao estudo do seu objeto, que é constituído pelo patrimônio da organização.

2.1.3 Objeto da contabilidade

O objeto da contabilidade é o patrimônio, formado pelos bens, direitos e obrigações de uma determinada empresa. Isso é comprovado por Basso (2005, p. 23-24), cujos estudos revelam que

o objeto da contabilidade é o patrimônio, geralmente constituído por um conjunto de bens, direitos e obrigações pertencentes a uma determinada entidade. O patrimônio é enfocado pela Contabilidade sob dois aspectos básicos:

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a) aspecto qualitativo – considera bens, direitos e obrigações do ponto de vista da sua natureza, como a composição física individual e a natureza jurídica de cada elemento;

b) aspecto quantitativo – considera bens, direitos e obrigações do ponto de vista do valor monetário intrínseco, isto é, considera os elementos patrimoniais como expressão de valor econômico.

Do ponto de vista da contabilidade:

os bens são aqueles elementos (objetos) materiais (corpóreos) ou imateriais (incorpóreos) integrantes de um determinado patrimônio, que concorrem direta ou indiretamente para a obtenção dos fins da entidade;

os direitos são os haveres que a entidade tem a receber de terceiros, pessoas físicas e/ou jurídicas, geralmente representados por títulos de crédito;

as obrigações, ao contrário dos direitos, são os valores que a entidade tem a pagar, representados em papeis como duplicatas, notas promissórias e contratos. Podem ser, também, obrigações decorrentes de compromissos originados de encargos sociais, tributários, previdenciários e trabalhistas, bem como de contas a pagar derivadas do seu normal funcionamento e da captação de recursos de terceiros.

Estudos de Crepaldi (2003, p. 19) confirmam que “O objeto da contabilidade é o patrimônio das entidades”. Assim sendo, o aspecto qualitativo do patrimônio considera os bens direitos e obrigações em unidade física, enquanto o aspecto quantitativo considera o patrimônio de forma monetária.

Passa-se, a seguir, a apresentar as finalidades da contabilidade, que se orienta pelo controle do patrimônio.

2.1.4 Finalidades da contabilidade

A Contabilidade tem como finalidade certificar o controle do patrimônio, fornecendo as informações a respeito de sua natureza e as variações patrimoniais, bem como o resultado das atividades econômicas abrangidas.

Basso (2005, p. 24) descreve em seus estudos que: “A finalidade principal da contabilidade é gerar informações de ordem física, econômica e financeira sobre o patrimônio, com ênfase para o controle e o planejamento”.

Crepaldi (2003, p. 20) complementa que “A contabilidade, também, fornece informações sobre condições de expandir-se, sobre necessidades de reduzir custos e despesas, necessidades de buscar recursos, etc”.

Depreende-se daí que a finalidade da contabilidade é o controle e as informações geradas por ela, mediante análise e verificação da decisão a ser tomada. As funções e os seus objetivos completam o entendimento.

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2.1.5 Funções e objetivos da contabilidade

As funções da contabilidade referem-se à coleta, classificação, registro, acúmulo, resumo dos dados e revelação da situação patrimonial da empresa. Já os objetivos da contabilidade visam controlar, evidenciar, atentar as leis, fornecer dados e informações sobre o patrimônio.

No entendimento de Basso (2005, p. 25), as principais funções da contabilidade podem ser assim enunciadas:

- coletar os documentos comprobatórios dos atos e fatos administrativos e econômicos que ocorrem na entidade;

- classificar os documentos comprobatórios de acordo com as alterações que provam no patrimônio da entidade;

- registrar os fatos contábeis decorrentes das alterações patrimoniais nos livros de escrituração contábil da entidade;

- acumular informações quantitativas e qualitativas do patrimônio e suas variações, ao longo do tempo;

- resumir informações do patrimônio e suas variações, em demonstrativos contábeis;

- revelar a situação patrimonial, econômica e financeira da entidade.

Da mesma forma, Basso (2005, p. 25) apresenta os objetivos da contabilidade:

- controlar (física e monetariamente) o patrimônio da entidade;

- apurar os resultados decorrentes das variações ocorridas no patrimônio da entidade;

- evidenciar a situação patrimonial, econômica e financeira da entidade, bem como suas tendências;

- atentar para o cumprimento de normas, leis e demais dispositivos emergentes da legislação aplicável aos negócios da entidade;

- fornecer informações sobre o patrimônio aos seus usuários, de acordo com suas necessidades.

As funções e objetivos da contabilidade, portanto, são essenciais para uma entidade, devendo a mesma segui-las em seu dia a dia. Outrossim, cabe descrever também os principais usuários da contabilidade, tema do próximo item.

2.1.6 Principais usuários da contabilidade

A contabilidade possui uma grande abrangência, constituída num dos campos com maior progresso. Todos os demais ramos precisam dependem dela para controle, informação e outros aspectos que a mesma fornece.

