iça0
espec�
a
COPA DO MUNDO
2010
2006
o
esperado
show do
quadrado
mágico
brasileiro,
composto
por
Kaká, Ronaldinho,
Adriano
e
Ronaldo,
deu
lugar
ao
constrangimento
pelas
formas
arredon
dadas deste último, A
chegada
do
astro
acima
do
peso
à
Alemanha
era
uma
versão
em
mais
carne
que
osso
de
uma
linha do
trabalho
do colombiano
Fernando Botero:
o
inchaço
dos
corpos
de
figu
rões,
criticando de
forma
satírica
seus
egos inflados
e
inconsequentes.
Não
que não
pudesse
haver
beleza
na
gordura,
já
que Ronaldo
marcou
três
gols
e se
..
tornou
o
maiorartitheiro
da
história
das
Copas,
Pouco,
porém,
para.
leVar
o
Brasil
além
das
quartas,
deixando
o
título
com
os
esbeltos italianos,
A
Copa
do Mundo
fugiu
pela primeira
vez
do eixo
Europa-América,
aportando
na
Ásia
-Japão
e
Coreia
do
Sul foram
os
anfitriões.
O ocidente €Joirou
em
contato
com uma
nova
forma
de
ver
o
fut€Jbol,
encantando-se
com o mar
vermelho da
torcida
coreana,
qU€J
empur
rou
seu
desacreditado time
até
a
semifinal, O
Japão
não foi tão
longe,
mas
viu
a
explosão
mundial
da
sua
cultura
a
partir
dos
anos
2000,
com
termos
como
mangá,
anime, toy-art,
cosplay
e,
por
que
não,
sushi sendo
incorporados
ao
vocabulário
pop,
Além
disso,
em
2010,
você
provavelmente
irá
no
seu
carro
coreano
até
a
casa
de
um
amigo
ver
os
jogos
numa
TV
japonesa,
Ou
vice-versa,
né?
Especial
Por trás
das
cinco
estrelas
A
polífica,
aeconomia,
ascrises,
os
favorecimentos,
osfatos. O
contexto e aanálise dos
anosde
glória
do
futebolbrasileiro
Política
Nem sempre
o
futebol
é
o
mais
importante
nas
Copas
Alguns
jogos
entraram parahistória
pelo
cenário
político
fora
de campoEntrevista
Cacau Menezes
está
em
Joanesburgo
o
colunistado
Grupo
RBS,
que
está
em sua sextaCopa
do
Mundo,
comenta os no vas desafios nacobertura do
maior
eventoesportivo
do
planeta
21
Opinião
Florianópolis, junho
de2010Destaques
da
edição
Brasil
e
África
do Sul
enfrentam
desafios
parecidos
Além dos dois
países
sedes daCopa
do Mundopossuírem
semelhanças
históricas esociais,
ambos lutam contra
problemas
deinfraestrutura,
transporteecriminalidade similares.
página
4Os
problemas
econômicos
de
sediar
um
grande
evento
Dois anos
depois
de receber aCopa
doMundo,
o Brasil também serápalco
dosJogos
Olímpicos.
O retorno do investimento
pode
nãoseraquele
que esperamos.página
5Brasileiros que detestam
a
Copa:
sim,
eles
existem!
Para
algumas
pessoas,ospróximos
30 diasserão umverdadeiro inferno. Confirao que elas pensamsobreoeventomais
aguardado
doano nopaís
e o quepretendem
fazerparafugir
dessa febre.página
12i
Uma
religião
que
explica
o
regime
do
apartheid
Como o fundamentalistmo
religioso
dos africânderes ditou. apolítica
naÁfrica
doSul,'
�esultando
em42 anosdeopressão,
desigualdade
e racismo.página
11Copa
e
tendências da moda
se
encontram
na
África
do Sul
Além dotorneiode
futebol, Joanesburgo
tambémserásede do Africa Fashion Week. Moda docontinentese
espalha
pelo
mundoeinspira
artistas.página
15zÉllo
JORNALLABORATÓRIO
ZERO Ano XXVIII- N° 2 -Junho de 2010Universidade Federal de Santa Catarina- UFSC
Fechamento: 14 dejunho Curso de Jornalismo -CCE -UFSC -Trindade Florianópolis -CEP 88040-900
MelhorPeçaGráfica
I, II,III,IV,VeXISet Universitário 1 PUC-RS
(1988,89, 90, 91,92e98)
Melhor Jorna!-LaboratórionoIPrêmio Foca Sindicato dos Jornalistas de SC 2000 3° melhor Jornal-Laboratório do Brasil EXPOCOM 1994
Tel.: (48)3721-6599/3721-9490
Site: www.zero.ufsc.br E-mail:zero@cce.ufsC.br
EDITORIAL
Zero
em
ritmo
de
Copa
remos
é
saber de
futebol-arte.
Mer
gulhe
naspáginas
internas
edescu
bra
como aCopa
se encontracom amoda,
quais
são
osdesafios que
nós,
brasileiros,
vamos encontrarda
qui
quatro
anos,
quando chegará
anossa vez
de sediar
umeventode
tal
porte.
Para
ajudar
aassimilar tudo
isso,
nada melhor
que
compreender
como o
futebol
explica
omundo.
Leia
aresenha de
nossarepórter
Mariana
Porto
edescubra
como22
machos
correndo
atrás
de
umabola
pode
nosfazer
entender
muitas
Meses
antesde
começar
aCopa
do
Mundo,
oassunto
já
estava naspáginas
de todos
osjornais
enapro
gramação
de
todas
asemissoras
de
rádio
etelevisão.
A
cobertura é ba
seada
nocotidiano das
seleções,
noencadeamento dos
grupos,
naslistas
de
jogadores
convocados,
nospossí
veis
grandes confrontos,
noambien
te
que espera
asdelegações.
Enfim,
é
acobertura
padrão,
que
temde
ser
feita.
Uma
enxurrada
de
informações.
para
você,
leitor.
Por
que
então dedicar
umaedição
inteira
do
Zero,
jornal
conhecido
por
suainovação
ecombativi
dade,
a um assuntotão
batido?
Decidimos
entrarnessa,
primeiramen
te,
porque
Copa
do Mundo de fu
tebol,
mais
do que
nunca,
é
sinônimo
de
festa.
