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Zero, 2010, ano 28, n.3, jun.

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Texto

(1)

iça0

espec�

a

COPA DO MUNDO

2010

2006

o

esperado

show do

quadrado

mágico

brasileiro,

composto

por

Kaká, Ronaldinho,

Adriano

e

Ronaldo,

deu

lugar

ao

constrangimento

pelas

formas

arredon­

dadas deste último, A

chegada

do

astro

acima

do

peso

à

Alemanha

era

uma

versão

em

mais

carne

que

osso

de

uma

linha do

trabalho

do colombiano

Fernando Botero:

o

inchaço

dos

corpos

de

figu­

rões,

criticando de

forma

satírica

seus

egos inflados

e

inconsequentes.

Não

que não

pudesse

haver

beleza

na

gordura,

que Ronaldo

marcou

três

gols

e se

..

tornou

o

maiorartitheiro

da

história

das

Copas,

Pouco,

porém,

para.

leVar

o

Brasil

além

das

quartas,

deixando

o

título

com

os

esbeltos italianos,

A

Copa

do Mundo

fugiu

pela primeira

vez

do eixo

Europa-América,

aportando

na

Ásia

-Japão

e

Coreia

do

Sul foram

os

anfitriões.

O ocidente €Joirou

em

contato

com uma

nova

forma

de

ver

o

fut€Jbol,

encantando-se

com o mar

vermelho da

torcida

coreana,

qU€J

empur­

rou

seu

desacreditado time

até

a

semifinal, O

Japão

não foi tão

longe,

mas

viu

a

explosão

mundial

da

sua

cultura

a

partir

dos

anos

2000,

com

termos

como

mangá,

anime, toy-art,

cosplay

e,

por

que

não,

sushi sendo

incorporados

ao

vocabulário

pop,

Além

disso,

em

2010,

você

provavelmente

irá

no

seu

carro

coreano

até

a

casa

de

um

amigo

ver

os

jogos

numa

TV

japonesa,

Ou

vice-versa,

né?

Especial

Por trás

das

cinco

estrelas

A

polífica,

a

economia,

as

crises,

os

favorecimentos,

os

fatos. O

contexto e a

análise dos

anos

de

glória

do

futebol

brasileiro

Política

Nem sempre

o

futebol

é

o

mais

importante

nas

Copas

Alguns

jogos

entraram para

história

pelo

cenário

político

fora

de campo

Entrevista

Cacau Menezes

está

em

Joanesburgo

o

colunista

do

Grupo

RBS,

que

está

em sua sexta

Copa

do

Mundo,

comenta os no­ vas desafios na

cobertura do

maior

evento

esportivo

do

planeta

(2)

21

Opinião

Florianópolis, junho

de2010

Destaques

da

edição

Brasil

e

África

do Sul

enfrentam

desafios

parecidos

Além dos dois

países

sedes da

Copa

do Mundo

possuírem

semelhanças

históricas e

sociais,

ambos lutam contra

problemas

de

infraestrutura,

transporteecriminalidade similares.

página

4

Os

problemas

econômicos

de

sediar

um

grande

evento

Dois anos

depois

de receber a

Copa

do

Mundo,

o Brasil também será

palco

dos

Jogos

Olímpicos.

O retorno do investimento

pode

nãoser

aquele

que esperamos.

página

5

Brasileiros que detestam

a

Copa:

sim,

eles

existem!

Para

algumas

pessoas,os

próximos

30 diasserão umverdadeiro inferno. Confirao que elas pensam

sobreoeventomais

aguardado

doano no

país

e o que

pretendem

fazerpara

fugir

dessa febre.

página

12

i

Uma

religião

que

explica

o

regime

do

apartheid

Como o fundamentalistmo

religioso

dos africânderes ditou. a

política

na

África

do

Sul,'

�esultando

em42 anosde

opressão,

desigualdade

e racismo.

página

11

Copa

e

tendências da moda

se

encontram

na

África

do Sul

Além dotorneiode

futebol, Joanesburgo

tambémserá

sede do Africa Fashion Week. Moda docontinentese

espalha

pelo

mundoe

inspira

artistas.

página

15

zÉllo

JORNALLABORATÓRIO

ZERO Ano XXVIII- N° 2 -Junho de 2010

Universidade Federal de Santa Catarina- UFSC

Fechamento: 14 dejunho Curso de Jornalismo -CCE -UFSC -Trindade Florianópolis -CEP 88040-900

MelhorPeçaGráfica

I, II,III,IV,VeXISet Universitário 1 PUC-RS

(1988,89, 90, 91,92e98)

Melhor Jorna!-LaboratórionoIPrêmio Foca Sindicato dos Jornalistas de SC 2000 3° melhor Jornal-Laboratório do Brasil EXPOCOM 1994

Tel.: (48)3721-6599/3721-9490

Site: www.zero.ufsc.br E-mail:zero@cce.ufsC.br

EDITORIAL

Zero

em

ritmo

de

Copa

remos

é

saber de

futebol-arte.

Mer­

gulhe

nas

páginas

internas

e

descu­

bra

como a

Copa

se encontracom a

moda,

quais

são

os

desafios que

nós,

brasileiros,

vamos encontrar

da­

qui

quatro

anos,

quando chegará

a

nossa vez

de sediar

umevento

de

tal

porte.

Para

ajudar

a

assimilar tudo

isso,

nada melhor

que

compreender

como o

futebol

explica

o

mundo.

Leia

a

resenha de

nossa

repórter

Mariana

Porto

e

descubra

como

22

machos

cor­

rendo

atrás

de

uma

bola

pode

nos

fazer

entender

muitas

Meses

antes

de

começar

a

Copa

do

Mundo,

o

assunto

estava nas

páginas

de todos

os

jornais

ena

pro­

gramação

de

todas

as

emissoras

de

rádio

e

televisão.

A

cobertura é ba­

seada

no

cotidiano das

seleções,

no

encadeamento dos

grupos,

nas

listas

de

jogadores

convocados,

nos

possí­

veis

grandes confrontos,

no

ambien­

te

que espera

as

delegações.

Enfim,

é

a

cobertura

padrão,

que

tem

de

ser

feita.

Uma

enxurrada

de

informações.

para

você,

leitor.

Por

que

então dedicar

uma

edição

inteira

do

Zero,

jornal

conhecido

por

sua

inovação

e

combativi­

dade,

a um assunto

tão

batido?

Decidimos

entrar

nessa,

primeiramen­

te,

porque

Copa

do Mundo de fu­

tebol,

mais

do que

nunca,

é

sinônimo

de

festa.

