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Adaptação na educação infantil: uma questão de acolhimento

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Academic year: 2021

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SUL

FABIANE FÁTIMA FREYTAG

ADAPTAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: UMA QUESTÃO DE ACOLHIMENTO

Santa Rosa 2018

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FABIANE FÁTIMA FREYTAG

ADAPTAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: UMA QUESTÃO DE ACOLHIMENTO

Monografia apresentada para obtenção do título de graduada em Pedagogia na Universidade Regional do Noroeste do Rio Grande do Sul.

Orientadora: Professora Ms. Cláudia Maria Seger

Santa Rosa 2018

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FABIANE FÁTIMA FREYTAG

ADAPTAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: UMA QUESTÃO DE ACOLHIMENTO

Monografia apresentada para obtenção do título de graduada em Pedagogia na Universidade Regional do Noroeste do Rio Grande do Sul.

Banca Examinadora:

_________________________________________ Professora Ms. Cláudia Maria Seger - UNIJUI

___________________________________________ Professora Ms. Eulália Beschorner Marin - UNIJUI

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AGRADECIMENTOS

Estar concluindo esta etapa da minha formação profissional é mais que receber um canudo, é estar abrindo as portas para meu futuro.

Agradeço inicialmente a Deus, por

permitir-me chegar até aqui,

encontrando dificuldades e alcançando ao final o objetivo, ser professora. Aos meus pais, por entenderem a ausência nas rodas de chimarrão aos domingos e as faltas nos almoços de família. Ao meu noivo pelo companheirismo e parceria em todos os momentos perpassados durante a graduação, principalmente ao descobrir o nosso maior presente, nossa filha, e neste momento pelo apoio para que não desistisse desse sonho. E principalmente a minha eterna estrela guia, minha avó Ilse (in memória), que desde sempre apoiou minha escolha e com orgulho falava de sua neta professora.

A minha orientadora, professora Ms. Cláudia Maria Seger, por ter aceito este desafio que foi orientar-me, pelas provocações lançadas, pelo grande

auxilio durante as escritas. Muito

obrigada pelo exemplo de profissional que és.

Agradeço por final a todos os mestres que fizeram parte desta minha caminhada no meio acadêmico e que permitiram ser possível a conclusão desta etapa!

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O estudo da temática Adaptação na Educação Infantil: uma questão de acolhimento visa compreender e analisar o processo histórico ao qual perpassou a Educação Infantil no Brasil, bem como perceber as concepções de infância trazidas durante os séculos até os dias atuais. Quanto ao período de adaptação em uma escola de educação infantil, objetiva-se analisar os sentimentos parentais que envolvem toda a questão inicial de uma adaptação, identificar o vínculo entre a família e a criança, percebendo até que ponto pode ir à relação de apego quando se há a separação entre a criança e seu responsável. O envolvimento da escola neste contexto será observado bem como analisada a forma com que a direção conduz o momento da adaptação de uma criança na etapa do berçário. A pesquisa foi realizada com uma turma de berçário I, com bebês de cinco a nove meses, foram observadas e analisadas a adaptação de dois bebês de cinco meses de idade, a investigação dos sentimentos envolvidos, bem como a forma com que as responsáveis pelas crianças lidaram com este momento, isto através de conversas com a direção, educadores e pais. Neste sentido, perceber a importância de uma adaptação baseada no bom relacionamento entre a família e a escola é primordial, acolher a criança e a família é essencial para este momento.

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The study of the theme of Adaptation in Early Childhood Education: a host issue aims to understand and analyze the historical process to which Child Education in Brazil has permeated, as well as to understand the conceptions of childhood brought down through the centuries to the present day. As for the period of adaptation in a kindergarten school, the objective is to analyze the parental feelings that involve the whole initial question of an adaptation, to identify the bond between the family and the child, realizing the extent to which can go to the attachment relationship when if there is a separation between the child and his / her guardian. The involvement of the school in this context will be observed as well as analyzed the way the direction leads the moment of a child's adaptation in the nursery stage. The research was carried out with a nursery class I, with infants of five to nine months, were observed and analyzed the adaptation of two babies of five months of age, the investigation of the feelings involved, as well as the way in which the responsible ones for the children dealt with this moment, through conversations with management, educators and parents. In this sense, realizing the importance of an adaptation based on the good relationship between family and school is paramount, welcoming the child and family is essential for this moment.

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INTRODUÇÃO ... 7 1 ASPECTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL NO BRASIL ... 9 1.1 INFÂNCIA, UMA ETAPA PRIMORDIAL NO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO HUMANA ... 10 1.2 BERÇÁRIO, TEMPOS DE DESCOBERTAS E APRENDIZAGENS... 13 2 ADAPTAÇÃO, O MOMENTO DA SEPARAÇÃO ENTRE FAMÍLIA E CRIANÇA18 2.1 RELAÇÃO MÃE-BEBÊ E O SENTIMENTO DE CULPA ... 19 2.2 SENTIMENTOS PARENTAIS, QUANDO A CULPA VAI ALÉM DO LIMITE ... 23 3 ADAPTAÇÃO, UMA QUESTÃO DE ACOLHIMENTO DA FAMÍLIA E DA CRIANÇA 25

3.1 ESCOLA COMO PONTO DE APOIO PARA PAIS E EDUCADORES ... 26

3.2 OS EDUCADORES COMO MEDIADORES NO PROCESSO DE

ACOLHIMENTO ... 30 CONCLUNSÃO ... 33 REFERÊNCIAS ... 35

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INTRODUÇÃO

Percebe-se atualmente a importância que a escola de educação infantil possui no cotidiano das famílias, uma vez que a partir da Proclamação da República, em 1889, a realidade destas foi sendo modificada constantemente. Assim, refletir acera desta etapa da educação é essencial, perceber seu histórico e analisá-lo, auxilia o seu entendimento e na concepção de novas formas de fazer a educação, principalmente no que diz respeito a estes sujeitos.

Neste sentido, o presente estudo, com a temática Adaptação na Educação Infantil: uma questão de acolhimento, permite que possamos refletir acerca do cotidiano da sala de aula onde a maior parte dos sujeitos possuem menos de um

ano de idade, assim, refletir-se-á durante esta escrita acerca destas criançase suas

relações com o mundo que os cerca, essencialmente no que diz respeito a sua inserção na escola.

Para compor esta narrativa, utilizou-se da pesquisa através da observação e conversas informais com os sujeitos envolvidos no processo de adaptação, ou seja, pais, educadores e direção, em uma escola de educação infantil municipal do município de Santo cristo, com uma turma de berçário I, esta com crianças de cinco a nove meses de idade, para assim obter o maior número possível de informações acerca da visão de cada um sobre o que e como, realmente é este processo. A pesquisa visa identificar e analisar os pontos positivos e negativos da etapa de adaptação das crianças no berçário, para assim posteriormente entender as relações entre a escola, os educadores e os responsáveis pelas crianças.

Desta forma, o texto encontra-se organizado em três capítulos. O primeiro aborda o histórico da educação infantil no Brasil, trazendo uma análise também acerca da infância neste mesmo contexto, permitindo conhecer a trajetória da mudança sobre as concepções de infância no decorrer dos tempos Da mesma maneira, permite perceber a importância do berçário dentro da etapa de

escolarização das crianças, onde o sujeito, o bebê, adentra e vai aos poucos

crescendo e descobrindo as diversas possibilidades que o mundo que o cerca tem para lhe oferecer.

O segundo capítulo aborda a questão da adaptação da criança na escola permeado pelos sentimentos parentais, o principal tema trata dos sentimentos que

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os responsáveis pelas crianças possuem pelas mesmas e o que, por vezes, interfere no relacionamento delas com as demais pessoas do seu convívio. No mesmo sentido, traz a enorme carga de culpa que algumas destas responsáveis acabam adquirindo com o processo de adaptação, por pensar esta etapa como um abandono da criança sob os cuidados de terceiros.