E
oque não
falta
em nossaredação
é
gente
disposta
apartici-par de
umaboa festa.
Esta
é
umaCopa única,
aprimeira
emsolo
afri
cano.
Está
sendo
disputada
em umpaís
marcado
até pouco
tempo
pelo
apartheid, política
segregacionis
taque
tem suasraízes
nareligião,
comomostra amatéria de Nathalia
Carlesso.
Queremos
mostrarpara
você, leitor,
aquilo
que não
foi dado
na
imprensa
tradicional.
E
isso,
vol
tando
à
questão
da
escolha,
sempre
foi
umdos
pilares
de
nossoquerido
jornallaboratório.
Para
começar, nada de capa
econtracapa
tradicionais.
Nós
que-coisas.
"Mas,
e euque
odeio
futebol?",
deve
estar seperguntando
o nossoleitor
que
compõe
umquarto
da
.população
do
país,
segundo
aspesquisas.
Cal
ma,
omundo
não
está
perdido.
Pre
paramos
umaparte
especialmente
para
você. Vá para
apágina
12
e-veja
que
temosrepórte
res com
preferências
iguais
as suascontribuindo
nestaedição.
E
para
a
felicidade da mulherada também
separamos
umapágina
com os musos
do
torneio.
Nas
páginas
centrais,
o"filé
mig
non"
do
jornalismo,
umalinha do
tempo
mostra o contextohistórico
das
edições
emque
conquistamos
nossas
cinco
estrelas.
A
esperança
é
de
que possamos
vir
para
2014
commais
umaestrela
nopeito.
Confira
aqui
aolado onde
encontrarcada
uma
de
nossasreportagens.
Boa
lei
turae
boa torcida!
REDAÇÃO
AlessandraLopesFlores,AnaClaraMontez,BrunoVolpato,DanielaFerreira,Felipe Machado, Felipe Sato,FernandaBurigo,FranciscoDantas,MarconeTavella,Maria LuizaGil,MarianaPorto,Nathalia VieiraCarlesso,RafaelBalbinotli,RafaelHertel,Rayani Santos,Verônica LemusEDiÇÃO
CapaeContra capa BrunoVoipato
Opinião Leonardo Gorges Entrevista Bruno Volpato Impasses Cinthia Raasch Economia Gabriela Cabral C&T Daniel LudwichEspecial Alessandra Flores e Maria Luíza Gil PolíticaMarcone Tavella
Exportação
LuízaFregapaniSociedade Marcone Tavella Do Contra Mariana Porto CulturaCinthiaRaasch, Mariana Porto Beleza Natália Izidoro Moda Natália Isidoro ImagemFábioQueiroz,
FelipeMachado, Nathale Ethel Fragnani FOTOGRAFIA Carolina Dantas
EDITORAÇÃO
AlessandraFlores,Ana ClaraMontez,CinthiaRaasch,Daniel Ludwich,FelipeMachado, FernandaBurigo, Jacqueline deCarvalhoMoreno,JoiceBalboa,MarconeTavella,Maria LuizaGil,MarianaPorto,Marina MartiniLopes,
Natália Izidoro, Nathale Ethel Fragnani, Nathalia Vieira CarlessoINFOGRAFIA Maria LuizaGil,
Rogério
Moreira Júnior PROFESSOR-COORDENADOR Jorge KanehideIjuim MTb/SP 14.543COORDE
NAÇÃO
GRAFICA
Sandro LauriGalarçaMTb/RS 8357MONITORIAGabrielaCabral,Juliana PassosAPOIOPEDAGÓGICOGabrielle Bitlelbrun
IMPRESSÃO
Diário CatarinenseCIRCULAÇÃO
NacionalFlorianópolis. junho
de2010Entrevista
I
3
Para Cacau Menezes faltam
playboys
noelenco daSeleção
deDunga
,
Um manezinho
na
Africa
Com
54
anos,
colunista
do
Grupo
RBS,
em
Florianópolis,
Cacau
Menezes
está
em
sua
quarta
Copa
do Mundo
como
enviado
especial.
Com
a
missão
de
produzir
diariamente
material para
rádio,
TV, impresso.
e
online,
o
manezinho
fala sobre
os
desafios
da
cobertura,
critica
a
falta de
playboys
no
elenco de
Dunga
e
comenta
as
condições
brasileiras para sediar
o
evento
em
2014
ZERO:
vocêjá
Quantascobriu?Copas
do MundoAssisti à
Copa
daEspanha
em1982, mas, mesmo
já
estando naRBS, nãotrabalhei.Fuicomoturistaefoi amelhorviagem
da minha vida.Depois
fui àItália
(1990),
tambémcomoturista. Comeceiatrabalharna
Copa
dos Estados Unidos(1994)
e,em 1998,fuiparaaFrança.
Medeixaram de foranoJapão
eCoreiadoSul(2002).
Volteia serconvocadoem2006,
naAlemanha,
eagora vouparaaÁfrica
do Sul.Qual
foiomelhor Mundial para você? Semdúvidas foiodaEspanha,
em1982.O time eraexcelentee eu�mjovem
mochileiro.E
qual
é a suamelhorlembrança
deCopa
do Mundo?Ea
pior?
São muitas boas
lembranças.
Atépensei
emescrever um livro.
Já
fizo diaboemCopas.
Apior
foiperder
paraaItália,
emBarcelona,
evoltar pracasaandando do estádioatéohotel uniformizado de
brasileiro,
vendo afesta dos italianos.Foiumdiatriste,
quecontrastoucom umaviagem
depuraalegria.
Qual
vai ser o seu trabalho naÁfrica
doSul?
Vou fazer boletins para as rádios Atlântidae CBN
Diário,
aminhacoluna,
oblog,
oJornal
do
Almoço
ealgumas
partícipações
noRBS NotíciasenoPretinho
Básico,
paraosdois'estados. Tudoissosemfalara
língua
dos homens. Tácompena demim,
brother?Como seráo seudia-a-dia?
Qual
é opla
nejamento?
Mepreocupoem
cumprir
oshorários,
escrever,procurar notícia
boa, filmar, editar,
correratrásdepautas,buscarodiferente.Vaiserestressan
te,masdivertido.
Copa
do Mundoéumdesafio,
masnãoprometonada deespecial.