E

o

que não

falta

em nossa

redação

é

gente

disposta

a

partici-par de

uma

boa festa.

Esta

é

uma

Copa única,

a

primeira

em

solo

afri­

cano.

Está

sendo

disputada

em um

país

marcado

até pouco

tempo

pelo

apartheid, política

segregacionis­

ta

que

tem suas

raízes

na

religião,

comomostra a

matéria de Nathalia

Carlesso.

Queremos

mostrar

para

você, leitor,

aquilo

que não

foi dado

na

imprensa

tradicional.

E

isso,

vol­

tando

à

questão

da

escolha,

sempre

foi

um

dos

pilares

de

nosso

querido

jornallaboratório.

Para

começar, nada de capa

e

contracapa

tradicionais.

Nós

que-coisas.

"Mas,

e eu

que

odeio

futebol?",

deve

estar se

perguntando

o nosso

leitor

que

compõe

um

quarto

da

.

população

do

país,

segundo

as

pesquisas.

Cal­

ma,

o

mundo

não

está

perdido.

Pre­

paramos

uma

parte

especialmente

para

você. Vá para

a

página

12

e-veja

que

temos

repórte­

res com

preferências

iguais

as suas

contribuindo

nesta

edição.

E

para

a

felicidade da mulherada também

separamos

uma

página

com os mu­

sos

do

torneio.

Nas

páginas

centrais,

o

"filé

mig­

non"

do

jornalismo,

uma

linha do

tempo

mostra o contexto

histórico

das

edições

em

que

conquistamos

nossas

cinco

estrelas.

A

esperança

é

de

que possamos

vir

para

2014

com

mais

uma

estrela

no

peito.

Confira

aqui

ao

lado onde

encontrar

cada

uma

de

nossas

reportagens.

Boa

lei­

turae

boa torcida!

REDAÇÃO

AlessandraLopesFlores,AnaClaraMontez,BrunoVolpato,DanielaFerreira,Felipe Machado, Felipe Sato,FernandaBurigo,FranciscoDantas,MarconeTavella,Maria LuizaGil,MarianaPorto,Nathalia VieiraCarlesso,RafaelBalbinotli,RafaelHertel,Rayani Santos,Verônica Lemus

EDiÇÃO

CapaeContra capa Bruno

Voipato

Opinião Leonardo Gorges Entrevista Bruno Volpato Impasses Cinthia Raasch Economia Gabriela Cabral C&T Daniel LudwichEspecial Alessandra Flores e Maria Luíza Gil Política

Marcone Tavella

Exportação

LuízaFregapaniSociedade Marcone Tavella Do Contra Mariana Porto Cul­

turaCinthiaRaasch, Mariana Porto Beleza Natália Izidoro Moda Natália Isidoro ImagemFábioQueiroz,

FelipeMachado, Nathale Ethel Fragnani FOTOGRAFIA Carolina Dantas

EDITORAÇÃO

Alessandra

Flores,Ana ClaraMontez,CinthiaRaasch,Daniel Ludwich,FelipeMachado, FernandaBurigo, Jacqueline deCarvalhoMoreno,JoiceBalboa,MarconeTavella,Maria LuizaGil,MarianaPorto,Marina MartiniLopes,

Natália Izidoro, Nathale Ethel Fragnani, Nathalia Vieira CarlessoINFOGRAFIA Maria LuizaGil,

Rogério

Moreira Júnior PROFESSOR-COORDENADOR Jorge KanehideIjuim MTb/SP 14.543COORDE­

NAÇÃO

GRAFICA

Sandro LauriGalarçaMTb/RS 8357MONITORIAGabrielaCabral,Juliana Passos

APOIOPEDAGÓGICOGabrielle Bitlelbrun

IMPRESSÃO

Diário Catarinense

CIRCULAÇÃO

Nacional

(3)

Florianópolis. junho

de2010

Entrevista

I

3

Para Cacau Menezes faltam

playboys

noelenco da

Seleção

de

Dunga

,

Um manezinho

na

Africa

Com

54

anos,

colunista

do

Grupo

RBS,

em

Florianópolis,

Cacau

Menezes

está

em

sua

quarta

Copa

do Mundo

como

enviado

especial.

Com

a

missão

de

produzir

diariamente

material para

rádio,

TV, impresso.

e

online,

o

manezinho

fala sobre

os

desafios

da

cobertura,

critica

a

falta de

playboys

no

elenco de

Dunga

e

comenta

as

condições

brasileiras para sediar

o

evento

em

2014

ZERO:

você

Quantascobriu?

Copas

do Mundo

Assisti à

Copa

da

Espanha

em

1982, mas, mesmo

estando naRBS, nãotrabalhei.Fuicomoturistaefoi amelhor

viagem

da minha vida.

Depois

fui à

Itália

(1990),

tambémcomoturista. Comeceia

trabalharna

Copa

dos Estados Unidos

(1994)

e,em 1998,fuiparaa

França.

Medeixaram de forano

Japão

eCoreiadoSul

(2002).

Volteia serconvocadoem

2006,

na

Alemanha,

eagora vouparaa

África

do Sul.

Qual

foiomelhor Mundial para você? Semdúvidas foioda

Espanha,

em1982.O time eraexcelentee eu�m

jovem

mochileiro.

E

qual

é a suamelhor

lembrança

de

Copa

do Mundo?Ea

pior?

São muitas boas

lembranças.

Até

pensei

em

escrever um livro.

fizo diaboem

Copas.

A

pior

foi

perder

paraa

Itália,

em

Barcelona,

e

voltar pracasaandando do estádioatéohotel uniformizado de

brasileiro,

vendo afesta dos italianos.Foiumdia

triste,

quecontrastoucom uma

viagem

depura

alegria.

Qual

vai ser o seu trabalho na

África

do

Sul?

Vou fazer boletins para as rádios Atlântidae CBN

Diário,

aminha

coluna,

o

blog,

o

Jornal

do

Almoço

e

algumas

partícipações

noRBS No­

tíciasenoPretinho

Básico,

paraosdois'esta­

dos. Tudoissosemfalara

língua

dos homens. Tácompena de

mim,

brother?

Como seráo seudia-a-dia?

Qual

é o

pla­

nejamento?

Mepreocupoem

cumprir

os

horários,

escrever,

procurar notícia

boa, filmar, editar,

correratrás

depautas,buscarodiferente.Vaiserestressan­

te,masdivertido.

Copa

do Mundoéum

desafio,

masnãoprometonada de

especial.