O terceiro e último capítulo compõe-se das relações permeadas dentro do ambiente escolar, no qual a escola passa a ser um ponto de apoio, tanto para os pais quanto para os educadores, para que o processo de adaptação possa ser realizado de forma saudável, sem provocar sentimento de culpa nos responsáveis e nem fazer com que a criança sinta-se abandonada.

Portanto, a pesquisa reflete o cotidiano de uma escola de educação infantil onde o processo de adaptação é realizado, desta forma demonstrando a participação da direção, dos educadores e dos pais. Trazendo como reflexão a questão do acolhimento dentro do curso de uma adaptação de bebês, onde o primordial é trazer a família para dentro da escola.

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1 ASPECTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL NO BRASIL1

O Brasil, sendo um país de uma vasta diversidade, necessita da educação para aprimorar o modo de vida da população. Neste contexto, tratando-se da educação infantil, podemos afirmar que a mesma possui uma história muito recente, porém com inúmeras evoluções quanto as suas metodologias, isto desde a sua singela criação. Sabemos da relevância que esta etapa do ensino possui no contexto atual da população brasileira, porém, sua importância deu-se em tempos mais remotos. Foi somente através da criação destas instituições que as mulheres tiveram a oportunidade de adentrarem ao mercado de trabalho e desta forma alcançar um novo patamar nas lutas feministas.

Tendo em vista que o ensino no Brasil surgiu muito antes das primeiras escolas serem fundadas, é preciso aceitar a sua grande evolução, pois, foi partindo da vinda dos Jesuítas para catequisar os indígenas que a educação brasileira foi tomando forma. Porém, precisamos analisar não somente o contexto atual da educação e sim desde os seus primórdios, assim, faz-se necessário voltar o olhar para o início da história do Brasil como República, desta forma se entenderá o percurso levado pela educação infantil no país.

Foi, a partir da Proclamação da República, em 1889, que o cuidado com as crianças pequenas foi percebido como algo necessário, uma vez que as mulheres, agora podendo inserir-se no mercado de trabalho, não teriam tempo para cuidar de seus filhos, fazendo com que desta forma surgissem espaços de acolhimento para estas crianças, uma vez que não caberia mais somente às mães, restritamente, o trabalho doméstico e o cuidado dos filhos.

Assim, com as chamadas “mães mercenárias2” a infância foi iniciando novos

horizontes, porém ao mesmo tempo em que as famílias possuíam uma forma alternativa de cuidado para seus filhos, a mortalidade infantil crescia gradativamente, uma vez que as condições destes locais de cuidado, bem como os próprios cuidados e a distância das crianças para com suas mães, faziam com que as elas acabassem adquirindo sérios problemas de saúde e assim vindo a óbito em pouco tempo.

1 Os dados históricos deste texto foram retirados de: Nascimento (2015) e Constituição Federal

(1988).

2 Mulheres sem profissionalização, da comunidade, que propunham atividades de cuidado para com

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No entanto, no Brasil, a educação infantil foi vista como uma etapa da escolarização das crianças a partir da constituição de 1988, onde em seu capitulo III, artigo 208, traz a garantia do atendimento das crianças de até cinco anos de idade em creches e pré-escolas. Antes disto havia o atendimento às crianças, porém seu caráter era exclusivamente assistencialista, ou seja, não havia a necessidade de profissionais qualificados pois o trato com as crianças era apenas de cuidados, não sendo realizadas situações de ensino aprendizagem.

Desta forma, somente a partir da institucionalização deste ciclo, juntamente com a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que defende o cuidado e a proteção da infância e juventude brasileira, ainda com o auxílio das Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), que baseia o rumo da educação no Brasil, na década de 90, a educação infantil tomou novos rumos, era vista como uma etapa da escolarização das crianças.

A partir disto, tem-se nos dias atuais uma escola de educação infantil dentro dos parâmetros exigidos? Com profissionais de qualidade, que possuem a profissionalização adequada para trabalhar com as crianças dentro destas faixas de idade? Instituições com infraestrutura adequada para o acolhimento dos mesmos, possuindo padrões de construção a serem seguidos, bem como materiais necessários para todas as formas de ensino-aprendizagem as quais as crianças devem ser submetidas?

Sabemos que os desafios que a educação infantil ainda possui pela frente são inúmeros, pois, como já mencionado, as bases legais para toda a qualidade exigida para esta primeira etapa da educação básica existem, porém, o seu cumprimento bem como a legalização de demais demandas, exige ainda o envolvimento de todos os profissionais da educação, afim de, somente assim alcançar o objetivo de uma educação infantil de qualidade.

1.1 INFÂNCIA, UMA ETAPA PRIMORDIAL NO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO

HUMANA3

A infância é o período que compreende desde o nascimento até os doze anos de idade. É nesta fase que a criança se desenvolve com mais vigor, em todos os

3 Os dados históricos deste texto foram retirados de: Caldeira (2008), Referencial Curricular Nacional

para a Educação Infantil (1998), Constituição Federal (1988) e Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96.

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aspectos, físico, cognitivo, afetivo e social, sendo assim introduzida ao contexto social de forma a evoluir sua condição humana e auxiliar no desenvolvimento de uma sociedade que aos poucos se torna igualitária.

Trazendo a concepção de criança, o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI, 1998), trata a mesma como um sujeito social e histórico, que traz consigo uma bagagem cultural, e que está inserida em um sistema familiar e este sendo apresentado a sociedade como membro da mesma. É nesta perspectiva, que temos hoje uma visão diferenciada acerca desta, que uma etapa primordial no desenvolvimento humano e que passa por mudanças a cada dia.

Porém, o contexto de infância trazido na atualidade é algo muito recente, em tempos mais remotos as crianças não eram tratadas como tais. Até meados do século XVI, a concepção de infância era relativizada ao contexto adulto, assim, as crianças eram tratadas como “mini adultos”, isto era percebido já na própria forma de vestir e ganhava força quando as mesmas eram expostas a situações do cotidiano adulto. Somente a partir do século XVII as crianças foram sendo percebidas como seres diferentes dos mesmos, uma vez que cada uma delas havia suas peculiaridades, principalmente quanto a questão de agir, pensar e se socializar com os demais.

A partir disto, a visão acerca do período determinado de infância foi sendo percebido como algo além de somente uma pequena etapa da vida das pessoas, ou algo sem um significado maior, assim como sempre foi pensada. As crianças foram então, vistas como produtores de cultura e conteúdo, sendo inseridas no contexto social de forma ativa dentro do processo de formação da humanidade.

Refletindo acerca da participação da criança na sociedade, podemos rever então os conceitos postos sobre a mesma em épocas mais remotas, onde a infância não era vista como um período de crescimento cognitivo. Assim, no Brasil, a infância passou a ser considerada uma etapa importante na vida do ser humano, a partir da Constituição Federal de 1988, em seu artigo 6º, no Capítulo II, no que diz respeito aos direitos sociais, remete o valor da proteção à infância como questão primordial

no processo de construção da sociedade.

A partir disto, esta etapa foi vista com um novo olhar, percebendo a importância em, assim, haver espaços destinados a esta faixa de idade, uma vez que estas crianças, agora vistas como seres de direitos e deveres, precisariam estar aprimorando os seus conhecimentos acerca de situações básicas no cotidiano das

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pessoas. Assim, para estes espaços, chamados então de escolas, foram pensados também em pessoas adequadas a oferecer situações de aprendizagens que envolvessem a evolução física, cognitiva, afetiva e social das crianças, diferentemente do que acontecia antes disto, sabendo da importância do crescimento cognitivo de cada criança, estas pessoas deveriam ser profissionais, preparados para auxiliar e participar de todas as descobertas a serem realizadas.