Naverdadeestou
procurando
aindanão viver torneio. Voudeixara
Copa
paraquando
elacomeçar. SeutrabalhonaÁfrica
do Sul inclui procurar
opções
de lazer?Omeutrabalhosempreesteve
ligado
aolazerporque trabalhomedivertindo.
Sempre
procu ropormúsica,
pessoas,bares,
praças,eventos,festas....Essaéaminha vida.
As notícias sobreafalta de segurançano
país
sedetepreocupam?
Tenho recebido
informações
deJoanesburgo
nadatranquilas.
Vamos paraaguerra,tentando
fugir
dos assaltosacadainstante.Achoqueteremossegurançano hotel e nos
estádios,
orestovaiserloteria.Massaberemos onde
pisar.
Comoficaa suacolunanoDiário
Catari-nenseduranteo evento? Ea
participação
no
Jornal
doAlmoço?
O
jornal
doAlmoço
seráreduzido,
pois
haverámuitos
jogos
nohorário.Masvamosentrardiariamente.A
prioridade
éaCopa
e aempresa investiuR$
4 milhões paranosterlá. NoDC, muitasnovidades:ojornal
estámaischarmosoecriativo. Vai
surpreender
com umacoberturadigna
dosgrandes
jornais.
oque
muda,
emrelação
àsoutrasCopas,
naestruturaqueo
Grupo
RBSestá levan do paraestaedição?
Mudaquasetudo.
Agora
seráaCopa
daInternet.
Imagens
paratelevisão,
blogs, clicRBS,
colunas,
textos,rádios, Skype,
tudo é muitomoderno e
pela
In-ternet.
Reforçamos
a cozinha. Teremos
novos
equipamentos
e mais
operadores
de câmera e técni cos. Foi montado
um estúdio
próprio,
no mesmo espaço físico daGlobo,
no Centro deImprensa
deJoanesburgo.
É
umlugar
onde eugostomuitode estar,
depois
dos estádios.Aliestãoos
jornalistas
do mundotodo,
éumshow de
tecnologia
eostentação.
Agentesóem verjá
seassusta,masémaravilhoso.ARB£-teráa
segunda
maiorequipe
deimprensa
do BrasilnaÁfrica.
nalista.Mas,no
futebol,
o fatoropinião
ajuda
muito. Na
falta
denotícias,
aturmacostumadar
opinião.
É
o quetodo brasileiro faz com maestria.Aqui
somostodostécnicos,
torcedores ecorneteiros.
Como você analisa a
Seleção
Brasileiraquevaiparaa
África?
OBrasil sempre bota medo nosadversários e
sempre
éofavorito.Vamoscom umtimede pegada,
mas eupreferia
apegada
mescladacom amolecagem,
ehabilidade.Neymar,
Ganso eRonaldinho Gaúcho estariam no meu time. Vão fazer falta. Temos muitos
operários,
masprecisamos
dealgunsplayboys.
Deque forma você
torce
pela Seleção
Brasileira?
Souumtorcedor crí
tico. Vaio
quando
otime não está
jogan
dobem,
asmudanças
erradasdo
técnico,
afalta de
empenho
dealguns
craques, masgrito
epulo
com umgol
bonitoe umavitó ria convincente. Soulouco
pela Seleção.
Nahora do
título,
comoem
94,
saidecena efiquei
sozinhochorando,
refletindo,
dando a missão comocumprida.
"O tutenot
nãn
tem
língua.
Meu
público
é
o
brasileiro.
E
quem
tem
boca vai
a
Roma.
No
meu
caso,
estou
indo
à
Copa"
Quantas
pessoas daRBSvãotrabalharnaCopa
do Mundo de20tO?O grupo todo tem 22 membros. Nossa reta
guarda
terápelo
menos200profissionais,
nosdois estadose nomundo todo.
Comovocê consegue cobriruma
Copa
semterconhecimento de
línguas
como oinglês
e oespanhol,
porexemplo?
Passoupor al guma dificuldadequanto
aisso?Ofutebolnãotem
língua.
Meupúblico
éobrasileiro.EquemtembocavaiaRoma. Nomeu caso,estouindo à
Copa. É
muito maisdifícil,
masnãoé
impossível.já
provei
isso.Qual
éarelação
daimprensa
com aCBFe com a
Seleção
Brasileira durante umaCopa
do Mundo?Muito ruim.
Privilégio
épara a Rede Globo.Dunga
nãogostadosjornalistas
quenão gostamdo
Dunga
e,pelo
visto,nãohaveráabertura.O
presidente
RicardoTeixeiramanda pouco notime. Vaiserdifíciltrabalhar,
masénessascondições
queosprofissionais
sediferenciam.Quanto
maisdifícil,
melhor éparaobomjor-Tem
alguma
coisa que você sempre leva paraasCopas?
Algum objeto? Alguma
superstição?
Nada.Voucom umnotebooke comDeus.
Você consideraoBrasilprontopara sediar
uma
Copa
do Mundo?Evocê espera cobrir aCopa
de 20t4?Vaificarprontonahoracerta.Sea
África
fez,
podemos
também.Oqueprecisamos
édeestádios e segurança
pública,
orestojá
temos:torcedores
apaixonados,
mulhereslindas,
espí
ritofesteiroetarapor futebol.Somosdaterra
dorei
Pelé,
dabatucada,
dacachaça,
do caféedoMaracanã.
Quanto
acobri-la...Espero
estarvivo. Prometique levariameufilho
(Manoel)
a�
umaCopa
do Mundo.Comovocê analisaaausência de Florianó
polis
entreassedes do mundial?Umerrode
avaliação
daFifa,
que deixou de foraacidademaisquerida
do Brasil.Aomesmotempoum
prêmio
aodescasocomqueo assuntofoi tratadopornossasautoridades.
MarconeTavella marconetavella@zero.ufsc.br ., • " ,,'j
ZERO
" ' f. • � � : (, ) '-., ,,41
Impasses
Florianópolis,
junho
de 2010Sedes
enfrentam
desafios semelhantes
Violência,
falta de infraestrutura
e
transporte
deficitário são
problemas
comuns
entre
África
do
Sul
e
Brasil
para
Copa
Aescolha daÁfricado Sul para sediar omundial de 2010 foiummarcohistóri co.Pelaprimeiravez aCopavai acontecer
em um
país
africano.Aconquistafoi frutoda alternânciaentreoscontinentesna escolha das
sedes,
procedimento
extintopela
Fifaem 2007.Segundo
opresíden
te da
entidade,
Joseph
S.Blatter,
"semaadoção
doprincípio
do rodízioissónuncateriasido
possível.