(20)

Conforme Basso (2005, p. 26) a contabilidade só tem sentido quando gera informação relevante ao usuário, podendo ser classificada nas seguintes categorias, segundo o tipo de demanda:

a) Administradores, diretores e executivos – uso da informação contábil no processo decisório, contribuindo para que as decisões possam ser tomadas com maior grau de acerto possível. Detalhes, precisão e agilidade da informação são requisitos básicos;

b) Sócios e/ou acionistas – uso da informação contábil para certificarem-se da real situação do patrimônio da entidade;

c) Bancos, financiadores e investidores – informações patrimoniais, econômicas e financeiras, com vistas a avaliar as reais garantias oferecidas quando da concessão de dinheiro da entidade;

d) Fornecedores – semelhantes aos bancos e financiadores, os fornecedores realizam estudos sobre as demonstrações contábeis da entidade para aquilatar sua capacidade de liquidar obrigações e as suas possibilidades de sucesso econômico, como condicionantes do crédito; e) Governos federal, estaduais e municipais – efetuam estudos sobre os

dados contábeis das empresas para planejamento e o controle de suas receitas tributárias, bem como das políticas macroeconômicas.

Os principais usuários citados necessitam do auxílio da contabilidade para entender e compreender os relatórios, quando analisados. Outrossim, a contabilidade possui aplicação garantida em um vasto campo profissional, conforme consta no item a seguir.

2.1.7 Campos de aplicação da contabilidade

A contabilidade possui um grande campo atuação, sendo bastante expressivas as áreas em que a mesma está presente. Basso (2005, p. 27) assim identifica os principais campos de atuação da contabilidade, que podem ser classificados nos ramos: comercial, industrial, pública, bancária, rural (agrícola ou agropecuária), de cooperativas, de seguradoras, de fundações, de construtoras, hospitalar, e de condomínios, entre outros.

A contabilidade rural, objeto deste estudo, igualmente se faz presente nos campos em que a contabilidade atua.

2.2 CONTABILIDADE RURAL

A Contabilidade Rural é de suma importância, pois é um instrumento que auxilia na geração de informações aos seus usuários, para o planejamento, tomada de decisão e controle da atividade.

(21)

2.2.1 Conceito de Contabilidade Rural

A contabilidade está inserida em diversas áreas, como, por exemplo, na contabilidade rural, a qual está em constante desenvolvimento, produzindo cada vez mais. A contabilidade tem participação ativa no gerenciamento da atividade, permitindo o controle e a tomada de decisão.

Para Crepaldi (2011, p. 82), a contabilidade rural é um instrumento da função administrativa que tem como finalidade:

− controlar o patrimônio das entidades rurais;

− apurar o resultado das entidades rurais;

− prestar informações sobre o patrimônio das entidades rurais aos diversos usuários das informações contábeis.

Nesse mesmo sentido, Marion (2005, p. 25-26) complementa:

A contabilidade pode ser estudada de modo geral (para todas as empresas) ou particular (aplicada a certo ramo de atividade ou setor da economia). Quando estudada de forma genérica, a contabilidade é denominada Contabilidade Geral ou Contabilidade Financeira. Quando aplicada a um ramo específico, normalmente é denominada de acordo com a atividade daquele ramo. Assim há:

− contabilidade agrícola: é a contabilidade geral aplicada às empresas agrícolas;

− contabilidade rural: é a contabilidade geral aplicada às empresas rurais;

− contabilidade zootécnica: é a contabilidade geral aplicada às empresas que exploram a zootécnica;

− contabilidade pecuária: é a contabilidade geral aplicada às empresas pecuárias;

− contabilidade agropecuária: é a contabilidade geral aplicada às empresas agropecuárias;

− contabilidade agroindustrial: é a contabilidade geral aplicada às empresas agroindustriais.

Verifica-se, portanto, que a contabilidade é imprescindível para o desempenho do empreendimento a fim de garantir o seu sucesso. Seus objetivos estão relacionados no item que segue.

2.2.2 Objeto da contabilidade rural

O objeto da contabilidade rural também é o patrimônio, como defendem alguns estudiosos ao apresentarem alguns conceitos.

(22)

A empresa rural pode projetar o caminho a seguir por meio do controle, e acompanhar o seu desempenho a partir da geração de informações que confirmam o planejamento da atividade (CREPALDI, 2011).

Para o autor, o objeto da contabilidade rural é o patrimônio das entidades rurais. E complementa:

A Contabilidade Rural surgiu da necessidade de controlar o patrimônio. É fato que existem pessoas, entidades e empresas que realizam muitas transações, decorrendo, daí, maior complexidade de controle. Seria impossível controlar um patrimônio, que é o conjunto de bens, direitos e obrigações, sem que houvesse registros organizados e de todas as mutações ocorridas. (CREPALDI, 2011, p. 83).

