• Nenhum resultado encontrado

Sistema aberto de aquisição de dados meteorológicos para caracterização de recursos eólicos

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Sistema aberto de aquisição de dados meteorológicos para caracterização de recursos eólicos"

Copied!
93
0
0

Texto

(1)

Douglas Rocha Ferraz

Sistema aberto de aquisi¸

ao de dados meteorol´

ogicos

para caracteriza¸

ao de recursos e´

olicos

Campinas 2014

(2)
(3)

Universidade Estadual de Campinas

Faculdade de Engenharia El´etrica e de Computa¸c˜ao

Douglas Rocha Ferraz

Sistema aberto de aquisi¸c˜ao de dados meteorol´ogicos para caracteriza¸c˜ao de recursos e´olicos

Disserta¸c˜ao de Mestrado apresentada `a Faculdade de Engenharia El´etrica e de Computa¸c˜ao como parte dos requisitos exigidos para a obten¸c˜ao do t´ıtulo de Mestre em Engenharia El´etrica. ´Area de concentra¸c˜ao: Automa¸c˜ao.

Orientador: Prof. Dr. Yaro Burian Jr.

Este exemplar corresponde `a vers˜ao final da tese defendida pelo aluno, e orientada pelo Prof. Dr. Yaro Burian Jr.

Campinas 2014

(4)

Ficha catalográfica

Universidade Estadual de Campinas Biblioteca da Área de Engenharia e Arquitetura

Luciana Pietrosanto Milla - CRB 8/8129

Ferraz, Douglas Rocha,

1984-F413s FerSistema aberto de aquisição de dados meteorológicos para caracterização de recursos eólicos / Douglas Rocha Ferraz. – Campinas, SP : [s.n.], 2014.

FerOrientador: Yaro Burian Junior.

FerDissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação.

Fer1. Geração de energia . 2. Energia eólica. 3. Telemetria. 4. Controle metrorologico. I. Burian Junior, Yaro,1940-. II. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação. III. Título.

Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: An open source system for wind resource assessment Palavras-chave em inglês:

Energy generation Wind energy Telemetry

Meteorological control

Área de concentração: Automação Titulação: Mestre em Engenharia Elétrica Banca examinadora:

Yaro Burian Junior [Orientador] José Teixeira Filho

Fabiano Fruett

Data de defesa: 20-08-2014

Programa de Pós-Graduação: Engenharia Elétrica

(5)
(6)
(7)

Resumo

O sistema constru´ıdo nesta tese estima a gera¸c˜ao el´etrica em determinado local pass´ıvel de instala¸c˜ao de uma usina de gera¸c˜ao e´olica. Sua arquitetura utiliza um processador que recebe dados de uma esta¸c˜ao meteorol´ogica de baixo custo e as envia para um servidor na nuvem. Este servidor analisa os dados e as proje¸c˜oes de gera¸c˜ao e´olica podem ser estimadas em tempo real.

Palavras-chave: gera¸c˜ao e´olica, sistemas embarcados, telemetria

(8)
(9)

Abstract

The following thesis describes the construction and implementation of an open-source wind resource assessment system. The architecture uses an embedded processor that fetches environmental data from a low-cost weather station, and sends it to a cloud server where analyses such as projections of energy generation potential can be made in real time. The authors believe such a system can facilitate the inexpensive assessment of wind resources, especially in developing and transition economies, and thereby contribute to the development of renewable energy systems.

Key-words: wind energy generation, embedded systems, telemetry

(10)
(11)

xi

Conteúdo

1 Introdução e Problemática

1

1.1 Consumo energético sob perspectiva histórica

1

1.2 A equação de impacto humano

6

1.3 Matriz Energética Global

9

1.4 Energia Elétrica no Brasil e no Mundo

11

1.5 Incentivos ao consumo de combustíveis fósseis

12

2 Energia Eólica

14

2.1 Histórico

14

2.2 Energia Eólica no Brasil e no Mundo

15

2.3 Inserção deste projeto de mestrado

16

2.4 Características do Recurso Eólico

16

2.5 Potencial de Recurso Eólico

17

2.6 Turbulência

19

2.7 Fluxo laminar e sua variação com a altitude

19

2.8 Estimativas de recurso eólico

21

2.9 Dados para análise de recursos eólicos

23

3 Sistema de aquisição de dados

26

3.1 Arquitetura

26

3.2 Hub

27

3.3 Aspectos gerais de Firmware

30

3.4 Interface de Memória SD

31

3.5 Interface USB

33

3.6 Estação meteorológica WH-1080

52

3.7 Interface Ethernet e TCP/IP

60

(12)

xii

3.9 Interface com usuário

63

3.10 Montagem

63

4 Testes e Validação

67

(13)

Aos que viver˜ao de nosso legado.

(14)
(15)

Agradecimentos

Agrade¸co,

ao Senhor, doador da vida, origem e fim de toda arte, filosofia e ciˆencia.

`a minha esposa Cl´audia, meus pais Dina e Paulo e meu irm˜ao Denis pelo seu suporte e incentivo ao prosseguimento deste trabalho.

ao prof. Yaro Burian Jr. pelos diversos anos de prestigiosa orienta¸c˜ao e paciˆencia.

aos professores: Ana Cristina Lyra, C´esar Jos´e Pagan, Romis Attux e Fabiano Fruett, pelo apoio na qualifica¸c˜ao deste trabalho e nos valorosos cursos oferecidos.

ao prof. Jos´e Teixeira Filho e ao sr. S´ergio Lopes, ambos da FEAGRI, sempre prestativos e fundamentais para a instala¸c˜ao f´ısica deste trabalho em campo.

aos membros da banca examinadora pelos coment´arios e contribui¸c˜oes que ajudaram a melhorar a qualidade e o texto deste trabalho.

ao prof. Charles Elworthy da Universidade de Oxford e Universidade de Szczecin pelas valorosas discuss˜oes e oportunidade de dar prosseguimento aos trabalhos da funda¸c˜ao Bhuu.

aos colegas de trabalho Leonardo Tamura, Daniel Berners, D´ecio Rocha, Alex Massadi e Con-rado Almeida pela incentivo e flexibilidade dadas para a realiza¸c˜ao desta empreitada.

`a FEEC/UNICAMP, pela estrutura e oportunidade de realizar um trabalho independente. ao CEPAGRI pelos dados de sua esta¸c˜ao meteorol´ogica.

`a CAPES/MCT pelo portal de peri´odicos eletrˆonicos, que permite o acesso r´apido e eficiente ao conhecimento cient´ıfico.

(16)
(17)

A luz solar ´e uma forma de energia, vento e as cor-rentes mar´ıtimas manifesta¸c˜oes desta energia. Fa-zemos uso delas? Ah, n˜ao! N´os queimamos flores-tas e carv˜ao, como inquilinos queimando a porta de nossas casas para nos aquecer. N´os vivemos como colonos selvagens e n˜ao como se esses recursos nos pertencessem.

Thomas Edison, 1916 Parece para mim que `a medida que nossa ciˆencia fica mais especializada, cada um de n´os se inclina a dar mais ˆenfase em nossa especialidade, em nossa pr´opria disciplina. Isso cria grandes dificuldades quando tentamos transmitir uma vis˜ao global do impacto da ciˆencia e da tecnologia, (...) precisamos encorajar uma certa atitude entre nossos jovens ci-entistas: enquanto alguns deles ficam em sua es-pecialidade e disciplina, outros devem trabalhar de forma integrada atrav´es de diversas disciplinas.

Je↵rey D. Sachs

(18)
(19)

Cap´ıtulo

1

Introdu¸c˜ao e Problem´atica

1.1

Consumo energ´

etico sob perspectiva hist´

orica

Utilizamos os recursos que no alvorecer de nossa civiliza¸c˜ao nos pareceram infind´aveis. Du-rante milhares de anos a humanidade viveu o conceito das terras e mares inexplorados, e o infinito e o imperscrut´avel permeou de maneira indistinta os c´eus, a terra e os mares desconhe-cidos no imagin´ario coletivo do homem.

Podemos vasculhar nossa pr´e-hist´oria em busca dos primeiros ind´ıcios de altera¸c˜oes geogr´afi-cas e ambientais em nosso planeta e encontraremos h´a mais de 10 mil anos o homem pr´e-hist´orico transformando atrav´es do fogo diversas florestas com o intuito de criar pradarias mais favor´a-veis para a ca¸ca [2]. Entretanto foi a agricultura a principal revolu¸c˜ao humana pois permitiu que o homem obtivesse energia de maneira mais eficiente: atrav´es de suas planta¸c˜oes e seus animais domesticados. Desde ent˜ao o consumo energ´etico evoluiu lentamente, inexoravelmente ligado `as revolu¸c˜oes das matrizes tecnol´ogicas at´e que, a partir da revolu¸c˜ao industrial, teve seu crescimento extremamente acentuado. A Tabela 1.1 presente no trabalho Alternative Energy Resources de Paul Kruger [4] mostra estimativas da popula¸c˜ao planet´aria e seu consumo per capita de energia. Nela vemos esse crescimento vertiginoso do consumo energ´etico per capita (da ordem de 105), que multiplicados pela popula¸c˜ao terrestre em seus respectivos per´ıodos nos fornece uma diferen¸ca de impacto energ´etico agregado da ordem de 5· 106 desde o alvorecer das primeiras civiliza¸c˜oes.

Somos cerca de 7 bilh˜oes de pessoas [11] compartilhando o mesmo macro-habitat. Desde os primeiros ind´ıcios de desequil´ıbrios ambientais graves causados pela atividade humana como a extin¸c˜ao dos tigres dente-de-sabre e mamutes na Am´erica do Norte e a aparente auto-extin¸c˜ao dos habitantes da pequena Ilha de P´ascoa, sabemos que h´a limites `as nossas atividades econˆo-micas e necessidades energ´eticas.

Apesar de termos conhecimento destes casos hist´oricos isolados, hoje vivenciamos um mo-mento de inflex˜ao em nossa hist´oria no qual estes limites s˜ao de diversas maneiras pressionados. O resultado das nossas escolhas hoje, mais que em qualquer outro momento da existˆencia de nossa esp´ecie, ser´a fundamental para o bem-estar dos que colher˜ao o legado deixado por nossa sociedade de consumo.