Naverdade

estou

procurando

aindanão viver torneio. Vou

deixara

Copa

para

quando

elacomeçar. Seutrabalhona

África

do Sul inclui pro­

curar

opções

de lazer?

Omeutrabalhosempreesteve

ligado

aolazer

porque trabalhomedivertindo.

Sempre

procu­ ropor

música,

pessoas,

bares,

praças,eventos,

festas....Essaéaminha vida.

As notícias sobreafalta de segurançano

país

sedete

preocupam?

Tenho recebido

informações

de

Joanesburgo

nada

tranquilas.

Vamos paraaguerra,tentan­

do

fugir

dos assaltosacadainstante.Achoque

teremossegurançano hotel e nos

estádios,

o

restovaiserloteria.Massaberemos onde

pisar.

Comoficaa suacolunanoDiário

Catari-nenseduranteo evento? Ea

participação

no

Jornal

do

Almoço?

O

jornal

do

Almoço

será

reduzido,

pois

have­

rámuitos

jogos

nohorário.Masvamosentrar

diariamente.A

prioridade

éa

Copa

e aempresa investiu

R$

4 milhões paranosterlá. NoDC, muitasnovidades:o

jornal

estámaischarmoso

ecriativo. Vai

surpreender

com umacobertura

digna

dos

grandes

jornais.

oque

muda,

em

relação

àsoutras

Copas,

naestruturaqueo

Grupo

RBSestá levan­ do paraesta

edição?

Mudaquasetudo.

Agora

seráa

Copa

daInter­

net.

Imagens

para

televisão,

blogs, clicRBS,

colunas,

textos,

rádios, Skype,

tudo é muito

moderno e

pela

In-ternet.

Reforçamos

a cozinha. Teremos

novos

equipamentos

e mais

operadores

de câmera e técni­ cos. Foi montado

um estúdio

próprio,

no mesmo espaço físico da

Globo,

no Centro de

Imprensa

de

Joanesburgo.

É

um

lugar

onde eu

gostomuitode estar,

depois

dos estádios.

Aliestãoos

jornalistas

do mundo

todo,

éum

show de

tecnologia

e

ostentação.

Agentesóem ver

seassusta,masémaravilhoso.ARB£-terá

a

segunda

maior

equipe

de

imprensa

do Brasil

naÁfrica.

nalista.Mas,no

futebol,

o fator

opinião

ajuda

muito. Na

falta

de

notícias,

aturmacostuma

dar

opinião.

É

o quetodo brasileiro faz com maestria.

Aqui

somostodos

técnicos,

torcedo­

res ecorneteiros.

Como você analisa a

Seleção

Brasileira

quevaiparaa

África?

OBrasil sempre bota medo nosadversários e

sempre

éofavorito.Vamoscom umtimede pe­

gada,

mas eu

preferia

a

pegada

mescladacom a

molecagem,

ehabilidade.

Neymar,

Ganso e

Ronaldinho Gaúcho estariam no meu time. Vão fazer falta. Temos muitos

operários,

mas

precisamos

de

algunsplayboys.

Deque forma você

torce

pela Seleção

Brasileira?

Souumtorcedor crí­

tico. Vaio

quando

o

time não está

jogan­

do

bem,

as

mudanças

erradasdo

técnico,

a

falta de

empenho

de

alguns

craques, mas

grito

e

pulo

com um

gol

bonitoe umavitó­ ria convincente. Sou

louco

pela Seleção.

Na

hora do

título,

como

em

94,

saidecena e

fiquei

sozinho

chorando,

refletindo,

dando a missão como

cumprida.

"O tutenot

nãn

tem

língua.

Meu

público

é

o

brasileiro.

E

quem

tem

boca vai

a

Roma.

No

meu

caso,

estou

indo

à

Copa"

Quantas

pessoas daRBSvãotrabalharna

Copa

do Mundo de20tO?

O grupo todo tem 22 membros. Nossa reta­

guarda

terá

pelo

menos200

profissionais,

nos

dois estadose nomundo todo.

Comovocê consegue cobriruma

Copa

sem

terconhecimento de

línguas

como o

inglês

e o

espanhol,

por

exemplo?

Passoupor al­ guma dificuldade

quanto

aisso?

Ofutebolnãotem

língua.

Meu

público

éobra­

sileiro.EquemtembocavaiaRoma. Nomeu caso,estouindo à

Copa. É

muito mais

difícil,

masnãoé

impossível.já

provei

isso.

Qual

éa

relação

da

imprensa

com aCBF

e com a

Seleção

Brasileira durante uma

Copa

do Mundo?

Muito ruim.

Privilégio

épara a Rede Globo.

Dunga

nãogostados

jornalistas

quenão gos­

tamdo

Dunga

e,

pelo

visto,nãohaveráabertu­

ra.O

presidente

RicardoTeixeiramanda pouco notime. Vaiserdifícil

trabalhar,

masénessas

condições

queos

profissionais

sediferenciam.

Quanto

mais

difícil,

melhor éparaobom

jor-Tem

alguma

coisa que você sempre leva paraas

Copas?

Algum objeto? Alguma

su­

perstição?

Nada.Voucom umnotebooke comDeus.

Você consideraoBrasilprontopara sediar

uma

Copa

do Mundo?Evocê espera cobrir a

Copa

de 20t4?

Vaificarprontonahoracerta.Sea

África

fez,

podemos

também.Oque

precisamos

édees­

tádios e segurança

pública,

oresto

temos:

torcedores

apaixonados,

mulheres

lindas,

espí­

ritofesteiroetarapor futebol.Somosdaterra

dorei

Pelé,

da

batucada,

da

cachaça,

do cafée

doMaracanã.

Quanto

acobri-la...

Espero

estar

vivo. Prometique levariameufilho

(Manoel)

a

uma

Copa

do Mundo.

Comovocê analisaaausência de Florianó­

polis

entreassedes do mundial?

Umerrode

avaliação

da

Fifa,

que deixou de foraacidademais

querida

do Brasil.Aomesmo

tempoum

prêmio

aodescasocomqueo assun­

tofoi tratadopornossasautoridades.

MarconeTavella marconetavella@zero.ufsc.br ., • " ,,'j

ZERO

" ' f. • � � : (, ) '-., ,,

(4)

41

Impasses

Florianópolis,

junho

de 2010

Sedes

enfrentam

desafios semelhantes

Violência,

falta de infraestrutura

e

transporte

deficitário são

problemas

comuns

entre

África

do

Sul

e

Brasil

para

Copa

Aescolha daÁfricado Sul para sediar omundial de 2010 foiummarcohistóri­ co.Pelaprimeiravez aCopavai acontecer

em um

país

africano.Aconquistafoi fru­

toda alternânciaentreoscontinentesna escolha das

sedes,

procedimento

extinto

pela

Fifaem 2007.