A contabilidade rural, portanto, é um método utilizado para registrar todas as transações da empresa rural, fornecendo subsídios para o seu gerenciamento. Suas finalidades estão relacionadas no item que segue.

2.2.3 Finalidades da contabilidade rural

São diversas as finalidades da contabilidade rural, entre elas fornecer informações sobre as reais condições da empresa, cujos subsídios colaboram no seu gerenciamento.

Segundo Crepaldi (2011, p. 80):

No momento em que se avalia a importância da Contabilidade Rural em gerar informações para a tomada de decisões, a empresa, para obter sucesso deverá estar subordinada a uma administração eficiente, e isso requer conhecimento do negócio, do capital, da especialização e da modernização da agropecuária. É justamente nesses aspectos que a empresa rural apresenta carências e prejudica todo um processo de desenvolvimento e modernização do setor.

Para o autor supracitado, as finalidades da Contabilidade Rural são:

− orientar as operações agrícolas e pecuárias;

− medir o desempenho econômico-financeiro da empresa e de cada atividade produtiva individualmente;

− controlar as transações financeiras;

− apoiar as tomadas de decisões no planejamento da produção, das vendas e dos investimentos;

− auxiliar as projeções de fluxos de caixa e necessidade de crédito;

permitir a comparação da performance da empresa no tempo e desta com outras empresas;

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− conduzir as despesas pessoais do proprietário e de sua família;

− justificar a liquidez e a capacidade de pagamento da empresa junto aos agentes financeiros e outros credores;

− servir de base para seguros, arrendamentos e outros contratos;

− gerar informações para declaração do imposto de renda. (CREPALDI, 2011, p. 81).

Como se pode verificar, são diversas as finalidades da contabilidade rural no auxílio do controle e planejamento das atividades. O item que segue traz o conceito de empresas rurais para, após, adentrar especificamente na contabilidade pecuária.

2.2.4 Conceito de empresas rurais

Empresa rural é a unidade que explora as atividades agrícolas, como soja, trigo, milho, feijão, enquanto a pecuária pode ser de corte, de leite, de cria, entre outros.

Para Marion (2005, p. 24), “Empresas rurais são aquelas que exploram a capacidade produtiva do solo por meio do cultivo da terra, da criação de animais e da transformação de determinados produtos agrícolas”.

Crepaldi (2011, p. 3) complementa afirmando que “Empresa Rural é a unidade de produção em que são exercidas atividades que dizem respeito a culturas agrícolas, criação de gado ou culturas florestais, com a finalidade de obtenção de renda”.

A principal finalidade da empresa rural é a obtenção de renda. Nesse contexto a contabilidade é fundamental para o gerenciamento e planejamento de todas as suas movimentações financeiras e patrimoniais.

2.3 CONTABILIDADE PECUÁRIA

A contabilidade também está presente na pecuária de leite, sendo fundamental para o controle, planejamento, tomada de decisão e conhecimento da rentabilidade da atividade.

Ao fazer referência às atividades da pecuária vem à mente a produção de gado, pois no Brasil o rebanho bovino é explorado com dupla finalidade: leite e corte, vindo a produção leiteira em primeiro lugar seguida da venda dos bezerros (CREPALDI, 2011).

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Para Santos, Marion e Segatti (2002, p. 29), pecuária é a “arte de criar e tratar gado”. A pecuária cuida de animais geralmente criados no campo com a finalidade de abate, consumo doméstico, serviços na lavoura, reprodução, leite, além de fins industriais e comerciais.

A este respeito Crepaldi (2011, p. 222) se manifesta, descrevendo que:

A compreensão das informações sobre custos é essencial para o sucesso do negócio. Em primeiro lugar, os custos determinam o preço de venda; se os custos forem maiores que o preço de venda, haverá prejuízo. Todos os custos aplicáveis aos produtos ou serviços precisam ser considerados quando for determinado o preço de venda.

A Contabilidade de Custos deve ser aplicada no ramo da pecuária para determinar o preço de venda, seja qual for a sua finalidade – corte, leite, entre outros – para se ter um bom gerenciamento da atividade. O item que segue amplia os conhecimentos sobre a Contabilidade de Custos.

2.4 CONTABILIDADE DE CUSTOS

Este item visa apresentar os principais conceitos de custos, a fim de possibilitar uma maior compreensão do assunto estudado. Inicia, portanto, com a apresentação da origem e da evolução da Contabilidade de Custos.