Da energia necess´aria `a mobilidade urbana `a energia requerida por quilograma de alum´ınio a 1

(20)

Quadro 1.1: Crescimento do consumo de energia humano desde a pr´e-hist´oria. Adaptado de [4], p. 5 Per´ıodo Popula¸c˜ao (Bilh˜oes) Cresc. M´e-dio (%/a) Consumo di´ario per capita (kWh/dia) Cresc. M´e-dio (%/a) 300.000 a.C. 2,9 100.000 a.C. 5,0 < 0,001 5.000 a.C. c. 0,1 9,4 < 0,001 0 0,3 0,04 1850 a.D. 1,3 0,08 12 0,004 1980 a.D. 4,4 0,94 51 1,1 2000 a.D. 5,0 1,6 230 7,5

ser usado em bens perec´ıveis, nos cercamos de conforto baseado extensivamente em quantidades abundantes e sempre crescentes de energia. De fato entidades como o IEA (International Energy Agency) foram criadas `a luz da manuten¸c˜ao da seguran¸ca energ´etica como pilar fundamental do capitalismo moderno num contexto de crise energ´etica do final dos anos 1970.

Al´em desta volatilidade do pre¸co do barril de petr´oleo ap´os 1979, das d´ecadas de 1950 a 1980 o contexto da guerra fria e a perspectiva de uma eventual guerra nuclear aterrorizaram o imagin´ario p´ublico – certamente de maneira midi´atica e exagerada, mas n˜ao sem fundamento. Contudo, as gera¸c˜oes do s´eculo XX e XXI lidar˜ao com uma amea¸ca aparentemente muito mais simples que esta, mas infinitamente mais complexa politicamente: nossa matriz energ´etica ´e a causa direta do atual e futuro aquecimento das temperaturas m´edias da superf´ıcie terrestre. Este fato singular tem in´umeras implica¸c˜oes e retroalimenta¸c˜oes ainda n˜ao perfeitamente modeladas como mudan¸cas de correntes mar´ıtimas, padr˜oes migrat´orios, adapta¸c˜ao de culturas de plantio, eleva¸c˜ao dos n´ıveis mar´ıtmos, desequil´ıbrios ecol´ogicos, migra¸c˜oes humanas em massa e poss´ıveis desabastecimentos de diversas commodities.

De fato vivemos em um momento de defini¸c˜ao ´unico. Temos um desafio duplo de seguran¸ca energ´etica e altera¸c˜oes clim´aticas globais que se n˜ao tratado de maneira apropriada, pode levar a uma grande e duradoura instabilidade global nas d´ecadas seguintes do s´eculo XXI, especialmente ap´os o marco de 2050.

Historicamente ´e inocˆencia acreditar que vivemos em tempos livres de turbulˆencias e conflitos de todas as naturezas, afinal os interesses estrat´egicos das na¸c˜oes, muitas vezes conflitantes, continuam os mesmos, e tamb´em s˜ao os mesmos os seus meios de alcan¸c´a-los. Ainda que estes sejam alterados pela tecnologia, e que passemos por um movimento aglutinador ao redor de grandes blocos como o NAFTA, a UE, Mercosul e a APEC, for¸cas econˆomicas, culturais e b´elicas continuar˜ao a moldar nossa estrutura pol´ıtica global de maneira n˜ao muito distinta da ´epoca de Alexandre, Ciro, Cæsar ou Nabucodonosor.

Se na era cl´assica assegurar commodities alimentares era fundamental para as grandes civili-za¸c˜oes, hoje isso n˜ao deixou de sˆe-lo, mas diversos outros interesses nacionais foram agregados. Dentre eles, a seguran¸ca energ´etica se destaca por sua intr´ınseca volatilidade e recente inser-¸c˜ao na pauta de prioridade dos l´ıderes globais, principalmente a partir de 1979. N˜ao somente a 

(21)

Cap´ıtulo 1. Introdu¸c˜ao e Problem´atica 3 manuten¸c˜ao do estilo de vida civil ocidental, mas o pr´oprio conceito de guerra seria hoje inimagi-n´avel sem grandes quantidades de energia.1 Somada a ela, o aquecimento global em decorrˆencia

da emiss˜ao de Gases de Efeito Estufa (GEE) agravou a problem´atica energ´etica por introduzir condi¸c˜oes de contorno que se n˜ao observadas, poder˜ao gerar consequˆencias catastr´oficas para o planeta.

Alguns dados e gr´aficos usados nesta introdu¸c˜ao s˜ao extrapola¸c˜oes das tendˆencias atuais muitos anos `a frente. Obviamente a hist´oria mostra que movimentos sociais s˜ao dinˆamicos e dificilmente poder´ıamos supor a composi¸c˜ao energ´etica e populacional de hoje cinq¨uenta anos atr´as. Apesar disso, como diz o relat´orio das Na¸c˜oes Unidas sobre Popula¸c˜oes Mundiais [3], ver tais gr´aficos ´e como tirar conclus˜oes ap´os 5 minutos de um jogo de basquete ou futebol: o resultado n˜ao est´a certo, mas podemos ver os erros e acertos do time, e o que devemos fazer para que ele ven¸ca. Procurar contribuir, mesmo que de maneira muito pequena, para o legado futuro da rela¸c˜ao do homem com a energia ´e o objetivo deste trabalho.

Houve diversas e subseq¨uentes tentativas endere¸car o problema sistemicamente, dentre as quais podemos citar a ECO92 no Rio de Janeiro e as conferˆencias de Kyoto e de Kopenhagen. O mais recente acordo, firmado em Kopenhagen, assumiu um objetivo de estabilizar a concentra¸c˜ao de CO2 atmosf´erico a um m´aximo de 450 ppm, o que representa cerca de 2 C de aquecimento global m´edio em rela¸c˜ao aos n´ıveis pr´e-industriais ([1], p. 45). Entretanto n˜ao foi criado um mecanismo supra-nacional que garanta o cumprimento destes compromissos, sendo estes somente garantias volunt´arias fracas dos pa´ıses signat´arios dos acordos. Ainda mais alarmante ´e o fato de que ainda que cumpridos, os compromissos individuais dos pa´ıses signat´arios em Kopenhagen quando somados n˜ao atingem este objetivo de 450 ppm.

A Figura1.1mostra a composi¸c˜ao atual de gera¸c˜ao de energia por fonte energ´etica e as pro-je¸c˜oes do International Energy Association (IEA) para 2020 e 2035 no cen´ario que se contempla a introdu¸c˜ao novas pol´ıticas energ´eticas moderadas, chamado de Cen´ario de Novas Pol´ıticas (NPS ou New Policy Scenario). O IEA al´em deste cen´ario adota dois outros: o de pol´ıcias atu-ais inalteradas (Current Policies Scenario ou CPS) e o cen´ario com maiores altera¸c˜oes pol´ıticas, caso todos os estados nacionais se comprometessem a manter o limite de 450 ppm CO2 -eq, o (Cen´ario 450 ou 450S).

´

E cada vez mais patente a impossibilidade de cumprirmos esta meta de 2 C de aquecimento global em rela¸c˜ao aos n´ıveis pr´e-industriais ao final deste s´eculo sem modificarmos o nosso paradigma atual de consumo energ´etico baseado em combust´ıveis f´osseis e ineficiˆencia de seu consumo. Lembremos que o limite de 2 C ´e aceito como o gatilho para o in´ıcio altera¸c˜oes globais mais profundas como altera¸c˜oes de regimes de chuvas, correntes mar´ıtimas, padr˜oes de plantio, polariza¸c˜ao dos extremos de secas e inunda¸c˜oes, redu¸c˜ao da seguran¸ca h´ıdrica, aumento do n´ıvel dos mares e grandes deslocamentos humanos a partir de grandes regi˜oes costeiras alag´aveis.

Para atingir deste objetivo de 450 ppm, ter´ıamos que assumir medidas mais restritivas a partir de 2020 ([1], p. 45), especialmente nas economias emergentes, uma vez que os dados preliminares de 2009 sugeriram que neste ano a China ultrapassou os EUA como o maior usu´ario

1Um dos grandes fatores que levaram `a derrota do eixo foi seu estrangulamento energ´etico. Embora os

alem˜aes tivessem tecnologia de transformar carv˜ao mineral em ´oleo combust´ıvel atrav´es do dispendioso processo de Fischer–Tropsch, isso n˜ao foi o suficiente para suprir as suas necessidades energ´eticas da m´aquina de guerra.

(22)

Figura 1.1: Consumo energ´etico de diferentes fontes em 2008, 2020 e 2035 no cen´ario de Novas Pol´ıticas Energ´eticas do IEA. Adaptado de [1]

energ´etico2. De maneira semelhante, os pa´ıses n˜ao pertencentes `a OECD – grande parte deles

economias subdesenvolvidas – corresponder˜ao a 93% do aumento da demanda energ´etica no cen´ario moderado de altera¸c˜oes pol´ıticas, refletindo as maiores taxas de crescimento destas economias ([1], p. 47).

Com o aumento da concentra¸c˜ao de CO2 (Fig. 1.2) e outros gases geradores de efeito estufa, estima-se que a temperatura m´edia da superf´ıcie do planeta j´a tenha aumentado em cerca de 0, 8 C ([2]), como vemos na Figura1.3. Esta figura mostra o aumento da temperatura m´edia global da superf´ıcie terrestre, a qual podemos relacionar fortemente com a tendˆencia da Figura1.2. Embora a correla¸c˜ao n˜ao implique necessariamente em causalidade, ´e um paradigma fortemente aceito pela comunidade internacional cient´ıfica ([1], [12]) que os dois eventos s˜ao causais, sendo o aumento da concentra¸c˜ao atmosf´eria de CO2 o causador das temperaturas m´edias globais3.