Demoroumuito,masfinalmente faremos
justiça
aocontinente africano por tudooque ele fezpelo
fute bolnopassado".
Umdosmotivosparao fim darotaçãoseriaacandidatura única do Brasil paraaCopade2014,
que deveria terconcorrido com outros
países
da América do Sul. O últimopaís
"pobre"
a sediaroeventofoioMéxico,em1986;
nos anosseguintes acompetição passou porItália,Estados
Unidos,
França,Coréia/Ja
pãoeAlemanha.A
campanha
daÁfrica do Sul parasediaromundial de 2010 começou
após
aderrota para receber aCopade2006.
Na
época,
opaís perdeu
por 12 votosa11 para a Alemanha. Foi uma
eleição
controversa,porque aNovaZelândiase
absteve,
o que ocasionou a vitória dopaís
europeu. Casoocorresse umempate, adecisão caberiaa
Blatter;
que erafavorável à na.ção africana. O revés do
país
africanomotivou aFifa ainstituiro rodízio. Na
eleição
seguinte, para aCopade 2010,que de antemãosesabia que ocorreria no continente
africano,
concorreramÁfricado Sul,'Marrocos e
Egito.No dia 15 demaio.de
2004,
opre sidente da Fifa anunciou que opaís
de Nelson Mandelaseriaasededo mundial.AÁfricado Sul recebeu 14 votos,contra
dez recebidos
pelo
Marrocose nenhumpelo
Egito.Semelhanças
Enquanto aÁfricado Sul possui 50
milhões de
habitantes,
o Brasilpossui
193 milhões.Ambos
foram
colonizadospor europeus; o primeiro por
ingleses,
holandeses,
alemães efranceses,
entre outrospovos,e osegundo
porportugue-Soccer
City,
emJoanesburgo,
que saiu porR$
800milhões,
passou112%doorçamento.
Todososestádiosjuntos
custaramdezvezesmais queoprevisto
ses.Osdois
países
passaramnahistóriarecentepormomentos
políticos
conturbados. O Brasil
pela
ditaduramilitar,
entre
1964
e 1985.AÁfricado Sulpelo
Apartheid,
entre 1948 e1994.
Os doisacontecimentosse assemelham navio
lência
erepressão.TantooBrasilquantoaÁfricado Sulsãolíderes econômicosem suasregi ões.Apesar disso,asduasnaçõesenfren
tam dificuldades em comum, como as altastaxasde criminalidade (no Brasil
entreos jovens de 15 a24 anos ataxa
de homicídios é de 27 por 100 mil habi
tantes,e naÁfricadoSul50 pessoassão
assassinadas por
dia),
adistribuição
deterras,
problemas
de infraestrutura rela cionadosaotransporte,entre outras.Semelhanças
tambémpodem
ser encontradasnosatuaispresidentes.
Coin cidênciaounão, ambos são departidos
historicamenteligados
àesquerda,
eseelegeram
com promessas de melhorias sociais.Jacob
Zumaé doCongressoNa-cional Africano
(ANC), partido
de NelsonMandela
(1994-1999)
edeThaboMbeki(2000-2009),
efoi eleitopela
população
queestavaesperançosaemrelação
àreaproximaçãodo
partido
com suasbases.Atualmente, tanto Luiz Inácio Lula da
Silva como Zumarecebem críticas por
não estarem tãoà
esquerda
comoalguns
esperavam queestivessem.Lula,
em seu últimoano de governo,possuicercade80% deaprovaçãoda
população.
Ejacob
Zuma,de acordo com
pesquisa
realiza dapela
agência
France Pressemjaneiro deste ano,foi avaliado com a nota7,6
pela população,
naqual
omáximo era dez.Entre as ações paraconteracrimi
nalidade,
adotadaspelo país africano,
está a criação de tribunaisespeciais
paratratardoscasos commaiorrapidez
duranteaCopae aconstruçãode celas em
alguns
estádios queserãoutilizados nomundial,
com oobjetivo
de deteraspessoas que cometerem delitosdurante
osjogos.No
Brasil,
vaiserimplantado
oPrograma Nacional de
Segurança
comCidadania
(Pronasci).
Tarso Genrojá
garantiuque oMinistério daJustiçavai fazer
grandes
investimentos n,aqualífi
caçãodas
polícias
estaduais.Outra
questão
que preocupouaÁfri cado Sulequejá
incomodaoBrasil éotransporte. O primeiroinvestiu
US$
2,6
bilhõesnosetorpara colocaremfuncio
namentoumsistemade ônibus
rápidos,
melhorar estradase aeroportos,e construirumnovo tremem
Joanesburgo,
oGautrain,que foi
inaugurado
naterçafeira,8.
OBrasiltemenfrentadovárias crises nosetoraéreoe com oaumentodofluxo
de
passageiros,
que deveser emtomode4milhõesnosdoismesesdoevento,
ju
nhoe
julho,
atendência é queosproble
mas aumentem. O diretor daInfraero,
Jaime Parreira,informou que aempre savai investir R$5,4
bilhões até2014.Destemontante, 115 milhões serão
em-País
vai investir
17
bilhões
de'
reais
para
receber
jogos
do mundial de
2014
Aquatroanosdo mundial de futebolnoBrasil,opaísse
prepara pararealizar"amelhorCopado Mundo de todosos
tempos", conformeafirmaçãodoMinistério dos Esportesem seusite,Já estãoprevistosnopaísinvestimentos de 17bilhões
dereais emáreascomomobilidade urbanaeinstalaçõesde estádiose arenasesportivas.