Segundo

o

presíden­

te da

entidade,

Joseph

S.

Blatter,

"sema

adoção

do

princípio

do rodízioissónunca

teriasido

possível.

Demoroumuito,mas

finalmente faremos

justiça

aocontinente africano por tudooque ele fez

pelo

fute­ bolno

passado".

Umdosmotivosparao fim darotaçãoseriaacandidatura única do Brasil paraaCopade

2014,

que deve­

ria terconcorrido com outros

países

da América do Sul. O último

país

"pobre"

a sediaroeventofoioMéxico,em

1986;

nos anosseguintes acompetição passou por

Itália,Estados

Unidos,

França,

Coréia/Ja­

pãoeAlemanha.

A

campanha

daÁfrica do Sul para

sediaromundial de 2010 começou

após

aderrota para receber aCopade2006.

Na

época,

o

país perdeu

por 12 votosa

11 para a Alemanha. Foi uma

eleição

controversa,porque aNovaZelândiase

absteve,

o que ocasionou a vitória do

país

europeu. Casoocorresse umempa­

te, adecisão caberiaa

Blatter;

que era

favorável à na.ção africana. O revés do

país

africanomotivou aFifa ainstituir

o rodízio. Na

eleição

seguinte, para a

Copade 2010,que de antemãosesabia que ocorreria no continente

africano,

concorreramÁfricado Sul,'Marrocos e

Egito.No dia 15 demaio.de

2004,

opre­ sidente da Fifa anunciou que o

país

de Nelson Mandelaseriaasededo mundial.

AÁfricado Sul recebeu 14 votos,contra

dez recebidos

pelo

Marrocose nenhum

pelo

Egito.

Semelhanças

Enquanto aÁfricado Sul possui 50

milhões de

habitantes,

o Brasil

possui

193 milhões.Ambos

foram

colonizados

por europeus; o primeiro por

ingleses,

holandeses,

alemães e

franceses,

entre outrospovos,e o

segundo

por

portugue-Soccer

City,

em

Joanesburgo,

que saiu por

R$

800

milhões,

passou112%do

orçamento.

Todososestádios

juntos

custaramdezvezesmais queo

previsto

ses.Osdois

países

passaramnahistória

recentepormomentos

políticos

contur­

bados. O Brasil

pela

ditadura

militar,

entre

1964

e 1985.AÁfricado Sul

pelo

Apartheid,

entre 1948 e

1994.

Os dois

acontecimentosse assemelham navio­

lência

erepressão.

TantooBrasilquantoaÁfricado Sulsãolíderes econômicosem suasregi­ ões.Apesar disso,asduasnaçõesenfren­

tam dificuldades em comum, como as altastaxasde criminalidade (no Brasil

entreos jovens de 15 a24 anos ataxa

de homicídios é de 27 por 100 mil habi­

tantes,e naÁfricadoSul50 pessoassão

assassinadas por

dia),

a

distribuição

de

terras,

problemas

de infraestrutura rela­ cionadosaotransporte,entre outras.

Semelhanças

também

podem

ser encontradasnosatuais

presidentes.

Coin­ cidênciaounão, ambos são de

partidos

historicamente

ligados

à

esquerda,

ese

elegeram

com promessas de melhorias sociais.

Jacob

Zumaé doCongresso

Na-cional Africano

(ANC), partido

de Nelson

Mandela

(1994-1999)

edeThaboMbeki

(2000-2009),

efoi eleito

pela

população

queestavaesperançosaem

relação

àre­

aproximaçãodo

partido

com suasbases.

Atualmente, tanto Luiz Inácio Lula da

Silva como Zumarecebem críticas por

não estarem tãoà

esquerda

como

alguns

esperavam queestivessem.

Lula,

em seu últimoano de governo,possuicercade

80% deaprovaçãoda

população.

Ejacob

Zuma,de acordo com

pesquisa

realiza­ da

pela

agência

France Pressemjaneiro deste ano,foi avaliado com a nota

7,6

pela população,

na

qual

omáximo era dez.

Entre as ações paraconteracrimi­

nalidade,

adotadas

pelo país africano,

está a criação de tribunais

especiais

paratratardoscasos commaior

rapidez

duranteaCopae aconstruçãode celas em

alguns

estádios queserãoutilizados no

mundial,

com o

objetivo

de deteras

pessoas que cometerem delitosdurante

osjogos.No

Brasil,

vaiser

implantado

o

Programa Nacional de

Segurança

com

Cidadania

(Pronasci).

Tarso Genro

garantiuque oMinistério daJustiçavai fazer

grandes

investimentos n,a

qualífi­

caçãodas

polícias

estaduais.

Outra

questão

que preocupouaÁfri­ cado Suleque

incomodaoBrasil éo

transporte. O primeiroinvestiu

US$

2,6

bilhõesnosetorpara colocaremfuncio­

namentoumsistemade ônibus

rápidos,

melhorar estradase aeroportos,e cons­

truirumnovo tremem

Joanesburgo,

o

Gautrain,que foi

inaugurado

naterça­

feira,8.

OBrasiltemenfrentadovárias crises nosetoraéreoe com oaumentodofluxo

de

passageiros,

que deveser emtomode

4milhõesnosdoismesesdoevento,

ju­

nhoe

julho,

atendência é queos

proble­

mas aumentem. O diretor da

Infraero,

Jaime Parreira,informou que aempre­ savai investir R$

5,4

bilhões até2014.

Destemontante, 115 milhões serão

em-País

vai investir

17

bilhões

de'

reais

para

receber

jogos

do mundial de

2014

Aquatroanosdo mundial de futebolnoBrasil,opaísse

prepara pararealizar"amelhorCopado Mundo de todosos

tempos", conformeafirmaçãodoMinistério dos Esportesem seusite,Já estãoprevistosnopaísinvestimentos de 17bilhões

dereais emáreascomomobilidade urbanaeinstalaçõesde estádiose arenasesportivas.