Desta forma, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, 9394/96), assegura às crianças, no início de sua vida escolar, o direito de estarem em uma instituição de educação infantil, espaço este de múltiplas aprendizagens. Desta forma, a infância passa a ter o seu valor reconhecido, estar criança é a melhor fase da vida de um ser humano, onde se pode aproveitar o tempo da melhor forma, sem obrigações excessivas, aprendendo com profissionais adequados e ao mesmo tempo ensinando tudo o que sabe.

Porém, temos hoje enormes mudanças, já acontecidas ao longo deste período em que a infância foi sendo considerada, e que, continuam acontecendo até nos dias atuais. Neste sentido, uma destas mudanças é a obrigatoriedade posta para o ingresso destas crianças nas escolas, sabemos da importância que estas instituições possuem no desenvolvimento das mesmas, assim, a partir dos quatro anos de idade se tornou necessário a introdução delas nestes espaços, afim de assegurar-lhes o direito à educação.

Nesta perspectiva o RCNEI (1998, p.13) traz cinco princípios a serem seguidos para que a infância seja de fato a fase onde a criança poderá desenvolver-se com qualidade, recebendo os amparos legais e assim, poder usufruir de todos os seus direitos como cidadãos, que fazem parte da sociedade. Seriam eles:

- o respeito à dignidade e aos direitos das crianças, consideradas nas suas diferenças individuais, sociais, econômicas, culturais, étnicas, religiosas etc.;

- o direito das crianças a brincar, como forma particular de expressão, pensamento, interação e comunicação infantil;

- o acesso das crianças aos bens socioculturais disponíveis, ampliando o desenvolvimento das capacidades relativas à expressão, à comunicação, à interação social, ao pensamento, à ética e à estética;

- a socialização das crianças por meio de sua participação e inserção nas mais diversificadas práticas sociais, sem discriminação de espécie alguma; - o atendimento aos cuidados essenciais associados à sobrevivência e ao desenvolvimento de sua identidade.

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Desta forma, a infância torna-se mais ainda a principal fase do desenvolvimento humano, uma vez que é nela que se constroem alguns dos conceitos fundamentais para a evolução da sociedade de forma democrática e livre. É partindo dos princípios encontrados no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, principalmente o respeito aos direitos das crianças que as mesmas irão se constituindo seres humanos livres e de pensamento crítico, isto com o auxílio dos adultos que fazem parte de sua rotina.

1.2 BERÇÁRIO, TEMPOS DE DESCOBERTAS E APRENDIZAGENS

A vida de um bebê por vezes é resumida em um corpo que precisa das outras pessoas para suprirem as suas necessidades, ao longo de seu crescimento suas funções vão aumentando, com o tempo, realizará qualquer tarefa. Porém, se esta criança não é exposta a um ambiente de múltiplas aprendizagens suas funções não serão desenvolvidas com tanta aptidão, assim, o berçário adentra a vida dos bebês, de forma a complementar as experiências vividas no cotidiano familiar, tendo assim uma maior abertura para que este descubra novas formas de ver e conviver no mundo.

Desde que somos gerados já nos apresentam à sociedade, iniciando assim as descobertas e desafios que a vida proporcionará. Quando nascemos, a alegria em apresentar à sociedade aquele bebê lindo, meigo e desprotegido é grande, a vontade de ficar perto, de protege-lo o tempo todo é maior ainda, tomamos o maior cuidado em não deixar que nada lhes aconteça. Por vezes, introduzimos estes pequenos seres em uma bolha de sabão que deve flutuar longe de tudo e de todos.

Ao longo de alguns meses a vida do bebê se resume, na maior parte das vezes, na companhia materna, o afago em momentos difíceis, a amamentação para garantir que a fome não volte, o colo que possui o poder de retirar qualquer

mal-estar. Nesta fase, Goldschmied e Jackson (2008, p. 113) asseveram que “o primeiro

brinquedo da criança é o corpo do adulto que cuida dele”, pois este nos primeiros momentos brinca com o seio da mãe, acaricia seus cabelos, segura a mão dos pais, agarra joias. Assim seu foco principal é estar perto de quem o cuida.

Porém, logo mais, estas crianças deverão estar interagindo com demais da mesma faixa etária, é então que iniciam as preocupações dos pais e as descobertas

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não será mais somente direcionado a ele, este deverá dividir a atenção do educador com os demais colegas. Inicia-se assim a primeira etapa da educação escolar; o berçário. Desta forma é necessário que tanto os pais quanto os educadores propiciem a estas crianças novidades para que elas possam se desenvolver saudavelmente.

É partindo desta perspectiva, na qual os pais e educadores entram em constante diálogo para auxiliarem no desenvolvimento das crianças, que surgirão formas diferenciadas de aprender, principalmente brincando, percebendo o que mais lhes chama atenção, quais os brinquedos que mais lhes estimulam e aguçam a sua curiosidade. Assim, através de situações corriqueiras a partir de brinquedos simples, como um chocalho, por exemplo, poderá se realizar grandes descobertas como os sons e movimentos que podem ser feitos com o mesmo.

Ao longo do desenvolvimento das crianças no berçário cabe aos profissionais explorarem da melhor forma todas as possibilidades possíveis. As descobertas a serem feitas nesta etapa são primordiais para o desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo e social das mesmas. Assim, a partir do simples olhar do educador no momento do acolhimento diário, o carinho e a forma delicada de realizar a troca de fraldas, a forma com que é dada a alimentação, tudo faz parte do desenvolvimento dos bebês, pois, são nestes momentos que a criança percebe o adulto que está com ele. Assim assevera Fochi (2015, p. 59),

Em um berçário que acolhe bebês, enquanto a professora o alimenta, é fundamental que ele, gradativamente, possa manipular uma colher junto com a professora para criar relação com essa materialidade, através do conhecimento desse objeto, saber de sua existência e função.

Porém esta é apenas uma das descobertas que a criança pequena pode ter, pois há uma infinidade de possibilidades que o bebê ainda necessita aprender como,

locomover-se, alimentar-se e principalmente socializar-se.Dentro desta perspectiva,

não há como negar que somente permitindo o contato das crianças com as demais e, disponibilizando novas aprendizagens estaremos respeitando os direitos das crianças de desenvolver-se de forma saudável.

É nesta fase que as descobertas fluem, os gostos diferenciados, o movimentar-se sem o auxílio de adultos, as cores, os movimentos de algum objeto. O simples balançar de uma cortina colorida, o vento tocando seu rosto, a comida

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chegando a sua boca. Enfim, são descobertas que para o bebe fazem toda a diferença, são questões simples para os adultos e de infinitas possibilidades às crianças pequenas.

Dentro do contexto infantil, qualquer descoberta se torna algo muito significativo, uma vez que, para nós adultos, comer, andar, enxergar e conviver com os demais são situações simples, não temos em mente que um dia tivemos que aprender tudo isto, assim como os bebês precisam ser estimulados para aprenderem também. Desta forma, as questões menos significativas a nós adultos, como olhar para uma cortina colorida, por exemplo, perceber a mistura de cores e também a forma com que ela se movimenta, são experiências que carregam aprendizagens.

Neste contexto, tratando sobre bebês, é necessário que todos os momentos do seu dia sejam pensados de forma a respeitarem seus direitos, momentos estes simples, como por exemplo uma troca de fraldas, este se não for bem trabalhado poderá causar certa aversão à criança, pois as necessidades fisiológicas são de grande importância, e para que as crianças possam sentir-se à vontade neste momento é necessário que haja contato físico, visual e verbal, desta forma demonstrará a criança que possui respeito ao seu corpo.

Na escola pesquisada, pude perceber que o relacionamento da educadora com o educando no momento da troca de fraldas, é permeado pelo carinho. A educadora explica para a criança cada ação para após realizá-la, deixando-a a vontade para esta prática, assim não terá surpresas quanto ao contato da educadora para com o seu corpo. Desta forma a criança estará ciente das atitudes tomadas pela educadora, esta, estará respeitando o espaço da criança sem lhe causar qualquer situação desagradável.