Em 14 dejaneirode2010,através de decreto
.do
presidenteLula,foi criadooComitê Gestor daCopado Mundo FIFA 2014- CGCOPA
2014, que vaisercoordenado por Orlando
Silva,ministro dosEsportes,além deteraparticipaçãode mais
16ministérioseoutrosórgãos.Oobjetivodocomitê é"definir,
aprovaresupervisionarasações previstasno PlanoEstratégico dasAçõesdo Governo BrasileiroparaarealizaçãodaCopa". Esteplano compreendeumconjuntodeações governamentais voltadoaoplanejamentoeexecuçãodasaçõesnecessáriasao
osjogosvãoserrealizadoscomrecursosdos governosfederal,
estadualemunicipal,além deurnaparcelavinda dainiciativa
privada.Parapermitirumcontrole social dosrecursospúblicos que vãoserinvestidos paraaCopa,oPoder ExecutivoFederal,
por meio da Controladoria-Geral daUnião,lançouosite"Copa 2014
-Transparênciaem1°lugar" (portaltransparencia.gov.br/
copa2014).
Nosite,ousuáriopodeencontraro resumodo documento Matriz deResponsabilidades,queapresentacomdetalhesos
projetospara cadaumadasdozecidades-sede,como aorigem
dosrecursos,aresponsabilidade pelas construções,alémdos prazosde inícioeconclusãodasobras.Porexemplo,paraa re formadoestádioBeira-Rio,emPortoAlegre-RS,vãosergastos
R$130 milhões.Já para reformaroMaracanã,noRio de Janei
ro,aprevisãodecustosé deR$720 milhões,(FDeRM) bomdesenvolvimento doeventoesportivo,
Asobraseempreendimentosnascidades que irão receber
pregados
naconstruçãode 16 módulosoperacionais
provisórios.
Estespodem
sertransferidosparaoutrosaeroportose
duramde 10a15anos.
Exigências
Estacionamento para 10 mil carros, visibilidade
perfeita
do campo para todos ostorcedores,
cobertura para estádios-localizadosemcidades emque oclima
é muitofrioeúmidoeondehá altain
cidência de sol-, cabines de imprensa,
rádioetelevisãocom
localização
central no estádio... Asrecomendações
da Fifanão terminampor
aqui,
são 250páginas
dedemandas. O caderno Football stadiums:technical recommendations andre
quirementsfoi elaboradoem2004como
guiadeorientaçõesparaaconstruçãoe reforma dosestádiosda
Alemanha,
sede daCopaem 2006. Além dasexigências
paraos estádios, aFederação
tem con trole sobretudo que circulano raio de umquilômetro
em volta dos estádios onde serão realizadososjogos.Issosignifica que apenas mercadoriaseserviços
oficiais
podem
sercomercializados nes seslocais.Eaentidadeganha
porcenta gem sobre tudo que é vendido.Estas
exigências
causaramalgumas
contestações no Brasil. O secretário de
Esportes, Lazer e Recreação do muni
cípio
de SãoPaulo,
WalterFeldman,
aoargumentarqueaaberturadaCopade
veriaser no
Morumbi,
classificouasexigências
daFederação
como"facanopescoço"epouco democráticas.Osecretário
aproveitouafala para
justificar
possíveis
problemas
daCopade 2014: "EstivenaÁfrica do Sul recentemente e as coisas
sãomuitodifíceis por lá.EaFifaenten
deu; Eles vão entender também que o
Brasil éum
país
emcrescimento". Entre tantosdesafios,
ficaaindaga
ção:
Compensa
sediaraCopado Mundo?AÁfricado
Sul,
que esperava receber500 milturistas,contacom aprevisãoatual devisitade300mil. Opaís
que, inicialmente,estimavagastarUS$ 450
milhões,
já
gastoumaisdeUS$6bilhões.NoBrasil, essas questões ainda são incertas.
Mas
já
épossível
fazeralgumas'preví
sões. Nos Jogos Pan-Americanos, em
2007, previu-se um gasto de R$ 409
milhões
pela
União,estadoe municípiodoRiodeJaneiro.
Porém,
oeventoficouem
R$
3,7bilhões.AreformadoMaracanã,onde seráafinaldaCopa, está
orçada
emR$ 720milhões,sendo que até março ocustoprevisto
eradeR$ 600milhões.ASecretariaEstadual
de
Obras,
responsável pela
licitação,
justificou
oaumentocom onúmerodecamarotes, que passaram de 88 para 110. Em 1999, foram gastos R$ 100
milhões com areformado
estádio,
eparaoPan,maisR$200milhões.
RayaniMarianoeFrancisco Dantas
rayanimar®hotmail.com fjgdantas@gmail.com
Florianópolis.
junho
de20101 ,0.
Sociedade I
5
A
religião
que
fundamenta
uma
nação
A
formação
do
povo
africânder,
sua
doutrina
e
nacionalismo
apontam
as
raízes
do
apartheid
na
África
do Sul
Maior
exportador
de minérios domundo,
aÁfrica
do Sul éfrequentemen
te descrita como "um mundo em um
país".
Destinodeturistas,
opaís
é notável
pela
diversidadeem suageografia
epela profunda desigualdade'
social-o
segundo
pior
noranking
mundial daONU,
atrás apenas da Namibia. Característícas àparte, nem ofato de sediar a
próxima Copa
do Mundo de Futebol écapaz de
prevalecer quando
oassuntoéa
África
do Sul-opaís
temsuahistóriaprofundamente
marcadapelo
regime
doapartheid.
Adoutrina que
legalizou
asegregação
erepugnância
racialinstituiu-seem1948. Entretanto,
suasraízesideológicas
estãodispersas
aolongo
dasequência
de fatos que formouo seupovo e suahis tória.É
impossível justificar
umregime
que, por
exemplo,
barrava o acessode pessoasadeterminadasáreasurbanas de acordocom a cordapele,
instituíacrime ocasamentomultirraciale,entreoutrospreceitos,
proibia
pessoas de diferentes raças autilizar as mesmasinstalações
públicas.
Entendercomo opreconceito
tornou-se leitranspondo
os limites dos mais básicos direitoshumanos,
porém,
é essencial.Great TrekouGrande Marcha "Osescravosforam
alçados
ao mes monível doscristãos,oqueécontrárioaos
desígnios
divinose à ordem danatureza, que dividiu as raçasde acordo
com a corda
pele.
Para
qualquer
cristãohonesto, aquilo equivalia
a serpostodejoelhos
eter osbraços
presos porcorrentes. Por isso
preferimos
partir,
querendo manternossa crença na pureza
da
raça."