2.4.1 Origem e evolução da contabilidade de custos

Originada na Revolução Industrial, a Contabilidade de Custos é compreendida e interpretada de várias formas pelos estudiosos da área. Estudos de Bornia (2010, p. 11-12) revelam dados do seu surgimento e utilização:

A contabilidade de custos surgiu com o aparecimento das empresas industriais (Revolução Industrial) com o intuito de determinar os custos dos produtos fabricados. Antes disso, os artigos normalmente eram produzidos por artesãos que, via regra, não constituíam pessoas jurídicas, e praticamente só existiam empresas comerciais, as quais utilizavam a contabilidade financeira basicamente para a avaliação do patrimônio e apuração do resultado do período. O resultado era obtido subtraindo-se o custo dos produtos (mercadorias) vendidos da receita obtida pela empresa. Desse lucro (bruto), ainda eram deduzidas as despesas incorridas para o funcionamento da empresa.

(25)

Bornia (2010) segue afirmando que no século XVIII, o Custo dos Produtos Vendidos (CPV) era conhecido, uma vez que as mercadorias eram compradas diretamente dos seus produtores. Entretanto, essa realidade foi mudando à medida que surgiram as primeiras empresas industriais e, com elas, o custo dos produtos não foi mais conhecido, pois passou a ser composto a partir de outros materiais.

A Revolução Industrial, portanto, foi um marco para o surgimento da Contabilidade de Custos. À medida que as empresas foram crescendo aumentou a complexidade do sistema produtivo, e as informações contábeis passaram a ser uma ferramenta de auxílio gerencial.

Bornia (2010) explica ainda que os sistemas de custos têm a função de auxiliar a empresa no controle e na tomada de decisão, indicando problemas ou situações não previstas. Da mesma forma, são importantes para subsidiar processos decisórios de competência da administração da empresa.

Padoveze (2003, p. 30) contribui nesse sentido, explicando que:

O nascimento da contabilidade de custos está associado com o advento do capitalismo industrial e apresentou um desafio para o desenvolvimento da contabilidade como uma ferramenta de gerenciamento industrial. Surgiu da necessidade do gerenciamento contábil interno em função das novas complexidades dos processos de produção, objetivando informações para tomada de decisão.

A contabilidade de custos, portanto, tornou-se fundamental em qualquer organização. Seu surgimento foi de extrema importância para apurar os resultados dos negócios. Cabe agora, apresentar os conceitos de Contabilidade de Custos emitidos por estudiosos da área.

2.4.2 Conceitos de contabilidade de custos

Esta seção apresenta alguns conceitos citados por estudiosos da área de Contabilidade de Custos.

Vendas

(-) Custo dos produtos vendidos (=) Lucro bruto

(-) Despesas administrativas (-) Despesas comerciais (-) Despesas financeiras (=) Lucro líquido

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De acordo com Horngren, Foster e Datar (2000, p. 2), “A contabilidade de custo mensura e relata informações financeiras e não financeiras relacionadas à aquisição e ao consumo de recursos pela organização. Ela fornece informação tanto para a contabilidade gerencial quanto para a contabilidade financeira”.

Já no entendimento de Santos, Marion e Segatti (2002, p. 41): “De maneira geral, a contabilidade de custos, como a própria denominação induz, cuida dos custos da empresa, não tendo sua atenção voltada para as despesas”.

Os autores complementam ainda que:

a Contabilidade de Custos também está voltada para as Tomadas de Decisão: qual a quantidade mínima que se deve produzir e vender para não ter prejuízo? Qual produto é mais rentável para estimular sua produção? Qual produtos devemos cortar para aumentar a rentabilidade? Certos itens, é melhor produzir ou comprar de terceiros? Qual o preço adequado para cada produto? Sobre qual item de custos devemos exercer melhor controle? Como reduzir custos? Todas essas respostas e outras são dadas pela Contabilidade de Custos. (SANTOS; MARION; SEGATTI, 2002, p. 42).

Nesse mesmo rumo descrevem Bruni e Famá (2004, p. 24):

A contabilidade de custos pode ser definida como processo ordenado de usar os princípios da contabilidade geral para registrar os custos de operação de um negócio. Dessa forma, com informações coletadas das operações e das vendas, a administração pode empregar os dados contábeis e financeiros para estabelecer os custos de produção e distribuição, unitários ou totais, para um ou para todos os produtos fabricados ou serviços prestados, além dos custos das outras diversas funções do negócio, objetivando alcançar uma operação racional, eficiente e lucrativa.

Compreende-se, então, que a contabilidade custos é responsável pelos custos da empresa, ou seja, cuida do gerenciamento do negócio, verificando a decisão que precisa ser tomada no momento. As funções da Contabilidade de Custos são mais bem detalhadas a seguir.

2.4.3 Funções da contabilidade de custos

Em relação às funções da Contabilidade de Custos, sabe-se que a mesma auxilia na tomada e no controle de decisões, determinando o lucro da atividade.