Assim também, pensarmos em um ambiente que proporcione a criança o maior número de possibilidades, é de extrema importância, pois como nos diz Fochi (2015, p. 63) “não podemos esquecer que os espaços ocupam papel importante no que diz respeito ao alcance da marcha. A oportunidade de estarem livres pelo chão para poder deslizar, rolar, engatinhar e ensaiar os primeiros passos contempla a especificidade dessa faixa etária”.

Sem esquecer, dos elementos que podemos disponibilizar às crianças para seu desenvolvimento, no que diz respeito a turma pesquisada, utilizaram-se diversos elementos, dentre eles o cesto de tesouros, instrumento criado no ano de 1987, com

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o intuito de proporcionar a criança estímulos a seus diferentes sentidos, além de um vasto conhecimento com objetos do próprio cotidiano. Este, oferece ao bebê uma vasta gama de experiências sensoriais, estimulando seu cérebro e ainda proporcionando a ele, socializar-se com demais crianças, aprendendo desta forma a conviver com o diferente, respeitando ou não o próximo.

Assim, quando ao utilizar os objetos contidos no cesto, as crianças os exploravam, sentiam seu material, cheiro, sabor e textura, após realizavam movimentos fortes para perceberem os barulhos que dele resultavam. Por vezes interagiam com seus colegas de forma a oferecer-lhes os objetos para que também pudessem explorá-los.

Porém, o cesto de tesouros é apenas um dos diversos elementos que podem ser utilizados na educação infantil, mais direcionado ao berçário, uma vez que ele sozinho também não irá proporcionar as aprendizagens necessárias a serem exploradas pelas crianças pequenas. Assim o principal sentido do cesto, é oferecer às crianças objetos comuns e naturais pertencentes ao seu dia-a-dia, afim de identificar sons, cores, imagens e formas

Assim, a forma com que o educador realizará as atividades diárias pertinentes ao berçário farão com que a criança se desenvolva ou não da melhor forma possível. O planejamento que antecipa a ação é fundamental para que estas ações possam ser realizadas de acordo com que as diretrizes que a educação infantil prevê. Da mesma forma como é necessário respeitar a criança em seu momento, perceber as dificuldades e necessidades das mesmas é o passo inicial para a realização de um trabalho rico quando se trata da evolução física, cognitiva, emocional e social dos bebês. Conforme Cunico (2012, p. 15) traz:

O professor precisa buscar inúmeros recursos pedagógicos que possam vir a facilitar a inserção/adaptação das crianças, e por intermédio deles tornar o espaço mais atrativo. Dessa forma poderá se aproximar e conhecer melhor as crianças com quem passará grande parte de seu tempo, estabelecendo uma relação de confiança, de acolhimento, de afetividade, buscando assim estreitar seu vínculo com elas.

Desta forma, apresentando diferentes elementos, respeitando seu espaço, demonstrando interesse em seu desenvolvimento, estaremos de acordo com as normas vigentes para a educação infantil. Perceber a criança pequena como um ser

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de direitos, respeitando o seu tempo de desenvolvimento é o ponto principal no que diz respeito a vida dos bebês.

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2 ADAPTAÇÃO, O MOMENTO DA SEPARAÇÃO ENTRE FAMÍLIA E CRIANÇA O momento da adaptação na escola, é fundamental para o desenvolvimento da criança, iniciar uma nova vivência faz-se necessário na mesma medida em que ela está crescendo e necessita de novas situações. Separar-se da mãe ou de seu responsável se torna uma situação necessária, porém, por vezes delicada, exigindo da família um preparo para acostumar-se nesta nova rotina.

Assim a iniciação da criança pequena na escola é um momento muito importante no desenvolvimento da mesma. A separação da família com a criança se faz necessária uma vez que se percebe o quanto a criança estará evoluindo em seu processo físico, cognitivo, afetivo e social, envolvendo-se com demais crianças de sua faixa de idade. A escola, no mesmo sentido que a família, estará trabalhando para que a criança possa desenvolver-se de forma saudável, contribuindo para que a sociedade seja cada vez melhor.

Esta nova vivência da criança será recheada de grandes desafios, estes que irão apenas iniciar mediante todo o processo de ensino ao qual ela irá passar. Porém, nesta primeira etapa, as dificuldades se tornam maiores uma vez que a criança ainda é pequena e o seu círculo de convívio com adultos foi somente de sua família, tendo que, neste momento aprender gradativamente a conviver com pessoas as quais ainda não conheciam e, ao mesmo tempo, dividir a sua atenção com as demais crianças.

O período de adaptação de alguns bebês na escola é ainda mais difícil, uma vez que, até o momento, este dependia exclusivamente do seu responsável para suprir as suas necessidades básicas. A dependência do bebê já inicia no útero de sua mãe, ficando maior quando o mesmo nasce, assim, não consegue, em primeiro momento compreender o porquê de estar sendo exposta ao cuidado de outras pessoas a não ser as do seu convívio diário.

Quando a dependência do bebê para com seu responsável é grande, a adaptação se torna um período de maior dificuldade, uma vez que, na maior parte das vezes a mãe que o gerou e cuidou até o momento, necessita permitir que outra pessoa faça parte da vida de seu filho, desta forma podendo suprir as necessidades que eram supridas por ela, ou por algum membro de sua família. De acordo com Figueiredo (2003, p. 523, apud GURGEL, 2011, p. 18),

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A ligação afetiva da mãe ao bebê tem sido descrita como um processo de adaptação mútua que exige tanto da mãe como do bebê, e se estabelece gradualmente, a partir dos momentos iniciais, em que se dão os primeiros intercâmbios entre a mãe e o bebê, geralmente considerados muito determinantes para um relacionamento futuro na díade4.

Durante o período da pesquisa, realizou-se a adaptação da aluna Aline (5

meses)5, percebendo as dificuldades trazidas, principalmente no que diz respeito ao

envolvimento com a mãe, uma vez que foi ela a responsável pela criança durante os meses que antecederam a entrada na escola.

Assim, aceitar que o momento da separação, mesmo sendo difícil, é necessário para o desenvolvimento da criança, é importante, não somente para a mãe, mas também para toda a família que precisa estar preparada e auxiliar da melhor forma neste momento.

2.1 RELAÇÃO MÃE-BEBÊ E O SENTIMENTO DE CULPA

Quando uma mulher se torna mãe sua vida muda completamente seja negativa ou positivamente. Desde a espera pelo teste positivo até o momento de ver seu filho em uma ultrassonografia e posteriormente sentir seus primeiros movimentos em seu ventre, esta mulher está em constante mudança. Os pensamentos que antes eram relativos apenas a sua vida, agora precisam ser estendidos a este pequeno ser humano que cresce a cada dia dentro dela.

Por vezes as preocupações se estendem a um mundo totalmente diferente, a alimentação da mãe se torna regrada, seus hábitos mudam totalmente, a preocupação no bem-estar do bebê são agora prioridade. A cada novo dia, desde a descoberta da gestação o apego se torna maior, a dependência, tanto da mãe com o bebê quanto ao oposto é grande.