O Painel Clim´atico de Mudan¸cas Clim´aticas (IPCC) periodicamente publica relat´orios sobre o aquecimento clim´atico e seu impacto global. A expectativa de acordo com o ´org˜ao, de aumento de temperatura m´edia atmosf´erica at´e 2100 ´e de 1, 4 C a 4, 0 C, correspondendo respectivamente `a banda inferior do cen´ario mais otimista e `a banda superior do cen´ario mais pessimista. Um aumento da ordem de 4 C em rela¸c˜ao aos n´ıveis pr´e-industriais geraria amplos efeitos negativos

2No ano 2000, ela agregava somente metade do consumo energ´etico americano.

3Embora existam muitos controv´ersias sobre efeitos de retroalimenta¸c˜ao positiva e negativa especialmente

ligados ao albedo terrestre (refletividade da superf´ıcie), se crˆe que o aumento das temperaturas m´edias da superf´ıcie terrestre pode causar a diminui¸c˜ao da concentra¸c˜ao de CO2 nos oceanos, liberando-o na atmosfera e

logo atuando como retroalimenta¸c˜ao positiva ao efeito estufa.

(23)

Cap´ıtulo 1. Introdu¸c˜ao e Problem´atica 5

Figura 1.2: Di´oxido de Carbono atmosf´erico medido em Mauna Loa, Hawaii 1958-200. Adaptado de Sachs [2]

Figura 1.3: M´edias de temperaturas globais pr´oximas `a superf´ıcie de 1850 a 2005. Adaptado de Sachs [2]

(24)

j´a sobre-explorados midiaticamente. Nem por isso eles s˜ao irrelevantes ou irreais. ´E lament´avel que apesar de toda explora¸c˜ao midi´atica e mercadol´ogica, o processo de mudan¸ca de pol´ıticas energ´eticas seja t˜ao vagaroso. A euforia brasileira do pr´e-sal nos mostra essa falta de com-promisso com uma pol´ıtica energ´etica consistente com nossos padr˜oes hist´oricos marcados por produ¸c˜ao hidroel´etrica e busca por alternativas renov´aveis como o etanol e o biodiesel.

1.2

A equa¸c˜

ao de impacto humano

O economista Je↵rey Sachs em seu livro Common Wealth [2] comenta sobre o impacto humano no planeta postulando a seguinte equa¸c˜ao com trˆes fatores:

1. Popula¸c˜ao P – Para dado grupo de controle, o n´umero de indiv´ıduos que habita nesta regi˜ao

2. N´ıvel de renda e consumo A – M´edia da renda e decorrente consumo deste grupo

3. Impacto ambiental da produ¸c˜ao e descarte T – Quantidade de impacto ambiental gerado por unidade de unidade monet´aria decorrente da tecnologia utilizada

Esses trˆes elementos contribuem de forma multiplicativa (I = P⇥A⇥T ), formando a f´ormula conhecida como I-PAT. H´a muitos impactos I relacionados `a produ¸c˜ao energ´etica nos moldes atuais, como a polui¸c˜ao do ar de grandes cidades por particulado s´olido de carv˜ao mineral e petr´oleo, CO e NOx e O3 e contamina¸c˜ao de mananciais ou expans˜ao da fronteira agr´ıcola para planta¸c˜oes de mat´eria produtora de biocombust´ıveis. Entretanto, o problema que se crˆe que seja o mais impactante e de efeito global seja a emiss˜ao de gases de efeito estufa, particularmente CO2.

1.2.1

Popula¸c˜

ao – P

Se a popula¸c˜ao em na¸c˜oes com maior renda tende a se estabilizar nas pr´oximas d´ecadas – incluso no Brasil – o mesmo n˜ao ´e verdadeiro das na¸c˜oes mais pobres, especialmente na ´Africa. Com uma popula¸c˜ao global estimada de cerca de 8,9 Bilh˜oes de pessoas em 2050, a maior concentra¸c˜ao terrestre ser´a na ´Africa e ´Asia dadas as altas taxas de crescimento populacional daquele continente e a atual popula¸c˜ao deste, que j´a soma mais de 3 bilh˜oes de pessoas.

Historicamente as curvas populacionais tendem a seguir 4 fases distintas na curva de desen-volvimento econˆomico e social, como podem ser vistas na Figura 1.5:

1. Quando a na¸c˜ao ainda ´e pobre, ela possui alta taxa de natalidade e alta taxa de mor-talidade, gerando um crescimento vegetativo pequeno. A l´ogica por tr´as da alta taxa de natalidade est´a intimamente relacionada `a garantia do casal de seu sustento na velhice, mesmo que muitos filhos venham a falecer. No campo, a prole numerosa tamb´em sem-pre foi vista como positiva pela contribui¸c˜ao dos filhos trabalho agr´ıcola e baixo custo de cria¸c˜ao. Este ´e o est´agio de algumas partes mais pobres da ´Africa hoje.

(25)

Cap´ıtulo 1. Introdu¸c˜ao e Problem´atica 7

Figura 1.4: Popula¸c˜ao mundial estimada 1950-2000 e proje¸c˜oes 2000-2050 ([3], p. 5) 2. Com a inser¸c˜ao de vacinas, saneamento b´asico e atendimento m´edico, a expectativa de

vida aumenta rapidamente, gerando um crescimento populacional expressivo. Entretanto, as quest˜oes culturais que envolvem a alta taxa de natalidade tˆem in´ercia maior e somente ap´os uma ou duas gera¸c˜oes, freq¨uentemente associada `a mudan¸ca do campo para a cidade, ela apresentar´a redu¸c˜ao. Grande parte de ´Africa e ´Asia (exclusa a China) se encontra neste est´agio e estar´a nele e no seguinte nas pr´oximas d´ecadas.

3. Atrav´es de mudan¸cas culturais e sociais como a maior seguran¸ca de sistemas de previdˆencia e urbaniza¸c˜ao, a taxa de natalidade come¸ca a cair, reduzindo a taxa de crescimento popu-lacional. Grande parte da Am´erica do Sul e pa´ıses com melhor ´ındice de desenvolvimento na ´Asia se encontram neste est´agio.

4. Com baixa taxa de natalidade e mortalidade, a popula¸c˜ao tem crescimento vegetativo novamente pequeno. A maior parte dos pa´ıses desenvolvidos se encontra neste est´agio.

1.2.2

Renda e Consumo – A

Paul Kruger em seu livro “Alternative Energy Resources” [4] introduz trˆes axiomas funda-mentais da ecologia humana:

1. Para qualquer crescimento populacional dado, o consumo energ´etico crescer´a com uma taxa de crescimento maior que esta.

2. Os objetivos fundamentais do ser humano incluem tanto o desejo por energia abundante sob demanda, assim como um ambiente limpo e seguro.

(26)

Figura 1.5: Modelo de transi¸c˜ao demogr´afica adaptado de Haggett em [2]

Se em rela¸c˜ao ao crescimento populacional ainda temos aberta a quest˜ao se poderemos estabiliz´a-la, o mesmo n˜ao se pode falar em rela¸c˜ao `a renda e ao consumo da maior parte da popula¸c˜ao terrestre.

Historicamente o homem sempre buscou a prosperidade de seus neg´ocios, sua fam´ılia e na¸c˜ao. Embora seja question´avel um modelo econˆomico que demanda expressivo crescimento para permitir pleno emprego e estabilidade social, n˜ao podemos questionar neste momento hist´orico o desejo de aumento da renda do cidad˜ao m´edio, ou como Kruger coloca de maneira aberta em seu terceiro axioma: “vivemos um caminho [de desenvolvimento] de m˜ao ´unica e irrevers´ıvel”.

1.2.3

Impacto ambiental da produ¸c˜

ao e descarte – T

Uma vez que a renda ´e sempre perseguida coletivamente pela pr´opria defini¸c˜ao moderna de economia, nos resta atuar na tecnologia T como fator poss´ıvel de manobra com objetivo de mitigar nosso impacto I.

De fato, ao menos quando nos referimos a I no sentido do impacto do consumo energ´etico, esses objetivos s˜ao alinhados com os pr´oprios objetivos econˆomicos de qualquer neg´ocio: produzir a mesma unidade produtiva U com a menor fra¸c˜ao de energia E poss´ıvel.

A Figura 1.6 mostra como ocorreu a queda do ´ındice global de energia, definido como a quantidade de energia necess´aria para produzir cada unidade de Produto Interno Bruto. Os diversos fatores que podem ser destacados s˜ao a melhoria dos coeficientes de eficiˆencia energ´etica, melhoria de processos, mudan¸cas de combust´ıvel e mudan¸cas estruturais na economia global se afastando de ind´ustrias intensivas energeticamente ([1], p. 80). De fato, a URSS e seus pa´ıses sat´elites tiveram um modelo de industrializa¸c˜ao no qual a eficiˆencia energ´etica n˜ao era um fator primordial de otimiza¸c˜ao. Isso aconteceu por diversos fatores como a abundˆancia de 

(27)

Cap´ıtulo 1. Introdu¸c˜ao e Problem´atica 9 hidrocarbonetos na R´ussia e na Regi˜ao do Mar C´aspio, a inexistˆencia dos incentivos econˆomicos `a eficiˆencia e ao perfil desenvolvimentista sovi´etico que atribu´ıa a alguns indicadores-chave como `a produ¸c˜ao de toneladas de a¸co um valor sobrepujante em rela¸c˜ao a outros indicadores econˆomicos.

De fato, caso n˜ao houvesse a melhoria na eficiˆencia da produ¸c˜ao de cada unidade do PIB dos pa´ıses entre 1980 e 2008, o consumo global de energia seria cerca de 32% maior: aproxima-damente o consumo conjunto dos EUA e da Uni˜ao Europ´eia ([1], p. 80).

Figura 1.6: Mudan¸cas na eficiˆencia energ´etica: unidade de Energia por unidade de PIB (Adap-tado de [1], p. 81)

1.3

Matriz Energ´

etica Global

Um dos principais fatores nessa mudan¸ca foi a altera¸c˜ao da matriz energ´etica ao longo das d´ecadas. Ao longo dos s´eculos XIX e XX nossas tecnologias de produ¸c˜ao, transporte, ilumina¸c˜ao e eletrifica¸c˜ao foram constru´ıdas primeiro nos baseando no carv˜ao mineral e ent˜ao do petr´oleo. Ao longo de cerca de 100 anos o petr´oleo segue hegemˆonico no segmento de transportes, assim como o carv˜ao mineral representa fonte da maior parte da energia utilizada hoje mundialmente (circa 25%). Apesar disso, o decl´ınio percentual destas fontes na composi¸c˜ao energ´etica geral ´e not´avel quando analisamos suas contribui¸c˜oes percentuais `a matriz energ´etica.