Em 14 dejaneirode2010,através de decreto

.do

presi­

denteLula,foi criadooComitê Gestor daCopado Mundo FIFA 2014- CGCOPA

2014, que vaisercoordenado por Orlando

Silva,ministro dosEsportes,além deteraparticipaçãode mais

16ministérioseoutrosórgãos.Oobjetivodocomitê é"definir,

aprovaresupervisionarasações previstasno PlanoEstratégico dasAçõesdo Governo BrasileiroparaarealizaçãodaCopa". Esteplano compreendeumconjuntodeações governamentais voltadoaoplanejamentoeexecuçãodasaçõesnecessáriasao

osjogosvãoserrealizadoscomrecursosdos governosfederal,

estadualemunicipal,além deurnaparcelavinda dainiciativa

privada.Parapermitirumcontrole social dosrecursospúblicos que vãoserinvestidos paraaCopa,oPoder ExecutivoFederal,

por meio da Controladoria-Geral daUnião,lançouosite"Copa 2014

-Transparênciaem1°lugar" (portaltransparencia.gov.br/

copa2014).

Nosite,ousuáriopodeencontraro resumodo documento Matriz deResponsabilidades,queapresentacomdetalhesos

projetospara cadaumadasdozecidades-sede,como aorigem

dosrecursos,aresponsabilidade pelas construções,alémdos prazosde inícioeconclusãodasobras.Porexemplo,paraa re­ formadoestádioBeira-Rio,emPortoAlegre-RS,vãosergastos

R$130 milhões.Já para reformaroMaracanã,noRio de Janei­

ro,aprevisãodecustosé deR$720 milhões,(FDeRM) bomdesenvolvimento doeventoesportivo,

Asobraseempreendimentosnascidades que irão receber

pregados

naconstruçãode 16 módulos

operacionais

provisórios.

Estes

podem

sertransferidosparaoutrosaeroportose

duramde 10a15anos.

Exigências

Estacionamento para 10 mil carros, visibilidade

perfeita

do campo para todos os

torcedores,

cobertura para estádios

-localizadosemcidades emque oclima

é muitofrioeúmidoeondehá altain­

cidência de sol-, cabines de imprensa,

rádioetelevisãocom

localização

central no estádio... As

recomendações

da Fifa

não terminampor

aqui,

são 250

páginas

dedemandas. O caderno Football stadiu­

ms:technical recommendations andre­

quirementsfoi elaboradoem2004como

guiadeorientaçõesparaaconstruçãoe reforma dosestádiosda

Alemanha,

sede daCopaem 2006. Além das

exigências

paraos estádios, a

Federação

tem con­ trole sobretudo que circulano raio de um

quilômetro

em volta dos estádios onde serão realizadososjogos.Issosig­

nifica que apenas mercadoriaseserviços

oficiais

podem

sercomercializados nes­ seslocais.Eaentidade

ganha

porcenta­ gem sobre tudo que é vendido.

Estas

exigências

causaram

algumas

contestações no Brasil. O secretário de

Esportes, Lazer e Recreação do muni­

cípio

de São

Paulo,

Walter

Feldman,

ao

argumentarqueaaberturadaCopade­

veriaser no

Morumbi,

classificouasexi­

gências

da

Federação

como"facanopes­

coço"epouco democráticas.Osecretário

aproveitouafala para

justificar

possíveis

problemas

daCopade 2014: "Estivena

África do Sul recentemente e as coisas

sãomuitodifíceis por lá.EaFifaenten­

deu; Eles vão entender também que o

Brasil éum

país

emcrescimento". Entre tantos

desafios,

ficaa

indaga­

ção:

Compensa

sediaraCopado Mundo?

AÁfricado

Sul,

que esperava receber500 milturistas,contacom aprevisãoatual devisitade300mil. O

país

que, inicial­

mente,estimavagastarUS$ 450

milhões,

gastoumaisdeUS$6bilhões.NoBra­

sil, essas questões ainda são incertas.

Mas

é

possível

fazer

algumas'preví­

sões. Nos Jogos Pan-Americanos, em

2007, previu-se um gasto de R$ 409

milhões

pela

União,estadoe municí­

piodoRiodeJaneiro.

Porém,

oevento

ficouem

R$

3,7bilhões.Areformado

Maracanã,onde seráafinaldaCopa, está

orçada

emR$ 720milhões,sendo que até março ocusto

previsto

erade

R$ 600milhões.ASecretariaEstadual

de

Obras,

responsável pela

licitação,

justificou

oaumentocom onúmerode

camarotes, que passaram de 88 para 110. Em 1999, foram gastos R$ 100

milhões com areformado

estádio,

e

paraoPan,maisR$200milhões.

RayaniMarianoeFrancisco Dantas

rayanimar®hotmail.com fjgdantas@gmail.com

(5)

Florianópolis.

junho

de2010

1 ,0.

Sociedade I

5

A

religião

que

fundamenta

uma

nação

A

formação

do

povo

africânder,

sua

doutrina

e

nacionalismo

apontam

as

raízes

do

apartheid

na

África

do Sul

Maior

exportador

de minérios do

mundo,

a

África

do Sul é

frequentemen­

te descrita como "um mundo em um

país".

Destinode

turistas,

o

país

é notá­

vel

pela

diversidadeem sua

geografia

e

pela profunda desigualdade'

social

-o

segundo

pior

no

ranking

mundial da

ONU,

atrás apenas da Namibia. Carac­

terístícas àparte, nem ofato de sediar a

próxima Copa

do Mundo de Futebol é

capaz de

prevalecer quando

oassuntoé

a

África

do Sul-o

país

temsuahistória

profundamente

marcada

pelo

regime

do

apartheid.

Adoutrina que

legalizou

asegrega­

ção

e

repugnância

racialinstituiu-seem

1948. Entretanto,

suasraízes

ideológicas

estão

dispersas

ao

longo

da

sequência

de fatos que formouo seupovo e suahis­ tória.

É

impossível justificar

um

regime

que, por

exemplo,

barrava o acessode pessoasadeterminadasáreasurbanas de acordocom a corda

pele,

instituíacrime ocasamentomultirraciale,entreoutros

preceitos,

proibia

pessoas de diferentes raças autilizar as mesmas

instalações

públicas.

Entendercomo o

preconceito

tornou-se lei

transpondo

os limites dos mais básicos direitos

humanos,

porém,

é essencial.

Great TrekouGrande Marcha "Osescravosforam

alçados

ao mes­ monível doscristãos,oqueécontrário

aos

desígnios

divinose à ordem dana­

tureza, que dividiu as raçasde acordo

com a corda

pele.

Para

qualquer

cristão

honesto, aquilo equivalia

a serpostode

joelhos

eter os

braços

presos porcor­

rentes. Por isso

preferimos

partir,

que­

rendo manternossa crença na pureza

da

raça."