Assim, para chegarmos ao momento da separação da mãe com a criança quando esta começa a ser inserida no contexto escolar, é necessário pensar em toda esta etapa inicial do convívio entre ambos. Assim, John Bowlby6 em 1956

desenvolveu a Teoria do Apego, esta inicialmente desenvolvida para auxiliar no entendimento do relacionamento afetivo entre mãe e bebê desde a concepção do

4 Díade: grupo de dois; par.

5 Os nomes utilizados ao longo do texto são fictícios para preservar a identidade dos pesquisados. 6 Edward John Mostyn Bowlby, nasceu em Londres no ano de 1907, psicólogo, psiquiatra e

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mesmo. Neste sentido, mãe e bebê já iniciam seu relacionamento muito antes do contato físico pós nascimento, porém, é desde a notícia da sua chegada que o

vínculo fica maior.Desta forma, Gurgel (2011, p. 16) destaca que

O vínculo da mãe com seu bebê começa a ser construído desde o momento em que a mãe descobre que está grávida. Por isso, é muito importante fazer um levantamento deste momento, sobre como essa gestação foi vivenciada, se aceita ou não, desejada ou inoportuna. Faz-se necessário neste momento se aprofundar sobre essas questões a fim de entender como é o tipo de apego da díade percorrendo o caminho anterior a essa fase que é a construção do vínculo, o que tem início na gravidez.

Tendo como fundamento a necessidade da companhia da mãe ou do adulto que se tornou seu responsável, que a criança possui após o nascimento, é possível verificar que todo o apego entre ambos se torna maior ou não, a partir da dependência que a criança possui pelos cuidados maternos em todas as situações diárias ao qual o ela é exposta. O convívio com a mãe se torna muito intenso a partir de todas as atividades que o pequeno bebê necessita realizar; a amamentação torna esse vínculo ainda maior na medida em que é a partir do peito materno que a criança possui sua alimentação e também o afago dos braços da mesma quando ele se encontra em uma situação difícil.

A mãe, no mesmo sentido que o bebê, pelo fato de, por vezes, ser a única a poder solucionar algumas das suas necessidades, torna-se dependente da

companhia do mesmo por um longo período. Neste sentido Gurgel (2011, p. 10)

aborda que

O comportamento de apego se desenvolve em relação a mãe ou figura materna, mediante a preferência demonstrada pelo bebê em estar com ela. Lentamente o bebê ganha consciência da sua mãe e assa a reconhece-la pela voz, cheiro e começa a segui-la com o olhar. Quando ainda não tem meios para busca-la, ele a segue com os olhos e chora para chamá-la, exigindo a sua presença. Ao adquirir mobilidade o bebê busca a companhia dela.

Em sua teoria, Bowlby destaca que é através da forma como os pais se relacionarão com o bebê que se dará o seu crescimento cognitivo e posteriormente fará com que todas as formas de criação de vínculos que serão realizadas ao longo da vida da criança sejam de maneira simples. Assim, desde os momentos mais singelos até os de extrema necessidade de atenção auxiliarão nesta evolução

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cognitiva quanto as formas de apego que serão realizadas durante toda a vida do bebê.

Neste sentido, através da enorme capacidade de apego entre a mãe e o bebê, que a fase da separação, quando a criança necessita entrar no meio escolar, se dará de forma a ser algo doloroso, para a criança que estará sendo posta aos cuidados de uma pessoa até o momento desconhecida, ou seja fora do seu vínculo de apego e da mesma forma para a mãe, que estará acostumada com a companhia

de seu filho em todos os momentos e descobertas do mesmo.

Assim, para o bebê caberá realizar uma nova forma de apego, fazendo com que este possa com o passar da adaptação na escola, confiar neste novo adulto que adentra o seu espaço de seu convívio. Neste novo momento, deverá permitir que, este adulto possa fazer parte de suas atividades diárias, o auxiliando no que anteriormente somente sua mãe ou um membro de seu vínculo de convívio realizava.

Neste sentido, se inicia uma nova vivência para a mãe ou responsável pela criança, na maior parte das vezes sente-se extremamente culpada em deixar o seu bebê aos cuidados de outra pessoa, duvidando da capacidade da mesma em cuidar de seu filho, pois somente ela entende as necessidades que o pequeno possui frente a todas as situações diárias na vida dos dois. É a partir deste sentimento de culpa que a dúvida aumenta e ao mesmo tempo o sentimento de apego se torna maior e acaba se tornando algo mais sério. Desta forma, Gurgel (2011, p. 91) traz que

Algumas mães ao adaptar o seu bebê no berçário relatavam culpa por terem que ‘abandoná-los’ e terem que compartilhar dos cuidados dele. Esse sentimento de culpa tendia a ser compensado em casa, com a mãe querendo ficar o máximo de tempo grudado em seu bebê.

A necessidade em voltar a rotina de antes do nascimento da criança, faz com que a pressão seja da mesma forma maior ainda, realizar uma tarefa pensando no bebê que está neste momento aos cuidados de outra pessoa não é algo simples. Pensar que a qualquer sinal de alerta de seu filho sua presença imediata não poderá ser feita se torna algo doloroso e auxilia no desenvolvimento da culpa em ter deixado a criança no espaço escolar.

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Suprir este sentimento de culpa no primeiro contato com o filho é algo certo, não estar disposta a soltá-lo antes que todas as necessidades da criança estejam supridas torna este sentimento ainda maior. Pensar que o educador não conseguiu realizar da mesma forma as atividades em relação a criança é algo comum, querer assim suprir todas as necessidades, não importa a forma, é fato. Assim Gurgel (2011, p. 57) aborda que

No processo de separação e adaptação, é ideal que a mãe se afaste paulatinamente da criança, deixando-a aos cuidados da educadora. Quando o bebê não a procurar com frequência, passa a afastar-se fisicamente, inicialmente a curtos intervalos de tempo, aumentando-os gradativamente, conforme o ritmo da criança.

No processo de adaptação, sendo ele realizado de forma a respeitar o momento da criança, fará com que ao mesmo tempo que ela fique segura em estar se relacionando com as demais crianças e sendo cuidada por um adulto que até o momento não fazia parte do seu vínculo de convívio, fará com que a mãe possa adquirir com o tempo a segurança em deixar o seu filho com este novo adulto. A mãe neste sentido, percebendo que as necessidades de convívio e socialização do seu bebê fazem com que o mesmo se desenvolva de forma mais rápida e saudável, estará percebendo que a culpa em o deixar aos cuidados de outra pessoa não seja tão relevante.

Durante a pesquisa, tive a oportunidade de participar da adaptação de Murilo (5 meses), muito simpático e sorridente, era muito apegado à sua mãe, pois até o momento não tinha permanecido com qualquer outra pessoa fora do seu cotidiano familiar. Sua mãe, também educadora, passou a trabalhar no mesmo local, porém, Arthur surpreendeu-nos ao ser receptível aos cuidados de outros adultos, no caso, as educadoras, sua adaptação deu-se por uma semana, mas ao seu terceiro dia na escola já estava totalmente adepto a rotina da mesma, permanecendo em tempo integral.

Carolina (mãe de Murilo) refere-se à adaptação de seu filho com a seguinte frase:

- Pensei que fosse mais complicado adaptar o Murilo, porque ele não tinha ficado com ninguém ainda e só eu tinha trocado a fralda dele e dado banho, mas acho que ele gostou das profes, porque já conhecia elas de quando ‘tava’ na barriga da mãe, então acho que foi por isso que foi mais fácil.

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Percebeu-se assim, que não são em todos os casos de adaptação escolar, que a mãe ou responsável sente esta extrema necessidade em suprir as necessidades do bebê, uma vez que, conhecendo as educadoras, ou até depositando um voto de confiança, permitirá que façam parte da vida da criança. Assim, sentir-se triste por ter que voltar à rotina é algo normal, pois, quando o vínculo entre mãe e filho é grande a vontade de estar por perto também é, porém, é necessário verificar a necessidade em se realizar tais ações, tanto para o bem-estar da mãe, que precisa voltar ao seu emprego, quanto da criança que necessita de novos vínculos e situações de aprendizagem.

2.2 SENTIMENTOS PARENTAIS, QUANDO A CULPA VAI ALÉM DO LIMITE

O sentimento presente na relação entre uma criança e sua família é muito forte. Desde que o bebê surge na vida da família o apego já se torna grande, a dependência pelos seus responsáveis é maior ainda, estes precisam suprir suas necessidades.