Kruger[4] mostra dois exemplos dessa altera¸c˜ao: a Tabela1.2, que mostra a composi¸c˜ao de energia prim´aria dos EUA de 1925 a 2000 e na Figura 1.7, onde se apresenta a altera¸c˜ao na composi¸c˜ao global de combust´ıveis de 1800 a 2000. Em ambos os exemplos podemos notar a substitui¸c˜ao da madeira – a principal composi¸c˜ao da biomassa tradicional – por outros tipos de combust´ıveis. Tamb´em podemos identificar o per´ıodo ´aureo do Petr´oleo dos anos 1960 a 1980,

(28)

quando iniciou sua decadˆencia percentual. Essa ascens˜ao e decadˆencia em termos percentuais j´a haviam ocorrido com o carv˜ao mineral, como podemos ver na Figura 1.7. De fato, isto nos leva a crer que os diferentes tipos de combust´ıveis prim´arios tˆem ciclos de vida, e que o destino hist´orico do petr´oleo e do g´as natural ´e de fato a diminui¸c˜ao de sua importˆancia relativa, embora parte expressiva da capacidade adicionada absoluta de energia el´etrica mundialmente ainda seja proveniente de carv˜ao.

Quadro 1.2: Composi¸c˜ao percentual do combust´ıvel prim´ario utilizado nos EUA de 1925 a 2000[4], p. 43 Combust´ıvel 1925 1950 1975 2000 Madeira 7 3 0 0 Carv˜ao Mineral 65 37 21 32 Petr´oleo 19 39 38 21 G´as Natural 5 18 32 27 F´ossil 97 97 91 81 Nuclear 0 0 6 11 Renov´aveis 3 3 3 8 % eletricidade <1 ⇡2 ⇡15 38

Figura 1.7: Fra¸c˜ao parcial do consumo global de combust´ıveis prim´arios 1800-2000[4], p. 41 Um exemplo emblem´atico da subtitui¸c˜ao do petr´oleo ´e a busca por autom´oveis el´etricos que substituam os motores a combust˜ao interna. At´e a data da publica¸c˜ao deste trabalho as tecnologias n˜ao estavam maduras o suficiente para uma transi¸c˜ao segura e sustent´avel para esta tecnologia, seja pelos problemas ligados `as c´elulas de hidrogˆenio e `as baterias ainda ineficientes, seja pela deficiˆencia da pr´opria rede de distribui¸c˜ao de energia que n˜ao estaria dimensionada para suportar estas cargas adicionais.

(29)

Cap´ıtulo 1. Introdu¸c˜ao e Problem´atica 11 No caso da ado¸c˜ao de novas pol´ıticas que incentivem o uso de combust´ıveis renov´aveis em detrimento dos de origem f´ossil, temos na Figura 1.1 uma proje¸c˜ao de qual seria a composi¸c˜ao da gera¸c˜ao el´etrica mundial em 2020 e 2035. Vemos que ainda h´a uma dominˆancia do carv˜ao como combust´ıvel prim´ario, mas a energia e´olica, nuclear, hidroel´etrica, biomassa e g´as natural tˆem crescimento mais acelerado. O petr´oleo tende a diminuir sua importˆancia absoluta como fonte de energia para a gera¸c˜ao el´etrica, embora possivelmente ainda seja muito relevante no transporte.

1.4

Energia El´

etrica no Brasil e no Mundo

No Brasil, at´e 2020 se prevˆe a contrata¸c˜ao de novos 61.560 MW, de tal maneira que o Sistema Interligado Nacional passar´a de 109.578 MW para 171.138 MW em 2020. Desse total, 42.177 MW j´a foram contratados, sendo que 56% ser˜ao hidrel´etricas em opera¸c˜ao at´e 2019, 24% ser˜ao fontes f´osseis em opera¸c˜ao at´e 2013, 3% da nuclear Angra 3 at´e 2016 e 17% de energias renov´aveis a operarem at´e 2013 [5]. Enquanto isso, a contrata¸c˜ao de usinas t´ermicas s´o ser´a feita se a demanda superar 4,7% a.a. ou se houver problema no licenciamento ambiental das usinas hidrel´etricas ([5], p. 3).

Figura 1.8: Evolu¸c˜ao da capacidade instalada no Brasil (EPE em [5])

O gr´afico 1.8 mostra a previs˜ao da expans˜ao da energia el´etrica no Brasil at´e 2020. Nele vemos a presen¸ca marcante na energia baseada em fontes alternativas como as principais fontes a serem entregues na expans˜ao planejada.

Destas fontes alternativas, a expectativa ´e que a energia e´olica responda pela maior parte, ou 10.701 MW instalados at´e 2020, ante os 831 MW de capacidade instalada e´olica em 2010.

(30)

Como base de compara¸c˜ao, vale relembrar que Itaipu, referˆencia nacional em gera¸c˜ao el´etrica, tem capacidade instalada de 14.000 MW.

1.5

Incentivos ao consumo de combust´ıveis f´

osseis

Uma das assimetrias ainda presentes hoje s˜ao os subs´ıdios `a ind´ustria de ´oleo e g´as. Diversos pa´ıses como a Venezuela, R´ussia, Argentina e China (Figura 1.9) subsidiam fontes energ´eticas f´osseis, assim alterando os incentivos econˆomicos para a introdu¸c˜ao de novas fontes energ´eticas renov´aveis. Estes incentivos totalizaram USD$312 bilh˜oes em 2009 ([1], p. 46). De fato o pr´o-prio IEA afirma que o fim dos subs´ıdios governamentais ´e um pilar fundamental da revers˜ao do consumo indisciplinado de derivados de petr´oleo, especialmente no Oriente M´edio, R´ussia e partes da ´Asia ([1], p. 45), afinal os subs´ıdios incentivam a ineficiˆencia energ´etica, exacerbam a volatilidade energ´etica por reduzir os incentivos mercadol´ogicos ao consumo racional, incenti-vam adultera¸c˜ao de combust´ıvel e atividades il´ıcitas e diminuem a competitividade da energia renov´avel e tecnologias mais eficientes ([1], p. 55).

Figura 1.9: Pa´ıses que promovem o subs´ıdio de combust´ıveis f´osseis (Adaptado de [1], p. 45). Valores como percentuais do custo total de suprimento de combust´ıveis.

Na declara¸c˜ao de Pittsburg [13], p. 17-18, o compromisso p´ublico dos diversos pa´ıses signa-t´arios ´e transcrita parcialmente abaixo:

“29. (...) Subs´ıdios ineficientes aos combust´ıveis f´osseis estimulam os desperd´ıcios de con-sumo, distorcem os mercados, constrangem os investimentos em fontes de energia limpa e en-fraquecem os esfor¸cos para lidar com a mudan¸ca do clima. (...) Com base nesses esfor¸cos e 

(31)

Cap´ıtulo 1. Introdu¸c˜ao e Problem´atica 13 reconhecendo os desafios que se apresentam `as popula¸c˜oes afligidas pela escassez energ´etica, comprometemo-nos a:

- Racionalizar e eliminar gradualmente, no m´edio prazo, os subs´ıdios ineficientes aos com-bust´ıveis f´osseis que promovem o consumo com desperd´ıcio.

(...)

31. Aumentar a oferta de energia limpa e renov´avel, melhorar a eficiˆencia energ´etica e promover a conserva¸c˜ao de energia constituem medidas cruciais para proteger o meio ambiente, fomentar o crescimento sustent´avel e enfrentar a amea¸ca representada pela mudan¸ca do clima. A r´apida ado¸c˜ao de tecnologias energ´eticas limpas e renov´aveis e de medidas de eficiˆencia energ´etica diversifica nossas fontes de energia e fortalece nossa seguran¸ca energ´etica. Comprometemo-nos a:

- Estimular investimentos em energia limpa e renov´avel e em eficiˆencia energ´etica, bem como fornecer apoio t´ecnico e financeiro a projetos dessa natureza nos pa´ıses em desenvolvimento.

- Adotar providˆencias para facilitar a difus˜ao ou transferˆencia de tecnologias de energia limpa,incluindo a condu¸c˜ao conjunta de pesquisas e o desenvolvimento de capacidades. A redu-¸c˜ao ou eliminaredu-¸c˜ao de barreiras ao com´ercio e os investimentos nessa ´area vˆem sendo discutidos e devem ser buscados voluntariamente nos foros apropriados.

32. Como l´ıderes das maiores economias do mundo, estamos trabalhando em favor de uma recupera¸c˜ao econˆomica duradoura, sustent´avel e verde. Sublinhamos nossa determina¸c˜ao reno-vada de enfrentar a perigosa amea¸ca da mudan¸ca do clima.

(32)

Cap´ıtulo

2

Energia E´olica

2.1

Hist´

orico

A energia e´olica ´e aproveitada pelo homem h´a milˆenios na navega¸c˜ao. O primeiros registros hist´oricos de moinhos de vento datam de aproximadamente 900 A.D. pelos Persas[7]. Na Europa seu uso data da idade m´edia, mas a ap´os o in´ıcio da revolu¸c˜ao industrial sua importˆancia relativa foi diminu´ıda pois sua energia n˜ao ´e facilmente transportada e despachada como a dupla carv˜ao-vapor.

At´e o advento da revolu¸c˜ao industrial houve uma evolu¸c˜ao nas t´ecnicas de constru¸c˜ao de moinhos, culminando nos t´ıpicos modelos “smock mill”, nos quais somente a parte superior era rotat´oria.