O textofoi retirado do diário de Anna

Steenkamp,

em

1838,

partici­

panteda

primeira

GreatTrekouGrande

Marcha.O movimentodurouvinte anos,

tempoemqueosafricânderes

viajavam

embusca de umterritórioparaconsti­ tuirsua

nação

-semainfluência dos

ingleses.

Além da

apropriação

de terras,

aGrande Marcha tinha

explicações

reli­

giosas,

que

estavam

convictosde que

seupovoera

especial

equeDeus havia

predestinado

a

África

do Sul para sua nova

pátria.

O movimento terminaem1910,com

o acordoque

formalizo�

aUnião Sul­

africana,

cujo

governo écomposto por seisafricânderesequatro

ingleses

- foi

a mescla do nacionalismo africânder

com a

expansão

econômica do

capital

britânico.

Holandesesebritânicos

Nação

africânder

Emmeioà

expansão

maritimaeuro- Elessãoumfenômeno étnicoesocial

peia,

nofinal da Idade

Média,

o litoral na

África.

Em

1960,

representavam

me-'

africano foi um ponto

estratégico

que nosde12%da

população

total do Sul do

serviadesuporteparaosnaviosemsuas

país,

entretanto,tinham todasas

carac-rotasmarítimas.Colonizada

pela

Holan- terísticas

requeridas

para compor uma

da, potência

comercialemaritimanosé-

nação:

unidos

pela

mesma

língua

- o

culoXVIII,a

África

do Sulnão

despertou,

afrikaans, ligados pelos

mesmos

laços

a

princípio,

ointeressedesua

metrópole.

culturaise

históricos,

além de

possuírem

Compoucas famílias situadasnocabo do uma

religião própria,

que determina a

Cape

- sudoeste do

país,

forma deveremo mun-acolôniaserviaapenas

"Em

nome

do.Osafricânderes

cria-como umentreposto. ram um

tipo

de

calvi-A

população

desen-

da

nação

nismo muito

particular,

volveu-se ao

longo

dos

africânder

imersoem

dogmas,

que

anos,formandoa

nação

originou

a

Igreja

Refor-dos africânderes-com-

preferimos

madaHolandesa.

posta

por descendentes

desaparecer

a

Segundo

o

dogma

de colonos

franceses,

da

predestinação,

por alemães e

holandeses,

integrar

com

.exemplo,

Deus define

principalmente.

A

cria-OS

negros"

uma ordem natural

ção

de

gado

e a

agricul-

para omundo que não

turá,

fonte de sustento Teólogoafncânder A. B.Dupresh

pode

ser

mudada,

na

deste povo,motivou abusca porterras

qual

ohomem

nascebomoumal.Os

férteis em um território com apenas africânderes

chegaram

à

África

do Sul 15% de campos cultiváveis.Estaprocura com a

concepção

deserem umpovosu­

tornouo

choque

com osafricanoslocais

perior,

tocado porDeus,

queviviamna

inevitável. fé.Eramooposto

daquele

mundoao seu I Em

1806,

nopanorama

imperialista

redor,

de

pagãos

e,porisso,inferiores.A

de

disputas

por territórios europeus, a

Bíblia,

interpretada pelos africânderes,

Inglaterra

partiu

paraa

dominação

do sustentava o raciocínio concebido por

país,

entrandoemconflitotantocom os meiodesuas

parábolas

e

simbologias.

O

africânderescomo com astribosnativas. mauéconstantementerelacionadocom

Os africânderespassaramda

condição

de astrevas,onegro;e obem é

comparado

colonialistasade

colonizados,

perdendo

à

luz,

ao

claro,

aobranco.Sobesse ra-o

poder

e os

privilégios

que desfrutavam. ciocínio moldava-sea

compreensão

que

Insatisfeitos com as leis

britânicas

que tinham dasraças.

davam direitosaosnegros,elesseorga- Outro

dogma

calvinista refere-se à nizaramem caravanas e

partiram

rumo

questão

do

"povo escolhido",

baseado aonorte. neleosafricânderes defendiam queDeus

Afamíliadeafricânderesem

1886,

atribo branca da

África

conhecidoscomofazendeiros

oshavia encaminhado paraa

Áfri­

cado Sulembusca deumamissão

divina:defendero

país

paraformar

sua

nação,

ondeviveriamseus fi­ lhosenetos.

Concepção

semelhante

ado povo bíblico de Israel.Olema da

convocação

divina é·

repetido

em toda a literatura

africânder,

bemcomo em seusdiscursosinsti­

tucionais,nossermões

religiosos

e

comunicados

políticos.

Olema de preservaraidentidade deseu

povo é defendidoaoextremo,bemcomo o seunacionalismo fanáticoeobsessivo.Ain­

daem

1660,)an

van

Riebeeck,

fundador da

povoação

noCabo

Cape

que veioa

originar

os

africânderes,

ordenou queseconstruis­

sem cercas com a

justificativa

deproteger

eisolaracultura doseupovo dos africanos nativos.

Em

1948,

osafricânderes

conquistaram

legalmente

o

poder

no

país.

OPartido

Na-cional,

criadoem 1912,foi constituído por

líderesqueestudaramnaAlemanha gover­

nada por Adolf

Hitler,

etinhacomo

objetivo

'proteger

a

integridade

e a

superioridade

da raçaeda cultura africânder'.Abase ideoló­

gica

do

partido

foia

religião

existentedesde

oséculoXVII.Taisfundamentos deramori­ gemao

regime

do

apartheid.

Nas

palavras

de A. B.

Dupresh,

teólo­

go africânder e

participante

do governo,

constatamoso

espírito fanático-religioso

de

todoumpovoquemanteveuma

política

de

segregação

racial por 42anos:"se o nosso

destino for morrer como

Nação Branca,

anunciamosaomundo

todo,

emsã consci­

ênciae em nomeda

nação

dos

afrícânderes,

que

preferiremos

desaparecer,

como

deseja

Deus,que

dirige

o nosso

destino,

a come­

terosuicídio queseriaassumirocaminho da

integração

e

assimilação

com osnegros.

(00')

Acreditamosque

Deus,

naSuaGrande­

za, continuaazelar

pelo

destino danossa

nação.

Preferimos morrer confiantes na

predestinação

a nos

ligar

aosnegros, per­

dendoassimnossa

singularidade

etraindo amissão que Elenosconfiou".

Nathalia Carlesso

nathaliavcarlesso@gmail.com

A

morte

controversa

do

líder

negro

na

luta

contra

o

racismo

A

relação

entreMandelae aluta

contra o

apartheid

é tão forte que muitas vezes outros

grandes

líderes ficam em

segundo

plano.