Quando chega o momento da separação, para que esta criança inicie sua vida na educação infantil, seus responsáveis sentem-se por vezes inseguros para tal situação. É neste momento que os sentimentos parentais acabam excedendo uma forma natural de cuidado e proteção.

Na maior parte das vezes, a mãe ao se deparar com esta situação de desapego sente-se incapaz de cuidar de seu próprio filho, não percebendo que isto se torna uma necessidade. Muitas mães, ao findar sua permanência longe de seu emprego iniciam um trabalho interior para que a separação não seja dolorosa em excesso, porém, algumas mulheres não conseguem trabalhar este momento.

Um exemplo disto foi Dalva (mãe de Aline, 5 meses), bebê em adaptação durante o período de observação. A adaptação de Aline foi difícil, uma vez que o apego entre mãe e filha era muito grande, esta não querendo separar-se de sua filha por motivo algum, com o passar da adaptação a mãe não conseguiu controlar a sua vontade de permanecer o tempo todo com sua filha.

Um agravante nesta situação foi Dalva trabalhar na mesma escola em que a criança está matriculada. Assim, com estas dificuldades a criança começou a faltar alguns dias, com desculpas de doenças, mas nenhuma comprovada, com o passar

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dos dias, voltando a escola a mãe foi sentindo-se culpada por ter que deixar sua filha aos cuidados das educadoras.

Em conversa com Dalva, trouxe que

- Eu não queria ter que trazer ela na escola, queria ficar com ela em casa, é muito difícil deixar ela aqui e ir embora. Se eu pudesse eu só ia trazer ela quando fosse um pouco maiorzinha, eu acho que ela precisa bastante ainda de mim. Sei que as profes cuidam bem dela, mas pra mim, não é o suficiente.

Esta culpa foi aumentando na mesma medida em que escutava em certos períodos do dia o choro desesperado de sua filha. Percebendo aos poucos o excesso de cuidado e proteção que tinha, procurou a ajuda das educadoras e da direção da escola. Assim aos poucos, a partir de conversas e observações foi percebendo a necessidade deste momento, não somente pelo fato da mãe precisar voltar ao trabalho, mas também pela evolução de sua própria filha. Este caso, demonstrou o quanto as adaptações, principalmente em berçários, podem ser umas totalmente distintas das outras, ou seja, por vezes simples e rápidas e outras vezes difíceis e demoradas.

Quando este sentimento de culpa afeta os responsáveis é necessário realizar uma análise afundo sobre os motivos deste sentimento. Por vezes o medo de permitir que outras pessoas cuidem de seus filhos excede o normal, acabando assim com carreiras profissionais e até gerando conflitos familiares, uma vez que o sentimento é de que somente ela pode resolver todos os problemas de seu filho.

Pode-se associar estes sentimentos de culpa a diversos fatores. Um fator muito presente é a questão da depressão pós-parto, onde a mãe, sentindo-se totalmente responsável pelo pequeno ser, não consegue cuidar do mesmo, assim, uma vez que este momento é resolvido o apego da mãe, por vezes, se torna tão grande que necessita estar o tempo todo junto pela culpa de não ter conseguido cuidar do mesmo quando recém-nascido.

Desta forma, sentir-se culpada por estar deixando a criança sob os cuidados de outros adultos é comum e normal, porém, ao exceder esta normalidade é que acabam ocorrendo certas situações em que a criança e consequente a mãe ou responsável, não conseguem prosseguir com o processo de adaptação, ocorrendo por vezes o desligamento da criança da escola.

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3 ADAPTAÇÃO, UMA QUESTÃO DE ACOLHIMENTO DA FAMÍLIA E DA CRIANÇA

A adaptação é um momento significativo na vida da família, da criança e também da escola. O acolhimento da família por parte da escola se faz necessário uma vez que ela fará parte do cotidiano da mesma por algum período, neste sendo necessário a participação de ambos para o bem-estar do principal sujeito; a criança.

Sendo a adaptação, por vezes, um momento delicado, a família acaba necessitando de auxílio para conseguir consolidar esta etapa da vida da criança, assim, as formas de acolhimento são necessárias para que a família sinta-se parte fundamental do processo e principalmente sujeitos ativos no cotidiano da instituição em que a criança começa a frequentar.

Neste sentido, a acolhida da família na escola é muito mais do que simplesmente recebê-la para o ato da matricula da criança, ou explicar o funcionamento da instituição. Acolher vai além, é necessário permitir que a família sinta-se à vontade para realizar contribuições neste processo que envolve totalmente suas vidas e principalmente seu cotidiano. Assim, permitindo a participação ativa da mesma irá tornar todo este processo muito mais simples e por vezes menos doloroso.

Acolhendo a família e a criança, propiciando a ambos a melhor forma de relacionamento com todos os setores da escola, é a melhor forma de acolhe-los, uma vez que se a família estiver segura do bem que a escola fará para seu filho toda a adaptação será realizada de modo mais simples. Neste sentido, quando há por parte da família qualquer desconfiança ou impressão negativa acerca do cotidiano na escola, as relações interpessoais se darão de forma mais negativa, uma vez que o relacionamento não estará baseado na confiança. Neste sentido, Barbosa (2010, p.7) traz que

A escola, através dos gestores e professores, tem o compromisso de construir relações com as famílias. As relações podem ser propiciadas através de distintas formas de encontro, mais ou menos formais, como reuniões, entrevistas, festas... Isto é, algumas situações individualizadas, e outras coletivas que favoreçam a escuta e as trocas. Assim as famílias irão sentir-se valorizadas e afirmadas na sua função parental, de responsáveis pela educação de seus filhos. A pluralidade de encontros favorece a construção de laços, a confiança e a troca. Mesmo antes do ingresso dos bebês na creche, é preciso que as famílias conheçam a escola e tenham tido a oportunidade de compreender e discutir o projeto pedagógico. Uma

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relação de confiança dos pais ou responsáveis na escola facilita estabelecer vínculos seguros dos bebês com a escola.

Assim, permitir à família uma participação ativa durante o processo de adaptação da criança faz com que sintam-se tranquilos quanto a experiência de permitir os cuidados a outro adulto. Demonstrar para a família que a instituição escolar se preocupa com o bem-estar de todos, e não somente em aumentar o número de alunos, é o principal ponto de partida para que aconteça de fato o acolhimento e assim, posteriormente uma adaptação saudável.

Durante a pesquisa, constatou-se que a escola em questão, não se preocupa

em permitir que a família participedo período de adaptação das crianças. A direção

auxilia para que o acolhimento da criança seja realizado da melhor forma, porém, deixa que as educadoras façam o intercâmbio de informações, cabendo a elas realizar toda a adaptação e acolhimento da família e da criança na escola, deixando que a família tire todas as suas dúvidas com as educadoras.

Neste sentido, percebe-se que a escola, sendo ela a responsável pelo acolhimento, principalmente da família, não possui interesse em fazer com que ela sinta-se à vontade dentro do espaço escolar. Sabemos que cabe a direção da escola realizar o intercâmbio de informações, realizando entrevistas, preenchimento de formulários em conversas formais e informais com os pais, assim, tanto a escola como um todo conhecerá a família que fará parte do seu cotidiano, quanto a família estará conhecendo melhor a escola que seu filho fará partem, na maior parte das vezes, em turno integral.

3.1 ESCOLA COMO PONTO DE APOIO PARA PAIS E EDUCADORES

Em todo o processo de adaptação, a escola é o ponto de apoio principal para qualquer situação. Para os pais, a escola pode ser o local que acolherá o seu filho e permitirá que este possa aprender e evoluir a cada dia, para os educadores a escola é o principal lugar para reflexão e ação da sua prática profissional, conversa e entendimento de todos os fatos que acontecerão ao longo da caminhada da adaptação das crianças.