O textofoi retirado do diário de AnnaSteenkamp,
em1838,
partici
panteda
primeira
GreatTrekouGrandeMarcha.O movimentodurouvinte anos,
tempoemqueosafricânderes
viajavam
embusca de umterritórioparaconsti tuirsua
nação
-semainfluência dos
ingleses.
Além daapropriação
de terras,aGrande Marcha tinha
explicações
religiosas,
já
queestavam
convictosde queseupovoera
especial
equeDeus haviapredestinado
aÁfrica
do Sul para sua novapátria.
O movimento terminaem1910,com
o acordoque
formalizo�
aUnião Sulafricana,
cujo
governo écomposto por seisafricânderesequatroingleses
- foia mescla do nacionalismo africânder
com a
expansão
econômica docapital
britânico.
Holandesesebritânicos
Nação
africânderEmmeioà
expansão
maritimaeuro- Elessãoumfenômeno étnicoesocialpeia,
nofinal da IdadeMédia,
o litoral naÁfrica.
Em1960,
representavamme-'
africano foi um ponto
estratégico
que nosde12%dapopulação
total do Sul doserviadesuporteparaosnaviosemsuas
país,
entretanto,tinham todasascarac-rotasmarítimas.Colonizada
pela
Holan- terísticasrequeridas
para compor umada, potência
comercialemaritimanosé-nação:
unidospela
mesmalíngua
- oculoXVIII,a
África
do Sulnãodespertou,
afrikaans, ligados pelos
mesmoslaços
aprincípio,
ointeressedesuametrópole.
culturaisehistóricos,
além depossuírem
Compoucas famílias situadasnocabo do umareligião própria,
que determina aCape
- sudoeste dopaís,
forma deveremo mun-acolôniaserviaapenas"Em
nome
do.Osafricânderescria-como umentreposto. ram um
tipo
decalvi-A
população
desen-da
nação
nismo muitoparticular,
volveu-se ao
longo
dosafricânder
�imersoem
dogmas,
queanos,formandoa
nação
originou
aIgreja
Refor-dos africânderes-com-
preferimos
madaHolandesa.posta
por descendentesdesaparecer
a
Segundo
odogma
de colonos
franceses,
dapredestinação,
por alemães eholandeses,
integrar
com
.exemplo,
Deus defineprincipalmente.
Acria-OS
negros"
uma ordem naturalção
degado
e aagricul-
para omundo que nãoturá,
fonte de sustento Teólogoafncânder A. B.Dupreshpode
sermudada,
nadeste povo,motivou abusca porterras
qual
ohomemjá
nascebomoumal.Osférteis em um território com apenas africânderes
chegaram
àÁfrica
do Sul 15% de campos cultiváveis.Estaprocura com aconcepção
deserem umpovosutornouo
choque
com osafricanoslocaisperior,
tocado porDeus,já
queviviamnainevitável. fé.Eramooposto
daquele
mundoao seu I Em1806,
nopanoramaimperialista
redor,
depagãos
e,porisso,inferiores.Ade
disputas
por territórios europeus, aBíblia,
interpretada pelos africânderes,
Inglaterra
partiu
paraadominação
do sustentava o raciocínio concebido porpaís,
entrandoemconflitotantocom os meiodesuasparábolas
esimbologias.
Oafricânderescomo com astribosnativas. mauéconstantementerelacionadocom
Os africânderespassaramda
condição
de astrevas,onegro;e obem écomparado
colonialistasade
colonizados,
perdendo
àluz,
aoclaro,
aobranco.Sobesse ra-opoder
e osprivilégios
que desfrutavam. ciocínio moldava-seacompreensão
queInsatisfeitos com as leis
britânicas
que tinham dasraças.davam direitosaosnegros,elesseorga- Outro
dogma
calvinista refere-se à nizaramem caravanas epartiram
rumoquestão
do"povo escolhido",
baseado aonorte. neleosafricânderes defendiam queDeusAfamíliadeafricânderesem
1886,
atribo branca daÁfrica
conhecidoscomofazendeirososhavia encaminhado paraa
Áfri
cado Sulembusca deumamissãodivina:defendero
país
paraformarsua
nação,
ondeviveriamseus fi lhosenetos.Concepção
semelhanteado povo bíblico de Israel.Olema da
convocação
divina é·repetido
em toda a literaturaafricânder,
bemcomo em seusdiscursosinsti
tucionais,nossermões
religiosos
ecomunicados
políticos.
Olema de preservaraidentidade deseu
povo é defendidoaoextremo,bemcomo o seunacionalismo fanáticoeobsessivo.Ain
daem
1660,)an
vanRiebeeck,
fundador dapovoação
noCaboCape
que veioaoriginar
osafricânderes,
ordenou queseconstruissem cercas com a
justificativa
deprotegereisolaracultura doseupovo dos africanos nativos.
Em
1948,
osafricânderesconquistaram
legalmente
opoder
nopaís.
OPartidoNa-cional,
criadoem 1912,foi constituído porlíderesqueestudaramnaAlemanha gover
nada por Adolf
Hitler,
etinhacomoobjetivo
'proteger
aintegridade
e asuperioridade
da raçaeda cultura africânder'.Abase ideológica
dopartido
foiareligião
existentedesdeoséculoXVII.Taisfundamentos deramori gemao
regime
doapartheid.
Nas
palavras
de A. B.Dupresh,
teólogo africânder e
participante
do governo,constatamoso
espírito fanático-religioso
detodoumpovoquemanteveuma
política
desegregação
racial por 42anos:"se o nossodestino for morrer como
Nação Branca,
anunciamosaomundo
todo,
emsã consciênciae em nomeda
nação
dosafrícânderes,
que
preferiremos
desaparecer,
comodeseja
Deus,que
dirige
o nossodestino,
a cometerosuicídio queseriaassumirocaminho da
integração
eassimilação
com osnegros.(00')
AcreditamosqueDeus,
naSuaGrandeza, continuaazelar
pelo
destino danossanação.
Preferimos morrer confiantes napredestinação
a nosligar
aosnegros, perdendoassimnossa
singularidade
etraindo amissão que Elenosconfiou".Nathalia Carlesso
nathaliavcarlesso@gmail.com
A
morte
controversa
do
líder
negro
na
luta
contra
o
racismo
A
relação
entreMandelae alutacontra o
apartheid
é tão forte que muitas vezes outrosgrandes
líderes ficam emsegundo
plano.