O inglˆes John Smeaton fez grandes contribui¸c˜oes ao estudo cient´ıfico do aproveitamento e´olico, e estruturou as trˆes propriedades f´ısicas fundamentais da energia e´olica – na verdade derivada da mecˆanica de fluidos:

• Idealmente a velocidade das pontas das p´as ´e proporcional `a velocidade do vento • O torque m´aximo ´e proporcional ao quadrado da velocidade do vento

• A potˆencia m´axima ´e proporcional ao cubo da velocidade do vento

Embora bombas de ´agua e geradores e´olicos fossem utilizados em fazendas norte-americanas no come¸co do s´eculo XX, foi somente nos anos 1980 que a energia e´olica voltou a receber aten¸c˜ao, possivelmente em decorrˆencia da preocupa¸c˜ao com a seguran¸ca energ´etica decorrente das crises de petr´oleo da d´ecada de 1970.

Durante o come¸co da d´ecada de 1980 houve diversos parques e´olicos instalados na Calif´ornia devido a uma s´erie de benef´ıcios governamentais. Essa foi uma experiˆencia traumatizante para a ind´ustria pois al´em das m´aquinas ainda n˜ao serem robustas, ap´os a retirada dos benef´ıcios pelo governo Reagan a maior parte dos fabricantes norte-americanos da ´epoca foi `a falˆencia.

Ap´os esse epis´odio a Europa se firmou durante muitos anos como o centro de desenvolvimento e produ¸c˜ao e´olicas, especialmente a Dinamarca, Alemanha e Espanha. J´a mais recentemente, desde o in´ıcio dos anos 2000 se vˆe a ascens˜ao dos fabricantes chineses como grandes competidores mundiais.

(33)

2.2

Energia e´

olica no Brasil e no Mundo

Embora a utiliza¸c˜ao de fontes de energia renov´aveis se tornar´a mais competitiva, o est´ımulo governamental ser´a fundamental para expandir a sua contribui¸c˜ao na matriz energ´etica mundial. Em 2009 esse valor foi de cerca de USD$57 Bilh˜oes. No NPS esse valor crescer´a para USD$ 205 Bilh˜oes em d´olares atuais, ou 0,17% do PIB global em 2035. A maior parte deste est´ımulo, cerca de 63%, ser´a direcionado `a eletricidade com gera¸c˜ao renov´avel. com isso se espera que o pre¸co do MWh se reduza de cerca de USD$55 para USD$23 com o aumento da produ¸c˜ao e aprendizagem tecnol´ogia[14].

Muitos avan¸cos ser˜ao tamb´em necess´arios na integra¸c˜ao destas novas fontes energ´eticas ao grid el´etrico, pois a variabilidade inerente da energia e´olica e fotovoltaica dever´a ser estatisti-camente compensada por outras regi˜oes e por outras fontes energ´eticas com curvas de resposta melhor controladas, como a energia hidr´aulica e termoel´etricas a g´as natural[14].

Um dos quadros mais comuns em todo texto sobre energia e´olica ´e a Figura 2.1, que mostra o crescimento em tamanho e potˆencia das turbinas e´olicas. Embora obviamente haja muitas vantagens da utiliza¸c˜ao de grandes turbinas – melhor custo benef´ıcio do gerador, qualidade dos ventos em maior altitude, aproveitamento da ´area do parque – deve-se considerar que a instala¸c˜ao das turbinas ´e um fator determinante em seu custo de capital, e a infraestrutura para transporte de pe¸cas: portos, rodovias, loca¸c˜ao de gruas pode n˜ao acomodar as torres ou p´as das maiores turbinas.

Figura 2.1: Tamanho de turbinas e seus anos de lan¸camento[6]. O diˆametro do rotor varia de 15m em 1981 a 90m em 2002

O potencial e´olico bruto mundial ´e da ordem de 500.000 TWh/ano, cerca de 30 vezes o 

(34)

Cap´ıtulo 2. Energia E´olica  consumo atual de energia el´etrica mundial. No Brasil, o potencial se encontra principalmente na zona litorˆanea do NE e em algumas regi˜oes do interior no Sul e no Sudeste. Os dados do Atlas do Potencial E´olico Brasileiro[8] apontam para um potencial de 143.000 MW, sendo que 7.694 MW j´a foram autorizados (2010). Atualmente as usinas em opera¸c˜ao tˆem capacidade para gerar 26,8 MW (2010). O estado do Cear´a corresponde a 65% desta capacidade[15].

Um dos fatos interessantes do desenvolvimento da energia e´olica no Brasil ´e a atua¸c˜ao do produtor independente de energia, dada a flexibilidade brasileira do mercado livre de energia, especialmente energia renov´avel.

2.3

Inser¸c˜

ao deste projeto de mestrado

O projeto desenvolvido procura endere¸car a necessidade de levantamentos de potenciais e´o-licos preliminares de locais que possam sustentar parques e´oe´o-licos atrav´es do registro de dados hist´oricos em esta¸c˜oes meteorol´ogicas de baixo custo (< 100 USD). A esta¸c˜ao meteorol´ogica utilizada foi a WH-1080 da Fine O↵set Electronics, mas outros fornecedores poderiam ser agre-gados ao sistema sem grande dificuldade, oferecendo op¸c˜oes de melhor qualidade ou menor pre¸co. Ela foi escolhida pois um projeto que visa utiliz´a-la como plataforma de aquisi¸c˜ao de dados ambientais (Bhuu Project), coordenado pelo colega Dr. Charles Elworthy (Univ. Ox-ford), se prontificou a enviar trˆes unidades para o Brasil para serem utilizadas neste projeto de mestrado. Uma delas foi utilizada para desenvolvimento e outra est´a instalada junto `a esta¸c˜oes da Embrapa e do Cepagri na Unicamp.

Embora existam sistemas comerciais para esse fim, especialmente os produtos da Vaisala[16], diversos agentes podem se interessar nessa tecnologia, desde o eventual propriet´ario privado ou p´ublico de terreno que deseje avaliar seu potencial e´olico a empresas que prestem estes servi¸cos comercialmente. Os cap´ıtulos seguintes descrevem tecnicamente o sistema desenvolvido e o analisam `a luz dos dados coletados por outras esta¸c˜oes adjacentes para referˆencia.

2.4

Caracter´ısticas do Recurso E´

olico

Os ventos s˜ao causados por diferen¸cas na maneira como a terra ´e aquecida pela radia¸c˜ao solar. Em seu modelo mais simples, pr´oximo ao equador temos zonas com fluxos verticais ascendentes que geram zonas de baixa press˜ao. Isso faz com que massas de ar densas dos p´olos se desloquem para estas regi˜oes. Somado a este fenˆomeno, devemos levar em considera¸c˜ao que embora a velocidade angular de rota¸c˜ao da terra seja obviamente igual em todas as latitudes, pr´oximo ao equador temos uma velocidade superficial de cerca de 600 Km/h, enquanto que nos p´olos ela ´e zero. Diversos outros fatores contribuem para um modelo bastante complexo e geralmente computado somente numericamente: fric¸c˜ao com superf´ıcie, in´ercia de massas de ar, diferen¸cas de permeabilidade da atmosfera `a luz (nuvens, poeira), quantidade de vapor d’´agua no ar, albedo, evapotranspira¸c˜ao da camada de vegeta¸c˜ao e espelhos d’´agua.

Tamb´em caracterizamos movimentos atmosf´ericos e clim´aticos em diversas escalas de tempo-espa¸co. Por exemplo, embora ambos sejam “vento”, o estudo de rajadas e mudan¸cas de padr˜oes e´olicos devido a fenˆomenos como o El Nin˜o seguem metodologias completamente distintas para

(35)

suas an´alises. Tamb´em quando falamos de altera¸c˜oes clim´aticas devido ao aquecimento global, ´e incorreto associ´a-las a um fenˆomeno clim´atico espec´ıfico que aconteceu em algum lugar e dia espec´ıfico, embora isso seja muitas vezes feito pela m´ıdia.

Altera¸c˜oes clim´aticas s˜ao como uma grande linha de base sobre a qual est˜ao superpostas diversas sen´oides de diferentes per´ıodos e amplitudes. O pr´oprio ciclo di´ario de rota¸c˜ao terrestre, movimentos lunares e esta¸c˜oes do ano geram perturba¸c˜oes clim´aticas que fazem com que a estimativa do tempo e regimes e´olicos seja poss´ıvel somente atrav´es de m´etodos num´ericos e estoc´asticos.

A Figura 2.2 mostra em escala logar´ıtmica o tempo e o espa¸co no qual a an´alise dos perfis e´olicos ´e mais relevante para trˆes disciplinas: (1) o projeto de m´aquinas el´etricas e sistemas e´olicos, (2) a escolha de um s´ıtio de fazenda e´olica e (3) a avalia¸c˜ao de recursos e´olicos de um estado ou pa´ıs. Correntes de jato Squall lines Tempestades Tornados Deep convections Redemoinhos Termais Wakes Tempestades ciclônicas Furacões 10000 Km Monsões Ventos alísios Ventos do oeste Turbulência, pequena escala para desenho de

turbinas eólicas

Turbulência, pequena escala para desenho de

turbinas eólicas Grande escala, para

escolha de sítios de instalação de usinas

Grande escala, para escolha de sítios de instalação de usinas Escala climática,

para avaliação de recursos

Escala climática, para avaliação de recursos

1000 Km 100 m 100 Km 10 Km 1 Km 10 m 1 m

seg. min. hora dia sem. mês ano déc.

Figura 2.2: Compara¸c˜ao entre escalas de tempo e espa¸co para movimentos atmosf´ericos[7]

2.5

Potencial de Recurso E´

olico

A energia presente no vento pode ser calculada atrav´es da equa¸c˜ao de continuidade de mecˆanica dos fluidos, a saber:

dm

dt = ⇢AU (2.1)

(36)

Cap´ıtulo 2. Energia E´olica 

z

y

x

U

A

Figura 2.3: Parˆametros relevantes para gera¸c˜ao e´olica onde A ´e a ´area da se¸c˜ao ortogonal ao fluxo e U ´e a sua velocidade. Se a energia cin´etica ´e dada por

P = 1 2 dm dt U 2 = 1 2⇢AU 3 (2.2)

a potˆencia por unidade de ´area ser´a expressa por: P

A =

1 2⇢U

3 (2.3)

Desta equa¸c˜ao inferimos (1) que a potˆencia varia com a ´area A varrida pelo gerador, ou seja, o quadrado do tamanho das p´as. Tamb´em dela sabemos (2) que essa energia ´e proporcional ao cubo da velocidade U e (3) que ´e proporcional `a densidade do ar ⇢. Quando medida a 15 C `a altura do mar, ela ´e 1,225 kg/m3.