Neste sentido, cabe a escola permitir uma abertura para que a família possa participar ativamente de todo o processo educacional de seus filhos, neste caso, partindo da adaptação da criança, são necessárias formas diferenciadas para que

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esta fase se conclua de forma saudável, sem representar para a criança um trauma e para a família um sentimento de culpa por estar deixando-a sob os cuidados de outras pessoas. É neste sentido que o acolhimento por parte da escola se torna extremamente necessário, uma vez que, será a partir das atitudes tomadas inicialmente pela gestão da escola, que a família se sentirá, ou não, a vontade para participar ativamente de todo o processo educacional de seu filho.

A família deve participar do processo de inserção da criança na escola, passando para a criança a segurança de que o local é adequado e irá lhe proporcionar inúmeras descobertas e novas possibilidades. Assim, conhecer este ambiente é primordial para que a família possa sentir-se à vontade para encontrar todas as respostas de suas indagações.

Assim, além de conhecer o local para apropriar-se dele, conversar com a direção e posteriormente o educador se faz extremamente necessário para criar um vínculo entre a família e a escola, e esta, deve permitir à família que todas as suas dúvidas possam ser respondidas e principalmente que suas sugestões para questões diárias sejam ouvidas e talvez postas em prática. Assim conforme Polônia e Dessen (2005, p. 304) asseveram:

Quando a família e a escola mantêm boas relações, as condições para um melhor aprendizado e desenvolvimento da criança podem ser maximizadas. Assim, pais e professores devem ser estimulados a discutirem e buscarem estratégias conjuntas e específicas ao seu papel, que resultem em novas opções e condições de ajuda mútua. A escola deve reconhecer a importância da colaboração dos pais na história e no projeto escolar dos alunos e auxiliar as famílias a exercerem o seu papel na educação, na evolução e no sucesso profissional dos filhos e, concomitantemente, na transformação da sociedade.

Desta forma, permitindo que a família possa adentrar ao espaço escolar como participante ativo do processo em que a criança está sendo inserida é primordial para que a relação entre a família e a escola seja saudável. A família ao mesmo tempo que é permitida sua participação ativa no cotidiano escolar precisa também permitir que a escola faça parte ativamente da vida da criança, uma vez que quando necessitar de auxílio ambas as partes poderão auxiliar-se, permitindo assim que a criança evolua sem contrapontos.

Quanto a participação da família no cotidiano escolar, a escola pesquisada, demonstra interesse em participar ativamente da vida da família, sempre dentro dos limites permitidos a sua parte, porém, percebe-se que uma grande maioria dos pais

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não está disposto a permitir que a escola auxilie nas questões necessárias. Porém, sem generalizar, algumas famílias, atendem positivamente aos chamados da escola, permitindo-se a esta abertura de ideias e ainda permitindo que a escola participe também ativamente do processo de educação dos seus filhos.

Já nos berçários, onde são apenas bebês de até um ano de idade, a escola não se preocupa em interferir em situações que seriam necessárias, uma vez, segundo a escola, neste período os responsáveis diretos devem preocupar-se com o bom andamento da vida da criança. Algumas famílias, porém, possuem um contato muito grande com as educadoras, fazendo assim um canal direto para que, tanto durante a adaptação, quanto durante o restante do ano letivo, a família e a escola possam fazer o melhor pela criança.

Percebendo a necessidade de a escola interferir quando preciso, não ficou claro o porquê de não haver interesse em realizar esta interferência já no berçário, onde muitas vezes as questões a serem trabalhadas não possuem uma relevância tão grande e uma conversa resolveria a situação. Tendo em vista que, quanto maior a criança mais a escola interfere em questões pertinentes, por vezes, se o interesse partisse mais cedo não seria necessária tanta preocupação no futuro. Em conversa com Joana (diretora da escola pesquisada), a mesma expôs que

- Deixamos livre para as profes dos berçários falarem com os pais quando precisa, a não ser que o assunto é muito grave e precisa de uma interferência da Secretaria da Educação ou do Concelho Tutelar, aí passa pela direção. As profes geralmente pedem se podem ou não falar com os pais quando tem algo, nós sempre liberamos, até por que as vezes eles não se sentem tão à vontade com a gente e não iriam entender, já quando a profe fala é mais fácil.

Assim, a escola sendo um apoio para a família, necessita também ser um ponto de apoio para os educadores, uma vez que são eles que passam a maior parte do dia com as crianças e, a direção neste sentido não possui contato direto com as situações acontecidas em sala de aula. Desta forma, cabe as instituições permitirem que os educadores tenham inicialmente liberdade para trabalhar em sala de aula, oferecendo o auxílio necessário quanto a situações adversas e materiais necessários.

Porém quando se tratando de particularidades a serem expostas para os responsáveis pelas crianças, a escola possui sim a incumbência de realizar um intercâmbio de informações, estando em consonância ao educador, deixando claro o

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seu apoio ao mesmo. Neste sentido, quando a escola deixa de fazer parte destes pequenos momentos, por mais que haja liberdade para os educadores, acaba perdendo grande parte de sua credibilidade para que assuntos futuros possam ser resolvidos de maneira simples.

Na escola pesquisada, a direção é aberta ao diálogo com os educadores, deixando-os à vontade para solucionarem qualquer situação que aconteça dentro de sala de aula. Quanto aos materiais que as educadoras necessitam, Flávia (educadora do berçário) expõem que

- Como a escola é do município, os materiais que a gente ocupa vem da secretaria da educação, mas, vem só no início do ano, ‘tipo’, no final do ano a gente faz uma lista do que pensa que vai ser ocupado no outro ano e assim que começa o outro ano eles tentam mandar o máximo de coisas que a gente pede. Nem sempre dá pro ano todo, aí a direção ou o CPM compra com o dinheiro da arrecadação dos pais.

Quanto ao relacionamento com as educadoras a direção deixou claro que permite a elas a abertura necessária para que qualquer situação acontecida na sala de aula seja tratada com os pais com clareza, que estes possam saber do cotidiano de seus filhos abertamente. A escola neste sentido, por mais que não esteja preocupada em atender os pais da melhor forma, tenta ao máximo deixar as educadoras a vontade para qualquer tomada de decisão.

Neste sentido, esperar da gestão da escola uma forma participativa é o único método que os educadores podem recorrer. Quando o educador possui permissão para solucionar situações simples do dia a dia, é o começo de uma gestão participativa, que seja aberta ao diálogo e presente na vida dos educadores de forma a apoiá-los nas relações com os pais e em todos os momentos pedagógicos.

Quanto a uma gestão democrática e participativa em uma adaptação de crianças na escola, é significativa a ideia de que o educador pode participar e dar opiniões para que o este processo seja uma definição tanto da direção quanto dos educadores, para que posteriormente estes possam ter abertura para ter um relacionamento bom e verdadeiro com os pais. Para o educador ter, durante o processo de adaptação, a abertura de conversa, dicas e afins para com os pais é primordial, e isto só se tornará possível uma vez que a escola permitir ao educador tal liberdade.

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Na escola pesquisada, cabe aos educadores elaborarem um cronograma para a adaptação de cada criança. A primeira conversa com os pais é realizada pela direção, porém, quanto às questões práticas do dia a dia de sala de aula, as educadoras possuem total liberdade em organizar-se e realizar juntamente com os pais uma forma comunicação para que o cotidiano seja agradável e que o principal privilegiado seja realmente a criança.

Percebeu-se dentro deste contexto que, quando há participação ativa dos educadores em todo o processo de adaptação, - desde o surgimento da vaga até o seu preenchimento, conhecer a família e posteriormente adaptar a criança - a família se torna mais participativa, possuindo liberdade em debater questões pertinentes ao dia a dia de seus filhos e de sua adaptação na escola abertamente, sem restrição. Desta forma, quando a família pode participar do processo de adaptação do seu filho, este momento se torna menos doloroso e complicado, sendo algo agradável, envolvendo o carinho, onde as crianças sentem-se seguras a partir da segurança que lhes é transmitida pelos pais.