É

o caso

de Steve Biko. As circunstâncias de

suamorte,em

1977,

fizeram deleum

mártirnaluta

pelos

direitos dos ne­

grosna

África

do Sule nomundo. Desdemuito

jovem,

Biko demons­

trou interesse

pelas

questões

raciais

de seu

país.

Foi

expulso

de sua

pri­

meiraescola porseucomportamento

contestadoretransferido paraoutra,

católica,

até começara

frequentar

a

faculdade de medicina. Durante esse

período

se

engajou

agrupos deestu­

dantesquelutavam

pelos

direitos dos negrose,em

1969,

fundoua

Organiza­

ção

dos Estudantes

Sul-Africanos,

que

provia

assessoria

legal

e

ajuda

médica para comunidades negrascarentes.

Em 1972 Biko

participou

dafun­

dação

da

Convenção

dosPovos

Negros

(Black

Peoples

Convention)

que in­

fluiuna

criação

decercade 70 grupos

de consciência negra.Aosereleito o

primeiro

presidente

da

organização,

terminou

expulso

da Universidade.

O líder acreditava na

ligação

entre

identidade,

ação

e

mudança.

Suas

atividades

anti-apartheid

cresciam em intensidade e

despertavam

cada

vezmais interesse. A

primeira

medida dogoverno racistafoi decretarobani­

mentode Biko.

Bikomorreu

após

sessãode

interrogatórios

Isolado em sua cidade natal

-Kings

William'sTown, ele não

podia

conversarcom mais de umapessoa

ao mesmo

tempo,

oqueo

impedia

de

fazer discursos.Suas

falas,

mesmoque

ditasemcaráter

pessoal,

não

podiam

ser

reproduzidas

de nenhumaforma.

Assim mesmo, continuoutrabalhando

naclandestinidadee

ajudou

acriaro

fundo

Zimele,

destinadoa

prisioneiros

políticos

esuasfarru1ias.

O governo do

apartheid

se viu

obrigado

atomarmedidasmais

rígí­

das.No

período

deagostode1975a se­

tembro de

1977,

Biko foi detidoquatro

vezesparaser

interrogado

de acordo

com asleisantiterrorismo.Nodia21

deagostode

1977,

Bikofoi detido

pela

últimavez.

Depois

depassar por

vá-Divulgação

rios

interrogatórios,

passouaterum

comportamento estranhoe,

segundo

os

policiais,

"deixou de

cooperar".

Osmédicosqueoexaminaram,nu e

atadoa umacorrentede

metal,

perce­ beramumalesãoem sua

cabeça,

mas

descartarama

possibilidade

de dano

neurológico.

Noentanto,elecontinu­

ava em umestadosemíconscíente, e

foi recomendada sua

remoção

para um

hospital.

Isso nãoaconteceu.Co­

locadono

porta-malas

deumaLand

Rover,

Biko fez uma

viagem

de 12

horas atéa

capital,

Pretória.

Algumas

horas

depois,

deitadoem sua cela e

aindasemroupas,olídermorreupor

dano cerebral.

Ninguém

foi responsa­

bilizado.

O mundo

reagiu.

Convertido em

mártir,

Biko passoua sersímbolo da

causanegra. Suahistória foi lembrada

na

canção

dePeterGabriele nofilme

Cry

Freedom

-umGritode

Liberdade,

de1987.Inclusiveno

Brasil,

seu nome

continua lembrado e

homenageado

pelo

Instituto Cultural Steve

Biko,

umaentidade sediadaem Salvadore

que desenvolve

ações

paraainclusão

de estudantesnegrosnasuniversida­

dese nomercado de trabalho.

Daniela Ferreira

danihfer@gmail.com

ZERO

>

(6)

6IC&T

Florianópolis, junho

de2010

Tecnologia

evolui,·

mas

não

supera

emoção

de

antigas

transmissões

Em

plena

Copa

3D,

o

rádio ainda é

a

melhor

opção

para

quem

espera ouvir

uma

jogada

decisiva

em

qualquer

chute

a

gol

Neste ano,

pela

primeira

vez uma

Copa

do Mundoserátransmitidacom a

tecnologia

3D.

Quem

não

possui

o

equipamento

necessárioparacurtira terceira

dimensão, poderá

ver os

jogos

do Brasilem

algumas

salas de

cinema,

que cobram

ingressos

de até

R$

200 por sessão. Não é de

hoje,

entretanto,

que o mundial chamaa

atenção

pe­

las novidades

tecnológicas.

Desde as

primeiras

disputas

internacionais,

haviaointeressedos quenão

podiam

irao estádio e

queriam

acompanhar

as

partidas

emcasa,desdea

época

do

rádio.

É

pelo

rádio que muitos brasilei­

rosainda

acompanham

as

Copas

do

Mundo.Isso porque,mesmo na erate­

levisiva,

ostorcedoresnão conseguem

viver

longe

do velho

companheiro.

A

professora

de

Radiojornalismo

da

UFSC,Valci

Zuculoto, explica

o fascí­ niodessemeio."O rádio éoteatroda

mente,e a

empolgação

dos narradores

faz com que os ouvintes vislumbrem

de formaúnicaoqueaconteceno es­

tádio", explica.

Háainda osque não

gostamde determinado

narrador,

pre­ ferindo

ligar

o

aparelho

edeixaraTV

só com as

imagens,

sem o som. Para

Zuculoto,

a

mobilidade,

avelocidade

detransmissãoe aleveza dos

equipa­

mentos fazem com que o rádio

seja

uma ferramenta

inigualável

no

jor­

nalismo

esportivo

em

qualquer

parte

.

domundo.

Ao ouvir a

narração

da

Copa

de

50,

o brasileiro

pode

sentirum pou­ co

daquela angústia

vivida

pelos

que lotaram oMaracanã. Osilêncio

após

o

gol

do

uruguaio

Gigia

deixauma

espécie

devazio no ouvinte, o que é diminuídonaTV,uma vezquesempre seestá olhando

alguma

imagem.Jogos

acompanhados pelo

rádio

ganham

em

intensidadee

emoção. É

uma

experi­

ênciabem diferente da

televisão,

onde há certa frieza e

impessoalidade

por

partedos

apresentadores.

Olocutor de rádiopareceumtorce­

dor

fanático,

oquegaranteaoouvinte umrelato distinto do televisivo.Nate­

linhanãohácomoaumentarumlan­

ce,

pois

quemnarra'devesermaisfiel

às

jogadas.