Se aplicarmos equa¸c˜ao de gases ideais, temos ⇢ = 3, 4837p

T (2.4)

e uma vez que a press˜ao atmosf´erica at´e 5000m pode ser estimada por

p = 101, 29 0, 011837z + (4, 793· 10 7)z2 (2.5)

na qual z ´e a eleva¸c˜ao em rela¸c˜ao ao n´ıvel do mar, temos a equa¸c˜ao resultante P A = 1 2⇢U 3 = (176, 4319 0, 020618z + (8, 3486· 10 7)z2) T U 3 (2.6)

A estimativa de densidade energia e´olica ´e feita geralmente atrav´es dos registros hor´arios de energia m´edia ao longo de um per´ıodo longo de tempo como um ano. Essa estimativa ´e dada por:

(37)

¯ P A = 1 2⇢ ¯U 3K e (2.7)

no qual ¯P ´e a m´edia anual de velocidade e´olica e Ke ´e o fator de padr˜ao energ´etico, dado por Ke= 1 N ¯U3 N X i=1 Ui3 (2.8)

no qual Ui s˜ao m´edias hor´arias e N ´e o n´umero de horas consideradas, tipicamente 8760 (n´umero de horas em um ano). Valores consider´aveis para instala¸c˜oes e´olicas s˜ao de ¯P /A 400W/m2.

2.6

Turbulˆ

encia

As turbulˆencia s˜ao causadas por perturba¸c˜oes no perfil de fluxo laminar e consequentes redemoinhos ou eddies que tˆem diferentes tamanhos e convertem a energia cin´etica em energia t´ermica.

Os impactos da turbulˆencia na aferi¸c˜ao do fluxo laminar podem ser vistos como uma fun¸c˜ao de densidade de probabilidade sobre a velocidade m´edia Ui com uma intensidade de turbulˆencia T I (Turbulence Intensity), medida tipicamente em um intervalo de dez minutos, de acordo com

T I = u U = q 1 NS 1 PNS i=1(ui U )2 U (2.9)

sendo N o n´umero de medi¸c˜oes ui de velocidade de vento; medi¸c˜oes realizadas ao menos a 1Hz. Como nossa esta¸c˜ao meteorol´ogica utilizada n˜ao fornece dados a essa velocidade, a medi¸c˜ao de turbulˆencia n˜ao ´e poss´ıvel, e pode somente ser inferida imprecisamente atrav´es da velocidade m´axima de rajadas, que ´e um dos parˆametros informados pela WH-1080.

Al´em do parˆametro geral de intensidade de turbulˆencia T I, a turbulˆencia tamb´em pode ser expressa como uma fun¸c˜ao densidade probabilidade normal (ou Gaussiana), que fazendo uso do desvio padr˜ao u ´e

p(u) = 1 u p 2⇡exp  (u U )2 2 u2 (2.10) Tamb´em h´a interessantes an´alises da turbulˆencia como superposi¸c˜oes de sen´oides de diferen-tes frequˆencias e an´alise de autocorrela¸c˜ao, mas elas fogem do escopo deste trabalho.

2.7

Fluxo laminar e sua varia¸c˜

ao com a altitude

A varia¸c˜ao da velocidade m´edia do vento Ui de acordo com a eleva¸c˜ao z ´e importante tanto para a corre¸c˜ao dos dados de anemˆometros a diferentes alturas, como para o desenho de m´aquinas, turbinas e p´as. Afinal, a varredura de ´areas A que apresentam um gradiente dU

dz influencia na distribui¸c˜ao de carga de toda a mecˆanica.

(38)

Cap´ıtulo 2. Energia E´olica  Existem duas maneiras principais de se estimar o perfil e´olico para altitudes superiores `as medidas por anemˆometro: a lei de log e a lei de potˆencias.

2.7.1

Lei de log

A lei de log se baseia na equa¸c˜ao de momento, que perto da superf´ıcie terrestre ´e @p

@x = @

@z⌧xz (2.11)

sendo que ⌧xz ´e a tens˜ao de cisalhamento entre planos xy.

Como a press˜ao perto da superf´ıcie n˜ao depende de z, integrando a equa¸c˜ao obt´em-se ⌧xz = ⌧0 + z

@p

@x (2.12)

Como o gradiente de press˜ao no eixo x ´e pequeno perto da superf´ıcie, tamb´em podemos descartar o segundo termo `a direita.

Ora, de acordo com a teoria de mistura de comprimentos de Prandtl, a tens˜ao de cisalha-mento tamb´em pode ser dada por

⌧xz = ⇢l2 ✓ @U @z ◆ (2.13) Uma vez combinando as duas ´ultimas equa¸c˜oes temos

@U @z = 1 l r ⌧0 ⇢ = U⇤ l (2.14)

onde U⇤ ´e a fric¸c˜ao `a velocidade.

Se a superf´ıcie n˜ao ´e rugosa, pode-se assumir que l = kz, com k = 0, 4 (constante de von Karman), e assim a equa¸c˜ao anterior pode ser integrada de z0 a z, na qual z0 ´e o comprimento da rugosidade da superf´ıcie, perfazendo

U (z) = U⇤ k ln ✓ z z0 ◆ (2.15) que ´e conhecida como o perfil logar´ıtmico e´olico.

A integra¸c˜ao ´e feita a partir de z0 e n˜ao zero pois as superf´ıcies sempre apresentam rugosi-dades, mostradas na Tabela 2.1

A ´ultima equa¸c˜ao pode ser escrita como ln(z) = k

U⇤U (z) + ln(z0) (2.16)

a partir da qual com dados experimentais se pode determinar os parˆametros U⇤ e z0. Essa lei ´e tipicamente utilizada para determinar as rela¸c˜oes entre U a diferentes alturas

fc = U (z) U (zr) = ln⇣zz 0 ⌘ ln⇣zr z0 ⌘ (2.17)

(39)

Quadro 2.1: Valores de rugosidade de terreno[7] Descri¸c˜ao de terreno z0 (mm) Gelo ou barro muito liso 0,01

Mar aberto e calmo 0,20 Mar agitado 0,50 Neve 3,00 Grama 8,00 Pasto alto 10,00 Pousio 30,00 Cultivo 50,00 Algumas ´arvores 100,00 Muitas ´arvores, cercas e alguns pr´edios 250,00 Floresta 500,00 Sub´urbios 1500,00 Centros de cidades com pr´edios altos 3000,00

A equa¸c˜ao 2.17 foi utilizada em nossos c´alculos para, a partir de medi¸c˜oes a 5m de altura, comprimento m´edio de rugosidade z0 de 0,1m (´arvores esparsas) e altura de hub de 100m obter fc = 1.7658 (fator de corre¸c˜ao de velocidade de vento para a atual instala¸c˜ao da esta¸c˜ao meteorol´ogica).

Uma maneira melhor de se realizar a estima¸c˜ao do fator z0 de rugosidade seria realizar duas medi¸c˜oes a diferentes alturas e assim deduzir z0 a partir da curva log de perfil de velocidade. Dado o escopo limitado deste projeto essa medi¸c˜ao a diferentes alturas n˜ao foi realizada, mas pode ser um dos parˆametros adicionais interessantes para futuros trabalhos.

2.7.2

Lei de potˆ

encias

A lei de potˆencias representa um modelo para perfil de U (z) que segue U (z) U (zr) = ✓ z zr ◆↵ (2.18) no qual ↵ tamb´em ´e um parˆametro experimental. Existem diversas maneiras de se estimar ↵, mas a que creio que seja mais interessante ´e a proposta por Counihan[17] , que prop˜oe um ↵ em fun¸c˜ao do parˆametro z0, tal que

↵ = 0, 096log10z0+ 0, 016(log10z0)2+ 0, 24 (2.19) v´alida para 0, 001m < z0 < 10m, sendo a rugosidade z0 em metros.

2.8

Estimativas de recurso e´

olico

Ao estimar a gera¸c˜ao el´etrica em determinada usina, ao inv´es de simplesmente avaliar a potˆencia gerada por P = (1/2)⇢AU3, devemos levar em considera¸c˜ao a curva real de gera¸c˜ao do gerador, que leva em considera¸c˜ao diversas perdas aerodinˆamicas, mecˆanicas e el´etricas, 

(40)

Cap´ıtulo 2. Energia E´olica  assim como limites de opera¸c˜ao. O ponto de cut-in ´e a velocidade na qual se inicia a gera¸c˜ao, enquanto em cut-out ela ´e interrompida devido `a velocidade excessiva de vento e o eixo ´e freado para proteger os sistemas mecˆanicos e el´etricos.

Duas estrat´egias diferentes para controle de altas velocidades de turbinas se destacam quando analisamos essa curva: controle de pitch e controle stall. No controle de pitch, as p´as de uma turbina giram em pr´oprio eixo, reduzindo a sustenta¸c˜ao e assim o torque resultante. No controle de stall o desenho aerodinˆamico das p´as provoca redu¸c˜ao de torque a partir de determinada velocidade, produzindo um efeito parecido

Nota-se que ap´os ser atingida a potˆencia nominal, em turbinas com controle de pitch, h´a um platˆo de potˆencia m´axima, enquanto nas turbinas com controle por stall, h´a um decr´escimo da potˆencia nominal, at´e o ponto de cut-o↵.