Desta forma, a direção da escola precisa estar aberta ao diálogo, tanto com os pais para que estes possam participar ativamente do processo de adaptação de seus filhos na escola, quanto com os educadores, que estarão realizando o processo de adaptação e acolhimento das crianças e necessitam de apoio para que suas metodologias sejam confortáveis e aceitas pelos pais. Assim, a escola sendo este ponto de apoio para ambos, o bom andamento, tanto do processo de adaptação quanto do cotidiano das crianças na escola será agradável e carregado de significados positivos, principalmente para os principais sujeitos deste processo, as crianças.

3.2 OS EDUCADORES COMO MEDIADORES NO PROCESSO DE

ACOLHIMENTO

Ser educador no contexto atual da educação tem se tornado muito valioso, uma vez que, a cada dia a profissão tem sido desvalorizada. Neste contexto, ser educador na educação infantil, principalmente no berçário exige uma enorme carga de conhecimentos, paciência, amor e principalmente compreensão, pois trabalhar com crianças pequenas é sempre um desafio, porém, quando se tratam de bebês as responsabilidades aumentam significativamente.

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Neste sentido, pensando no cotidiano de um berçário, podemos perceber que a presença do educador se faz extremamente necessário, uma vez que, através do seu estudo, ele está apto a cuidar e educar estas pequenas crianças, que dependem quase que totalmente de um adulto para a realização de qualquer tarefa essencial do seu dia-a-dia.

Assim, durante o processo de adaptação de um bebê no berçário, o papel do educador está ligado mais ainda no que diz respeito a questão do acolhimento, tanto da criança que fará parte do cotidiano da escola, quanto da família que, na maior parte das vezes participa ativamente das atividades da escola. Neste contexto, o educador fará a mediação deste processo, sendo o sujeito responsável por permitir aos responsáveis pela criança o contato direto com a escola, neste caso principalmente com a sala de aula, dando abertura a participar das decisões acerca do cotidiano dos bebês.

Há porém, que se pensar no fato da direção da escola permitir ou não que o educador faça a sua parte no processo de adaptação, a escola permitindo que ele tenha contato com os responsáveis pelas crianças é o passo inicial. Sabemos que por vezes a escola não propicia esta abertura, deixando o educador como sujeito exclusivo do cuidado em sala de aula, responsável por somente atender as necessidades das crianças, não entrando em contato com pais ou responsáveis é primordial.

Na escola pesquisada, percebeu-se que há uma abertura muito grande para que o educador possa realizar seu papel de mediador, a direção permite a eles o acesso total aos pais ou responsáveis, uma vez que, segundo Joana (diretora da escola)

- São as profes que cuidam das crianças o dia inteiro, não tem como não deixar que elas falem com os pais, até porque, alguns acontecimentos do dia, a direção não iria saber explicar com os detalhes que a profe da sala iria falar. Assim, as vezes a gente até ia deixar os pais preocupados com uma coisa que provavelmente era simples.

Neste sentido, é possível perceber que a escola possui preocupação com o que os pais ou responsáveis pelas crianças procuram ao findar o dia, pois, na maior parte das vezes, querem as informações específicas acerca de como foi o dia do seu filho ou se aconteceu algo. É neste caso que se percebe o interesse da participação dos pais, pois em alguns casos os mesmos não se importam em saber

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como seu filho passou durante todo o dia na escola, simplesmente vem até a sala de aula, pegam a criança e vão embora.

Dentro deste contexto, em uma conversa com Carolina (mãe de Murilo, cinco meses), esta trouxe que

- Fico preocupada em saber como foi o dia do Murilo, por que tem dias que não tenho quase nenhum contato com ele, só quando venho amamentar, e são as profes que ficam com ele, sabem quantas vezes fez cocô, se comeu bem, se dormiu bem. Se eu não pedir e acontecer algo durante a noite em casa não vou saber se daqui a pouco já não aconteceu isso durante o dia e eu só não pedi. Quando o Arthur tava adaptando as profes falavam por si, como foi tudo durante o dia, pediam também como tinha passado em casa de noite, foi muito bom, deu pra ver que elas se preocupavam com ele, hoje elas falam quando acontece alguma coisa mais séria, mas também acho que é nosso dever pedir.

Pode-se perceber, a partir da direção da escola e do relato da mãe, que as educadoras desta turma específica, fazem como que o relacionamento diário seja saudável, permitindo aos pais ou responsáveis que se aproximem da escola, acolhendo-os de forma a deixá-los à vontade para que perguntem, opinem e participem do cotidiano da escola, isto não somente durante o período de adaptação de uma criança, mas durante o restante do ano em que a mesma estará sob os cuidados delas.

É neste sentido que a escola em conjunto com os educadores precisam realizar uma adaptação que seja baseada no acolhimento, cabendo ao educador promover o intercâmbio entre a escola, a sala de aula e a família. Desta forma, sendo o mediador do processo, tendo em vista o acolhimento tanto da criança quanto da família, o educador estará realizando da melhor forma a sua tarefa de educar, permitindo que a família participe destes momentos.

Assim, mediar o processo de adaptação não significa somente falar com os pais ou responsáveis sobre os acontecimentos do dia-a-dia. Mas também permitir a participação ativa da família no cotidiano escolar, fazer com que sintam-se a vontade para dar a sua opinião e tentar fazer da instituição escolar um lugar melhor. Acolher neste sentido significa muito mais que permitir a família esta participação, é vivenciar com eles cada conquista da criança, fazendo com que a família possa estar sempre ciente que a escolha da escola foi a melhor possível.

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CONCLUSÃO

O presente trabalho teve por finalidade conhecer todo o contexto trazido através dos séculos quanto ao histórico da educação infantil no Brasil, bem como perceber a infância desde os períodos mais remotos até os atuais. No mesmo sentido foi possível perceber a importância que o berçário possui no contexto da escolarização da educação infantil, uma vez que, é nesta etapa que a criança mais se desenvolve, tendo inúmeras possibilidades trazidas até ela pela instituição escolar.

Foi possível analisar durante a pesquisa na escola que as relações intrapessoais dos responsáveis pelos bebês, por vezes se baseiam no medo em deixar a criança ao cuidado de outras pessoas, adquirindo assim um sentimento de culpa por ter que realizar tal tarefa. Nos dois casos trazidos no texto, percebeu-se

que a preocupação das responsáveis foi mútua, porém apenas em um deles o

sentimento de culpa prevaleceu, uma vez que a adaptação desta criança foi no mesmo sentido mais complicada e dolorosa para ambas as partes.

Ao analisar esta experiência, entendeu-se que, quanto maior o apego, maior é o sentimento de culpa por ter que realizar a adaptação da criança. Porém, percebeu-se também que percebeu-se estes casos específicos não forem trabalhados podem gerar traumas, tanto para os responsáveis quanto para as crianças, uma vez que, por vezes o quadro de culpa pode vir a gerar algo mais grave. Assim, quando o responsável entende a necessidade deste momento de separação, o processo de adaptação desta criança se tornará menos complexo, fazendo com que tanto a criança quanto seu responsável sintam-se bem, a criança por estar entrando em contato com demais pessoas e ao mesmo tempo obtendo novas descobertas e seu responsável por estar tranquilo em deixar a criança aos cuidados de outros adultos para poder continuar evoluindo em todos os aspectos, físico, cognitivo, afetivo e social.

Quanto a participação da escola no processo de adaptação foi possível

perceber a importância de haver a interferência da mesma neste processo. O

acolhimento da família e da criança precisa partir inicialmente da direção da escola, deixando-os à vontade para participar do cotidiano escolar, no mesmo sentido, acontecendo isto, na maior parte das vezes o relacionamento interpessoal se dá de

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