Mas,como ofutebolémo­

vido

pela

emoção

e

pela

paixão,

mes­

mo com o advento das transmissões

digitais

em3D,orádio ainda seráum

meio muito

popular,

pois

consegueser

fielaossentimentos

daquilo

queocor­

re num estádio de

futebol,

seja

num

simples

jogo

do estadualou em uma

semi-final de

Copa

do Mundo.

A

partir

da

COPl!-

de

54,

tornou-se

possível acompanhar

jogos

pela

TV,

masnãoaovivo. As transmissõesdire­

tas

pela

televisão começaram apenas

no mundial da

Inglaterra,

em

1966.

no

Brasil,

levariam ainda outros

quatro anos. até a novidade

chegar.

Em 1970,osbrasileiros

pela primeira

vez

puderam acompanharam

emtem­ porealas

jogadas mágicas

deTostão,

Rivelino e Pelé. A

partir

de

1974,

a

camisaamarela da

Seleção

Brasileira

deuas caras.Desdea

Copa

do

México,

omundo

tinhaTVe emcores,mas

só no mundial

seguinte

ela

chegou

por

aqui.

Em

2006,

na

Copa

da

Alemanha, já

havia

a

transmissãoem

HDTV,

oualta

definição,

massó agora, no mundial da

África

do

Sul,

équeela

chegou

ao

Brasil.

Graças

aosinal

digital, pode-se

escolher

ângulos

paraver as

jogadas

e

gravá-Ias

instantaneamente para

revê-lasem um

replay personalizado.

Entretanto,ocustodeum

equipamen­

to

digital

aindaéaltoparaos

padrões

brasileiros. Para Fernando

Spanhol,

coordenador do programa de

pós-gra­

duação

em TV

Digital

da UFSC, esse

I

fatoé

normal,

pois

todo

equipamento

.

tem umtempo de

maturação. Quan-

'

do for

produzido

em

escala,

haverá

redução

do valorcobrado.O governo

estudaainda subsidiaroconversorde

sinal

digital,

atualmente nacasados

R$

400,

para

algo

emtornode

R$

120,

a fim de

popularizar

o

serviço.

Mas,

mesmo quem comprar o conversor,

nãoterá

garantia

de alta

definição

na suacasa,

queé necessárioumtele­

visor quepossuaorecurso.

Desdeoinício das discussões sobre aTV

Digital,

oBrasil pareceestarsem­ pre atrasado e comdificuldades para

implementar

esse

tipo

de

tecnologia.

Segundo

o

professor

do

departamento

de

Jornalismo

da UFSC,

Áureo

Mafra deMoraes,umdosmotivoséo

próprio

tipo

de

negócio

televisivo caracterís­

tico do

País,

baseado nos índices de

audiência,

que acaba por frear

qual­

quer novidade. "As redes de televisão

nãoquerem

pôr

emriscoseu

negócio

e,por

isso,

aTV

Digital

é

apresentada

apenas como melhora na

imagem

e

som,sem

menção

às

possibilidades

de

multiprogramação

e

interação

com o

usuário",

explica.

Essa

interação,

no

futuro, permitirá

aos "técnicos" de

futebol de

plantão opinar

sobre um

lance

duvidoso,

em tempo

real,

dire-.

tamenteparaolocutor

esportivo,

que

estaráem umasala

virtual,

onde

pode­

dialogar

com os

espectadores.

Mas, até

lá,

o

jeito

é curtiraIabulaní rolar

esuportaremsilêncioos nemsempre

pertinentes

comentários de

Gaivão,

Lucianodo

Valle,

FalcãoeNeto.

Rafael Balbinotti rafael.balbinotti@hotmail.com.com

Japão

promete

transmissão

holográfica

para

Copa

de

2022

Os aparelhosdetelevisãocomtecnologia 3Dsó estarãodisponíveisnomercado poraqui

em2011,mas,em26paísesdomundo,dentre

elesoBrasil,épossívelassistirosjogosemsalas

decinema. Serão exibidosoitojogosaotodo,nas cidades de SãoPaulo,Rio deJaneiro,Curitiba, Brasília,BeloHorizonte,PortoAlegreeSalvador. No entanto,devidoaaltademanda,osingressos estãoavenda apenaspara empresas.

Éatecnologiada1VDigitalquepenmiteas

imagensem3D e, emboraaindasejanecessário o usode óculosparaobteroefeitodetridimen·

sionalidade,logoeleestará obsoleto. Ainda não sesabequalseráopaísescolhidoparaaCopa de2022,massesabeda novidade que deverá estrearnoeventocaso oescolhidosejaoJapão, candidatoasede:oshologramasemtrês dimen­ sões.Aholografiaéumconceito criadoem1948

por DennisGabor,epossuidiversasaplicações,

amaioriaemestudoscientificas. Ela é conside­ radaumaevoluçãodafotografia,queaplicada

atransmissõesesportivaspenmitiráumgraude

realismojamaisvisto.

Osjaponeses pretendemcapturarimagens

dosjogosem360 grauscom autilizaçãode 200

câmerasde altadefinição,alémdemicrofones para gravaros sons.Asimagensseriam exibi­ dasem400estádiosnomundotodo,permitindo

que milhões deespectadoresassistamaspar­

tidasemhologramas projetadosnosgramados

dosestádios reais. Osistema,hojeemfase de

desenvolvimento,utilizaráenergia limpa,através

depainéissolaresepelomovimentogerado pela

torcidanoestádio. Restasabersetambémirão

projetar jomalistas, gandulas, técnicose as cor­

riqueirasinvasõesaogramado. (R. B.)

o

Brasil

e os

Mundiais: do rádio

ao

3D

1950- Até

essa data,aúnica forma deacompanharo mundial

era pelorádio.Aspoucasimagensque existiameramfilmadase

de baixaqualidade- assimcomo adefesa da

Seleção. Lembra

daquele segundo goldoUruguai?

1966- No mundial da

Inglaterra,arainha nãoprecisavamais

sair dopalácioparaver suaseleção, pois já haviaatransmissão

aovivo pelaTV

2006- Na

Alemanha, jáerapossívelassistirosjogosemalta

definição. Poraqui,noentanto,oCongressoainda discutiaqual

padrãode TVdigital deveriaseradotado

-queacabou sendoo

japonês.

���{1*f@

tsl:t.

h:---=':S;/G"

�---�

2010- A

Jabulani vaiestrearastransmissõesemtrês dimensões

daCopa,resta saberse acontroversaSeleçãodoDungavai trazero caneco. Destaveznãovaiterdesculpa, cada lance

estarádetalhadocomo nuncaantes. Imagina aquela ajeitadade

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