É
o casode Steve Biko. As circunstâncias de
suamorte,em
1977,
fizeram deleummártirnaluta
pelos
direitos dos negrosna
África
do Sule nomundo. Desdemuitojovem,
Biko demonstrou interesse
pelas
questões
raciaisde seu
país.
Foiexpulso
de suapri
meiraescola porseucomportamento
contestadoretransferido paraoutra,
católica,
até começarafrequentar
afaculdade de medicina. Durante esse
período
seengajou
agrupos deestudantesquelutavam
pelos
direitos dos negrose,em1969,
fundouaOrganiza
ção
dos EstudantesSul-Africanos,
queprovia
assessorialegal
eajuda
médica para comunidades negrascarentes.Em 1972 Biko
participou
dafundação
daConvenção
dosPovosNegros
(Black
Peoples
Convention)
que influiuna
criação
decercade 70 gruposde consciência negra.Aosereleito o
primeiro
presidente
daorganização,
terminou
expulso
da Universidade.O líder acreditava na
ligação
entreidentidade,
ação
emudança.
Suasatividades
anti-apartheid
cresciam em intensidade edespertavam
cadavezmais interesse. A
primeira
medida dogoverno racistafoi decretarobanimentode Biko.
�
Bikomorreu
após
sessãodeinterrogatórios
Isolado em sua cidade natal-Kings
William'sTown, ele nãopodia
conversarcom mais de umapessoa
ao mesmo
tempo,
oqueoimpedia
defazer discursos.Suas
falas,
mesmoqueditasemcaráter
pessoal,
nãopodiam
serreproduzidas
de nenhumaforma.Assim mesmo, continuoutrabalhando
naclandestinidadee
ajudou
acriarofundo
Zimele,
destinadoaprisioneiros
políticos
esuasfarru1ias.O governo do
apartheid
se viuobrigado
atomarmedidasmaisrígí
das.No
período
deagostode1975a setembro de
1977,
Biko foi detidoquatrovezesparaser
interrogado
de acordocom asleisantiterrorismo.Nodia21
deagostode
1977,
Bikofoi detidopela
últimavez.Depois
depassar porvá-Divulgação
rios
interrogatórios,
passouaterumcomportamento estranhoe,
segundo
os
policiais,
"deixou decooperar".
Osmédicosqueoexaminaram,nu e
atadoa umacorrentede
metal,
perce beramumalesãoem suacabeça,
masdescartarama
possibilidade
de danoneurológico.
Noentanto,elecontinuava em umestadosemíconscíente, e
foi recomendada sua
remoção
para umhospital.
Isso nãoaconteceu.Colocadono
porta-malas
deumaLandRover,
Biko fez umaviagem
de 12horas atéa
capital,
Pretória.Algumas
horasdepois,
deitadoem sua cela eaindasemroupas,olídermorreupor
dano cerebral.
Ninguém
foi responsabilizado.
O mundo
reagiu.
Convertido emmártir,
Biko passoua sersímbolo dacausanegra. Suahistória foi lembrada
na
canção
dePeterGabriele nofilmeCry
Freedom-umGritode
Liberdade,
de1987.InclusivenoBrasil,
seu nomecontinua lembrado e
homenageado
pelo
Instituto Cultural SteveBiko,
umaentidade sediadaem Salvadoreque desenvolve
ações
paraainclusãode estudantesnegrosnasuniversida
dese nomercado de trabalho.
Daniela Ferreira
danihfer@gmail.com
ZERO
>
6IC&T
Florianópolis, junho
de2010Tecnologia
evolui,·
mas
não
supera
emoção
de
antigas
transmissões
Em
plena
Copa
3D,
o
rádio ainda é
a
melhor
opção
para
quem
espera ouvir
uma
jogada
decisiva
em
qualquer
chute
a
gol
Neste ano,
pela
primeira
vez umaCopa
do Mundoserátransmitidacom atecnologia
3D.Quem
nãopossui
oequipamento
necessárioparacurtira terceiradimensão, poderá
ver osjogos
do Brasilem
algumas
salas decinema,
que cobramingressos
de atéR$
200 por sessão. Não é dehoje,
entretanto,que o mundial chamaa
atenção
pelas novidades
tecnológicas.
Desde asprimeiras
disputas
internacionais,já
haviaointeressedos quenão
podiam
irao estádio equeriam
acompanhar
aspartidas
emcasa,desdeaépoca
dorádio.
É
pelo
rádio que muitos brasileirosainda
acompanham
asCopas
doMundo.Isso porque,mesmo na erate
levisiva,
ostorcedoresnão conseguemviver
longe
do velhocompanheiro.
A
professora
deRadiojornalismo
daUFSC,Valci
Zuculoto, explica
o fascí niodessemeio."O rádio éoteatrodamente,e a
empolgação
dos narradoresfaz com que os ouvintes vislumbrem
de formaúnicaoqueaconteceno es
tádio", explica.
Háainda osque nãogostamde determinado
narrador,
pre ferindoligar
oaparelho
edeixaraTVsó com as
imagens,
sem o som. ParaZuculoto,
amobilidade,
avelocidadedetransmissãoe aleveza dos
equipa
mentos fazem com que o rádio
seja
uma ferramentainigualável
nojor
nalismo
esportivo
emqualquer
parte.
domundo.
Ao ouvir a
narração
daCopa
de50,
o brasileiropode
sentirum pou codaquela angústia
vividapelos
que lotaram oMaracanã. Osilêncioapós
o
gol
douruguaio
Gigia
deixaumaespécie
devazio no ouvinte, o que é diminuídonaTV,uma vezquesempre seestá olhandoalguma
imagem.Jogos
acompanhados pelo
rádioganham
emintensidadee
emoção. É
umaexperi
ênciabem diferente da
televisão,
onde há certa frieza eimpessoalidade
porpartedos
apresentadores.
Olocutor de rádiopareceumtorce
dor
fanático,
oquegaranteaoouvinte umrelato distinto do televisivo.Natelinhanãohácomoaumentarumlan
ce,
pois
quemnarra'devesermaisfielàs
jogadas.