(27)

[...] A Contabilidade de custos tem duas funções relevantes: o auxílio ao controle e a ajuda às tomadas de decisões. No que diz respeito ao controle, sua mais importante missão é fornecer dados para o estabelecimento de padrões, orçamentos e outras formas de previsão e, num estágio imediatamente seguinte, acompanhar o efetivamente acontecido para comparação com os valores anteriormente definidos.

No que tange à decisão, seu papel reveste-se numa importância, pois consiste na alimentação de informações sobre valores relevantes que dizem respeito às consequências de curto e longo prazo sobre medidas de introdução ou corte de produtos, administração de preços de venda, opção de compra ou produção etc.

Resumindo, a Contabilidade de Custos acabou por passar, nessas últimas décadas, de mera auxiliar na avaliação de estoques e lucros globais para importante arma de controle e decisão gerenciais.

Bruni e Famá (2004, p. 24-25) também refletem sobre o assunto:

As funções básicas da contabilidade de custos devem buscar atender as três razões primárias:

a) determinação do lucro: empregando dados originários dos registros convencionais contábeis, ou processando-os de maneira diferente, tornando-os mais úteis à administração;

b) controle das operações: e demais recursos produtivos, como os estoques com a manutenção de padrões e orçamentos, comparações entre previsto e realizado;

c) tomada de decisões: o que envolve a produção (o que, quanto, como e quando fabricar), formações de preços, escolha entre fabricação própria ou terceirizada.

Como se verificou até aqui, a Contabilidade de Custos é fundamental em todas as atividades, auxiliando no controle, na tomada de decisão e identificando os rumos e decisões a serem tomadas. O item que segue traz as terminologias usualmente aplicadas à Contabilidade de Custos.

2.5 TERMINOLOGIAS APLICADAS À CONTABILIDADE DE CUSTOS

Neste item são apresentados alguns conceitos de custos a fim de possibilitar um melhor entendimento a seu respeito.

“A área de custos possui terminologia própria que, entretanto, muitas vezes é utilizada de forma equivocada” (PEREZ JR.; OLIVEIRA; COSTA, 2005, p. 17).

Nesse mesmo sentido se manifesta Martins (2006, p. 24): “Infelizmente, encontramos em todas as áreas, principalmente nas sociais (econômicas em particular), uma profusão de nomes para um único conceito e também conceitos diferentes para uma única palavra”.

(28)

As terminologias aplicadas à Contabilidade de Custos são de fundamental importância para os usuários, pois proporcionam o entendimento do que cada uma significa a fim de serem identificadas e separadas corretamente.

a) Desembolsos

Segundo Perez Jr., Oliveira e Costa (2005, p.17) desembolsos são:

Saídas de dinheiro do caixa ou banco. Os desembolsos ocorrem devido ao pagamento de uma compra efetuada à vista ou de uma obrigação assumida anteriormente. Exemplos:

− compra de matéria-prima à vista;

− pagamento de salários aos funcionários;

− pagamento de empréstimos bancários;

− pagamentos de despesas provisionadas no mês anterior.

Martins (2006, p. 25) complementa: é o “pagamento resultante da aquisição do bem ou serviço”, enquanto para Bornia (2010, p. 15), “é o ato de pagamento, que pode ocorrer em momento diferente de gasto”.

De acordo com Bruni e Famá (2004, p. 26), “Consiste no pagamento do bem ou serviço, independentemente de quando o produto ou serviço foi ou será consumido”.

b) Gastos

Para Perez Jr., Oliveira e Costa (2005, p. 18), gastos se referem ao

consumo genérico de bens e serviços. Os gastos ocorrem a todo o momento em qualquer setor da empresa. É importante não confundir gastos com desembolsos. Frequentemente, ouvimos as pessoas dizerem: “Gastei muito dinheiro”. Na realidade, o dinheiro não é gasto, ou seja, consumido, são os bens e serviços obtidos por meio do desembolso imediato ou futuro: Exemplos:

− matéria-prima consumida no processo produtivo;

− materiais de expediente consumidos no processo administrativo;

− serviços de frete consumidos no processo de venda;

− energia elétrica consumida na área industrial.

Dependendo da aplicação, o gasto poderá ser classificado em custos, despesas, perdas ou desperdícios.

Nesse mesmo sentido expressa Martins (2006, p. 24): “Compra de um produto ou serviço qualquer, que gera sacrifício financeiro para a entidade

(29)

(desembolso), sacrifício esse representado por entrega ou promessa de entrega de ativos (normalmente dinheiro)”.