Potência (k W) Velocidade de vento (m/s) Velocidade Cut-In 0 50 100 150 200 250 300 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 Velocidade Cut-out Potência Nominal

Controle por Stall Controle por Pitch

Figura 2.4: Curva de gera¸c˜ao t´ıpica de geradores e´olicos[7]

Existem m´etodos estat´ısticos para estimar a distribui¸c˜ao da velocidade de ventos, como distribui¸c˜oes de Rayleigh e Weibull, mas como temos N dados diretos de medi¸c˜oes tabelados, podemos integr´a-los numericamente para obter a gera¸c˜ao e´olica estimada. Logo, a m´edia dos dados tabelados pelo sistema ´e

¯ U = 1 N N X i=1 Ui (2.20)

(41)

U = v u u t 1 N 1 N X i=1 (Ui U )¯ 2 = v u u t 1 N 1 ( N X i=1 U2 i N ¯U2 ) (2.21) enquanto a potˆencia m´edia por unidade de ´area ´e

¯ P A = 1 2⇢ 1 N N X i=1 Ui3 (2.22)

A potˆencia m´edia da m´aquina ´e

Pw = 1 N N X i=1 Pw(Ui) (2.23)

onde Pw(Ui) ´e a potˆencia de sa´ıda definida pela curva de potˆencia de um gerador. Dessa maneira, a energia gerada por uma m´aquina ´e

Ew = N X

i=1

Pw(Ui)( t) (2.24)

que ´e o resultado que nos interessa calcular neste trabalho.

2.9

Dados para an´

alise de recursos e´

olicos

Geralmente a an´alise do potencial para instala¸c˜ao de s´ıtios de gera¸c˜ao e´olica passa por uma fase inicial de levantamento atrav´es de atlas e´olicos que s˜ao gerados por m´etodos num´ericos e algumas aferi¸c˜oes pontuais. No nosso caso brasileiro, a referˆencia principal ´e o Atlas do Potencial E´olico Brasileiro[8].

Embora sejam extremamente ´uteis, ´e necess´ario ter sempre em conta as suas limita¸c˜oes dado o escopo do trabalho: os atlas geralmente endere¸cam grandes ´areas, e n˜ao tˆem informa¸c˜oes detalhadas sobre o posicionamento de s´ıtios onde devam ser instaladas turbinas e´olicas. Al´em disso, muitas das informa¸c˜oes utilizadas para sua constru¸c˜ao s˜ao provenientes de dados aferidos com prop´ositos meteorol´ogicos e/ou de tr´afego a´ereo, e devem ser adaptadas para as estimativas de gera¸c˜ao e´olica. A Figura 2.5 mostra um exemplo de mapa e´olico da regi˜ao nordeste gerado por esses m´etodos.

A caracteriza¸c˜ao de perfis e´olicos pode ter diferentes prop´ositos como

• Instrumentos desenhados para medi¸c˜ao e caracteriza¸c˜ao de recursos e´olicos (espec´ıfico para esse uso)

• Instrumentos usado por servi¸cos de meteorologia voltada a previs˜ao de tempo • Instrumentos usados por meteorologia voltada a tr´afego a´ereo

• Instrumentos de alta freq¨uˆencia de amostragem para determinar rajadas, turbulˆencias, e gradientes para analisar respostas de turbinas

(42)

Cap´ıtulo 2. Energia E´olica 

Figura 2.5: Potencial e´olico na regi˜ao nordeste do Brasil de acordo com o Atlas do Potencial E´olico Brasileiro[8]

(43)

Para cada tipo de aferi¸c˜ao e´olica o instrumental utilizado assim como as alturas das torres meteorol´ogicas s˜ao diferentes. Embora a esta¸c˜ao utilizada em nosso sistema n˜ao seja ´otima para nenhum dos casos citados e seja desenhada para uso amador, seu baixo custo e f´acil disponibilidade no mercado a fazem candidata para os prop´ositos deste trabalho. Caso seja necess´aria maior precis˜ao das aferi¸c˜oes (vide Tabela 3.6 para precis˜ao dos sensores da esta¸c˜ao WH1080), este trabalho poderia ser estendido para outros fabricantes e modelos com diferentes excurs˜oes de valores, exatid˜ao e precis˜ao.

Embora geralmente para estimar recursos e´olicos os anemˆometros sejam instalados de 20 a 150m de altura, no nosso caso a esta¸c˜ao foi instalada a 5m de altura, pr´oxima `as esta¸c˜oes da Embrapa e do Cepagri na Unicamp.

(44)

Cap´ıtulo

3

Sistema de aquisi¸c˜ao de dados

3.1

Arquitetura

Figura 3.1: A esta¸c˜ao meteorol´ogica WH1080, o hub e suas conex˜oes

A arquitetura do sistema constru´ıdo segue o seguinte princ´ıpio: a informa¸c˜ao ´e coletada nos sensores S1, S2, ..., Sn conectados ao hub atrav´es da interface USB. Hoje, os sensores presentes s˜ao os dispon´ıveis na esta¸c˜ao meteorol´ogica WH1080, mostrada na Figura 3.1.

O hub por sua vez agrega estas informa¸c˜oes e as transmite periodicamente para o servidor atrav´es de uma conex˜ao com a Internet. Quando n˜ao ´e poss´ıvel realizar esta conex˜ao, os dados podem ser armazenados em um cart˜ao de mem´oria SD e posteriormente transmitidos quando a conex˜ao for estabelecida. O hub tamb´em depende da internet para sua sincroniza¸c˜ao de rel´ogio

(45)

com os servidores NTP1.

As transmiss˜oes de dados para o servidor s˜ao sempre iniciadas pelo hub cliente, e um script CGI2escrito na linguagem Python ´e executado a cada requisi¸c˜ao. Esses scripts s˜ao respons´aveis,

entre outros aspectos, pela inser¸c˜ao dos dados no banco de dados, que ´e uma instˆancia do PostgreSQL3. Estes servidores s˜ao mostrados na Figura3.2 com o nome Capture Server.

J´a o aplicativo de interface com usu´ario foi contru´ıdo sobre a arquitetura Vaadin4. Esta

arquitetura permite que programas para a web sejam escritos em Java da mesma maneira como seriam escritos para desktop, fazendo a comunica¸c˜ao entre cliente e servidor transparente para o desenvolvedor. Na Figura 3.2 este aplicativo ´e mostrado no bloco Presentation Server.

Entre os dois blocos citados est´a o banco de dados (DB), que armazena os dados provenientes do Capture Server e permite consultas de diferentes formatos pelo Presentation Server.

Essa arquitetura permite que tenhamos snservidores tanto para captura como para interface com usu´ario com o mesmo banco de dados. Na ocasi˜ao do banco de dados estar no seu limite de capacidade de funcionamento e queda de performance, podemos criar bancos de dados espe-lhados ou adotar outras medidas para melhorar sua performance, mas isso n˜ao ser´a necess´ario para o escopo inicial deste projeto.

No software de interface com usu´ario desenvolvido (Presentation Server ), ´e apresentada uma tela com os mapas do Google Maps na qual os marcadores s˜ao as esta¸c˜oes meteorol´ogicas associadas ao sistema. Quando estes marcadores s˜ao clicados, uma tela com dados em tempo real e hist´oricos ´e apresentada. O sistema pode ser acessado via o site http://www.bhuunet. com/bhuuapp5. A Figura3.19 mostra uma captura de tela deste sistema.

3.2

Hub

Para o hardware do hub foi aproveitado o desenvolvimento previamente dispon´ıvel e parci-almente abandonado pelo projeto Bhuu6, mas que carecia de firmware para seu funcionamento.

Este hardware ´e baseado no microcontrolador PIC32 de 32 bits. Ele possui tamb´em um controlador CAN, um controlador ETHERNET7 um conector para cart˜oes SD que podem ser

acessados via SPI8. No hardware tamb´em est´a dispon´ıvel um m´odulo Zigbee, mas ele n˜ao foi

utilizado nesta fase do desenvolvimento do prot´otipo. Futuramente seria interessante ativ´a-lo para que sensores possam se conectar ao hub sem a necessidade de fios.

1Network Time Protocol 2Common Gateway Interface 3http://www.postgresql.org 4http://www.vaadin.com

5A ´epoca da publica¸c˜ao deste trabalho a interface com o usu´` ario (UI) apresentava lentid˜ao devido `a grande

quantidade de pontos coletados. Uma nova vers˜ao dessa interface pode ser no futuro adaptada para essa quan-tidade de dados. Todas as an´alises quantitativas deste trabalho foram feitas o✏ine, independentemente da UI

6O projeto Bhuu ´e uma iniciativa sem fins lucrativos que tem como objetivo distribuir esta¸c˜oes meteorol´ogicas

em diversas regi˜oes do globo e ser uma fonte independente de informa¸c˜oes clim´aticas focada na intera¸c˜ao do grande p´ublico com a meteorologia atrav´es de redes sociais

7O padr˜ao ETHERNET geralmente ´e utilizado em conjunto com o popular padr˜ao de “cabeamento azul”

CAT5.

8Serial Peripheral Interface Bus

(46)

Cap´ıtulo 3. Sistema de aquisi¸c˜ao de dados 

(47)

Figura 3.3: Arquitetura multi-servidor balanceada do sistema de captura “Bhuu”

(48)

Cap´ıtulo 3. Sistema de aquisi¸c˜ao de dados  Para o desenvolvimento de software ´e necess´aria a instala¸c˜ao do ambiente de desenvolvimento do fabricante, chamado MPLAB. H´a tamb´em uma vers˜ao mais moderna dispon´ıvel chamada MPLABX, mas na ´epoca do desenvolvimento deste sistema (2011–2013) ele ainda era inst´avel e apresentava problemas em sua interface com o programador e o debugger.

Essencial para o desenvolvimento do firmware tamb´em s˜ao as bibliotecas fornecidas pelo fa-bricante do microcontrolador que permitem a utiliza¸c˜ao de sistemas de arquivos (FAT9, FAT32),

dispositivos externos `a CPU (controlador ETHERNET), protocolos de comunica¸c˜ao TCP10,

IP11, NTP12 e USB, dentre outras. Estes recursos foram amplamente utilizados.

3.3

Aspectos gerais de Firmware

O firmware foi constru´ıdo como um sistema n˜ao preemptivo. A pr´opria pilha USB fornecida pelo fabricante n˜ao necessita de um RTOS, e isto reduz as complexidades inerentes `a interrup-¸c˜ao de processos concorrentes como rela¸c˜oes inter-processos e dispositivos compartilhados. N˜ao utilizar um RTOS tamb´em traz a vantagem de ter como resultado um sistema mais determi-n´ıstico. O cuidado que se deve ter ao desenvolver esse tipo de sistema deve ser que uma tarefa nunca deve consumir a CPU por um tempo arbitrariamente longo, como esperar um input do usu´ario ou do servidor. Geralmente estes problemas relacionados `a espera de um agente externo s˜ao contornados por m´aquinas de estado, sendo que a mais emblem´atica delas ´e a m´aquina de estado da aplica¸c˜ao de cliente que envia os dados do hub para o servidor atrav´es do protocolo TCP/IP.