Mas,como ofutebolémovido
pela
emoção
epela
paixão,
mesmo com o advento das transmissões
digitais
em3D,orádio ainda seráummeio muito
popular,
pois
consegueserfielaossentimentos
daquilo
queocorre num estádio de
futebol,
seja
numsimples
jogo
do estadualou em umasemi-final de
Copa
do Mundo.A
partir
daCOPl!-
de54,
tornou-sepossível acompanhar
jogos
pela
TV,masnãoaovivo. As transmissõesdire
tas
pela
televisão começaram apenasno mundial da
Inglaterra,
em1966.
Já
noBrasil,
levariam ainda outrosquatro anos. até a novidade
chegar.
Em 1970,osbrasileirospela primeira
vezpuderam acompanharam
emtem porealasjogadas mágicas
deTostão,Rivelino e Pelé. A
partir
de1974,
acamisaamarela da
Seleção
Brasileiradeuas caras.Desdea
Copa
doMéxico,
omundo
já
tinhaTVe emcores,massó no mundial
seguinte
elachegou
por
aqui.
Em
2006,
naCopa
daAlemanha, já
havia
a
transmissãoemHDTV,
oualtadefinição,
massó agora, no mundial daÁfrica
doSul,
équeelachegou
aoBrasil.
Graças
aosinaldigital, pode-se
escolher
ângulos
paraver asjogadas
egravá-Ias
instantaneamente pararevê-lasem um
replay personalizado.
Entretanto,ocustodeum
equipamen
to
digital
aindaéaltoparaospadrões
brasileiros. Para Fernando
Spanhol,
coordenador do programa de
pós-gra
duação
em TVDigital
da UFSC, esseI
fatoé
normal,
pois
todoequipamento
.
tem umtempo de
maturação. Quan-
'do for
produzido
emescala,
haveráredução
do valorcobrado.O governoestudaainda subsidiaroconversorde
sinal
digital,
atualmente nacasadosR$
400,
paraalgo
emtornodeR$
120,a fim de
popularizar
oserviço.
Mas,mesmo quem comprar o conversor,
nãoterá
garantia
de altadefinição
na suacasa,já
queé necessárioumtelevisor quepossuaorecurso.
Desdeoinício das discussões sobre aTV
Digital,
oBrasil pareceestarsem pre atrasado e comdificuldades paraimplementar
essetipo
detecnologia.
Segundo
oprofessor
dodepartamento
de
Jornalismo
da UFSC,Áureo
Mafra deMoraes,umdosmotivoséopróprio
tipo
denegócio
televisivo característico do
País,
baseado nos índices deaudiência,
que acaba por frearqual
quer novidade. "As redes de televisãonãoquerem
pôr
emriscoseunegócio
e,porisso,
aTVDigital
éapresentada
apenas como melhora na
imagem
esom,sem
menção
àspossibilidades
demultiprogramação
einteração
com ousuário",
explica.
Essainteração,
nofuturo, permitirá
aos "técnicos" defutebol de
plantão opinar
sobre umlance
duvidoso,
em temporeal,
dire-.
tamenteparaolocutor
esportivo,
queestaráem umasala
virtual,
ondepode
rádialogar
com osespectadores.
Mas, atélá,
ojeito
é curtiraIabulaní rolaresuportaremsilêncioos nemsempre
pertinentes
comentários deGaivão,
Lucianodo
Valle,
FalcãoeNeto.Rafael Balbinotti rafael.balbinotti@hotmail.com.com
Japão
promete
transmissão
holográfica
para
Copa
de
2022
Os aparelhosdetelevisãocomtecnologia 3Dsó estarãodisponíveisnomercado poraqui
em2011,mas,em26paísesdomundo,dentre
elesoBrasil,épossívelassistirosjogosemsalas
decinema. Serão exibidosoitojogosaotodo,nas cidades de SãoPaulo,Rio deJaneiro,Curitiba, Brasília,BeloHorizonte,PortoAlegreeSalvador. No entanto,devidoaaltademanda,osingressos estãoavenda apenaspara empresas.
Éatecnologiada1VDigitalquepenmiteas
imagensem3D e, emboraaindasejanecessário o usode óculosparaobteroefeitodetridimen·
sionalidade,logoeleestará obsoleto. Ainda não sesabequalseráopaísescolhidoparaaCopa de2022,masjásesabeda novidade que deverá estrearnoeventocaso oescolhidosejaoJapão, candidatoasede:oshologramasemtrês dimen sões.Aholografiaéumconceito criadoem1948
por DennisGabor,epossuidiversasaplicações,
amaioriaemestudoscientificas. Ela é conside radaumaevoluçãodafotografia,queaplicada
atransmissõesesportivaspenmitiráumgraude
realismojamaisvisto.
Osjaponeses pretendemcapturarimagens
dosjogosem360 grauscom autilizaçãode 200
câmerasde altadefinição,alémdemicrofones para gravaros sons.Asimagensseriam exibi dasem400estádiosnomundotodo,permitindo
que milhões deespectadoresassistamaspar
tidasemhologramas projetadosnosgramados
dosestádios reais. Osistema,hojeemfase de
desenvolvimento,utilizaráenergia limpa,através
depainéissolaresepelomovimentogerado pela
torcidanoestádio. Restasabersetambémirão
projetar jomalistas, gandulas, técnicose as cor
riqueirasinvasõesaogramado. (R. B.)
o
Brasil
e os
Mundiais: do rádio
ao
3D
1950- Até
essa data,aúnica forma deacompanharo mundial
era pelorádio.Aspoucasimagensque existiameramfilmadase
de baixaqualidade- assimcomo adefesa da
Seleção. Lembra
daquele segundo goldoUruguai?
1966- No mundial da
Inglaterra,arainha nãoprecisavamais
sair dopalácioparaver suaseleção, pois já haviaatransmissão
aovivo pelaTV
2006- Na
Alemanha, jáerapossívelassistirosjogosemalta
definição. Poraqui,noentanto,oCongressoainda discutiaqual
padrãode TVdigital deveriaseradotado
-queacabou sendoo
japonês.
���{1*f@
tsl:t.
h:---=':S;/G"
�---�
2010- A
Jabulani vaiestrearastransmissõesemtrês dimensões
daCopa,resta saberse acontroversaSeleçãodoDungavai trazero caneco. Destaveznãovaiterdesculpa, cada lance
estarádetalhadocomo nuncaantes. Imagina aquela ajeitadade