Enquanto isso Bornia (2010, p. 15) expressa que “Gasto é o valor dos insumos adquiridos pela empresa, independentemente de terem sido utilizados ou não”.

c) Custos

No entendimento de Perez Jr., Oliveira e Costa (2005, p. 18), custos podem ser referidos como:

Gastos relativos aos bens e serviços (recursos) consumidos na produção de outros bens e serviços. Observe que não existem despesas de produção, pois todos os gastos incorridos no processo produtivo são classificados como custos. Exemplos:

− matéria prima consumida;

− materiais auxiliares;

− mão de obra produtiva;

− mão de obra de gerência e supervisão de fábrica;

− custos gerais de fabricação-depreciação, energia elétrica, água etc.;

− serviços de apoio à produção – manutenção, almoxarifado, engenharia do produto, refeitório, ambulatório médico.

Os bens gerados pelo processo produtivo podem ter duas finalidades:

ativo realizável: estoque destinado à venda;

ativo permanente: imobilizado para uso ou investimento para renda.

Martins (2006, p. 25) expressa que custos são “Gastos relativos a bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços”. Já para Bornia (2010, p. 25) “Representam gastos relativos a bem ou serviços utilizados na produção de outros bens ou serviços”.

d) Despesas

Segundo Perez Jr., Oliveira, Costa (2005, p. 18), as despesas são

gastos relativos aos bens e serviços consumidos no processo de geração de receitas e manutenção dos negócios da empresa. Todas as despesas estão diretamente ou indiretamente associadas à realização de receitas. As empresas têm despesas para gerar receitas e não para produzir seus bens e serviços.

(30)

Martins (2006, p. 25) complementa que se trata de um “bem ou serviço consumido direta ou indiretamente para a obtenção de receitas”, enquanto Bornia (2010, p. 16) a descreve como:

Despesa é o valor dos insumos consumidos para o funcionamento da empresa e não identificados com a fabricação. Refere-se às atividades fora do âmbito da fabricação, geralmente sendo separada em Administrativa, Comercial e Financeira. Portanto, as despesas são diferenciadas dos custos de fabricação pelo fato de estarem relacionadas com a administração geral da empresa e a comercialização do produto.

e) Perdas

No entendimento de Perez Jr., Oliveira e Costa (2005, p. 19), perdas são

gastos anormais ou involuntários que não geram um novo bem ou serviço e tampouco receitas e são apropriadas diretamente no resultado do período em que ocorrem. Esses gastos não mantêm nenhuma relação com a operação da empresa e geralmente ocorrem de fatos não previstos. Exemplos:

− vazamentos de materiais líquidos ou gasosos;

− materiais com prazo de validade vencido;

− gastos incorridos em períodos de paralisação de produção devidos à faltam de insumos;

− problemas com equipamentos, greves, enchentes, inundações, sinistros etc.

Martins (2006, p. 26) conceitua perdas como “bem ou serviço consumidos de forma anormal ou involuntária”. Já Bornia (2010, p. 17), em seus estudos, revela que perda “normalmente é vista na literatura contábil como o valor dos insumos consumidos de forma anormal”.

f) Desperdícios

Estudos de Perez Jr., Oliveira e Costa (2005, p. 19-20) conceituam desperdícios como

gastos incorridos nos processos produtivos ou de geração de receitas e que possam ser eliminados sem prejuízo da qualidade ou quantidade dos bens, ou receitas geradas. Atualmente, o desperdício esta sendo classificado como custo ou despesa e sua identificação e eliminação é fator determinante do sucesso ou fracasso de um negócio.

Na economia globalizada, manter desperdícios é sinônimo de prejuízo, pois não poderão ser repassados para os preços. Exemplos:

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− retrabalho decorrente de defeitos de fabricação;

− estocagem e movimentação desnecessárias de materiais e produtos;

− relatórios financeiros, administradores e contábeis sem qualquer utilidade;

− cargos intermediários de chefia e supervisão desnecessários.

Já para Bornia (2010, p. 17), “desperdício é o esforço econômico que não agrega valor ao produto da empresa e nem serve para suportar diretamente o trabalho efetivo”.

Berti (2010, p. 22), por sua vez, expressa que “Gastos incorridos nos processos produtivos ou de geração de receitas e que possam ser eliminados sem prejuízo da qualidade ou quantidade de bens, serviços ou receitas geradas constituem os desperdícios”.

g) Investimento

Segundo Martins (2006, p. 25), investimento é um “gasto ativado em função de sua vida útil ou de benefícios atribuíveis a futuro(s) período(s)”. Ao que Bornia (2010, p. 18) complementa: “Investimento é o valor dos insumos adquiridos pela empresa não utilizados no período, os quais poderão ser empregados em períodos futuros”.

Já para Bruni e Famá (2004, p. 25) os investimentos “representam gastos ativados em função de sua vida útil ou de benefícios atribuíveis a futuros períodos. Ficam temporariamente “congelados” no ativo da entidade e, posteriormente e de forma gradual, são “descongelados” e incorporados aos custos e despesas”.