A Figura3.4mostra o funcionamento deste sistema, na qual ´e representado um loop principal. Neles est˜ao inseridas:

1. as atividades da pilha USB e da Pilha TCP/IP, que s˜ao m´aquinas de estado que devem ser executadas periodicamente.

2. Upload de dado instantˆaneo: esta rotina tenta enviar o instantˆaneo de todas as medi¸c˜oes periodicamente para o servidor. Caso ela n˜ao consiga enviar o pacote por algum problema na conex˜ao, ela ir´a guardar o dado em um arquivo local.

3. Upload de dado em arquivo: se houver um arquivo no hub e a conex˜ao estiver ativa, esta rotina enviar´a os dados deste arquivo para o servidor e em caso de sucesso da transmiss˜ao, apagar´a os dados da mem´oria.

4. Download de firmware: esta rotina faz o download de um novo firmware quando ele se encontra dispon´ıvel no servidor do Bhuu. Um script deve ser atualizado no servidor para que informe as esta¸c˜oes de que uma nova vers˜ao de firmware est´a dispon´ıvel.

9File Allocation Table

10Transmission Control Protocol 11Internet Protocol

(49)

5. Atualiza¸c˜ao de firmware: este servi¸co verifica atualiza¸c˜oes de firmware, e faz o download desta nova imagem no cart˜ao. Ainda n˜ao foi implementado um bootloader que fa¸ca a atualiza¸c˜ao do software do hub a partir desta imagem, mas este recurso ´e previsto.

Figura 3.4: Principais fun¸c˜oes do programa (firmware) em execu¸c˜ao no hub

3.4

Interface de Mem´

oria SD

A Figura 3.5 mostra as conex˜oes el´etricas do esquema el´etrico, ligando as E/S de dados do cart˜ao SD diretamente ao microcontrolador, no controlador SPI.

Na constru¸c˜ao f´ısica deve-se atentar ao padr˜ao microSD, que tem uma pinagem ligeiramente diferente do cart˜ao SD regular. Segue na Figura 3.2 um exemplo das conex˜oes de ambos os cart˜oes de mem´oria.

H´a diversos parˆametros que devem ser configurados tanto para a inicializa¸c˜ao do controlador SPI como os parˆametros do sistema de arquivos. Tamb´em foram feitas algumas altera¸c˜oes nas biliotecas originais do fabricante para atender ao desenho do hardware, mas especificar este n´ıvel de detalhes foge ao escopo de trabalho. Ap´os a configura¸c˜ao correta, a inicializa¸c˜ao e opera¸c˜ao do cart˜ao SD ´e toda atrav´es da API de acesso ao sistema de arquivos, que ´e muito semelhante `as bibliotecas padr˜ao para acesso a arquivos em um computador de mesa.

A interface SPI ´e um protocolo serial s´ıncrono criado pela Motorola que opera em modo full-duplex, ou seja, bidirecional simultˆaneo. Geralmente utilizado para um circuito integrado mestre para se comunicar com alguns poucos escravos dentro do mesmo dispositivo. O SPI ´e um protocolo simples que possui quatro conex˜oes, a saber:

• SCLK: Serial Clock (output from Master)

• SDI/MOSI: Serial Data In/Master Output Slave Input

(50)

Cap´ıtulo 3. Sistema de aquisi¸c˜ao de dados 

Figura 3.5: Conex˜oes el´etricas do cart˜ao de mem´oria SD

(51)

• SDO/MISO: Serial Data Out/Master Input Slave Output • CS/SS: Chip Select/Slave Select

A comunica¸c˜ao ´e iniciada pelo circuito integrado mestre (no nosso caso o microcontrola-dor) atrav´es da habilita¸c˜ao de um sinal de CS, e ent˜ao ´e produzido um sinal de rel´ogio em SCLK dentro dos parˆametro aceit´aveis pelos escravos (no nosso caso o cart˜ao SD). A partir da sequˆencia de inicializa¸c˜ao do cart˜ao SD, ´e poss´ıvel haver dados trafegando em SDI e em SDO. A transmiss˜ao se enc.a com a parada dos pulsos de CLK e suceptiva desativa¸c˜ao do sinal de CS. O sistema constru´ıdo ´e capaz de ler cart˜oes de mem´oria SD (Secure Digital ). A leitura e escrita ´e feita numa parti¸c˜ao FAT32 ou FAT16 neles existente. S˜ao seis os sinais para a comunica¸c˜ao entre o micro-controlador e o cart˜ao de mem´oria

Quadro 3.1: Sinais de comunica¸c˜ao do cart˜ao de mem´oria Sinal SD Correspondente SPI Nome (SD)

CS SS Card Select

DI MOSI Data Input

DO MISO Data Output

SCLK SCLK Interface Clock

CD Card Detect

WP Write Protection

A transmiss˜ao de dados o corre j´a descrita, com o acr´ecimo opcional dos sinais de detec¸c˜ao de cart˜ao CD e prote¸c˜ao de escrita WP, que detectam a inser¸c˜ao do cart˜ao e impedem a grava¸c˜ao. Esses sinais adicionais n˜ao foram utilizados.

3.5

Interface USB

A interface USB (Universal Serial Bus) ´e consideravelmente mais complexa que os antigos padr˜oes RS232, RS485 ou SPI. Isso porque o USB al´em de sua interface f´ısica, tem uma in-terface l´ogica de endere¸camentos de dispositivos e reconhecimento autom´atico (o conceito de plug-and-play). Apesar disso, ´e importante entender o funcionamento deste protocolo para re-alizar a interface com dispositivos como a esta¸c˜ao meteorol´ogica utilizada. Isso se d´a pois na ausˆencia de manuais detalhados, com frequˆencia ´e necess´ario fazer engenharia reversa a partir das transmiss˜oes que acontecem entre o dispositivo e um PC. Esta comunica¸c˜ao ´e interceptada por programas espec´ıficos, detalhados `a frente.

Esta se¸c˜ao do trabalho ´e basicamente uma parafraseamento do conte´udo da documenta¸c˜ao USB[18], da documenta¸c˜ao da Classe Human Interface Device (HID)[19] e do documento USB In a Nutshell[20]. N˜ao ser˜ao feitas referˆencias singulares, mas nestes trˆes documentos pode-se encontrar grande parte do material aqui descrito.

O protocolo USB foi concebido com a finalidade de se fazer daisy-chaining de dispositivos, ou seja, ligar um no outro, reduzindo o n´umero de cabos necess´ario. Entretanto ele ´e inerentemente um protocolo com topologia de estrela e assim, os dispositivos USB s˜ao geralmente ligados a um hub central e n˜ao disp˜oe de sa´ıdas para outros dispositivos.

(52)

Cap´ıtulo 3. Sistema de aquisi¸c˜ao de dados 

(53)

3.5.1

Interface f´ısica

O padr˜ao USB admite em um hub at´e 127 dispositivos, sendo que podemos ligar um hub a outro, aumentando a capacidade de dispositivos conectados ao mesmo barramento. O hub tamb´em ´e respons´avel pela alimenta¸c˜ao de seus dispositivos, e de fato, muitos deles como mouses e teclados fazem uso somente desta fonte de energia. Este tamb´em ´e o nosso caso, pois o receptor de r´adio da esta¸c˜ao meteorol´ogica embora possa ser alimentado a baterias, tamb´em pode ser alimentado somente via USB.

Figura 3.8: Tipos de conectores USB – Adaptado de [10]

Figura 3.9: Codifica¸c˜ao f´ısica dos sinais USB – Adaptado de [10]

A Figura 3.8mostra os tipos de conectores USB comuns. H´a tamb´em um padr˜ao para a cor dos fios nos cabos e pinagem dos conectores, que ´e apresentada na Tabela 3.2.

Na Figura 3.9 os sinais el´etricos, a codifica¸c˜ao NZRI13, os dados resultantes e a divis˜ao dos

pacotes enviados ´e mostrada. Vemos nesta figura o “come¸co dos pacotes” que ´e um sinal de sincronia, “o identificador do tipo de pacote (PID)” e o “fim do pacote”, que tem um sinal NZRI n˜ao definido (ambos os sinais D+ e D– em zero por dois per´ıodos de bits).

13Non-Return-to-Zero Inverted – Quando h´a invers˜ao do n´ıvel do sinal (transi¸c˜oes 0

! 1 ou 1 ! 0) temos um 0 l´ogico. Quando o sinal permanece igual (0! 0 ou 1 ! 1) temos um 1 l´ogico.

Referências

Documentos relacionados

Many more European associations, consortia and networks are operating at a transnational level: just to mention a few of them, the Association of European Correspondence

Para se buscar mais subsídios sobre esse tema, em termos de direito constitucional alemão, ver as lições trazidas na doutrina de Konrad Hesse (1998). Para ele, a garantia

Neste tipo de situações, os valores da propriedade cuisine da classe Restaurant deixam de ser apenas “valores” sem semântica a apresentar (possivelmente) numa caixa

Distribuições das deformações ao longo da sobreposição de uma junta com t = 5 mm e L = 12.5 mm, obtidas por modelos de EF com análises elasto-plásticas para a carga de

A presente investigação teve como objetivo geral o estudo dos fatores de risco e de proteção internos e externos utilizados perante a violência social, nomeadamente o bullying

Os testes de desequilíbrio de resistência DC dentro de um par e de desequilíbrio de resistência DC entre pares se tornarão uma preocupação ainda maior à medida que mais

As pontas de contato retas e retificadas em paralelo ajustam o micrômetro mais rápida e precisamente do que as pontas de contato esféricas encontradas em micrômetros disponíveis

Os casos não previstos neste regulamento serão resolvidos em primeira instância pela coorde- nação do Prêmio Morena de Criação Publicitária e, em segunda instância, pelo