Após apresentar as terminologias aplicadas à Contabilidade de Custos, cabe descrever os seus princípios fundamentais, tema que constitui o item que segue.

2.6 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS APLICADOS À CONTABILIDADE DE CUSTOS

Neste item são apresentados os conceitos relativos aos princípios da contabilidade, bem como sua forma de registrar os fatos ocorridos na entidade.

Segundo Perez Jr., Oliveira e Costa (2005, p. 64):

Os princípios contábeis não são leis científicas capazes de ser provadas por meio de testes empíricos. São normas, por convenção, adotadas e consideradas adequadas para demonstrar o patrimônio de uma empresa e

(32)

as mutações ocorridas durante um período. São, portanto, convenções que variam no tempo e no espaço, evoluindo de acordo com as circunstâncias. Os princípios contábeis repousam em conceitos fundamentais que se desenvolvem e se adaptam de acordo com o contexto econômico em que são aplicados. Considerando que:

1º) a contabilidade de custos deve estar integrada e coordenada com a contabilidade mercantil;

2º) a contabilidade mercantil é regida por princípios contábeis, torna-se necessário que o profissional ligado à área de custos saiba identificar esses princípios e os observe na execução de seu trabalho.

Passa-se a partir de agora a elencar os princípios fundamentais aplicados à Contabilidade de Custos:

Entidade: “Esse postulado determina que a contabilidade deve reconhecer as

operações relativas à empresa, sem misturá-las com as de seus proprietários ou terceiros” (PEREZ JR.; OLIVEIRA; COSTA, 2005, p. 65).

Continuidade: “[...] os critérios de avaliação do patrimônio de uma empresa em

atividade produtiva são os custos de aquisição ou de produção. [...] o imobilizado é avaliado pelo custo e não pelo preço de mercado, pois a finalidade para a qual foi adquirida é o uso e não a alienação” (PEREZ JR.; OLIVEIRA; COSTA, 2005, p. 65).

Realização: “O princípio da realização determina que as receitas sejam

reconhecidas somente por ocasião da transferência de um bem ou serviço para terceiros” (PEREZ JR.; OLIVEIRA; COSTA, 2005, p. 65).

Competência e confrontação: para Perez Jr., Oliveira e Costa (2005, p. 66):

Esses princípios são de grande importância para a contabilidade de custos. A realização indica o momento do reconhecimento da receita. A competência e a confrontação nos indicam o momento do reconhecimento das despesas e custos. O correto nos termos contábeis, é deduzir das receitas todos os gastos a elas correspondentes para se obter o resultado do período, lucro ou prejuízo.

Custo com base de valor: “De acordo com esse princípio, os ativos são

registrados por seu valor original de aquisição” (PEREZ JR.; OLIVEIRA; COSTA, 2005, p. 66).

Denominador comum monetário: “Esse princípio determina que as

demonstrações contábeis devem ser expressas em moeda nacional” (PEREZ JR.; OLIVEIRA, COSTA, 2005, p. 67).

(33)

Uniformidade ou consistência: “Deve a empresa seguir uma uniformidade na aplicação de procedimentos contábeis no decorrer do tempo, para não prejudicar a análise comparativa de custos no transcorrer dos diversos exercícios” (PEREZ JR., OLIVEIRA; COSTA, 2005, p. 67).

Relevância ou materialidade: segundo expressão de Perez Jr., Oliveira e Costa

(2005, p. 65):

Esse é um princípio fundamental da contabilidade de custos. Ele torna dispensável um controle mais rigoroso dos itens de pequeno valor monetário em relação aos gastos totais, tornando possível a aplicação dos conceitos de custos e benefícios na implantação de determinados controles. Alguns materiais de pequeno valor podem, por exemplo, ser considerados custos por ocasião de sua aquisição e não serem incorporados aos produtos à medida que vão sendo utilizados, como seria o normal.

A aplicação da convenção de relevância torna viável e mais econômica a implantação da contabilidade de custos, por meio da simplificação e da redução do volume de trabalhos que propicia.

Objetividade: no entendimento de Perez Jr., Oliveira e Costa (2005, p. 68):

Todos os valores apropriados ao custo da produção devem estar suportados:

− por documentos que comprovem a natureza e o valor do registro;

− ou por critérios objetivos, principalmente, na determinação dos rateios indiretos;

− ou por critérios geralmente aceitos pela classe contábil, como, por exemplo, a adoção da vida útil média estimada para cálculo da depreciação.

Conservadorismo: “Os estoques devem ser avaliados pelo custo de aquisição

das matérias primas e materiais de embalagens e pelos custos incorridos na produção de produtos acabados ou em elaboração” (PEREZ JR.; OLIVEIRA; COSTA, 2005, p. 68).

Para efetuar a aplicabilidade dos registros de forma correta é preciso entender os princípios aplicados à contabilidade, a fim de não prejudicar os resultados das demonstrações contábeis. O item que segue traz a classificação dos custos.

2.7 CLASSIFICAÇÃO DOS CUSTOS

A classificação correta e adequada dos custos é de extrema importância, pois possibilita a produção de subsídios para a tomada de decisão dos gestores. Os

(34)

custos são classificados pela viabilidade em variáveis e fixos, e pela facilidade de alocação em diretos e indiretos, sendo que todos possuem grande importância na identificação do custo real dos produtos produzidos.

Segundo Padoveze (2003, p. 40), “Define-se objeto de custo o elemento do qual se deseja ter o custo específico apurado. Em outras palavras, objeto de custo é o elemento que será objeto de mensuração monetária, com a finalidade de se obter o custo unitário ou total desse elemento”.

2.7.1 Custos diretos

De acordo com o Perez Jr, Oliveira e Costa (2005, p. 25), custos diretos

são os custos que podem ser quantificados e identificados no produto ou serviço e valorizados com relativa facilidade. Dessa forma, não necessitam de critérios de rateios para serem alocados aos produtos fabricados ou serviços prestados, já que são facilmente identificados.

No entendimento de Bornia (2010, p. 21), “Custos diretos são aqueles facilmente relacionados às unidades de alocação de custos (produtos, processos, setores, clientes, etc.) Exemplos de custos diretos em relação aos produtos são a matéria prima e a mão de obra direta”.

Nesse mesmo sentido Leone (2008, p. 182-183) expressa:

Quando se deseja determinar o custo dos produtos fabricados pela empresa, ou aos processos que fabricam esses produtos, admitimos a existência de custos diretos (inicialmente o material e a mão de obra) quando estes são relevantes e podem ser facilmente identificados, ou quando esse é o desejo da administração.

Já Crepaldi (2011, p. 100) descreve que custos diretos

são aqueles que podem ser diretamente (sem rateios) apropriados aos produtos agrícolas, bastando existir uma medida de consumo (quilos, horas, mão de obra ou de máquina, quantidade de força consumida, etc.) de modo geral, identificam-se aos produtos agrícolas e variam proporcionalmente à quantidade produzida. Podem ser apropriados diretamente aos produtos agrícolas porque há uma medida objetiva do seu consumo nesta produção.

Exemplos:

1. Insumos: normalmente, a Empresa Rural sabe qual a quantidade exata de insumos que está sendo utilizada para a produção de uma unidade do produto agrícola. Sabendo-se o preço do insumo, o custo daí resultante está associado diretamente ao produto.

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2. Mão de obra direta: trata-se de custos com trabalhadores utilizados diretamente na produção agrícola. Sabendo-se quanto tempo cada um trabalhou no produto e o preço da mão de obra, é possível apropriá-la diretamente ao produto.

3. Material de embalagem.

4. Depreciação de equipamento agrícola: quando é utilizado para produzir apenas um tipo de produto.

5. Energia elétrica das máquinas agrícola: quando é possível saber quanto foi consumida na produção de cada produto agrícola.

2.7.2 Custos indiretos

Estudos de Perez Jr, Oliveira e Costa (2005, p. 27) revelam que:

os custos que, por não serem perfeitamente identificados nos produtos ou serviços, não podem ser apropriados de forma direta para as unidades específicas, ordens de serviço ou produto, serviços executados, etc. Necessitam, portanto, da utilização de algum critério de rateio para sua alocação:

− Mão de obra indireta;

− materiais indiretos;

− outros custos indiretos.

Já no entendimento de Bornia (2010, p. 21), “Os custos Indiretos não podem ser facilmente atribuídos às unidades, necessitando de alocações para isso. Exemplos de custos indiretos em relação aos produtos são a mão de obra indireta e o aluguel”.

Enquanto isso, Leone (2008, p. 183) relata que:

Admitimos, em consequência, a existência de custos indiretos, que representam o consumo de fatores que, apesar de serem necessários á produção, não são de fácil identificação com os produtos ou processos de fabricação.

Os custos indiretos constituem o consumo dos fatores de produção que não são identificados aos produtos porque não são relevantes, porque o processo de identificação é dispendioso e porque a relação custo-benefício não é favorável ao trabalho de identificação.

Nesse mesmo sentido, Crepaldi (2011, p. 101) enfatiza que:

Custos indiretos, para serem incorporados aos produtos agrícolas, necessitam da utilização de um critério de rateio. Exemplos: aluguel, iluminação, depreciação, salário de administradores etc.

Os custos indiretos dependem de cálculos, rateios ou estimativas para serem apropriados em diferentes produtos agrícolas; portanto, são os custos que só são apropriados indiretamente aos produtos agrícolas. O parâmetro utilizado para as estimativas é chamado de base ou critérios de rateio.

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